Na natureza
selvagem
LUCINDA AXELSSON, PRODUTORA DO NÚCLEO DE HISTÓRIA DA NATUREZA DA BBC, CONTA A AVENTURA QUE ELA E A EQUIPE DO PROGRAMA WILD BRAZIL VIVERAM PARA CAPTURAR O DIA A DIA DE ANIMAIS DO NOSSO PAÍS por Sarah Mund
É
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qualidade 4K, ou Ultra HD, com direito ao uso de um drone, veículo não tripulado operado à distância, carregando uma câmera para fazer tomadas aéreas. QUESTÃO DE EMPATIA
Sobrevivência em números – Tanto o quati, do Piauí, quanto a ariranha, do Pantanal, podem não ser os animais mais temidos da fauna brasileira, mas eles sabem como se defender para não se tornarem a presa: quantidade. Ambos vivem em numerosos grupos, capazes de afugentar até mesmo oponentes de respeito, como o jaguar da página ao lado
FOTOS: DIVULGAÇÃO
ao longo de três episódios de 60 minutos que a nova série da BBC HD vai mostrar alguns dos animais mais impressionantes da fauna brasileira. Lucinda Axelsson, produtora do Núcleo de História da Natureza da BBC, que esteve no país para as filmagens, conta como tudo começou com uma história de amor à primeira vista. Formada em Arqueologia e em Antropologia Social pela Universidade de Cambridge, Lucinda esteve pela primeira vez no país nos anos 90. Aqui ela se apaixonou pelo país e sua natureza, e também por seu futuro marido. Vinte anos se passaram até que ela pudesse retornar, mas depois de três anos de planejamento, conseguiu tirar do papel Wild Brazil. “[Depois da Copa] os olhos do mundo todo estão voltados para o Brasil. Então por que não um documentário sobre a natureza exuberante deste país?”, argumentou Lucinda. Os protagonistas escolhidos para estrelar esta atração são animais bem conhecidos dos brasileiros: o quati e o macaco-prego foram filmados no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí; e a ariranha e o jaguar roubaram a cena no Pantanal. “Em 50 anos de Núcleo de História da Natureza, a BBC WILD BRAZIL I nunca havia conseguido filmar um A PARTIR DO DIA 10, jaguar. E nós conseguimos. Parecia DOMINGOS, 20H, uma criatura mítica. Mas valeu a pena BBC HD, 590 tanto esforço para podermos registrar esse animal maravilhoso”, afirmou a produtora, sobre a saga de seis semanas esperando pelo aparecimento do animal. Quando questionada sobre a escolha dos animais e dos locais, ela explicou por que uma previsível abordagem da Floresta Amazônica foi deixada de lado: “Nós poderíamos falar de tudo um pouco ou focar intensamente em poucos lugares. O que eu mais gostei foi da chance de mostrar lugares e animais do Brasil pouco conhecidos no resto do mundo”. E para garantir que todos os detalhes seriam capturados, as cenas foram gravadas em
Entre as formas de roteirizar um programa documental de natureza, a mais popular é sem dúvida a que “humaniza” a rotina dos animais, fazendo com que a audiência se sinta ligada a eles e torça pelo desfecho de suas aventuras. Foi disso que Wild Brazil fez uso, especialmente com um simpático filhote de macaco-prego. “Nós todos nos apaixonamos por aquele macaquinho na região da Serra da Capivara. Assistir a ele crescer aos poucos e aprender como se adaptar à rotina de sua inteligente família foi um privilégio”, relata Lucinda. Com o jaguar, em compensação, a reação da equipe foi de verdadeira admiração: “A incrível mistura de animais do Pantanal foi sem dúvida um ponto alto, mas a equipe jamais irá esquecer o encontro de tirar o fôlego que tivemos com o jaguar”, admitiu a produtora, ao relatar o que considera um dos pontos altos de sua carreira. A verdade é que, mesmo vivendo aqui, é praticamente impossível conhecer cada canto deste país de proporções continentais. Ou seja, mesmo os brasileiros terão motivos para se surpreender com as cenas mostradas pelo programa. Por exemplo, você sabia que o macaco-prego tem uma elaborada técnica para encontrar a comida que o sustenta? E quem imaginaria que as ariranhas seriam capazes de, todas juntas, fazer tanto barulho a ponto de afugentar um jaguar? A natureza é mesmo cheia de surpresas.
Captura aérea – Com a utilização de um drone, veículo não tripulado operado à distância (na imagem abaixo), carregando uma câmera, a equipe de Wild Brazil conseguiu registros de tirar o fôlego de tão belos, todos em qualidade 4K, ou Ultra HD. O macaco-prego do Piauí está entre um dos animais que eles acompanharam. Já as imagens do jacaré e do jaguar foram uma bela surpresa, depois de muitas tentativas frustradas
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