Lucky Ladies Brasil - Monet

Page 1

por Henrique Januario, Sarah Mund e Talita Mônaco

H

oje eu tô que tô/ Vou pro baile dançar/ O sofrimento acabou/ A liberdade já chegou.” A letra de “O Sofrimento”, de MC Sabrina, sintetiza as vidas e as carreiras das cinco participantes do reality Lucky Ladies – e também de sua mentora, a funkeira Tati Quebra-Barraco. Em um momento em que Annita, MC Ludmilla e Valesca Popozuda conquistam espaço na música popular (e na filosofia), o campo está aberto para que artistas mostrem seu trabalho para o grande público e deixem de ser sucesso exclusivo nos pancadões das comunidades. Com a orientação de Tati e a consultoria do produtor musical Rafael Ramos, MC Sabrina, MC Carol, Karol K, Mulher Filé e Mary Silvestre têm o desafio de se reinventarem artisticamente, e usarem a experiência de suas carreiras solo em uma nova empreitada em grupo. “A lição que eu vou levar desse programa é aquela coisa de trabalhar em grupo. Porque, realmente, a mulherada não dá as mãos umas às outras. A realidade de cada uma de nós é muito parecida. Acho que uma se viu na outra”, comenta MC Sabrina, virando a página da rivalidade entre as mulheres dentro do gênero, que poderia ser o maior obstáculo do programa. “Na verdade, as mulheres no funk não são muito unidas. Então, no programa elas têm que fazer tudo juntas”, concorda, discordando, Tati Quebra-Barraco. Outro mito que elas prometem derrubar é o de que a mulher no funk precisa ser “gostosa”. Embora o sexo seja um elemento sempre presente em suas letras, não existe um modelo único de beleza, como mostra MC Carol com seus cerca de 100 kg de puro charme. “Claro que [a sexualidade] existe,

Lucky Ladies

A PARTIR DO DIA 25, SEGUNDAS, 22H30, FOX LIFE, 51

Os palcos do funk nunca mais serão os mesmos depois que cinco poderosas 7 0 + M o­n e t + M A I O

artistas passarem a dividir os holofotes no reality musical Lucky Ladies M A I O + M o­n e t + 7 1


É hoje! – Tutores e pupilas aproveitam momento de descontração durante as gravações de Lucky Ladies. Tati Quebra-Barraco e Rafael Ramos são os responsáveis por unir as cinco funkeiras em um grupo para um show que promete ser único

essa é uma realidade delas. Mas se você for analisar muitas das suas letras, você verá que a maioria é sobre histórias de luta e de superação”, ponderou Rafael Ramos. Já MC Sabrina tem uma justificativa para o teor sexual da maioria das músicas de funk: “Eu vejo muitas traduções do hip-hop e é praticamente a mesma coisa. A música imediata, feita para dançar, vende rápido. O sexo também. Imagina, você vai para a noite dançar e ser feliz, está solteiro e quer alguma coisa para no final sorrir [risos]. Alguns gêneros têm a poesia para falar disso, eu acho que o funk é a linguagem direta. A gente já fala rápido: ‘Olha, hoje eu vou fazer isso com você’.” Porém, para atingir novos públicos, o projeto exige novos ares. Durante as gravações, as meninas deixaram para trás lares e famílias para passar por uma verdadeira repaginação. Desde novos cortes de cabelo e mudanças no guarda-roupas, a treinamentos vocais e de presença de palco, tudo isso em uma luxuosa cobertura em Copacabana. “Tentamos tirar o melhor delas. A Sabrina, por exemplo, canta muito. A Yani (Mulher Filé) tem um desempenho ótimo. A Carol, que antes tinha aquele vozeirão, terminou cantando ‘beyoncézisticamente’”,

revelou Rafael. Mas tanto tempo juntas, também proporcionou conflitos e emoções, no melhor estilo reality show com confinamento. Enquanto Karol K acabou assumindo o papel de antagonista por sua atitude, a caçula MC Carol se tornou o xodó das companheiras e dos tutores – talvez porque muitos a vejam como possível sucessora de Tati Quebra-Barraco e sua música irreverente. Mulher Filé aceitou a responsabilidade de ser a que anima a casa, MC Sabrina é a que advoga pela união e Mary Silvestre é a típica mulher bonita e estabanada que rende momentos engraçados. No entanto, a mentora faz questão de deixar claro que não estão ali para brincadeira: “A gente não está procurando boniteza. A gente está procurando talento”. Na busca por bons resultados, a veterana funkeira espera não ter pegado pesado com as pupilas. “Se falaram mal de mim, eu vou ver só no programa”, admite quase que em uma mea culpa. Foi duro, mas o esforço valeu a pena. “A apresentação final do programa foi emocionante e traduziu todo o trabalho que elas tiveram na casa. [...] Hoje em dia o Auto-Tune é usado até por quem teoricamente não precisa, por preciosismo. Caso o recurso não existisse, te garanto que as meninas do programa não fariam feio”, garante Ramos sobre suas pupilas. Sendo fã ou não do gênero, é impossível não se deixar contagiar pela batida do pancadão e pelas histórias de vida dessas cinco funkeiras. Vai valer a pena acompanhar de perto.

MC CAROL

KAROL K

> nome verdadeiro: Carol Lourenço > idade: 21 anos > cidade: Niterói, RJ > maior hit: “Minha Vó Tá Maluca”

> nome verdadeiro: Carolina Borges Cândido > idade: 28 anos > cidade: Belo Horizonte > maior hit: “Pedra Preciosa”

Tem um relacionamento conturbado com o marido. O companheiro cumpre pena em regime semiaberto após condenação por cárcere privado. Carol é considerada por muitos a sucessora musical de Tati Quebra-Barraco.

Com 17 anos de carreira, começou na música gospel, partiu para o pop – participou até do programa The Voice e de outros realities e competições musicais – e então entrou para o funk.

MC SABRINA

MULHER FILÉ > nome verdadeiro: Yani de Simone > idade: 26 anos > cidade: Rio de Janeiro > maior hit: “Estalinho” Descoberta por Mr. Catra, virou sua dançarina e ganhou o apelido do jornalista Pedro Moraes, que em meio a tantas mulheres-fruta, disse que homem gostava de carne.

MARY SILVESTRE

TATI QUEBRA-BARRACO > nome verdadeiro: Tatiana dos Santos Lourenço > idade: 35 anos > cidade: Rio de Janeiro > maior hit: “Boladona” Criada na Cidade de Deus, manteve suas raízes mesmo após o sucesso. É conhecida pelas declarações fortes e por ser um dos maiores expoentes femininos do funk.

> nome verdadeiro: Sabrina Luiza de Souza > idade: 28 anos > cidade: Rio de Janeiro > maior hit: “Sou Diva” Outra que iniciou carreira na música gospel, Sabrina entrou para o funk cedo, onde fez sucesso muito rápido, ganhando o apelido de Princesinha do Funk aos 15 anos de idade.

> nome verdadeiro: Mariane Silvestre > idade: 23 anos > cidade: Araraquara, SP > maior hit: “Quadradinho Descendo” Ela já foi Miss Brasil Supranational e Miss São Paulo Mundo, foi assistente de palco e coelhinha da Playboy. Sim, então ela virou funkeira.

“A gente não está procurando boniteza. A gente está procurando talento.” – Tati Quebra-Barraco

JANIS JOPLIN

> Após o sucesso como uma das maiores cantoras de blues e soul, Janis marcou presença na reunião do colégio secundário onde, na adolescência, havia sido eleita a aluna mais feia. A cantora foi no seu melhor estilo doidão para dar seu beijinho no ombro.

7 2 + M o­n e t + M A I O

JOAN JETT

> É de se esperar coisa boa da cantora de “Bad Reputation”. Fundadora da banda The Runaways, uma das primeiras do rock formada só por mulheres, Jett também escreveu “I Love Rock’n’Roll”, um dos maiores hinos de rebeldia.

AMY WINEHOUSE

> O pai até quis colocá-la na reabilitação, mas ela disse: “Não, não, não”. Relações conturbadas, crises em público, rebordosas na rua e brigas com fãs marcaram a vida e a morte trágica de uma das mais talentosas cantoras dos últimos tempos.

MILEY CYRUS

> Não é um dragão de Komodo, é só uma ex-criança-prodígio dos estúdios Disney tentando se descolar da imagem infantil expondo sua sexualidade (e a língua) a todo momento para chocar o mundo. Quem te viu, quem te vê, Hanna Montana!

FOTOS: THINKSTOCK E DIVULGAÇÃO

de ícones femininos da música que tinham a quantidade de talento proporcional ao de seus gênios intempestivos e temperamentos fortes Elas “causa” Lembramos

M A I O + M o­n e t + 7 3


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.