Todas as Manhãs do Mundo - Monet

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E fez-se a luz

Todas as Manhãs do Mundo A PARTIR DO DIA 4, DOMINGOS, 22H15, NATGEO, 80 E 580 (HD)

O documentarista brasileiro Lawrence Wahba conta como foi viajar o globo ao longo de 42 semanas em busca de Todas as Manhãs do Mundo, nova série de natureza coproduzida pelos ganhadores do Oscar por A Marcha dos Pinguins por Sarah Mund

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Confira mais fotos feitas por Lawrence Wahba na edição digital

antes que o sol se torne insuportável para praticamente todos os animais. No gelado ártico, presenciaram um alvorecer que dura três meses, quando o sol nunca se põe durante o verão e várias espécies saem da hibernação. Na savana africana da Zâmbia, constataram como a cadeia alimentar pode ser implacável. Na úmida Amazônia brasileira, esperaram pacientemente pela repetição de comportamentos muito peculiares. Na floresta temperada do Canadá, seguiram o ciclo de vida de um animal que influencia toda a fauna local. “Não posso escolher um favorito, é como escolher entre filhos. Como comparar a imensidão gelada do Ártico com a exuberância da Savana? Cada um tem seus encantos”, se defendeu Wahba, embora depois tenha revelado um de seus favoritos – mas vamos deixar para o público eleger o seu. Diferente de outros documentaristas e apresentadores que trabalham com natureza, Wahba tem uma postura bem diferente da que comumente se vê na televisão. “Não quero criticar ninguém, mas tem muito programa de história natural hoje que deseduca com o sensacionalismo de alguns apresentadores

As ideias mais geniais são óbvias, estão ali esperando alguém se dar conta. Ninguém nunca tinha filmado o amanhecer em diferentes biomas” – Lawrence Wahba 6 8 + M o­n e t + O U T U B R O

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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A CADA NOVO DIA ACONTECE UMA EXPLOSÃO DE vida na natureza. Algo que poucos privilegiados no mundo tinham a oportunidade de presenciar. Até agora. O documentarista brasileiro Lawrence Wahba, em parceria com a produtora francesa Bonne Pioche (ganhadora do Oscar em 2006 por A Marcha dos Pinguins), registrou o que acontece quando o sol nasce em ambientes completamente distintos. Agora todos podem ver na televisão como são Todas as Manhãs do Mundo. “As ideias mais geniais são óbvias, estão ali esperando alguém se dar conta. Ninguém nunca tinha filmado o amanhecer em diferentes biomas e existe um quê de poesia nisso. A manhã é um período do dia que representa o desabrochar da vida”, analisou Wahba durante entrevista para a MONET. Foram 13 cinegrafistas que embarcaram em cinco viagens que duraram 42 semanas no período compreendido entre outubro de 2013 e fevereiro de 2015 para acompanhar o alvorecer de cinco lugares. No deserto mexicano de Baja California, eles viram a intensa atividade que acontece nas primeiras horas da manhã,

A magia do alvorecer – Lawrence Wahba registrou o que acontece na natureza quando um novo dia começa em cinco biomas diferentes (em sentido horário): o deserto mexicano da Baja California; o gelado Ártico norueguês; a savana africana da Zâmbia; a exuberante Amazônia brasileira; e a floresta temperada do Canadá. Abaixo, o documentarista toca baleias no México, únicas no mundo que apresentam o comportamento até hoje incompreendido pelos biólogos de se aproximar de humanos

que agarram e estressam os bichos”, disparou, em um de seus momentos mais assertivos quando perguntado sobre sua abordagem de evitar interagir com os animais. Verdade seja dita, seria mais interessante para o público se o objetivo maior sempre fosse mostrar como é a natureza longe da intervenção humana, já que exemplos do que acontece quando o homem entra em cena não faltam. E por falar de momentos em que Wahba demonstra toda a sua paixão, bastou citar o triste caso do leão Cecil, morto em julho numa reserva no Zimbábue, para ver toda a sua frustração. “Eu tento me manter calmo, por que algumas coisas pegam a gente visceralmente e se torna difícil ter uma opinião neutra e ponderável. Para mim a única justificativa para matar um animal é para sobrevivência, por necessidade de alimentação. A caça por um troféu, para o cara ficar se vangloriando de matar um animal é absurdo. Fico triste de ver isso viralizar na internet e as pessoas ignorarem a quantidade de onças-pardas que são mortas todos os dias no Brasil”, desabafou. Resta torcer para que toda a comoção provocada pela polêmica sobre a caça esportiva e, como absoluto contraponto, as maravilhas registradas na série ajudem a trazer uma nova luz para a sociedade sobre a importância de preservar o meio ambiente. Caso contrário, esses registros serão no futuro a única forma de vermos o amanhecer da vida. O U T U B R O + M o­n e t + 6 9


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