Non sense cheio de sentido Bipolar Show
A PARTIR DO DIA 31, TERÇAS, 21H30, CANAL BRASIL, 150 E 650 (HD)
Acompanhamos e até participamos das gravações de Bipolar Show para entender como o que parece maluquice no programa de Michel Melamede é na verdade fruto de muito planejamento e preparação por Sarah Mund
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alguma liberdade”, apontou. A lista de participantes inclui Selton Mello, Julia Lemmertz, Marcelo Adnet, Débora Bloch, Matheus Nachtergaele e Eduardo Sterblitch. Quando a MONET acompanhou as gravações, foram as participações de Luís Melo e Maria Flor. Estar na plateia nessa nova fase inclui eventualmente participar ativamente. Seja nos momentos em que Melamede faz questão de ouvir histórias dos presentes, e reconhece pessoas que já estiveram ali antes, seja uma intervenção inusitada com som e luz que nem ele parece saber ainda o que vai se tornar. Os entrevistados também se voltam aos presentes constantemente para saber a opinião deles sobre algumas das perguntas desconcertantes do apresentador. E, de repente, quando você se dá conta, pode estar ao lado de dezenas de outras pessoas embaixo de um tecido onde apenas sua cabeça fica de fora, como aconteceu com a repórter que escreve esta matéria [foto ao lado]. Mas não pense que tudo são risos. Afinal, estamos falando de atores explorando suas emoções à flor da pele. E o apresentador cria um ambiente em que eles fiquem tão à vontade a ponto de comerem frutas, tomarem café e fumarem – com a sugestão de outros consumos, menos ortodoxos. “Queremos fazer um programa lindo, que as pessoas saiam daqui felizes. Quando isso acontece é espetacular. A tentativa é buscar momentos artísticos, encontros com pessoas, falas, imagens, revelações, exposição, originalidade. Às vezes a gente consegue e outras não, mas eu prefiro que nas que não conseguimos que a gente assuma que falhou, porque fizemos uma tentativa, do que se acomodar num lugar em que apenas funcione. Lindo é quando um artista e eu fazemos uma cena que jamais tínhamos imaginado, nos emocionamos, choramos, e o público aplaude por que sentiu que tinha alguma coisa acontecendo ali”, desabafou sobre a interação com os convidados. É quase como espiar o que acontece em um ensaio nos bastidores de um espetáculo. Só que com as cortinas abertas o tempo todo.
FOTOS: JULIA RODRIGUES
À PRIMEIRA VISTA, BIPOLAR SHOW PODE PARECER UM programa de entrevistas inusitado. E ele de fato é. Não que a mistura de realidade e ficção seja fruto do acaso, como uma conversa com o criador e apresentador Michel Melamede deixa claro. “O non sense é quase uma censura, uma maneira de desautorizar a visão de alguém. Porque todo mundo tem algum tipo de reação diante de qualquer coisa, pode ser racional, emocional e até físico. Mesmo não saber é uma reação. Não é porque eu coloco um cara em um cenário falando algo e depois troco seu figurino e onde ele está que isso não tenha uma relação. Acontece que ela é menos óbvia e precisa ser criada por quem está assistindo. O objetivo é convidar o espectador a participar como agente criador. Aleatório não é. Apesar de parecer o contrário, tudo tem muito pensamento e intuição. E intuição é pensamento, tão veloz que você não consegue refazer o caminho dele”, explicou em um intervalo da produção, que nesta temporada está sendo gravada na Fundição Progresso, antiga fábrica no Rio de Janeiro convertida em centro cultural. E não se preocupe se, em um primeiro momento, não conseguir acompanhar o que está acontecendo. A conexão entre as diversas situações do programa pode ser sutil. “Não ser linear não significa que é maluco. O que dita a edição é o resultado. A gente pensa um monte de coisa, pensa muito, pensa pra caramba. A questão é se existe uma metodologia ou um padrão estabelecido. Existem vários. Não existe um modelo para ser aplicado a todos. Aqui não tem funciona, é matar ou morrer, ou tá lindo ou ficou uma merda”, declarou. Além do local de gravação, outra mudança que pode ser vista na segunda temporada é o cenário. Antes a entrevista começava em um, havia uma pausa para troca, e seguia no segundo. Agora, os dois são fixos e apresentador e convidado transitam entre um e outro, constantemente usando o espaço à frente deles, o proscênio. Os convidados, que no primeiro ano em sua maioria eram atores, agora estão exclusivamente ligados às artes cênicas. “Tudo muda o tempo todo no mundo. Eu não sou o mesmo, nada é o mesmo, ninguém é o mesmo, e Bipolar, principalmente, não é o mesmo. Poucas coisas ficaram, como linguagem, mas a principal mudança é que a gente tá aprofundando a questão de ser um espaço do ator. A maioria dos convidados eu já conhecia, até por que eu precisava ter algum tipo de ponto de contato com o convidado para desenvolver uma relação, para as coisas que vamos criar na hora precisamos ter
“Aleatório não é. Apesar de parecer o contrário, tudo tem muito pensamento e intuição. E intuição é pensamento, tão veloz que você não consegue refazer o caminho dele” – Michel Melamede
Da coxia para a TV – Maria Flor, Luís Melo e a plateia participam das atividades propostas por Michel Melamede durante as gravações de Bipolar Show. Os momentos especiais incluem a leitura de textos clássicos do teatro, exercícios com máscaras e até mesmo a reprodução da obra de Lygia Pape, Divisor (1968), na qual um grupo, incluindo a repórter, preenche um pano colocando a cabeça nas várias aberturas existentes
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