Ray Donovan - Monet

Deixa com ele – O personagem de Liev Schreiber age no anonimato para resolver problemas delicados de celebridades, atletas e outros famosos para salvar suas carreiras

34+Monet+julho

124RayDonavan.indd 34

17/6/2013 18:36:45

um novo criminoso para amar Liev Schreiber e Jon Voight falam de RAy DonoVAn, série estrelada pela dupla com reputação no cinema e que chega com a responsabilidade de tomar o lugar de Dexter por Sarah Mund, de Los Angeles

ao que tudo indica, os ricos e famosos andam precisando mais do que nunca de alguém que resolva suas crises. Depois do sucesso de Scandal nos EuA, Ray Donovan chega com uma responsabilidade extra: substituir a badalada Dexter. Mas se, desta vez, o personagem-título não chega a ser um serial killer, isso não o torna menos perigoso que seu antecessor na programação do canal americano Showtime, responsável pelas duas produções. Interpretado por liev Schreiber (o Dente de Sabre de X-Men Origens: Wolverine) em seu primeiro papel protagonista na televisão, Ray é um resolvedor profissional de pepinos

julho+Monet+35

124RayDonavan.indd 35

17/6/2013 18:36:46

que se muda com a família para los Angeles para ficar mais próximo de seus clientes em potencial: os ricos e famosos de hollywood que vivem se metendo em situações que podem arruinar suas imagens e carreiras – como acordar ao lado de uma mulher morta na cama.

Embora o produtor Mark Gordon tenha reRAy DonoVAn velado que já usou os serviços de um profissioi a partir do dia 22, nal dessa área – “Foi tudo dentro da lei. o cara segundas, 21h, hBo, passou a maior parte do tempo no computador 71 e 571 (hd) tentando localizar informações e nenhum taco de beisebol foi utilizado”, garantiu entre risadas –, a inspiração para a atração veio de um intenso trabalho de pesquisa da criadora, Ann Biderman (a mesma de Southland). “Conheço investigadores particulares e entrevistei muitas pessoas envolvidas nisso. Acho-os muito interessantes e até segui pessoas para entender melhor esse mundo” explicou Ann. A necessidade de deixar claro que nenhum deles estava envolvido com atividades ilegais se explica quando se assiste às cenas do trailer da série. Quieto e taciturno, o personagem de liev Schreiber não pensa duas vezes na hora de usar a violência para atender às necessidades de quem o contratou. “Quanto mais velho fico, cada vez menos falas eu procuro [risos]. Provavelmente o que me seduziu no Ray como pessoa é que ele não fala muito. Me sinto atraído, provavelmente mais do que deveria, por situações em que eu possa interpretar sem envolver tanto a fala”, revelou o ator de 45 anos, casado com a estrela Naomi Watts.

Mas a verdade é que, ao mesmo tempo que o personagem o cativou, o ator tinha muitos motivos para não encarar a mudança para a TV que tantos astros renomados do cinema têm feito ao longo das últimas temporadas – entre eles Kevin Bacon (The Following), Glenn Close (Damages), Claire Danes (Homeland) e Don Cheadle (House of Lies). “Ficar me repetindo como ator me aterroriza e esse é um dos problemas que tenho com teatro e uma das razões de ter medo de ir para a TV. Mas depois que li o roteiro do episódio piloto percebi que poderia ser interessante evoluir com esse personagem. Assim não estarei repetindo a mesma coisa, mas fazendo mudanças com a mesma linguagem”, explicou. E ele vai contracenar justamente com um veterano das telonas: jon Voight (Amargo Regresso e Perdidos na Noite). o papai de Angelina jolie na vida real dará vida a Mickey Donovan, de quem o protagonista é filho e sua pedra no sapato, seu calcanhar de aquiles, sua mosca na sopa [insira aqui sua expressão favorita].

Casa de ferreiro... – Se por um lado Ray Donovan (Liev Schreiber) é capaz de fazer com que os problemas dos outros sumam – incluindo aí corpos, como na imagem acima –, ele não consegue manter afastado seu próprio pai, Mickey (Jon Voight), criminoso recém-saído da prisão, de sua família, na imagem acima à esquerda. Na foto menor, os dois atores apresentam a produção a jornalistas de todo o mundo em um hotel em Los Angeles

Se por um lado a especialidade de Ray é resolver o problema dos outros, em sua vida pessoal as coisas não poderiam ser mais complicadas. Em um casamento conturbado e com filhos que não o conhecem de verdade, sua mulher, Abby, vivida por Paula Malcomson (Jogos Vorazes), desconhece os detalhes escusos do trabalho do marido. Mas esse nem é o maior de seus problemas. Saindo da prisão depois de cumprir pena de 20 anos, ele sabe que seu pai irá procurar por ele e por sua família, mesmo depois de ter sido condenado por culpa do próprio filho. Envolvido com a máfia, Mickey é claramente um sujeito perigoso, mas não deixa de ser carismático em uma interpretação típica de um ganhador do oscar. “Eu

36+Monet+julho

124RayDonavan.indd 36

17/6/2013 18:36:52

TUDO ENTRE FAMÍLIA Quem é quem na série e o que esperar de cada personagem RAY DONOVAN (Liev Schreiber) – Tão bom em resolver os problemas dos outros,Ray parece não conseguir se livrar da sombra do pai,que após ir para a prisão por causa do próprio filho,agora arrisca destruir tudo o que Ray construiu nos anos em que se viu livre dele.

MICKEY DONOVAN (Jon Voight) – Recém-liberado da prisão, após cumprir pena de 20 anos, Mickey é um criminoso perigoso, mas ao mesmo tempo carismático e divertido. Seu objetivo é ir para Los Angeles e tentar reunir a família, mesmo que isso abra velhas feridas.

ABBY DONOVAN (Paula Malcomson) – A esposa de Ray aprendeu a fazer vista grossa para o trabalho dele desde que ela e os filhos desfrutassem de uma vida melhor.

Sem saber o que causou a briga do marido com o pai, ela está ansiosa para conhecer o sogro.

BUNCHY DONOVAN (Dash Mihok) – O filho que mais se deixa levar pelo charme do pai, Bunchy é o mais sensível dos irmãos. Ao longo da vida adulta tem lidado com problemas de vício por conta do trauma psicológico de ter sido molestado pelo padre da paróquia que frequentavam.

FOTOS: GETTY IMAGES E DIVULGAÇÃO

TERRY DONOVAN (Eddie Marsan) – Ex-lutador de boxe, o irmão de Ray desenvolveu o mal de Parkinson de tantos traumas na cabeça que sofreu.

Por conta de sua condição, se tornou extremamente tímido, mas ainda administra a academia de boxe onde a família se reúne.

DARYLL (Pooch Hall) – Filho ilegítimo de Mickey, a família só soube de sua existência recentemente e, com exceção de Ray, o tem recebido de braços abertos.O pai aproveita a oportunidade para usá-lo em alguns de seus“trabalhos”, o que logo traz problemas para o jovem.

Ficar me repetindo como ator me aterroriza e essa era uma das razões de ter medo de ir para a TV. Depois percebi que poderia ser interessante evoluir com esse personagem” – afirma Liev Schreiber tenho a chance de interpretar alguns personagens bem estranhos e as pessoas me perguntam por que sou sempre o vilão. É muito divertido!”, afirmou Voight.

Outras questões familiares e problemas atuais serão abordados nas figuras dos outros irmãos Donovan. Terry, o mais velho, sofre do mal de Parkinson como consequência de sua carreira nos ringues de boxe. O ator Eddie Marsan (Sherlock Holmes) fez um emocionante relato de como viu seu melhor amigo enfrentar a mesma doença: “Foi de cortar o coração.

Minha vida mudou desde que ele morreu”. Já o mais novo, Bunchy, vivido por Dash Mihok, enfrenta o vício em drogas pelo trauma de ter sido molestado por um padre quando criança: “As pessoas tentam fingir que não aconteceu, mas é como um monstro escondido no armário, uma situação muito dramática”. Daryll é o filho que Mickey teve fora do casamento e que só foi apresentado aos irmãos recentemente. “Ele admira o pai e quer provar que merece fazer parte da família.” Dá para perceber que esse clã vive em conflito, especialmente quando o assunto é o pai, com quem cada um deles vive uma relação diferente.

Para os mais atentos, fica claro que nenhum aspecto da trama é necessariamente novidade, mas a criadora Ann Biderman e a estrela da produção, Liev Schreiber, tinham seus argumentos na ponta da língua. “Certas coisas se tornam populares por um motivo e um personagem – incrível em algum aspecto, mas com grandes falhas de caráter ou de comportamento – é uma fórmula que funciona. Trata-se de um clichê, mas pode ser bem feito”, é a opinião de Ann. “É tudo uma questão de como é realizado, não o quê. Há muitas formas que ainda não foram vistas na TV e acho que essa é uma”, sentenciou Schreiber. “Rapidamente nos demos conta de que tínhamos algo especial aqui e se conseguirmos manter o nível de qualidade mesmo com o cronograma apertado da TV, acho que será memorável”. Agora é esperar para ver.

JULHO+Monet+37