Elite do Cinema - Monet

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OS MELHORES DEZ DO FUTEBOL BRASILEIRO

M A I O

ZICO, FELIPÃO, KAKÁ, ENTRE DEZENAS DE BOLEIROS E JORNALISTAS ELEGEM OS CRAQUES QUE HONRARAM A MÍSTICA DA CAMISA DE PELÉ >>> E MAIS: COBERTURA COMPLETA DO BRASILEIRÃO 2011

2 0 1 1 | T R O P A D E E L I T E

A REVISTA DO NET

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G A G A

A editora de gibis que virou um superpoderoso estúdio de cinema

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Game of Thrones e por que os épicos caros e grandiosos encontraram lugar na televisão

A estrela que abalou o pop fala de planos de dominação global e da sua má sorte no amor

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Tropa de Elite 2

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Os segredos do filme brasileiro de maior bilheteria de todos os tempos e como o Capitão Nascimento popularizou a imagem do BOPE para além das fronteiras do Rio de Janeiro e do Brasil

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Poucos filmes entram no seleto gruPo das obras que transcendem o entretenimento e se tornam fenômenos culturaisquereverberamnasociedade.além de criar uma série de exPressões que literalmente caíram na boca do Povo, os filmes com o Capitão NasCimeNto chamaram a atenção Para o que existe

elite do CiNema Por trás do caos da segurança Pública no brasil, questões muito além do confronto entre mocinho e bandido. confira os bastidores de tropa de elite 2 – o iNimigo agora é outro, a maior bilheteria da história do cinema nacional. você não vai Pedir Para sair por dafne sampaio ilustração sattu entrevistas de sarah mund e itaici brunetti perez 44+monet+maio

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Um DoS PaRTiCiPaNTES Da ÚLTima EDiÇÃo Do

cou oos ppés na casa e já saiu bbatendo no Big Brother Brasil ma mal co colocou peito e gritando que era “faca na caveira”. No bar, um amigo fala para o outro: “Você é um fanfarrão!”, repetidas vezes. De repente, passando por um ponto de táxi, é possível ouvir um “pede pra sair” ou então “se quer me f****, me beija”. Coisas assim têm acontecido, em qualquer lugar do Brasil, desde 2007, ano da estreia nos cinemas de Tropa de Elite, de José Padilha. Com a chegada de Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro à TV, pelo sistema NoW (mais informações na página 51), um ciclo se fecha. mas o Brasil nunca mais será o mesmo após conhecer a face atormentada de Roberto Nascimento, o Capitão Nascimento. muito menos as pessoas envolvidas na produção de ambos os filmes.

Padilha, por exemplo. Em menos de dez anos transformou-se no diretor mais quente do cinema brasileiro, ultrapassando os colegas Walter Salles e Fernando meirelles. Ganhou o Urso de ouro no Festival de Berlim pelo primeiro Tropa. Com a sequência, quebrou um tabu de mais de três décadas transformando-o no filme brasileiro mais visto de todos os tempos nos cinemas (mais de 11 milhões), e agora se prepara para dirigir um episódio da produção internacional Rio, Eu Te Amo, enquanto não assina o contrato para a refilmagem de RoboCop. mas o que fez um cineasta e produtor de documentários de prestígio e de público restrito conseguir tocar tão fundo no imaginário popular brasileiro? “acho que em Tropa de Elite 1 e 2 aconteceu um fenômeno de sobreposição, uma soma de dois efeitos: a emoção da dramaturgia dos filmes se somou às emoções que o público já sentia a respeito dos traficantes, dos policiais e dos políticos nele representados. Na minha opinião, foi isso que fez com que os filmes se tornassem populares”, explica o diretor. Se o primeiro Tropa pegou a todos de surpresa com um relato cru do cotidiano de guerra urbana no Rio de Janeiro, e sob inédito ponto de vista do policial, Tropa 2 deixou claro que o conflito nas favelas e o narco46+monet+maio

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tráfico são apenas pálidos reflexos de uma guerra muito maior por poder e dinheiro, envolvendo o crime organizado, políticos e policiais corruptos (reunidos em milícias). E isso acontece conforme o espectador acompanha Nascimento saindo das ruas para ganhar os gabinetes na função de Subsecretário de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Essa percepção mais aguçada sobre a realidade brasileira também pegou o ator andré Ramiro, outro membro da equipe, que teve sua vida mudada em muito pouco tempo. Rapper e ex-porteiro de cinema, Ramiro teve sua primeira experiência como ator ao interpretar matias, que volta no segundo filme, cada vez mais parecido com o Capitão Nascimento do primeiro Tropa, mas sem a mesma experiência. “minha vida mudou no sentido de que agora realmente tiro o meu sustento daquilo que eu sempre quis viver: da arte. Poder respirar, fazer, estudar arte e ter a oportunidade de conhecer coisas que eu não conhecia”, diz Ramiro, cujo disco de estreia, Crônicas de um Rimador, sai este ano e traz participações de medalhões da música brasileira, como Gabriel o Pensador e Dudu Nobre. mas houve outras reviravoltas na vida do artista. “o que mudou na verdade foi a minha visão do ser humano por debaixo da farda. Não exatamente a instituição. Tem uma frase em inglês que acho muito bacana, acho pertinente para esse momento, que é ‘Don’t hate the players. Hate the game’. Eu não odeio os jogadores, só não concordo com o jogo.” E ainda refletindo a experiência dos dois filmes, completa que “na maneira em que me envolvi com esse projeto fica difícil não perceber que na verdade irmão está matando irmão. É o policial que não é bem remunerado, o traficante que nem sempre está na vida que escolheu. ou seja, quem é a vítima? o policial é tão vítima quanto o traficante e vice-versa.”

Ossos duros de roer – Cenas de Tropa de Elite 2, que vão desde a violenta invasão do BOPE a uma favela, passando pela relação difícil entre Nascimento e seu filho adolescente Rafael (Pedro Van-Held) e a luta de Matias (André Ramiro) contra as milícias. Acima, no momento “recordar é viver”, cena do primeiro Tropa de Elite, com o Capitão Nascimento e seus amigos caveiras durante o treinamento de novatos. Na outra página, embaixo, o diretor José Padilha dá orientações a Seu Jorge, que interpreta o bandido Beirada, e aparece no início do filme

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aulo storani é outro personagem importante nessa saga e representa o lado fardado da história. Ex-integrante do BoPE, o carioca foi responsável pelos treinamentos dos atores e chegou a ter o nariz quebrado por Wagner moura durante os ensaios do primeiro Tropa. Também vieram dele algumas das gírias mais conhecidas dos filmes. “Daqui a dez anos, pesquisadores irão mostrar o que o filme representou para o esclarecimento e mobilização das pessoas em torno da segurança pública. a cortina caiu. Nenhum carioca poderá dizer que não sabia do que ocorreu e que ocorre no Rio, e que não é diferente de qualquer lugar do Brasil.” maio+monet+47

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orgulhoso de sua participação e do resultado cinematográfico, Storani fez questão de frisar durante a entrevista os princípios que nortearam o treinamento de seus pupilos: mudança constante de cenário, adaptação e superação. “Sabia que Tropa suscitaria discussões profundas, principalmente por concorrerem contra um histórico de filmes nacionais que, quando tratam de temas relacionados com a segurança pública, contam a versão de bandidos que passam a heróis, despossuídos que não têm outra opção senão roubar, traficar e matar. os dois Tropa de Elite foram fiéis à realidade e imparciais, mostrando de uma forma inédita os dramas que envolvem as pessoas que trabalham na segurança pública, pessoas honradas e desonradas, mas acima de tudo o BoPE saiu fortalecido. os heróis saíram do anonimato e passaram a ter seu trabalho reconhecido, além de o batalhão ter sido humanizado.”

É tudo mais ou menos verdade – Ao lado, o treinamento real feito pelo BOPE para uma invasão de um barco com reféns. Abaixo, um registro da histórica invasão do Complexo do Alemão em dezembro de 2010, com os caveiras liderando a ação (e o temível Caveirão ao fundo). Mais abaixo, Paulo Storani, ex-BOPE e o homem responsável por treinar realisticamente o ator Wagner Moura e todo o resto do elenco dos dois Tropa de Elite

Só que existe uma armadilha aí nessa atual relação de boa vizinhança entre policiais e civis, e quem aponta é Luiz Eduardo Soares, escritor, cientista social e ex-Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro. “Se o BoPE persistir por uma unidade violenta, tentando surfar na onda do primeiro filme, vai pagar um preço altíssimo também pela sua própria imagem, porque ficou muito claro no segundo filme que a violência policial não é uma solução, e sim parte de um problema.” Coautor de Elite da Tropa (objetiva) e Elite da Tropa 2 (Nova Fronteira), os livros que serviram de pontapé inicial para os roteiros, Soares aproveita para uma descrição muito afiada do Capitão Nascimento, personagem ficcional próximo de tantas pessoas de carne e osso.

FOTOS: DIVULGAÇÃO E AG. O GLOBO

“daQui a deZ aNos, pesQuisadores irão mostrar o Que o Filme represeNtou para a moBiliZaÇão das pessoas em torNo da seguraNÇa pÚBliCa” Paulo Storani

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e para mostrar a relação direta que existe entre a corrupção na política e os problemas da segurança pública que abordei nos filmes anteriores”, conta Padilha, que, entre um Tropa e outro, dirigiu dois documentários, Garapa (sobre a fome no Nordeste) e Segredos da Tribo (que trata da relação conflituosa entre antropólogos e os índios ianomâmi).

m “a intenção era apresentar ali um anti-herói, uma pessoa atormentada, capaz de tortura, assassinato, desesperada e sem rumo, que acabava contribuindo para a reprodução do ciclo da violência, mesmo sendo um homem com muitos valores positivos, muitas virtudes também, a simplicidade, a vontade de acertar, o compromisso de cumprir um papel positivo na sua área de atuação.” Portanto, quem o viu como mocinho, uma resposta armada para as mazelas sociais brasileiras, precisa urgentemente rever seu conceito de heroísmo. Em meio a esse fogo cruzado, Padilha também foi muitas vezes vítima, mas as acusações de glorificar um personagem violento e controverso já foram superadas. “Não fiz o filme para responder à crítica, fiz o filme para completar a exposição que iniciei em Ônibus 174 e Tropa de Elite,

as será que todo esse fuzuê ao redor dos filmes foi além das piadinhas de bar? Será que o Capitão Nascimento inspirou uma nova geração de guardiões da lei? Rodrigo, 29 anos, soldado da Polícia militar do Estado de São Paulo há cinco anos, acha que não: “a maioria das pessoas ainda entra na polícia pela dificuldade de encontrar emprego”, o que, fez questão de frisar, não foi seu caso, pois sempre desejou ser policial. Já Thiago marques Guilherme, 23 anos, está estudando para o concurso da polícia civil e disse que assistir aos filmes lhe “deu mais vontade de entrar para tentar fazer alguma coisa, mas não que eu vá ser um Capitão Nascimento, né?” os filmes retrataram a corporação fielmente? ambos acreditam que sim. “Tenho um amigo policial que me contou que na polícia tem muita coisa mostrada no filme que realmente acontece. É uma questão de se mostrar e não omitir”, diz Thiago, enquanto Rodrigo vai um pouco mais fundo ao afirmar que os filmes são “um tapa na cara de muito oficial, de muito político e muito

os iNimigos de HollYWood Assim como Tropa de Elite 2, eles colocaram as superproduções norte-americanas para correr nas bilheterias de seus países de origem

o segredo dos seus olHos

a riViera Não é aQui

trÊs idiotas

rudo Y Cursi

O filme de Juan José Campanella encantou não só os 2,5 milhões de argentinos que foram ao cinema. E o filme nacional de maior sucesso de bilheterianopaísnos últimos35 anos ainda ganhou o Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro em 2010 e elogios por onde foi exibido.

Com cerca de 20 milhões de espectadoresapenasnaFrança,acomédia que mostra um carteiro que acaba em uma cidadezinha do interior do país ao tentar ser transferido para a Riviera já tem planos de adaptação em língua inglesa pelas mãos da produtora de Will Smith.

Essa produção, típica de Bollywood (com direito aos inevitáveis números musicais), quebrou recordes dentro e fora da Índia. Depois de arrecadar 25 milhões de dólares em seu país, ainda levou para casa 16 prêmios do International Indian Film Academy Awards 2010, o Oscar indiano.

Uma boa explicação para o sucesso do longa que levou 3 milhões de mexicanos aos cinemas é a reunião de duas das maiores estrelas nacionais: Diego Luna e Gael Garcia Bernal. Na comédia eles vivem dois irmãos que saem do interior do país para se tornar astros do futebol.

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Inspirações – No alto, Luiz Eduardo Soares, escritor, ex-Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, coautor dos livros Elite da Tropa 1 e 2, e uma das pessoas que inspiraram a criação do Capitão Nascimento; ao lado, Marcelo Freixo, deputado estadual que serviu de base para a criação, em Tropa de Elite 2, do personagem Diogo Fraga. Ambos já foram ameaçados de morte inúmeras vezes pelas temidas milícias

governante aqui do Brasil. Sei que o filme se passa no Rio de Janeiro, mas serve para a realidade de qualquer polícia do Brasil. infelizmente, não teve a repercussão que deveria ter tido para poder acontecer alguma mudança. Tem muita coisa envolvida nisso, até dinheiro. acho que, por exemplo, parte da polícia de São Paulo vive muito à sombra da ditadura, assim como alguns governantes e políticos.”

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utro personagem real e importantíssimo para Tropa de Elite 2 é justamente um político. Em seu segundo mandato, o deputado estadual marcelo Freixo serviu como base para o roteirista Bráulio mantovani criar Diogo Fraga (irandhir Santos), um professor de História que abraça a carreira parlamentar após trabalhar em uma oNG cujo tema principal é a defesa dos direitos humanos. Na vida real, Freixo foi presidente da crucial CPi das milícias, que, em 2008, jogou no colo dos cariocas/brasileiros o envolvimento de alguns de seus colegas de assembleia Legislativa em assassinatos, extorsões e outras tantas infrações do Código Penal. Fã dos filmes, e sem nenhum envolvimento com as produções, Freixo viu sua luta (e a de muitos outros e outras) ganhar altas injeções de adrenalina na segunda parte da jornada de Roberto Nascimento. E gostou, confessa. “o Tropa 2 dá mais complexidade ao assunto de segurança, ele mostra com mais clareza esse problema de que o crime organizado não está nos lugares pobres, nem no Rio e nem em nenhum lugar do mundo.

Ele consegue demonstrar que essa criminalidade é movida por meio de interesses políticos, ou seja, existe uma polícia corrupta porque a gente tem uma política corrupta, uma elite política corrupta que se alimenta dessa relação violenta com a periferia dos lugares pobres porque tem uma relação direta com esses criminosos.” Claro que não seria um filme (ou dois) que mudaria esse amontoado de desigualdades, impunidades e desmandos. E nem adianta pensar em um terceiro longa com Nascimento partindo para Brasília de Caveirão. Luiz Eduardo Soares pode explicar melhor: “assunto [para um terceiro filme] não falta. mas até onde sei, como amigo e colega de trabalho, o José Padilha não considera essa hipótese. É o mesmo que ouço do Wagner [Moura], que diz que o trabalho que tinha que ser feito já foi feito. Da minha parte já estou completamente convencido de que não faz sentido produzir uma terceira unidade dessa série, pois há um risco muito grande da repetição e, tanto na literatura quanto no cinema, temos muito medo do clichê.” Sobre Wagner moura assinamos embaixo. Na tentativa de entrevistá-lo, recebemos a seguinte resposta de seu assessor: “o Wagner está num outro momento agora!” Quem é caveira, sabe. ■

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