Ed. Especial 1970/1990 - Jornal Dermatológico

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SBD-RESP JORNAL DERMATOLÓGICO

PUBLICAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA – REGIONAL SÃO PAULO SUPLEMENTO NÚMERO 1 2020

ESPECIAL 50 ANOS

A REGIONAL SÃO PAULO de 1970 a 1990


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RESP

A REGIONAL SÃO PAULO DE

1970 A 1990

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EDITORIAL

4 A REGIONAL SÃO PAULO DE 1970 A 1990 7

DÉCADA DE 70

11 DÉCADA DE 80 19 UM DERMATOLOGISTA INCANSÁVEL 20 NO COMANDO DA RESP

COMISSÃO CIENTÍFICA 2019/2020 Adriana Porro PRESIDENTE Bogdana Victoria Kadunc Eliandre Costa Palermo Cristiano Luiz Horta de Lima VICE-PRESIDENTE Helio Miot Nobuo Matsunaga Jayme de Oliveira Filho TESOUREIRA Carolina Oliveira Costa Fechine John Veasey Luiz Roberto Terzian SECRETÁRIO Ricardo Romiti Beni Moreinas Grinblat DIRETORIA 2019/2020

Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional do Estado de São Paulo Rua Machado Bittencourt, 361 - cj. 1307, Vila Clementino - São Paulo - SP. Tel.: (11) 5573-8735 / 5573-5528 / 5083-34, SBD-SP.ORG.BR

COORDENADORA DE PROMOÇÕES CIENTÍFICAS

Karime Marques Hassun COORDENADOR DE COMUNICAÇÕES

Moyses Costa Lemos

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1

CAMPANHAS 2019/2020 PRESIDENTE Gustavo Alonso Silvio Alencar Marques (Projeto Sol, Amigo 1º SECRETÁRIO da Infância) José Roberto Pereira Pegas Maurício Mendonça 2º SECRETÁRIO do Nascimento Hélio Amante Miot (Campanha de COORDENADORA Prevenção ao DE ÉTICA EM PESQUISA Câncer da Pele) Adriana Maria Porro DIRETORIA FUNADERSP 2019/2020

I2020 I ESPECIAL 50 ANOS

REPORTAGEM E EDIÇÃO Márcia Rocha – Sophia Comunicação Jornalista responsável Márcia Rocha – MTB 20.774 - SP PROJETO GRÁFICO Jarbas Oliveira, jarbasarte@gmail.com IMPRESSÃO YM Estúdio Gráfico e Fotolito Ltda.- (11) 3283-5040


SBD-SP.ORG.BR EDITORIAL

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Meio século de uma paixão inteira pela Dermatologia O ANO em que a nossa Regional chega a seu

cinquentenário não poderia ser mais emocionante – para usar um adjetivo suave, mas nem por isso menos verdadeiro. É fato que a pandemia da COVID-19 nos pegou de surpresa e nos obrigou a dar uma guinada em nossas vidas. Faz parte, e eu continuo acreditando firmemente que vamos sair melhores de tudo isso. Melhores, mais fortes e mais resilientes. Com a SBD-RESP, uma jovem senhora prestes a completar 50 anos (o aniversário é em dezembro), não vai ser diferente. Desde sua fundação, em 1970, a nossa Regional já enfrentou muitas adversidades. Criada no ano em que o Brasil conquistou o tricampeonato na Copa do Mundo do México, em um período que passou para a história como “milagre econômico” por conta do bom momento vivido pelo país, a RESP sobreviveu aos anos 80, a chamada “década perdida”, viu o mundo se assustar com a AIDS, comemorou o fim da Ditadura e acompanhou a evolução da Dermatologia, cada dia mais disputada por jovens médicos – isso só para citar alguns fatos. Em meio às comemorações do cinquentenário de nossa Regional, um de nossos planos era justamente preparar esta edição especial, a primeira de uma série de cinco, cada uma contando um período da trajetória da RESP. Nas próximas páginas, vocês vão conhecer alguns detalhes dessa história que começou antes mesmo da fundação, no dia 12 de dezembro de 1970. Os primeiros planos

Dra Eliandre Costa Palermo PRESIDENTE SBD-RESP

2019/2020

de criar uma Regional paulista da SBD começaram meio descompromissadamente, em conversas durante uma viagem de ônibus que levou alguns dermatologistas de São Paulo para um congresso em Goiânia. Era setembro de 1970. A ideia tomou corpo dois meses depois, na Jornada de Ribeirão Preto. Mas não vou ficar dando spoiler – senão, perde a graça. Melhor vocês lerem com os seus próprios olhos, porque é uma história muito bonita, cheia de gente corajosa. Dos 50 médicos presentes naquela assembleia, somos, hoje, cerca de 3.000 associados, número que corresponde a 32% dos dermatologistas filiados à Nacional. Meus agradecimentos àquele grupo de sete médicos que fizeram a RESP se tornar realidade: Prof. Sampaio, Dr. Walter de Paula Pimenta, Dr. Raymundo Martins Castro, Dr. Nelson Guimarães Proença, Dr. João Roberto Antonio, Drª Alice de Oliveira de Avelar Alchorne e Dr. Maurício Mota de Avelar Alchorne. Os três primeiros, infelizmente, não estão mais conosco, mas seu legado permanecerá para sempre na história da Regional São Paulo e da Dermatologia brasileira. E um agradecimento especial também a todos aqueles que comandaram a RESP ao longo desses anos. Um desafio e tanto, mas também um trabalho muito realizador. Quem venham outros 50 anos! SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


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RESP

A REGIONAL SÃO PAULO DE

1970 A 1990 OS FATOS MAIS MARCANTES

DA SBD-RESP JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1

I202

I ESPECIAL 50 ANOS

FOTO: ISTOCKPHOTO

DAS DUAS PRIMEIRAS DÉCADAS



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RESP

EM 1969, os colegas haviam me escolhido para presidir

o Departamento de Dermatologia da Associação Paulista de Medicina. Esse Departamento reunia apenas os especialistas que residiam na capital do estado de São Paulo. Os do interior estavam distribuídos – melhor seria dizer, diluídos – pelas diferentes Seções Regionais e Sociedades Filiadas que compõem a APM. Não obstante essa dispersão dos especialistas por numerosas cidades do estado, em sua maioria, eram sócios da entidade maior, a Sociedade Brasileira de Dermatologia.

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS

uimarães Dr. Nelson G

Proença

JD nº 1 (1 98 4 )

Daquele grupo de sete dermatologistas, do qual o Dr. Nelson Proença fazia parte e que cita em seu relato, três nos deixaram e estão gravados para sempre na memória da Dermatologia nacional: Prof. Sampaio, Dr. Raymundo Martins Castro e Dr. Walter de Paula Pimenta. Verdadeiros desbravadores, aqueles sete médicos resolveram encarar o desafio de colocar de pé a Regional paulista da SBD. Do quadro inicial de associados, que, segundo relatos do Prof. Sampaio na época, era de cerca de 50 dermatologistas, a RESP conta, atualmente, com 3.206 associados, número que representa 32% dermatologistas filiados à SBD Nacional. E, meio século depois de sua fundação, a RESP é reconhecida como uma das entidades de classe mais representativas do país. Nas próximas páginas, acompanhe alguns fatos marcantes das duas primeiras décadas da Regional São Paulo e da história da Medicina no Brasil e no mundo.

FOTOS: DIVULGAÇÃO-ARQUIVO PESSOAL

Em setembro de 1970, realizou-se o Congresso Brasileiro de Dermatologia, em Goiânia. Para estimular o convívio entre os colegas, conseguimos fretar um ônibus turístico, que permaneceu conosco durante todo o Congresso. Viajaram juntos, aproximadamente, vinte dermatologistas, tanto da capital como do interior do estado, muitos acompanhados de suas esposas. Foi durante a viagem de ida a Goiânia, bem como durante a realização do Congresso, que surgiu pela primeira vez a ideia de criarmos uma Seção Regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ela abrangeria não somente os sócios da capital, mas também algumas dezenas de dermatologistas espalhados por todo o interior. A idéia tomou corpo e assumiu sua forma definitiva durante uma jornada científica coordenada por Walter de Paula Pimenta, de Ribeirão Preto, no mês de novembro de 1970. Foi naquela magnífica cidade paulista que ficou decidida a criação da Seção Regional da SBD. Para ser ainda mais preciso nestas reminiscências, posso informar que foi durante o almoço que nos ofereceu Walter Pimenta no Bosque dos Jequitibás. Formávamos um grupo durante o almoço, sentando-nos frente a frente ou lado a lado: Sebastião de Almeida Prado Sampaio, Raymundo Martins Castro, João Roberto Antonio, o casal Alice e Maurício Mota de Avelar Alchorne, Walter de Paula Pimenta e eu. Foi à sombra dos jequitibás que tomamos três decisões: a Seção Regional de São Paulo da SBD seria criada no mês de dezembro subsequente; os estatutos seriam extremamente simples e redigidos por mim; e a primeira diretoria teria Sebastião Sampaio como Presidente. E assim, efetivamente, foi. Em 12 de dezembro de 1970, realizamos uma assembleia na Clínica Dermatológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, para a qual convidamos todos os sócios da SBD existentes em São Paulo. Embora alguns tivessem faltado, consideramos todos como sócios-fundadores.


´ DECADA 1970 1970

CONJUNTURA

O Brasil vive a Ditadura Militar, regime que durou de 1964 a 1985. Dois generais se sucederam na Presidência da República nos anos 70: Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974) e Ernesto Beckmann Geisel (1974 a 1979). Os anos 70 ficaram conhecidos como os anos do “milagre econômico”, projeto de crescimento acelerado do país conduzido pelo economista

n Em setembro, aconteceu

o Congresso Brasileiro de Dermatologia, em Goiânia, com a participação de cerca de 20 dermatologistas do estado de São Paulo. Na viagem, surgiu a ideia de fundar uma Seção Regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O desejo de criar a RESP veio do fato da cidade de São Paulo, e do estado de São Paulo em si, serem grandes e poderosos tanto do ponto de vista econômico como do científico. Nós achamos que merecíamos ter uma Regional São Paulo dentro da SBD Nacional.

Antônio Delfim Netto, que foi Ministro da Fazenda de 1967 a 1974.

n Durante a Jornada de Ribeirão

Preto, em novembro, ficou decidido que o projeto de ter uma Regional paulista iria se tornar realidade. n No dia 12 dezembro, o Prof.

Sampaio anunciou a criação da SBD-RESP em uma assembleia realizada na Clínica Dermatológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. A entidade começou com cerca de 50 membros.

Drª Alice Oliveira de Avelar de Alchorne Pre sid ent e da SB D-R

ESP (20 03 )

A conquista do tricampeonato na Copa do Mundo, no México, evidenciou o pensamento ufanista que se instalou no país.

SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


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1972

RESP

1971

n Participantes da IV Jornada Paulista de Dermatologia,

realizada em 28 de agosto, no HCFMUSP.

CONJUNTURA

1973

n DERMATOLOGIA

n DERMATOLOGIA

Buenos Aires, na Argentina, sedia a 1ª RADLA (Reunião Anual dos Dermatologistas Latino-Americanos).

Participantes da XII Jornada Dermatológica Paulista, realizada em 15 de dezembro, na Santa Casa SP.

CONJUNTURA

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) triplicou o preço do barril de petróleo, o que provocou escassez de combustíveis no mercado mundial.

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1

I2020

I ESPECIAL 50 ANOS

FOTOS: DIVULGAÇÃO-ARQUIVO PESSOAL

Início da produção das fibras ópticas que, hoje, são imprescindíveis na transmissão de dados, entre outras aplicações.


1975

1974

PRESENÇA FORTE

Figura emblemática da Dermatologia paulista, a Drª Neuza Lima Dillon foi Vice-Presidente n DERMATOLOGIA da RESP em 1975. Formada pela Faculdade A Editora Artes de Medicina e Cirurgia de Belém do Pará, fez Médicas faz a primeira Residência em Dermatologia no HC, em 1958, reimpressão de com o Prof. Sampaio, que influenciou sua escolha Dermatologia Básica. pela especialidade, já que pretendia se tornar livro do Prof. Sampaio endocrinologista. Sua trajetória profissional com colaboração do está ligada à da Faculdade de Ciências Médicas Dr. Raymundo Martins e Biológicas de Botucatu (FCMBB). Contratada Castro, lançado em 1970. em junho de 1967 para criar o Serviço de Dermatologia, não recuou diante de problemas como instalações precárias e falta de equipamentos. Logo percebeu que o Serviço só cresceria com uma enfermaria própria e docentes na graduação. “Ela tinha muita visão estratégica e trabalhou principalmente nessas duas frentes. No início, o Professor Sampaio Dr. Mario Grinb enviava material para a lat ma Dillon Tes our eir o da SB D-R ESP (19 76) Drª Neuza Li (1975) realização de pequenas RESP em Vice-Presidente da cirurgias e, mais de uma vez, a Drª Neuza investiu recursos pessoais No tempo em que fui Tesoureiro da Regional São Paulo, no Serviço”, conta o Dr. Silvio Alencar Marques, não tínhamos as facilidades de hoje, quando tudo pode Professor Titular de Dermatologia da FCMBB, exser feito pela internet. Os associados pagavam as taxas aluno e braço direito da Drª Neuza durante muitos e as inscrições para os eventos em cheque e a RESP, por anos. Tanta dedicação rendeu frutos. A Residência sua vez, também usava cheques para pagar os fornecedores. foi criada em 1970, a primeira no interior de Embora, houvesse uma área de contabilidade, eu São Paulo. Hoje, Botucatu tem um dos Serviços tinha um trabalhão – sem falar na responsabilidade. de Dermatologia mais respeitados do país. “A Drª Neuza foi uma grande mestra, um norte na minha carreira”, diz Dr. Silvio, completando que ela tinha duas facetas distintas. “Como gestora, era muito competente e exigente. Não recuava quando acreditava estar com a razão. Por n DERMATOLOGIA outro lado, assumia um comportamento quase O Aciclovir é desenvolvido graças às pesquisas dos maternal com residentes e jovens docentes, se bioquímicos norte-americanos Gertrude Belle Elion e preocupando genuinamente com eles”, finaliza. George Herbert Hitchings.

1976

1977

SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


10

RESP

1978

Dr. Nelson Gui marães Proenç Pre sid ent e da SB D-R a ESP (19 78 e 1979)

Sede da APM: mesmo endereço desde 1951

n A RESP, que até então não tinha

sede, passou a ocupar uma sala na Associação Paulista de Medicina.

Dr. Aurélio Ancona Lopez, a 1ª Reunião Sudeste de Dermatologia contou com especialistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.

n

SAÚDE Nasce, no Reino Unido,

Louise Brown, primeiro bebê de proveta do mundo.

n SAÚDE O Prof. Carlos da Silva Lacaz, então diretor da Faculdade de Medicina

da USP, funda o Museu Histórico, hoje Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz. Importante médico, cientista e pesquisador, o Prof. Lacaz criou, em 1959, o Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, que dirigiu até sua aposentadoria, em 1985.

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS

FOTOS: DIVULGAÇÃO-ARQUIVO PESSOAL / LIVRO MESTRES DA DERMATOLOGIA PAULISTA

n Presidida pelo

Foram muitas e de excelente nível as Jornadas de Dermatologia realizadas pela RESP. Não dispúnhamos de sede, essa era virtual, pois ficava localizada no Serviço de Dermatologia do Presidente. Portanto, as “sedes” foram se sucedendo: no Hospital das Clínicas, no Hospital do Servidor Público Estadual, na Escola Paulista de Medicina. Ao ser eleito para a Presidência de nossa Regional, promovi entendimentos com o Presidente da Associação Paulista de Medicina, Dr. Aloysio Geraldo Ferreira de Camargo. Firmamos um convênio que nos permitiu usar uma sala no segundo andar do prédio da sede da APM, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Ali, a Regional permaneceu por vários anos, até que nossa entidade teve recursos financeiros que lhe permitiram adquirir a atual sede, na Capital.


1979 n DERMATOLOGIA

Primeira edição do Journal of the American Academy of Dermatology.

CONJUNTURA

Nova crise do petróleo. No Brasil, a alta no preço dos combustíveis provocou aumento da inflação.

SAÚDE No segundo semestre, o Center for Disease (CDC), com sede nos Estados Unidos, notificou a comunidade médica sobre a AIDS.

n

´ DECADA 1980 1980

CONJUNTURA

Os anos 80 entraram para a história como a “década perdida”, devido ao baixo crescimento econômico do país no período. A partir de 1986, foram sete planos econômicos e seis mudanças de moeda até chegarmos ao real de hoje.

SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


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RESP

1981

Além dos eventos científicos que, este ano, vêm reforçados com novidades que só se vê nos melhores congressos dermatológicos do mundo, a Diretoria da RESP está preparando várias ações para n SAÚDE Introdução do décadas da entidade. comemorar as cinco

1982

Cetoconazol para o tratamento da paracoccidiodomicose.

n DERMATOLOGIA FDA aprova o uso de

1983

isotretinoína para tratamento de acne severa.

n SAÚDE Cinquentenário

da Escola Paulista de Medicina que foi criada em 1933 e teve a aula inaugural em 15 de julho do mesmo ano. John Parish

Rox Anderson

n DERMATOLOGIA Rox Anderson e John Parish publicam o

trabalho Fototermólise Seletiva: Microcirurgia Precisa por Meio da Absorção Seletiva da Radiação Pulsada.

CONJUNTURA Entre 1983 e 1984, o movimento

Diretas Já leva milhões de pessoas às ruas de todo o país para exigir eleições presidenciais diretas.

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1

I 2020 I ESPECIAL 50 ANOS

1984

JD: A VOZ DA RESP Lançado no início de 1984,

sob a gestão do Dr. Fernando Augusto de Almeida, o Jornal Dermatológico impulsionou não apenas a comunicação da entidade com seus associados, como também representou uma importante ferramenta de divulgação científica. Os artigos, produzidos pelos próprios médicos, abordavam temas diversos da especialidade. Com periodicidade bimestral e tiragem de 2.500 exemplares, o JD também divulgava eventos estaduais. E funcionava como plataforma de atração de patrocínio da indústria farmacêutica, a fim de garantir a sustentabilidade financeira da RESP. Os primeiros anunciantes a aderir ao projeto foram: Alcon, Bayer, Berlimed, Biogalênica, Drogaderma, Eli Lilly, Pfizer, Richardson Merrell e Syntex. Todas as edições do Jornal Dermatológico estão encadernadas e à disposição na biblioteca da SBD-RESP, além de disponíveis para download a partir do site da entidade.


OS DISTRITOS DERMATOLÓGICOS Eles foram criados na gestão do Dr. Fernando Augusto de Almeida (1984/1985), tendo como base as Regiões Administrativas da APM. No início, eram 14 Distritos. Vários começaram a funcionar depois disso e, com o passar dos anos, alguns deixaram de existir e outros se reorganizaram. Atualmente, a SBD-RESP conta com estes Distritos:

Dr. Sebastião de Prado Sampaio Almeida

Pre sid ent e da SB D-R

ESP (19 71 A 1973)

Entre alguns aspectos novos em desenvolvimento, poderia citar o uso de computadores, o emprego dos raios laser. Porém, o que mais me impressionou foi a metamorfose que ocorreu nos últimos anos. De especialidade eminentemente clínica tornou-se hoje clínico-cirúrgica. Vimos cursos sobre cirurgia cutânea básica e criocirurgia, seminários e simpósios sobre cirurgias cutâneas eletivas. (...) De especialidade clínica de recursos limitados do passado, tornou-se a Dermatologia clínica, cirúrgica e plástica do presente e futuro.

2º Distrito – Santos (Santos e Guarujá) PRESIDENTE: Drª Helena Engelbrecht Zantut 3º Distrito – São José dos Campos (São José dos Campos, Taubaté, Guaratinguetá, Cruzeiro, Lorena, Ubatuba, Caraguatatuba, Jacareí e Caçapava) PRESIDENTE: Dr. Marcelo Caldeira Guimarães Wieser 4º Distrito – Sorocaba (Sorocaba, Salto, São Roque, Itapetininga e Avaré) PRESIDENTE: Drª Ângela Valéria Tozzi de Oliveira Mendes 5º Distrito – Campinas (Campinas, Americana, Amparo, Capivari, Itapira, Mogi Guaçu, Mogi-Mirim, Piracicaba, Santa Bárbara D’Oeste, Limeira, Araras, Pirassununga, Rio Claro, São João da Boa Vista, Pinhal, Mococa, São José do Rio Pardo, Jundiaí, Bragança Paulista) PRESIDENTE: Drª Luiza Helena Urso Pitassi

Artigo publicado na seção Cirurgia Dermatológica, JD nº1 (1984)

6º Distrito – Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, Batatais, Franca, Ituverava, São Joaquim da Barra, Jaboticabal, Araraquara e São Carlos) PRESIDENTE: Dr. Moyses Costa Lemos

n DERMATOLOGIA USP e Universidade da Carolina do

7º Distrito – Botucatu – Bauru (Botucatu, Bauru, Jaú e Lins) PRESIDENTE: Dr. Jaison Antônio Barreto

Norte, nos Estados Unidos, se uniram para formar o Grupo Cooperativo para Estudo do Fogo Selvagem. O Prof. Sampaio teve ativa participação na iniciativa. n Primeira Campanha de Prevenção e Combate

ao Câncer Cutâneo com divulgação em diversos meios de comunicação (televisão, jornal e rádio). n DERMATOLOGIA Criação e oficialização da Comissão

de Ética e Defesa Profissional pelo Conselho da Sociedade Brasileira de Dermatologia, durante o XXXIX Congresso Brasileiro de Dermatologia.

8º Distrito – São José do Rio Preto (São José do Rio Preto, Jales, Fernandópolis, Votuporanga e Catanduva) PRESIDENTE: Dr. João Roberto Antonio 9º Distrito – Presidente Prudente (Presidente Prudente, Dracena e Adamantina) PRESIDENTE: Drª Ângela Marques Barbosa 11º Distrito – Marília (Marília, Garça, Assis, Ourinhos, Piraju, Santa Cruz do Rio Pardo e Tupã) PRESIDENTE: Dr. Miguel Ângelo De Marchi

Com a criação do Jornal Dermatológico, a Diretoria eleita para o biênio 1984-1985 pretende imprimir uma nova dinâmica à atuação da Sociedade, tendo representação efetiva em todo o estado de São Paulo. Hoje, somos 437 sócios, e fazem parte de seu quadro associativo, praticamente, todos os professores e colegas que exercem funções em serviços universitários e serviços afins nas áreas municipal, estadual e federal.

Editorial, JD nº1 (1984)

SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


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RESP

1985

n Criado plano

de viagem sem fins lucrativos para facilitar a participação dos associados em congressos internacionais em Madrid e Berlim.

cerca de

500

ASSOCIADOS

tiragem de

3.000 exemplares por edição

n DERMATOLOGIA Foram lançados os primeiros

equipamentos avançados de microdermoabrasão.

n Inauguração da biblioteca na sede da SBD-RESP.

CONJUNTURA O festival de rock Live Aid, que arrecadou fundos para o combate à fome na Etiópia, é visto por cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1

I 2020 I ESPECIAL 50 ANOS

CONJUNTURA Fim do regime militar no Brasil. Tancredo Neves foi eleito presidente. Internado às pressas, na véspera da posse, no dia 15 de março, faleceu pouco mais de um mês depois. O vice, José Sarney, assumiu em seu lugar.

Creio que o grande desafio para a Medicina do futuro, especialmente para a Dermatologia – pois tão frequentes são as genodermatoses, de tão graves malefícios – será a prevenção ou mesmo a cura dessas doenças genéticas, por intermédio da bioquímica, da engenharia genética. Tenho plena convicção de que os médicos do futuro poderão evitar ou curar aqueles graves e tristes casos de ictioses, xerodermas, epidermólises, ceratodermias e tantos outros. (...) Terminando, formulo aos jovens dermatologistas um voto de confiança no futuro. Embora a luta seja dura, jamais desanimar, pois colherão os frutos do trabalho, dedicação e amor ao doente. A vida de médico é bela. Sedare dolorem divinum opus est [aliviar a dor é obra divina, em tradução livre].

Dr. Vinício de Arruda Zamith, sobre sua atuação como médico adjunto efetivo da Santa Casa de São Paulo na década de 1940, JD nº 10 (1985)


Dr. Fernando de Almeida Augusto

Pre sid ent e da SB D-R

1986

É nosso dever procurar sempre esclarecer muito bem nossos pacientes em relação a todas essas propagandas que surgem pelos diversos meios de comunicação, pois não temos o poderio econômico para poder combatê-las com a intensidade que seria necessária.

ESP (19 84 /19 85 )

O início do segundo ano de nossa gestão à frente da SBD – Seção Regional de São Paulo coincide com um momento importante para todos nós, brasileiros, o da abertura política em nosso país. Acreditamos em instituições democráticas, livres, íntegras e atuantes, dando oportunidades efetivas a todos seus membros. A Sociedade Brasileira de Dermatologia e suas seções regionais não podem e nem devem ficar à margem dessa jornada democrática.

Editorial, JD nº 7 (1985)

n DERMATOLOGIA Cirurgia

Dermatológica foi incluída no curriculum vitae para a obtenção do Título de Especialista.

n JD

passou a ser disbribuído para todas as universidades da América do Sul.

Dr. José Alexandre de Souza Sittart, Editorial, JD nº 16 (1986)

Dr. Silvio Alencar Marques

n Criação dos Grupos de

Estudo, sendo o primeiro de Paracoccidioidomicose, sob coordenação do Dr. Silvio Alencar Marques, da Faculdade de Medicina de Botucatu.

n Programa do XLI Congresso

Brasileiro de Dermatologia, em São Paulo, publicado JD nº 15 (1986)

Os recursos de divulgação estão à disposição, desde um simples papel até computadores os mais sofisticados de nossos tempos, porém necessário é que deles lancemos mão, e urgente. (...) Tais recursos (papel e computador) são, por outro lado, inadequados, o primeiro por ser pouco dinâmico e o segundo, privilégio de poucos. Restam-nos, então, os recursos intermediários audiovisuais, excelentes, práticos e acessíveis aos cientistas para suas comunicações, principalmente em congressos como os de hoje. Dr. Waltênio Vasconcelos, Maneira prática de fazer um slide e como se conduzir na apresentação de um trabalho ou como conferencista, seção Ilustração Científica,JDnª)689 1( 71

SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


RESP

1987

Dr. Jayme de Ol iveira Filho

Pre sid ent e da SB D-R

n DERMATOLOGIA Os biólogos

n Superlotação nas Jornadas

Brad Amos [esq.] e John White, juntamente com o engenheiro eletrônico Michal Fordham, desenvolvem a tecnologia que permite a criação do primeiro microscópio confocal.

Dermatológicas paulistas.

Assim, pode-se concluir que a terapia dermatológica pelo Laser é uma expansão relativa de métodos curativos, mas de emprego crítico e limitado. Dr. Ney Romiti, Atualização: O que você espera do Laser, JD nº 23 (1987) n DERMATOLOGIA

Os médicos canadenses Jean [esq.] e Alastair Carruthers iniciam a o uso de toxina botulínica na Cosmiatria.

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1

(19

I2020

Utilizo um computador TRS-80 e uma impressora Grafix T80, que permite a mudança de folhas do receituário comum, trocadas facilmente uma a uma. Há um mês, foi introduzida no serviço de Dermatologia da F.M.S.A. [Faculdade de Medicina de Santo Amaro], do Prof. Luis Carlos Cucé, o início da informatização dos dados de nossa disciplina em sistema de computadores. Com certeza, em breve, colheremos bons resultados desta iniciativa, que a priori parece ousada, mas, na verdade, é muito mais simples do que podemos imaginar. Resultados: fizemos com que um consultório dermatológico entrasse na era da informática, fazendo-o ser mais prático e eficiente, ainda com grande vantagem de manter-se com um lay out bem moderno, do modo que o mundo atual requer. Anteriormente, saber algo de informática era a mais. Ignorá-la, hoje, é a menos.

Informática para o Dermatologista, JD nª 20 (1987)

A Dermatologia tem sido invadida por outras especialidades, assim como tem perdido terreno para pseudoclínicas de ‘tratamento’ que utilizam diversas modalidades de terapêutica, inclusive algumas usadas rotineiramente pelo dermatologista. É o momento do colega se conscientizar de que o aprendizado da Cirurgia Dermatológica é de extrema necessidade para reforçarmos ainda mais a nossa especialidade. Editorial, JD nº 21(1987)

e Dr. José Alexanrtdr ta Sit a de Souz 86/ 198 7) Pre sid ent e da SBD -RE SP

ESP (19 98 )

I ESPECIAL 50 ANOS

FOTOS: DIVULGAÇÃO-ARQUIVO PESSOAL / LIVRO MESTRES DA DERMATOLOGIA PAULISTA

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1988 Dr. Maurício Mot a de Avelar Alchorne

n I Reunião de Cirurgia

n SBD ganha sede própria na Avenida

Rio Branco, Rio de Janeiro. Dermatológica, sob a coordenação do Dr. Ival Peres Rosa, chefe da CONJUNTURA Clínica Dermatológica No dia 5 de outubro do Hospital do Servidor é promulgada a Público Municipal Constituição, que de São Paulo. ficou conhecida

como “Constituição n Criada a videoteca da Cidadã” por ter SBD-RESP na gestão sido concebida do Dr. Maurício Mota no processo de redemocratização do país, de Avelar Alchorne. que ocorreu com o fim da Ditadura. n Médicas residentes

e estagiárias que arremataram o primeiro e o segundo lugares dos prêmios “Luiz Augusto Nunes Teixeira” e “Avelino Miguel Alonso”, na Jornada do Dermatologista Jovem, realizada no XLII Congresso Brasileiro de Dermatologia, no Rio de Janeiro, em setembro de 1988.

O perfil da assistência médica no Brasil, na década de 80, caracteriza-se por ser o de um período de transição, no qual predominam três aspectos básicos: incerteza, competição e marketing, este último provavelmente como consequência dos dois primeiros e, sem dúvida, o mais controvertido.

Dr. Paulo Eduardo Trindade Filho e Dr. José Agenor Mei Silveira, Estratégias de marketing utilizadas em Medicina, JD nº 27 (1988)

Pre sid ent e da SB D-R

ESP (19 88/19 89 )

Estamos cientes da grande responsabilidade que assumimos e não mediremos esforços nem sacrifícios para corresponder à confiança demonstrada.O saldo financeiro que nos foi repassado pela diretoria anterior é diminuto. O momento é de dificuldade geral. Todos se queixam da falta de recursos financeiros. Não nos assustaremos. Temos certeza de que contaremos com a colaboração dos colegas da Diretoria e com o apoio de todos os sócios para que a Regional cresça cada vez mais e continue ocupando o lugar de destaque que sempre mereceu.

Editorial, JD nº 25 (1988)

n DERMATOLOGIA

Fundação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), em 9 de maio de 1988, sob a liderança do Prof. Sampaio e do Dr. Luiz Henrique de Camargo Paschoal.

SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


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RESP

1989

n JD passou a ser editado com

patrocínio exclusivo do laboratório Schering – foi a alternativa encontrada pela Diretoria da SBD-RESP diante da baixa adesão de outros laboratórios devido às dificuldades econômicas enfrentadas no país. n DERMATOLOGIA I Congresso

Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

n DERMATOLOGIA JD nº 32 (1989)

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1

I2020

I ESPECIAL 50 ANOS

Da minha turma de 80 alunos na USP, saíram dois dermatologistas – um colega e eu. Naquela época, não era uma especialidade tão procurada como atualmente. Eu não me arrependo nem um pouco da escolha que fiz. A Dermatologia é muito bonita. Uma das coisas que mais admiro é sua interação com outras especialidades. Também é uma especialidade muito objetiva, porque você olha e consegue fazer o diagnóstico. Drª Alice de Oliveira de Avelar Alchorne, Presidente da SBD-RESP (2003)

A maioria das reuniões da diretoria da SBD-RESP, no início, acontecia no Hospital das Clínicas, e algumas na Santa Casa. A secretária da Regional era a Neusa, a própria secretária do Sampaio. Quando assumi, nossa diretoria contratou uma equipe própria. Também formalizamos, no papel, a relação da Regional São Paulo com os laboratórios. Dr. Fernando Augusto de Almeida, Presidente da SBD-RESP (1984-1985)

Com o aumento do número de dermatologistas em nosso país, os médicos paulistas, que sempre representaram pelo menos 1/3 do volume global, decidiram fazer uma forte regional, que estabelecesse uma fonte de troca de estudos e relatos entre as diversas faculdades de Medicina do estado. Dr. Jayme de Oliveira Filho, Presidente da SBD-RESP (1998)

Conhecendo a clínica, a etiopatogenia e o quadro histopatológico correspondente, ninguém melhor do que o próprio dermatologista para atuar cirurgicamente, quando isso se faz necessário. Ultimamente, tem sido grande o destaque dado à Cirurgia Dermatológica, praticamente em todos os eventos da especialidade, sendo incluída na forma de cursos, simpósios ou outros modos de estudá-la. Dr. Maurício Mota de Avelar Alchorne, Presidente da SBD-RESP (1988/1989)

A partir de meados da década de 70, houve um incremento muito grande da Dermatologia. Com isso, ela deixou de ser uma especialidade puramente clínica, e começou a se desenvolver na parte cirúrgica e na estética, com a Cosmiatria. A especialidade foi crescendo a ponto de se tornar uma das mais procuradas atualmente, o que não acontecia na época em que fiz Residência. Na minha turma, por exemplo, éramos dois: Lorivaldo Minelli e eu. Dr. Mario Grinblat, pioneiro na introdução do uso do laser no Brasil na área de Dermatologia Quando o Professor Sampaio decidiu criar a primeira Regional da SBD do país, em 1970, junto a um grupo de pioneiros, convocou-me para ser seu Vice-Presidente nessa primeira diretoria e determinou que a segunda Jornada da nova entidade, depois de São Paulo, seria em São Jose do Rio Preto. Queria um professor do interior para que o sentido da Regional fosse realmente inclusivo. A primeira Jornada Dermatológica do interior paulista em São José do Rio Preto, em 5 e 6 de novembro de 1971, a segunda da SBD-RESP, foi um marco importante na linha do tempo da especialidade na região, com repercussão em outros estados. O Professor Sampaio trouxe toda a sua equipe da Faculdade de Medicina da USP. O ‘jantar de gala’ que oferecemos para professores e palestrantes aconteceu em minha casa e foi preparado por minha esposa, um suculento estrogonofe muito apreciado por todos. Dr. João Roberto Antonio, Presidente da SBD-RESP (2009)


UM DERMATOLOGISTA INCANSÁVEL

Exímio aluno de Matemática, o jovem Sebastião de Almeida Prado Sampaio queria mesmo era ser engenheiro. Mas mudou os planos para realizar o sonho da mãe, que desejava um filho médico. Sua energia inesgotável levou um de seus colegas da Faculdade de Medicina da USP a lhe dar o apelido de “mosquito elétrico”. “Magro, alto e muito agitado, ele dizia que só se sentia vivo depois de tomar café – o que, em seu caso, queria dizer beber pelo menos duas xícaras de chá com a bebida”, conta o Dr. João Roberto Antonio. A Drª Alice de Oliveira de Avelar Alchorne, que foi residente do Prof. Sampaio no HC, lembra que, para avançar mais rápido pelos corredores do hospital, ele costumava andar em ziguezague. “Eu até segurava o passo para não ficar em seu caminho” lembra. Na década de 50, o Prof. Sampaio fez um estágio na Mayo Clinic, nos Estados Unidos, e foi convidado para continuar trabalhando naquele país. Mas preferiu voltar para o Brasil a fim de praticar aqui o que aprendeu por lá, mudando completamente os contornos da Dermatologia nacional que, na época, seguia o tradicional modelo francês. “Nos Estados Unidos, os pacientes eram visitados todos os dias pelo corpo médico da clínica, recebendo tratamento altamente eficaz. Os casos mais complexos eram mandados para discussão e, quando chegava o fim do dia, o assistente acompanha o residente para a análise e observação dos pacientes”, disse

FOTOS: DIVULGAÇÃO-ARQUIVO PESSOAL / LIVRO MESTRES DA DERMATOLOGIA PAULISTA

Prof. Sampaio e esposa

ele em entrevista publicada no livro Mestres da Dermatologia Paulista (Ed. JSN). Esse foi o ponto de partida para que, em 1970, já à frente da cátedra de Dermatologia da Faculdade de Medicina da USP, implantasse as célebres reuniões das manhãs de sábado, obrigatórias para todos os residentes e assistentes. Visionário, defendia que a Dermatologia era uma especialidade clínico-cirúrgica e que deveria ganhar status de departamento dentro da USP, uma das primeiras a ter a área funcionando independente da Clínica Médica, aliás. Dono de extensa produção científica, foi pioneiro em diversas áreas da especialidade, prescrevendo, por exemplo, o uso de anfotericina B para o tratamento da paracoccidioidomicose. No inicío da década de 80, foi o primeiro médico da América do Sul a prescrever isotretinoína para o tratamento da acne, quando essa prática ainda estava engatinhando nos Estados Unidos. Sua atuação em prol da evolução da Dermatologia paulista é tão importante, que se costuma dizer que a história da especialidade no país pode ser dividida em duas fases: antes e depois do Prof. Sampaio. Atuante, mesmo depois de sua aposentadoria, dizia que sempre havia algo a aprender. Um mês antes de falecer, em outubro de 2018, compareceu ao Congresso Brasileiro de Dermatologia e ministrou uma aula sobre seus extraordinários conhecimento no tratamento da acne.

A banca examinadora do exame do primeiro TED. Da esq. para a dir.: Profs. Rubem David Azulay, Ruy Miranda, Sebastião de Almeida Prado Sampaio, Tancredo Furtado e Clóvis Bopp

O Prof. Sampaio era uma liderança natural, muito competente como dermatologista e como gestor. A residência que fiz sob sua orientação no HC tinha um programa moderno, inédito para a época, que continua valendo atualmente. Ele me fez passar por várias áreas: Cirurgia Plástica, Alergia, Moléstias Infecciosas e Anatomia Patológica. Aprendi muito! Drª Alice de Oliveira de Avelar Alchorne, Presidente da SBD-RESP (2003)

Prof. Sampaio e Dr. João Roberto Antonio

Foi o Prof. Sampaio quem me convenceu a fazer Dermatologia. Havia duas vagas de Residência no HC e nenhum candidato! Eu estava em dúvida, mas o Prof. Sampaio insistiu, afirmando que a Dermatologia ia muito além da clínica e incluía pequenas cirurgias, a parte estética... Acontece que a Dermatologia da época era predominantemente clínica, mas o Prof. Sampaio já vislumbrava como seria o futuro da especialidade. Dr. Fernando Augusto de Almeida, Presidente da SBD-RESP (1984/1985)

O Prof. Sampaio apreciava o talento das pessoas, mas exigia empenho e esforço. Obrigava seus assistentes e residentes a participar das reuniões aos sábados. Para não perder nenhum desses encontros valiosos para a minha formação, embarcava em um trem na noite da véspera e chegava antes das 7 horas da manhã de sábado, na Estação da Luz, em São Paulo. As reuniões começavam às 8 horas e, por força do horário do trem, eu costumava ser o primeiro a chegar. Creio que o Professor Sampaio se impressionava com isso. As reuniões terminavam ao meio dia e eu, então, embarcava em um ônibus, às 14 horas. À noite, estava de volta em São José do Rio Preto, a tempo de sair com minha esposa. Por dois anos, frequentei essas reuniões com assiduidade. Dr. João Roberto Antonio, Presidente da SBD-RESP (2009)

SUPLEMENTO NÚMERO 1 I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


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RESP

NO COMANDO

DA RESP De 1971 a 1979, a Diretoria da Regional São Paulo tinha mandato de um ano e dois VicePresidentes. O período aumentou para dois anos em 1980, quando a Diretoria passou a contar com apenas um Vice-Presidente e com um Coordenador Científico, cargo instituído naquele ano. A partir de 2004, foi criado o cargo de Coordenador de Comunicações. De 1996 a 2012 a gestão anual foi implementada novamente, retornando para o sistema atual de gestão por biênio em 2013. Conheça, agora, os Presidentes e as Diretorias da RESP de 1970 até 1989.

JD I SUPLEMENTO NÚMERO 1I2020 I ESPECIAL 50 ANOS


GESTÃO 1971 PRESIDENTE Dr. Sebastião de Almeida Prado Sampaio VICE-PRESIDENTE Dr. Flamínio de Almeida Maciel VICE-PRESIDENTE Dr. João Roberto Antonio SECRETÁRIO Dr. Nelson Guimarães Proença TESOUREIRA Drª Alice de Oliveira de Avelar Alchorne

GESTÃO 1972 PRESIDENTE Dr. Sebastião de Almeida Prado Sampaio VICE-PRESIDENTE Dr. Diltor Vladimir Araújo Opromolla VICE-PRESIDENTE Dr. Walter de Paula Pimenta SECRETÁRIO Dr. Nelson Guimarães Proença TESOUREIRA Drª Alice de Oliveira de Avelar Alchorne

GESTÃO 1973 PRESIDENTE Dr. Sebastião de Almeida Prado Sampaio VICE-PRESIDENTE Dr. Ney Romiti VICE-PRESIDENTE Dr. Luís Garcia Duarte SECRETÁRIO Dr. Nelson Guimarães Proença TESOUREIRA Drª Alice de Oliveira de Avelar Alchorne SUPLEMENTO NÚMERO 1I2020 I ESPECIAL 50 ANOS I JD


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RESP

GESTÃO 1974 PRESIDENTE Dr. José Pessoa Mendes VICE-PRESIDENTE Dr. Benedictus Mario Mourão VICE-PRESIDENTE Dr. Luiz Henrique Camargo Paschoal SECRETÁRIO Dr. Fernando Augusto de Almeida TESOUREIRA Drª Núbia Maia Rossetti

GESTÃO 1975 PRESIDENTE Dr.José Pessoa Mendes VICE-PRESIDENTE Drª Neuza Lima Dillon VICE-PRESIDENTE Dr.João Roberto Antonio SECRETÁRIO Dr. Fernando Augusto de Almeida TESOUREIRA Drª Núbia Maia Rossetti

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GESTÃO 1976 PRESIDENTE Dr. Vinício de Arruda Zamith VICE-PRESIDENTE Dr. Diltor Vladimir Araújo Opromolla VICE-PRESIDENTE Dr. Ney Romiti SECRETÁRIO Dr. José Eduardo Costa Martins TESOUREIRO Dr. Mário Grinblat


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RESP

GESTÃO 1977 PRESIDENTE Dr. Luiz Carlos Cucé VICE-PRESIDENTE Dr. Luiz Henrique Camargo Paschoal VICE-PRESIDENTE Drª Neuza Lima Dillon SECRETÁRIO Dr. Osmar Rotta TESOUREIRO Dr. Fausto João Forin Alonso

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GESTÃO 1978 PRESIDENTE Dr. Nelson Guimarães Proença VICE-PRESIDENTE Dr. Fernando Augusto de Almeida VICE-PRESIDENTE Dr. Ney Romiti SECRETÁRIO Dr. Evandro Ararigboia Rivitti TESOUREIRO Dr. José Alexandre de Souza Sittart

GESTÃO 1979 PRESIDENTE Dr. Nelson Guimarães Proença VICE-PRESIDENTE Dr. Fernando Augusto de Almeida SECRETÁRIO Dr. Evandro Ararigboia Rivitti TESOUREIRO Dr. José Alexandre de Souza Sittart COORDENADOR CIENTÍFICO Dr. Maurício Mota de Avelar Alchorne


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RESP

GESTÃO 1980/1981 PRESIDENTE Dr. Raymundo Martins Castro VICE-PRESIDENTE Dr. Luiz Henrique Camargo Paschoal SECRETÁRIO Dr. Maurício Mota de Avelar Alchorne TESOUREIRO José Alexandre de Souza Sittart COORDENADOR CIENTÍFICO Dr. Aurélio Ancona Lopez

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GESTÃO 1982/1983 PRESIDENTE Dr. Aurélio Ancona Lopez VICE-PRESIDENTE Dr. Maurício Mota de Avelar Alchorne SECRETÁRIA Drª Maria Denise Fonseca Takahashi TESOUREIRO Dr. Cyro Festa Neto COORDENADOR CIENTÍFICO Dr. Alexandre Mello Filho


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RESP

GESTÃO 1984/1985 PRESIDENTE Dr. Fernando Augusto de Almeida VICE-PRESIDENTE Dr. José Alexandre de Souza Sittart SECRETÁRIA Drª Clarisse Zaitz TESOUREIRO Dr. Eugênio Raul de Almeida Pimentel COORDENADOR CIENTÍFICO Dr. Cyro Festa Neto

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GESTÃO 1986/1987 PRESIDENTE Dr. José Alexandre de Souza Sittart VICE-PRESIDENTE Dr. Cyro Festa Neto SECRETÁRIA Drª Célia Márcia Riscalla TESOUREIRO Dr. Vitor Manoel Silva dos Reis COORDENADOR CIENTÍFICO Dr. Eugênio Raul de Almeida Pimentel


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RESP

GESTÃO 1988/1989 PRESIDENTE Dr. Maurício Mota de Avelar Alchorne VICE-PRESIDENTE Dr. Norberto Belliboni SECRETÁRIA Dr a Ida Alzira Gomes Duarte TESOUREIRO Dr. Djalma Antonio Carmignotto COORDENADOR CIENTÍFICO Dr. Ival Peres Rosa

FONTES DE CONSULTA Para fazer este suplemento, consultamos: Coleção do Jornal Dermatológico da época SBD – RESP 40 Anos – 1970 – 2010, Dr. João Roberto Antonio Mestres da Dermatologia Paulista (ed. JSN) O Segundo Século, As Grandes Veredas de uma Sociedade Centenária, Gabriel Gontijo e João Roberto Antonio

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