Mulheres Negras Abolicionistas Fonte: Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade, biográfico e ilustrado, organizado por Schuma Schumaher, Érico Vital Brazil. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.
Adelina – a charuteira (MA) Escrava e abolicionista entusiasta, era filha de uma escrava conhecida como Boca da Noite e de um rico senhor. Distribuía em botequins e vendia avulsamente, na rua, os charutos da fábrica do pai, tecendo rede de contatos e relações que facultava a fuga de escravos. Tia Ana (CE) Em 1835, liderou uma revolta de escravos em fazenda na serra de Ibiapaba, interior do Ceará, durante uma viagem do proprietário, conhecido pelos modos violentos. Retornando para reprimir a rebelião, o senhor, acossado, acabou enforcando-se em uma mangueira. Brandina (SP) Proprietária de uma pensão na cidade de Santos, apesar de não ser uma mulher de posses, usava seu dinheiro para dar comida, fumo e remédios aos negros que se refugiavam na baixada santista, colaborando com Santos Garrafão, líder quilombola da região. Francisca (BA) Com Francisco Cidade, seu companheiro, articulou levante escravo ocorrido em 1814, em Salvador. Em documentos escritos em árabe, apreendidos pela repressão, ela e o marido figuravam como “Rainha” e “Rei” da conspiração. Germana (BA) Vivia em Salvador, onde nascera em 1819, e era companheira de um escravo forro, sem viver com ele. Aos 60 anos queixou-se, na Justiça, do rigoroso cativeiro, mesmo após produzir quinze crias para o senhor, que não alforriava. Venceu a causa e comprou a liberdade. Iá Nassô (África) Escrava forra, inicialmente fez parte da confraria Nossa Senhora da Boa Morte, em Salvador. Por volta de 1830, com Iá Adetá e Iá Calá, fundou o Ilê Iá Omi Axé Airá Intilé, casa consagrada a Xangô e um símbolo da liderança e resistência das ialorixás (mães-de-santo). Justina (RJ) Conhecida como a Medéia Negra, em 1878, afogou três crianças de que cuidava, temendo ser separada delas, às vésperas de uma viagem que seu senhor faria para vender escravos. Sobreviveu a uma tentativa de suicídio e foi condenada a 42 anos de prisão.