Revista Bahia Mais Forte

Page 1


É

com o objetivo de apresentar à sociedade as ações realizadas pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), nos últimos quatro anos, que publicamos a segunda edição da revista Bahia Mais Forte. Nas próximas páginas, os leitores e leitoras poderão conferir, com histórias e experiências de famílias que foram atendidas com ações do governo estadual, resultados dos investimentos voltados para o desenvolvimento rural e fortalecimento da agricultura familiar na Bahia, que chegaram a R$ 1,2 bilhão. A sensibilidade do Governo do Estado para com as carências e potencialidades da agricultura familiar e do meio rural motivaram a criação da SDR. A secretaria veio para atender a demandas de movimentos sociais do campo, e tem construído estratégias e desenvolvido ações territorializadas, que incluem planejamento e diálogo permanente com a sociedade, por meio da integração de políticas públicas que agregam pessoas e espaços, a partir de suas identidades e potencialidades culturais, ambientais, sociais e produtivas. Nesse sentido, foram elaboradas e executadas ações voltadas para a agricultura familiar e o desenvolvimento rural nos 27 Territórios de

Bahia de oportunidades


Identidade da Bahia, planejadas, inicialmente, em seis eixos estratégicos: Reforma Agrária e Regularização Fundiária, Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), Fomento à Produção, Infraestrutura Rural, Agroindustrialização e Comercialização, Gestão e Planejamento. Posteriormente, a Inovação Tecnológica, passou a ser outra ação estratégica da SDR. A revista Bahia Mais Forte apresenta também o resultado do trabalho e empenho de técnicos e dirigentes da SDR, que atuam na Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Coordenação Executiva de Pesquisa, Inovação e Extensão Tecnológica (Cepex), Assessoria de Planejamento e Gestão (APG), Diretoria Geral (DG), Gabinete, Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf) e Superintendência de Políticas Territoriais e Reforma Agrária (Sutrag). O bom andamento das ações foi possível também pela parceria e diálogo permanentes com organizações e movimentos sociais do campo, que ao longo dos últimos anos vêm pautando o governo estadual para a execução de políticas públicas que atendam às demandas e anseios das comunidades rurais baianas.

A parceria com o ramo empresarial, universidades, institutos e instituições de ensino e pesquisa, por meio de reitores, reitoras, pró-reitores, pró-reitoras, professores, professoras e estudantes, que atuaram na troca de saberes com os povos do campo, desenvolvendo pesquisas, também foi fundamental para a construção desse novo rural que desponta na Bahia. O desenvolvimento rural perpassa ainda o envolvimento de outras secretarias de Estado e de prefeituras e secretarias municipais de Agricultura ou áreas afins e consórcios públicos, que colaboraram diretamente com a SDR, na articulação e execução das ações voltadas para a agricultura familiar e camponesa em toda a Bahia. É com essa disposição que a revista Bahia Mais Forte consolida avanços, mesmo em período de crise nacional, política e econômica, sempre na perspectiva de superar desafios, para que o rural baiano continue crescendo e se desenvolvendo, proporcionando melhor qualidade de vida tanto para quem vive no campo, quanto para quem se alimenta do que é produzido pelos agricultores e agricultoras familiares da Bahia.


Expediente Bahia Mais Forte

Uma publicação da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR). Nesta edição traz o balanço dos primeiros quatros anos de atividades da secretaria Governador Rui Costa Vice-Governador João Leão Secretário de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia Jerônimo Rodrigues Chefe de Gabinete Jeandro Ribeiro Diretora-Geral Ila Baraúna Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) Wilson Dias Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA) Renata Rossi Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) Célia Watanabe Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf) Marcelo Matos Superintendência de Políticas Públicas Territoriais e Reforma Agrária (Sutrag) Yulo Oiticica Coordenação Executiva de Pesquisa, Inovação e Extensão Tecnológica (CEPEX) José Tosato Assessoria de Planejamento e Gestão (APG) Matteus Martins Coordenadora de Comunicação Silvia Costa (Editora Geral) Editor de Fotografia André Frutuôso Projeto Gráfico Marcílio Cerqueira Revisão Ovídio Souza Textos Karoline Meira Marta Medeiros André Frutuôso Colaboradores André Fofano (fotografia) Carla Ornelas Revista eletrônica Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) Av. Luiz Viana Filho, 250 - Conjunto Seplan, CAB CEP: 41745-001 / Salvador-Bahia Telefone (71) 3115- 6728 www.sdr.ba.gov.br @sdrbahia


Sumário SETAF/SEMAF

08

ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL

10

ACESSO À TERRA

12

FOMENTO À PRODUÇÃO

14

INFRAESTRUTURA RURAL

18

AGROINDUSTRIALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

22

BAHIA PRODUTIVA

26

PRÓ-SEMIÁRIDO

30

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

32


SETAF/SEMAF

SETAF Cruz das Almas

A SDR presente em todos os 27 Territórios de Identidade

C

om a implantação da SDR, em 2015, e a integração de políticas públicas, o Governo do Estado avançou nas ações para o fortalecimento da agricultura familiar, dos povos e comunidades tradicionais e dos assentados da reforma agrária. Uma das estraté-

8

Secretaria de Desenvolvimento Rural

gias adotadas para efetivação dessas ações foi a criação do Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF), com a finalidade de articular, organizar, executar e monitorar as politicas públicas, em todos os 27 Territórios de Identidades da Bahia.

O SETAF é um equipamento estratégico, que presta serviços voltados à promoção da inclusão socioprodutiva da população assistida pela SDR. As unidades contam com equipes técnicas da Companhia de


Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), da Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) e demais órgãos que integram a SDR. Em alguns territórios, também estão instaladas equipes da Agência de Defesa Agropecuária (Adab), Bahia Pesca, representantes de Colegiados Territoriais (Codeter) e Consórcios Públicos.

SEMAF

Para promover a articulação, gestão e implementação de políticas executadas na base municipal, com atuação de forma integrada com o SETAF do Território de Identidade a que pertence, foram implantadas também 408 unidades do Serviço Municipal de Apoio à Agricultura Familiar (SEMAF). A atuação do SEMAF se dá por meio de Termo de Adesão, assinado pelas prefeituras municipais, que estabelece princí-

pios, objetivos, metas e o arranjo institucional necessário para a implantação e funcionamento.

públicas para a agricultura familiar. A ação concorreu com 885 experiências de todo o Brasil.

Maria Madalena Maia, da Comunidade Quilombola da Grota do Brito, em Jacobina, fala da importância da parceira entre Estado e prefeituras municipais: “Os recursos que pagamos nos impostos vão retornar para as comunidades rurais, por meio de projetos que, além de ajudarem no desenvolvimento sustentável, irão tirar muitas famílias da precariedade, por falta de oportunidades”.

Sistema de Gestão Municipal Rural

Estratégia premiada

A estratégia de implantação dos Serviços Territoriais e Municipais de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF/SEMAF) recebeu, em 2017, o primeiro lugar do Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional, na categoria Inovação e Sustentabilidade para o Nordeste, com o trabalho de qualificação e interiorização das políticas

Para organizar o planejamento, a execução, o monitoramento e a avaliação das ações voltadas para o rural, a Assessoria de Planejamento e Gestão (APG), unidade da SDR, desenvolveu o Sistema de Gestão Municipal Rural, lançado em novembro de 2018. A iniciativa é mais uma etapa do processo de qualificação da gestão municipal, voltada para os SEMAFs. Inicialmente, os secretários foram orientados a desenvolverem programas e metas, no âmbito do Plano Plurianual (PPA) municipal, para a agricultura familiar, e depois propor a formatação de leis orçamentárias anuais, para possibilitar a execução de atividades que garantam o cumprimento das metas do PPA.

Revista Bahia Mais Forte

9


ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Mais inclusão e produção para a agricultura familiar

D

o manejo, preparo do solo, plantio, até a comercialização, o serviço de assistência técnica e extensão rural (Ater) desempenha um papel importante para promover o desenvolvimento rural, mediante a produção e troca de conhecimento entre agricultores e agricultoras familiares e técnicos extensionistas. Com o serviço, oferecido e coordenado pela Superintendência

10

Secretaria de Desenvolvimento Rural

Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), desde 2015, mais 140 mil famílias estão sendo beneficiadas, com investimentos de R$ 240 milhões. A perspectiva é assegurar a inclusão produtiva de agricultores familiares, jovens, mulheres, povos e comunidades tradicionais, por meio do fomento à transição agroecológica, com elevação da produção e da produtividade, além de melhorar a qualidade dos

produtos e ampliar o acesso ao mercado. O agricultor familiar Edvaldo dos Santos, da comunidade de São Thomé, município de Campo Formoso, Território Piemonte Norte do Itapicuru, é um dos beneficiários do serviço de Ater: “Antes da assistência eu plantava e colhia, sem pretensão de nada. Fui orientado a criar um galinheiro, mas não acreditava que ia dar


certo, eu estava totalmente enganado. Hoje tenho 30 galinhas, uma produção de mais de 70 ovos por semana, e tudo que ganho invisto no galinheiro. Minha expectativa é crescer cada vez mais”. Na comunidade rural Sítio do Lúcio, município de Paulo Afonso, Território de Identidade Itaparica, Maria Ferreira, por meio do serviço de Ater, despertou para o empreendedorismo: “Foram três anos juntando dinheiro para montar nossa mercearia. Aqui, além de outros produtos, eu vendo coentro, cebolinha, beterraba, couve e outras folhas. Trabalho com meus três filhos, dois genros e meu marido. Conseguimos tirar em média um salário mínimo”, informa Maria, que também compra alimentos na mão de outros agricultores familiares da região, quando precisa repor o estoque em seu comércio.

“Antes da assistência eu plantava e colhia, sem pretensão de nada. Fui orientado a criar um galinheiro, mas não acreditava que ia dar certo, eu estava totalmente enganado. Hoje tenho 30 galinhas, uma produção de mais de 70 ovos por semana, e tudo que ganho invisto no galinheiro. Minha expectativa é crescer cada vez mais”. Edvaldo dos Santos Comunidade de São Thomé Município Campo Formoso Território de Identidade Piemonte Norte do Itapicuru

Sobre o serviço de Ater

A oferta de Ater pelo governo estadual ocorre de três maneiras: pela atuação direta de técnicos da Bahiater; por meio de organizações da sociedade civil contratadas por chamadas públicas coordenadas pela Bahiater; e em

parceria com prefeituras municipais. Os serviços também são ofertados pelos projetos Bahia Produtiva e Pró-Semiárido, executados pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

Revista Bahia Mais Forte

11


ACESSO À TERRA

Edivânia Oliveira Comunidade Quilombola Tapuia Município de Camamu Território de Identidade Baixo Sul

12

Secretaria de Desenvolvimento Rural


Reforma Agrária e Regularização Fundiária

A

SDR, por meio da Coordernação de Desenvolvimento Agrário (CDA), atua para garantir o acesso à terra, executando as ações de reforma agrária e regularização fundiária, articulando políticas públicas para assentamentos rurais e contribuindo para o desenvolvimento rural, com inclusão socioeconômica. As ações de reforma agrária e regularização fundiária garantem o acesso à terra, com a titulação de áreas individuais de agricultura familiar, áreas coletivas de povos e comunidades tradicionais e a discriminatória urbana de municípios do interior da Bahia. Nos primeiros quatro anos da secretaria, mais de 10 mil famílias

foram atendidas com a emissão de títulos de terra e mais de 46 mil com ações voltadas para a reforma agrária. Somados, os investimentos ultrapassam R$ 47 milhões. No município de Camamu, Território de Identidade Baixo Sul, Edivânia Oliveira, moradora da comunidade quilombola Tapuia, celebra a conquista do acesso à terra e acredita que novas oportunidades de crescimento serão possíveis: “Este título representa para nós algo grandioso, muito valioso, não só para mim, mas para todos os moradores da comunidade. Somos gratos pelo reconhecimento, que ajuda a gente na garantia dos nossos direitos. Agora é avançar e buscar mais desenvolvimento”.

Fundo e Fecho de Pasto

Outra ação voltada para a regularização fundiária, realizada em parceria com a Secretaria de Promoção Igualdade Racial (Sepromi), vai assegurar a identificação e demarcação dos territórios de 100 comunidades de Fundo e Fecho de Pasto (formadas por agricultores familiares que fazem o uso comunitário da terra para a criação de animais). Para essa ação, foram selecionadas, por meio de chamada pública, organizações sociais para executar a regularização fundiária de áreas coletivas dessas comunidades. Os termos de colaboração envolvem um total de R$ 3,7 milhões, assegurados pelo Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia.

A titulação individual garante ao agricultor e à agricultora familiar a segurança jurídica sobre a propriedade e a possibilidade de acesso ao crédito rural para realização de investimento produtivo. Estes empréstimos são fundamentais para dinamizar a produção rural e assegurar a geração de renda e a permanência das famílias no campo.

Revista Bahia Mais Forte

13


FOMENTO À PRODUÇÃO

14

Secretaria de Desenvolvimento Rural


Insumos garantem produtividade e rentabilidade para a agricultura familiar

A

s ações de fomento executadas pelas unidades da SDR visam dinamizar os processos de produção e garantir ao agricultor e agricultora familiar segurança para conviver, de forma sustentável, com as adversidades climáticas. O objetivo é promover o acesso de agricultores a insumos para produção, e criar um ambiente de segurança, por meio de um fundo que proteja os agricultores de eventuais perdas, estimulando o esforço para produzir. Ao longo desses quatros anos, a agricultura familiar teve acesso a sementes de qualidade, mudas de palma forrageira com alta tecnologia e mudas de frutíferas e essências florestais. Estes insumos de qualidade proporcionaram áreas plantadas com mais rentabilidade e produtividade, eliminando custos para a agricultura familiar e garantindo competitividade. O conjunto dessas ações vem colaborando para elevar a renda das famílias e promover o desenvolvimento rural da Bahia.

Mudas frutíferas e essências florestais

Para estimular o plantio e a diversificação de espécies em unidades produtivas de agricultores familiares, a SDR, em parceria com o Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), destinou mais de R$ 20 milhões, via Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza - FUNCEP para permitir a distribuição de mudas frutíferas e

essências florestais, atendendo a mais de 17 mil famílias. A agricultora familiar Cristiane Santos, da comunidade de Várzea do Mulato, município de Senhor do Bonfim, Território Piemonte Norte do Itapicuru, revelou alegria com a chegada das mudas: “Vai ser muito bom para a agricultura familiar. As frutas possibilitarão uma renda extra para as nossas famílias”.

Instituto Biofábrica de Cacau (IBC) Município de Banco do Pedro Território de Identidade Litoral Sul

Revista Bahia Mais Forte

15


FOMENTO À PRODUÇÃO

Garantia-Safra

O Programa Garantia-Safra vem garantindo segurança alimentar aos agricultores familiares de municípios do Semiárido, sujeitos a perda de safra, em razão do fenômeno de estiagem ou excesso de chuvas. Desde 2015, o Governo do Estado investiu R$ 149 milhões, em indenizações pagas para 695 mil agricultores que aderiram ao programa. A Bahia, por ser o estado com maior quantidade de agricultores familiares do Brasil, também possui a maior quantidade de agricultores aderidos ao Garantia-Safra, do Nordeste, chegando a 28,8% do total. Além disso, é o único estado que, desde

16

Secretaria de Desenvolvimento Rural

2007, vem subsidiando 50% da contribuição dos agricultores e 50% dos aportes municipais. O Garantia-Safra é destinado a agricultores familiares com renda mensal de até 1,5 salário mínimo, que plantam entre 0,6 a 5 hectares. Este mesmo público é prioridade nas demais políticas públicas executadas pela SDR voltadas para a convivência com o Semiárido. O seguro garante renda mínima de R$ 850, paga em cinco cotas de R$ 170. O recurso possibilita a garantia de um plantio mais seguro, além de movimentar a economia dos municípios. O Garantia-Safra é uma ação do Programa Nacional de Fortalecimento

da Agricultura Familiar (Pronaf) do Governo Federal. Na Bahia, o programa é coordenado pela Superintendência da Agricultura Familiar (Suaf/ SDR), com o apoio de técnicos da Bahiater. O agricultor familiar Marisvaldo Ribeiro, do município de Irecê, Território de Identidade Irecê, salientou que o recurso ajuda no sustento da família e no replantio: “Com o recebimento desse dinheiro, a gente, além de comprar alimentos como feijão, farinha e arroz, pega uma parte e torna a investir na terra”.


Antônia Oliveira dos Reis Município Nova Fátima Território de Identidade Bacia do Jacuipe

Segurança Alimentar do Rebanho

Se por um lado a SDR desenvolve ações de inclusão produtiva, por outro investe na garantia de reserva estratégica para a alimentação do rebanho bovino, caprino e ovino, principalmente em períodos de longa estiagem. A ação é realizada pela Suaf, em parceria com a CAR e a Bahiater. Nos últimos quatro anos, mais de 19 mil famílias foram atendidas com a entrega de mudas de palma forrageira, com investimento de R$ 2,8 milhões, via Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza (Funcep). O público prioritário é formado por povos e comunidades tradicionais, jovens e mulheres, além dos beneficiários dos editais de Caprinovinocultura e Bovinocultura de Leite do projeto Bahia

Produtiva. Cada família recebe mil mudas de palma forrageira, que serão multiplicadas, ampliando o plantio, e repassadas para outros agricultores familiares. O plantio de palma é uma iniciativa estratégica para garantir a segurança alimentar do rebanho e ajuda os agricultores familiares a conviverem melhor com o Semiárido, principalmente nos períodos de estiagem:

“Com o plantio de palma vamos ter a alimentação para o rebanho o ano inteiro, ajudando no dia a dia da criação de caprinos e ovinos”. Josivan Santos Associação Agrícola Vale do Paraíso Município de Sobradinho Território de Identidade Sertão do São Francisco

Sementes Crioulas

Com o objetivo de apoiar ações de resgate, produção e conservação de sementes crioulas – sementes cultivadas tradicionalmente por agricultores familiares -, a SDR lançou o edital de Sementes Crioulas, que contemplou diretamente mais de quatro mil famílias, com Casas de Sementes, implantação de unidades de multiplicação de sementes e aquisição de sementes crioulas, para armazenamento ou multiplicação. Também foi disponibilizado no site www.sdr.ba.gov. br um sistema de Cadastro de Experiências com Sementes Crioulas. A iniciativa é estratégica para a transição agroecológica e o fortalecimento da soberania alimentar na Bahia.

Revista Bahia Mais Forte

17


INFRAESTRUTURA RURAL

Ações estruturantes qualificam a vida no campo

D

esde 2015, a SDR executou políticas públicas que garantiram a construção ou a ampliação da infraestrutura rural. As ações garantem a promoção do bem-estar da população, com o acesso à água, moradia, máquinas e implementos agrícolas que possibilitam condições de produção e logística para escoamento de produtos da agricultura familiar.

Habitação com dignidade

A vontade de ter uma moradia digna, segura e com área para implantar um quintal produtivo deixou de ser um sonho na vida de 1.002 famílias. As unidades habitacionais, de 44,78 metros quadrados, possuem dois quartos, sala, cozinha, banheiro, varanda e cisterna, e somam investimentos de mais de R$ 30 milhões, em recursos do Tesouro Estadual e do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR).

18

Secretaria de Desenvolvimento Rural

Vanderli Silva, uma das beneficiárias das habitações rurais, da comunidade rural Estiva de Baixo, no município de Itapé, Território Litoral Sul, falou que a casa própria lhe trouxe tranquilidade: “Vamos viver menos preocupados. Quando a gente trabalhava e morava nas fazendas próximas à Barragem do Rio Colônia, caso a gente fosse despejado, ficávamos de cara para o ar, sem saber para onde ir. Agora não, com emprego ou sem, temos um teto onde morar”. A ação foi desenvolvida em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). A construção das unidades é resultado de convênio firmado entre a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR/ SDR), a Cooperativa de Habitação Rural da Bahia (Coopehabitar) e a Associação de Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (Apasba).


Vanderli Silva e Tatiele Ferreira, com seus filhos Phelipe e Raphael. Comunidade Rural Estiva de Baixo Município Itapé Território de Identidade Litoral Sul

Revista Bahia Mais Forte

19


INFRAESTRUTURA RURAL Acesso à Água

Até o final de 2018, mais de 45 mil famílias passaram a contar com o acesso à água para consumo humano e para produção de alimentos, visando o desenvolvimento humano e a segurança alimentar e nutricional das famílias em áreas rurais. Foram implantadas diversas tecnologias sociais (barragem, barreiro, aguada, cisterna, entre outras), com recursos de R$ 225 milhões. A agricultora familiar Maria Barros, moradora da zona rural do distrito de Espanta Gado, município de Queimadas, Território de Identidade Sisal, é uma das beneficiadas pela implanta-

Angelina de Souza Comunidade rural Baixa da Onça Município de Paulo Afonso Território Itaparica

20

Secretaria de Desenvolvimento Rural

ção de um barreiro. Ela agradeceu a chegada dessa tecnologia social que permite o armazenamento de água da chuva: “Sem o barreiro a gente tinha que escolher: ou usávamos a água para o consumo da casa ou para plantar. Agora, quando chegar a chuva, vamos poder também produzir”.

Saneamento básico

Além de garantir água tratada de qualidade, o governo estadual, também vem assegurando saneamento básico para milhares de famílias de comunidades rurais baianas. A CAR/SDR, em parceria com a Companhia de Engenharia e Recursos Hídricos (Cerb), está ampliando e recu-

perando 112 sistemas de abastecimento de água e construindo 1.400 banheiros residenciais em 213 comunidades, de 15 municípios. A ação beneficiará mais de 17 mil famílias. Para a agricultora Eurides Rosa da Silva, moradora da comunidade de Campestre, em Seabra, os investimentos indicam a chegada de dignidade para as famílias beneficiadas: “Nossa vida vai melhorar, e muito. Com o sistema de abastecimento, a água vai ser melhor. Eu tinha um banheirinho, mas tinha que botar água na bacia para tomar banho e as necessidades a gente fazia no buraco, no mato, mas agora tudo será diferente”.


Mecanização sustentável

Agricultores familiares de comunidades rurais da Bahia ganharam reforço na lida com a terra. Foram investidos mais de R$ 84 milhões, com a distribuição de máquinas e implementos agrícolas. A ação reduz o esforço manual de agricultores e agricultoras familiares no preparo do solo e plantio, e melhora as condições de produção e a logística da agricultura familiar. Nivaldo Costa, presidente da Associação Nova Esperança, de Barra do Choça, ressaltou que o trator vai aumentar a produtividade dos beneficiários: “Esse equipamento chegou na hora certa. Vai poder transportar nosso produto e atender a mais de 150 famílias. Essa máquina vai arar e cultivar a terra e ser de muita serventia para toda a comunidade”.

Os equipamentos são entregues a prefeituras e instituições representativas da agricultura familiar. A aquisição é resultado de emendas parlamentares de deputados estaduais e federais, com investimento do Governo do Estado.

Capacitação

Para assegurar o bom uso, manutenção e conservação desses equipamentos, a CAR/SDR promove a capacitação do público beneficiário. Um exemplo é o de Ivan Lima, tratorista da Associação Comunitária de Pindobeira e Mamoneira, do município de Santa Bárbara, Território de Identidade Portal do Sertão: “Aprendemos como manejar a máquina, realizar a limpeza e lubrificação. Vamos voltar para a nossa comunidade com uma visão mais ampla sobre a conservação da máquina que temos lá”.

Os investimentos na mecanização rural sustentável têm reduzido o esforço dos agricultores e agricultoras familiares no preparo do solo e plantio, e melhorado as condições de produção e logística da agricultura familiar.

Revista Bahia Mais Forte

21


AGROINDUSTRIALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

Agroindústria de Processamento de Frutas da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia (COOPROAF) Município de Manoel Vitorino Território de Identidade Médio Rio de Contas

22

Secretaria de Desenvolvimento Rural


Agregação de valor e acesso a mercados

P

ara além do desafio de produzir, a agricultura familiar se depara com a necessidade de qualificar a produção para, assim, acessar mercados. Diversas ações vêm sendo realizadas, como a recuperação de agroindústrias, requalificação de feiras livres e de mercados municipais, divulgação e promoção dos produtos da agricultura familiar em feiras e eventos, e articulação com o setor privado e chefs de cozinha. Para nortear as ações, a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), realizou o levantamento das agroindústrias

existentes no estado, o que resultou no Cadastro da Agroindústria Familiar, com a identificação de 1.625 unidades. O diagnóstico, inédito na Bahia, norteou a aplicação de recursos que chegam a cerca de R$ 55 milhões, nos últimos quatro anos.

agricultoras familiares. No total, 174 agroindústrias familiares, de diversas cadeias produtivas, entrarão em funcionamento. As unidades estão instaladas em 116 municípios, beneficiando mais de cinco mil famílias baianas.

Por meio do edital de Qualificação de Agroindústrias, foram destinados R$ 40 milhões, no âmbito do projeto Bahia Produtiva, para adequação e recuperação de agroindústrias. Os investimentos visam agregar valor à produção e, consequentemente, aumentar o potencial de venda e a renda dos agricultores e

Outra ação em curso é o apoio aos empreendimentos da agricultura familiar, tendo como foco a relação comercial entre agricultores familiares e compradores do setor privado, incentivando a inclusão no mercado e atraindo empresas privadas para oportunidades de negócios. Para tanto, o Bahia Produtiva destinou

Alianças Produtivas

Revista Bahia Mais Forte

23


AGROINDUSTRIALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO R$ 76 milhões no edital Alianças Produtivas, o primeiro edital na Bahia de incentivo à inclusão no mercado e prospecção de empresas privadas para as oportunidades de negócio. Só em 2018, já foram beneficiados 53 empreendimentos da agricultura familiar. A Cooperativa Agroindustrial de Pintadas (Cooap), do município de Pintadas, captou o investimento de R$ 1,8 milhão para ampliar a capacidade de abate da unidade produtiva, inserir novas linhas de produção, como os defumados e embutidos, e ainda alcançar novos mercados. Com o plano de negócios aprovado, cerca de 800 animais, entre caprinos e ovinos, abatidos mensalmente nas instalações da Cooap, chegarão a dois mil.

“Os investimentos vão estimular a produção em toda a região. Se hoje conseguimos atender 300 produtores, seremos capazes de ampliar nosso raio de aquisição de matéria-prima e atender muitas outras famílias. Ter uma indústria onde é possível vender produção a preço de mercado é uma garantia de venda que dá segurança ao produtor”. Gerinelson Lima Presidente da Cooap Município Pintadas Território de Identidade Bacia do Jacuípe

24

Secretaria de Desenvolvimento Rural

Requalificação de Feiras Livres

cação de 47 mercados municipais em todo o estado.

Desde 2015, mais de 12 mil famílias de agricultores receberam barracas de feiras livres. As barracas são construídas em tubo industrial de aço carbono, com bancada para a exposição dos produtos. Também foram entregues caminhões e veículos utilitários para a coleta e distribuição de produtos de agricultores familiares em diversos municípios baianos. Estão sendo realizadas, obras de reformas para requalifi-

Zilmar Santana, presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Vale Água Branca, de Ipiaú, do Território Médio Rio das Contas, afirmou que as barracas trazem melhores condições de venda aos produtores: “Vamos poder usar as barracas nas feiras livres, nos fins de semana, ou durante a semana. A nossa ideia é trazer nossos produtos para a praça pública”. Banana da prata, da terra, aipim, goiaba, pimentão, mamão, jaca, produtos agroindustrializados, a exemplo de biscoitos, doces em compotas e uma variedade de hortaliças produzidas pelos 32 associados, ainda serão expostos e comercializados nas barracas.

De olho na comercialização, outra estratégia em andamento, realizada em parceria com as prefeituras municipais para impulsionar as vendas, é a organização e qualificação de feiras livres.


Feiras nacionais e internacionais

Apoiar as organizações produtivas da agricultura familiar, para que seus produtos possam ser posicionados em novos mercados, promover o aumento da comercialização e, consequentemente, a renda dos agricultores familiares, também integram a estratégia do governo estadual. Em 2018, mais uma vez, as cooperativas baianas participaram de grandes eventos gastronômicos e de divulgação de produtos naturais e alimentos saudáveis, nacionais e internacionais a exemplo do Terra Madre (Itália), Festival do Chocolate (Ilhéus), Salón du Chocolat (Paris), Naturaltech, Mesa ao Vivo (edições Bahia, Brasília, Minas e Gramado), e Semana Mesa São Paulo.

O Terra Madre, evento internacional que reúne agricultores familiares de mais 160 países, promovido pelo Slow Food, na cidade de Turim, recebeu em cinco dias a visita de mais de 200 mil pessoas. Nove empreendimentos da agricultura familiar apresentaram, em solo europeu, a qualidade da produção rural baiana com produtos como a castanha de caju, derivados do umbu, maracujá da Caatinga, banana, licuri, cacau cabruca, mandioca e dendê. Brígida Salgado, da Cooperativa de Produtores Orgânicos e Biodinâmicos da Chapada Diamantina (Cooperbio), do município de Piatã, destacou que durante o Terra Madre foi possível articu-

lar uma rede de cafeicultores com representantes de Uganda, Angola, Moçambique e Índia: “Foi possível ‘abrir uma porta’ para o comércio internacional. Consegui fechar a venda de 40 sacas de café orgânico da Chapada Diamantina para a empresa italiana Origini Caffe”. As cooperativas baianas também estiveram presentes nos maiores eventos da América Latina destinados a produtos naturais e gastronomia a exemplo da Naturaltech 2018 e Semana Mesa São Paulo. Ambos realizados em São Paulo, os eventos contaram com a participação de mais de 90 mil pessoas, que puderam conferir de perto que a produção rural da Bahia vai além do dendê.

Revista Bahia Mais Forte

25


AGROINDUSTRIALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

Feira Baiana

A Bahia sediou, pelo nono ano seguido, a maior feira da agricultura familiar do Brasil, a Feira Baiana de Agricultura Familiar e Economia Solidária, realizada no Parque de Exposições de Salvador, no final de novembro e início de dezembro. A iniciativa movimentou mais de R$30 milhões em negócios e trouxe novas perspectivas para os agricultores familiares baianos, representados por 270 associações e cooperativas que expuseram mais de dois mil produtos

26

Secretaria de Desenvolvimento Rural

dos 27 Territórios de Identidade baianos. O produtor de morangos de Ibicoara, presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais da Chapada Diamantina (Coopchapada), Jairo Aguiar, afirmou que existiu um tempo em que o povo da roça tinha vergonha de dizer que era agricultor: “Hoje vemos nesta feira tantos jovens e mulheres que batem no peito com orgulho para falar: sou agricultor familiar. O apoio do Governo do Estado tem sido fundamental para divulgarmos nossos produtos”.


Centro de Distribuição A SDR, por meio da CAR, inaugurou o Centro de Distribuição da Agricultura Familiar, na capital baiana. Com investimento da ordem de R$ 1,2 milhão, o Centro integra a estratégia de comercialização dos produtos da agricultura familiar. No espaço são armazenados os produtos das cooperativas baianas, para facilitar o escoamento da produção. De acordo com Iara Andrade, da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia

Solidária (Unicafes), a chegada do estabelecimento é mais uma conquista: “O Centro de Distribuição é um instrumento para os agricultores e agricultoras familiares, organizados em cooperativas, poderem ter um espaço para armazenar produtos de diversas regiões do estado, que é imenso, e irão chegar a Salvador e serão distribuídos em veículos para atender, principalmente, ao mercado varejista da capital e do Território Metropolitano de Salvador, e a mercados institucionais”.

Revista Bahia Mais Forte

27


BAHIA PRODUTIVA

Projeto aumenta a integração da agricultura familiar com o mercado

O

projeto Bahia Produtiva,executado pela CAR, vem promovendo uma verdadeira revolução no desenvolvimento de ações voltadas para a organização social e produtiva de mais de 32 mil famílias de agricultores e agricultoras familiares e comunidades tradicionais do meio rural. Os principais objetivos do Bahia Produtiva são aumentar a integração ao mercado, a receita líquida e a segurança alimentar e nutricional dos beneficiários, bem como melhorar o acesso aos serviços de abastecimento de água e saneamento dos domicílios. Nos últimos quatro anos (20152018), o Bahia Produtiva sele-

28

Secretaria de Desenvolvimento Rural

cionou 864 subprojetos nos 27 Territórios de Identidade do estado, totalizando investimentos de mais de R$ 290 milhões. As ações contemplam a oferta de infraestrutura produtiva, apoio à gestão, promoção dos produtos e acesso a mercados.

Novos tempos para a fruticultura

Uma das cadeias produtivas que vêm recebendo investimentos do Bahia Produtiva é a Fruticultura, atividade com grande potencial de renda para a agricultura familiar baiana, em que estão sendo aplicados mais de R$22 milhões. Os investimentos, são aplicados A força da fruticultura é comproem associações e cooperativas, vada com os dados do Instituto por meio de editais voltados para Brasileiro de Geografia e Estaas principais cadeias produtivas tística (IBGE 2017), que revelam da agricultura familiar, projetos que o estado ocupa a segunda socioambientais e em segmentos posição no ranking nacional de produção de frutas no país. específicos, a exemplo das Comunidades Quilombolas e Povos Somente para a cadeia produtiva Indígenas. O Bahia Produtiva do cacau foram destinados R$10 ainda investe na Qualificação milhões, voltados para a melhoria de Agroindústrias familiares e da qualidade da amêndoa. Alianças Produtivas.


Plano Operacional

citação, educação, gestão e empreendedorismo e infraestrutura rural.

Outra ação importante para o cacau baiano é o Plano Operacional para o Cacau e Chocolate da Bahia 2018 – 2022, lançado, em novembro de 2018, pelo governo do estadual. O plano, que atenderá cerca de 20 mil agricultores, prevê o desenvolvimento de ações estratégicas que permitirão elevar, em cinco anos, a produção de cacau na Bahia para 240 mil toneladas/ano, até 2022, e consolidar a fabricação de chocolates finos com certificado de origem no Sul da Bahia. As ações incluem a abertura de linha de crédito específica para a lavoura cacaueira, subsídios para a produção de mudas e insumos, criação e indicação geográfica da produção do cacau, preservação da Mata Atlântica, prospecção de novos mercados, capacitação profissional, regularização fundiária e ambiental, difusão tecnológica, assistência técnica e extensão rural (Ater), capa-

O Plano é uma ação estratégica do Governo do Estado direcionada à cacauicultura e potencializa o processo produtivo desde a lavoura até o beneficiamento. A iniciativa é realizada por meio da SDR, em parceria com secretarias de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), de Desenvolvimento Econômico (SDE), de Turismo (Setur), Educação (SEC), e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), além da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), Universidade Estadual de Santa Cruz/Parque de Tecnologia, Ciência e Inovação, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Universidade Federal do Sul e Bahia, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e Associação Nacional das Industrias Processadoras de Cacau (AIPC).

“O nosso desafio é agregar valor e melhorar a renda dos agricultores familiares . O objetivo não é vender amêndoa de cacau, mas seus derivados e o chocolate, com níveis de cacau elevados. Produtos que possuam sustentabilidade com consciência da preservação do meio ambiente”. Osaná Crisóstomo, Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba), Ibicaraí, Território de Identidade Litoral Sul, gestora da Bahia Cacau, primeira fábrica de chocolate da agricultura

As ações vão desde a escolha das mudas e adubação, com preservação do meio ambiente, e recomposição de áreas, construção de casa de fermentação, estrutura de secagem, e ampliação de agroindústrias, até assistência técnica. Os recursos estão sendo aplicados nos Territórios de Identidade Médio Rio das Contas, Litoral Sul e Baixo Sul da Bahia.

Qualidade do Café

Outra cadeia produtiva que vem recebendo um novo olhar é a do café. Em Barra do Choça, conhecida como ‘Capital do Café’, no Sudoeste baiano, são mais de R$ 1,5 milhão voltados para a melhoria da produção de 155 agricultores familiares, asso-

Revista Bahia Mais Forte

29


BAHIA PRODUTIVA

“Vamos ter recurso para investir na propriedade e melhorar a nossa produção e a qualidade do produto. Sempre tive vontade de produzir o queijo para vender. Com a chegada de novos animais, e a oferta de assistência técnica, vamos aumentar a produção e conseguir colocar esse sonho em prática” Maria da Conceição Lino Associação Comunitária e Agropastoril de Cachoerinha Município Juazeiro Território de Identidade Sertão do São Francisco

30

Secretaria de Desenvolvimento Rural


ciados à Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça (Cooperbac), que passarão a contar com estufas e despolpadores. A cooperativa também foi contemplada com a reestruturação da sua unidade agroindustrial. Com os recursos, a agroindústria terá um laboratório para análise do café, equipamentos para secagem e despolpamento, máquinas de empacotar a vácuo e expresso, mesa de seleção, além do desenvolvimento de uma marca de café popular e de um software para a qualificação da gestão. Com os recursos, a cooperativa vai absorver também a produção de mais de nove mil agricultores na região. A presidente da Cooperbac, Joahra Oliveira, destaca que a aplicação dos recursos resultará no desenvolvimento da linha de café gourmet e qualificação da produção, entre outros: “O Bahia Produtiva chega qualificando a produção do café e a gestão da agroindústria, trazendo tecnologia e equipamentos, que irão viabilizar a produção de uma matéria-prima de qualida-

de, possibilitando a ampliação do mercado, e, consequentemente, a renda dos agricultores de uma forma sustentável”. Oliveira observa ainda que, por meio de parceria com o Instituto Federal da Bahia (IFBA), serão instalados biodigestores onde forem implantados os despolpadores. Com a ação, os resíduos do café serão transformados em gás (GLT), para uso doméstico e em matéria orgânica, que será utilizada para adubação, reduzindo custos na produção. Segundo o levantamento da produção agrícola (IBGE 2017), o estado é o segundo maior produtor nacional de café tipo conilon, com 2,3 milhões de sacas, e o quarto maior produtor nacional de café arábica, com 3,3 milhões de sacas, com destaque para o município de Barra do Choça.

Caprinovinocultura

Para a cadeia produtiva da Caprinovinocultura, o Bahia Produtiva destinou R$ 20 milhões em ações voltadas para a organização da base de produção, qualificação do rebanho e acesso ao mercado. Para a agricultora Denise Abreu,

da comunidade de Gravatá, município de Santaluz, a expectativa é de mudança na realidade da comunidade: “Nós temos um déficit muito grande com relação ao desenvolvimento econômico e financeiro, e apostamos que o projeto vem mudar essa realidade. Os apriscos são um ponto de partida, onde cada agricultor vai ter um pouco mais de segurança com o seu rebanho”.

Assistência técnica

Todas as famílias atendidas pelo Bahia Produtiva recebem assistência técnica e extensão rural (Ater), por meio de instituições sociais selecionadas via edital de chamadas públicas. No total, 27 entidades executam o serviço de Ater em todos os Territórios de Identidade.

Acordo de empréstimo O Bahia Produtiva é resultado de um Acordo de Empréstimo firmado entre o Governo do Estado da Bahia e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD/ Banco Mundial), cuja execução está sob a responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). Serão investidos, ao longo de 5 anos, a partir de 2015, US$ 260 milhões.

Revista Bahia Mais Forte

31


PRÓ-SEMIÁRIDO

Caminhos para a convivência com o Semiárido 32

Secretaria de Desenvolvimento Rural


O

projeto Pró-Semiárido começa a desenhar uma nova realidade para famílias de 460 comunidades rurais, de 32 municípios do Semiárido baiano, com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O projeto tem revelado que é possível melhorar a vida e gerar renda para essas famílias que vivem em regiões semiáridas.

Com a oferta de assistência técnica e extensão rural (Ater), organização comunitária, implantação e fortalecimento de agroindústrias e apoio à comercialização, o Pró-Semiárido se propõe a erradicar a pobreza na região semiárida baiana. Nesse sentido, segue apoiando sistemas produtivos da agricultura familiar, como a caprinovinocultura, bovinocultura de leite, fruticultura de espécies nativas, como o umbu, e oleaginosas, a exemplo do licuri. Os investimentos nos últimos quatro anos totalizam R$ 87 milhões, beneficiando mais de 38 mil famílias. Para fortalecer a produção do umbu, só na Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), com mais de 270 cooperados, nos últimos dois anos foram aplicados quase R$ 4 milhões. Os recursos foram destinados à construção da unidade agroindustrial polivalente para o beneficiamento de frutas, o que ampliou a capacidade de produção da unidade, saltando de 200 toneladas/ano, para 800 toneladas/ano.

Denise Cardoso, presidente da Coopercuc, enfatizou que os investimentos são fundamentais para o fortalecimento da agroindústria: “O apoio impactou na melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares em todos os sentidos, não só pelo fato de gerarem trabalho e renda para as famílias, mas também na formação dos agricultores e no acesso deles a outras políticas públicas”.

Fusegate

O Pró-Semiárido também vem executando ações para aumentar a oferta hídrica na área de abrangência do projeto, a exemplo da ampliação, em cerca de 25%, da capacidade de reserva de água da Barragem de Ponto Novo, com a implantação do Fusegate, tecnologia francesa que possibilitou a ampliação de armazenamento de água. A reativação da barragem, localizada no Território de Identidade Piemonte Norte de Itapicuru, teve investimentos de R$ 14,2 milhões. O aumento da reserva de água garante aos agricultores familiares e reassentados a possibilidade de ampliar a produção e a comercialização de frutas e verduras, cultivadas na área do Distrito de Irrigação no município de Ponto Novo, além da implantação de tanques redes para fomentar a atividade da piscicultura.

“É uma satisfação ver as águas da barragem voltando a irrigar os lotes das famílias e, assim, contribuir com a qualidade de vida dos produtores e produtoras que há muito tempo esperavam voltar a produzir e garantir o seu sustento”. Eleilson Gama Gerente do Distrito de Irrigação de Ponto Novo - Território de Identidade Piemonte Norte do Itapicuru

Acordo de empréstimo O Pró-Semiárido é resultado de um Acordo de Empréstimo firmado entre o Governo do Estado da Bahia e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA). O projeto, que investiu, no período de 2015 a 2018, R$ 170 milhões, é executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).

Revista Bahia Mais Forte

33


INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Instituições de ensino, pesquisa e extensão, e a agricultura familiar juntas pelo desenvolvimento rural baiano

34

Secretaria de Desenvolvimento Rural


A

o longo desses quatro anos, a SDR buscou aproximar as instituições de ensino e pesquisa da agricultura familiar. Neste sentido, desenvolveu-se um conjunto de atividades que visaram fomentar a pesquisa sobre a agricultura familiar e camponesa, divulgar as pesquisas existentes e criar um ambiente de reflexão sobre esta pauta, além de promover a inovação tecnológica.

As ações, promovidas pela Coordenação Executiva de Pesquisa, Inovação e Extensão Tecnológica (Cepex/SDR), são articuladas com universidades, centros de pesquisa, de ensino e outras instituições públicas e privadas, que integram a Rede de Pesquisa, Ensino e Extensão para a agricultura familiar, criada no ano de 2015. O objetivo é promover a inovação e o acesso à tecnologia para agricultores familiares, assentados de reforma agrária e povos e comunidades tradicionais, além de fomentar a adoção de tecnologias apropriadas à agricultura familiar, com foco na

convivência com o Semiárido e transição agroecológica. Entre as atividades promovidas pela Cepex estão o Simpósio de Pesquisas e Experiências em Agricultura Familiar; Balcão de Tecnologias Sociais e Científicas; Seminário Experiências do Programa de Aquisição de Alimentos - Compras Institucionais, possibilidades de integração de atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão universitária; Cozinha Show Saberes e Sabores da Agricultura Familiar; e Escola Fábrica de Chocolate, entre outras.

Caatinga Sustentável

Visando a visibilidade das ações voltadas para o uso econômico e sustentável da Caatinga e Cerrado foi realizado, em parceria com o projeto Pró-Semiárido, em 2018, o Seminário Estadual de Recaatingamento. A programação contou com a apresentação de experiências e uma contextualização das políticas públicas de convivência com o Semiárido, entre outras.

“O Seminário de Recaatingamento foi muito importante, pois conhecemos a real condição de preservação da Caatinga e o que tem sido feito no campo da pesquisa científica acadêmica e empírica com execução no campo, apontando possibilidades de produzir e avançar na preservação da Caatinga, o nosso maior patrimônio”, ressaltou o agricultor experimentador, Eduardo Emídio dos Santos, do Distrito de Barreiros, município de Riachão do Jacuípe, Território Bacia do Jacuípe.

Biblioteca Virtual

Também foi lançada, em 2018, a Biblioteca Virtual, que pode ser acessada no site www.sdr.ba.gov. br. O acervo virtual constitui-se um espaço digital, organizado e seguro, para pesquisadores e experimentadores depositarem e administrarem seus artigos, dissertações, teses, ensaios, críticas e descrição de experiências, entre outros temas voltados para a agricultura familiar e o desenvolvimento rural.

Revista Bahia Mais Forte

35


Na Bahia, a agricultura familiar alimenta nossos sonhos 36

Secretaria de Desenvolvimento Rural


C

om investimentos, trabalho e produção, o rural baiano está em transformação e as ações estratégicas, para manter o desenvolvimento da agricultura familiar, continuarão sendo pautas prioritárias do Governo do Estado, nesta segunda gestão.

instalação de indústrias e fábricas nos municípios, afinal, a Bahia possui mais de 700 mil propriedades rurais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo o maior estado do país a abrigar famílias nesse segmento.

A força do campo e o cuidado na produção de alimentos saudáveis, que garantem a segurança alimentar e nutricional de quem produz e de quem consome, fazem da agricultura familiar baiana um vetor de desenvolvimento municipal e estadual, além de propiciar aos agricultores e agricultoras familiares melhores condições de vida e a permanência em suas propriedades rurais.

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), continuará de mãos dadas com as prefeituras, com o legislativo, movimentos sociais, universidades, institutos, cooperativas, associações, sindicatos, empresas e todos aqueles que desejam a continuidade do crescimento produtivo da agricultura familiar, responsável pela a maioria dos alimentos que chegam em nossa mesa e pela transformação da vida de pessoas que moram no campo.

Entende-se que o fomento ao desenvolvimento rural é tão importante quanto a

Como sabemos, a agricultura é o setor de maior destaque na formação do PIB do Estado e é muito importante na geração de postos de trabalho. Aqui se vem alcançando muitos avanços e não é surpreendente que a Bahia se encontre nas primeiras colocações quanto a 40 dentre os 100 produtos de lavouras permanentes e temporárias. Porém, ainda não somos autossuficientes em vários produtos e esse é um dos nossos desafios, tanto para o agronegócio como para a agricultura familiar. Somos a maior população rural do Brasil e é o momento de qualificar e dinamizar, do ponto de vista produtivo, os diversos setores do agro baiano. Para tanto, vai ser preciso, em parceria com as prefeituras e com a rede de entidades que atuam no campo, ampliar a agroindustrialização, a infraestrutura rural, as estradas vicinais, a comercialização, a assistência técnica e a extensão rural. E fazer tudo isso com respeito ao meio ambiente e com políticas de convivência com os biomas, especialmente o Semiárido, que cobre quase dois terços do território do nosso Estado. Rui Costa

Trecho do discurso de posse do governador, em 01/01/2019, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba)

Revista Bahia Mais Forte

37


Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) Av. Luiz Viana Filho, 250 - Conjunto Seplan, CAB CEP: 41745-001 / Salvador-Bahia Telefone (71) 3115- 6728 www.sdr.ba.gov.br |

38

Secretaria de Desenvolvimento Rural

@sdrbahia


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.