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Beleza lucrativa
Igor de Mello
A produção de peixes ornamentais é uma atividade lucrativa e vem se mostrando uma opção de renda para pequenos produtores e extrativistas
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paixonado por mergulho desde a juventude, o cearense Hudson Crizanto descobriu o potencial do mercado de peixes ornamentais há mais de vinte anos. Sua empresa, a H& K Importação e Exportação de Peixes Ornamentais, localizada em Fortaleza (CE), tornou-se um modelo de extrativismo sustentável e comércio justo. “Passamos a trabalhar com a produção de água doce, por que a legislação ambiental para pesca em águas marítimas dificultou muito a atividade”, conta ele. O que poderia ter sido um obstáculo se tornou uma oportunidade. Crizanto começou a trabalhar com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), junto a pescadores de reservas ambientais na região amazônica há sete anos, e hoje comercializa entre US$ 60 mil e US$ 70 mil por mês em peixes da espécie acará disco. “Atualmente 75% das vendas vão para os países asiáticos e o restante para Europa e Estados Unidos. No exterior o aquarismo é um hobby de grande popularidade e no qual os consumidores investem muito”, explica ele, ressaltando que, no caso do mercado da Ásia, “há ainda o fato de que peixes são considerados ícones de sorte na cultura local, o que aumenta o interesse”.
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// Or g anização//
Igor de Mello
É uma atividade que exige pouco espaço e proporciona uma boa rentabilidade, com pouco uso de mão de obra
Hudson Crizanto: pesca extrativista sustentável e mercado justo com os pescadores de reservas amazônicas
// Mercado justo Crizanto vem trabalhando entre os pequenos pescadores o conceito de fair trade (comércio justo), no qual o preço dos produtos “tem que incentivar a produção e a sustentabilidade do projeto, que engloba não só o aspecto econômico, mas também o social e o ambiental”. “Com isso, pela pesca de um tucunaré, por exemplo, vendido para consumo alimentar, o pescador recebe entre R$ 0,90 e R$ 1,50 cada, enquanto um acará disco, para aquarismo, tem preços entre R$ 8,00 e R$ 40,00 por unidade, dependendo das especificações técnicas, variedades, famílias, raridade”, analisa Crizanto, que completa, “o que fazemos é trabalhar com um mercado pequeno em termos de volume, mas com alto valor agregado, e garantindo renda para os pescadores”. Para chegar a este ponto, o empresário se uniu ao INPA, às comunidades moradoras das reservas ambientais em vários pontos de produção e às universidades. Depois, iniciou a capacitação com os pescadores. “Trabalhamos nos aspectos produtivo e tecnológico - sem-
Arquivo H&K
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EMPREENDER // SEBRAE
pre visando à preservação das espécies, e no gerencial, que inclui também toda a burocracia envolvida no licenciamento para a produção”. Hoje o licenciamento ambiental para pesca e/ou criação de peixes ornamentais envolve pelo menos seis órgãos públicos diferentes, entre eles o Ministério da Pesca, o Ibama e órgãos estaduais ligados ao meio ambiente. “Os entraves ambientais aos projetos de aquicultura são grandes gargalos para o aumento da produção e exportação”, concorda Ênio Queijada, gerente de Agronegócios do Sebrae Nacional. // Potencial para crescer Não por acaso, como lembra Hudson Crizanto, na década de 1970 as exportações de peixes ornamentais no Brasil chegaram a alcançar US$ 40 milhões, enquanto hoje não passam de US$ 10 milhões. “Por isso começamos em Minas Gerais o Projeto de Desenvolvimento da Piscicultura Ornamental da Zona da Mata. Estamos fazendo reuniões iniciais com produtores, instituições de pesquisas e órgãos públicos, para fomentar a maior
// Mercado pulverizado A opção pelos peixes ornamentais e não pela aquicultura tradicional teve como objetivo obter maior valor agregado no produto. Enquanto por um quilo de tilápia, por exemplo, o produtor ganha cerca de R$ 4,00, um peixe ornamental da espécie beta, a mais produzida na região e uma das populares entre os aquaristas, é vendido a algo entre R$ 1,00 e R$ 1,50 a unidade. “Estamos começando a produzir outras espécies de peixes ornamentais,
Vitor Diego
organização e estruturação do setor”, diz o gestor do projeto em Patrocínio de Muriaé (MG), Jefferson Dias Santos. “Hoje temos duas associações na região, mas há uma grande dificuldade para obter o licenciamento, assim como o acesso à pesquisa e extensão”, conta. “Estamos trabalhando na tecnologia da produção, com universidades conveniadas em questões como genética, produção sustentável, identificação de espécies e tipos de manejo. Também atuamos no incentivo à obtenção do licenciamento – já conseguimos formalizar cerca de 50 produtores na região”, salienta. Para o vice-presidente da Associação dos Aquicultores de Patrocínio de Muriaé (Aquipam), Jardel Rezende do Nascimento, o principal desafio é reunir e organizar os produtores, para que a produção se torne mais eficiente. “Começamos a produzir peixes ornamentais na região em 2005, dentro de um projeto de diversificação das propriedades rurais, no qual o Sebrae teve um papel muito importante”, lembra.
Jardel do Nascimento, vice-presidente da Aquipam: criação de peixes ornamentais com mão de obra familiar
como acará e colidora, que têm maior preço no mercado, tanto interno, quanto externo. Quanto mais bonito e raro, maior o preço do peixe. Temos 50 produtores na associação e todos são familiares, pequenos e trabalham dentro de critérios de sustentabilidade, até para poderem obter o licenciamento para comercialização”, diz o vice-presidente da Aquipam, JardelNascimento. Ele mesmo é produtor e trabalha apenas com sua esposa, em uma pequena propriedade no município. Fez cursos de capacitação tecnológica, gerencial e de produção com o Sebrae e atualmente vende cerca de 500 unidades de peixes beta por semana. “É uma atividade que exige pouco espaço e proporciona uma rentabilidade muito boa. Nossos maiores custos são ração e outros insumos para produção, compra-
Empreender – Informe Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 605, Conjunto A, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 – Fone: (61) 3348-7494 – Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae
dos em conjunto pela associação, para que os piscicultores consigam produzir a preços menores”, explica. De acordo com dados da Emater de Minas Gerais, os municípios de Patrocínio de Muriaé e Barão do Monte produzem aproximadamente 2,5 milhões de peixes ornamentais por ano, mas não há dados precisos sobre a produção estadual ou nacional. “Tanto a produção quanto a comercialização são muito pulverizadas e pouco organizadas ainda. Mesmo no caso da associação, por exemplo, a comercialização, por escolha dos produtores, é feita individualmente, com os contatos que cada um foi fazendo”, afirma Nascimento. Isso acontece, segundo ele, porque os compradores, principalmente os internos, são também pequenos e médios, localizados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
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