SORVETE NAS QUATRO ESTAÇÕES
Com o fim do verão, empreendedores diversificam oferta de produtos e criam cardápios temáticos para driblar a sazonalidade do mercado.
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Entrevista: como surgiu a calcinha absorvente inovadora. Pág. 3
Setor de turismo encara desafios do póspandemia. Pág. 6
Casal venezuelano empreende com cosméticos naturais. Pág. 10
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Flávio Augusto, da Solaretto Sorvetes, de Itápolis: inovação para o ano todo
RAMOS,
Sustentabilidade, criatividade e inovação no radar dos empreendedores
O mês de abril reúniu duas datas importantes que merecem especial destaque nas reflexões do empresário brasileiro: o Dia da Criatividade e Inovação, celebrado em 21 de abril, e o Dia do Meio Ambiente, comemorado no dia 22 de abril.
A primeira data tem sido celebrada desde 2018 no intuito de conscientizar sobre a importância da criatividade e da inovação na solução de problemas no que diz respeito ao avanço das metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, também conhecidas como metas globais. O objetivo da celebração é incentivar o pensamento criativo nos níveis econômico, político e social, tendo como foco a economia criativa.
Ainda que não seja possível identificar uma compreensão universal sobre o conceito de criatividade, é importante refletir sobre o papel desta habilidade no contexto de enfrentamento a importantes desafios do nosso século, como o desenvolvimento humano e a redução de desigualdades.
A economia criativa inclui produtos audiovisuais, design, novas mídias, artes cêni-
cas e visuais e diferentes setores produtivos e representa um setor altamente transformador da economia mundial em termos de geração de renda e de emprego. As indústrias culturais e criativas representam hoje um dos setores mais dinâmicos da economia mundial e bastante promissor no que diz respeito não apenas ao retorno financeiro, mas também à redução da pobreza. A cultura é um componente essencial da economia criativa e do desenvolvimento sustentável, além de representar uma fonte de identidade, inovação e criatividade para o indivíduo e a comunidade e atualmente tem deixado de ser pensada apenas como um bem simbólico para agregar valor a produtos e serviços.
Para além do valor monetário que possa representar, a economia criativa tem sido uma alternativa para um desenvolvimento social mais inclusivo e dinâmico, oferecendo oportunidades para os países em desenvolvimento, como o Brasil, de se destacarem em áreas emergentes de alto crescimento da econo-
Conheça o Parqtec, Parque Tecnológico de São Carlos
O ParqTec é uma entidade pioneira na América Latina, que surgiu a partir de uma política pública com o objetivo de institucionalizar a transferência de tecnologia do ambiente acadêmico para o setor produtivo.
Instituída pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 17 de dezembro de 1984, como uma entidade privada e sem fins lucrativos, tem como finalidade promover o desenvolvimento regional: “O Parqtec funciona não apenas como ponte entre a academia e o mercado, mas também como dicionário, pois atuamos como intérpretes nos dois espaços a fim de otimizar a relação a ser estabelecida entre academia e mercado”, explica Sylvio Rosa, presidente da Fundação.
O Parque Tecnológico está instalado na cidade de São Carlos,
considerada capital da tecnologia, e tem buscado contribuir para a construção de uma vibrante região de inovação constituída por universidades públicas e privadas, centros de pesquisas e órgãos de governo. As principais áreas de atuação das empresas atendidas incluem tecnologias de informação e comunicação; instrumentação eletrônica; biotecnologia, automação e robótica; química fina e óptica, sempre com foco na sustentabilidade, na criatividade e na inovação.
Ao longo da atuação da entidade, mais de 250 startups foram criadas. “Nosso indicador de um trabalho bem-sucedido não está apenas no número de empresas incubadas. Nosso objetivo é ver a empresa nascer, crescer e se manter no mercado. Nós temos empresas que foram incubadas em 1984 e estão até hoje no mercado”, salienta Sylvio Rosa.
mia mundial, como a moda e a gastronomia, por exemplo.
A segunda data, igualmente importante, trata de tema presente na Agenda 2030 e nos discursos globais sobre sustentabilidade. A discussão acerca do meio ambiente tem pautado decisões políticas, econômicas e comerciais. Um resultado dessa tendência é a busca por produtos naturais, reutilizáveis e sustentáveis.
Nos últimos anos, o termo ESG – sigla em inglês para se referir a ações ambientais, sociais e de governança nas empresas – tem se tornado um dos assuntos mais comentados no meio corporativo. O Sebrae - SP tem incentivado atividades que consideram a centralidade da questão ambiental e cultural e, neste sentido, é com orgulho que lemos as histórias bem-sucedidas de empresas de diferentes cidades do Estado que têm identificado oportunidades de crescimento que consideram, para além do retorno econômico, práticas sustentáveis, inovadoras e criativas, a exemplo de Pantys, Tojeans e Ceres Natural.
Boa leitura!
O Parqtec é uma das 13 entidades que compõem o Conselho Deliberativo do Sebrae-SP e essa parceria tem rendido importantes frutos.
“Ao longo desses 39 anos temos recebido apoio institucional irrestrito do Sebrae-SP. A instituição apoia o Parqtec desde a definição do plano
de negócios das empresas incubadas, até ações de planejamento e gestão.”
O processo de seleção para incubação é contínuo e os interessados em receber apoio ou em conhecer a entidade podem entrar em contato pelo site (www.parqtec.com.br) ou pelo telefone: (16) 3362-6262.
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MANUEL HENRIQUE FARIAS
Presidente do Sebrae‑SP
Sylvio Rosa, presidente do ParqTec
Entrevista do mês
Marca pioneira e inovadora
Empresárias Emily Ewell e Maria Eduarda lançaram a primeira calcinha absorvente reutilizável do Brasil
que tem cheiro? Será que é fácil de lavar? Então focamos muito em educação para mostrar, explicar e inspirar uma mudança de vida da consumidora. E isso continua até hoje como nosso maior desafio: conseguir chegar cada vez mais em mais pessoas e fazer a inspiração da troca. Há muitas mulheres que recebem o absorvente quando menstruam pela primeira vez e usam por décadas sem pensar em outras possibilidades de produtos. A comunicação e a educação são grandes pilares para conseguirmos inspirar essa troca e fazer essa transformação no mercado.
Como a marca trabalha a experiência do cliente?
lançar o produto em outros países. Sabíamos do interesse e resolvemos começar esse movimento, mas com uma estratégia um pouco diferente lá fora. No Brasil, fizemos um lançamento digital, viramos omnichannel e agora multicanal. Lá fora decidimos focar no mercado B2B por conta de muitos magazines estruturados que dão suporte para as marcas e atendem um público interessante.
A marca lançou uma cueca menstrual. Como foi o desenvolvimento desse produto?
Logo que a Pantys, primeira marca de calcinhas absorventes reutilizáveis do Brasil, chegou ao mercado em 2017, o estoque se esgotou em três semanas. O resultado validou o trabalho de 18 meses para o desenvolvimento do produto e os esforços das fundadoras Emily Ewell (esquerda) e Maria Eduarda Camargo, criadoras da Pantys. No início eram apenas quatro modelos em duas cores. Hoje, a marca conta com linha fitness, linha praia, maternidade, teen, sutiãs, acessórios e cueca absorvente.
No Brasil, 15 bilhões de absorventes são descartados por ano. Aliado a esse número, uma pesquisa de mercado apontou que as mulheres não tinham muita fidelidade com produtos menstruais. Diante desse cenário, Emily e Maria Eduarda enxergaram uma oportunidade de lançar um produto com conexão, reutilizável, sustentá-
vel e econômico – o tecido tecnológico do qual a calcinha é feita dura em média 100 lavagens.
“Se nós não fizéssemos um produto muito bem feito, muito funcional e de alta qualidade, podíamos acabar com esse segmento dentro do País”, contou Emily, CEO, que é americana e mora há quase dez anos no Brasil. Em entrevista ao Jornal de Negócios, a empreendedora fala sobre as estratégias e dá dicas para quem quer empreender.
Quais foram os desafio para trazer um produto inédito para o País?
No início, nosso maior desafio foi quebrar esse tabu em volta da menstruação, e depois o tabu do nosso produto. A primeira reação de muitas pessoas era cheia de dúvidas: será que funciona? Será que é confortável? Será
O tema é uma preocupação constante e fazemos o mapeamento da jornada do cliente de forma muito detalhista. Por sermos uma marca nativa digital – agora temos lojas físicas – recebemos as críticas e ouvimos as dores do consumidor. Tudo isso é a nossa fonte de inovação, fazemos muitas cocriações com a comunidade, que nos traz desafios e perspectivas importantes para entendermos onde estão essas lacunas, onde podemos levar valor para o mercado e para o consumidor. Eu sempre falo que não precisamos só esperar a consumidora receber um produto em casa para fazer uma diferença na vida dela. Se conseguimos fazer um bom post, que tenha uma informação relevante, se conseguimos fazer um e-mail que a faça rir ou ter um ciclo um pouco melhor, isso já dá um impacto verdadeiro, seja fisiológico ou psicológico para a consumidora.
Como foi a decisão de expandir a marca internacionalmente?
Sempre foi nosso desejo. O Brasil é um país estratégico para lançar uma marca e conseguir levar para outros lugares do mundo. E sempre recebemos muitos elogios e pedidos para
O produto é um exemplo perfeito de cocriação. Sempre recebemos muitos comentários na linha: não são só as mulheres que menstruam. Montamos um advisory board (comissão externa de aconselhamento), com clientes e influenciadores trans, para fazer uma cocriação e entender o que funcionava ou não. E lançamos a campanha com as mesmas pessoas que ajudaram no desenvolvimento do produto para fazer parte da comunicação de lançamento. Foi um exemplo muito especial de proximidade da comunidade e aprendizado com as pessoas de como podemos fazer diferença na vida de nossos clientes.
Qual a recomendação para quem quer empreender com um produto disruptivo?
Minha maior recomendação para quem quer empreender é não ter medo de errar e sempre ter muita resiliência. Empreender é uma montanha russa: temos dias que são ótimos, mas dias em que tudo dá errado. Mas às vezes você vê que o que deu errado abriu portas para coisas melhores. É preciso confiar na sua jornada e ter um pouco de empatia com você mesma. Às vezes é melhor errar mais cedo com coisas menores do que esperar e virar uma coisa muito grande e até prejudicar a empresa ou causar mais problemas a longo prazo.
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Gisele Tamamar
Foto: Divulgação
Emily Ewell (esquerda) e Maria Eduarda Camargo, criadoras da Pantys
Mesmo em um país tropical como o Brasil, a chegada do inverno costuma ser um período de baixa nas vendas de sorvete. A queda da temperatura, especialmente nas regiões Sudeste e Sul do País, costuma jogar contra esse setor, que reúne mais de 10 mil empresas, sendo 92% delas micro e pequenas, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis). Contribui para isso também o mito de que “tomar gelado” pode causar gripes e
SORVETE PARA
resfriados – doenças que, na verdade, são provocadas por vírus.
Hoje, ainda segundo a Abis, o mercado de sorvetes fatura acima de R$ 13 bilhões por ano e gera cerca de 100 mil empregos diretos e 200 mil diretos. O consumo per capita em 2021 no Brasil foi de 4,73 litros de sorvete por habitante, número que já foi maior: em 2019, eram 5,19 litros por pessoa. "Houve uma diminuição na atividade econômica que gerou queda do poder aquisitivo das classes C e D, o que veio a ocasionar uma perda
significativa. E logo depois tivemos o estrangulamento do setor por conta da pandemia, quando houve uma limitação no comércio e food service de maneira geral", explica Eduardo Weisberg, presidente da Abis.
Para driblar a sazonalidade do sorvete, a Solaretto Sorvetes, em Itápolis, investe na criatividade. Fundada pelo chef sorveteiro Flávio Augusto em dezembro de 2009, a empresa recorre às habilidades publicitárias do dono para criar receitas que cativam os clientes
em qualquer época do ano. “Percebi que era possível criar com sorvetes como criava na publicidade. Troco minha folha em branco por infinitas possibilidades de sabores e apresentações”, conta.
Augusto e seus pais, que fazem a gestão e tomam as decisões em conjunto, sabiam que o inverno seria desafiador. Com isso em mente, criaram já em 2010 uma campanha de novidades da estação, que envolve o lançamento de sabores específicos, novas taças, mudança no layout, ampliação, reforma
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Rogério Lagos
É possível fugir da sazonalidade do setor e vender bem mesmo nas épocas
Flávio Augusto, da Solaretto Sorvetes: cardápio extenso para atrair a clientela
O ANO INTEIRO
frias do ano, com investimento em novos sabores, produtos e apresentações
da loja ou qualquer outra ação. A ideia é criar um fato no estabelecimento que atraia os clientes.
Atualmente, a Solaretto possui um cardápio bem extenso com mais de 200 tipos de taças de sorvetes, sobremesas diversas e uma linha de açaí. Outros momentos importantes para manter o interesse dos clientes em alta são os lançamentos nas datas comemorativas. Ovos de Páscoa recheados com sorvetes, os “sorvettones” no Natal e as taças temáticas não costumam faltar. “A sazonalidade só vai ser um desafio
Olho na gestão
se você não olhar para ela como uma oportunidade. Com os lançamentos que fazemos, principalmente a partir de julho, o gráfico começa a ascender novamente”, ressalta o empreendedor.
Já o empresário Francisco Palhares, da Palhares Gelato, remodelou o seu negócio para tentar abrir o leque de consumidores: mesclou a sorveteria com cafeteria e tapiocaria. “Abri a sorveteria em pleno inverno e quase não aguentei o respiro do mercado. Decidi que não sofreria mais e fui buscar alternati-
vas”, diz Palhares. Além de oferecer outros produtos que vendem o ano inteiro, o empreendedor elaborou um cardápio de inverno com sorvetes assados, bolos com sorvete, petit gâteu, entre outros itens.
A estratégia deu tão certo que o pequeno negócio, que começou em Ibitinga em março de 2016, ganhou uma nova unidade em Araraquara em 2019, com conversas avançadas em outros municípios para novas lojas no modelo de franquia. Atualmente, entre os meses de outubro e março, 80%
do faturamento é oriundo dos sorvetes, enquanto que de abril a setembro a tapioca passa a ser o principal produto, chegando a alcançar 70% das vendas. “Em época de chuva ou frio vendemos poucos sorvetes, mas muita tapioca. Conseguimos manter a margem e não entramos no vermelho. Só que muitas pessoas que vão comer a tapioca, chegam na loja e encontram um ambiente climatizado, aconchegante, acabam tomando sorvete também. Conseguimos resolver o problema do inverno comercializando os produtos de forma conjunta”, afirma Palhares.
ALIMENTO
Além da sazonalidade, as sorveterias, como qualquer outro negócio, enfrentam questões como fluxo de caixa, planejamento de marketing e mão de obra. Para o consultor de negócios do Sebrae-SP, Luiz Felipe Navarro, é importante que as empresas se atentem a esses pontos, treinem seus colaboradores e cuidem bem das finanças, precificando corretamente os produtos. “É preciso saber exatamente quanto que esse sorvete custa para o negócio. Será que dá para precificar todos da mesma maneira? Estar atento a todas as variáveis de gestão é um cuidado fundamental”, alerta. Pensando nisso, Navarro elenca dez orientações para quem já atua no setor de sorvetes ou para quem quer começar a empreender para vender o ano inteiro e não sofrer com a sazonalidade.
1) Planeje – Hoje não é possível fazer um planejamento somente anual, mas sim semestral, trimestral, bimestral e mensal para que o gestor tome atitudes corretivas ao longo do tempo de forma mais rápida.
2) Ouça o cliente – O cliente é a chave principal dentro do negócio, parte determinante da tomada de decisão. É ele quem constrói todos os caminhos da empresa: escolhas, sabores dos sorvetes, composição da experimentação etc.
3) Inove – A inovação estimula as pessoas a buscarem pela sua empresa. Vale analisar sempre a diversidade dos produtos oferecidos, seja o sabor, tamanho ou formato.
4) Redes sociais – É importante pensar em ações que prendam a atenção dos clientes nas mídias sociais e nos diversos canais de marketing para que o cliente sempre tenha a marca na lembrança.
5) Faça parcerias – Quem gosta de consumir sorvete costuma fazer o quê? Se você escuta o seu cliente e sabe que ele costuma frequentar certos bares ou restaurantes, procure fazer parcerias com estes estabelecimentos para garantir a jornada completa do cliente.
6) Atente-se às finanças – Tenha sempre as finanças saudáveis e de forma muito clara, sabendo o que pode fazer, quando, como e trabalhe bem para que não incorra em erros que prejudiquem o negócio.
7) Treine sua equipe – O time precisa estar motivado, comprar a ideia e ser o consumidor interno dentro da empresa. Todas as vezes que um caixa vai receber o pagamento do cliente, precisa interagir com o consumidor, ouvir se a experiência foi positiva, negativa, saber o que aconteceu e estar atento.
8) Olho no mercado – Atenção aos concorrentes e novidades do mercado, sempre de olho no que pode afetar a empresa.
9) Atenção ao online – Se a empresa não atua de forma online nos dias de hoje, há a tendência de não ter resultados concretos como um todo. Não adianta ter apenas o ponto físico. Vale ter a opção de levar o sorvete até a casa ou empresa do consumidor. O conceito de conveniência é muito importante nos dias atuais.
10) Evolua – Procure sempre planejar alguma mudança positiva para a marca. As mudanças mostram e apresentam coisas novas e diferentes que é o que o consumir busca: melhorias no ponto de venda, evolução da marca, premiações, bonificações para o consumidor, tudo que coloque a marca em evidência.
Para os empreendedores e a própria Abis, uma estratégia é fazer com que os clientes passem a enxergar o sorvete como um alimento, não como uma guloseima. Os empreendedores entendem que essa é uma construção que passa – e muito – pela qualidade e pelas opções do que é oferecido. Na Palhares Gelato, por exemplo, todos os sorvetes possuem tabela nutricional e não são produzidos com gordura hidrogenada. Também estão em testes sem leite e açúcar, com leite de amêndoas, sem lactose.
Já na Solaretto Sorvetes, há uma linha de sorbets produzida à base de água e fruta, além dos sorvetes “salgados”, como o de tomate com manjericão, que costuma ser servido como uma entrada ou junto de aperitivos em happy hours que a casa costuma receber. “O setor entendeu que o consumidor precisa ser estimulado nos períodos em que as vendas são menores e tem se esmerado lançando novos produtos, como sabores premium, inovando nas texturas ou sorvetes com baixos teores de açúcar e gordura. Inovação e criatividade em alta contam muito nessa hora”, afirma Weisberg, da Abis.
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Patricia Gonzalez
Osetor de turismo foi um dos últimos a retomar suas atividades pós-pandemia e agora está a todo vapor. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Serviços de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ano de 2023 terá uma expansão de 2,5% nas atividades turísticas, após o salto de 29,9% registrado em 2022, quando enfim o setor zerou a ociosidade gerada pela pandemia de Covid-19.
A gestora estadual do Programa de Turismo do Sebrae-SP, Aline Delmanto, reforça que este é um momento de recuperação, e que muitos destinos já estão recebendo o mesmo número de turistas
TURISMO EM
Superado o impacto da pandemia, foco dos negócios
que recebiam em 2019. Contudo, o grande desafio agora é fazer com que o turista que viajou para destinos próximos retorne, mesmo podendo escolher lugares mais distantes e até viagens internacionais. “A competição global voltou e nossos empreendedores precisam entender que só vão se manter ‘no jogo’ se oferecerem produtos diferenciados, seja na experiência que proporcionam, seja na qualidade do serviço prestado. Outro ponto essencial é o desenvolvimento de uma estratégia digital. Quem não estiver conectado, não será lembrado”, reforça.
De olho no crescimento da demanda, empreendedores têm investido em parcerias e serviços que explorem os roteiros locais
para atrair clientes. A empreendedora Gloria Bravin, dona da Pousada das Hortênsias, localizada em Campos do Jordão, é um exemplo dessa realidade. Para ela, é importante conseguir usar o momento da hospedagem para também alavancar os roteiros da região. “O turista está interessado em viver experiências. Temos parcerias com empresários da rota do vinho, por exemplo. Eles nos divulgam e nós os divulgamos. Fazemos do nosso turismo uma experiência completa e isso é uma forma de alavancar as hospedagens. Primeiro eles veem o que há no local e só então procuram lugar para se hospedar.”
Gloria é dona da pousada desde 2002. Começou o negócio
com 17 apartamentos e hoje o local conta com 60 unidades. Apesar de ter uma estrutura já considerada de hotel, ela faz questão de manter o espírito de pousada. Cada apartamento tem uma decoração diferente, mantendo uma mesma identidade que vem desde a abertura. “Aqui é a casa onde eu recebo as pessoas. Temos um pequeno bistrô no hotel e nosso foco é a hospedagem, receber todos bem”, afirma. Muitos dos destinos são apresentados ao cliente durante sua chegada à pousada. “Recebemos nossos clientes e falamos sobre a rota da cerveja, do chocolate. Essas coisas acabam ajudando o setor de hotelaria a se manter. Ninguém vem para dormir, fazer turismo no hotel. Só se fosse um resort,
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Gloria Bravin, da Pousada das Hortênsias, em Campos do Jordão: turista quer experiências
NOVA FASE
agora é a oferta de experiências para cativar o cliente
mas esse não é o nosso foco. Então apostamos em roteiros, no contato com a natureza, nos atrativos que fazem as coisas acontecerem.”
AR LIVRE
A aposta em roteiros de natureza, aliás, tem gerado bons resultados para Gloria. A empreendedora observa uma mudança no comportamento dos turistas da região no pós-pandemia e acredita que esta é uma tendência. “As pessoas buscavam muito o centrinho de Capivari. Mas agora observamos essa mudança de comportamento. Eles têm se voltado para atrações que trazem esse contato com a natureza. Vimos que esse é o caminho que nosso cliente está buscando e intensificamos muito a comunicação em cima disso. Agora eles querem um ambiente mais saudável, as pessoas estão buscando essa conexão com a natureza”, reforça.
Além de um grande trabalho de comunicação direta com o cliente e as divulgações em redes sociais, a empresária destaca que a união de todos os empreendedores da região para alavancar o turismo local também faz muita diferença para os resultados alcançados. Tanto que Gloria faz parte da governança do circuito da Mantiqueira paulista, um grupo que reúne empresários das seis cidades da região – Campos do Jordão, Monteiro Lobato, Pindamonhangaba, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e São José dos Campos e foi incentivado pelo Sebrae-SP. “Nos reunimos há alguns anos com o apoio do Sebrae. Graças a essa importante parceria, conseguimos nos organizar e estamos no mapa das regiões turísticas do Estado.”
A empreendedora participou recentemente da missão internacional organizada pelo Sebrae-SP ao evento Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), em março deste ano, e tem ótimas perspectivas para o futuro com a demanda e as novidades que conheceu por lá. “Um
dos exemplos que vimos na BTL é a forma de organização que eles têm em torno de arranjos produtivos, como azeite e vinho. Aqui temos o pinhão. E não usamos o pinhão como apelo turístico. Ele é tão particular da região e tem potencial para ser usado como artesanato, por exemplo.”
ROTEIROS
Vitor Merighi é dono da Pousada Gamboa Eco Refúgio, localizada em Iporanga – região do Vale do Ribeira. Engenheiro agronômico por formação, assumiu o negócio em 2008 por acaso, após o antigo dono ficar doente e vender a propriedade.
A pousada fica à beira do rio Ribeira de Iguape e conta com 45 alqueires de Mata Atlântica preservada. A propriedade produz alguns alimentos que são consumidos no restaurante da propriedade, como banana, milho, mandioca, feijão e ovos. Além disso, o empreendedor também investe no turismo de natureza como atrativo para o seu negócio. “Oferecemos passeios dentro do parque turístico local. Nossa região tem a maior concentração de cavernas do Brasil. Também temos alguns esportes, como tracking, e estamos trabalhando em desenvolvimento de roteiros de longa distância. Serão três dias de percurso”, comemora ele.
Para melhor aproveitar a vocação turística de sua região, Vitor faz parte de programas como o Grande Reserva Mata Atlântica e o Selo de qualidade do turismo. A ideia principal é preservar o meio ambiente e fazer com que o turismo ajude na preservação, seja uma fonte de renda para combater a exploração e preservar a natureza. “Com esses programas e o apoio do Sebrae-SP começamos a ter mais consciência das caraterísticas do nossos clientes e passamos atuar de forma mais técnica. Começamos a otimizar nossa parte de marketing e focar bem nosso público, entender quem é o nosso cliente”, afirma.
Programa estratégico
Oferecido a todos os pequenos negócios que desejam incrementar sua gestão, o Programa de Turismo do Sebrae-SP atua em três eixos estratégicos: competitividade, ecoaventura e capacitação para acesso ao crédito. “O objetivo é auxiliar os pequenos empresários do setor a oferecerem produtos diferenciados que contribuirão para a melhoria do destino turístico onde estão sediados. Um destino estruturado tem, no turismo, um importante vetor de desenvolvimento econômico”, explica Aline Delmanto, gestora do programa.
Conheça abaixo cada um dos três eixos:
• Competitividade: envolve itens como a estruturação da gestão dos pequenos negócios de turismo; modelagem de produtos turísticos; comercialização desses produtos e promoção do destino auxiliando na consolidação dos pequenos negócios do setor
• Ecoaventura: conta com seminários de sensibilização para a importância da operação com segurança, apresentação das normas vigentes, capacitação em gestão e empreendedorismo, consultoria para preparação das empresas para o processo de auditoria de avaliação da conformidade e, por fim, auditoria de certificação.
• Crédito: inclui capacitação de acesso a crédito e acesso a mercado. Os participantes contam com capacitações e oficinas EAD para desenvolvimento de projetos de crédito, workshops para conhecimento das linhas de crédito existentes e consultoria para desenvolvimento de projetos.
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No Instagram do cliente
A recuperação do setor de turismo (um dos temas desta edição), intensamente afetado na pandemia, segue firme e forte. Com os negócios aquecidos, viagens, histórias, fotos e lembranças compartilhadas voltaram ao cotidiano das pessoas como antes da crise sanitária.
Quando alterar o preço?
Quando se fala em formação de preço – ponto sensível para muita gente que comanda um empreendimento –o que vem na lembrança do empresário e da empresária é a temida fórmula financeira do markup, ou seja, a análise da estrutura do negócio para saber se os valores cobrados pelos produtos ou serviços cobrem os custos de produção, a distribuição, os encargos e ainda dão lucro. Porém, em um mercado dinâmico e acirrado, só isso não garante o sucesso do negócio. A realidade atual exige um olhar crítico no segmento em que a empresa atua. É necessário manter um monitoramento constante dos concorrentes e buscar a formação de parceria perene com os fornecedores. Um bom desconto em uma compra poderá ser um diferencial para a proposta de preço da empresa.
Todavia, é imprescindível que qualquer estratégia que envolva uma política de desconto ou o aumento de preço de produto ou serviço deverá ser bem planejada; isso significa que o empresário e a empresária deverão elaborar um estudo detalhado do nicho de mercado em que atuam, avaliando o am-
biente interno e externo de seu negócio, diminuindo assim o impacto e o risco em sua decisão de alteração de preço em seu empreendimento.
No entanto, existem estratégias a curto prazo que poderão surtir efeito imediato, como uma boa administração do controle de estoques, uma redução de custos, despesas, melhoria de processo, enxugamento da estrutura, flexibilidade e agilidade às mudanças do mercado. Isso poderá ser o grande diferencial para uma para a aplicação de descontos e aumento de preço.
Em contrapartida, em momentos de incertezas e dúvidas no cenário econômico, sai na frente a empresa que inovar, que nada mais é do que fazer algo que não fazia antes com o objetivo de proporcionar melhores resultados.
Além disso, é fundamental posicionar de forma transparente os valores da marca, bem como o diferencial competitivo de seus produtos. A ideia é apresentar uma imagem com a qual o cliente se identifique, confie e esteja disposto a pagar pelo que é oferecido.
O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.
Os números deixam claro: as atividades turísticas registraram aumento de 6% em março (dado mais recente) ante o mesmo mês de 2022, no Brasil, segundo o IBGE. É a 24ª alta consecutiva. No acumulado do ano (janeiro a março), o índice apresenta elevação de 11,1% na comparação com igual período de 2022, o que significa 1,4% acima do patamar de fevereiro de 2020, pré-Covid-19.
No Estado de São Paulo, o turismo responde por 9,5% da economia. Levantamento do governo estadual mostra que 38% da população paulista pretende viajar em 2023, ante 30% em 2021, quando a pesquisa foi feita pela primeira vez. Entre os que vão viajar, 27% afirmam que terão destinos dentro do Estado.
Para aproveitar esse movimento, os negócios do setor – hotéis, restaurantes e atividades correlacionadas –devem estar preparados. Mais do que nunca, é fundamental proporcionar uma boa experiência ao cliente. E qual é a natureza do turismo senão a oferta de experiências? As pessoas querem viver momentos agradáveis em lugares dos quais vão guardar boas memórias, mesmo nas viagens a trabalho.
O contato com o turista começa muito antes da chegada dele, frequentemente no ambiente digital, onde é imprescindível nutrir um bom relacionamento. Colocar-se no lugar do cliente ajuda a saber o que fazer e que valores entregar. Parcerias entre empresas propiciam serviços e produtos diversificados e preços melhores, o que sempre é bem aceito pelo público.
Negócios ligados ao turismo podem contar com o apoio do Sebrae-SP para se qualificar, organizar e saber como se valer da vocação da região de forma sustentável e obter resultados positivos.
Clientes satisfeitos são a melhor publicidade de uma marca. Afinal, quem não quer ter sua empresa nas fotos da viagem que o cliente exibe com orgulho no Instagram?
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DAVI JERONIMO Consultor de negócios do Sebrae-SP
Divulgação
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NELSON HERVEY COSTA , Diretor‑superintendente do Sebrae‑SP
Boa gestão e sustentabilidade
e estarão posicionados no mercado de forma mais assertiva e sustentável no longo prazo”, explica a analista de negócios do Sebrae-SP Angela Cristine.
Após as adaptações do produto, Tadeu resolveu buscar mais qualificação no Sebrae-SP por meio de cursos. Aos poucos foi adquirindo conhecimento em gestão financeira, estratégica e, fundamentalmente, na definição de seu público-alvo. “Eles não tinham muita ideia sobre lucratividade, retorno, preço de venda etc. Depois de participarem da jornada de finanças com o Sebrae, eles perceberam o quanto precisavam melhorar a gestão financeira, definir porcentuais para lucratividade, separar o pessoal do empresarial, para então garantir prosperidade e perenidade no negócio”, completa Angela.
Maya Ortega*
Em fevereiro de 2022, ainda em meio à pandemia, Agnaldo Tadeu, de 56 anos, foi demitido da empresa em que trabalhava como analista de credenciamento na área da saúde. Ao observar a situação do mercado daquele momento, percebeu que seria muito difícil se recolocar em sua área por causa da idade. Essa situação fez com que ele desse um novo rumo à sua vida profissional.
Ele começou uma sociedade com Oseias Souza e passaram a produzir bolsas. A principal matériaprima para fazer as peças vinha de jeans que não tinham mais uso. Com retalhos e sobras de material,
EXPEDIENTE
Publicação mensal do Sebrae‑SP
CONSELHO DELIBERATIVO
começaram também a confeccionar bijuterias. A ideia de se aprofundar no campo da sustentabilidade veio de uma sobrinha de Tadeu, que, em uma visita à sua casa, sugeriu o investimento nesse tipo de produção, já que, mesmo utilizando alguns materiais que iriam para descarte, o reaproveitamento ainda não estava no foco da produção. Com esse direcionamento, nascia a Tojeans Moda Sustentável e Acessórios.
Passado algum tempo atuando no “novo” segmento, surgiu a oportunidade de a Tojeans participar da Feira do Empreendedor, do Sebrae-SP, no ano passado. “Por meio da Feira, nós conseguimos
Presidente: Manuel Henrique Farias Ramos ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.
DIRETORIA EXECUTIVA
alavancar nosso projeto, foi uma experiência que me trouxe muita maturidade como empreendedor, além de me abrir diversas outras possibilidades para investir no meu negócio”, afirma Tadeu.
Depois do evento, os sócios acrescentaram mais materiais igualmente sustentáveis na produção, como CDs, cápsulas de café, resinas, entre outros.
“O produto da Tojeans é muito bom e está alinhado ao desejo e necessidade dos consumidores; se os empreendedores souberem explorar esse tipo de mercadoria, alavancarão muito as vendas, terão a oportunidade de investir mais em sua produção artesanal
Diretor‑superintendente: Nelson Hervey Costa
Diretor Técnico: Marco Vinholi
Diretor de Administração e Finanças: Reinaldo Pedro Corrêa
JORNAL DE NEGÓCIOS
Unidade Marketing e Comunicação
Gerente: Guilherme Kessel
Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiárias: Ana Roxo e Maya Ortega. Imagens: www.gettyimages.com.
Como a Tojeans surgiu na pandemia, mas no período da reabertura dos negócios, Tadeu diz que não houve muito impacto por já estar se adaptando ao modelo pós-pandêmico. Ao mesmo tempo, ele reforça a necessidade de buscar a ajuda do Sebrae-SP, tanto que tem como uma de suas metas para 2023 participar da Feira do Empreendedor novamente.
A dica de Tadeu para quem tem o sonho de empreender é coragem. “Sempre busque formas de dar certo, explore todas as suas possibilidades; barreiras sempre existirão, mas isso faz parte. Ninguém começa um negócio tendo um castelo, nós pegamos as pedras e vamos construindo aos poucos.”
Estagiária sob supervisão dos editores
Diagramação: Letícia de Almeida Ribeiro (supervisão Douglas Yoshida).
Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME, Carlos Raphael do Valle – ME e Ferdinando Ramos Plus Images para o Sebrae‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177‑4784
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EDIÇÃO 348 | MAIO DE 2023 | 9
CEP: 01504‑001
COM A REDAÇÃO
FALE
Agnaldo Tadeu (esq.) e Oseias Souza, da Tojeans: reaproveitamento de materiais no foco do negócio
Com ajuda do Sebrae-SP, a tojeans Moda Sustentável passou a ter gestão profissional
Cosméticos com sotaque
Cordero
Depoimento a Gisele Tamamar
“Eu nasci no Estado de Lara, na Venezuela, e me mudei para o Brasil em busca de mais oportunidades de trabalho, profissionais e empresariais, e para alcançar os objetivos e sonhos que eu estabeleci para mim. Sou formada em engenharia da qualidade e meio ambiente e também sou maquiadora. Meu namorado, José Javier Torrealba Obregón, é agrônomo e atua na área de plantas aromáticas e medicinais. Por isso, resolvemos juntar os nossos conhecimentos e investir na criação de cosméticos naturais, com a empresa Ceres Natural.
Cheguei ao Brasil em fevereiro de 2022 e consegui um emprego graças à ONG World Vision (Visão Mundial), organização internacional de ajuda humanitária. Eles intermediaram uma entrevista na qual eu fui selecionada para trabalhar em uma empresa no cargo de auxiliar administrativo bilíngue. A vaga era em espanhol e isso facilitou muito a minha integração no Brasil.
Eu abri a empresa sete meses depois da minha chegada, em Osasco. Começamos a produção em casa, mas percebemos que era muito complicado por questões de higiene e segurança. Por isso, procuramos um espaço fora do condomínio onde vivemos para fazer os cosméticos nos fins de semana.
Conheço as necessidades do mercado de produtos cosméticos naturais e sempre quis ter meu próprio negócio, além disso, empreender com a Ceres Natural tem sido uma ponte para contribuir com a preservação do meio
ambiente e gerar um impacto positivo na sociedade.
Nós mesmos testamos os produtos em primeiro lugar, pois temos o conhecimento técnico para isso. Preparamos os testes de qualidade, usamos os produtos e no segundo momento, buscamos nossos parentes e amigos para avaliar e testar a qualidade deles. Nós somos contra testes em animais. Felizmente, nossos clientes costumam comprar novamente e ficam satisfeitos com as características dos produtos.
Enfrentei muitos desafios antes de abrir a empresa, mas um dos principais, é a falta de investimento. Não tinha emprego no início e nem
tinha capital. Já com um trabalho, começamos a guardar uma parte do salário todos os meses para investir na empresa. Com a ajuda da World Vision conseguimos completar o dinheiro que precisávamos para começar.
O Sebrae tem sido um grande apoio. Graças à Feira do empreendedor, conseguimos posicionar e gerar mais vendas, além do conhecimento que tivemos nos cursos e consultorias realizadas. Temos como principais produtos os sabonetes para o rosto e uma linha para cães.
Nossa linha diferenciada inclui sabonete hidratante e antipulgas para cães, com repelente natural,
e o sabonete para barba masculino. Todos os nossos produtos têm fórmulas de marcas próprias sob o conceito: 'Formular com ciência e consciência''.
Realmente fazer cosméticos naturais é um sonho que queríamos realizar há muito tempo, e o Brasil nos oferece uma excelente oportunidade que dificilmente poderíamos ter em nosso país. Foram muitos dias de esforço, dias exaustivos, mas continuamos a persistir. Temos grandes planos para 2023. Esperamos crescer como empreendedores, ter um lote maior de vendas e novos produtos a lançar."
10 | JORNAL DE NEGÓCIOS
A venezuelana Andrea
conta como criou a marca Ceres Natural com o namorado
Andrea e José Javier, da Ceres Natural: preocupação com o meio ambiente