| Versão impressa - 250 mil exemplares # 292
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Rafael Montenegro da Cruz: durante o dia, trabalha em uma instituição financeira; à noite, produz brigadeiros para vender
O DESAFIO DA DUPLA JORNADA Como empreendedores equilibram um emprego tradicional e a dedicação a um negócio próprio – e quais os riscos envolvidos nessa decisão
Entrevista: a dentista empreendedora que criou uma rede de saúde Pág. 3
Pequenas agências inovam para competir no setor de turismo Pág. 4
Os detalhes que fazem um negócio de alimentação dar certo Pág. 6
2 | JORNAL DE NEGÓCIOS EXPEDIENTE
Novidades
Publicação mensal do Sebrae-SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente interino: Tirso de Salles Meirelles
Inscrições para Desafio Startups Petrobras Distribuidora vão até dia 19
ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Empresas em estágio inicial com soluções
mil e deverá ser desenvolvido em até 12 me-
mização da eficiência operacional em bases
inovadoras para o segmento de atuação da Pe-
ses. O regulamento completo pode ser consul-
de distribuição de combustíveis, no transporte
trobras têm até o dia 19 deste mês para se ins-
tado em: www.editaldeinovacao.com.br.
rodoviário, na gestão de estoques e na colabo-
crever no “Desafio de Startups Petrobras Distri-
Na primeira temática, Mobilidade de Pes-
ração dos elos da cadeia logística da BR.
buidora”. Trata-se de uma seleção pública com
soas, são esperados projetos de inovação que
Para a temática Sustentabilidade, a expec-
foco em três vertentes: Mobilidade para Pessoas,
provoquem impacto positivo na percepção
tativa é receber propostas que mitiguem os ris-
Mobilidade para Negócios e Sustentabilidade.
dos clientes (perfil B2C) desenvolvendo e/ou
cos de impacto das atividades na segurança das
Podem participar startups, micro e peque-
potencializando negócios de varejo aplicáveis
operações, na sociedade e no meio ambiente.
nas empresas (MPE) e microempreendedores
em postos de combustíveis, lojas de conveni-
individuais (MEI). Um comitê de avaliação,
ência e centros de lubrificação.
O Edital de Inovação para a Indústria é uma iniciativa de Senai, Sebrae e Sesi. A cha-
composto por especialistas da Petrobras Dis-
Para o segmento B2B, inserido na temática
mada da Petrobras Distribuidora é a primeira
tribuidora e do Senai, fará a seleção de até dez
Mobilidade de Negócios, a busca é por projetos
de 2018 na categoria Empreendedorismo In-
startups. Cada projeto receberá até R$ 150
que utilizem tecnologias digitais para a maxi-
dustrial - Inovação na Cadeia de Valor.
Ciência e Tecnologia, Sindibancos-SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal. DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-superintendente: Bruno Caetano Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de adm. e finanças: Pedro Jehá JORNAL DE NEGÓCIOS
Unidade Inteligência de Mercado Gerente: Eduardo Pugnali. Coordenador: Luiz Otávio Paro. Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Marcelle Carvalho e Rogério Lagos. Estagiário: Wallace Leray.
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Alto Tietê
Araçatuba Araraquara Baixada Santista Barretos Bauru Botucatu Campinas Capital Centro Capital Leste I Capital Leste II Capital Norte Capital Oeste Capital Sul Franca Grande ABC Guaratinguetá Guarulhos Jundiaí Marília
Selo garante comercialização de produtos alimentícios artesanais
Osasco Ourinhos Piracicaba Presidente Prudente
A comercialização em todo o País de pro-
Na prática, a lei aprovada no mês pas-
atestando sua procedência e de seus deriva-
dutos alimentícios de origem animal confeccio-
sado corrige uma distorção da legislação
dos. A inclusão do selo “ARTE” depende de
São Carlos
nados artesanalmente está assegurada. A Lei
vigente, desburocratizando a inspeção sani-
regulamentação local do produto artesanal.
São José do Rio Preto
13.680, publicada em 15 de junho no Diário ofi-
tária de produtos artesanais e fomentando
Isso não exclui, entretanto, a inspeção ou
cial da União, criou o selo denominado Arte, a ser
o comércio interestadual. Ela altera a Lei nº
fiscalização pelas respectivas autoridades
concedido por órgãos de saúde pública em cada
1.283, ainda de 1950, padroniza exigências
sanitárias. O que está sendo proposto no
Estado aos produtores artesanais, facilitando e
e proporciona a necessária transparência à
Brasil é um modelo que deu certo na Euro-
ampliando as possibilidades de comercialização
fiscalização de produtos de origem animal,
pa, especialmente em países como Espanha,
ENTRE EM CONTATO:
desses produtos no território nacional.
pescados, leite, ovos, mel e cera de abelhas,
Portugal, Itália e França.
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Ribeirão Preto São João da Boa Vista São José dos Campos Sorocaba Sudoeste Paulista Vale do Ribeira Votuporanga
EDIÇÃO 292 | AGOSTO DE 2018 | 3
Empreender com um sorriso
A dentista Carla Sarni, da Sorridents, conta como passou do consultório para mais de 4,5 milhões de clientes
P
ara conseguir concluir a graduação em odontologia em Alfenas (MG), Carla Sarni precisou vender água e outros produtos na porta da faculdade. Depois de se formar, ela conseguiu uma vaga como dentista terceirizada em um consultório na zona leste de São Paulo. Para consolidar o seu nome na região e atrair pacientes, trabalhava sempre até tarde da noite e durante os finais de semana, dias em que levava atendimento até as regiões mais carentes da cidade. Após mais de 22 anos de dedicação à empresa, ela comemora os resultados. Hoje, Carla preside uma das maiores holdings de saúde do Brasil, o Grupo Sorridents, da qual fazem parte a Sorridents Franchising, rede de clínicas odontológicas, o Sorriden (plano odontológico focado na prevenção), o Instituto Sorridents (braço social do Grupo Sorridents), a GioLaser (rede de franquias de beleza e estética). O grupo tem 240 unidades no País, com cerca de 4,5 milhões de clientes – a meta é chegar a 700 unidades no próximo ano. Na entrevista a seguir, Carla conta sobre os desafios de um profissional liberal que decide empreender. Como surgiu a ideia de criar a Sorridents? A empresa surgiu com a compra do consultório em que eu trabalhava. Comecei em um consultório em cima de uma padaria na Vila Císper, zona leste de São Paulo. Em cinco anos, eu aluguei todas as cinco salas que havia em cima da padaria e fui convidando dentistas de outras especialidades para trabalhar comigo, até que conheci o meu marido, que tinha uma carreira militar de oito anos como analista de sistema. Ele começou a trabalhar comigo nas questões administrativas e nós financiamos R$ 500 mil no banco para pagar em 12 anos. Com esse empréstimo, construímos a primeira
sede da Sorridents na Vila Císper. Era uma clínica da classe C com os conceitos, estrutura e conforto de clínica da classe A. Em apenas três meses de funcionamento, triplicamos o faturamento. Depois do sucesso dessa primeira clínica, continuamos a construir outras a ponto de chegarmos a 23 unidades em 2005. Mas foi em 2007 que viramos franquia e chegamos ao tamanho que somos hoje. Quais foram os principais desafios no começo da operação, principalmente por se tratar da área da saúde? Os desafios foram muitos. O primeiro foi conseguir me formar, por uma questão de distância e também por questões financeiras. Depois que me formei, outro desafio foi conseguir um emprego que tivesse os valores que eu acreditava dentro de uma odontologia moderna, séria
e de qualidade, independentemente da classe social. Mas o grande desafio foi como ter o meu próprio consultório odontológico tendo uma limitação de crédito. Eu tinha vontade de expandir, mas tinha essa limitação de encontrar recursos para poder concretizar a expansão que eu desejava. Então, durante os primeiros cinco anos, tudo que eu cresci e expandi foi com recurso próprio, com o giro do meu próprio caixa. Mas, para isso, eu tive que abrir mão de várias coisas pessoais. Tudo que eu ganhei durante os sete primeiros anos, depois que me formei, eu investi no meu negócio. A minha vida era bem simples. Como funciona uma franquia da Sorridents? É necessário ser dentista? Para ter uma Sorridents, o franqueado não precisa ser dentista. Hoje, 70% da rede é formada
Carla Sarni, da Sorridents: “Não adianta ter uma ideia sem ter atitude”
por dentistas, mas 30% é composta por empresários, engenheiros, administradores de empresas, economistas, entre outros. Atualmente, temos dois modelos de negócios para quem deseja montar uma franquia: a Sorridents Master, que é para cidades acima de 100 mil habitantes, e a Sorridents Light, para cidades com menos de 100 mil habitantes, com investimento menor. Quais as suas principais dicas para quem quer abrir um negócio próprio? A minha primeira dica é ter determinação. O fato de estar determinado a fazer algo que você realmente acredita faz toda diferença. Outra dica é que as pessoas devem acreditar em seus sonhos e colocar prazo para realizá-los, para que eles não fiquem soltos. Nesse ponto, entra a atitude, porque não adianta nada ter uma ideia, ter vontade e não ter atitude. Essa é a grande diferença para fazer o que ama, pois os apaixonados pelo que fazem chegam a lugares que outros não chegam. Como um profissional liberal pode se tornar um bom administrador de empresa? Acredito no desenvolvimento das pessoas. Eu, por exemplo, durante os primeiros anos de profissão, fiz muitos cursos técnicos relacionados à minha área. Mas, em um determinado momento, percebi que a odontologia, a minha clínica, os meus negócios eram muito maiores do que só a questão técnica. Foi quando comecei a fazer cursos e a me desenvolver nas questões administrativas, afinal, foram coisas que eu não aprendi na faculdade. Fiz o Empretec, do Sebrae-SP, e esse foi um dos cursos que revolucionou a minha vida. Com ele, tive uma visão muito maior e consegui enxergar que existia algo muito maior a ser tratado, a ser cuidado, a ser feito, que era a questão administrativa.
4 | JORNAL DE NEGÓCIOS
Prontos para
Setor de turismo interno ou no exterior segue crescendo, mas é
V
iajar é bom e todo mundo gosta – ou, pelo menos, quase todo mundo. Tanto é verdade que o mercado de turismo no Brasil voltou a crescer após um período de baixa devido ao cenário de instabilidade econômica. De acordo com a Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), a demanda de passageiros para o exterior subiu após dois anos seguidos de queda. O setor comemora crescimento de 26% em embarques e 18% em faturamento. No total, 1,2 milhão de brasileiros embarcaram para o exterior em 2017, contra 954 mil em 2016. No turismo nacional, o setor também cresceu: 4% a mais em quantidade de embarques e 2% em faturamento. Cerca de 4,3 milhões de brasileiros embarcaram para destinos nacionais em 2017, contra 4,1 milhões em 2016. De olho nesse setor, muitos brasileiros que estavam em busca de emprego ou simplesmente já enxergavam uma oportunidade de negócio em turismo passaram a empreender no ramo, principalmente pelo fato de a figura jurídica do Microempreendedor Individual (ME) permitir a formalização no segmento em algumas funções, como “agências de viagens”, “operadores turísticos” e “serviços de reservas e outros serviços de turismo não especificados anteriormente”. De acordo com dados do Portal do Empreendedor, atualmente, no Brasil, existem 32.636 MEIs em atividades relacionadas ao turismo, 147% a mais que em 2013. No Estado de São Paulo, o número é de 7.269 MEIs contra 2.747 há cinco anos, um aumento de 165%. Os empreendimentos paulistas representam hoje 22% de todo o Brasil. Apesar do cenário positivo, quem decide empreender no setor turismo precisa estar atento às tendências do mercado, que mudam o tempo todo. Roteiros que estão em alta ou aqueles que são nichos de alguns clien-
tes específicos – e que muitas vezes estão dispostos a pagar um pouco mais caro para fugir dos destinos tradicionais – são boas alternativas nesse segmento. Além disso, é preciso estar aberto para ouvir o que o cliente quer. “Os clientes exigem muita dedicação e atendimento diferenciado, e tendem a se fidelizar quanto encontram isso”, diz o consultor do Sebrae-SP Alan Tanno. Segundo ele, fazer um bom planejamento antes da abertura do negócio é um passo fundamental. “O plano de negócios é essencial para qualquer pessoa que deseja ter sucesso no empreendedorismo, pois ajuda a refletir sobre a ideia de negócio que deseja colocar em prática e valida se o modelo é financeiramente viável”, diz Tanno. Isso envolve também um estudo aprofundado sobre as finanças. “É preciso saber com antecedência quanto investir na abertura da empresa, ou seja, qual será o capital inicial e quanto disponibilizar de capital de giro para pagar as contas de curto prazo até que chegue o momento dos recebimentos”, observa.
Luciano Brunetti, sócio de uma empresa de intercâmbio esportivo: segmentação para ganhar mercado
FOCO NO CLIENTE
Dedicação e diferenciais no atendimento foram premissas estabelecidas por Neide Ruffato há dez anos quando abriu a NR Turismo, em São Caetano do Sul. A empresária já carregava consigo uma experiência de 15 anos em outra agência de turismo, mas decidiu trabalhar por conta própria quando foi desligada da anterior. “Era o empurrãozinho que eu precisava, pois não tinha coragem de sair do emprego. Logo quando saí, muitos clientes me procuravam em casa, me ligavam, e eu seguia ajudando a todos que me procuravam. Foram mais ou menos seis meses dessa forma até eu abrir o meu espaço, pois entendi que meus clientes mereciam um lugar ideal para o atendimento”, conta. Na época, Neide precisou de aproximadamente R$ 30 mil para
iniciar o negócio. Hoje, ela trabalha em sua agência com destinos nacionais, internacionais, cruzeiros e até roteiros para lua de mel. “Nosso atendimento físico tem um horário estabelecido, mas seguimos atendendo 24 horas por dia se for necessário, de forma personalizada. As pessoas confiam em nosso trabalho. Elas sabem que conosco vão continuar viajando, mesmo na crise, com um custo interessante”, afirma. Oferecer alternativas para quem quer uma experiência fora do Brasil foi a aposta da MVP Exchange,
que optou pela segmentação para entrar no mercado. A empresa é agência de intercâmbio especializada em levar garotos para jogar futebol e estudar fora do país. A ideia surgiu quando Luciano Brunetti, hoje diretor de marketing da MVP, resolveu juntar a sua experiência de vida com a de outros três amigos após voltar de uma temporada nos Estados Unidos. No exterior, os quatro estudaram na mesma faculdade e conseguiram jogar futebol por elas. Aqui, querem proporcionar a mesma experiência para seus clientes. Para isso, inves-
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a decolagem
preciso ter diferenciais para se destacar em um mercado concorrido
alunos e a previsão para 2018 é de 130 jovens”, conta o empreendedor.
tiram inicialmente R$ 150 mil há dois anos. “Nosso trabalho é encontrar a melhor bolsa de estudos possível para nossos alunos no exterior e os preparar de forma adequada no Brasil, tanto na parte física quanto na acadêmica”, explica Brunetti. Além do intercâmbio, a empresa funciona como academia. O aluno paga uma mensalidade que varia entre R$ 250 e R$ 399 e tem acesso a aulas de inglês, escola de futebol e academia para preparação física. A agência também produz vídeos com os melhores momentos do aluno. “Já enviamos mais de 300 alunos para o exterior. Em 2017, foram 106
Na opinião de Alan Tanno, do Sebrae-SP, ambas as empresas encontraram as oportunidades e tiveram iniciativa, mas precisam se atentar a alguns pontos específicos. O especialista afirma que, em alguns segmentos no setor de serviços, é comum os clientes se fidelizarem aos profissionais, e não à empresa. “O fator que foi responsável por alavancar inicialmente a empresa pode dificultar quando ela tiver que contratar mais colaboradores para continuar crescendo”, explica. Já a segmentação de mercado, atraindo um público que muitas vezes carece de orientação especializada, é apontada por Tanno como uma boa solução para conquistar espaço nesse mercado. Por outro lado, alerta o consultor, estar focada em apenas um nicho pode restringir a atuação da empresa “É preciso levar em conta todo o know-how e diversificar os serviços oferecidos, sem perder o foco principal”, afirma. Para o presidente da ABAV (Associação Brasileira dos Agentes de Viagens), Geraldo Rocha, o agenciamento passou por muitas transformações nas últimas décadas. No entanto, o setor se manteve como principal e mais eficiente canal de distribuição de produtos e serviços de viagens e turismo, respondendo por 70% das vendas de passagens aéreas nacionais e 85% internacionais, 75% dos cruzeiros, 60% das reservas de hotel, 28% da locação de veículos e 90% dos pacotes turísticos – o que explica, de certa forma, as oportunidades para quem quer empreender no setor. “As viagens entraram de vez na prateleira de consumo do brasileiro e fazer com que elas continuem cabendo no seu bolso é a oportunidade que os agentes têm de mostrar que continuarão a ser essenciais dentro da cadeia produtiva do turismo”, explica.
Dicas para quem quer empreender no setor de viagens e turismo
Mantenha-se atualizado sobre as tendências no setor. Faça um plano de negócios. Agregue valor aos serviços oferecidos e faça diferente, inove! O mercado está saturado de mais do mesmo. Converse com pessoas chave que tenham mais experiência. Isso vai ajudar a “amadurecer” sua ideia. Projete seu fluxo de caixa no mínimo para os próximos 12 meses. Tenha sempre uma reserva de caixa para imprevistos ou períodos de baixa. Mantenha os gastos fixos bem enxutos. Para ser um agente de viagens é necessário formalizar a empresa e registrá-la no Cadastur – sistema de cadastro do Ministério do Turismo. Outras informações em: http://www.abav.com.br/ informacoes-uteis/como-abrir-uma-agencia-de-viagens
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PONTOS DE ATENÇÃO
Para arrumar as malas
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Apetite para o
Alimentação fora do lar é um dos mercados que mais cresce no País,
Maura Attui, dona de um restaurante e um espaço de festas em São Paulo: ouvidos atentos às demandas dos clientes
E
nfrentar uma rotina pesada, trabalhar enquanto a maioria se diverte, abrir mão da vida pessoal e estar disposto a servir. Os amantes da gastronomia que sonham abrir um restaurante precisam ter em mente que, em algum momento, vão se deparar com uma ou, mais provavelmente, todas as situações descritas acima. Por outro lado, também vão fazer parte de um setor que costuma ser o último a sentir a crise e o primeiro a sair dela, e que saboreou um crescimento constante por cerca de 30 anos. Mesmo na última recessão de 2015, que abalou o comércio em geral, o tamanho desse mercado (em R$) registrou uma variação negativa entre 0,5% e 1,5% no ano, mas logo se recuperou, com um crescimento de 1% em 2017. Para
2018, a projeção da Food Consulting é fechar com algo entre 2,5% e 3% de crescimento. Quem apostou nesse segmento há quatro anos foi a empresária Maura Attui. Ela está à frente de dois restaurantes e um espaço de festas no bairro do Morumbi, na Capital: o restaurante Merci Bistrô, o recém-inaugurado Espaço Merci, voltado para festas e recepções em um espaço anexo ao bistrô, além de uma sociedade no restaurante Favi Pastifício. O ouvido atento aos clientes e o controle do negócio de perto são os ingredientes dessa trajetória de sucesso, e também o termômetro para perceber o que o mercado deseja. O restaurante começou como uma casa de café e bolos em um pequeno espaço ao lado de um salão de beleza e, em menos
de seis meses, atendendo ao pedido constante dos clientes, Maura resolveu apostar nas refeições. Ela reviu a estratégia de negócio, mudou de endereço para ampliar a casa e montou o bistrô. “Muitas vezes a gente idealiza algo e, depois da inauguração, percebe que não era só isso que o bairro precisava. As clientes passaram a me pedir mudança no cardápio para trazer os maridos. Aí fui colocando coifa, chapa para fazer umas carnes, criei uma carta de vinhos para harmonizar com os pratos. Foi dando certo e vi que era a hora de mudar o formato do negócio”, conta. Mas nem sempre um negócio na área de alimentação tem um final feliz. A linha que separa o sucesso e o fracasso de um restaurante é bem tênue, e não é possível credi-
tar o resultado somente à interferência de fatores externos. “Muitos empreendedores ainda abrem estabelecimentos no food service cometendo erros importantes, tais como abrir sem uma pesquisa prévia do público-alvo, sem entender se o ponto tem um layout produtivo para o cardápio que será implementado e sem se preparar para as tarefas administrativas desse negócio”, observa a consultora do Sebrae-SP Karyna Muniz. No caso de Maura, ela ressalta que está sempre presente nos diversos processos dos estabelecimentos, da compra dos ingredientes à qualidade do atendimento. “Mesmo com uma equipe maior, com funções bem delimitadas para cada um, nada é feito sem que eu assine, sem que eu entre na cozinha
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negócio dar certo
mas o que fazer para o seu restaurante não ficar pelo caminho? para conferir. Se a gente não está presente nesse tipo de negócio, ele não vinga. Além disso, penso que gostar de receber faz uma grande diferença. Não tive experiência anterior em gastronomia, mas fui criada recebendo bem as pessoas em casa e é assim que faço nos restaurantes. Os clientes se sentem acolhidos”, diz a empreendedora. O espaço anexo voltado para eventos e festas também surgiu a partir de uma demanda dos frequentadores. “Estar perto do cliente é o que vai dar a fórmula do sucesso. Meus clientes queriam que seus convidados fossem recebidos como eles
eram no restaurante. Esse feedback gerou uma nova oportunidade de negócio”, aponta Maura.
OLHO DO DONO
Segundo Karyna, a administração e a operação de um restaurante tomam muito tempo, por isso é comum haver mais de um sócio nesses negócios. Se esses empreendedores não se organizam nas suas atribuições e não confiam nas competências e habilidades mútuas, poderá haver complicações na gestão. Para a consultora, que é especializada em food service, se o empreendedor administra o negócio sozinho,
os cuidados precisam ser redobrados. Ele precisará se organizar para ser líder de todos os processos e ter colaboradores parceiros que o auxiliem na gestão do seu negócio. Também terá de saber a medida certa da transferência de responsabilidades, aprendendo a delegar e a identificar quais os processos que não podem sair das suas mãos. “É preciso um olhar atento à administração do tempo e identificar quais as competências técnicas existentes. Identificar o que precisa ser melhorado ou aperfeiçoado”, diz Karyna. Para a consultora, a vivência operacional, por exemplo,
trará aprendizados para aquele empreendedor que só teve experiências administrativas. “Estar no dia a dia da operação desde a abertura até o encerramento é importante. A velha máxima de que ‘o olho do dono é que engorda a boiada’ tem fundamentação na vida empreendedora”, afirma. A gestão operacional proporciona contato com o cliente e com as equipes, trazendo à tona as necessidades de ambos os públicos. Não entender as necessidades desses públicos por “falta de tempo” é deixar à deriva uma série de assuntos que precisam de tomadas de decisão.
Três dicas para o sucesso do restaurante A consultora do Sebrae-SP Karyna Muniz dá orientações para os empreendedores que estão começando no setor de food service Istockphoto.com
1
Menos é mais! Cardápio enxuto leva a uma equipe e espaços mais enxutos. Isso propicia agilidade e fluidez no serviço, além de promover uma melhor integração com os clientes e com as equipes. Tudo estará sempre à vista.
2
3 Conheça o consumidor. Fique atento às tendências de mercado, elas são o reflexo dos hábitos de consumo da sociedade e, por vezes, estão ligadas a fatores externos. Mas também não deixe de interagir e perceber quem é o seu cliente – ouça suas necessidades, sugestões e críticas.
focados em dietas ou benefícios específicos, mas tem muito a ver com qualidade de vida e, especialmente, com a oferta de alimentos mais saudáveis sem abrir mão do sabor e da aparência que o consumidor valoriza. A outra questão é a grande evolução da facilidade de consumir em outros locais que não só nos estabelecimentos, ou seja, o delivery e o modelo to go, que é poder pegar o produto pronto para ser consumido no caminho ou em outro local”, diz Molinari. Levando em consideração que um dos segredos para o sucesso de um negócio é o planejamento, Molinari dá um conselho para quem pensa em investir nessa área. “Dedique os primeiros dois
meses do plano de abrir um restaurante em pesquisa de consumidor na região onde quer abrir. É necessário entender onde ele come, quanto ele gasta, o que ele gosta de comer, quais os restaurantes mais bacanas que ele identifica na sua região, qual o tipo de comida que gosta lá e o quanto gasta lá por refeição”, aponta. Com essas informações em mãos, Molinari observa que o empreendedor terá em mãos uma importante munição para identificar se vale a pena fazer algo parecido com que já existe – e até aperfeiçoálo – ou se a região pede um estabelecimento diferente, ainda em falta para o consumidor.
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Administre bem seu tempo. Atente-se à sua jornada diária e às suas atribuições, aprenda a delegar e busque investir em capacitação dos talentos que existem na empresa para que a qualidade de vida empresarial e pessoal se faça presente em sua jornada diária.
Tendências de food service A comodidade e a busca por alimentos saudáveis são as grandes tendências do mercado brasileiro de food service. Quem diz isso é Sergio Molinari, fundador da Food Consulting e um dos maiores especialistas do segmento no Brasil. O mercado de alimentação fora do lar brasileiro já é o quarto maior do mundo, atrás apenas de China, EUA e Japão. Para o especialista, quem tem um restaurante ou está se planejando para abrir um negócio no ramo precisa estar atento à evolução dos hábitos do consumidor. “Duas tendências devem ser consideradas para esse segmento: a questão da saudabilidade, que não é necessariamente apenas ter ingredientes
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A rotina de quem
Conheça a história de profissionais que trabalham em empresas tradicionais e
Rafael Montenegro trabalha em uma instituição financeira e faz brigadeiros: já chegou a atender uma encomenda de 1,4 mil docinhos
O
dia de Rafael Montenegro da Cruz começa bem cedo. Por volta das 6h, ele sai de Francisco Morato, na Grande São Paulo, para a região central da Capital, onde ele trabalha como analista em uma instituição financeira. São duas horas e meia para ir e mais outras duas e meia para voltar, ou até mais, dependendo do trânsito. Mas quando chega em casa às 19h30 não é hora de descanso. É nessa hora que começa sua jornada como empreendedor à frente da Brigaderia Montenegro. A rotina dupla dividida entre funcionário em uma empresa e dono de um negócio não é a mais recomendada pelos especialistas, mas é a realidade de muitas pessoas como Rafael. Na oficina do
Sebrae-SP voltada para quem pretende abrir uma empesa, a Começar Bem - Formalização, de cada dez participantes, em média quatro continuam em seus empregos e buscam na capacitação a segurança para empreender. De acordo com a analista de negócios do Sebrae-SP Jurema Villa, muitas pessoas acabam conciliando trabalho e negócio, geralmente, por necessidades financeiras. “Às vezes, isso acontece por insegurança ou pela necessidade de gerar caixa para investir no empreendimento. Elas preferem levar uma jornada dupla até que o negócio se mostre mais promissor a ponto de largarem seus empregos”, explica. Mas, antes de empreender, a analista de negócios destaca a importân-
cia de levar em consideração alguns fatores, como a análise da viabilidade da ideia e as perspectivas de mercado para identificar se há vantagens competitivas. “Nem sempre a ideia inicial é perpetuada, por isso, colocá-la no papel é imprescindível para minimizar riscos iniciais da abertura de um negócio”, diz. De acordo com Jurema, muitas vezes as pessoas procuram o Sebrae-SP com a intenção de abrir um negócio na área de alimentação, porém depois das capacitações e do planejamento, descobrem que o negócio não é viável, seja pela dificuldade financeira de capital de giro ou pela falta de conhecimento e de habilidade na área pretendida. A recomendação da analista de negócios para os potenciais em-
preendedores é escolher algo que realmente gostem. “Não basta a vontade de ter um negócio próprio. Empreender exigirá muita dedicação, planejamento e capacitação em termos de gestão. Ao abrir uma empresa, apesar de experimentar satisfação pessoal e a sensação de independência pessoal e financeira, nem tudo são flores, os espinhos vêm junto. Quanto mais conhecimento técnico o empreendedor tiver, maiores serão as chances de obter prosperidade e sucesso na empresa”, destaca.
PAIXÃO
No caso de Rafael, a gastronomia sempre foi uma paixão. “Eu me encontrei nos brigadeiros. Hoje é uma fonte de renda extra que aju-
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se vira em DOIS
também estão à frente do próprio negócio, uma situação cada vez mais comum
da a pagar as contas. Mas é o início para poder conseguir atingir meu objetivo principal, que é ter minha própria loja”, afirma. A ideia de começar a vender brigadeiros surgiu no trabalho. Na equipe, o aniversariante do dia tem o costume de levar um doce para retribuir os parabéns. Foi então que, em dezembro de 2015, Rafael resolveu levar os doces feitos por ele para dar para os colegas. “O pessoal gostou e perguntou por que eu não fazia para vender”, lembra. Hoje, a brigaderia vende os doces por encomenda, a maioria para casamentos e eventos. A maior encomenda até agora foi para um casamento: 1,4 mil brigadeiros. Outro fato marcante foi quando ele recebeu três encomendas para o mesmo fim de semana. “Eu e minha esposa ficamos até duas da manhã enrolando brigadeiros”, recorda. Entre os 23 sabores no cardápio, os que fazem mais sucesso, além do tradicional, são de churros, sensação, floresta negra, palha italiana, crème brûlée e Romeu e Julieta. A jornada dupla também faz parte do dia a dia de Daniela Almeida de Araújo, de 33 anos. Das 8h às 18h, ela trabalha como analista de recursos humanos em uma consultoria de TI e administra paralelamente a sua empresa de moda feminina, a Side Chic. Por trabalhar em um escritório, boa parte das vendas são feitas na empresa. Mas Daniela também anda com as peças em uma mala, para realizar vendas online sempre que necessário. “O tempo depois do meu expediente no escritório e os finais de semana são dedicados para loja. Minha vida tem sido bem corrida e tenho que aproveitar muito bem meus horários, pois todo o tempo é precioso”, afirma. Para o futuro, os planos de Daniela são estruturar bem a loja, planejar estoque e colocar no papel o investimento para abrir um
showroom. “A rotina é bem puxada, mas como meu trabalho contribui para com as vendas, o esforço acaba valendo”, afirma.
DECISÃO
Existe um momento certo para deixar o emprego para tocar o negócio? De acordo com Jurema, do Sebrae-SP, o tempo certo vai depender da percepção de cada um. “É uma reflexão muito pessoal. Apesar de insistirmos na importância da elaboração de um planejamento, cada indivíduo é único e responde de forma particular às situações”, explica. Segundo a analista de negócios, a empresa leva um certo tempo para dar lucro, portanto, é imprescindível que haja planejamento desde o começo. “O mercado é muito dinâmico e existe a necessidade de inovar sempre, em termos de produto, serviços, processos, marketing e nas tarefas organizacionais”, completa.
Empreendedores precisam de capacitação em gestão A maioria dos candidatos a empreendedor vem do mercado ou de sua área de atuação com conhecimentos técnicos, mas com muitas deficiências em termos de gestão de negócios, avalia a analista de negócios do Sebrae-SP Jurema Villa. Para auxiliar os empreendedores a tirar a ideia do papel, o SebraeSP pode começar o atendimento com um diagnóstico individual para apontar as necessidades do cliente e indicar as soluções adequadas para cada caso, como consultorias especializadas e cursos como o “Transforme sua ideia em modelo de negócios”, ou nas áreas de planejamento estratégico, marketing, finanças, gestão de pessoas – além das oficinas sobre fluxo de caixa, mercado e formalização. Outro curso recomendado para a melhoria do desempenho empresarial é o Empretec, que trabalha o comportamento empreendedor. Os interessados podem se informar sobre as capacitações pelo telefone 0800 570 0800.
Daniela de Araújo, analista de TI, planeja abrir um showroom da sua empresa de moda feminina
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Empreenda: inovar na prática
Duas participantes da primeira turma de novo curso do Sebrae-SP contam sobre suas experiências
E
rica Oliveira Moraes, 37 anos, sonhava com um projeto inovador que pudesse realizar seu sonho de trabalhar ajudando pessoas por meio do empreendedorismo social. Foi apenas depois de fazer parte da primeira turma do Empreenda, curso oferecido pelo Sebrae-SP, que ela conseguiu estruturar e realizar um planejamento estratégico para o seu negócio – a Reconstruare, empresa de coaching e terapia ambiental que existe desde novembro do ano passado. A primeira turma do Empreenda concluiu o curso no início de junho. Durante boa parte da sua jornada para se tornar uma empreendedora, Erica ouviu que, se ela quisesse ajudar pessoas, deveria criar uma ONG, pois empreendedorismo estava ligado apenas a di-
nheiro. “Isso me incomodava, pois o dinheiro é uma consequência. Eu aprendi que existem vários tipos de empreendedorismo, inclusive o social, que foi onde eu me encontrei. Daqui a algum um tempo quero dar início à criação do Hospital da Alma, especializado em terapias”, afirma. Ao longo das aulas, a empreendedora conta que aprendeu mais do que técnicas e ferramentas para melhorar o seu negócio – ela teve a oportunidade de visualizar a ressignificação do que o empreendedorismo envolve. “Para quem está começando a pensar em desistir, esse é o curso perfeito, pois ele te levanta, mostrando pequenas ações que precisam ser mudadas. No curso teve até pai e filha se conciliando, restabelecendo o relacio-
namento parental e também do negócio familiar”, revela Erica. Outra empresária que participou do Empreenda foi Andréia Damasceno Sandes, 40 anos, fundadora da Max Work Uniformes, negócio que surgiu há oito anos. Ela conta que ficou sabendo sobre o novo curso por meio de uma de suas tutoras no Sebrae-SP. Andréia, que inclusive já fez o Empretec, se inscreveu pensando que seriam cursos semelhantes, mas decidiu arriscar e logo no primeiro dia percebeu que estava enganada. “No Empretec, eu aprendi como ser uma boa empreendedora. Já o Empreenda, eu aprendi quais ferramentas podiam ajudar alavancar meu negócio”, diz. O Empreenda apresentou à Andréia o Canvas, a ferramenta mais utilizada na atualidade para
Erica Oliveira Moraes, da Reconstruare: curso mostra vários tipos de empreendedorismo
planejamento e desenvolvimento de negócios. Isso foi útil, por exemplo, para perceber que uma das funcionárias de sua empresa poderia ser melhor aproveitada em outra função. “Eu tive a conclusão com a ferramenta de que a mudança de cargo da minha funcionária iria agregar diretamente para o meu cliente. Hoje, apesar de não ter dado uma nomenclatura, ela se tornou minha assistente pessoal, melhorando o fluxo de trabalho em geral”, explica.
SOBRE O CURSO
O objetivo do Empreenda é promover uma imersão nas práticas e comportamentos empreendedores. As aulas são divididas em três fases: aquecimento (pré-curso a distância), jornada empreendedora (40 horas de atividades presenciais) e acompanhamento (pós-curso). A primeira parte do curso vai trazer informações e conteúdo online para preparar o participante para a jornada empreendedora. O curso presencial de 40 horas – cinco dias de atividades individuais e em grupo – terá foco no processo empreendedor, utilizando técnicas modernas, como a ferramenta Canvas, design thinking e apresentação de pitches, conjuntamente com a aplicação de competências empreendedoras. A etapa da jornada empreendedora envolve desde o entendimento sobre o que é ser empreendedor até a projeção do resultado esperado da sua empresa, passando pelo desenvolvimento da ideia e a implementação do negócio. Finalmente, o pós-curso é um acompanhamento exclusivo, com três horas de mentoria para o desenvolvimento contínuo e aplicação do conteúdo aprendido. Para participar do Empreenda, o interessado precisa procurar o Escritório Regional do Sebrae-SP mais próximo ou ligar para o 0800 570 0800. O valor do curso é de R$ 840. Outras informações no site www.sebraesp.com.br.
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O empreendedor polivalente
REGINALDO DE ANDRADE SANTOS, analista do Sebrae-SP
Por que excelência profissional não garante sucesso na empresa? Com muita frequência, encontramos excelentes profissionais queixando-se de seus insatisfatórios resultados empresariais. Isso fica bem evidente no processo de crescimento da empresa, que exige medidas e processos gerenciais, sobretudo comportamentais, fundamentais para o desenvolvimento sustentável do negócio. São empresários que somente se veem como profissionais, comprometendo a sobrevivência do empreendimento. Para tentar reverter esse quadro, existem algumas ferramentas que auxiliam na implantação da gestão por competência, conhecida pela sigla CHA (Conhecimento, Habilidades e Atitudes), indispensável para uma administração mais eficiente, sobretudo nos pequenos negócios, em que a figura do empreendedor está envolvida diretamente na maioria dos processos. No dia a dia do negócio, o empresário deve praticar estas competências com seus fornecedores, colaboradores, parceiros, prestadores de serviços e clientes.
Reconhecendo a importância do comportamento empreendedor para o êxito da atividade empresarial, o Sebrae-SP há mais de 20 anos vem aplicando com exclusividade no Brasil o Seminário Empretec, desenvolvido pela Organização das Nações Unidades (ONU), voltado a trabalhar o desenvolvimento do comportamento empreendedor, extraído das experiências de empreendedores bem-sucedidos. O conhecimento empreendedor envolve: busca de oportunidade e iniciativa; persistência; correr riscos calculados; exigência de qualidade e eficiência; comprometimento; busca de informações; estabelecimento de metas; planejamento e monitoramento sistemáticos; persuasão e rede de contatos e independência e autoconfiança. O empresário deve desenvolver competências comportamentais para uma gestão competitiva, e assim aliar suas habilidades profissionais e empresariais para um negócio de sucesso.
O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.
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Comandar o próprio negócio é um desafio constante. O empreendedor é exigido em inúmeras frentes: tem de apresentar um produto ou serviço de qualidade, vender a preço justo e lucrativo, oferecer bom atendimento, superar a concorrência, inovar, além de se mostrar um gestor competente no que diz respeita a planejamento, controle das finanças, trato com funcionários, entre outros tantos aspectos. Há aqueles que acumulam a tarefa de tocar o empreendimento junto com o emprego. Tal situação ocorre por ser a forma encontrada para obter uma segunda renda ou porque o negócio ainda não proporciona receita suficiente para o dono viver exclusivamente dele. Independentemente da razão, é certo que esse empreendedor tem de se desdobrar para dar conta do recado e está submetido a uma carga de trabalho mais pesada do que a convencional. Ao mesmo tempo, tem a compensação de saber que constrói algo seu. Para assumir a dupla jornada, disciplina e organização são requisitos
essenciais. O empreendedor deve ter a capacidade de manter a concentração nos seus afazeres como empregado e só virar a chave para cuidar do seu negócio fora do expediente (certamente ele não gostaria que um funcionário seu se ocupasse com atividades alheias durante o serviço). Desperdiçar tempo? Nem pensar! Eficiência é a tônica aqui. Força de vontade também é condição fundamental. Se administrar uma empresa já é puxado, dividir-se com outra ocupação impõe uma cota de sacrifício ainda maior (melhor se acostumar com a ideia de não fins de semana livres). Os problemas vão surgir e em muitos momentos o empreendedor não vai estar disponível para resolver. Há horas em que tudo parece caótico e só com muita determinação será possível aguentar o tranco. É provável que ele precise de ajuda, tendo de encontrar alguém de confiança para assumir o negócio na sua ausência. Daí a importância de saber delegar. A recompensa pode não ser imediata, mas nenhuma dificuldade é capaz de superar a alegria de, após tanto esforço e dedicação, ver o negócio dar certo, ganhar dinheiro e se realizar.
BRUNO CAETANO, diretor-superintendente do Sebrae-SP @bcaetano /bcaetano1 bcaetano@sebraesp.com.br
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12 | JORNAL DE NEGÓCIOS
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Para tornar a comunicação mais acessível ao cliente com deficiência auditiva, o Sebrae-SP disponibiliza o serviço de intérprete de Libras em seus eventos presenciais. A solicitação do serviço deverá ser comunicada no ato da inscrição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de realização do evento. O cliente ou seu representante poderá se inscrever pessoalmente nos Escritórios Regionais, pelo portal do Sebrae-SP ou pelo 0800 570 0800.
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AGENDA
ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi-lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br
FEIRAS DE NEGÓCIOS
EVENTOS DO SEBRAE-SP
ESTÉTIKA SP – FEIRA INTERNACIONAL DE BELEZA E 26º CONGRESSO CIENTÍFICO INTERNACIONAL DE ESTÉTICA
CAPITAL SUL
Quando: 2 a 5/8
Quando: 16/8
Onde: Palácio das Convenções do Anhembi
Onde: Escritório Regional do Sebrae-SP da Capital Sul Avenida Adolfo Pinheiro, 712, Santo Amaro - São Paulo
Av. Olavo Fontoura, 1209 - Santana - São Paulo Informações: www.congressoestetica.com.br
25ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO Quando: 3 a 12/8 Onde: Pavilhão de Exposições do Anhembi Av. Olavo Fontoura, 1209 - Santana - São Paulo Informações: www.bienaldolivrosp.com.br
32ª ESCOLAR OFFICE BRASIL - FEIRA INTERNACIONAL DE PRODUTOS PARA PAPELARIAS, ESCOLAS E ESCRITÓRIOS
ENCONTRO DE MULHERES
Valor: Gratuito
BARRETOS CURSO ENSINA COMO USAR REDES SOCIAIS PARA AJUDAR NO NEGÓCIO Quando: 7 a 8/8 Onde: Escritório Regional do Sebrae-SP de Barretos Rua 14, 735 - Barretos - SP Valor: R$ 37
VALE DO RIBEIRA
Quando: 5 a 8/8
CURSO SEBRAE MAIS GESTÃO FINANCEIRA
Onde: Expo Center Norte
Quando: 7 e 9/8
Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme - São Paulo
Onde: Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Registro (Aciar) Rua José Antônio de Campos, 455, SL 01, Centro - Registro - SP
Informações: www.escolarofficebrasil.com.br
BIJOIAS – 82ª FEIRA INTERNACIONAL DE BIJUTERIAS E ACESSÓRIOS Quando: 15 a 16/8 Onde: Centro de Convenções Frei Caneca
Valor: R$ 900
SÃO CARLOS PALESTRA ENSINA COMO CONTRATAR FUNCIONÁRIOS PARA EMPRESA
R. Frei Caneca, 569 - Consolação - São Paulo
Quando: 13/8
Informações: www.bijoias.com.br
Onde: Associação Comercial e Industrial de Rio Claro Rua Três, 1431, Centro - Rio Claro - SP
PET SOUTH AMERICA – 17ª FEIRA INTERNACIONAL DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA A LINHA PET E VETERINÁRIA
Valor: Gratuito
Quando: 21 a 23/8
CAPITAL CENTRO
Onde: Centro de Exposições São Paulo Expo
CURSO ENSINA COMO GERENCIAR UMA EQUIPE
Rodovia dos Imigrantes, km 1,5 - Vila Água Funda - São Paulo
Quando: 14, 15, 16 e 21, 22, 23/8
Informações: www.petsa.com.br/pt
ENIE E INFRABUILDING – 17ª FEIRA E ENCONTRO NACIONAL DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Quando: 28 a 30/08 Onde: Expo Center Norte Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme - São Paulo
Onde: Escritório Regional do Sebrae-SP Capital Centro Rua 24 de Maio, 32, República - São Paulo Valor: R$ 280
ALTO TIETÊ SEBRAE REALIZA SESSÃO DE NEGÓCIOS Quando: 23 a 28/8
Informações: www.arandaeventos.com.br/eventos2018/enie/html/
Onde: Senai Suzano Avenida Senador Roberto Simonsen, 500, Jd. Imperador - Suzano - SP
index.html
Valor: R$ 50
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TEC &
LIVROS O Investidor Inteligente (Editora Harper Collins) O livro de Benjamin Graham, considerado um dos maiores consultores de investimento do século XX, ensina o conceito do valor de investimento e como os investidores se protegem de erros substanciais. Na obra, o leitor aprende como desenvolver estratégias de longo prazo. Esse livro é referência para quem gostaria de investir com menos risco.
Jovens com Atitude Enriquecem Mais Rápido (Editora Universo dos Livros) Nesse livro, os autores Jack Canfield e Kent Healy juntaram milhares de pedidos para desenvolver estratégias de sucesso para o público jovem. A parceria resultou em um manual que oferece informações e inspirações para ajudar o leitor a chegar ao lugar onde almeja estar. A obra inclui vinte estratégias importantes utilizadas por milhares de jovens em suas histórias de negócios.
O Único Livro Que Todo Empresário Precisa Ler (Editora Gente) O autor do livro, Paulo Maranhão, é procurado por donos de empreendimentos de todos os tamanhos para resgatar empresas de crises e alavancar seu crescimento. Na obra mostra a trajetória do empresário que vai desde o faturamento de mais de R$ 100 milhões até a falência — e de volta aos milhões —, e de como se tornou um dos pioneiros do e-commerce no Brasil. No livro, Maranhão afirma que existe uma única coisa que todos os empresários de sucesso têm em comum: espírito de vendedor aliado a uma resiliência imbatível.
PROGRAMA VAI DESENVOLVER STARTUPS DE EDUCAÇÃO Neste mês tem início programa voltado para as chamadas edtechs, as startups de educação. Começa a funcionar a nova sede do Cubo, espaço de inovação e empreendedorismo do Itaú. A iniciativa, batizada de Cubo Education, é uma parceria do banco e da Kroton Educacional, empresa do ramo de educação. O local, em São Paulo, está projetado para receber 210 startups. A parceria tem como objetivo levar inovação para o ensino no nível básico e na educação superior e atingir, assim, um milhão de pessoas. A Kroton poderá aproveitar as soluções das startups participantes, tornando-se cliente das startups. A Kroton terá pessoal instalado no Cubo Education para acompanhar o desenvolvimento dos projetos.
Istockphoto.com
BRASIL CAI DUAS POSIÇÕES NO RANKING DE COMPETITIVIDADE DIGITAL O Brasil passou da 55ª para 57ª posição no ranking de competitividade digital global da escola de negócios suíça IMD, na edição 2018 do World Digital Competitiveness Ranking. Considerando apenas a América Latina, o Brasil fica na quarta posição. Quem lidera é o Chile (na 37ª posição global), depois Istockphoto.com vem o México (no 51º lugar global) e Argentina (na 55ª colocação no ranking global). O IMD classifica os países com base em três fatores: conhecimento, tecnologia e preparação para o futuro. Cada área ainda se divide em outros itens. A melhor classificação do Brasil vem no quesito preparação no futuro, em que aparece como 47º no ranking total (apesar de apresentar piora em relação ao ano passado, caindo três posições). Segundo a escola de negócios suíça, o gasto total em educação, largura de banda de conexão à internet e ampla posse de smartphones são alguns dos pontos positivos do País. Mas o destaque é a “produtividade de P&D por publicação”, quesito no qual o Brasil ocupa a 8ª posição. O País falha em índices de gerenciamento de cidades, habilidades tecnológicas/digitais e tecnologia da comunicação. Contudo, os aspectos regulatórios para se iniciar um negócio se mantêm mal avaliado pelas dificuldades impostas pela burocracia brasileira. A primeira posição do levantamento da IMD é dos Estados Unidos, seguido por Singapura, que ocupava o topo no ano passado. Na terceira posição, está a Suécia.
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IDEIAS
O Facebook vai retirar de sua plataforma os negócios que podem dar reputação negativa à rede social. A empresa iniciou o lançamento global de um recurso para avaliar a experiência dos usuários com marcas que foram conhecidas a partir dela. Depois de comprarem algo online a partir Istockphoto.com de um anúncio, usuários podem preencher uma avaliação sobre a experiência de compra e o produto. Se a marca tiver muitas reclamações, o Facebook pode não publicar mais anúncios da empresa. Assim que o Facebook identifica que um usuário realizou uma compra a partir de um anúncio, ele recebe uma notificação convidando a responder a pesquisa sobre qualidade do produto, do atendimento e do envio do mesmo. Ou seja, marcas que querem ter sua presença cativa no Facebook deverão se preocupar com o processo e pós-compra para serem bem avaliadas. Ao mesmo tempo, a rede social diz que irá avisar aos negócios das avaliações negativas, de forma que eles também reajam.
GUERRA DIGITAL O filme Piratas do Vale do Silício retrata a ascensão de duas das maiores empresas de tecnologia: Apple e Microsoft. A obra aborda o período entre 1970 e 1985 e a rivalidade existente entre as companhias e os pontos de vista de Steve Jobs e Bill Gates. Para o empreendedor, fica o recado de como deve agir para superar desafios e conseguir colocar Divulgação seu negócio no caminho do sucesso. Produção de 1999 feita para a televisão, foi considerada por Steve Wozniak (co-fundador da Apple) e Gates fiel aos fatos.
“É possível um pequeno negócio cortar custos com telefonia fazendo ligações via internet?” Paulo Chabbouh, CEO da L5 Networks, responde:
Divulgação
MARCAS MAL AVALIADAS FICARÃO FORA DE ANÚNCIO NO FACEBOOK
PERGUNTE A QUEM ENTENDE
Os pequenos negócios são os que mais se beneficiam com a migração da telefonia convencional para a ferramenta da telefonia em nuvem, por internet. Isso porque esse sistema oferece uma redução de custos entre 20% a 80% quando comparado à telefonia tradicional. As vantagens vêm em diversos âmbitos, desde a adesão, assinatura e tarifas, até a instalação e manutenção de todo o sistema. Na manutenção, por exemplo, não é mais necessário trocar cabos e fios, por se tratar de uma ferramenta hospedada na nuvem. Além do fator econômico, a ferramenta combinada à internet traz outras facilidades que se relacionam a questões estratégicas de todo um negócio, como na possibilidade de realizar reuniões online (o que reduz custos de viagens), na otimização de toda infraestrutura, mobilidade, gerenciamento centralizado de sistemas, e até a integração com outros softwares gerenciais. Outro ponto é a flexibilidade da telefonia via internet, que entrega para a empresa a possibilidade de analisar dados em tempo real, ter mais eficiência no home office e atender ao ramal do escritório em qualquer lugar do mundo por meio de um smartphone com conexão de internet. Ou seja, a economia que a ferramenta gera para as empresas é o ponto principal, mas, mesmo assim, ela traz outros pontos que vão além da eficiência. E isso inclui dinamismo, agilidade e organização, desde a parte visual (com a ausência de fios, por se tratar de um sistema conectado à internet), no cuidado com a manutenção (de taxas, tarifas e sistema) e até na estratégia de funcionalidade do negócio.
Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e-mail para imprensa@sebraesp.com.br.
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Divã a distância
Milene Rosenthal é cofundadora da Telavita, uma das pioneiras em atendimento psicológico online no Brasil
“E
stou no ramo da psicologia há mais de 20 anos. Antes de trabalhar com atendimento psicológico online, estive em um cargo executivo de recursos humanos em uma empresa por cerca de 15 anos. A ideia da Telavita surgiu em meados de 2010 durante um jantar com amigos. Uma colega que estava na mesa perguntou se era permitido aos psicólogos atender virtualmente, já que, por conta da sua rotina de viagens, ela não tinha tempo para ir fisicamente a um consultório. Naquele momento eu não sabia a resposta, então fui procurar saber. Descobri que o Conselho Federal de Psicologia tinha uma resolução de 2005 que já falava sobre esse tipo de atendimento. Em 2012, o Conselho desenvolveu a antiga resolução, e eu consegui autorização para dar o primeiro passo do meu empreendimento. Não deu certo, tive certos problemas em relação às pessoas com quem eu tinha sociedade, mas mesmo assim não desisti. Apesar de ter sido uma das pioneiras aqui no Brasil, sofri muito por conta de resistência da própria categoria de psicólogos. Muitos deles não tiveram uma matéria na universidade envolvendo psicoterapia pela internet. Para eles, era algo surreal, pois mexia com o conforto profissional. Em 2014, quando ainda estava com a antiga empresa, fiquei em primeiro lugar no Prêmio Sebrae – Mulher de Negócios de São Paulo. E, desde lá, eu cresci de uma forma que nem eu imaginava. O prêmio foi muito importante para o reconhecimento do público em relação ao meu trabalho e também a todo
Milene Rosenthal, da Telavita: atendimento psicológico mais acessível
esforço que fiz para chegar àquela posição. O Sebrae-SP é uma instituição que tem total respeito com o empreendedor, e o apoio e o prêmio foram essenciais para a continuidade do meu caminho. No segundo semestre de 2016, finalmente iniciei o projeto empreendedor que mudaria minha vida. Quando a Telavita nasceu, eu já tinha maturidade suficiente para empreender e administrar uma empresa. A nossa startup começou a valorizar muito a prática de psicologia, mostrando-a de uma forma inovadora dentro da área da saúde. A ideia sempre foi aproximar o psicólogo da população, deixando-o mais disponível e acessí-
vel, além de melhorar a imagem da classe. A minha verdadeira motivação acima de tudo era levantar a psicologia no Brasil e, de certa forma, a empresa ajudou a fortalecer o atendimento online. Isso foi um marco histórico para categoria, no sentido de evolução, de inovação e de como isso afeta toda a dinâmica do profissional da psicologia. O nosso site é bem funcional: o cliente acessa, escolhe o psicólogo conforme suas necessidades, marca o horário e, assim que estiver pronto, entra na sala virtual para realizar a consulta. Hoje, a Telavita tem 72 psicólogos trabalhando diariamente na plataforma, e esse número deve
triplicar até o final do ano, porque a demanda está muito grande. A dica que eu deixo para quem deseja ter um negócio de sucesso é que primeiro procure saber se realmente tem um perfil empreendedor, pois o caminho precisa de muita resiliência e persistência. A gente mata um leão por dia, não é fácil. Mas, fazendo uma pesquisa de mercado, sabendo onde aplicar o dinheiro, e, claro, buscando inspiração, o negócio tem tudo para dar certo. Um dos meus sonhos para a empresa é que ela se torne referência nacional e mundial em atendimento de psicologia online e estamos percorrendo os trilhos para que isso aconteça.”