Jornal de Negócios - 01 de Abril de 2019 - Edição 300

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| abril de 2019 | www.sebraesp.com.br | 0800 570 0800 | # 300

Ricardo Linss e a avó Hedy: ideia de café surgiu de tradição familiar

RECEITA DE FAMÍLIA

Inspirados pelos elogios de parentes e amigos, empreendedores investem na produção de doces, tortas, entre outros itens, com jeito caseiro. Pág. 8

Startups levam tecnologia de ponta ao agronegócio Pág. 4

Espaços de coworking facilitam a vida de quem empreende Pág. 6

Saúde de cão faz dona criar empresa de comida natural para pets Pág. 10


2 | JORNAL DE NEGÓCIOS EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae-SP Edição impressa

Novo empreendedor, novo Sebrae-SP

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles

ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos-SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal. DIRETORIA EXECUTIVA

TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP

Chegamos à edição número 300 do Jornal de Negócios, publicação que há mais de 28 anos traz em suas páginas orientação, tendências e oportunidades de negócios, apoiando pequenos negócios e futuros empresários em sua jornada pelo mundo do empreendedorismo que, como sabemos, está cada dia maior, mais importante, conectado e veloz. Fiz umas contas: em 10 anos, o Brasil foi de 3,4 milhões de pequenos negócios para 15,4 milhões de empreendimentos, ou seja, aumento de 450%. Desse total, cerca de 30% estão no Estado de São Paulo. Tal crescimento reflete a melhora da taxa de empreendedorismo medida pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que mostrou que em 2018 tínhamos 52 milhões de brasileiros adultos (entre 18 e 64 anos) conduzindo alguma ativida-

de empreendedora – formal e informal. Significa dizer que dois em cada cinco brasileiros nesta faixa etária estavam envolvidos na criação e consolidação de uma empresa. Em 2002 esta relação era de um em cada cinco brasileiros. Diante deste cenário, a responsabilidade do Sebrae-SP também aumenta. E estamos trabalhando incansavelmente para levar aos donos de pequenas empresas e potenciais empreendedores orientação, capacitação em gestão, inovação tecnológica, acesso a novos mercados e financiamento. Seja nas páginas do Jornal de Negócios, que foi uma das primeiras publicações de negócios a falar de coworking, profissionalização de negócios familiares e a importância da tecnologia no mundo cada vez mais competitivo, seja em nossa rede de atendimento presencial e virtual. Neste ano vamos atender mais de 1,2 milhão de clientes e realizar cerca de 400 mil atendimentos de alto impacto –

aqueles que agregam inovação no processo, produto ou gestão do empreendimento. Para melhorar o ambiente de negócios, continuaremos investindo fortemente em duas frentes: educação empreendedora, com a inclusão de 200 mil alunos do ensino fundamental no programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos, a expansão do programa de apoio a startups e das turmas da Escola Superior de Empreendedorismo, a primeira faculdade focada no empreendedorismo; e a simplificação burocrática, com o apoio à inclusão de 400 municípios na Rede Simples, plataforma digital que integra os processos de registro, legalização e baixa de empresas, dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Para a meta se tornar realidade de sucesso, estamos ampliando nossa rede de parceiros que têm o mesmo propósito: conectar e multiplicar conhecimento para alavancar a competitividade dos pequenos negócios paulistas.

Diretor-superintendente: Luis Sobral Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos JORNAL DE NEGÓCIOS

Unidade Inteligência de Mercado Gerente interina: Marcelle Carvalho. Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Imagens: istockphoto.com. Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae-SP. Apoio comercial: Unidade Comercial. SEBRAE-SP

Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo-SP. CEP: 01504-001 ESCRITÓRIOS REGIONAIS SEBRAE-SP

Alto Tietê

Araçatuba Araraquara Baixada Santista Barretos Bauru Botucatu Campinas Capital Centro

Novidades

Capital Leste I Capital Leste II Capital Norte Capital Oeste Capital Sul

Pequenos negócios devem atualizar o emissor de Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)

Franca Grande ABC Guaratinguetá Guarulhos Jundiaí

O emissor de Nota Fiscal Eletrônica (NFe) teve sua versão 4.0.1 atualizada

O sistema de NF-e emite o documento

para

eletrônico utilizado por empresas que atuam

a b024. Quem estiver com dificuldade no

com vendas de mercadorias para outras com-

acesso deve atualizá-la gratuitamente por

panhias que não sejam consumidoras finais,

meio de um novo download, se necessário,

como venda de matérias-primas para indús-

no endereço: emissores.sebraesp.com.br. O

trias ou de mercadorias para revendedores,

procedimento não implica perda dos dados

tanto dentro do Estado quanto em operações

da versão anterior.

interestaduais; para consumidores finais, pes-

Além de colocar à disposição o emissor, o Sebrae-SP também é responsável pelo funcionamento e suporte do software.

Marília Osasco Ourinhos Piracicaba Presidente Prudente Ribeirão Preto São Carlos São João da Boa Vista São José do Rio Preto São José dos Campos Sorocaba Sudoeste Paulista

Os donos de pequenos negócios de todo

soas físicas ou jurídicas, localizadas em ou-

o País – micro e pequenas empresas e Mi-

tros Estados; para governo ou administração

croempreendedores Individuais (MEIs) – são

pública; e para consumidor final para entrega

obrigados a estar com a versão atualizada do

em domicílio dentro do Estado de São Paulo,

ENTRE EM CONTATO:

emissor de NF-e.

quando não se tratar de “delivery”.

0800 570 0800

Vale do Ribeira Votuporanga


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Entrevista do mês

Olhando para o alto

Rosana Marques começou na Seg como estagiária em 2004 e hoje é proprietária da empresa

A

os 30 anos, a administradora de empresas Rosana Marques conseguiu alcançar o topo da carreira na empresa em que começou como estagiária – e mais do que se tornar diretora, ela decidiu adquirir a companhia, passando de funcionária a empreendedora. Rosana hoje é dona da Seg, empresa de saúde ocupacional criada em 2000, e que presta serviço a mais de 500 instituições no Brasil. A próxima meta da Seg, sediada em Osasco (SP), é partir para o mercado internacional até 2020. Rosana entrou na Seg em 2004 como estagiária e foi subindo posições dentro da empresa, ao mesmo tempo em que se dedicava aos estudos. Já em cargo de liderança, suas preocupações se voltaram à gestão de pessoas e ao atendimento ao cliente. “Hoje, prestar um serviço qualquer empresa pode realizar, mas o que a diferencia e a torna inovadora é focar nas pessoas”, diz. Na entrevista a seguir, Rosana fala sobre sua carreira e sobre o comportamento empreendedor. Como foi a trajetória da senhora dentro da empresa? Comecei na Seg com 17 anos, como estagiária, e depois de três meses fui registrada como assistente comercial. Atuava na área de vendas, “prospectava” o dia inteiro, e cada cliente fechado era uma alegria. A empresa era muito pequena, então qualquer cliente que eu trazia significava muito. Recebi alguns prêmios internos de vendas e, com isso, passei a coordenadora comercial, com responsabilidade também por toda a parte administrativa. Passei a gerente comercial, e também comecei a cuidar da parte operacional, focada em auditoria e engenharia, e gerenciava os profissionais na entrega de laudos. Tínhamos um problema no setor financeiro e precisei dar apoio. Quando vi, já estava gerenciando toda a empresa. Assim, nos últimos anos, já com a vontade do ex-presidente de ir embora do País, ele veio me preparando para cadeira da diretoria.

Rosana Marques, da Seg: “A primeira coisa que fiz como diretora foi adquirir mais conhecimento”

Quais os principais desafios que a senhora enfrentou quando assumiu a empresa? Quando assumi a direção, eu praticamente já fazia tudo o que faço hoje. Mas o maior desafio é, com certeza, quando temos uma alteração na equipe. A gente precisa trabalhar o engajamento da equipe novamente. Costumo dizer que toda vez que uma peça do tabuleiro se movimenta, parece que o jogo começa de novo. Como lido com todas as áreas da empresa, lido também com energias diferentes. Tem hora em que estou focada no financeiro com uma energia, daqui a pouco estou no marketing com outra “vibe”. Que orientações a senhora poderia dar para quem está começando a empreender? Como diretora, o que mais senti necessidade foi de estudar, de

buscar conhecimento em todas as áreas, como finanças, contabilidade e gestão de pessoas. Outra dica é conversar com especialistas, amigos que já são empreendedores, e ter sempre pessoas muito boas ao seu lado para ajudar na tomada de decisões. A última dica é ter coragem para empreender, ir até o fim, não desistir mesmo diante das dificuldades, e elas existirão, mas a coragem leva ao sucesso. Além da experiência prática, como a senhora se preparou para ser empreendedora? Estudando muito. Durante a faculdade eu já trabalhava na Seg e isso me ajudou muito com a teoria e prática, pois via coisas na faculdade que aplicava na empresa. Também fiz MBA em gestão comercial e tudo que aprendia aplicava, então a minha experiência acadêmica ajudou muito.

O setor de serviços é o que mais cresce entre os pequenos negócios, mas como ser inovador nessa área? Hoje, prestar um serviço qualquer empresa pode realizar, mas o que a diferencia e a torna inovadora é focar nas pessoas. Por mais informatizado que os sistemas estejam, existe uma pessoa trabalhando ali, operando e lidando com situações. É preciso saber que você vai passar por algum conflito com seu cliente durante um contrato, e nesse momento você mostra que é diferente para solucioná-lo. A tecnologia está aí para todo mundo, é só ficar “ligado”, mas o atendimento ao cliente é o fator que mais difere. Qual a importância do bem-estar do funcionário? O bem-estar está ligado à produtividade. Pessoas em um ambiente mais harmônico, com uma boa qualidade de vida e um clima mais favorável, tendem a desempenhar um trabalho melhor. Sempre criamos novos métodos e situações para melhorar a qualidade de vida. Em 2018, lançamos a Sala da Criatividade, com pufes e almofadas para descansar e até dormir, e o Cantinho de Estudo, com computador livre para que façam pesquisas. Tenho muito orgulho em dizer que hoje a pessoa que mais utiliza esse cantinho do estudo é a nossa faxineira, que estuda online todos os dias. Ainda há espaço para empreender na área de RH? Vejo um nicho grande de mercado na área de consultoria, muitas pessoas estão saindo do mercado e montando sua própria consultoria de liderança e gestão de pessoas. Outro dia escutei que hoje em dia as pessoas estão ganhando mais dinheiro com o óbvio, ninguém mais inventa a roda. Todo mundo sabe que trabalhar em equipe é bom, porém compram um treinamento desse tipo para escutar o que já sabem. Há muito mercado para atuar nas coisas óbvias.


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Agro com inteligência artificial Movimento AgTech impulsiona novas tecnologias, oferece aumento de produtividade e redução de custos

Fernando Lopes, da MVisia: câmera para encontrar produtos fora de padrão

Rogério Lagos

R

esponsável por cerca de 20% do PIB nacional, o agronegócio é um dos principais motores da economia brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só nos últimos dois anos, o setor cresceu mais de 13%. No entanto, apesar da sua relevância, ainda existe uma grande margem para melhorar a eficiência, sustentabilidade e resultados. De acordo com o consultor do Sebrae-SP José Eduardo Soriano, logística e conectividade são dois problemas no agronegócio brasileiro, muito por conta do extenso território. Apesar deste cenário, os produtores rurais podem aumentar sua competitividade – e consequentemente colaborar com a economia nacional – ao apostarem em inovação. “O movimento AgTech vem possibilitando novas tecnologias, fomentando a agricultura de precisão que oferece mais assertividade nas tomadas de decisões ao ana-

lisar imagens, plantas e solo, por exemplo”, explica o especialista. O AgTech, termo criado no Vale do Silício para se referir às empresas que trabalham com inovação aplicada ao agronegócio, é uma das próximas grandes ondas do mercado global de tecnologia. No Brasil, esse movimento chegou com força, tanto em função do nosso contexto econômico, quanto pelo histórico geográfico, cultural e social. A cidade de Piracicaba, por exemplo, já é conhecida há três anos como AgTech Valley, uma espécie de Vale do Silício brasileiro da agricultura, tudo por conta do grande ecossistema tecnológico formado por universidades, como a Esalq-USP, e empreendimentos de inovação agro. A MVisia é uma startup que faz parte do movimento AgTech. A empresa desenvolve máquinas e sistemas baseados em visão computacional e inteligência artificial para determinar o índice de qualidade de produtos agrícolas. Na prática,

isso significa que casos de contaminação ou de má qualidade de produtos alimentícios industrializados estão com os dias contados. Fernando Lopes, engenheiro mecatrônico sócio da MVisia, explica que uma câmera inteligente funciona como um olho humano que pode ser programada para encontrar qualquer produto destoante do padrão de qualidade estabelecido. O equipamento pode analisar, sem a presença de um operador humano, o formato, cor, tamanho e textura dos alimentos e decidir se estes apresentam algum risco de má qualidade ou contaminação. Caso identifique problemas nos alimentos, ela pode interromper ou travar as máquinas para que o problema seja sanado. “Essa solução traz grandes benefícios para o agronegócio, como a redução de mão de obra, custos de retrabalho e ainda retira a subjetividade dos processos, oferecendo um maior controle de qualidade e aumento de produtividade”, explica Lopes. Quem segue nessa mesma linha de inovação é a Agrorobótica. A startup, em parceria com a Embrapa Instrumentação, desenvolveu um equipamento capaz de fazer a análise de solo em áreas agropecuárias de maneira limpa e economicamente acessível ao produtor rural. O AGLIBS 1.0 utiliza a espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser (LIBS), tecnologia utilizada no Rover Curiosity, robô da NASA para descobrir a presença de água em Marte. Esse laser é aplicado na amostra de solo gerando um plasma que emite luzes diferentes de acordo com átomos e íons presentes no solo. Um software de inteligência artificial analisa de forma qualitativa e quantitativa os elementos presentes na amostra e o agricultor toma suas decisões de insumos corretivos e fertilizantes. “Atualmente, cerca de 22% do custo do agricultor é com fertilizantes. Ele precisa ter uma gestão digital do seu solo para não investir de forma desnecessária”, explica o agrônomo sócio da Agrorobótica, Fábio Ange-

lis. Uma análise de solo comum chega a ser concluída entre 10 e 15 dias, enquanto que o equipamento à laser entrega a análise em apenas um dia, sem resíduos químicos. Dessa forma o produtor rural reduz processos, ganha tempo, eleva a qualidade da análise e aumenta a produtividade. Para o consultor do Sebrae-SP José Eduardo Soriano, os produtores rurais precisam buscar mais informações sobre tecnologia para potencializarem seus negócios. “Os produtores podem se informar com as cooperativas que façam parte para ficarem por dentro das oportunidades. Participar de feiras, palestras e eventos em geral que tratem da tecnologia no agronegócio também são atitudes essenciais para aumentar a produtividade e aumentar os lucros.”

SEBRAE ESTÁ NA AGRISHOW Entre os dias 29 de abril e 3 de maio ocorre a Agrishow 2019, maior feira de tecnologia agrícola do Brasil e uma das maiores do mundo. Ela reúne soluções para todos os tipos de culturas e tamanhos de propriedades, além de ser reconhecida como o palco dos lançamentos das principais tendências e inovações para o agronegócio. O evento irá acontecer das 8h às 18h em Ribeirão Preto, na Rodovia Antônio Duarte Nogueira, quilômetro 321. O Sebrae estará com um estande no local denominado “Fazenda Inteligente”, que irá levar soluções em inovação e gestão para os produtores rurais. Haverá demonstrações das atividades propostas, divulgação de vídeos com cases de sucesso, entre outras ações.



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Empresas dão adeus ao

A popularização dos espaços de coworking facilita a vida

Equipe da SML Brasil: rotina de trabalho adaptada a espaço compartilhado

Diego Braga Norte

M

uitos empreendedores começam seus negócios em casa. Pode ser na garagem, na cozinha, num ateliê ou escritório improvisados, mas quase sempre dentro de seus lares. Naturalmente, depois de crescer, o próximo passo é um escritório ou ainda uma sede própria, certo? Errado. Hoje, com a popularização dos ambientes de coworking – espaços de trabalho compartilhados –, pode ser vantajoso abrir mão de um local próprio. Os benefícios podem incluir custos menores, maior proximidade com outros empreendedores e intercâmbio de ideias, ganhos de produtividade e agilidade. Tiago Alves, CEO do

grupo IWG, proprietário das redes de coworking Regus e Spaces, avalia que a diversificação do mercado de escritórios compartilhados oferece “diferentes espaços para muitos tipos de usuários”. Assim, desde empreendedores individuais, profissionais liberais e mesmo multinacionais podem utilizar e prosperar operando em locais de coworking. No caso da companhia de soluções de gestão SML Brasil, o intuito era construir uma imagem mais moderna, conferindo um perfil mais dinâmico para seu negócio. Para conseguir seu objetivo, a empresa optou por um plano de transição, liberando parte de seus funcionários para trabalhar e casa e, posteriormente,

migrar para espaços de coworking. “Queríamos dar mais liberdade aos funcionários, mais motivação. Essa atitude desconstrói processos internos, desburocratiza a gestão. Hoje, 60 pessoas já trabalham dessa forma”, conta Caroline Rosalino, diretora de recursos humanos da SML. Para a empresa, há uma simplificação evidente na operação, pois, em vez de se programar para contratar e se relacionar com diferentes serviços (luz, internet, água, telefone, segurança, limpeza, aluguel, condomínio, entre outros), ela paga apenas um boleto – e o coworking cuida de tudo. Caroline avalia que os funcionários ganham mais autonomia e responsabilidades. “O funcionário é o

protagonista de suas funções, não tem mais o gestor próximo cobrando. Isso é positivo, forma quadros mais engajados e envolvidos com a empresa”, diz. Outra vantagem é a mobilidade que os empregados ganham, fato que pode refletir positivamente no desempenho de suas funções. Como muitos são consultores, andam bastante pela cidade de São Paulo visitando clientes potenciais e atuais. Sem uma sede fixa, eles não precisam retornar ao escritório, e assim podem continuar seus trabalhos em qualquer uma das 14 unidades da empresa de coworking que a SML Brasil tem contrato. Houve ainda mudanças significativas nos hábitos dos colaboradores. Muitos abandonaram os carros e passa-


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escritório tradicional dos empreendedores iniciantes e mesmo das grandes companhias ram a ir para os espaços de coworking próximos às estações de metrô, outros mudaram até suas roupas, abandonando o visual corporativo e adotando trajes mais informais. A adaptação, no entanto, não foi tão fácil. Entre os problemas que a empresa encontrou na transição para os escritórios compartilhados, a diretora de RH ressalta que para alguns funcionários mais velhos, habituados a anos ou décadas de rotinas corporativas, a mudança foi mais difícil, ou mesmo impossível. “Não é todo mundo que se enquadra, o coworking tem mais barulho, mais informações, mais distrações”, admite Caroline. Assim, alguns colaboradores não se enquadraram e pediram demissão. Outro desafio é manter as pessoas conectadas às suas equipes e dedicadas às suas atividades sem se dispersarem. Mas ela faz um balanço positivo da mudança. “A sigla SML da nossa empresa significa simplicidade, mobilidade e liberdade. Temos como missão estar na vanguarda e nossos funcionários estão mais felizes dessa maneira.”

loja online. “A localização acaba influenciando o tipo de tribo que frequenta os espaços. Com isso, há a aglomeração natural de interesses comuns. Arquitetos querem estar perto de construtechs; advogados, de lawtechs; e assim por diante”, explica Tiago Alves, do grupo IWG. Ricardo Martins, consultor do Sebrae-SP responsável pelo espaço de coworking gratuito mantido pela entidade no Palácio dos Campos Elíseos, no centro da capital paulista, acredita que os escritórios

Uma vez abrigados no espaço coletivo, tanto no coworking do Sebrae-SP como em outros, os empreendedores podem participar de painéis de trocas. São quadros de oportunida-

des, com empreendedores oferecendo e procurando serviços e talentos. O Sebrae-SP também convida os empreendedores do coworking para fazerem oficinas para seus colegas. Por exemplo, um empreendedor pode compartilhar seus conhecimentos de SEO (otimização para motores de busca), outro pode fazer uma apresentação sobre como estruturar bancos de dados. “É uma via de mão dupla, com os próprios frequentadores se organizando, disseminando conhecimento, promovendo trocas e negócios”, diz Martins.

POR DENTRO DO

CONEXÕES IMPORTAM

A proliferação de escritórios compartilhados, especialmente na cidade de São Paulo, também está proporcionando a criação de nichos, facilitando encontros – e negócios – entre empreendedores com interesses comuns. Por exemplo, na região da avenida Faria Lima, o perfil é mais corporativo, com empresas maiores ocupando espaços de coworking. Na Vila Olímpia é mais informal, com muitas startups de serviços e desenvolvimento de software. A Vila Madalena e Pinheiros costumam atrair os empreendedores criativos, como suas agências de marketing, serviços de design e criação de conteúdo. Já o público da avenida Paulista reflete a própria diversidade do endereço, de multinacionais, como a Accenture e a KPMG, a até microempreendedores individuais que mantêm uma

compartilhados deixaram de ser meras estações de trabalho para se transformar em pontos de aprendizagem, relacionamento e negócios. “Muitas pessoas vêm em busca de conexões, interações sociais com empreendedores em situação semelhante, visando possibilidades de parcerias e negócios.”

PREÇOS

BENEFÍCIOS HORÁRIO

EXTRAS

Há diferentes planos, possibilitando aos empreendedores escolher aquele que melhor se enquadra às suas necessidades. Há pacotes mensais a partir de R$ 500. Alguns espaços também oferecem opções de pagamento por diárias ou mesmo por hora. Posto de trabalho livre ou fixo, wi-fi, salas de reunião, possibilidade de conviver com outros empreendedores. De novo, as opções são variadas. Alguns funcionam no horário comercial e outros durante 24 horas, ideais para os empreendedores notívagos ou que prestam serviços para países em outros fusos horários. A oferta de atrativos e serviços costuma ser o diferencial que fisga os empreendedores. Há café gratuito, salas de convivência e descanso (com games e revistas), serviços de helpdesk, lanchonete, copa equipada, bares (sim, há quem abra uma cerveja durante o trabalho), bicicletário, armários privativos, impressoras e scanners coletivos, locais para ligações reservadas, vestiários com chuveiros (para aqueles que vão de bike), espaços petfriendly, entre outros.


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Receita de família se Tradições e produções caseiras aprovadas por parentes

Ricardo Linss buscou nas bolachas da avó, Hedy, a inspiração para montar seu negócio

Gisele Tamamar

D

urante os 20 anos que Ricardo Linss morou na Alemanha, a avó Hedwig Dudy Müller não deixou de mandar as bolachas decoradas feitas por ela no Brasil na época do Natal. Depois de estudar gastronomia, comércio exterior e administração, foi natural pensar nos doces da avó na hora de abrir o próprio negócio, em São Paulo. O resultado foi a inauguração do Café&Delikatessen Oma Hedy. Oma significa vovó em alemão e Hedy é o apelido carinhoso da avó, hoje com 91 anos. Assim como Linss se inspirou nas bolachas da avó para montar

seu negócio, outros empreendedores enxergam nas receitas da família uma oportunidade para começar uma empresa e ao mesmo tempo manter as tradições. Na avaliação da consultora do Sebrae-SP Juliana Berbert, essa prática é bastante comum porque conta com prévia validação e aceitação de um possível mercado consumidor, que muitas vezes também opina sobre possíveis melhorias e variações de sabores. “Essa etapa prévia gera uma expectativa positiva de que o produto será bem aceito pelo mercado em geral”, destaca. De acordo com Juliana, desenvolver um negócio a partir de uma

receita familiar cria uma relação positiva com a tradição e, de certa forma, “conforto”. “Quando as receitas são tradicionais, elas contam uma história, proporcionam um envolvimento emocional que é fundamental para se conectar com os clientes. A proposta de valor traz esse viés de empatia e indulgência, quando você se sente parte de algo maior ao consumir o produto. É um diferencial a ser explorado e que pode ser um excelente mecanismo para engajar o cliente potencial”, destaca. No Café Oma Hedy, por exemplo, é comum cientes se lembrarem da infância durante a visita. “Hoje, muitas tradições vão se perdendo.

As pessoas nos visitam e lembram das coisas que as avós faziam”, conta o empresário. O negócio foi montado no imóvel em que funcionou o açougue dos avós. “O projeto demorou dois anos para se concretizar. Fiz um investimento inicial de R$ 9 mil e adequações. Trabalhava o dia inteiro e depois do expediente ia arrumar o espaço”, conta Linss, que tem planos de expandir o negócio. O local tem como carro-chefe o strudel, do tradicional de maçã até o de joelho de porco defumado com chucrute, além de comercializar outros produtos típicos da Alemanha.


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transforma em negócio e amigos chegam ao mercado como aposta dos empreendedores SAUDÁVEL E VEGANA

A receita de granola da mãe da empresária Carolina Potenza sempre fez sucesso entre os familiares e amigos, mas o produto não foi a primeira opção considerada na hora de abrir a empresa. “Há 20 anos não se achavam produtos saudáveis com facilidade no mercado e minha mãe fazia essa granola, à base de castanha e com melado de cana. Ela é mais grudentinha, para comer como um snack”, lembra Carol. O e-commerce Natural e Ponto começou a funcionar em 2015 apenas com a venda de produtos de outras marcas. Mas depois da insistência das pessoas ao redor, Carol resolveu fazer um teste com a receita da granola da mãe Carmelita. A inspiração para o nome do produto, Granola da Vovó, veio do sobrinho, fã da granola da avó. Sem grandes pretensões, Carol embalou o cereal, pediu ajuda de uma amiga nutricionista para inserir as informações nutricionais e colocou à venda no site. Ela achou que as primeiras transações eram resultado da curiosidade dos clientes. Mas o número de clientes que voltavam a comprar despertou a atenção. “Parei de vender os outros produtos e fiquei um ano só vendendo granola para entender o mercado”, conta. Aos poucos a empresária começou a inserir outros produtos no site, como granola de chocolate, castanhas drageadas e brigadeiro proteico. Todos veganos. A empresa segue com planos de expansão. O objetivo é terceirizar a produção para conseguir aumentar a escala no médio prazo, chegar a mais pontos de vendas e lançar novos itens. Atualmente são vendidos cerca de 100 quilos da granola por mês no site, lojas e empórios de produtos naturais.

ADAPTAÇÃO

A avó também foi a homenageada pelo negócio de Edgard Wolf,

proprietário da Pimentas Vó Lice, de Avaré. O molho foi inspirado na receita que a avó Alice fazia para temperar frango para rechear coxinhas. “Todo mundo gostava do tempero. Aí veio o instinto empreendedor; adaptei a receita e abri a empresa”, conta. Esse impulso empreendedor a que Wolf se refere veio à tona quando ele ficou desempregado, em 2012. Com R$ 200, ele viajou a São Paulo para comprar os frascos para o molho. “A maioria dos 100 primeiros frascos foi doada para o pessoal experimentar”, diz. Hoje, Wolf investe em outros produtos à base de pimenta e tem planos para lançar uma linha de molhos premium. “Minha produção é artesanal e estou me estruturando para lançar uma nova linha”, conta. Para quem tem planos de transformar uma receita de família em

um negócio, a consultora do Sebrae-SP destaca que o principal cuidado é fazer um bom levantamento de custos, tanto da mercadoria vendida (CMV), dado a partir do desenvolvimento das fichas técnicas, quanto dos custos fixos e variáveis que envolvem a produção do produto. Esse levantamento ajuda no cálculo do investimento inicial e na composição de preços com a melhor margem e retorno. “Muitos empresários, principalmente os que vão iniciar o negócio em casa, acabam não contemplando todos os custos envolvidos, e assim, não conseguem dimensionar o retorno que o empreendimento de fato irá dar”, alerta Juliana. A consultora também chama a atenção para um bom planejamento de marketing. “Uma coisa é o produto ser aprovado por amigos e familiares, outra é ser aprovado

pelo mercado”, frisa. O planejamento de marketing analisa se o produto está adequado ao local, se a segmentação de clientes foi pensada de acordo com a proposta de valor do produto e como será feita a comunicação com os consumidores. É a hora de trabalhar os 4Ps (produto, preço, praça e promoção) para direcionar melhor o planejamento do negócio.

CUIDADOS

O empreendedor também não pode se esquecer das boas práticas e legislação sanitária. “É necessário que a produção seja feita dentro das normas estabelecidas pela vigilância sanitária, mantendo o local limpo, com uso de produtos de qualidade, a operação dentro dos padrões que minimizem quaisquer riscos de contaminação e a saúde dos clientes”, reforça a consultora.

O QUE FAZER ANTES DE COMEÇAR Faça um levantamento de custos

Faça um planejamento de marketing

Siga a legislação sanitária

• custo da mercadoria vendida (CMV) - a partir do desenvolvimento das fichas técnicas • custos fixos e variáveis envolvidos na produção

• adequação do produto • segmentação de clientes • como será feita a comunicação

• produção deve ser feita dentro das normas estabelecidas pela vigilância sanitária • operação deve seguir os padrões para minimizar riscos de contaminação


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Comida boa pra cachorro

Marluce Remígio abriu a empresa Lucky Pets com seu filho após problemas de saúde de seu cão Patricia Gonzalez

“I

niciei o meu negócio por causa dos problemas de saúde do meu cachorro, Nick. Desde muito novo, ele apresentou questões hormonais, renais e de perda de pelos, e falta de apetite. Em 2016, ele ficou na UTI por três dias. Ao retornar para casa, ele ainda estava debilitado e a falta de interesse em comer ração seca nos deixou muito preocupados. Começamos a procurar soluções. Foi quando conhecemos a doutora Celina Emiko Okamoto Okubo, que nos sugeriu mudarmos para a alimentação natural, com uma receita prescrita específica. Foi assim que conheci o conceito de alimentação natural para cachorros e gatos. Em menos de um mês após a introdução da alimentação natural, a mudança do Nick foi radical. Ele começou a comer como nunca. Em pouquíssimo tempo, ele já havia se recuperado, tinha muito mais energia, pelos sedosos e brilhantes. Os exames estavam perfeitos e ele estava curado. Ele não teve mais nenhum problema de saúde. Foi essa mudança drástica que me motivou, com meu filho, José Doniseti Luiz Júnior, a criar um negócio de alimentação natural para pets. Em dezembro de 2016, começamos a amadurecer a ideia sobre o negócio. Realizamos pesquisas de mercado, conversas com amigos e familiares, com a doutora Celina – uma grande incentivadora do negócio, que acabou se tornando nossa consultora veterinária. O Sebrae também é fundamental para mim. Sou cliente há mais de oito anos, antes de a Lucky Pets existir, pois já tive outra empresa de construção civil. O trabalho desenvolvido nas consultorias presenciais e palestras são norteadores. Sempre que tenho dúvida, procuro

Marluce e o filho, da Lucky Pets: vendas acima do esperado em menos de um ano

o Sebrae. Já fiz cursos e recebi orientações para estratégias de divulgação, finanças, inovação e muitos outros. Também participei da Feira do Empreendedor no ano passado no quadro Encontro com os Tubarões e fui uma das dez finalistas. Acredito que o maior desafio tenha sido nosso desconhecimento da área veterinária e da de alimentação. Sou formada em letras e administração de empresas e grande parte da minha vida trabalhei na área de construção civil pesada. Já meu filho é engenheiro civil e sempre trabalhou em construção civil. Para superar as dificuldades, contamos com a doutora Celina, responsável por tudo que envolvia a área veterinária, inclusive a elaboração do cardápio completo e balanceado, e com a nutróloga Fernanda Larizza, que nos ajudou desde a elaboração

do projeto, construção e certificações necessária para a montagem de uma cozinha industrial – foram mais de 15 certificações de órgãos públicos. As nossas vendas começaram em 9 de abril de 2018, pelo e-commerce. As presenciais começaram três meses depois, com o convite de um cliente para oferecermos nossos produtos em sua boutique, no térreo de seu salão de estética, nos Jardins. Os primeiros clientes foram amigos ou conhecidos. Após essa primeira leva, os clientes foram chegando por indicações tanto de outros clientes quanto da veterinária. Hoje atendemos em média 70 pets, o que equivale a 700 kg de refeição por mês. Pretendemos passar de uma tonelada e 100 pets nos próximos meses. A maioria absoluta da nossa refeição é para cachorros. Temos um cardápio pronto, completo, balanceado e suplementado.

Após apelo de alguns veterinários, resolvemos manipular as receitas prescritas por eles. Este pedido ocorreu porque alguns pets têm necessidades especiais que às vezes não conseguem ser supridas pelo nosso cardápio pronto. Atualmente, 60% de nossas refeições vendidas são de receitas personalizadas. Ainda não completamos um ano e chegamos a um patamar mais alto do que esperávamos. A expectativa de crescimento é muito boa para este ano, assim como a expectativa para o mercado pet em geral. Além do aumento de clientes, nossa linha de produtos irá crescer também com o novo sabor do nosso cardápio pronto para cachorros. Pretendemos criar uma linha de petiscos naturais para cães, gatos e até humanos. Estamos muito empolgados.”


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Geração promissora GUILHERME SANCHEZ, Analista de negócios do Sebrae-SP

Como validar uma ideia inovadora? Suponha que você teve uma ideia de negócio que acredita ser a “próxima onda” do mercado. Com medo de ter a ideia roubada, você se tranca no escritório durante três meses, faz a modelagem, desenvolve o produto e lança-o. Com semanas de comercialização, aparece a dura verdade: ninguém quer comprar o seu produto. Essa é uma realidade comum para empresas consolidadas e iniciantes. A pesquisa Causa Mortis do Sebrae-SP apontou que 46% das empresas não conhecem seu mercado e hábitos de consumo dos clientes. Estudo realizado pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral mostra que pelo menos 50% das startups morrem com um tempo menor ou igual a quatro anos de existência. Mas como mudar essa realidade? O empreendedor e pesquisador Steve Blank, especialista em desenvolvimento de negócios inovadores, defende que os empreendedores precisam definir e validar as hipóteses-chave do negócio antes de investir grande quantidade de recurso e esforço. O modelo desenvolvido por Blank é denominado Desenvol-

vimento pelo Cliente e é composto por quatro etapas. Na primeira, Descoberta do Cliente, os empreendedores devem encontrar um problema relevante a ser solucionado e encontrar a solução, validando todas as informações com potenciais clientes reais. Na segunda, Validação pelo Cliente, o empreendedor deve ter certeza de que o cliente irá pagar pela solução, validando os canais de venda e distribuição da solução. Até agora, a ideia ainda deve ser um produto mínimo viável (MVP, na sigla em inglês), sem grande investimento de recurso e esforço. Após validar as hipóteses de problema, solução e modelo de negócio, os empreendedores podem partir para o mercado de forma mais agressiva. Na terceira etapa, Geração de Demanda, a empresa busca ganho de escala provando e ajustando canais de venda e distribuição. Já na última, Estruturação do Negócio, a ideia se transforma em estrutura formal, garantindo eficiência e crescimento sólido da empresa. A jornada não é simples e é passível de erros. Porém, é importante entender que a validação diminui muito as chances de falha.

Empreender envolve uma série de desafios, entre eles sobreviver aos dois primeiros e críticos anos de vida do negócio – uma de cada quatro micro e pequenas empresas fecha antes de completar 24 meses de existência, segundo estudo do Sebrae. A chance de superação dessa fase é diretamente proporcional à preparação dedicada ao projeto. Um planejamento bem feito dá qualidade à gestão da empresa, que funciona escorada em um plano com oportunidades e riscos mapeados. Quem tem experiência conhece atalhos para contornar as dificuldades. E quem está chegando agora ao mercado? É o caso dos jovens que decidem empreender. A mais recente pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostra que houve aumento do público de 18 a 24 anos entre os novos empreendedores no Brasil. De 2017 para 2018, a participação dessa faixa etária passou de 18,9% para 22,2% do total dos que iniciavam uma atividade empresarial, com negócios formais ou informais de até 3,5 anos. Uma maneira fundamental para compensar a falta de vivência à frente de uma empresa é se capacitar. A boa notícia é que parte desse contingente de jovens tem tal foco. De acordo com levantamento encomendado pelo fundo de investimentos Canary

e realizado pela startup Spry, 37% dos universitários brasileiros têm interesse em seguir carreira numa startup. Os entrevistados são estudantes de faculdades de ponta do País, como USP, Unicamp, PUC-RJ, Insper e FGV. A GEM também mostra que o empreendedorismo por necessidade diminuiu: em 2015 era a motivação de 42,9% e em 2018, de 37%. Já o por oportunidade passou de 56% para 61% no mesmo período. O cruzamento desses dados sinaliza que estamos diante de uma crescente geração de empreendedores jovens, que se preparam para abrir suas empresas e muitos o fazem porque vislumbram uma ocasião favorável. O resultado? Negócios criados em bases mais sólidas e com mais chances de sucesso. Ótimo para o empresário, melhor ainda para a economia do País. O Sebrae-SP faz parte dessa cadeia positiva, oferecendo todo o apoio para que se coloquem no mercado de forma competitiva. É o Sebrae-SP gerando emprego e renda para o Brasil.

LUIS SOBRAL, diretor-superintendente do Sebrae-SP

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade. Acompanhe o Sebrae-SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: facebook.com/sebraesp | twitter.com/sebraesp flickr.com/sebraesp | instagram.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp | issuu.com/sebraesp youtube.com/sebraesaopaulo

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12 | JORNAL DE NEGÓCIOS

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AGENDA

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi-lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br

FEIRAS DE NEGÓCIOS WTM – WORLD TRAVEL MARKET LATIN AMERICA Quando: 2 a 4/4 Onde: Expo Center Norte Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo - SP Informações: latinamerica.wtm.com

AUTOCOM – FEIRA INTERNACIONAL DE AUTOMAÇÃO PARA O COMÉRCIO Quando: 2 a 4/4

EVENTOS DO SEBRAE-SP GUARATINGUETÁ NA MEDIDA MARKETING Quando: 8 a 11/4 Onde: Associação Comercial de Pindamonhangaba Avenida Deputado Claro Cesar, 44 - Pindamonhangaba Valor: R$ 240

SUDOESTE PAULISTA - ITAPEVA

Onde: Expo Center Norte - Pavilhão Amarelo Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo - SP

COMEÇAR BEM - FORMALIZAÇÃO

Informações: feiraautocom.com.br

Onde: Escritório Regional Sebrae-SP Sudoeste Paulista - Itapeva

ESTÉTICA IN SÃO PAULO Quando: 6 a 8/4 Onde: Palácio de Convenções Anhembi Avenida Olavo Fontoura, 1209 - Santana, São Paulo - SP Informações: esteticainsaopaulo.com.br

Quando: 23/4 Rua Ariovaldo Queiroz Marques, 100 - Centro - Itapeva Valor: Gratuito SUPER MEI – FORMAÇÃO CONFEITEIROS Quando: 15 a 25/4 Inscrições: (15) 3526-6030 ou (15) 3522-3944

HAIR BRASIL – 18º FEIRA INTERNACIONAL DE BELEZA, CABELOS E ESTÉTICA

Onde: ETEC Dr. Demétrio Azevedo Júnior (Escola de Minas)

Quando: 13 a 16/4

Valor: Gratuito

Onde: Expo Center Norte Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo - SP

PIRACICABA

Informações: hairbrasil.com

EMPRETEC - PALESTRAS

FEIPLASTIC – FEIRA INTERNACIONAL DO PLÁSTICO Quando: 22 a 26/4 Onde: Expo Center Norte Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme, São Paulo - SP

Avenida Europa, 1097 - Jardim Europa - Itapeva

Quando: 8 e 29/4 Onde: ACIA – Associação Comercial e Industrial de Americana Rua Primo Piccoli, 232 - Centro - Americana Valor: Palestras gratuitas (Empretec – R$ 1.300,00)

Informações: feiplastic.com.br

SÃO CARLOS

AUTOMEC – 14ª FEIRA INTERNACIONAL DE AUTOPEÇAS, EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

EMPRETEC - ENTREVISTAS

Quando: 23 a 27/4

Onde: Sebrae Aqui Araras

Onde: São Paulo Expo Rodovia dos Imigrantes, km 1,5, Vila Água Funda, São Paulo - SP

Rua Tiradentes, 1316 - Centro - Araras

Informações: automecfeira.com.br

AGRISHOW – FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA AGRÍCOLA EM AÇÃO Quando: 29/4 a 3/5 Onde: Rod. Prefeito Antônio Duarte Nogueira, km 321 - Ribeirão Preto - SP Informações: agrishow.com.br

Quando: 8 a 12/4, das 9h às 18h

Valor: Entrevistas gratuitas (Empretec – R$ 1.300,00)

OSASCO EMPREENDA Quando: 22 a 26/4, de segunda a sexta das 9h às 18h Onde: Escritório Regional Sebrae-SP Osasco Rua Dona Primitiva Vianco, 640 - Centro - Osasco Valor: R$ 840 (em até 10 vezes no cartão de crédito)


14 | JORNAL DE NEGÓCIOS

LIVROS Do Jeito Delas: Histórias De Mulheres Empreendedoras Pelo Mundo O livro “Do Jeito Delas - Histórias de Mulheres Empreendedoras pelo mundo”, de Fernanda Moura e Taciana Mello, reúne histórias de empreendedorismo protagonizadas por empresárias em 24 países. A publicação é fruto do projeto The Girls on the Road, que percorreu 99.534 quilômetros e realizou mais de 300 entrevistas, nos cinco continentes, com mulheres empreendedoras e especialistas no tema. Partindo do princípio de que mulheres ainda enfrentam mais obstáculos para empreender e não importa o local, a cultura ou o ambiente empreendedor, durante 15 meses, a dupla navegou por aspectos socioculturais dos países visitados e teve uma vivência que foi além das entrevistas. Os Segredos Das Famílias Empreendedoras (Hsm Editora) Este livro analisa os resultados da aplicação da metodologia do diálogo intergeracional de John Davis, ao longo de dez anos, com os membros de famílias empresárias participantes do programa Families in Business, da Harvard Business School. Os retratados têm entre 18 e 82 anos de idade; dois terços das empresas pertencem a um controlador (geralmente o fundador) e o terço remanescente é de propriedade de irmãos, primos ou uma combinação de parentes; 80% das empresas estão na primeira ou segunda geração de propriedade familiar – e a mais antiga foi fundada em 1839; 43 setores econômicos estão representados, com predomínio de agricultura alimentos/bebidas; imóveis; construção civil; produtos de consumo; serviços de alimentação/hospedagem. Apesar das diferenças entre as empresas familiares, os problemas que elas abordam são surpreendentemente parecidos. Como Chegar Ao Sim: Como Negociar Acordos Sem Fazer Concessões (Solomon) O livro escrito por William Ury, Roger Fisher e Bruce Patton oferece uma estratégia comprovada, concisa e detalhada para se chegar a acordos mutuamente aceitáveis em toda espécie de conflito, quer envolvam pais e filhos, vizinhos, empregadores e empregados, cliente e empresas, inquilinos e diplomatas. O livro é baseado no trabalho do Projeto de Negociação de Harvard, um grupo que lida seguidamente com todos os níveis de negociação e resolução de conflitos – de domésticos a internacionais. A obra mostra como separar as pessoas do problema; concentrar-se nos interesses e não nas posições; trabalhar junto para criar opções que satisfaçam às duas partes; e obter êxito na negociação com pessoas que são mais poderosas, sem ter de ceder a pressões ou recorrer a truques sujos.

TEC & ABERTAS INSCRIÇÕES PARA PROGRAMA DO SEBRAE-SP VOLTADO A STARTUPS A Escola de Negócios do Sebrae-SP está com inscrições abertas para o programa Speed Mentoring, voltado para startups em fase de validação. Com 40 horas de duração, a inciativa inclui atividades práticas e os empreendedores também participam de rodada de mentoria e bate-papo com especialistas do mercado e empreendedores. O programa Speed Mentoring tem como objetivo potencializar uma ideia de negócio, ajudando os participantes a alcançarem, de forma eficaz, o desenvolvimento e as validações iniciais do projeto. Os selecionados têm a oportunidade de trocar conhecimentos sobre empreendedorismo, tecnologia e inovação. Os interessados podem obter outras informações e se inscrever no endereço: escolasebraesp.com.br/agenda/agenda.

INSCRIÇÕES PARA STARTOUT BRASIL EM TORONTO TERMINAM DIA 8 As inscrições para o StartOut Brasil ciclo Toronto (Canadá) estão abertas. Os interessados terão até o dia 8 deste mês para se inscrever no programa de internacionalização. Serão selecionadas 15 startups brasileiras que nunca participaram ou fizeram parte de apenas um ciclo do programa e até cinco startups classificadas como graduadas, ou seja, aquelas que participaram de dois ou mais ciclos do StartOut Brasil. A missão acontecerá de 23 a 28 de junho de 2019. O diferencial do StartOut é que as startups são acompanhadas por 18 meses, desde a preparação para internacionalização até a geração de negócios no país de destino. As inscrições serão realizadas pelo o site do StartOut Brasil e o resultado será divulgado em 7 de maio. O programa é destinado a startups brasileiras já estabelecidas, que estejam faturando, preferencialmente, acima de R$ 500 mil ou que tenham recebido algum tipo de investimento. É importante que as empresas tenham uma equipe 100% dedicada ao negócio, fluência em inglês e demonstrem capacidade de se expandir internacionalmente. Mais informações em: startoutbrasil.com.br/ciclo/toronto


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como o dono de um pequeno negócio poderia aproveitar a onda de fintechs no Brasil? É possível obter crédito mais barato que nos bancos?

MILLENNIALS EMPREENDEM 94% MAIS DO QUE OUTRAS GERAÇÕES

Pedro Vizeu, sócio-fundador da Triunfei, site de comparação de produtos financeiros, responde:

Divulgação

No ano que vem, os millennials (pessoas nascidas entre a década de 1980 e meados de 1990) representarão metade de toda a força de trabalho nos Estados Unidos. No Brasil, além da representativa presença no total da mão de obra disponível, a geração também tem se destacado como empreendedora. A conclusão é de pesquisa feita pela plataforma de recrutamento digital Revelo. O levantamento mostra que nos cinco primeiros anos depois da graduação, millennials empreenderam 94% mais do que profissionais de outras gerações. O estudo, que analisou o perfil de 13 mil candidatos cadastrados na plataforma, ainda apontou que os jovens trabalharam 42% mais em startups do que os “não-millennials” a partir de 2010.

O SEGREDO DO MEU SUCESSO O filme de 1987 conta a história do jovem Brantley Foster (Michael J. Fox), que deixa uma cidadezinha no Kansas para tentar o sucesso em Nova York. Ao chegar lá, as coisas não saem como planejadas e ele se vê obrigado a pedir um emprego ao tio, Howard Prescott (Richard Jordan), que controla uma empresa milionária. Como o trabalho é modesto, Brantley decide levar uma vida dupla, criando um personagem chamado Carlton Whitfield, um executivo de ideias brilhantes, mas que ninguém sabe de onde veio.

Divulgação

Com o advento das fintechs, surgiram as maquininhas de cartões com taxas reduzidas ou até mesmo sem nenhuma taxa. Isso beneficia quem possui um negócio pequeno, pois o empreendedor terá um lucro maior com essa economia. Além das maquininhas de cartão, foram lançadas outras formas de pagamento, como aplicativos com sistemas de pagamento por celular, em que o consumidor se cadastra com seus dados e insere seu cartão de crédito, ou adiciona créditos ao aplicativo e realiza pagamentos com QR Code ou selecionando o estabelecimento desejado. Nesse processo, o recebimento do dinheiro acontece de forma instantânea. Toda essa praticidade acaba atraindo mais clientes e gerando maiores lucros. Ou seja, é preciso se manter conectado às novidades do mercado para trazer o maior conforto possível aos clientes. O surgimento das fintechs veio para nos fazer pensar de qual forma podemos facilitar a vida das pessoas e, mesmo que não a utilizemos, estará nos forçando a pensar e a entregar um serviço melhor. A baixa taxa de juros praticada pelas fintechs (a partir de 0,9% ao mês) e a desburocratização facilitam o investimento ou a abertura de novos negócios. O contratante poderá conseguir o dinheiro até no mesmo dia, passando por todas as etapas, desde que esteja apto a realizar a operação, enquanto numa instituição bancária tradicional o mesmo processo poderia levar dias. O empresário economizará em taxas e terá maior facilidade na aquisição do capital, mas estará deixando de construir uma relação com a instituição tradicional, que ajudará a melhorar seu histórico financeiro. Há, também, a possibilidade de aberturas de contas correntes jurídicas sem taxas, nas quais, mais uma vez, o empresário que deseja abrir ou manter seu pequeno negócio irá economizar nos custos mensais. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e-mail para imprensa@sebraesp.com.br.



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