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A influenciadora Gabriela Bordin hoje trabalha integralmente em seu canal
PROFISSÃO: INFLUENCER
No YouTube, no Instagram e em outras redes, influenciadores digitais investem em conhecimento sobre gestão e empreendedorismo para aumentar alcance e faturamento Pág. 8
Sociedade em casal exige limites e disciplina Pág. 4
Empreender pode ser uma opção de carreira Pág. 6
Festa junina na pandemia: é possível ampliar vendas Pág. 10
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Conhecimento em ação, chave para retomada TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor Ao começar a produzir esta mensagem, em meio a tantas notícias, três me chamaram atenção em especial. Em maio, o Brasil atingia a triste marca de 14,4 milhões de pessoas desempregadas. Somados aos quase 6 milhões que desistiram de procurar emprego – os desalentados–, 20,4 milhões de brasileiros estavam sem ocupação formal. Ao mesmo tempo, também foi divulgado o número de abertura de Microempreendedores Individuais (MEIs) nos primeiros quatro meses do ano – quase 800 mil. Sem medo de errar, a esmagadora maioria desses empreendedores estaria na lista dos desempregos ou desalentados, não fosse a opção por empreender. Outro dado que nos alertou foi a previsão feita por especialistas do Sebrae que, ao acelerar o ritmo de imunização contra a Covid-19, até meados de agosto deste ano quase 10 milhões de pequenos negócios poderão ter nível de atividade similar ao registrado em fevereiro de 2020, na pré-crise. Esse montante representa 54% do total de MEIs, micro e pequenas empresas, em especial dos setores de alimentos (minimercados), logística, pet shops, construção civil, oficinas mecânicas. Na sequência, em outubro de 2021, seria a vez da retomada do desempenho de bares e restaurantes, comércio, vestuário, serviços e beleza, entre outros. Turismo, eventos e economia criativa serão os últimos a recuperar o fôlego, lá por meados de 2022. O estudo também detectou duas situações que permanecerão no pós-pandemia: a preocupação com a segurança sanitária e a digitalização dos negócios, uma vez que consumidores degustaram e gostaram das novas formas de comprar e de se relacionar com as empresas durante a pandemia.
Diante desse quadro diverso, só há uma alternativa para que os empreendimentos retomem com sucesso suas atividades e se tornem mais rentáveis e competitivos: investir pesado em conhecimento qualificado de gestão, incorporar inovações e ampliar e consolidar a presença digital. Fortalecer o ecossistema empreendedor por meio da educação empreendedora, oferecendo cursos com metodologias inovadoras que juntam a teoria e a mão na massa, é um dos pilares estratégicos do Sebrae-SP. Além dos cursos do bloco de gestão (finanças, marketing e vendas, planejamento e monitoramento, negócio digital), o Sebrae aplica em todo País diversas ações que trabalham as características empreendedoras fundamentais para o sucesso da empresa, como atuação em rede, persistência, visão inovadora, ter iniciativa e buscar oportunidades, assumir riscos, comprometer-se com o negócio, foco em processos, busca constante por novos conhecimentos, autoconfiança. São o que os especialistas chamam de soft skills ou habilidades comportamentais. Além disso, temos uma estrutura focada no fortalecimento da cultura empreendedora, com aplicação de metodologias para professores dos ensinos fundamental, médio e superior. Queremos ajudar a formar novas gerações de empreendedores que pensam e respiram inovação, querem viabilizar seus projetos de vida e serem os protagonistas de sua trajetória profissional. Como a Lucilene Oliveira, da startup Elétrika, que vislumbrou uma oportunidade de negócio numa necessidade que ela e diversas pessoas de sua rede tinham: fazer determinadas tarefas sem precisar de ter o equipamento em definitivo. Surgiu assim a plataforma de locação de diárias de eletrodomésticos, que foi abri-
gada na incubadora de startups da Escola de Negócios do Sebrae-SP. Lucilene é enfática: “Empreender me permitiu sonhar; quando ousei sonhar, fui capaz de quebrar barreiras e ir além”. Com forte traço de responsabilidade social, a jovem empresária decidiu no ano passado abrir nanofranquias para apoiar aquelas pessoas que ficaram desempregadas durante a pandemia. Mais um modelo de negócio saindo do forno. É isso que empreendedores conectados ao conhecimento e a essa poderosa rede fazem. São os verdadeiros empreendedores do amanhã, uma tendência que o Sebrae mapeou em 2019 e que foi acelerada por conta da pandemia. Características como a criatividade e inovação para acompanhar as tendências tecnológicas; o trabalho em equipe a partir da empatia e habilidade nos relacionamentos; a resiliência ao longo da trajetória; e uma visão sustentável e holística do mundo no qual estamos inseridos, foram citadas por todos especialistas entrevistados para o estudo. Em São Paulo, decidimos ir além e intensificamos o investimento também em inovação. São R$ 200 milhões para implementação do programa de Fomento à Inovação Tecnológica, cujo objetivo é promover o crescimento e a comercialização de tecnologias de alto impacto. De saída, serão atendidas 1,5 mil startups, celebradas 20 parcerias estratégicas com integrantes da rede paulista de inovação, além de geração de oportunidades de negócios entre startups e pequenas, médias e grandes empresas. Tudo isso porque acreditamos que investir em empreendimentos inovadores, na educação e na conectividade dos agentes transformadores é o caminho que vai garantir o salto que precisamos para não só retomar atividades, mas para alcançar a sustentabilidade dos negócios e da economia.
Destaques
Plataforma de compras públicas tem gratuidade até agosto do ano que vem
A
s micro e pequenas empresas paulistas interessadas em fornecer para órgãos públicos e governos têm mais uma oportunidade de participar gratuitamente da plataforma Compras Públicas SP, criada por uma parceria entre o Sebrae-SP e o Portal de Compras Públicas. A inscrição na plataforma e o acesso aos editais são gratuitos. Além disso, até agosto de 2022, as empresas cadastradas via site poderão participar gratuitamente das
licitações exclusivas que ocorrerem no ambiente virtual dentro do portal. A plataforma pode ser acessada via site (www.compraspublicassp. com.br) e também pelo aplicativo ComprasPúblicasSP, desenvolvido para o Sebrae-SP (que pode ser baixado na Google Play ou na App Store). As pequenas empresas cadastradas – incluindo Microempreendedores Individuais (MEIs), cooperativas e agricultores familiares – receberão avisos por e-mail
e por notificação no celular de que há licitações disponíveis na região onde elas estão instaladas por meio de um sistema de georreferenciamento, o que facilita a aproximação com as oportunidades de venda. O site também tem conteúdos disponíveis para os empreendedores e gestores públicos que desejam se preparar melhor sobre o tema das compras públicas. Para os compradores, como as prefeituras, o Compras Públicas SP
oferece uma área simplificada para a inserção e divulgação de editais, com campos que facilitam a identificação do produto ou serviço a ser adquirido e demais informações necessárias. O ambiente também permite a realização de eventos e capacitações sobre compras públicas tanto para os fornecedores quanto para os gestores públicos.
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Entrevista do mês
Estratégia em jogo
Campeão de pôquer, André Akkari fundou a FURIA, referência nos e-sports Divulgação
Marcos Leodovico*
Empreender sempre foi o sonho de André Akkari. O empresário e investidor deu início à sua trajetória aos 16 anos, quando começou a trabalhar com promoção de festas universitárias. Já trabalhou como caixa de loja em shopping, montador de box para roupas no centro de São Paulo, abriu franquia de moda feminina etc., mas seu ponto de virada foi quando conheceu o pôquer, em 2005. Akkari se apaixonou pela modalidade, começou a participar de campeonatos, dar cursos e a empreender no meio – em 2011, chegou até mesmo a ser campeão de um torneio mundial realizado em Las Vegas (EUA). Anos depois, em 2017, seu foco mudou para os e-sports – competições de jogos eletrônicos que movimentam um mercado bilionário. Tornou-se sócio fundador da FURIA E-sports, uma organização 100% brasileira com operações nos Estados Unidos e no Brasil. Hoje, a equipe é um dos maiores sucessos do meio e coleciona títulos, reconhecimento em vários jogos eletrônicos e luta por espaço e igualdade dentro dos esportes eletrônicos. Na entrevista a seguir, Akkari falou sobre seu início nos e-sports, trouxe detalhes da operação e deu dicas para quem tem vontade de começar a empreender nesse mercado que ganha cada vez mais espaço. Como surgiu a vontade de criar um time de e-sports e como funciona dentro dela? Eu sou jogador profissional de pôquer há quase 17 anos. Durante esse período, eu sempre gostei de empreender. Criei portal de notícias sobre a modalidade e dava cursos online para quem se interessasse pelo pôquer. Em um certo momento da minha carreira, fui abordado por um pessoal dos e-sports, um setor que eu sabia que existia, mas do qual não tinha muito conhecimento. Recebi o convite para ser inves-
Hoje vocês também contam com músicos, jogador de xadrez, lutadora de MMA e até pilotos de corrida. Qual é o objetivo da FURIA com isso? Nosso objetivo trazendo essas personalidades para perto é ser um movimento sociocultural de impacto. Queremos mexer com a cabeça do jovem de um jeito que a gente consiga trazê-lo para perto, para que assim a gente possa impactar com movimentos sociais e levantar assuntos que precisam ser discutidos. Quando você fala com esse pessoal sendo campeão de e-sports, a conversa fica diferente. E nosso objetivo como marca é ganhar espaço e trazer mais audiência e reconhecimento para a FURIA. Quando aliamos a nossa marca a essas pessoas, estamos trazendo um público que não conhece a organização e dando oportunidade de crescimento para nós e para eles.
André Akkari, da FURIA E-sports: habilidades do pôquer ajudam a empreender
tidor e participar da empresa. Dessa forma, eu estava conectado e poderia conhecer mais do meio. Fui percebendo que os e-sports tinham bastante familiaridade com o pôquer, como a competição, a habilidade e o preparo mental. Eu gostei bastante da ideia e acabou sendo um caminho sem volta. Eu me apaixonei pela modalidade pois ela permite viver a mesma adrenalina do esporte que eu gosto. Assistir a um jogo de Counter Strike causa a mesma sensação que ver um esporte tradicional, então eu fui me animando cada vez mais de estar dentro de um cenário competitivo e empreendedor. Uma organização de e-sports é também um movimento sociocultural. É assim que gostamos de chamar a FURIA. A gente usa da performance para ter voz, para que a gente possa falar e as pessoas ouvirem a gente. Nós tentamos ganhar campeonatos, pois assim as pessoas dão atenção e podemos influenciá-las de maneira
positiva. A FURIA começou há quatro anos com seis funcionários e hoje somos mais de 150, com 11 times em diferentes modalidades, e também com um setor de conteúdo e lifestyle. Segundo a Newzoo, consultoria especializada no segmento de e-sports, o mercado projeta um crescimento de 14,5% neste ano. Isso abriu os olhos dos investidores e de outras pessoas que querem empreender nesse meio? Eu acho que sim. Existe um debate muito grande sobre qual o momento em que o e-sport vai ocupar o lugar do esporte tradicional no mainstream e na grande mídia. Conforme isso vai acontecendo, as organizações, os eventos e os jogos vão ganhando cada vez mais audiência e mais relevância. Isso gera uma possibilidade de alavancagem muito grande para os investidores e, quanto mais cedo entrarem, melhor.
Você é profissional do pôquer e campeão mundial na modalidade. Como isso ajuda na hora de empreender? O pôquer me ajuda extremamente na hora de empreender. Em todas as decisões que eu tomo com a FURIA, o conhecimento do pôquer me ajuda muito. Não só na parte profissional da coisa, mas sim em várias decisões da minha vida. Hoje, na FURIA, existem três jogadores profissionais e a gente se provoca o tempo todo. Isso ajuda muito, o jogo mostra como você é na sua vida. Qual a dica que você dá para quem tem o sonho começar a trabalhar com e-sports? Para quem tem o interesse de começar a trabalhar com e-sports, recomendo que tenha garra, tenha “fúria”. Estude e visualize as oportunidades. Eu estou com 46 anos hoje, mas quando eu tinha 42 eu não sabia nada desse universo. Só estou aqui porque eu aprendi muita coisa e ainda preciso aprender mais. *Estagiário sob supervisão dos editores
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Sociedade
Empreender em casal tem vantagens, mas exige disciplina e respeito aos Patricia Gonzalez
T
er um negócio próprio é tomar decisões o tempo todo. Uma delas é ter um sócio, opção de muita gente para conseguir colocar a ideia em prática, aumentar o capital e dividir responsabilidades e tarefas. Há quem escolha como sócio o seu companheiro ou companheira também da vida pessoal. Casais nessa situação acabam tendo uma convivência mais intensa, já que passam juntos praticamente 24 horas por dia, todos os dias, compartilhando os aspectos positivos e ne-
Liliana e Ricardo, da Brownli: tarefas divididas de acordo com o perfil de cada um
gativos do trabalho e de casa. Mas, afinal, qual a fórmula do sucesso para conciliar relacionamento pessoal e profissional? Os desafios são grandes, mas Liliana Guimarães e Ricardo Pupo donos da browneria Brownli, no Guarujá, trabalham juntos desde que abriram o primeiro negócio após a conclusão da faculdade de arquitetura. Eles começaram a namorar no primeiro ano de curso e logo que se formaram, há cerca de 30 anos, montaram seu próprio escritório dentro de casa e assim perma-
neceram até 2014, quando veio a crise no mercado de construção civil. Então Liliana transformou o seu gosto por brownies em uma forma de ganhar dinheiro. “Estava trabalhando nas duas empresas e chegou um momento em que começamos a fazer a distribuição para clientes maiores. Aí eu pensei: ‘Não quero mais brincar de trabalhar’ e resolvi fazer disso um negócio”, lembra Liliana. A partir desse momento, Ricardo assumiu a parte administrativa. Eles começaram a investir e montaram
uma cozinha industrial dentro de casa, em um ambiente reservado para o trabalho. Com a pandemia, a produção da browneria caiu quase 90% no primeiro momento. Mas, juntos, pensaram em formas de vencer as dificuldades. “Agora estamos aumentando as nossas opções no cardápio e também investindo em e-commerce”, conta. Entre o casal, as tarefas estão divididas de acordo com o perfil de cada um. Liliana fica com parte de produção e também cuida das embalagens e do site. Já Ricardo é respon-
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em dobro
limites para não misturar questões do relacionamento com as da empresa sável pela parte financeira e administrativa, além de cuidar das vendas. Entre os principais desafios de tocar um negócio com o parceiro, Liliana relata o cuidado ao expor opiniões. “Quando você trabalha com uma pessoa com quem tem muita intimidade, às vezes você acaba falando coisas de uma forma diferente, se impõe mais e isso pode gerar discussões mais calorosas. Se você não tivesse tanta intimidade, falaria de uma outra forma.” O casal tem três filhos e conta que já tem uma rotina bem adaptada a
esse modelo de trabalho. “Sempre trabalhamos assim e funciona muito bem. Eu trabalhei durante um tempo em um escritório de arquitetura fora, mas acabei optando em voltar para o nosso. Eu gosto desse jeito”, diz Liliana. Para a consultora de negócios do Sebrae-SP Sandra Fiorentini, o principal cuidado que casais devem tomar está relacionado com a habilidade de conseguir separar as questões pessoais do dia a dia da empresa. “É preciso saber deixar de lado os problemas domésticos. Imagina um casal que discute em casa e no dia seguinte na empresa não se fala, ficam ambos de mau humor? Isso afeta o clima em todas as esferas”, pondera. Outro desafio, de acordo com Sandra, é a separação entre as contas da casa e as finanças da empresa. Desafio para qualquer empreendedor, ele pode se tornar ainda mais difícil quando negócios e relações pessoais se misturam. “Isso ocorre porque o sustento da casa vem de um único caixa: o da empresa. Às vezes, o dinheiro da empresa é utilizado sem limites para o sustendo da família e depois falta para pagar fornecedores, funcionários, impostos etc.”
UNIDOS PELA NATUREZA Cibele Eloá e Giuliano Prado são os proprietários do parque de ecoturismo SelvaSP, no bairro de Marsillac, extremo sul da capital da paulista. Eles já se conheciam da vizinhança, mas foi durante um passeio em uma trilha das cachoeiras do local em 2008 que se aproximaram e começaram a namorar. O amor pela natureza e a vontade de ajudar na preservação do local uniu o casal também nos negócios. Na região, sempre se falou muito sobre o potencial turístico do local. Contudo, o uso da área pelos turistas gerava muito lixo com atividades desordenadas. O casal então fundou uma associação para ajudar na preservação do turismo local e também para realizar treinamentos com monitores ambientais a fim de proporcionar renda para as pessoas que já moravam ali. Após dois
anos com essa associação, eles encerraram as atividades, partiram para outro empreendimento na região e fundaram a SelvaSP, em 2014. A operadora de ecoturismo atua no mesmo local onde eles se conheceram alguns anos antes. “Continuamos fazendo atividade de monitoria de trilhas. Colocamos também parceiros e pessoas que já moram na região para trabalhar. Assim conseguimos contribuir para um turismo mais consciente e promover a geração de trabalho e renda para comunidade local”, diz Cibele. A empreendedora explica que ambos trocam muitas ideias e executam desde o administrativo até a operação. “Brigamos mais quando o assunto é a SelvaSP do que quando se refere ao próprio relacionamento. Estamos sempre juntos, visitamos muito lugares juntos. A gente se olha e já sabe o que tem que fazer. Acabamos sempre entrando em acordo.”
RESPEITO A Mustache Store, comércio especializado em moda feminina, é outro exemplo de negócio conduzido por casal. Maicon Perussi e Patricia Trindade têm uma loja física em Araçatuba e também atuam no ambiente online, vendendo para todo o Brasil. Patricia é responsável pela parte criativa da loja – que vende apenas modelos desenhados por ela.
No início, só Patricia estava à frente do negócio, quando ainda comercializava roupas de diversas marcas. Maicon tinha um outro emprego e ajudava na loja nos períodos vagos. Ao optar por apenas vender roupas da sua própria marca, o volume de trabalho aumentou muito e Maicon resolveu se dedicar ao negócio em tempo integral. “Eu estava há seis anos no meu emprego, saí e montei a confecção com ela. Quando tudo começou a girar eu já estava junto”, ele conta. Para Maicon, trabalhar com Patricia trouxe mais paz para a vida pessoal e do casal. “Tínhamos uma pressão muito grande nos nossos trabalhos. Agora estamos menos estressados, ela divide os problemas dela comigo e as preocupações do meu outro emprego já não existem mais. O estresse partiu ao meio. Ficamos 24 horas juntos, os problemas ficaram menores e vivemos mais tranquilos, mais felizes”, comemora. Mas para a parceria nos negócios dar certo, Maicon ressalta que alguns cuidados devem ser tomados. “Ela criou a loja e eu cheguei depois. Eu via muita coisa que para mim tinha de ser diferente. Então fizemos a divisão do tipo ‘daqui para frente você não mexe’. Embora sejamos marido e mulher, eu tenho o cuidado em não infringir a autoridade dela; temos limites”, afirma.
PARA CONCILIAR AMOR E NEGÓCIOS A consultora de negócios do Sebrae-SP Sandra Fiorentini tem quatro dicas básicas para os casais que pensam em empreender juntos.
1 Não leve problemas domésticos para a empresa e vice-versa. 2 Faça reuniões semanais para resolução das questões da empresa – em que deve prevalecer o melhor para o negócio e sua sustentabilidade, pois é dele que vem o dinheiro.
3 Planejamento:
tenha sempre em mente onde querem chegar com a empresa, qual faturamento necessitam para o sucesso do negócio e sustento da família.
4 Estabeleça metas: faturamento; número de clientes
novos; redução dos custos; e também quais serão as estratégias para atingir essas metas.
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Empreender
Jovens com ensino superior encontram em um negócio próprio alternativa
Marcela Perle, graduada em cosmetologia: sonho de empreender desde a infância
Rogério Lagos
T
er o empreendedorismo como carreira profissional está cada vez mais no horizonte dos brasileiros, especialmente os mais jovens e aqueles que estão pensando em uma graduação. Os currículos de diversos cursos já contemplam disciplinas de empreendedorismo, mesmo os que não estão ligados à administração de empresas, como jornalismo, engenharia e carreiras da saúde. O perfil do empreendedor brasileiro também está mudando – pelo menos daqueles que encontraram uma oportunidade de mercado para abrir um negócio. De acordo com última pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Mo-
nitor), realizada no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), e divulgada em 2019, houve aumento na participação dos empreendedores mais jovens (de 18 a 24 anos) no mercado: de 18,9% em 2017 para 22,2% em 2018. Já a participação dos empreendedores com ensino superior completo subiu de 6% para 9,7% no mesmo período – um aumento de 61%. A empreendedora Marcela Perle representa o perfil de um desses jovens com ensino superior que tinham como objetivo empreender de olho em uma oportunidade de mercado. Ela conta que desde os 10 anos de idade já se sentia à vontade no
empreendedorismo. Produzia e vendia chinelos bordados com miçangas na escola, mais tarde se tornou representante de cosméticos e depois passou a comercializar também chocolates e pães de mel na vizinhança. Nascida em família de classe baixa no município de Tambaú, no interior de São Paulo, Marcela cresceu determinada a criar suas próprias oportunidades para ter um negócio próprio. Juntou dinheiro por anos para pagar seus estudos na graduação de cosmetologia e estética em Ribeirão Preto – durante dois anos, ela viajou mais de 200 quilômetros diariamente para realizar o seu sonho. Chegou a ter experiências como funcionária em escritório, mas sua carreira estava
mesmo no empreendedorismo. “Tive uma sociedade que não deu certo, então fiquei quase dez anos alugando uma sala para trabalhar. Hoje tenho duas clínicas próprias de estética e emagrecimento, uma em Tambaú e a outra em Santa Rita do Passa Quatro”, comemora.
DESAFIO A oportunidade também levou Breno Gomes a deixar o emprego de lado para empreender. Ele era estudante de administração e trabalhava há quatro anos como colaborador em uma empresa que oferecia o típico plano de carreira dos sonhos, mas um desafio na faculdade mudou o rumo da sua vida, em 2015.
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como carreira
para o mercado de trabalho e conseguem inovar em áreas concorridas
Um amigo dele, estudante de design, precisou desenvolver um projeto de óculos de madeira. Transformou o desafio em seu trabalho de conclusão de curso para lançar o protótipo do modelo e contou com Gomes para a formatação e administração do negócio – que também se tornou o objeto de seu próprio TCC. Assim nascia a Allfenas, empresa especializada em óculos, relógios e acessórios de madeira de descarte. “Utilizamos móveis antigos e sem uso, filetamos o material e damos vida ao que não tinha mais vida”, explica. Por praticamente cinco anos, os amigos foram sócios, mas em 2020 Breno adquiriu 100% do negócio. Hoje, a empresa possui um e-com-
merce forte, porém também marca presença em lojas físicas, como a própria na cidade de Bauru e as franquias em São Paulo e Santa Catarina. O empreendedor conta que os clientes gostam de provar e sentir o produto. Muitos admiram tanto o conceito que chegam a doar móveis antigos e se emocionam ao ver a história daquelas peças ressignificadas. “Recentemente, um armário colonial de 1979 rendeu 1.850 óculos”, comenta Gomes. Em Itapeva, também no interior de São Paulo, o farmacêutico Renan Soares divide as suas atenções entre os plantões na Santa Casa do município e a Clinicare Serviços Farmacêuticos. O trabalho com carteira assinada ainda se faz necessário enquanto o empreendimento amadurece, já que iniciou as atividades na modalidade home care em março deste ano, e o consultório em maio. Mas a intenção do empreendedor é viver apenas do próprio negócio em pouco tempo, aproveitando o nicho de mercado na região. “É o primeiro consultório farmacêutico da cidade. Para trabalhar como contratado, o mercado está muito saturado, então a saída é empreender inovando dentro da sua área de formação”, explica. Para o professor da Escola Superior de Empreendedorismo - Sebrae-SP Charles Bonani, o mercado está em constante transformação com a utilização intensa de tecnologias, em especial as digitais, que têm modificado a forma como compramos ou consumimos produtos e serviços. Mercados e funções estão desaparecendo, a exemplo das antigas locadoras de vídeo, que praticamente sumiram para dar lugar às plataformas de streaming. “Esse cenário impulsiona os estudantes e profissionais já graduados a explorarem oportunidades para criarem os seus próprios trabalhos tendo, assim, o empreendedorismo como opção de carreira”, comenta. Pensando na cultura empreendedora para a formação dos novos profissionais, o Sebrae-SP realiza diversas parcerias com instituições
de ensino superior de todo o Estado. Os estudantes têm a oportunidade de aprender sobre a gestão de uma empresa e seus principais conceitos de planejamento, marketing, finanças e formalização, bem como conhecer as tendências dos segmentos em que estão inseridos. No município de Itapeva mesmo, por exemplo, mais de mil alunos já foram capacitados em aulas de empreendedorismo aplicadas pelo Sebrae-SP. Tanto que a Ieda Barros, estudante de farmácia também em Itapeva, pretende empreender após a conclusão do curso. Ela explica que o profissional farmacêutico pode atuar em mais de 130 especialidades, o que abre um leque imenso de oportunidades para empreender. A exemplo do colega Renan Soares, a farmácia clínica enche seus olhos. “Empreender não é fácil, mas o desejo de independência, autorrealização e de contribuir para a melhoria da saúde da população é o que me motiva.” A estudante de administração Larissa Costa também pensa em empreender para mudar a vida das pessoas, só que no segmento de beleza e estética. Ainda em 2021 pretende realizar o curso de extensão de cílios para unir seus conhecimentos técnicos e de gestão aos da irmã, especialista em sobrancelhas. A intenção é começar abrindo um estúdio em casa para depois alçar voos mais altos. “Quero fazer a
diferença na vida das pessoas. Até poderia como contratada em uma empresa, claro, mas quero fazer com as minhas regras, meus processos e a minha forma de trabalhar”, afirma.
INTRAEMPREENDEDOR Mas não é só na hora de abrir um negócio próprio que as características do comportamento empreendedor são necessárias. Quem trabalha como funcionário em uma empresa pode se beneficiar da cultura empreendedora e se destacar no mercado. Para a diretora da empresa de recursos humanos ManpowerGroup, Wilma Dal Col, há uma tendência crescente entre as empresas de buscarem candidatos com o perfil intraempreendedor, ou seja, aqueles que empreendem dentro da estrutura da empresa: protagonistas, ágeis, dispostos a aprender, menos reativos e mais agentes da ação efetiva. “Muitas empresas têm dificuldade em encontrar profissionais em algumas posições pois procuram características empreendedoras, aquelas pessoas que não se conformam com um processo improdutivo, que buscam sempre mais eficiência e resultados”, explica. “Esse tipo de profissional agrega valor extremo para a organização, pois tem um senso de colaboração muito grande por entender que faz parte do negócio. Não encara suas atribuições como um trabalho, mas sim como um propósito de vida”, completa.
DIPLOMA DE EMPREENDEDOR A Escola Superior de Empreendedorismo – Sebrae-SP oferece o curso de graduação em administração com foco em empreendedorismo. As matrículas para o segundo semestre já estão abertas com condições especiais. Aqueles que se matricularem até o dia 10 de setembro vão receber 60% de isenção nas mensalidades do 1º ao 4º semestre; 50% entre o 5º e o 6º; e 40% entre o 7º e 8º. As aulas se iniciam no dia 16 de agosto e acontecem de segunda a sexta. No período matutino são das 8h20 às 12h e, no noturno, das 19h às 22h40. Para outras informações e inscrições, acesse www.ese.edu.br.
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INFLUÊNCIA
Com conhecimentos de gestão e empreendedorismo, youtubers Gabriel Jareta
O
s dias de “blogueirinha” já ficaram para trás na vida de Gabriela Bordin. Aos 28 anos, graduada em estética e com quase 80 mil seguidores no seu canal no YouTube, ela agora é uma influenciadora empreendedora, uma carreira que está se tornando a cada dia mais profissional – e mais rentável. No caso de Gabriela, que criou seu primeiro blog sobre beleza em 2010, quando morava em Florianópolis, o trabalho como influenciadora de beleza e estética nas redes sociais é o que garante 100% da renda dela todo mês (além do canal de vídeos, ela tem 36 mil seguidores no Instagram). “O meu grande diferencial é minha formação em estética, hoje são poucas pessoas que trabalham com beleza e que realmente tem a teoria por trás”, diz Gabriela. Segundo ela, a carreira como influencer também é fruto de muito planejamento e da coragem de ir para a frente das câmeras. “Quando eu tinha o blog, o pessoal pedia tutorial de maquiagem no YouTube, mas eu era muito tímida, nunca me imaginei falando em frente a uma câmera. Até na escola eu faltava no dia de apresentar trabalhos”, lembra. O primeiro grande passo veio no início de 2015, quando ela finalmente resolveu gravar – e publicar – um vídeo na internet. “Foi quando eu decidi que ia fazer de tudo para trabalhar com redes sociais, queria levar conhecimento, levar autoestima, levar esse conteúdo de forma leve e fazer diferença na vida de quem está me assistindo”, diz. Com o retorno positivo que ela obteve, passou a se dedicar cada vez mais à produção de conteúdo e se mudou para São Paulo com “a cara e coragem”, como ela diz. Na época, em 2017, tinha apenas 5 mil seguidores e não sabia como obter renda do canal além do ad revenue – o rendimento dos anúncios que são exibidos no seu vídeo. Aos poucos, Gabriela foi formando um público de interessadas em dicas de maquiagem e também de frequen-
tadores da Rua 25 de Março, famosa pelo comércio popular em São Paulo. No canal, ela fazia “tours” pelas lojas mostrando atrações e novidades. Mesmo com o público crescente e o reconhecimento de algumas marcas de produto de beleza, ainda faltava o outro grande passo: tornar-se, de fato, uma empreendedora. Embora ela tivesse um CNPJ, não sabia nada sobre como lidar com uma empresa. Foi aí que ela soube das primeiras turmas do projeto Influenciador Empreendedor, um piloto iniciado neste ano no Escritório Regional Capital Sul do Sebrae-SP e que tem como objetivo levar informações sobre gestão e mercado para quem está tentando se posicionar na internet. “Já fiz outros cursos de influenciadores digitais, mas o que abriu minha mente foi a parte de negócios. Entender que tenho uma empresa e preciso tratá-la como empresa. Estou na internet há seis anos, mas eu não entendia que o dinheiro que entrava devia ser separado, na minha cabeça era tudo meu”, conta.
A influenciadora digital Gabriela Bordin: “Entendi que tenho uma empresa”
ABRIR OS OLHOS A ideia do projeto Influenciador Empreendedor surgiu da experiência da analista de negócios do Sebrae-SP Helena Costa de Andrade. Ela mesmo já teve seu blog e chegou a participar de eventos e fazer divulgações, e entendia que esse é um mercado que está em franco crescimento e atraindo cada vez mais jovens. De acordo com a revista Insider, as marcas devem investir US$ 15 bilhões (cerca de R$ 78 bilhões) no mercado de influenciadores digitais em 2022. “Em gerações anteriores o sonho era ser modelo ou jogador de futebol, mas hoje a geração de dez a 21 anos quer ser youtuber”, diz. Na prática, o que Helena observou foi que grande parte dos youtubers e influencers, mesmo aqueles com milhares de seguidores, não sabiam como formular o preço de um “publi” (uma publicação paga por uma empresa dentro do canal ou perfil) ou fazer um plano de negócios. “Os influenciadores têm um ‘gap’
grande na parte de gestão. Eles sabem muito de marketing digital, mas não sabem de business: precificar, fazer branding, prospectar, fazer uma proposta de valor”, explica. O curso, inicialmente formulado com cinco aulas, passa por temas como comportamento empreendedor, proposta de valor, monetização e formalização. Os participantes vão desde quem já atua como influenciador digital como quem quer dar seus primeiros passos nesse mercado. Também é direcionado para os “influenciadores experts”, aqueles que são voltados para um nicho determinado, como cabeleireiros, personal trainers ou nutricionistas, por exemplo. De acordo com Helena, embora muitos tenham a imagem que os influencers vivem de “recebidos” – aqueles presentinhos mandados por marcas e citados pelos blogueiros – é possível se planejar para ganhar bem com a influência digital. Segun-
do ela, entre anúncios, publis e infoprodutos, um influenciador com 100 mil seguidores consegue faturar até R$ 15 mil por mês. “Conheço gente que largou o trabalho para viver de influenciador. O fator carisma conta muito, mas a pessoa precisa ter um propósito, falar sobre aquilo que ela realmente tem paixão”, afirma. Para Gabriela Bordin, passar pelo curso do Sebrae-SP a fez abrir os olhos. “Foi surreal, eu nem sabia que precisava fazer a declaração anual de MEI, nunca ninguém tinha me falado sobre isso. Os influenciadores não conversam entre si sobre questão de valores, é tudo muito vago. A gente tira um valor da nossa cabeça, não sabe se está cobrando pouco ou muito”, diz. Hoje, ela já tem um “media kit” com tabela de valores e contratou uma assessoria de vendas, que faz o contato com as marcas. Permuta, agora, só quando é muito estratégico. Para o futuro próximo,
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PROFISSIONAL
diversificam receita com a oferta de novos produtos e serviços
ela pretende lançar um curso de maquiagem, abrir o foco para falar de viagens e, quem sabe, ter sua própria marca de cosméticos.
DIVERSIFICAÇÃO Os influencers com muita rodagem já perceberam que o caminho para expandir o faturamento é não depender apenas do que é monetizado pelas redes sociais por meio de anúncios. Um dos youtubers mais populares do mundo hoje, o americano Ryan Kaji tem apenas 9 anos e quase 30 milhões de inscritos nos seus canais, onde ele basicamente mostra sua rotina de brincadeiras e desafios. Seu faturamento anual estimado é de US$ 30 milhões, dos quais 60% a 70% são de produtos licenciados, como uma linha de tênis. No Brasil, os principais influenciadores digitais já pularam das redes sociais para o mundo dos licenciamentos e da televisão (ou strea-
ming), como é o caso do humorista Whindersson Nunes, que chegou a ser dono do canal com maior número de inscritos no país e hoje investe também na carreira musical e na de ator. Já o animador Ronaldo Souza, dono do canal Gato Galáctico, com mais de 14 milhões de assinantes, estruturou seu negócio em várias frentes – o que também proporciona diferentes fontes de receita. Aos 30 anos, ele se define como um empreendedor e hoje fatura R$ 4 milhões anuais com o canal, criado em 2013 a partir de uma música infantil que viralizou. “O vídeo ficou muito famoso, teve muitos compartilhamentos e o revenue (a receita) acabou sendo bem alto. Essa foi a grande faísca que me fez pensar que eu poderia empreender a partir do canal. Por isso eu larguei tudo, larguei emprego, larguei toda a estrutura financeira que eu estava me apoiando para trabalhar 24 horas no canal”, lembra.
Souza conta que se dedica muito ao estudo de livros sobre empreendedorismo e à observação de modelos de negócio que deram certo. Hoje, além do licenciamento de inúmeros produtos, livros e jogos, está investindo em uma “aceleradora de carreira” de novos influenciadores. “Existem muitos influenciadores que têm tudo a ver com as mensagens que nós queremos passar, que é algo família, amigável, sem palavrão e que projeta bons valores”, diz. “São oito anos de carreira no YouTube, a gente acaba sabendo um monte de atalhos que quem está começando não sabe”, completa. Para Letícia Diniz Gonçalves, professora na Escola Superior de Empreendedorismo – Sebrae-SP e especialista em audiovisual, aquilo que era considerado um canal de comunicação na internet passou a ser um canal de negócios, uma verdadeira ferramenta de vendas. E isso inclui novidades como o TikTok e o Pinterest. “Comunicar-se hoje é crucial. Você pode usar seu talento para vender um produto associado, pode ser até um aspirador de pó, mas é preciso explicar como aquilo funciona e vai mudar sua vida”, diz. Segundo ela, essa comunicação, para ser efetiva, deve incluir temas como storytelling, boa oratória e “call to action” – ou seja, o “chamado para ação, que significa transformar sua audiência em leads, os
possíveis compradores dos produtos. “Todos os clientes estão nas redes, mas existem tantos players que é preciso saber como dizer: ‘vem comigo que eu sou melhor’, explica. E não necessariamente é preciso entregar algo físico – o chamado infoproduto (que pode ser desde um e-book gratuito até um curso completo em vídeo) é um dos principais meios de obtenção de receita. “Se eu tenho um canal sobre pães, posso oferecer um e-book gratuito ensinando a fazer pão, em que eu capto um e-mail para depois vender um curso pago ou mesmo utilizar seus dados”, diz. Uma questão incontornável, de acordo com Letícia, é que a pandemia mostrou o quanto é necessário estar presente nos meios digitais. “Há o termo ‘figital’, que é a presença física e digital, e a pandemia apressou essa demanda. Não só uma questão de sobrevivência, mas de crescimento. Mesmo quando a pandemia passar, esse híbrido vai fazer parte da realidade”, diz. “O nativo digital recebeu um celular tocando Galinha Pintadinha antes de fazer um ano de idade, é uma geração que já entende que tudo é uma questão de experimentar e corrigir a rota. Nossa meta é mostrar para o imigrante digital que ele também precisa estar nesse ambiente”, conclui.
CHECKLIST PARA SEU CANAL As críticas fazem parte do processo, use-as como uma mola propulsora para o seu objetivo. Escolha um segmento que seja a sua paixão e tente ser criativo. Identifique qual é o seu diferencial, qual seu público-alvo e construa a sua proposta de valor. Defina qual mídia social você vai priorizar. Estude marketing para entregar mais qualidade tanto para os seguidores quanto para os seus parceiros. A formalização traz diversas vantagens, como acesso a crédito, por exemplo. O feito é melhor que o perfeito. O melhor momento para começar é sempre hoje, evite esperar as condições ideias pois você pode perder grandes oportunidades. Fonte: Helena Costa de Andrade, analista de negócios do Sebrae-SP.
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10 dicas para as festas juninas Mesmo com as restrições da pandemia, é possível faturar com a data
J
unho é o mês das festas juninas, mas diante da pandemia de Covid-19 as comemorações ficam restritas a ações online e en-
tregas em domicílio. Para as empresas interessadas em aproveitar a época para ampliar as vendas, o consultor do Sebrae-SP Flávio
FAÇA UMA LISTA DETALHADA DE TUDO O QUE VOCÊ VENDE É preciso conhecer com exatidão o mix de produtos ou serviços que você oferece. Faça a lista consultando suas anotações, olhando o cardápio, perguntando para a equipe. Será a base para a estratégia de vendas durante as festas juninas.
REVEJA O PORTFÓLIO COM O OLHAR PARA AS FESTAS JUNINAS Pode ser preciso focar em alguns produtos ou serviços para aproveitar o tema junino. Você também tem a oportunidade de acrescentar itens novos (seus e de terceiros) ou modificar a forma de apresentação.
DEFINA A QUANTIDADE DA OFERTA PARA O MERCADO Conheça sua capacidade de produção e de atendimento e seus canais de divulgação e vendas para não deixar o cliente na mão ou insatisfeito. Olhe para o estoque ou para a estrutura necessária para o evento. Determine qual é a sua expectativa de venda para programar a compra de matéria-prima, de itens para revenda ou contratar a estrutura para os eventos.
PARA QUEM VOCÊ VAI VENDER? Pense no seu público e como você fará para o produto ou serviço chegar até ele. Imagine que você tenha uma deliciosa canjica. Pode divulgar no bairro onde sua empresa está ou contatar uma empresa e propor a compra para presentear os colaboradores. Pode propor uma parceria com outra empresa para utilizar a canjica como sobremesa especial para o período.
SAIBA COM CLAREZA COMO ENTREGAR SEU PRODUTO OU SERVIÇO É muito importante que você considere canais virtuais e presenciais e comunique o que tem feito para garantir a segurança dos clientes, respeitando os protocolos de saúde. Ter uma estratégia diferente de frete pode ajudar. Por exemplo: frete grátis para endereços mais próximos ou em compras acima de determinado valor ou frete expresso ou agendado, com a cobrança de uma taxa extra. Use a tecnologia a seu favor: atender um cliente por videochamada pode ser classificado como “live individual”.
DIVULGUE SEU PRODUTO OU SERVIÇO COM A ESTRATÉGIA EM ESPIRAL A estratégia em espiral propõe que você olhe para o que a empresa já tem de recursos e para o mercado mais próximo. Comece pelos contatos de clientes que já possui. Use o WhatsApp, com ligações, mensagens ou videochamadas. Convide para conhecer as novidades do período junino. Gravar um vídeo curto (de até 1 minuto) e enviar para os contatos pode ajudar a alcançar mais gente. O que há nas ruas próximas ao seu ponto com potencial para ofertar os produtos ou serviços? Olhe o que está mais perto, pois pode custar menos e ser menos complexo vender assim.
Augusto da Silva reforça a importância de uma boa estratégia. A recomendação é conhecer o que vende, considerar para quem vai vender
e como irá fazer isso, lembrando de sempre considerar fazer parcerias para melhores resultados. Confira as dicas para aproveitar a data.
PARCERIAS Tudo o que você faz pode ser feito com a ajuda de alguém. Para que essa ajuda seja considerada uma parceria, deve trazer vantagens para os dois. O seu cliente é cliente de quem mais? Quem tem o mesmo público-alvo tem possibilidades de parcerias. Sortear uma TV pode ser caro para uma só empresa. Na parceria, o custo pode ser rateado. Propor divulgação conjunta ou agregar produtos ou serviços de parceiros pode melhorar a sua oferta de valor.
INOVE NA OFERTA DOS PRODUTOS Na pandemia, vimos exemplos de empresas que venderam cachorro-quente no pote, bolo de cenoura no palito de picolé e até ovo de Páscoa de empada. Algumas sugestões para vender mais: Kits temáticos: kit happy hour ou #sextou, com petiscos e bebidas alcóolicas (quentão, especialmente); kit “faça sua festa junina em casa”, com itens que vão da alimentação à decoração; kit “a criançada se diverte, uai”, com produtos destinados para o público infantil, com sugestões de brincadeiras. Compras para presente: Embora um amigo secreto não seja comum nessa época, propor isso pode ser uma inovação. Se preferir uma estratégia mais tradicional, sugira a compra para presentear alguém. Permita que o cliente personalize sua compra utilizando adesivos com mensagens pré-definidas. Por exemplo: “Para alegrar seu mês”; “Juntos é mais que perto”; “Ano que vem é ‘nóis’”; “Diga eu te amo sem dizer”; “Te dou uma paçoca” etc. ou capriche em uma embalagem criativa. Correio elegante físico e virtual: Ofereça ao cliente a possibilidade de enviar uma mensagem (por vídeo, áudio, um texto, um poema, uma música). Na entrega física, você terá contato com o destinatário. Se for virtual, peça o contato do destinatário e envie pelo WhatsApp, por e-mail, faça uma videochamada ou permita o acesso ao arquivo na nuvem.
INOVE NA OFERTA DOS SERVIÇOS É preciso considerar que a forma de realizar eventos ou entregar o serviço mudou. É preciso buscar alternativas que respeitem os protocolos de saúde e, ao mesmo tempo, entreguem valor ao cliente e gerem faturamento para a empresa. Confira as dicas para eventos: Lives: Traga parceiros para fazer uma live com música, ofereça vantagens aos participantes, como brindes (seus ou de terceiros) ou promova durante a live uma ação social, como a arrecadação de alimentos ou agasalhos. A live ainda pode contar com patrocínios e ensinar uma receita, propor brincadeiras. Cinema drive in: Com um bom planejamento, parcerias e respeito aos protocolos de saúde, essa pode ser uma alternativa interessante para o setor de eventos. O conteúdo deve ser relacionado às festas juninas e as parcerias podem oferecer mais do que o entretenimento visual. É possível entregar kits com alimentos típicos das festas juninas e até faturar divulgando outros negócios.
OLHE PARA O FUTURO Aproveitar o tema das festas juninas pode ser um ótimo pano de fundo para o marketing do seu negócio. Utilize o calendário do varejo. Além disso, sabemos que no ano que vem teremos festa junina de novo. Fazer o cadastro dos clientes deste ano e anotar as práticas que deram e não deram certo permitirá que no ano que vem seu negócio tenha ainda mais sucesso nessa época.
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Divulgação
Sem medo de mudar FELIPE CHICONATO Consultor do Sebrae-SP
Vale a pena reduzir o lucro? Em um período de aumento do preço de matérias-primas e insumos, eis a pergunta que sempre vem à cabeça do proprietário de qualquer empresa: será que vale a pena eu reduzir meu lucro para ter um preço mais competitivo? A resposta a essa pergunta é bem complexa e, no primeiro momento, eu diria: depende! Falo isso porque realmente depende de uma série de fatores, pois diminuir a sua margem de contribuição (o que muitos chamam de lucro na hora de precificar, mas lucro mesmo você só apura no Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE), o obriga a ter um volume maior de vendas para suprir seus custos. Para conseguir um volume maior de vendas é preciso checar a sua capacidade de atendimento e de produção, sua estratégia de marketing e se existe mercado para tal crescimento. Em contrapartida, ainda há fatores mais estratégicos, como pensar na reação do seu cliente diante disso. Será que ele compraria, será que o
perfil desse cliente não mudaria e será que o cliente está, de fato, incomodado com o preço? Reduzir sua margem de contribuição é uma via de mão dupla, podendo ajudar ou prejudicar. Vai depender muito dos fatores citados acima. O dono de qualquer negócio precisa entender que preço é uma ferramenta para alcançar os seus objetivos estratégicos. Ele auxilia a atingir os resultados esperados e não ao contrário. Talvez a solução não seja apenas diminuir a margem de contribuição, mas sim criar soluções diferentes que justifiquem margens maiores, ou até mesmo oferecer produtos com margens menores para cientes diferentes. Lembre-se: cada ação gera uma reação no setor financeiro. Então não é uma pergunta simples de se responder. É preciso entender os impactos causados com a decisão, para assim tomar a resolução que gere o menor impacto financeiro e o maior ganho para o contexto.
O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.
Estamos vivendo uma fase de muitas incertezas, que tem exigido demais de todos emocional e profissionalmente. É natural que o empreendedor esteja se sentindo cansado e estressado, afinal, desde o início da pandemia ele se desdobra para manter sua empresa viva em um mercado retraído. Nunca se falou tanto em reinvenção nos negócios. A necessidade de fazer diferente e transformar se impôs. No entanto, não é raro encontrar empreendedores resistentes a mudanças. Por exemplo, há quem acredite que como seu modo de trabalhar sempre funcionou, não há razão para alterações; outros “travam” pelo medo de sair da zona de conforto. Mudanças são movimentos em direção ao desconhecido e costumam ter um forte peso psicológico. Mas se por um lado são motivo de apreensão, por outro são necessárias e, pelo bem do negócio, devem ocorrer de quando em quando. O caso é como encarar a situação. Acaba sendo uma questão de programação mental e de atitude. Pensar que é para melhor é um bom ponto de partida. Em vez de se torturar imaginando os riscos e a possibilidade de falhar, vislumbrar o acerto e o crescimento favorece a tomada de decisões corretas. Uma boa forma de tornar a mudança mais suave e segura é ter claro
o objetivo. A etapa seguinte é planejar cada passo para atingi-lo. Saber onde você está e aonde quer chegar ajuda muito a diminuir as dúvidas. Na minha trajetória como empresário, tive que mudar. Foram várias tentativas de negócios até acertar com minha empresa de aluguel de geradores de energia. Até então, meus empreendimentos apenas andavam de lado. Também parei de querer abraçar todas as áreas da empresa. Foi um exercício de desapego para conseguir abandonar o dia a dia e me concentrar em estratégias para o negócio. Quando deleguei funções, pude me dedicar ao que eu mais tinha afinidade: a parte comercial. A partir daí, empresa deslanchou. Boa parte do sucesso de uma empresa está na cabeça do seu proprietário ou proprietária. Com uma postura positiva e confiante, aliada a planejamento e conhecimento, fica mais fácil fazer adaptações e acompanhar a evolução do mundo.
WILSON POIT, diretor‑superintendente do Sebrae‑SP
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Crescimento organizado
Após participar do Empreenda Rápido, do Sebrae-SP, Zenite Mendes montou sua mercearia *Marcos Leodovico
A
mercearia ZMendes nasceu do sonho de Zenite Aparecida Mendes de montar o próprio negócio para que o marido e a filha mais velha pudessem trabalhar com ela e a família ficar mais próxima. “Para mim, o mais importante é a minha família”, diz. Para concretizar a ideia, Zenite abriu mão do emprego como servidora pública e decidiu concluir os estudos, já que só tinha cursado até a 6° série do ensino fundamental. Em 2008, participou do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Fiz o EJA porque precisava ter um diploma. Enquanto estudava, sonhava em cursar confeitaria pois gostava muito da área e tinha vontade de ter minha renda por meio disso.” Em 2010, em um curso de confeitaria, uma professora lhe falou sobre ser autônoma e sobre o Sebrae. “A professora me apresentou tudo sobre o que sabia sobre a figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI). Aquilo ficou na minha cabeça e comecei a pesquisar”, conta. Zenite montou um ponto para comercializar os seus produtos e procurou o Sebrae para entender como se tornar MEI. “Em 2013 virei MEI. Minha atividade principal era a confeitaria, mas eu pensava em ter uma lanchonete, vender meus produtos e pegar encomendas. Eu tinha conhecimento sobre a categoria, mas não estava tão familiarizada e organizada na época” Com as consultorias e o acompanhamento do Sebrae-SP, Zenite percebeu que seu negócio poderia mudar de segmento sem perder a
Zenite Mendes: crédito do Empreenda Rápido tornou viável a abertura de sua mercearia
essência. Em uma de suas conversas com os consultores, ela lembrou que o desenvolvimento do seu bairro, em Capão Bonito, representava uma oportunidade de adaptar seu empreendimento e suprir a demanda local. Surgiu a ideia de montar uma pequena mercearia, fazendo do seu negócio único ali. O consultor do Sebrae-SP em Itapeva Alisson Rezende acompanhou e ajudou na mudança do negócio de Zenite. Segundo ele, a alteração foi tranquila para a empreendedora. O consultor conta que a transparência e dedicação dela foram aliadas fundamentais para que conseguisse um financiamento pelo programa Empreenda Rápido (leia nesta página), possibilitando a ampliação e reforma do local. “Ela nos procurou em 2019. Quando finalizou o curso, ela entendeu que o
crédito, por si só, não cria oportunidades, ele é uma ferramenta para viabilizar a oportunidade que existe no mercado” explica o consultor. Rezende destaca que Zenite usou o crédito com sabedoria e com foco no crescimento do empreendimento. “Sua dedicação, esforço e o histórico de boa pagadora foram fundamentais para que o empréstimo fosse liberado. Ela conseguiu cerca de R$ 10 mil para investir na mercearia”, afirma Rezende. Zenite reformou o local, comprou gôndolas e apostou em produtos que os consumidores sempre pediam. “Minha dica para quem tem o sonho de abrir o próprio negócio é: vá atrás de orientação de quem entende do assunto, nunca deixe de buscar conhecimento. O Sebrae está aí para ajudar e auxiliar no que a gente precisa”, finaliza.
O EMPREENDA RÁPIDO O Empreenda Rápido é o programa do Governo do Estado de São Paulo em parceria com o Sebrae-SP, que tem como objetivo incentivar o empreendedorismo por meio de cursos de qualificação e linhas de crédito exclusivas. O programa é voltado tanto para quem deseja abrir empresa quanto para quem já empreende e quer expandir o seu negócio. Os participantes recebem orientação e suporte desde o momento da abertura do empreendimento, passando pela qualificação, até a obtenção de crédito para financiar os seus projetos. Para detalhes acesse: https://www.sebrae.com.br/ ou ligue 0800 570 0800
*Estagiário sob supervisão dos editores EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae‑SP Edição impressa
DIRETORIA EXECUTIVA Diretor‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos
CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.
JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Kaio Augusto, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos.
Estagiários: Marcos Leodovico e Mariel Mathias. Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177‑4784 SEBRAE‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo‑SP. CEP: 01504‑ 001 PARA ANUNCIAR (11) 3177‑4784
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TEC &
LIVROS DOMINE OS HÁBITOS PESSOAIS E SEJA BEM ‑SUCEDIDO (AlfaCon) A definição de sucesso no ambiente corporativo tem ganhado diferentes contornos com a pandemia. Após mais de um ano de home office, a velha relação entre produtividade e sucesso tem dado espaço para outros fatores, como o bem-estar e a saúde mental no trabalho. Por isso, repensar o lugar da produtividade e do “sucesso na vida” é fundamental para lidar com os desafios profissionais do futuro. E entender os processos que definem o que é ser produtivo e qual sua relação com o que pode ser considerado como sucesso é um dos temas tratados por Zig Ziglar, professor, escritor e palestrante internacional, neste livro. Dividido em etapas, a obra mostra como é possível adotar comportamentos que agregam valor não apenas ao ambiente corporativo, mas também para outras esferas da vida. POR QUE OS GENERALISTAS VENCEM EM UM MUNDO DE ESPECIALISTAS (Globo Livros) David Epstein explica nessa obra como, em um mundo cada vez mais especializado, os profissionais mais valorizados e mais bem-sucedidos em suas áreas de atuação são os generalistas, aqueles que pensam fora da caixa e encontram saídas para problemas aparentemente insolúveis por meio da conexão entre áreas e ideias, a princípio, incompatíveis. Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas é um livro indispensável para todos que desejam transformar os seus interesses em múltiplas áreas em carreiras de sucesso – não importando a idade e a vivência anterior. GATILHOS MENTAIS: O GUIA COMPLETO COM ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS E COMUNICAÇÕES
GOOGLE APRIMORA A PLATAFORMA GRATUITA DE VIDEOCONFERÊNCIAS MEET O Google fez uma série de modificações na sua plataforma de videoconferência Meet. Entre as novidades está um espaço maior para visualizar e compartilhar conteúdo, além da possibilidade de fixar vários blocos para personalizar as prioridades, como destacar uma apresentação e o palestrante ao mesmo tempo. Outra opção disponível permite redimensionar, reposicionar ou ocultar seu próprio feed de vídeo, deixando o espaço livre para ver ainda mais pessoas na mesma chamada. Essa ideia surgiu após o Google concluir que as pessoas se concentram melhor quando não se veem na tela.
RESTAURANTES PODEM PUBLICAR STORIES DO INSTAGRAM NO UBER EATS Os restaurantes podem integrar suas contas do Instagram à plataforma Uber Eats. A ideia é dar ao estabelecimento um perfil mais atrativo no serviço de delivery. Além disso, também é possível usar a função de “stories” (fotos que se autodeletam em 24 horas) da rede social para permitir que os restaurantes criem conteúdo diretamente no Uber Eats, comunicando-se com o público sobre mudanças no cardápio, horário de funcionamento e promoções sazonais, por exemplo. Para desfrutar da novidade, os parceiros terão de se cadastrar para utilizar o recurso. O objetivo do Uber Eats é que a integração evite que o usuário saia do aplicativo para ir até o Instagram ver os pratos no feed de fotos. Segundo testes da plataforma, 13% dos usuários que clicaram nos stories de um restaurante realizaram um pedido nesse mesmo estabelecimento em uma mesma sessão.
PROVADAS PARA VOCÊ APLICAR (DVS) O livro de Gustavo Ferreira mostra como aplicar na prática 32 “gatilhos” no seu negócio, indo muito além de uma simples comunicação de vendas. A obra aborda os quatro gatilhos que realmente importam na sua comunicação, o principal motivo que o impede de realizar mais vendas, como ativar as principais emoções no seu cliente para que ele compre, os gatilhos que ajudam seu cliente a confirmar a decisão de compra entre outras questões. São estratégias provadas para você construir um negócio sólido usando todos os recursos da mente humana a seu favor, de forma ética, íntegra e lucrativa.
WHATSAPP PAY DEVE CHEGAR AOS LOJISTAS NO SEGUNDO SEMESTRE O WhatsApp planeja permitir que o envio e recebimento de dinheiro por meio do aplicativo, hoje restrito a pessoas físicas, seja feito também a lojistas a partir do início do segundo semestre, apurou o Estadão/ Broadcast. Para isso, já teria fechado parceria com a Rede (empresa de máquinas do Itaú Unibanco), além da Cielo (de Bradesco e Banco do Brasil). Diferentemente das pessoas físicas, os lojistas terão de pagar pelas transações pelo WhatsApp Pay para oferecer a ferramenta aos seus clientes, o MDR, na sigla em inglês.
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IDEIAS
PERGUNTE A QUEM ENTENDE Como uma identidade visual certa pode fazer a diferença no seu negócio? Por Rosangela Sampaio, psicóloga, palestrante, escritora e apresentadora do programa Mulheres em Flow. Divulgação
PODCAST
HAPPY HOUR COM ELAS O podcast quinzenal traz conversas aprofundadas sobre diversos aspectos do empreendedorismo feminino e da carreira profissional das mulheres, trazendo relatos pessoais e participação de especialistas do mercado. Apresentado pela jornalista e escritora Carol Marino, o “Happy Hour com Elas” está em sua segunda temporada, que tem como tema central o mercado do trabalho do futuro. O podcast está disponível no Spotify e no Deezer.
FILMES
TONY ROBBINS: EU NÃO SOU SEU GURU Saber criar uma experiência única e transformadora, muitas vezes, é o suficiente para dar certo no mercado. O documentário “Tony Robbins: I Am Not Your Guru”, de 2016, mostra as técnicas nada ortodoxas de Tony Robbins. O escritor e palestrante não apenas oferece mudanças de vida no palco, mas traz insights poderosos sobre como empreender. Com um programa de imersão milionário e uma agenda sempre lotada, demonstra a importância de oferecer algo de alto valor agregado. Disponível na Netflix.
Assista a Live em:
VÍDEO
CONHEÇA SEU PÚBLICO Quem é o público-alvo da sua empresa? Essa definição impacta toda a comunicação do seu negócio. Saiba como identificar seus clientes em potencial. https://youtu.be/ohdngst55e8
Tornar sua marca reconhecível e distinguível de seus concorrentes é uma das características cruciais para o sucesso. Para uma pessoa fazer uma compra, ela geralmente precisa primeiro se familiarizar com sua marca, ou seja, o mais importante não é apenas ver o que você tem a oferecer, mas também estudar suas políticas e aprender mais sobre seus valores corporativos. Tudo isso pode ser alcançado por meio da construção de uma identidade visual. A seguir estão algumas dicas sobre o assunto. Consciência e reconhecimento da marca: a primeira coisa que você precisa saber sobre a sua marca é que, quando as pessoas ouvem sobre sua empresa, é a imagem que elas veem. Isso mesmo, uma imagem. Isso por si só é mais do que suficiente para testemunhar sobre a importância da identidade visual na construção de uma marca forte. Aprenda sobre o seu público-alvo: embora alguns empreendedores possam sentir que estão construindo um legado ou trabalhando em sua própria imagem, a verdade é que a história da sua empresa é uma história sobre seus clientes. Você precisa aprender quem é o protagonista da história muito antes de começar a contá-la. Para isso, você tem de pesquisar seu público. Senso de continuidade: com o passar dos anos, sua marca vai evoluir, crescer e se expandir. Com isso, você pode sentir a necessidade de fazer uma atualização e mudar seu logotipo ou slogan. Quando isso acontecer, você precisará encontrar uma maneira de manter algum senso de continuidade. Para ter uma ideia, dê uma olhada na evolução do logotipo de algumas das maiores marcas do mundo. Presente em diferentes formatos: logotipo, produtos e uniformes podem ser igualmente icônicos para a identidade da sua marca e sua confiabilidade. Você deve encontrar um padrão ideal para um logotipo que se traduza bem em cartões de visita, banners, pacotes de produtos, uniformes e muito mais. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.
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Doce reinvenção
Laura Bezerra perdeu seu público com a pandemia, mas conquistou novo mercado na internet Depoimento a Mariel Mathias*
“E
u nasci em 1966 no município de Jaguaruana, no Ceará. Naquela época não tinha luz elétrica na minha cidade. Aos 7 anos, minha família se mudou para a cidade vizinha, Russas, para eu estudar. Eu adorava ajudar minha mãe e minha avó na cozinha, principalmente porque elas faziam doces, mas eram apenas doces feitos de frutas e de leite, eu ainda não conhecia nenhum doce feito de chocolate. Mudei-me para São Paulo em 1984, aos 18 anos, onde continuo até hoje. Em 2013, eu acabei saindo de uma empresa onde trabalhava e fiquei três anos parada, sem perspectiva nenhuma. Em 2016, tive interesse de voltar a estudar, algo que sempre foi meu foco, até que um dia meu filho me pediu para fazer brigadeiro para o aniversário dele. Na ocasião, eu tive dificuldade de fazer, pois eu nunca acertava o ponto. Então decidi fazer um curso do Sebrae e foi lá que conheci o ‘brigadeiro gourmet’, uma receita em que o foco é reduzir o açúcar e acentuar o gosto do chocolate, o que é diferente da receita do brigadeiro tradicional que fazemos em casa, que só leva leite condensado e achocolatado. O curso foi muito além da capacitação profissional. Os professores são extremamente qualificados e também incentivam os alunos para melhorarem suas vidas como um todo. Foi uma experiência única. Fiz o curso do Sebrae e os doces para o aniversário do meu filho. Todos que provaram adoraram. Conforme o tempo foi passando, fui fazendo mais para dar de presente. Até que um dia, minha irmã sugeriu que eu levasse esses docinhos na creche onde ela trabalhava para degustarem. E foi aí que as pessoas começaram a comprar e a ‘De Olho
Laura Bezerra: “Quero que meus doces tenham qualidade e sejam acessíveis”
no Brigadeiro’ surgiu. Minha filha deu o nome e meu filho criou o logo, o que torna a marca muito pessoal para mim e faz toda a diferença. Depois disso, estudei mais a fundo, testei e experimentei muito até criar a minha própria receita: um brigadeiro diferente de qualquer outro. O maior prazer que eu tenho com a minha marca não é a parte financeira, mas a satisfação do cliente. A única dificuldade que a nossa marca tem hoje é o preconceito com nossos valores; por ser um preço abaixo do mercado, muitas pessoas pensam ser um produto de má qualidade, mas é apenas porque o que eu mais acredito hoje é que todos têm o direito de ter um produto de baixo custo e ótima qualidade. Eu quero que meus doces sejam acessíveis para todas as pessoas.
Em março de 2020, com o fechamento dos shoppings devido à pandemia, tudo se complicou. Nós tínhamos contrato com três shoppings, fornecíamos os doces para os eventos que aconteciam, e em cada um deles havia uma média de 250 crianças para atender. Além disso, havia a rotina de restaurantes e eventos para onde entregávamos doces. Então, por um tempo, ficamos sem vender nada. Até que uma colega do curso do Sebrae me deu a ideia de criar um Instagram para a loja e, a partir daquele momento, o perfil da loja cresceu e chamou a atenção dos clientes. Hoje, a ‘De Olho no Brigadeiro’ vende online pelo Instagram e pelo WhatsApp. Também houve uma mudança no estilo de venda, hoje eu vendo para pessoas físicas diretamente e sabemos que o processo de
lidar com pessoas é difícil – e entender os seus gostos é mais ainda. Eu procuro saber o que gostam para personalizar cada pedido, porque o meu foco não é lucro, mas a satisfação do cliente. Para as pessoas que estão passando por alguma dificuldade neste momento, eu queria dizer que tudo é possível. No curso do Sebrae, eu tinha ouvido falar sobre o empréstimo oferecido pelo Banco do Povo, mas não acreditava que realmente era possível conseguir, até eu fazer o pedido do empréstimo e ser aprovada. Nosso plano para o futuro, depois que a pandemia passar, é mesclar as vendas online e presenciais. Temos um projeto de criar um e-commerce e abrir uma loja física. É um sonho de há muito tempo e temos certeza de que dará certo.” *Estagiária sob supervisão dos editores