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Rumo ao futuro, agora fortalecidos
Capítulo 5
Rumo ao futuro, agora fortalecidos
No momento em que este livro terminou de ser escrito, no final de outubro de 2022, o Brasil registrava 687 mil óbitos por covid-19 e mais de 34,7 milhões de casos confirmados da doença. A pandemia seguia uma tendência de abrandamento. O avanço da cobertura vacinal e o surgimento da variante ômicron, menos letal, reduziram a gravidade da covid-19 no mundo. Em 14 de setembro, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou: “Nunca estivemos em posição melhor para acabar com a pandemia. Não chegamos lá ainda, mas o fim está à vista”.
No dia 28 daquele mês, o boletim semanal da OMS mostrou que o número de novos casos de coronavírus no mundo caíra 11%, e o de mortes, 18%. Desde o início da pandemia, registraram-se 6,57 milhões de óbitos no mundo pelo SARS-Cov-2. No Brasil, em 29 de setembro, a média móvel de mortes nos sete dias anteriores era de 43 – a menor registrada desde 3 de abril de 2020 (quando ocorreram 39 óbitos). Em comparação à média de 14 dias antes, a variação foi de menos 38%, com tendência de queda. Em 16 de outubro de 2022, o mundo todo registrava 625 milhões de casos confirmados.
Na economia, os danos foram profundos em todos os países, com a recessão alcançando um impacto maior do que as duas guerras mundiais e a crise financeira dos anos 2000, de acordo com dados de um relatório divulgado pelo Banco Mundial. O levantamento apontou que 90% dos países do globo tiveram contração do PIB, em 2020. Esse percentual equivale a 172 países, de um total de 192. Antes, o pior ano para a economia global havia sido 1931, no auge da Grande Depressão norte-americana, quando a economia de 83% das nações sofreu queda.
A covid-19 também causou graves estragos no Brasil e em sua economia. O País foi o mais afetado pela doença na região da América Latina e do Caribe e o terceiro em todo o mundo. Outro levantamento do Banco Mundial mostrou que a pandemia poderia ter aumentado, significativamente, a pobreza no Brasil, se não fosse o pacote fiscal e a transferência direta de renda para 68 milhões de pessoas.
O programa de auxílio emergencial, iniciado em 2020 pelo governo federal para enfrentar a covid-19, ajudou a conter o aumento da pobreza. A ajuda financeira representou quase metade da renda das famílias que estão na base da pirâmide social. No entanto, uma vez que, no conjunto, a economia experimentou um crescimento real de 1,2% entre 2019 e 2022, era esperado que as taxas de pobreza ficassem um pouco abaixo dos níveis em que estavam antes da pandemia.
A mais recente medida em favor das micro e pequenas empresas foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), em 18 de março de 2022. A Lei Complementar nº 193 instituiu o Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional (Relp), criado para apoiar a recuperação dos negócios prejudica-
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dos pela pandemia. O programa concedeu descontos sobre juros, multas e encargos, proporcionalmente à queda de faturamento no período de março a dezembro de 2020, em comparação com o período de março a dezembro de 2019. Empresas que ficaram inativas no período também poderiam participar, com o parcelamento de quaisquer dívidas no âmbito do Simples Nacional em até 15 anos (180 meses), entre outros débitos.
Em junho de 2022, a pandemia já não estava entre as três principais dificuldades ou preocupações dos microempreendedores individuais, e das micro e pequenas empresas brasileiras. Em março, o aumento de custos (50%), a falta de clientes (21%) e as dívidas com empréstimos eram as preocupações que atormentavam o dia a dia desses empreendedores. A pandemia ocupava o sexto lugar, com 3%. A pesquisa indicou que 59% dos pequenos negócios estavam com um terço dos custos mensais comprometidos com dívidas e empréstimos. E 59% afirmaram ter registrado queda de faturamento naquele mês (em março de 2020, quase 90% dos empreendimentos relataram recuo drástico na receita).
Para destacar o poder dos pequenos negócios como os principais geradores de postos de trabalho no Brasil, este capítulo se encerra com um levantamento do Sebrae-SP, divulgado em fevereiro de 2022, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, que mostra que as micro e pequenas empresas geraram 2,1 milhões de vagas em 2021.
Naquele ano, as MPEs foram responsáveis pela criação de quase 78% das vagas com carteira assinada. Do saldo de 2,7 milhões de empregos formais registrados pelo Caged, 2,1 milhões vieram dos pequenos negócios.
De acordo com o levantamento do Sebrae, o pior resultado de 2021 ficou concentrado nas médias e grandes empresas, que registraram o encerramento de 274.220 vagas. O estudo comprova o que já aparecia nos monitoramentos feitos pela entidade ao longo da pandemia.
Em 2021, de cada 10 empregos, oito foram criados por micro e pequenas empresas. Além de concentrar a geração de vagas, as MPEs têm algumas características, como contratar mais e demitir menos, além de manter uma relação muito mais próxima com os empregados.
O desempenho positivo na geração de emprego é fruto de medidas que trouxeram fôlego durante a pandemia, como o próprio auxílio emergencial, o programa de manutenção do emprego e renda e as ações de crédito para o pequeno empreendedor. A manutenção desses resultados vai depender também da consolidação da oferta de crédito. Em 2021, todos os estados fecharam o ano com saldo positivo na geração de empregos por micro e pequenas empresas. Em sete deles, o número de vagas criadas ultrapassou a marca de 100 mil.
São Paulo foi o estado que mais criou vagas, e 532.386 foram em micro e pequenas empresas. Na sequência, aparecem Minas Gerais, com 233.578, e Rio de Janeiro, com 159.818. Depois vêm Paraná (143.733), Santa Catarina (125.319), Rio Grande do Sul (111.845) e Bahia (108.960). Os menores saldos, com resultado inferior a 10 mil
O impossível gerando o extraordinário. Um relato da atuação do Sebrae-SP na pandemia de covid-19
postos de trabalho, ficaram na região Norte: Acre, com 6.098, Amapá, que registrou a criação de 5.564 vagas, e Roraima, com 5.469 empregos com carteira assinada, gerados por micro e pequenas empresas.
Em relação aos setores, a criação de vagas foi maior na área de construção civil, com 93.439 postos de trabalhos, seguindo-se atividades de restaurantes, com 57.511 postos, e transporte rodoviário de carga (exceto produtos perigosos e mudanças), que somou 49.565 vagas. Ainda estão entre os setores com mais oferta os de supermercados (49.301), serviços combinados de escritório e apoio administrativo (45.859), comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (36.839) e comércio varejista de produtos farmacêuticos sem manipulação de fórmulas (31.984).
Pequenos negócios como minimercados, mercearias e armazéns geraram 29.133 empregos. O Sebrae-SP também destacou lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares (28.854 vagas) e serviços de engenharia (27.531). Por sua vez, a entidade está saindo reformulada dessa crise, ainda mais conectada às necessidades dos pequenos negócios, mais digital, mais presente. No final de outubro de 2022, a entidade somava cerca de 500 unidades do Sebrae Aqui em operação, estando presente em 443 municípios distintos, o que equivale a 69% de cobertura. A perspectiva era chegar, em dezembro, a 80% de cobertura, ou seja, 516 municípios. Nos resultados coletados de janeiro a julho de 2022, os pequenos negócios atendidos de forma presencial totalizavam 519.369, o que correspondia a 98% do planejado. Os clientes atendidos pelos canais digitais (empreendedores e futuros empresários) somaram 590.918 (98% do planejado).
O Indicador NPS – nível de satisfação do cliente com os produtos e serviços adquiridos da sua empresa e a probabilidade de indicação da marca a outras pessoas – estava em 86 (o planejado no período era alcançar 80). O total de atendimentos chegou a 2 milhões, considerando que um mesmo cliente é atendido mais de uma vez.
No que se refere às ações de inovação, 98% dos clientes implementaram avanços inovadores em seu negócio (a meta era que 80% dos clientes aplicassem algum tipo de inovação). Além disso, 16,7 mil empreendedores foram atendidos em programas de inclusão produtiva. A educação empreendedora capacitou 9.142 professores, quase o dobro do previsto para o período.
No Empreenda Rápido, o maior programa de apoio ao empreendedor e futuro empresário, foram atendidas 190,2 mil pessoas físicas (informais e futuros empreendedores) e 54,1 mil pessoas jurídicas (negócios já constituídos). Os postos do Sebrae Aqui atenderam 103,1 mil potenciais empreendedores e 99,7 mil empresários formais. Entre as startups, o período registrou 1.973 negócios inovadores atendidos, além de 6.176 pequenos negócios atendidos por meio do ALI (Agente Local de Inovação – Produtividade) e 1,2 mil produtores rurais, totalizando 10,5 mil atendimentos no âmbito da inovação do ALI Rural. Esses resultados, somados aos milhares de relatos que ouvimos, reafirmam que as estratégias de atendimento aos empreendedores estão no caminho certo e que foram realmente assertivas e certeiras graças à dedicação e ao conhecimento do corpo de colaboradores do Sebrae-SP e da sua rede de parceiros.
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