Osvaldo Nocetti
rússia 2018
A Copa do Mundo ganha a escola Por reunir vários países em torno de um esporte, a Copa do Mundo passou a ocupar um grande espaço na educação permitindo uma abordagem multicultural de reconhecimento e respeito às diferentes culturas, etnias e religião. Leia nas páginas 6 e 7
Editorial
O direito de aprender
Índice Confira a entrevista com a Secretária de Estado da Educação, Simone Schramm
osvaldo nocetti
Páginas 6 e 7 Central Grandes eventos como a Copa do Mundo são instrumentos dinâmicos de aprendizagem.Veja a abordagem dos professores em sala de aula
osvaldo nocetti
Página 8 e 9 Meio ambiente Delegados estaduais participaram da V Conferência Infantojuvenil pelo Maio Ambiente, em São Paulo, apresentando projetos sobre o uso consciente da água
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Beatriz Menezes dos Santos Editora do Escola Aberta
Página 5 Entrevista
Página 10 Programas Estudantes de Joinville e professoras de Içara são destaques na Feira Nacional de Matemática no Acre
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O futuro do ensino está nas novas tecnologias? Está numa maneira diferente de ensinar? Estão os professores preparados para fazê-lo? Podemos responder que é tudo isso e muito mais, tamanho o desafio dos educadores. O direito à educação é hoje legalmente concretizado como o direito de aprender. Frente a isso, ganhou legitimidade social outra pergunta: os estudantes da educação básica brasileira estão aprendendo o que necessitam para uma “vida plena”? Sabe-se que a educação, para ser eficaz, precisa acompanhar as necessidades humanas que se transformam com o tempo. E que as necessidades contemporâneas exigem uma escola capaz de dialogar com o mundo atual. Em pesquisa, o Fórum Econômico Mundial revelou que se as crianças de hoje quiserem prosperar como futuros profissionais bem-sucedidos, precisarão aprender habilidades sociais e emocionais ao longo de sua formação. Assim, aptidões como criatividade e comunicação que estimulam interações sociais e auxiliam na resolução de problemas, se tornarão cada vez mais importantes a medida que a era digital altere os locais de trabalho e empregos. É nesse contexto que se insere a reforma do ensino médio, regulamentada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Em abril, após quatro anos de elaboração, o MEC entregou o documento para a análise do CNE. O arquivo deverá passar por várias mudanças a partir de novas contribuições do próprio CNE e da sociedade, por Assim, aptidões como meio de audiências públicas, que criatividade e comunicação ocorrerão até o mês de agosto. que estimulam interações A expectativa é de que, com as sociais e auxiliam na mudanças previstas para serem resolução de problemas, implementadas até 2020, os jovens possam resolver as demanse tornarão cada vez mais das complexas da vida cotidiana, importantes a medida que do pleno exercício da cidadania e a era digital altere os locais do mundo do trabalho. Para falar de trabalho e empregos. sobre esse desafio, o Escola Aberta falou com a secretária de Estado da Educação, Simone Schramm, que tem a meta de impulsionar essas alterações ao longo de 2018. Confira a Entrevista na página 5. Na Central, destacamos as abordagens pedagógicas do tema Copa do Mundo, promovidas como reflexões nas salas de aula sobre o respeito às diferenças culturais, étnicas ou religiosas dos países participantes, dado o importante papel da escola na construção de valores como igualdade, solidariedade e ética. Leia também nas páginas 8 e 9, sobre os projetos dos delegados catarinense do meio ambiente apresentados na V Conferência Nacional Infantojuvenil, propondo soluções sustentáveis para problemas práticos enfrentados em suas comunidades em relação ao uso racional da água potável. Nas demais páginas, divulgamos programas e ações da Secretaria da Educação e de professores, que mobilizam a escola e buscam vencer antigas crenças educacionais. Mas de quanto desse passado devemos nos livrar ou esquecer para proporcionar o que os jovens do século 21 desejam? Apenas uma certeza: o caminho se aprende caminhando. Boa leitura!
Página 11 Projetos
Página 12
No Ceja de Ibirama, o hábito da leitura foi motivado pela campanha Doe livros e transforme vidas
Notícias da SED
Editora: Beatriz Menezes dos Santos Participaram dessa edição: Beatriz Menezes dos Santos, Dafnée Canello, Suzana Francieli Ferrari, Leneza Della Krás
2 / JULHO de 2018 / EDUCAÇÃO SC
OSVALDO NOCETTI
Expediente Fotografia: Osvaldo Nocetti, Leneza Della Krás, Suzana Francieli Ferrari, Saulo Camana, Andréia Oliveira Revisão: Ascom
Diagramação: Bruno Pagani Assessoria de Comunicação: Rosane Felthaus Secretaria de Estado da Educação
RÚSSIA 2018
A COPA DO MUNDO GANHA A ESCOLA Por reunir vários países em torno de um esporte, a Copa do Mundo passou a ocupar um grande espaço na educação, permitindo uma abordagem multicultural de reconhecimento e respeito às diferentes culturas, etnias ou religião. Leia nas páginas 6 e 7
Nossa capa Na foto, os alunos do 2o ano da Escola de Aplicação do IEE na Capital, aproveitam o álbum de figurinhas da Copa do Mundo para brincar e aprender
secretaria de estado da educação
Artigo
Prêmio Gestão Escolar 2017
Articulação com a comunidade escolar Osvaldo Nocetti
Maristela Faguerazzi Coordenadora de Gestão Escolar - Secretaria de Estado da Educação
A Secretaria de Estado da Educação dá continuidade ao processo de acompanhamento dos Planos de Gestão aplicados nas escolas. Pelo terceiro ano consecutivo, a Diretoria de Gestão da Rede Estadual está realizando cursos de formação continuada aos gestores, com o propósito de subsidiá-los no desenvolvimento e execução do Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada unidade. O trabalho da Secretaria da Educação, das Gerências Regionais, Conselhos Deliberativos e da Coordenadoria da Grande Florianópolis se voltou à investigação das práticas de gestão democrática, contemplando a investigação teórica e metodológica nos aspectos pedagógico, administrativo, físico e financeiro. A análise de tais dimensões considerou os eixos temáticos como o currículo e práticas pedagógicas, planejamento escolar, diversidade, formação continuada e desenvolvimento profissional, dentre outros. Essa política vem gerando resultados positivos no ambiente escolar, com maior participação dos Conselhos Deliberativos, Grêmios Estudantis, Conselhos de Classe, Associações de Pais e Professores e realização de assembleias, que são as instâncias de decisões colegiadas nas escolas. Com, isso, foi possível ter um diagnóstico preciso sobre a atuação da equipe, avaliando as qualidades e fragilidades das unidades, permitindo o aprimoramento das ações. Por meio do diagnóstico, busca-se desafiar os diretores no fortalecimento e consolidação dessas instâncias, nas quais deve ocorrer a completa integração dos diferentes segmentos da comunidade, assegurando as articulações pedagógicas, administrativas e políticas descentralizadoras, com destaque para a participação das famílias.
A construção do sucesso coletivo na Escola Mont’ Alverne A Escola de Ensino Fundamental Mont’Alverne, de Ituporanga, já está colhendo os frutos do Prêmio Gestão Escolar 2017. Começou em junho um programa pedagógico, de um ano, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, outorgadora da premiação junto com o Consed.
Em 2018, para aprimorar os Planos, a Secretaria da Educação promoveu novo curso de aperfeiçoamento, organizado em duas etapas, com momentos presenciais e a distância, carga horária de 90 horas para diretores e 60 horas para os demais membros do Conselho Deliberativo. O foco da primeira etapa, realizada de março a abril, foi a apresentação dos resultados da Avaliação da Gestão Escolar realizada em 2017, além do estudo das temáticas que não estão consolidadas na escola.
O programa inclui ações educativas, didático-pedagógicas e culturais envolvendo gestores, professores, alunos e pais, abordando temas variados como tecnologia, prazer da leitura, artes e produção audiovisual.
Na segunda etapa, a formação terá como subsídio o estudo de Cadernos Pedagógicos elaborados e coordenados pelos técnicos da diretoria, contemplando as principais temáticas. Participam dessa fase o gestor e três representantes do Conselho Deliberativo, por escola, mais os técnicos/ tutores das regionais da educação.
Segundo Adriana Trindade, representante da Fundação, a entidade elegeu o trabalho da Mont´Alverne, grande vencedora nacional do prêmio, para estimular ainda mais a gestão, reconhecendo boas práticas que possibilitem a troca de experiências entre gestores e multiplicação de estratégias inovadoras.
Além da interação entre os profissionais, foram realizadas oficinas pedagógicas e palestras sobre dados da Sistemática de Avaliação, que permitiram o compartilhamento de conhecimentos e experiências, provocando o debate e a definição de metas para o acesso, permanência e a efetiva aprendizagem dos estudantes.
Maria Pereira da Silva, mãe da aluna Alessandra, do 1º ano do ensino fundamental, se sente gratificada pela filha estar participando de um programa nacional que insere mudanças voltadas à melhoria do ensino. A aluna do 9º ano, Caroline Ferreira, também está feliz em participar ativamente da vida escolar. A diretora, Viviane Rosa Bennert, que promoveu uma gestão pedagógica participativa, com atuação comunitária no planejamento e nas ações educativas, diz que a escola é aberta ao diálogo e voltada à inclusão social. “O programa resulta nos bons índices de aprovação, de assiduidade e nas avaliações externas, o que, comprovadamente, melhoram o ensino”, comemora a diretora, após assinar o termo de compromisso com a Fundação Roberto Marinho.
A partir das orientações dos mediadores da Secretaria, cada gestor retornou à escola e, com a equipe e o conselho deliberativo, detalharam um plano de ações para esse ano, com o acompanhamento da Regional de Educação. Por fim, entendemos que a operacionalização do Plano de Gestão Escolar e a Avaliação da Gestão fortalecem os Conselhos Deliberativos nas unidades de ensino, contribuindo para a consolidação da escola pública democrática e participativa em Santa Catarina.
O Prêmio, desde 1998, é promovido pelo Consed em parceria com o MEC e o FNDE. Na 16ª edição contemplou projetos inovadores e gestões competentes na Educação Básica da rede pública brasileira.
EM FOCO MEIO AMBIENTE
SUZANA FRANCIELI FERRARI
secretaria de estado da educação
A preocupação com a sustentabilidade é constante nas escolas da rede estadual, onde a educação ambiental é abordada de forma transversal e interdisciplinar. Atividades como reciclagem de materiais, coleta de lixo e reflorestamento de áreas degradadas são algumas das ações que impulsionam a mudança de hábitos e atitudes que colocam em risco a vida do planeta. Na Escola Nossa Senhora da Salete, de Maravilha, os alunos aprendem sobre a importância da preservação, que vai além de festejar a data, 5 de junho, como o Dia Mundial do Meio Ambiente.
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Destaque
MULHER Instituições NO combate à violência Texto e fotos: Suzana Francieli Ferrari ADR de Maravilha
O programa Mulher, Viver sem Violência, da Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação, em uma ação conjunta com as ADRs e escolas, está percorrendo todo o Estado. O “ônibus lilás” que chama a atenção das comunidades por onde passa, é estruturado com duas salas de atendimento onde as mulheres têm acesso à informações e serviços
As escolas da ADR de Maravilha aderiram ao programa que orienta e promove debates reflexivos nas salas de aula, como forma de prevenção à violência
U
m trabalho de mobilização realizado pelos governos federal, estadual e municipal tem como foco oferecer informações às mulheres das áreas mais distantes dos centros urbanos do país. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelam incremento de 16% nos casos de violência contra a mulher registrados no Brasil. Em 2017, foram oito novos processos de feminicídio por dia. Buscando alterar esse quadro em Santa Catarina, o ônibus itinerante do programa Mulher, Viver sem Violência chega ao Extremo-Oeste catarinense com o propósito de orientar, integrar e ampliar os serviços sociais voltados ao público feminino. É a continuidade da ação promovida pela Coordenadoria da Mulher, vinculada à Secretaria de
Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação, em parceria com as Agências de Desenvolvimento Regional e escolas. Na ADR de Maravilha, por exemplo, as mulheres receberam palestras, orientações jurídicas e de saúde, além de dicas de qualificação profissional.
Estudantes participam A programação iniciou em maio, no município de Caibi. Na praça Pedro Antonio Bigaton, membros do Poder Judiciário da Comarca de Palmitos passaram orientações à comunidade em geral e às jovens estudantes do 9º ano da Escola Humberto de Alencar Castelo Branco. Para as alunas do 2º ano do ensino médio, da Escola Genoveva Dalla Costa, de Riqueza, Divia-
ne Peretti Kapp e Bianca Locatelli, a palestra de Sandra Bataglin, no Centro Social do Município, serviu como prevenção. “Devemos estar preparadas para evitar qualquer tipo de violência e também devemos estar atentas à violência que pode estar na frente de nossos olhos e que muitas vezes não enxergamos”, diz Bianca. O professor de Filosofia, Hevandrus dos Santos, explica que é uma característica da Genoveva a participação em atividades de integração. “O tema violência é um tema atual e os alunos têm muito interesse pela discussão. É um momento de partilhar conhecimento, é uma maneira de ter contato direto com a realidade”, destaca. “A palestra mostrou aos jovens a dura realidade e o leque sobre os tipos de violência enfrentados pelas pessoas do sexo feminino”, conclui Santos. divulgação
Escola Irmã Maria Teresa - Palhoça
O respeito à diversidade pela educação A Escola de Ensino Médio Irmã Maria Teresa, de Palhoça, realizou no primeiro semestre a 1ª Semana da Diversidade como espaço de debates sobre a LGBTFobia no ambiente escolar. Dentre as atividades, os estudantes expuseram nos corredores desenhos, pinturas e informações sobre o tema, além de performances, palestras e a realização de um concurso dos melhores cartazes. Quatro cartazes se destacaram pelo voto de professores e alunos. Como prêmio, os primeiros lugares receberam camisetas, chaveiros, pastas e certificados. E os segundos lugares, chaveiros, pastas e certificados. Todos os itens
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são personalizados com a logo da semana da diversidade. De acordo com Robson Fernandes, representante dos professores, a Semana aborda temas que estão sendo alvo de ignorância pelo “senso comum”, grande parte, pela falta de conhecimento teórico e científico a respeito da população LGBTI. “A escola tem papel importante na construção da igualdade, respeito, valores morais e éticos na comunidade escolar”, afirma. Por ser o Brasil um dos países que mais mata e criminaliza LGBTIs, a iniciativa poderá servir de exemplo às demais escolas da rede estadual.
Os cartazes demonstram o comprometimento da escola com um tema tão atual
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Entrevista Simone Schramm Secretária de Estado da Educação
A
gestora
osvaldo nocetti
Olhar de
professora Simone Schramm iniciou a carreira no magistério ainda muito jovem. Aos 17 anos, já lecionava nas séries iniciais, em uma escola de Garuva, no Norte do Estado. Em 40 anos de trabalho dedicados ao serviço público, passou por diferentes cargos na Educação, o que lhe proporcionou ampla visão da área. Assumiu a Secretaria de Estado da Educação dia 2 de maio, com o desafio de implementar a Educação Integral nas escolas catarinenses. Nesta entrevista, fala sobre o documento norteador da BNCC, que prevê novas diretrizes para a Educação Básica.
Escola Aberta: O que traz da experiência da sala de aula para a atual gestão? Simone Schramm: Eu trago comigo o aprendizado de cada função desempenhada ao longo dos meus 40 anos como servidora pública. Na ADR de Joinville, último cargo que ocupei antes de assumir a Secretaria de Estado da Educação, tive não apenas a experiência da gestão, mas uma visão do funcionamento da máquina pública do Executivo Estadual. Aprendi a agregar parceiros e a fazer mais com menos. É claro que estar em sala de aula é uma experiência enriquecedora. Um professor sempre irá sentir falta do dia a dia na escola e do contato com os estudantes, mas ter vivido a experiência docente na Educação Básica me diferencia no contexto da gestão. O trabalho com os professores no meio escolar me proporcionou o pleno conhecimento sobre as necessidades da educação, mais evidentes, neste momento, em infraestrutura e novas tecnologias. EA: Como a senhora vê a educação atual? S: Há uma mudança perceptível no mercado de trabalho, na forma de se comunicar, aprender e conviver. O mundo está em constante transformação com a revolução tecnológica. Quando as crianças se tornarem adultas, muitas das profissões atuais terão desaparecido, outras irão surgir. O que se aprende, hoje, está aquém daquilo que será exigido dos jovens em suas futuras profissões. Este aluno precisa ter a formação e o entendimento da Educação em suas diversas faces, desde a História, passando pelas disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa, Inglês e Ciências, mas não podemos perder de vista a importância de oportuni-
zar o desenvolvimento das habilidades e dos talentos. Tudo inicia na Educação Básica: a escola precisa ser mais atraente, envolvida com as diversas tecnologias, computadores, lousas digitais. O professor precisa estar mais preparado, com um salário melhor. Nem todas as desigualdades sociais serão superadas pela Educação, mas ela cria oportunidades que permitirão aos alunos fazerem escolhas mais coerentes para as suas vidas. EA: A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo para a educação básica. Por que é importante a construção desse referencial nacional? S: A BNCC é, antes de tudo, o resultado de uma luta do povo brasileiro por justiça social, por isso está prevista desde a Constituição Federal. Foi concebida como estratégia e meta do Plano Nacional de Educação. Assegurar que cada criança, cada adolescente, cada adulto possa aprender os saberes essenciais, independente da origem de nascimento e da escola que frequenta, é garantir o direito fundamental à educação escolar, é gerar mais equidade e oportunidades. Todos podem direcionar seus esforços ao alcance desses objetivos. Veja, estamos falando da aprendizagem essencial, daquilo que não pode deixar de ser aprendido. EA: Como foi construída a BNCC? S: A BNCC é uma legislação, um documento de Estado, foi cuidadosamente preparada durante dois governos e se estenderá por tantos quantos forem necessários até sua total implementação, tendo o MEC, por força de lei e de ofício, a incumbência de coordenar o processo.
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Seu início, em 2015, se deu com um documento base, produzido por especialistas de todo o Brasil. Esse documento sofreu ampla divulgação, passou por debates e contribuições, gerando uma segunda versão, que resultou em mais debates e contribuições em 27 seminários por todo país, com a presença de 70% de professores atuantes em sala de aula. Com as contribuições, o MEC pôde apresentar a versão definitiva ao CNE. É importante frisar que, em 20 de dezembro de 2017, foi homologada a BNCC da Educação Infantil e doEnsino Fundamental, passando a fazer parte da legislação e se estendendo a todas as redes de ensino. A etapa do Ensino Médio foi postergada para este ano, quando o MEC entregou a 3ª versão ao CNE, no dia 3 de abril. EA: Para o Ensino Médio, a Lei 13.415/2017 incentiva a ampliação do tempo integral nas escolas. Como está a implementação desta legislação em Santa Catarina? S: É necessário explicar que esta lei está em vigor, mas não é auto-aplicável, uma vez que no corpo da lei está definida a necessidade de aguardar a BNCC do Ensino Médio, que segue em apreciação no CNE. Após a homologação, os Estados terão um ano para fazer o cronograma de implementação, e só no segundo ano, poderão implementar a mudança nas redes de ensino. A projeção, portanto, é para além de 2020. Quanto à educação em tempo integral, no Ensino Médio, o MEC vem incentivando os Estados com um fomento, buscando ampliar jornada de estudos. Estamos avaliando as diversas formas de ampliação que o Estado já possui, corrigindo possíveis problemas e definindo uma oferta responsável, em que a infraestrutura seja assegurada para
Quando, além do professor, os pais e os alunos sabem o que deve ser aprendido no ano letivo, há um direcionamento de esforços para um objetivo: o êxito do aluno na sua aprendizagem. que os jovens sintam a necessidade de frequentar os bancos escolares e, efetivamente, aprendam. Durante este ano e o próximo, planejamos discutir o currículo do Ensino Méido de forma ampla e participativa, e construir um plano para a sua implementação em 2020. EA: Quais as parcerias firmadas para a ampliação do tempo nas escolas de Ensino Médio? S: A modalidade do Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) teve início em 2017 e conta com a parceria do Instituto Ayrton Senna e apoio do Instituto Natura, Fiesc/ Senai e Capes. Este ano, 30 escolas estão participando da implementação desta proposta, oferecendo aulas em período integral, com a previsão de recursos na ordem de R$ 4,9 milhões. Em 2017, foram viabilizados recursos do MEC para 15 escolas catarinenses, num total de R$ 2,7 milhões (ainda não totalmente aplicados, em função de processo licitatório). EA: Como essas diretrizes podem se refletir na qualidade do ensino em sala de aula? S: Os estudantes do século 21 esperam uma escola e professores aptos para contribuir com o preparo deles para o futuro. Em sintonia
com as transformações globais, a escola deve oferecer a esses estudantes oportunidades educacionais que lhes permitam desenvolver novas maneiras de saber, de trabalhar e de se relacionar. A escola precisa, sobretudo, mostrar-lhes a importância da autonomia, do entusiasmo e da criatividade no processo de aprendizagem. Então, há necessidade de melhorar aspectos de infraestrutura, sem falar na contínua capacitação dos educadores - que também têm de buscar individualmente essa formação. Não podemos, ainda, esquecer do componente familiar na formação desse jovem, o que reflete no desempenho do ensino e na aprendizagem, e reduz os casos mais difíceis de serem lidados na escola, como o uso de drogas e a violência. Temos de vencer os números da evasão escolar. E é nesse contexto que precisa ser colocada em prática a BNCC, para assegurar às crianças e os adolescentes a aprendizagem de saberes essenciais, independente da origem de nascimento ou da escola na qual estudam. Quando, além do professor, os pais e os alunos sabem o que deve ser aprendido no ano letivo, há um direcionamento de esforços para um objetivo: o êxito do aluno na sua aprendizagem.
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osvaldo nocetti
Central
festa multicultural Caracterizações, desenhos do mascote, dobraduras, bandeiras, cartazes, mapas e álbuns de figurinhas enchem as salas de aulas, ginásios de esportes, corredores e murais das escolas, proporcionando um verdadeiro caldo cultural e esportivo, representado pela competição que envolve 32 países e encerra dia 15 de Julho, na Rússia
Por beatriz menezes dos santos
A
criança no ambiente escolar convive com a diversidade e também pode aprender com ela. Por isso, aproveitar o maior torneio de futebol do planeta para enriquecer e dar mais sentido às aulas, permitindo aos alunos a descoberta e o conhecimento de diferentes culturas, foi uma das abordagens do projeto Copa do Mundo na Escola, promovido pelos ges-
tores e professores da Escola de Aplicação (EDA), do IEE, em Florianópolis. Segundo a diretora, Angela Zavarize, a ideia é que a Copa funcione também como um tema transversal, que são aqueles que permeiam as várias disciplinas ao mesmo tempo e fazem parte da LDB desde 1997. Os mais comuns, e que já são discutidos em grande parte dos conteúdos, são os
relacionados à pluralidade cultural, ética, meio ambiente, orientação sexual e saúde. “O projeto abre um espaço pedagógico de pesquisa, com caráter reflexivo, facilitando explorar a linguagem oral e escrita, a interpretação e a leitura, por meio de pesquisas e brincadeiras que envolvam conceitos das disciplinas”, destaca a diretora. A aluna Bárbara Faustino Nascimento,
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Professoras da Escola de Aplicação / IEE - Florianópolis
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osvaldo nocetti
suzana ferrari
EEB Nossa Senhora da Salete - Maravilha
do 2º ano, diz que gostou de representar a Rússia na Copa da Escola. “Li bastante sobre o país e aprendi que esta é a sétima vez que ele participa da competição”, ressalta. Para Lucas Cristiano da Silva, da mesma turma, esse ano “vai dar hexa”. “Fiz embaixadinhas na apresentação no Ginásio, imitando o Neymar, o melhor do time”, explica.
EEB Francisco Tolentino - São José
O álbum de figurinhas é a bola da vez osvaldo nocetti
A invasão de álbum de figurinhas dos jogadores também virou conteúdo em sala de aula. Em vez de enxergar a brincadeira como distração, os educadores perceberam uma ótima oportunidade para trabalhar de forma lúdica os conteúdos de língua portuguesa, matemática e geografia, dentre outros. De acordo com a professora Melissa Silva, da EDA, ao completarem os álbuns, as crianças conheceram os nomes dos atletas e suas nacionalidades, culturas e etnias, com o objetivo de valorizá-las e respeitá-las. Também proporcionou reflexões sobre a discriminação baseada em diferenças de cor, religião, classe social e sexo. Com todas essas ações, a Copa saiu dos gramados e chegou com sucesso à sala de aula, instigando o estudo e a criatividade. Agora é continuar a torcer pelo time e pela educação! Alunos do segundo ano da EDA aprendem brincando
saulo camana
A Sociologia pede licença No Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), de Videira, os adultos também abraçaram o tema Copa. Na disciplina de Artes, o professor Saulo Camana promoveu trabalhos reflexivos a respeito de questões sociais que preocupam os estudantes, como emprego, saneamento básico, educação, segurança, cultura, esporte e saúde, além de conceitos sobre valores como solidariedade, honestidade, respeito, união e justiça. Nas turmas dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, a discussão envolveu ainda os conteúdos de Língua Portuguesa e Geografia. Camana explica que durante os debates, os alunos foram elencando oralmente e ele transcreveu no quadro, “itens que devem ser melhorados em nosso país e que são necessidades fundamentais para o desenvolvimento social e econômico de uma nação”, ressalta.
“Gostei muito da aula”, disse Giovana Miranda da Luz, do ensino médio noturno. “Fazendo as dobraduras da camisa da seleção e do mascote da Copa, o lobo siberiano Zabivaka, discutimos os assuntos atuais da nossa sociedade”, ressalta. Os estudantes participaram ativamente. Formou-se uma lista, onde cada item foi simbolicamente transformado em um craque da nossa seleção. Curiosidades sobre os estádios, países estreantes, seleção mais valiosa, mascote, bola de futebol oficial e as seleções que retornaram à competição foram pesquisadas e socializadas em um mural. Também o aluno Gabriel Lazzari contou que a aula diferente trouxe vários questionamentos, com todos interagindo. “Fizemos as dobraduras da camisa da nossa seleção, representando os problemas sociais que os brasileiros enfrentam na atualidade”, destaca.
No Ceja de Videira as discussões foram além do esporte, envolvendo valores essenciais à cidadania
EEB Tancredo de Almeida Neves - Chapecó
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andreia oliveira
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EEB Delminda Silveira realiza 1ª Feira das Nações
EEB Nossa Senhora da Conceição - São José
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Meio Ambiente
Vamos cuidar das osvaldo nocetti
Com propostas socioambientais que valorizam o uso consciente da água e que partem das vivências concretas dos estudantes, os 19 delegados estaduais do meio ambiente representaram Santa Catarina na V Conferência Nacional Infantojuvenil, em São Paulo, para a socialização dos projetos com os demais representantes nacionais Por beatriz menezes dos santos
Os delegados estaduais afinaram o discurso no Encontro em Florianópolis e produziram uma Carta de Responsabilidade para levar à Conferência
P É uma experiência que jamais esquecerei, é mais uma prova de que eu consigo” Lilian Ramos, delegada quilombola da Escola Titolívio Venâncio Rosa
ara fortalecer a educação ambiental, a Secretaria de Estado da Educação vem promovendo ações que mobilizam os estudantes. Em maio, realizou a etapa estadual da V Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), com a apresentação de 122 projetos de delegados (alunos) eleitos na etapa Regional, incluindo escolas de ensino regular, educação quilombola, indígena e de assentamento rural. O tema da conferência, Vamos Cuidar do Brasil, Cuidando das Águas, instigou nos estudantes do ensino fundamental o cuidado com os rios e com o mar. “É uma experiência única”, ressalta a representante das escolas indígenas, a delegada
Nalanda dos Santos, que participou de oficinas e debates na etapa nacional da Conferência, de 15 a 19 de Junho, em São Paulo. O projeto de Nalanda está entre os 19 trabalhos e uma delegação selecionados no Estado para o encontro com todos os delegados do país. “Foi uma ótima oportunidade para conhecer várias pessoas, de diferentes lugares”, afirma. Segundo a coordenadora de Itajaí na Cijma, Raquel Fabiane Orsi, das 88 conferências das escolas da Regional foram eleitos cinco delegados. “Participar das discussões é uma forma de interagir com os jovens, oportunizando o diálogo e o envolvi-
mento deles em todo o processo. É enfatizar o protagonismo juvenil”, declara. De forma pedagógica e participativa, a mobilização envolveu alunos, professores e as comunidades escolares em pesquisas, diálogos e reflexão sobre as questões socioambientais, a partir da utilização da água pela humanidade. “Esta é a V edição da Conferência que o Estado participa, e pela primeira vez vai para a nacional um representante quilombola e outro de educação especial, como é o caso de Nicolas Henrique Manoel, da CEM Ceniro Martins, da Grande Florianópolis, enfatiza a coordenadora estadual Maria Benedita Prim.
O projeto de Nicolas foi um dos mais votados na Conferência Estadual
Proteção às nascentes “Estou muito feliz em representar uma escola estadual”, disse, a estudante quilombola de Araquari, Lilian Ramos. Ela e seus colegas desenvolveram o projeto Sob as águas do rio Itapocu: histórias, memórias e identidade, com o objetivo de preservar as nascentes e promover a discussão sobre a importância dos mananciais fluviais para a economia local. De acordo com a delegada de São Lourenço do Oeste, Tainá Cristiane Marioti, seu projeto vai contribuir com uma sociedade melhor. “Nós
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trouxemos a limpeza, recuperação e proteção do Rio Jordoni, que corta a comunidade onde moro. Isso é interessante para conscientizar a comunidade local, pois temos que preservar a água, que é o elemento da natureza mais importante”, ressalta Tainá. A aluna da escola de assentamento Trinta de Outubro, Rafaella Dalmas Belli, de Lebon Regis, explica ter sido muito oportuno o debate: Água ainda temos! Quer matar a sede? - pois é uma escola do Campo, em área de reforma agrária.
Eu aplico o conhecimento na prática” Rafaella Belli, delegada da Escola de assentamento Trinta de Outubro
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práticas Projeto da Escola Timbé do Sul, da Regional de Araranguá, propõe a dessanilização da água do mar apostando na reflexão socioeconômica sobre o uso da água potável Na experiência, os alunos verificaram que o processo de dessanilização da água do mar se torna muito caro Por Leneza Della Krás, ADR de Araranguá
trabalho e tempo necessários para realizar esta transformação”, alerta. “A economia e o uso consciente de água potável são temas muito discutidos no cotidiano e na sala de aula”, acrescenta.
O Experimento Os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, período vespertino, receberam também o auxílio do orientador de laboratório, Mateus Elias Mateus. Para a experiência, foi utilizada água da torneira acrescida de sal e de sulfato de ferro II (que torna a experiência visual e de fácil compreensão pela sua coloração azul). Enquanto ocorre a destilação, os alunos explicam o ponto de ebulição da água e do sal, que tornam possível a separação dos dois. Apresentam também o destilador e seus componentes, como a manta térmica e o condensador. Após todo o processo, que demanda de energia, trabalho e tempo, bem
como a necessidade de adição de sais minerais necessários ao corpo (que existem na água potável), a água do experimento não terá mais a coloração azul, comprovando que o sal foi totalmente removido. Para o desenvolvimento do projeto foram utilizados o laboratório da escola, produtos e aparelhos, o destilador didático, a sala de informática para pesquisa, além de equipamentos de vídeo e de edição. Com metodologia prática e visual, foi possível demonstrar a quantidade de energia, trabalho e tempo envolvidos no processo, além da conscientização em relação ao problema do descarte de resíduos, como do sal, sem falar na questão financeira. O professor questiona: “Se hoje 10 mil litros de água custam cerca de R$ 30,00, quanto custaria o processo de dessalinização e quais classes sociais teriam acesso a esta água?”, são outras indagações realizadas.
A falta de água não é apenas uma preocupação ambiental, já que ela nos traz a reflexão sobre inúmeros outros fatores, como a questão econômica”. Julia, delegada da Escola Timbé do Sul
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A experiência, apresentada pela delegada Júlia Carminatti Casteller, que representou a Regional na etapa estadual da V Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), partiu do seguinte questionamento: Será que é possível beber a água do mar? Como resposta, os estudantes descobriram que não há como utilizar a água do mar para hidratação, pois o organismo gastaria mais líquidos para se livrar do sal contido na água, do que a quantidade ingerida. Assim, a proposta foi a retirada do sal da água do mar, por meio do processo de destilação. O professor de Ciências, Ângelo José Abatti, coordenador do projeto, explica que o fato de nosso planeta ser composto por 70% de água faz com que a população crie uma expectativa de que a ciência conseguirá transformar qualquer água, em potável, própria para o consumo. “O que passa despercebido é a quantidade de energia,
Conscientização Para a diretora da escola, Fabiana Rovaris Pezente, o trabalho consegue atingir seu objetivo quando torna os alunos e seus familiares muito mais conscientes com relação ao uso da água potável. “O tema proposto quer mostrar que, além de um bem precioso e não renovável, a água potável pode ficar com um custo muito elevado. Temos que valorizar o mineral que há em abundância em nosso município”, analisou. A coordenadora da Regional de Araranguá, Lucineia Silveira Duz, que acompanhou os alunos do Extremo-Sul na etapa estadual da Conferência, destacou a importância da discussão. “É uma mobilização muito importante, que incentiva os jovens e adolescentes a refletirem e se preocuparem com a questão ambiental para o seu futuro”, alerta.
OS RIOS de Por Suzana Francieli Ferrari, ADR de Maravilha
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Ações de reflorestamento divulgação
O projeto de Leonardo Jacir Siepmann Cerisoli, aluno da Escola La Salle, do município de Serra Alta, também se destacou na conferência estadual. Trata-se do Abastecimento e Tratamento de águas preservando as nascentes. Ele e seus colegas, orientados pelas professoras Andreia dos Santos e Deisi Sgarbi, realizaram estudos sobre quatro nascentes que abastecem o perímetro urbano do município de Serra Alta. O estudo foi desenvolvido nas disciplinas de Ciências e Matemática. Em parceria com a administração municipal, os estudantes realizaram visitas às quatro áreas. Depois disso fizeram o levantamento de dados sobre a utilização da água por todo território urbano e também cálculos sobre o consumo de água das propriedades que produzem aves e suínos. De acordo com a professora Andreia, o estudo se baseou no consumo de água no planeta, no Brasil, chegando até o município de Serra Alta.
Os alunos alertam a comunidade para evitar a perfuração de poços artesianos
O projeto está na etapa da demarcação para o plantio de árvores. O setor do DMR do município realizará essa demarcação e posteriormente um grupo de alunos fará o plantio de plantas nativas próximas às nascentes. O projeto também orienta a população para evitar a perfuração de poços artesianos e o cuidado com as nascentes que abastecem a cidade. A ação envolve ainda o plantio na área de preservação do loteamento Bem Viver, que será realizada em parceria com o Município e com o proprietário do terreno.
A professora Deisi destaca que todo o trabalho de acompanhamento será realizado pelos alunos e professoras até o mês de novembro. Leonardo deseja que as pessoas dêem mais valor às águas superficiais. “Espero que tenhamos conseguido orientar a população dos municípios que possuem nascentes, para que as cuidem e as preservem, podendo utilizar dessa água ao invés de perfurar o solo”, reforça. O estudante também deixa o recado para os colegas. “Foi uma experiência inexplicável. Desejo que todos acreditem em seu potencial, pois são capazes de alcançar seus objetivos e metas por meio do estudo”, conclui.
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Programas
Matemática aplicada ao cotidiano A disciplina leva professores e alunos catarinenses para a VI Feira Nacional de Matemática, no Acre, com trabalhos que despertam o interesse e desmistificam as dificuldades dos estudantes divulgação
C
om o trabalho Uma proposta didática sobre o estudo da Trigonometria de Ciclo as professoras da Escola Salete Scotti dos Santos, de Içara, da ADR de Criciúma, também representaram o Estado na VI Feira Nacional de Matemática, na categoria professor. Karine Luiz Calegari Morotskoski e Adriane Scussel basearam-se em um alinhamento pedagógico com atividades práticas para demonstrar fatos matemáticos, que geralmente os alunos estudam sem compreender. “Depois de um diagnóstico sobre as dificuldades dos alunos no conteúdo trigonometria, unimos nossas práticas e criamos uma sequência didática para o estudo da trigonometria de ciclo”, explicou a professora Karine, acrescentando que o projeto foi executado em um bimestre e, depois de aplicado um novo diagnóstico, os resultados foram muito positivos. “O reflexo deu-se não apenas nas notas, mas na real compreensão dos conceitos”, concluiu a professora. O trabalho foi apresentado nas feiras regional e estadual e recebeu a indicação para a etapa nacional, junto com outros dois trabalhos catarinenses de Pomerode e Gaspar.
fotos: divulgação
O estudo da Trigonometria fica mais fácil por meio de abordagens práticas que se refletem na compreensão dos conteúdos e na aprendizagem dos estudantes
Carlos e Daniela festejam a classificação com o professor orientador Vili
FEIRA NACIONAL Mais de 100 projetos envolvendo experiências, pesquisas e atividades matemáticas foram apresentadas na VI Feira de Matemática. Santa Catarina teve o maior número de trabalhos inscritos (40), seguido do Acre (24) e Rio Grande do Sul (10). Pela primeira vez a Feira foi realizada na região Norte do país. A organização do evento é do Instituto Federal do Acre (Ifac), Universidade Federal do Acre (Ufac) e Universidade Regional de Blumenau (Furb).
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EXPERIÊNCIA DE SUCESSO Para facilitar a compreensão e aplicar os conceitos da disciplina no dia a dia, os alunos Carlos Daniel Vieira e Daniela Cunha Coelho, da Escola Jandira D’Ávila, de Joinville, desenvolveram o projeto A Matemática na Coifa. O trabalho representou Santa Catarina na VI Feira Nacional de Matemática, no Acre, com a participação de professores, alunos e pesquisadores de mais de dez estados brasileiros.
Os alunos explicam que a coifa é um aparelho industrial e doméstico, responsável pelo processo de filtragem e exaustão de gases presentes em um determinado ambiente. E para entender sua montagem e estrutura, executaram cálculos de trigonometria, teorema de Pitágoras e comprimento da circunferência. O projeto foi escolhido em outubro do ano passado, dentre 148 trabalhos, na 33ª Feira Catarinen-
se de Matemática. De acordo com o professor orientador, Vili José Voltolini, o objetivo foi apresentar os benefícios do exaustor no ambiente industrial, com atribuição de cálculos para um melhor entendimento. “Com a exploração do conhecimento teórico-matemático da coifa, os alunos puderam explorar a teoria e assim apresentá-la como exemplo prático de aplicação da matemática em nosso cotidiano”, explica.
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Projetos
O poder da leitura O projeto Círculo da Leitura, do Ceja de Ibirama, organiza campanha de doação de livros e leva escritoras para bate-papo com estudantes divulgação
Formação do
leitor
A escritora Margarida Lorena Zago incentiva os estudantes para que mantenham o hábito da leitura, ressaltando seus benefícios para a vida
I
por Dafnée Canello - Ascom
vonete Chaves de Souza, 45 anos, terminou recentemente a leitura do clássico Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Agora, ela parte para mais uma aventura literária. Emprestou da biblioteca do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) de Ibirama, o best-seller A Cabana, do escritor canadense William P.Young. O hábito da leitura foi motivado pela campanha Doe livros e transforme vidas, como uma das ações do projeto Círculo da Leitura, desenvolvido na escola. Os exemplares estão beneficiando os estudantes do ensino fundamental e médio, que poste-
riormente organizarão seminários, destacando a biografia dos autores. Ivonete colocou na empresa onde trabalha uma caixa coletora e já arrecadou muitos exemplares. “Essa campanha mudou minha vida de leitora. Ficamos motivados a ler e a contribuir para que nossos colegas também leiam. Quando li Vidas Secas, por exemplo, fiquei encantada, uma história que ainda é tão atual. Deu mais vontade de mergulhar no mundo dos livros”, afirma. A ação, desenvolvida pela professora de Língua Portuguesa, Carolina Gomes Gonçalves, motivou a criação da cam-
panha idealizada pelos estudantes para contemplar com os livros toda a comunidade do Ceja. “Temos bons livros, mas observei que os alunos não se interessavam tanto pela literatura infanto-juvenil, pois a turma é de adultos”, conta. Uma das atividades do programa foi a de levar até a escola escritoras como Márcia Pavanello Pires e Margarida Lorena Zago, que também é presidente da Academia de Letras do Brasil / Presidente Getúlio, para uma roda de conversa com a turma do ensino fundamental. “Permaneçam sempre em busca da leitura e escrita, isso irá transformar a vida de vocês”, enfatizou Margarida.
divulgação
Amigos do Ceja A campanha conta ainda com os Amigos do Ceja, uma parceria com os comerciantes do município que disponibilizam, na frente de seus estabelecimentos, uma caixa para arrecadação. A unidade pede apenas livros de literatura. Solange Arseno Brattz, 37 anos, gosta do escritor Nicholas Sparks. Conheceu suas obras após
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A diretora do Ceja, Cristina Lohmeyer, acredita que o projeto é transformador. “O livro é um excelente companheiro, é a possibilidade de sonhar, viajar, ir além do horizonte sem sair do lugar. É quando podemos compartilhar daquela história que fez parte da nossa vida com outras pessoas. Podemos mudar a vida dos nossos alunos com pequenos gestos, como a nossa campanha”, diz. Segundo a professora Carolina, a cada etapa da atividade proposta, os alunos têm momentos de leitura silenciosa, depois trocam ideias com os colegas. Como parte do estudo de gêneros textuais tratados em aula, eles também realizaram entrevistas com autoridades municipais e profissionais da saúde, educação e empreendedorismo. Para a conclusão do programa, no final do semestre, os estudantes realizarão um seminário sobre o exemplar lido e a vida do autor.
as doações. “Agora estou lendo O Guardião, e logo vou apresentá-lo no Círculo da leitura. Nosso projeto é fantástico, nos empolgamos a cada caixa cheia que chega à escola e logo queremos saber as novidades”, diz. Dessa forma, a campanha continua. Os interessados em doar devem entrar em contato com a equipe do Ceja.
EDUCAÇÃO SC / JULHO de 2018 / 11
Novo
Agricultura
familiar
Colégio Militar Um novo Colégio Militar está apenas a um passo de se tornar realidade. O governador Eduardo Pinho Moreira autorizou a liberação de R$ 5,3 milhões para obras de restauração e ampliação da Escola Jerônimo Coelho, de Laguna. Agora a secretária Simone Schramm cuida dos detalhes do investimento e do aval do Conse-
lho Estadual de Educação, que deve ser concedido até 30 de setembro. As matrículas serão realizadas via sorteio e o número de turmas (duas turmas de 6º ano, com vagas para 70 alunos) seguirá os mesmos critérios usados nas unidades de Blumenau, Florianópolis, Joinville e Lages, que atendem 755 estudantes.
Com um aumento de mais de seis milhões em relação a 2017, a Secretaria da Educação assinou contratos para compra de gêneros alimentícios com 30 Cooperativas de Agricultores Familiares do Estado, beneficiando mais de quatro mil agricultores. Com isso amplia a oferta de produtos oriundos
do campo para a mesa dos mais de 500 mil estudantes da rede estadual. O investimento de 21,9 milhões este ano, além de permitir a compra de cerca de 40% dos produtos da agricultura familiar, possibilita que muitas cooperativas continuem com suas atividades no meio rural.
ARQUIVO: THIAGO MARTHENDAL
Notícias da SED
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Pregão de tecnologia Uma boa notícia para quase 98 mil estudantes de 116 escolas estaduais de Santa Catarina. A Secretaria da Educação está finalizando o processo de licitação que vai garantir o investimento de R$ 16,6 milhões em novos equipamentos de tecnologia, vídeo e áudio. A expectativa é de que os primeiros aparelhos sejam entregues no início do segundo semestre. A secretária Simone Schramm explica que o aparelhamento das escolas estaduais integra as metas do Plano de Inovação e Tecnologia Educacional de Santa Catarina (PEITE/SC). “Além de importante aliada do professor em sala de aula, a tecnologia nos ajuda a criar uma nova dinâmica permitindo que o aluno saia da escola qualificado para o mercado de trabalho” observa.
Equipamentos – computadores, tablets, lousas digitais, aparelhos de som, TV’s, telas de projeção, projetores e pendrives. Os notebooks e tablets serão para uso exclusivamente pedagógico. Critérios – Serão atendidas as escolas de ensino médio com jornada ampliada e as que tenham mais de mil estudantes matriculados. Na lista das primeiras unidades beneficiadas está o Instituto Estadual de Educação (IEE), que hoje tem cerca de cinco mil alunos.
FIQUE ATENTO Censo escolar encerra dia 31 de julho A data limite para preenchimento do Censo Escolar é o dia 31 de julho. Todas as escolas públicas e privadas de educação básica do país usarão as informações para o repasse de dados detalhados e individualizados, de professores e alunos, bem como as turmas, e profissionais da educação em sala de aula. Essas informações vão subsidiar a implementação e acompanhamento de políticas públicas e planejar a distribuição de recursos federais e estaduais para as escolas. Todos os dados serão inseridos no Sistema Educacenso, do Inep, por meio do preenchimento online ou via ferramenta de Migração de Dados.
A coleta é obrigatória e de caráter declaratório da escola, por isso os gestores educacionais são os responsáveis pela veracidade dos informes. Após a publicação final no Diário Oficial da União, as unidades de ensino terão 30 dias para possíveis correções. Depois disso os dados não mais poderão ser alterados.
12 / JULHO de 2018 / EDUCAÇÃO SC
Férias O processo de organização das etapas municipais e intermunicipais da Conferência Nacional de Educação (Conae), que está sob a coordenação do Fórum Estadual de Educação (FEE/SC), está avançando com a eleição dos delegados que representarão as microrregiões na etapa estadual. A Conferência Nacional em sua 3ª edição abordará o tema A consolidação do Sistema Nacional de Educação (SNE) e o Plano Nacional de Educação (PNE).
Cronograma Etapa estadual – Florianópolis 23 e 24 de julho Etapa nacional – Brasília 21 e 23 de novembro
Enquanto os 534 mil alunos da rede estadual de ensino descansam no recesso escolar de julho, entre 16 a 27, os professores de toda a rede estadual estarão em formação continuada, com foco nos projetos pedagógicos do próximo semestre letivo. O curso envolve anualmente cerca de 40 mil professores e é baseado nos Princípios da Proposta Curricular de Santa Catarina e adequado ao Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada escola. As aulas serão retomadas em 30 de julho. Até lá, aproveitem!
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