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Comissão Econômica das Nações Unidas para América Latina e Caribe (CEPAL

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Referências

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11.1 Comissão Econômica das Nações Unidas para América Latina e Caribe (CEPAL)

O papel das mulheres no acesso à energia, e no acesso universal

U

m desenvolvimento energético sustentável é fundamental para o sucesso de todas as iniciativas de mitigação e adaptação à mudança climática e, além disso, um componente integral para alcançar os objetivos econômicos, sociais e ambientais interrelacionados do desenvolvimento sustentável. É aqui onde, a importância da igualdade entre os gêneros e suas repercussões no desenvolvimento econômico e social está recebendo cada vez mais atenção em todos os âmbitos da sociedade, e as análises disponíveis apontam claramente para a importância das considerações de gênero para progredir na transição para uma energia limpa.

O documento Mulheres e energia da CEPAL destaca a evolução do papel das mulheres no setor energia nas últimas décadas e as barreiras que ainda existem para alcançar a equidade de gênero no setor, tanto do lado da oferta como da demanda. São detalhados exemplos do crescente número de grupos, redes, associações e cooperativas de mulheres que abriram caminho em setores rurais tanto como em espaços profissionais e acadêmicos. No setor rural, as percepções sobre o papel da mulher foram mudando; ainda assim, as mulheres e as crianças passam um tempo considerável a cada dia buscando lenha para cozinhar e para a calefação. Em relação à eletrificação, normalmente são os homens que participam e se capacitam em projetos sobre este tema, mesmo quando são as mulheres as principais usuárias da eletricidade no lar. Alcançar a igualdade de gênero nesse setor requer um esforço conjunto e coordenado não somente para empoderar às mulheres, mas também para demonstrar tanto no âmbito familiar como no comunitário, o valor e a importância da participação da mulher no fornecimento de serviços energéticos modernos. O empoderamento das mulheres pode acontecer por meio do aumento de seu envolvimento em temas técnicos, capacitação, instalação e manutenção de sistemas de energia; socializar e participar com os homens a fim de que se compreenda a importância do papel e a capacidade da mulher; fomentar a criação de cooperativas produtivas lideradas por mulheres, e facilitar o acesso das mulheres a microcréditos.

No setor professional, especialmente no tema energético, existe desigualdade na participação laboral da mulher já que os homens representam aproximadamente 75% da população ocupada. Essa desigualdade entre homens e mulheres se relaciona diretamente com a baixa participação das

mulheres nas carreiras profissionais associadas aos temas energéticos. Além da disparidade de números, também existem casos de discriminação para a participação das mulheres no setor. Ou seja, além de indicadores quantitativos sobre equidade de gênero, devem ser considerados os qualitativos, não somente para alcançar um número igual de mulheres, mas também, para alcançar um poder equitativo de participação e de tomada de decisões.

As recomendações do documento para conseguir a igualdade de gênero no setor energia são as seguintes: 1) no âmbito acadêmico é necessário aumentar o número de bolsas para as mulheres até alcançar a paridade de gênero; fortalecer a sensibilização a carreiras de homens e mulheres em conjunto com padrões culturais de pensamento para fomentar a matrícula de mulheres em carreiras técnicas, ciências exatas e engenheira; e fortalecer capacidades para professores, quadros diretivos e desenvolvedores de currículo escolar; 2) no âmbito trabalhista são necessárias ações afirmativas para alcançar igualdade de gênero e eliminar as diferenças do tratamento laboral que perpetuam e aprofundam as brechas de gênero; e 3) nas necessidades básicas de eletrificação rural é necessária a socialização e a participação comunitária, bem como a capacitação de mulheres em temas técnicos, e opções de microcréditos para empreendimentos produtivos de energia.

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