ANTOLOGIA
org. daniel minchoni
A N T O L O G I A
A N T O L O G I A
doburro
primeira edição. 2014
alexandre enokawa andré oviedo anna zêpa bruno pastore caio cartenum cristiano kana cris rangel daniel minchoni enivo gabriel kieling gabriel lima gabriel novaes geraldo ladera giovanni venturini harry borges jefferson messias jerry batista joão cláudio de sena lauro pirata luba luciana luís alexandre lobot luiza romão marcio salata marília novaes maurício pisani michelle ferret nani ni brisant paulo d’auria rafael gomes regina azevedo renata armelin samuel luis borges sergio marreiro sinhá sushi humano tché victor rodrigues
© BURRO, Antologia DoBurro / Org. Daniel Minchoni São Paulo: Edições DoBurro 2014 DoBurro - ANTOLOGIA 1a edição - 2014 Projeto Gráfico e Editorial Daniel Minchoni Capa Enivo
O Rabo do Jumento Você disse que é brabo nascimento Você cortou o rabo do jumento Eu não quero pagamento, nascimento Eu quero é outro rabo no jumento Ele entrou no seu roçado junto com o gado Comeu um pezinho de coentro Nascimento eu não quero pagamento Eu quero é outro rabo no jumento Mas você diz que é brabo, nascimento Você cortou o rabo do jumento Eu não quero pagamento nascimento Eu quero que outro rabo no jumento Veja pessoal, que mau elemento Não sei se o animal é ele ou o jumento Nascimento eu não quero pagamento Eu quero é outro rabo no jumento Elino Julião
Não há nada pior que um burro com iniciativa. Paulo Maluf
à rua, minha mãe aos poetas, minha voz ao sola, meus pés ao coletivo 132, meu corpo à a7ma, minha alma à zêpa e sinhá, minha semente a todos, minhas partes
mas que burrrrro
quando idealizei o sarau do burro não pensei que fosse ter esse espírito indomado. de povo de rua. quando comecei a fazer, 2009, não sabia nem no que ia dar. quando comecei formatar fazendo, dar cara a prêmio, não imaginava que, hoje, olhando pra trás, fosse julgar possível essa bagunça organizada. auto sugestão. hoje sinto que mais que um espaço pra livre experimentação o sarau se tornou um dos poucos espaços poéticos abertos ao diálogo. o formato sem microfone e sem inscrição, coisa insana em sampaulo, permite que se dialogue uma poesia com outra. simples assim. se um poeta fala alguma coisa que fere firme ou foge, é possível responder na lata. sem deixar a rima esfriar, sem ter que remeter a uma poesia remota, que faltou há 30 minutos atrás. não imaginei que iria virar selo e editar livros fuderosos. este, a terceira antologia. já são mais de 20 livros de um selo que já promete novidades em breve. sem delongas, vai que vai. eeeiiaaa. burro drummond de assumpção poeta e doutor em literatura
a7ma
o espaço a7ma de arte, cultura e convivência é fruto da parceria entre o coletivo 132 e a fullhouse. lugar de ideias, cores, palavras e boa impressão. o espaço realiza exposições e eventos, tendo como alicerce a pintura, gravura, escultura, música e a poesia. promovendo assim encontros entre artistas, pesquisadores, estudantes, colecionadores, amigos, familiares, crianças e curiosos. a7ma acredita na arte contemporânea como movimento, criada e compartilhada com alma.
REFLEXOS DO COICE não aprisione o burro em suas unhas terras pequenas pra quem sabe do chão. um jumbaio livre é planta semente. por não montar por holofote, mas por amor, digo o que sinto, não mais.
12 doBURRO daniel minchoni
um jegue não merece rédeas nem porque se quer nem pra proteger da fenda da ferradura. menino novo que não entende: seu pasto é o infinito, ou o infinito elevado à infinita potência pra ser mais preciso e precioso. talvez coisas que até deus duvide. seu terreno é poesia terra [sem] colchetes sem asteriscos de promoção* acém bicho geográfico 100 leis de libre comércio sentença. sua pegada é coice, poesia no espaço e tempo. não só na perda que na imensidão as coisas se dão. então não cavalgue códigos humanos pois bom cavalheiro sendo cavaleiro andante sabe que não dá conta nem pé. e que não de contas trata o colar. sua força é homogênea, meturada, não tem sexus, nexus, plexus, nem considerações. olhar pro lado é sempre lindo, não se cavalga sozinho.
vo ar é junto, condição sine qua non. física e quântica, me lê nau. e se não for pedir muito, seja leve na cavalgadura, deixe as veias de menino rechear seu coração, guarde palestras e rótulos pois o peito é inegociável. já foi mais flexível, menos forma dor, nos idos da cavalgadura solta, menores pesares, infância repleta, vale sempre perguntar: onde estava eu? vulgo onde vecê estava? não ignore os passos dados nem as marcas do sangue pisado por querer seu esporão de ouro. pois vil vale a homens, não se cultua sela. cativar preso é cativeiro, o burro quer cultivo. passadxs a limpo todas histórias são lindas. se não for a sua revise sempre que pesares. o lombo do burro não é duro, é marcado pelo tempo, não mais. burro livre muda com o vento. se há entre nós um dono do tempo ele é pai de seu destino. como desconjuro: êta mundo bão sem porteirx! vale sempre a pergunta depois de tempestivas mundanices: quero, fato. mas, posso? concede essa contradança?
13
respeitar os caminhos é dispensar rótulos e abrigos e estar exposto mesmo sob teto quente. quem não enxerga não se nomina, pois o burro já se deixou embalar em rede de varanda, nos lírios de um cantador cego. nunca faltou visão. quem não enxerga não existe, nem resiste ao silêncio que precede o esporro: coice do mulo.
14
e por coice que dói a face é a semente dos que querem levar à força por suas trilhas de sólidas pedras perda pelo amor ao vento sem flutuações nem flanas. há de se aprender com o jeito que o corpo dá não só mas sozinho. diria o mestre: fruta só dá com tempo, atente, escorregar não é cair. pelo seu esporão nem pense sacrificar o animal, de galope não de galos grilos grilhões galas, ou nem ouse tirar o pasto, vale mais o mantra: quando procurei sabia de que era feito. em feitio de oração, não se luta contra a natureza do animal. de nenhum. nem dos que grudam no lombo. quiçá das moscas. qual bom burro de trabalho de ser tão e incertezas filho de cataluña sampaulo
e do nordeste da destreza poesia esporte clube de misturas e pincéis de autores esquecidos dos pixos 86 dos coletivos 132 da alma 7ª de tantas que passeficam e de tantas curvas turvas noites de silêncio e mágua, essa que agora falta. vale sempre a pergunta: a dívida que trago na manga é blefe sobre mim ou sobretudo? sendo sua, ele até leva pra passear, não por peso ou dolo nem dólares, por amor. 15
portanto, não mire espingarda lira de ira e sangue não acuse o peito de seu irmão, levanta voz arma seu bote pros verdadeiros mares males que não merecem calmaria. lembra sempre que araruta tem seu dia de mingau quando mais olhar pro prato vale o verso do profeta: quem agita idas e vindas da montanha é maomé. a montanha apenas é. com amor, do seu cavaleiro errante.
RONDÓ DO BURRINHO alegra-se o burrinho que corre pelo caminho sem carregar peso algum. sem ter trabalho nenhum está sempre no moinho. e o burrico sozinho tem um desejo incomum: -amar- e com esse carinho alegra-se o burrinho. galopa até o moinho com uma flor no focinho. o coração faz tum-tum... seu amor por ela é só um. e ao chegar ao moinho alegra-se o burrinho.
f: tchĂŠ ruggi p: jefferson messias
não aprisione o burro em sua mente terras vagas pra um animal turrão. um galado livre empaca, mas anda pra frente por não ser teu mascote, mas por amor, digo que sou, e só.
18 do jumentin giovanni venturini
não julgue minhas medidas nem se quer o por quê de dizer isso a você. a ofensa da ferradura mundo novo que aprende: meu pasto é o mínimo e o mínimo elevado ao infinito é ofensa pra ter asno, jerico ou jumento. talvez coisas que até eu duvide meu cabresto é poesia me freia [sem] chicote sem atritos nem esporão a cem km/h passo 100 noção de livre arbítrio crença. meu coice é pegada poesia estampada na cara não só do tempo mas na mansidão do ex-passo lento então não cavalgue em mim, humano pois como cavalheiro sendo cavalheiro pedante acha que sou anta e não dá conta de se ligar que sendo burro, jumento, mula, asno, jegue, jerico, muá tenho lucubrações olhar pro lado é sempre lindo, não se cavalga sozinho. vo ar é junto
construção sem a qual é intrínseca e dogmática de ser igual. e chega desse intuito de voltar a escravatura, deixe as rédeas do mundo nos guiar juntos. guarde as palavras e títulos pois o leito é inexorável e que seja imprevisível, menos constrangedor pra mim, você e quem estiver a nossa volta. ferraduras nos calcanhares, na cabeça rédeas, e vale sempre perguntar: por que em mim? se é você quem me empaca? não ignore meus antepassados nem a marca do meu sangue nobre meu pai foi mais forte que um touro, ser vil mais de mil homens. minha mãe uma pobre mula ser vil de nobres a romeiros. também somos equinos de sangue limpo. chega de preconceito com a família dos “sem linhagem pura”. não sou nenhum berbere nem andaluz ou crioulo mas pra mim não importa, tanto faz. sou burro livre do tempo e não tenho raça, sou isento. meu pai é o destino. e eu te juro: seja bretão ou finlandeses a diferença é nenhuma. depois de tantas súplices: por ser burro, não presto? entendeu que somos uma só raça? respeitar os caminhos é dispensar rótulos e abrigos. tão livre quanto um mustang
19
tão rápido quanto um cabardino o burro se compara e iguala com pônei ou tarpan não é para inflar meu ego sou também alazão não importa a cor que me tinge rótulos eu dispenso cansei desse torro coice do mundo.
20
o pior coice é o que dói o peito é ausente que corr(ó)i o lado de dentro por suas ilhas de servidas ofensas perdida pelo amor d’efeito. nossas servidões e seus dilemas de se perder do nosso jeito de fincar só zinho. diria o mestre: aprenda a lidar com o tempo sente esperar não é desistir. sou seu irmão tu também é animal, de passos, não de trotes gritos, falácias palavras mais de ofensas do que de fatos. lembre-se do mantra: quando me procurou sabia de que era feito. em feitio de coração não se luta contra a natureza do animal. de nenhum. nem dos fracos que tombam. quiçá da força. qual bom burro de carga de alegrias e tristezas filho de falabella com frísios de falas relinchos confusos patas e focinhos compridos de tropas torpes
separações por biótipos dos pequenos pôneis ao puro sangue inglês da alma legítima de tudo que limita e de tantas outras tortas coisas que serve para nada. esse que agora vos fala lhe deixa uma pergunta: a dúvida que trago na manga (larga) é chefe sobre mim ou sobretudo? não sou seu, nem tu é de mim mas com respeito vou contigo até o fim, por amor. portanto, não acerte essa chibata no coro, me tira o sangue a ofensa no meu peito dói demais por dentro. respeite a nós e vou a galope. se me sentir ofendido adios amigo. não me merece contigo. lembra sempre que truta tá do lado e não por baixo, quanto mais me tiver afeto, receberá o mesmo desta besta. quem se diz dono ou superior à um quadrupede qualquer o verdadeiro burro é. com amor, do seu burro falante
21
COICE A GALOPE não tencione o urro em suas entranhas partes miúdas para quem sabe do solo um ipê é planta livre e frondosa. por não botar sela por ambição, mas por amor, provo o que sinto, nada mais.
22 do jegue jefferson messias
um jumento não merece regras nem por querer nem por saber da cratera do casco sem saber, menino novo só observa o pasto imensurável e essa imensidão eleva-se a outra maior para ser mais justo e valioso. talvez coisas que até deus seu alimento é poesia mundosemespaçocurto {sem} chaves de prisão a ser bicho geográfico 100 leis de libras correntes sentença. sua força é o galope poemas nos músculos e dorso não só nas pedras nem na imensidão das coisas que estão. então não cavalgue seus códigos humanos pois bom cavaleiro sendo cavalheiro pensante sabe que não dá conta e que não de contas trata o colar. sua gana é querência, misturada, não há plexos, nexus, nem comparações olhar pra frente é bonito vê-se mais burros no caminho
voar é conjunto condição sine qua non química e alquimia, me lê nau. e se não for pedir demais, seja leve na cavalgadura, deixe os ares de menino entrar em seu pulmão guarde discursos e tabloides pois o tórax é inesgotável já foi mais maleável, menos coisa dor. nos idos de montaria livre menores pensares, infância na íntegra e vale se questionar: onde estava meu eu? (vulgo) onde vosmicê estava? olhe bem os passos dados e as manchas de sangue-resultado antes de querer seu cinturão de ouro pois mil vales em homens não vale uma cela. cultivar preso é ser prisioneiro o burro quer ser cativo passadxs a limpo todas lembranças são lindas se não forem as suas, revise sempre que andares no dorso do burro que é duro mascado pelo tempo de paz. burro solto muda com o tempo se há entre nós um deus do vento ele é fruto do destino. como desconjuro: êta mundo bão sem cancelx! mas ainda sobra a dúvida, depois de agras andanças: sempre quero, fato. mas posso? concede essa esperança?
23
alastrar os carinhos é desejar amigos e abrigos é estar acompanhado mesmo sob o solo quente quem não vê não se nomina pois a carroça deve estar sem rede, sem varanda e nas íris de um cantador cego nunca falta paixão... isso não é poesia; é premonição! quem não enxerga não persiste nem existe no silêncio que é véspera do escarro: croque de burro.
24
e por croque que torce a fase é a força de quem leva a semente para trilhas de áridas terras perda pelo amor ao vento sem planações nem plumas há de se aprender com o modo que o dorso dá não sozinho. diria o mestre: fruta só dá com tempo aprenda: tropeçar não é ruir pelo seu cinturão nem pense em afugentar o animal de duros golpes e seus calos grilos grilhões crisálidas ou nem ouse tirar o pasto, vale mais o mantra: quando busquei sabia qual o segredo. em favor da provação, não se desdenha do animal. de nenhum. nem dos que grudam no lombo. quiçá das moscas. todo bom burro de trabalho há de ter in & certezas
filho de cataluña sampaulo e do nordeste da riqueza poesia esporte clube de ‘miniaturas’ e cordéis de autores semicoloridos dos pixos oito-meia dos coletivos 132 da alma 7ª de tantas que historiam e de tantos surtos curtos açoites em silêncio e nódoa essa que ainda falta, vale sempre a indaga: a dúvida que trago na manga é blefe sobre mim ou sobre tudo? sendo sua, ele te leva pra galopar não por peso ou força nem dólares, por amor. para tanto não abaixe sua guarda nem interfira a ira do sangue não afunde o pleito de seu irmão. não estás a sós arma seu barco pros novos guerreiros dos mares males que não oferecem parceria. lembra sempre que toda labuta tem seu dia natural quanto mais olhar pra vida vale o verso do profeta: quem agita idas e vindas da montanha é maomé. a montanha apenas é. com amor, seu cavalheiro andante.
25
um cavaleiro era um cavaleiro errante os caminhos de fronte aberta o cavaleiro e seu burro e o mundo inteiro e dividido pelas encruzilhadas o burro era mistério só e o cavaleiro seguia seu trote um burro não erra todos os burros carregam seu jesus de volta ao deserto das descobertas: amais mistérios na tênue linha do horizonte no grão de areia na pegada deixada
do manman bourik daniel minchoni
fi-lo porque qui-lo fi-lo só fia em mim? 26 fio no burro e na borboleta aquela do murro fio nas paixões desembestadas e nas paixões empacadas um homem erra só porque errando vê-redas e rédeas e ferra duras e aprende a re conhecer se dar adeus a um mundo é entregar-se a outro dar ao mundo um deus é lavar as mãos dar a deus um mundo é aprender-se qual vai ser ?
p: paulo d’auria f: renata armelin
do manman bourik daniel minchoni
28
do manman bourik daniel minchoni
29
mas aí o copista velho e frustrado com seus problemas de aceitação e acentuação riscou a mais ficou amém
do jumbaio f: maurício pisani p: victor rodrigues
o evangelho no final dizia: amem
30
do manman bruno bourik burrount pastoredaniel minchoni
f: marcio salata p: sinhá
do manman bourik daniel minchoni
em vão
31
somos eu céu e chão num único vão
do manman bourik samuel borges
Confessionário tentava desfazer dessa mulher efeito todas as minhas causas deixando de mergulhar histórias que não dão pé resolvi pontuar tudo tudo que essa mulher não é: ela não é de lua é galáxia via láctea conduzindo quem é de vênus quem é de marte ela não é um mártir por suas causas vive e só morrerá pela vida ela não é dádiva é fenômeno natural incontrolável tempestade bruta ela não é musa abusa do direito de não ser a capa da revista o sorriso plástico dos bares as mesmas roupas
32
os mesmos pares ela não é feminista é feminina num grau além da luta não há nem nunca haverá conduta adotada regra ela não é hetero é de sua preferência ser homogênea não é benefício da genética ela ocupa conhece experimenta e nunca oculta o próprio corpo ela não é santa teu sexo é um culto e sendo o tempo curto as mãos ocupa ela não é minha de minha nem mingua sua própria cativa rainha de seu umbigo rei da própria barriga em contrapartida sonha o mundo daquela piada antiga "eu vi deus, e ela era negra"
internei demais hoje em dia ando externo
34
do bourik daniel minchoni domanman magarac lu’z ribeiro
p: ge ladera f: renata armelin
35
do manman bourik daniel minchoni
Pedinte a pedinte esticava as mãos todos que passavam diziam "hoje não" mas o que ninguém percebia é que ela não pedia dinheiro, pedia atenção.
36 do manman daniel minchoni burrus bur bourik d: bruno pastore p: carolina peixoto
p: marĂlia novaes f: renata armelin
do manman bourik daniel minchoni
38
do manman bourik daniel minchoni
39
ao todo tento a toda hora matar o tempo se passa rĂĄpido se passa lento
do Jumento f: kana/kaninha d: pastore p: anna zĂŞpa
com medo cometo crimes
40 do buchudinho lauro pirata
cada atitude nossa tem sua consequência seja o excesso de carinho ou a sua falta sua ausência ter o futuro revelado no presente um pai ausente um filho carente pedindo atenção não sei o quanto errado eu estou em buscar o que sonhei, não se você entende todas as vezes que eu errei tá fácil pra quem? foi fácil pra quem? sonho se sonha sozinho realize e sonhe ele com alguém. você nada contra maré ou maré tá te levando? não viva sonhando sonhe vivendo e vai andando construa uma fortaleza dentro de você mas não se deixe abalar se só você sabe seus porquês. quando as pernas estão fracas e o cansaço já tomou conta vou descer de novo a escada e subir de ponta a ponta porque se eu esmorecer por mim ninguém vai fazer e o que eu preciso pra vencer só eu posso responder, o melhor que a vida tem vem junto quando faz o bem fazer o mal é esperar o mal também, quantos planos enterrados nunca concretizados quando você se mantém firme a vitória anda ao lado sacode a poeira calça o chinelo e abre a janela abraça quem você ama, ama e da um beijo nela porque sentir vergonha eu o amor seja o tema? se falamos e vemos morte levamos sem nenhum problema, várias contradições pessoas acham que são movidas só na tensão e se sentem sem coração já rimei morte já rimei tiro olha a ironia, já usei droga quis ser bandido mais o amor vicia andei um tempo zumbizando e esperando só padecer saber o que é caminhar sem saber o porque de viver? quem não passou por isso que não viveu omisso bom de viver é mudar o final sem ter que mudar o início.
todo dia peço para que meu marido não se corte na serra, peço para ogum beira mar que meus filhos voltem sãos pra casa e que nunca nos falte boas palavras. nossa casa é pequena, tão nossa que é acolchoada. imprimo nela sempre o melhor dos pensamentos, como uma lesma que tece a casa com a própria substância da saliva. quando eles descolam da parede fazem um tapete de pétalas e todos ousam e amam pisar.
ele, na bola de seu olho, dita leis que o vincula e o redesenha naquilo que tem de significativo num momento que se encaixa todos os momentos da vida. talvez por isso o amo, não por recostar a cabeça em seu peito e nem por vê-lo cultivar as aranhas como se cultivasse a justiça, sal e o infinito num broto. amo por ouvir de sua boca, quando me sinto solta das coisas, pessoas e fatos, que para ele a melhor coisa é o recinto de aqui – diz olhando em meus olhos, mas me mira toda. é quando diz que isso é um umbral, um simples momento particular de passagem e de ponto de partida que lhe ingressa no possível - ou seja, qualquer tempo - que eu me sinto toda por dentro e por fora, como se tivesse parido uma nova aura.
41 do manman bourik pastore
ele chegou em casa cansado, trazendo frutas frescas e disse que o mundo lá fora demandava outros olhos. vendo meu estremecimento e que isso me desesperançava, acalentou dizendo que bastou se mover na direção de sua própria cor para que estivesse de volta conforme a razão e o sussurro das folhas se fizeram doce.
42 do donkey f: sérgio marreiro p: nani
sazonais é tão triste quando as coisas esfriam... talvez as pessoas só sigam as estações.
43
do i贸 d: pastore
a pulso. desengulo da boca do estômago doído, todas minhas querências desespe
f: marcio salata p: nani
radas de ter aquele que nunca serĂĄ, senĂŁo, mera ilusĂŁo de algum sentimento.
e o coração, quanto pesa? perguntou ela, moça magrela de expostas costelas, ao homem bigodudo detrás do balcão. depende, de boi ou de frango? intrigada não entendeu, pois era do dela que tratava. 46 do anarfa p: luiza romão
sabia que pouco valia, era carne fraca sangue de anemia que batia mais por inércia, do que serventia. na verdade, queria fazer uma barganha, trocar seu coração por, quem sabe, um naco de picanha. o homem não estranhou a proposta da moça de costelas expostas. era a terceira vez que vinham lhe oferecer aquele estranho produto já conhecidamente sem uso.
mas por pena ou caridade lhe ofereceu em troca duas asas de frango. o que era muito, comparado ao seu tamanho. faminta, aceitou sem demora. lambuzou-se com as asas alheias, visto que ela, bicho terreno, não conhecia tais atrevimentos. até hoje não se sabe: se foi a gordura espessa ou a carne fibrosa (tão desconhecidas a seu corpo de menina) que lhe causaram alucinação. fato é que munida da carcaça das duas asas, uma em cada mão, acreditou-se ave, ave maria, e do parapeito da janela, estufou o peito externo. de um só golpe sentiu o corpo leve. o voo foi breve. o baque, surdo. a carne mole, moída na calçada, parecia que indagava: e meu corpo, quanto vale?
47
48 do pombão p: andré oviedo f: lucas negrelli
habitar feito um grito atravessando um cômodo vazio você passou sacudiu a arquitetura do silêncio e mobiliou o nada com o projeto mais exato pregou sua voz nas paredes que até hoje vibram entre o chão e o teto o que me resta é habitar teu eco enquanto você não volta.
49
do manman bourik daniel minchoni
Fogueirinhas o fogo, a febre, o frio tudo cabe aqui nesse pedaço de mundo habitado por tudo. são vãos, vãs terrenos áridos vadios serenos dias quentes termômetros quebrados nas noites e nos dias nas horas mais sagradas 50 do bobo michelle ferret
nas linhas verdes trançadas no vestido de chita lá daquela menina com seus cabelos girando no canto da vida no cais de suas rendas nos sentidos todos mesmo que invisíveis.
fones ilhas histórias curtas arrastam tímpanos e para não ser mosaico de uma peça só construo um aeroporto em cada queda coração capaz de respirar longe do sangue aprendi a decorar vazios miro vikings em cada tapa-olho estranho e joia uma imagem vale mais que a fotografia rua sem saída é a terra pró metida sonho ser a cor que diz pensa legendas gole que traz luz aos joelhos entre achados e vencidos o amor pertence a quem se dá.
51 do catalão ni brisant
Anatomia do vento nas veias de um abraço descobri meu itinerário 1º que contramão acima do bem e do mar o público é alvo amor livre é um pleonasmo antes tarde do que amanhã
Sementes ando pelas ruas só. como quem procura o desconhecido por entre texturas antes nuas costuro o grande tecido
52
o caos de dentro que a cidade me traz reconhece-se no que passa fora e de certa forma, fico em paz.
do empaca p: gabriel kieling f: alexandre mossato
um velho pergunta-me: quem tu és? enquanto crianças jogam pelada sobre paralelepípedos desuniformes e sem uniformes, chutam bolas de nostalgia aos meus pés domino como ninguém o jogo do tempo ouvindo paulinho ecoando por dentro... respiro fundo o centro sento, e peço: tempo. substituo a aflição e sigo agora com direção ao centro de mim do brás à luz numa viagem sem fim entre meu passado e meus presentes vendo crescer as sementes plantadas em meu jardim.
53
do daniel minchoni domanman tolinhobourik nani
54
do danielramos minchoni DOmanman BURRICO bourik indiara nicoletti
Anatomia dos tchaus verdadeiras histórias não são contadas apenas com palavras. perdoe-me a ex posição. aquele café meio amargo, seu riso escandaloso nas filas do mercado, cabelos soltos pelos cantos da casa e a gente de bobeira esperando o silêncio depois do cd. 5 litros, duas fomes, 25 pesos e eu ainda não superei seus olhos. jamais me cansaria de dormir onde for você. teu selo de bom dia abre aspas. aurora em grandes lábios. e eu fico com meus botões em rota de solidão. o caminho é estreito. só passa um por vez - eu sei. então sem essa de te espero no futuro. vem no meu colo. eu já aguento a gente.
55 do asno f: sérgio marreiro p: ni brisant d: gabriel kieling
56
do manman bourik daniel minchoni
p: andrĂŠ oviedo d: daniel minchoni
57 do manman bourik daniel minchoni
margem de erro em todas as coisas hå uma margem de erro. um espaço entre o acerto e o imprevisto, entre o certo e o insisto. uma margem de erro para eventuais pontos cegos, para o que eu disse mas nego, para toda placa de pare em que eu sigo. uma margem de erro entre o riso e o berro, entre o sim e o encerro.
58
MANIFESTIVAL DA POESIA PICARETISTA não tenho nada contra bilac, também ouço estrelas e outros badulaques, inclusive eu vi o lobato e a malfatti num amasso numa festa lóki com os mutantes, relutantes, mas pósamantes, pós-tudo, posutópicos, pós-carnavalesca, poesiamicareta, picareta, pica reta, e o pai e o filho e o espríto frito e tranca-rua e a rainha das sete encruzilhadas; que a poesia joga dados ou búzios com o verso ou em prosa, com rima ou disritmia, com paradinha da bateria na avenida, mas se congestionada, a avenida, poesia com asa, se fome, rabanada, assada, poesia espetinho na porta do terminal do subúrbio, ou leite condensada pra você chupar na lata sem culpa que depois faço uma arte academia pra você andar magrinha, na linha pro trenzinho caipira pegar, ou não; e viva a poesia bonitinha mas ordinária e também e principalmente a feinha mas revolucionária; que macunaíma regurgita estrangeiro de garfo e faca, mas pastel, meu nego, é pra escorrer na gravata; confesso não entendo nada de estética, meu único norte é a ética, ando sempre do lado errado mesmo quando na mão certa, na contramão, olho nos olhos, não tenho medo de me perder porque tenho gps na kombi e a poesia me guia, me leva pro morro, pro asfalto, pra quebrada, pra cidade; poesia é pra isso,
pra misturar pinga com champanha, maiakóviski com caipiroska e sacode a poeira e arrota por cima, e se vosmicê não gostou, limpa com antônio cândida que já murchou, para a crítica literária da venerável usp, bob-cuspe, aprendi a ler com angeli, descobri meu gênero com laerte, subi aos céus com glauco e desci aos infernos com mattoso, aprendiz de pessoas, drumo com drummond e escrevo este manifesto no asfalto com giz que amanhã posso mudar de ideia à toa, na boa, pois poesia é pra pular amarelinha; pra mim tanto faz se dona ivone lara ou seu suassuna, joão cabral de melo neto ou zeca pagodinho, todos cantam na mesma altura que o canto do uirapuru, que o bote da surucucu, que o grito do ipiranga e nem me despenteio, soul da terra do funk carioca e do som da maloca, de tudo que você imaginar há um muito em mim, soul nietzsche e vixe maria mãe de deus; cê nunca comeu melado azar o seu, só quem goza se lambuza, morrer na praia não morro, sou meio yara meio urubu do mangue, a saudade é o que me mata, a sede é que me move, sou da solidão dos errados, do cerrado, sou da zona, da mata, da moita, a lua salpica de estrelas nosso chão arlequim está chorando, vou beijar-te agora cabrocha distraída, pego a viola e tudo vira uma canção, uma canção, uma oração. 59 do jericó f: sérgio marreiro p: paulo d’auria a: fullhouse
do trampador p: luiza romão f: maurício pisani
[das lacunas deixadas por
“porque apareceu na ‘tava bem antes de você deixou um dói mais que há remédio pra seria melhor, se tem certeza que deixa de volta pra espero sem"
acordo no meio da procurando papel pra tento começar, mas
60
61
do manman bourik daniel minchoni
62
o vento bateu com tanta força que não deixou a porta fechar até parei pra ver se era alguém alguma coisa precisava entrar
do empacado p: victor rodrigues f: joão cláudio de sena p: luba araújo
que minha cabeça mutante reage no passo da fonte da informação. enxergo caminhos diversos, espaços abertos. distúrbios e emoções... farei-me de ordem e caos, de pedra e pau, pra destruir minhas convicções!
... onde as minhas dúvidas iniciam-se em série de encaixes e proposições,
Fragmentos
63
do minchoni domanman tonto p:bourik rafael gomesdaniel f: maurício pisani
A Manutenção dos fatos ideais reforçados conturbados versos trago disseminando os fatos de um cotidiano, um relato. o release do abstrato, dia a dia de um mano money’s magro, brise no lirismo que aqui digo. filmo filmes com o olhar e faço do cérebro arquivo, exibo quando rimo. digo, digo o que me der na telha... na bola de meia os planos traço, quem não ajuda não atrapalha. mais espaço! a coisa vai ficar feia.
64 64
do manman bourik daniel minchoni
CONCORDÂNCIA eu, tu, ele nós, vós, eles todos concordamos que o verbo “amar” jamais deveria ser conjugado no passado. 66 do inhó p: gabriel lima f: joão cláudio de sena
ASSUNTO num passar de segundo deu vontade de juntar todo assunto do mundo pra peneirar e descobrir o que temos em comum pra conversar e só dormir quando não sobrar nenhum.
67
do daniel DOmanman JEGUE d: bourik carol araĂşjo p: caco minchoni pontes p: luciana araĂşjo
68 do estudante p: luba luciana f: joão cláudio de sena
Sobre mim II numa mistura desconcertada de tudo que eu entendo ser, proveniente de encontros improváveis, desinibida pro que eu quero ter! entre tantos descompassos, desenganos eu prossigo, nos tombos me levanto e admiro: “a simplicidade de ser e estar!” que traz todo esse caos de realidade e irrealidades, e ser, e estar, presente. encantando a vida cotidianamente! com todas as minhas vontades, com tudo aquilo que não é meu, com o que eu gosto, eu me enrosco, eu assumo. com o que faz bem pro “meu eu”, dentro da minha força eu canto, livre, leve e solta, pronta pra te abraçar, e desabafar com as sutilezas da vida, falar de beleza e das verdade não ditas... “a simplicidade de ser e estar!” que traz todo esse caos de realidade e irrealidades, e ser, e estar, presente. encantando a vida cotidianamente!
69
do bourik daniel domanman de pensar morreu umminchoni d: enivo p: lu’z ribeiro mai
70
do manman bourik daniel minchoni
esse inchaço no meu peito deve ser coração pedindo arrego já que não escrevo um poema fuderoso há muito tempo vou desenterrar uma borboleta cortar suas asas colá-las em mim e me sentir que nem bagunça, meu passarinho preferido desde os 7 anos que agora está morrendo seus últimos dias na sala de estar não vejo motivo nenhum para acordar já que ele não me acorda mais com um canto horrível desafinado mas que apesar de tudo me dizia: tem alguém vivo aqui 71 do mulo f: anna zêpa p: regina azevedo d: pastore
do manman bourik daniel minchoni
f: marcio salata p: rafael gomes
do manman bourik daniel minchoni
D Quebra’s só quem já jogou bola na subida sabe o quão é arriscado dar um mijão ao lado da loja.
74
do bourik nani daniel minchoni domanman INGUINORANTE
75
a carina disse que tenho ascendente gĂŞmeos e lua em peixes espero que quando me olhem lembrem disso
do magarac d: gabriel kieling p: regina azevedo
o filho da puta do bukowski disse que quando olha pra uma mulher imagina sempre que ela tem algo muito mais que uma boceta no meio das pernas
p: michelle ferret f: maurício pisani
Sombrinha desde que você foi embora as roupas no varal não secaram mais ando nua pela casa à espera de algum sol.
p: sinhรก d: daniel minchoni
o formigueiro reverenciou mais um em seu terreiro.
maurĂcio pisani
80
do bourik minchoni domanman ruço francisco ferraz daniel barth pereira
81
do manman bourik daniel minchoni
82 do analfaburro p: gabriel kieling d: gabriel novaes
Sidade sobrados arranham-céus geminados ruas atravessam vielas bairros vão à barro quando a taipa dá lugar ao concreto sem teto, chove na cidade que impermeável não sente o gosto de suas próprias lágrimas o cheiro é forte e não agrada, da sul à norte das varandas gourmet avistam-se os que não tem que comer e o rastro de sangue nas bordas do croissant no seu brunch se confunde aos faróis na hora do rush que vermelhos denunciam o fim (dos dias) os rios, com pouca força envergonhados dos que passam por cima diariamente e fingem não o ver vomitam o lixo. enquanto ao lado, fogos de artifício comemoram mais segregação quatro vagas na garagem e o coração vago um indivíduo dentro de cada carro reclama do trânsito que ele mesmo faz parte e a vida passa, mais uma parte, regurgita se renova e se agita esperneia e estremece não escolhe as roupas que lhe veste nem os adornos que não adora o barulho que não cessa é o grito dos que tem pressa por mudanças em seu habitat são paulo, eu te amo mas como é difícil te amar.
83
do manman bourik daniel minchoni
minhas lições são sempre apreendidas em portas-giratórias
meço com textos o que impede os saltos que faltam os conflitos que seguem toda vez que parto de um ponto de silêncio em todo ouvido perco as posses, perco as poses corto a faixa, inauguro meu complexo poliespeculativo para a exposição de ensaios cíclicos do cotidiano
p: ge ladera d: daniel minchoni
86 DO ESTúpido daphne cristina
amplexo é complexo prefiro abraço.
f: renata armelin p: harry borges
daniel minchoni
www.youtube.com/watch?v=n1RYpCrmF-o
do cul cris rangel
L se IND te eu A e ch pu DE se da am de O at eu nça ava sse LIN e é t p va d te D se rod u se ude até e ca lev A. e eu op to ss o fu av só na pu iav rna e fu dia çu a n a pr hor de a in r a ng rai ca a a ss e b av ar cu ve do e br ag a n nd r t r su ia a no os d e a eu fr ss a do te q u u ol ão rr até xê u c at ha fi av a ro a ro ng c r v car a u ba ot an ol ia m ixo e to ta em fr d sd rp e a o ro sil vo s la m m ênc de de eu eu io am ir co a . s or ra em çã o se us ou vi do s
90
do vermelho marília novaes
Se você viesse se você viesse, eu colocaria o vestido mais bonito, para você desabotoar. arrumaria o meu cabelo pra você emaranhar. se você viesse, eu p assaria batom pra você borrar abriria a porta, aguardaria aquele abraço gostoso, que só você me dá. se você viesse... você não veio. eu coloquei o meu vestido mais bonito, passei batom, arrumei meu cabelo, abri a porta e fui. me joguei no abraço de outros braços. fui. se você viesse, eu não teria ido, não teria rido e não teria sido feliz sem você. 91
92
do manman bourik daniel minchoni
lobot
93
do manman bourik daniel minchoni
do inhó harry borges
era noite de lua o céu era de um azul marinho profundo as constelações pareciam ser palpáveis o clima ameno grilos noturnos apresentavam o coro descompassado nenhum outro suspiro algo grandioso estava para acontecer alvoroçada, em extremo frenesi, eu vi a lua tentando se jogar os astros inquietos, entre cometas e mini planetas desnorteado! montanhas saltaram fazendo profundezas em trevas planícies reluzentes como alvorada auroras boreais bailavam em livres movimentos como as tintas de pollock colorindo o céu de norte a sul astrólogos e cientistas viram anos de pesquisas caírem por terra interferências, vias aéreas, rádios, computadores, reatores nucleares... nada fazia sentido tudo era vazio como buracos negros perdidos no espaço era como se pensar fosse algo nulo mas não era pavoroso como indepence day ou o dia depois de amanhã
94
era como se a forma de simba transfigurasse a forma humana e quem não se lembra? era uma profecia se cumprindo então, eis que um pequeno grupo de aventureiros, não preocupados com o futuro simplesmente se deixou levar por aquilo que outrora era um espanto como pequenos príncipes, uma rosa e uma redoma de vidro é a conexão de dois em um é o resultado lógico de ser e fazer existir é a minha vida em ti inspiração de vida, maria rita, minha filha.
EscritoPixo a palavra acima da imagem. o som das escritas sendo o manifesto, em seus gritos ouve-se arrastão, sustos, algos como pesadelos da risada do pop mestre poesia... pigmeus dentro do moby universo. são ggggggg's por ai, zé's na lixomania paulistana. a palavra acima! nos prédios a escrita em seus significados, experiências, lembranças e memórias. mensagens e imagens, verbo e a poesia de um olhar.
97 do burro86 jerry batista e artistas diversos
98 do mata burro cris rangel
o medo paralisa primeiro soca e depois pisa o medo destrói o espaço e quebra os ossos do próximo passo o medo olha rapidamente para baixo não encara a chance do ato o medo descobre a falha deixa o amor no fio da navalha o medo não dá chance mas agora eu quero é revanche.
99 do cavalin buxudu caio cartenum
fragmentado o brilho da lua refletira no lago, adentravam os tímpanos sonoridades aquosas que trouxeram lembranças esquecidas do amor que encontrara outrora risos que escapam os olhos olhos que são universos onde mergulho sem medo trazendo a tona tais versoss. o tempo por ser extensão e a vida linear é dificil mensurar onde se pode chegar planetaríamos juntos desfazendo de todas as posses de que me serve a carapaça se a energia em si ressoa forte saudações divinas corpos celestiais pensara planar em seus braços como quem mergulha em flores astrais.
100
do manman bourik daniel minchoni
101 do boboca d: gabriel novaes p: caio cartenum
Das Naturalidades constância ser de verdade fluir desaguar-se e um nariz vermelho pra despir minhas verdades antes que o tempo passe pois dela não haverá trégua cavalgam livres nos campos as éguas a insistência que se preserva, está na sutileza do olhar de quem enxerga. alumia! nem menos e nem mais importante somos parte de um todo sejamos um só façamos parte deste corpo a vida é uma partilha fogueira que nos aquece no mesmo instante que ilumina de nossos cuidados carece.
o peso do medo o posso? n찾o pode! a posse e a pose o verde e o amarelo. aos cristos contempor창neos o som, gordo do prego grosso entrando no osso espirrando petr처leo no rosto de quem bate o martelo. 102 do leso p: edgar pereira d: gabriel novaes
103
do manman bourik daniel minchoni
andré oviedo é doburro. é formol. #procuresaber anna zêpa é poeta e atriz. natal e são paulo. mar e concreto. sol e chuva. bruno pastore é pai de pedro e de clarice, escreve, desenha e nisso é escravo e ama na mesma medida. vem de guarulhos, terra das congruências, publica documentos para um estudo da alma em literalmentepastore.blogspot.com e a sua última carta no tarô foi o mago. caio cartenum é artista plástico e poeta encontra no timoneiro uma viagem para poetizar e declamar suas poesias marítimas e inquietações. cristiano kana e alexandre enokawa: frutos de um imigrante japonês com uma brasileira, oriundos do skate, resolveram se dedicar a apresentar novos artistas com suas técnicas de gravuras em serigrafia. cris rangel: poeta por compulsão, letrista e cantora por paixão e dramaturga / bonequeira em formação. produtora cultural há 14 anos por benção e vocação. lôca do play. daniel minchoni é sola na poesia esporte clube, jovens escribas, maus costumes no rn e sarau do burro, selo do burro, cabaret revoltaire, menor slam do mundo, rachão poético, phala’cia, em sp. seus livros de cabeceira são escolha o título (2006), iapois poisia (2013), ouvivendo (2013), carnevais (2013), nos be gods de olavo (2014) e ex-porro, poema sugo (2014). enivo pinta, inventa e agora cura. gabriel kieling são 3 escritos e dois desenhos influenciados pela poesia. saravá. gabriel lima é carne, osso, cabelo e texto. gabriel novaes é filho do flávio novaes. geraldo ladera. 30 e poucos anos. natural deságuador de ideias. distribuidor de assuntos aleatórios. tonto. giovanni venturini “22 anos. além de mini-poeta é ator-doado. um guri ainda. mas um guru das pequenezas. anãosergigante.” harry borges o gênesis 12. jefferson messias é poeta-cordelista, romancista, crono-contista, slammer. formou-se em letras (ou quase) e é um agitador cultural paulista criado em tabira-pe. e só (ou não). jerry batista é artista plástico e arte-educador especializado na linguagem do graffiti brasileiro. joão cláudio de sena fotografa mãos, mães e mais. lauro pirata é “nós somos um”, lançado pela produtora em&pm, que converge vários instrumentos dando o tom para a verdadeira raiz do freestyle, que é a mistura dos ritmos. luba luciana é atriz e cineasta. desenvolve um projeto de livre improvisação com poesia no grupo marco nalesso e a fundação. integrante do coletivo
de performance urubus e do projeto de livre improvisação entre música e pintura: cuidado tinta fresca. formada em cinema pela faap. luís alexandre lobot é graffiteiro, desenhista , operador de frequências sonoras e diretor da turma da janela no sarau do burro. luiza romão em breve será coquetel motolove. marcio salata já foi analógico, hoje digital, amanhã será cinzas. marília novaes de nascimento marília, de vida mantu. mantu novaes, já estudou de tudo um teco, hoje estuda artes cênicas. tem 27 anos, solteira, plantou algumas árvores, tem muitos amigos e ama batata frita. quer saber mais, ligue! maurício pisani é fotógrafo e artista visual - atualmente gasta mais tempo andando que falando. pouco tempo atrás era o inverso. michelle ferret faz parte do poesias e flores em caixas (rn), gosta de ver a cor do dia mudando e acredita que a palavra é asa. nani é uma menina sorridente que gosta de cantar, e de vez em quando, brinca de escrever. mais conhecida como nani geissler. ni brisant é peão de obras, piriguista, pai de gente e de livros. bahia. sobrenome liberdade. ninguém lê. para brisa. se eu tivesse meu próprio dicionário. tratado sobre o coração das coisas ditas, né? paulo d’auria tá sempre na área, é integrante dos coletivos poetas do tietê e encontro de utopias, autor de meta lingui stica, selo doburro, 2013 rafael gomes é mais conhecido como mano money’s, residente do distrito do grajaú e estudante de publicidade, ex integrante do coletivo arterima, vem se empenhando em seu trabalho solo com previsão para o início de 2015. regina azevedo é potiguar e escreve poesia. publica no www.reginazvdo. tumblr.com renata armelin na falta de jeito para escrever com palavras, resolveu escrever com a luz. samuel luis borges é uma planta crescida sob a falha do asfalto. sergio marreiro é um cara que passa menos tempo do que gostaria tirando retratos. sinhá é devolva meu lado de dentro e na veste dos peixes as palavras de ontem. é tinta e palavra. sushi humano nesse livro é alexandre mossato, edgar pereira e lucas negrelli. e na vida é um copo de cerveja numa mesa com artistas e produtores, jogando conversa fora. tché é escultor, graffiteiro e faz parte do coletivo132. victor rodrigues é praga de poeta que insulta e que, no final das contas, só quer aprender menino. acha que escreve versos para aumentar o mundo. vive ambulante e maloqueirista, mesquiteiro no todos por um.
projeto realizado com o apoio do ProAC doburro - antologia foi composto em tipologia archer book corpo 10,5 em papel pólen bold 90g/m2 e impresso pro selo doburro em outubro de 2014.
tu
co e aca come e acaba do come e aca beça tud o caba eça tu com e aca abeça tudo come e acaba cabe tudo começa e acaba na cabeça ricardo aleixo