eu findo o mundo

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findo mundo

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eu findo mundo bobby baq



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eu findo mundo bobby baq


©2013 bobby baq

todos os direitos estão liberados para reprodução não comercial. qualquer parte desta obra pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc, desde que não tenha objetivo comercial e seja citada a fonte (autor e editora).

o projeto gráfico foi feito por

daniel minchoni as artes são de

catharine reis gomes a revisão dos textos foi feita por

marilia saito

os contatos são com

bhbachy@hotmail.com


eu findo mundo

primeira edição. 2013



a ave Sai do ovo. O ovo é o mundo. “A Quem quiSer naScer tem que deStruir um mundo.” Hermann HeSSe,

in Demian


meu futuro caiu de maduro. a poesia cai. a poesia de bobby cai madura em nossas cabeças. finda em um mundo de palavras despidas. eu findo mundo é o desejo do que virá a vontade do próximo sentido como se a palavra seguinte quisesse mais fosse mais futuro passado. pássaros furtos barulhos febris. seus versos se erguem em fogo impõem o jogo lanterna o peito a mente. coisa de quem se domina dominó seis seis não, nunca vazio vazio. a palavra cai. a palavra de bobby cai pesada em nossas cabeças. que finde o mundo. sinhá



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CapĂ­tulo l - Da Realidade

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Desvario em um s贸 feixe. A vista vara o rio e fisga um peixe.


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É vendo como o vento continua comovendo que ainda vem à mente: vente, vento, vem-te.

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Isento por um ano de ser o mesmo humano incerto. Optei por ser inseto.


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Eu escorrego, você desliza, eles tropeçam... E no final a noite cai pra todo mundo.

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Um pé de vento tão grande que possuía até um ninho entre a unha do dedão e a cabeça do mindinho.


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6h00 am. O canto do canรกrio insiste para aliviar a dor que no despertar existe.

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Na beira do bote, no meio do mar, o norte n達o importa se n達o pensa em aportar.


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Aponta com o pĂŠ a terra, planta pronta a nĂŁo cair. Concentra o centro, espinha ereta. Esquece o peso de existir.

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No entanto, o distante me diz tanto.


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Neste solo eu cultivo o meu motivo pra partir.

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Diacho! um dia ainda rio um riacho...


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Guardei pensamentos na minha caixa preta de rimas. O mundo frรกgil, de cabeรงa pra baixo, etiquetou: este lado para cima.

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QUANTUM PHYSICS Reality please stay stable under my dinner table.


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Me mudei para o presente o ambiente mais seguro morto jรก estรก o passado e logo mais morre o futuro.

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Somente este instante guarda um tanto de depois e um tudo de algo antes.


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Reduza o que se ĂŠ a areia do deserto entre os dedos do seu pĂŠ.

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Tanto asfalto em minhas faltas deixou-me um plangente e negro lago. Se choro, logo alago.


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As pontes ainda apontam os mesmos destinos de antes. S贸 os extremos que est茫o distantes.

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Andei em círculos pelas quadras cruzei calçadas calcei a estrada e fiquei sem compreender: se não existe o caminho como posso me perder?


bobby baq

Haja pรกlpebra, tempo e falta de luz pro olho enxergar por dentro imagens que a alma produz.

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Os prĂŠdios precisam de poros e as pessoas de algo concreto. Reboco rasga, lĂĄbio racha. Um lĂĄpis e uma borracha pra refazer o homem-rocha correto.


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Capitulum ll: De LaS CoSaS Que PulSan




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Meu ser pr茅-hist贸rico s贸 podia mesmo ter um cora莽ao de pedra lascada.


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Olhares mĂştuos, too mĂştuos, me causam pequenos tumultos.

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Na tua. Te reti na retina. A-toa.


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Algo de Ă­ntimo no ritmo do nosso algoritmo.

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Quando atĂŠ minha superfĂ­cie se derrete por vontade de penetrar a sua profundidade.


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Seu peito, aรงude e leito de puro sangue: atolado em meu corpo-mangue.

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Um dia aceito o risco e escolho ser o cisco no seu olho.


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Nossos pĂŠs se descobrem na cama.

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De noite ĂŠ certo. Minha cama, seu deserto.


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A mao, origami, desdobra-se em carícias. Amassa. Vinca os vincos. Os vínculos. Nao perde a graça. Sobra papel. Branco. Marcas.

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Decorei, sem querer, o seu modo de corar e sua forma de correr.


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S贸 desgosta do que rasga engasga e nao goza. E de rosa.

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Nao ĂŠ imposto esse afago. Me aluga, eu te pago.


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Sendo sincero pra valer: atĂŠ os cĂ­lios eu considero como empecilhos pra te ver.

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Eu sei que voce saca que eu te seco e ce me caรงa. Eu sei que voce sabe que eu te cego e ce me cabe. Eu sei que voce manja que eu te queijo e ce me canja. Eis todo absurdo: eu te tento e ce me tudo.


bobby baq

Nao incomoda nada sentar-me no topo da alta madrugada. Perto do cometa onde nada me acomete, sentindo pulsar vida em todo meu corpo celeste.

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Abriu a porta. Abriu as pernas. A porta gemeu mais.


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Me um ou me

alegre com milagre simplesmente largue.

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Seus joelhos nao me dobram mais.


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Soubesse de início que o invertido é mais bonito, começava do avesso e nem ficava arrependido.

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A vontade que persiste: apreciar de perto o que ainda nao existe.


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DeS ChoSeS morteS.

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Capitolo lll:




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Constata quem me desdobra: os remendos da minha pele s達o sua sobra.


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Uma coisa ĂŠ certeira: Parte do que parte permanece uma vida inteira.

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Deito e sinto sempre o mesmo cheiro. Acho que alguns pensamentos moram no avesso do meu travesseiro.

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Você exagera, eu disfarço. Recebi uma galáxia ao pedir algum espaço.

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E o olho pesado por gula, continua aberto. Alimentado de muito passado e algum futuro incerto.


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Ignoro o desconforto do ouvido. Continuo calando o que importa, ocupando o tempo da boca com a sonora greve de grito.

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Asfixia me espera do lado de fora da sua atmosfera.


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Gostava s贸 da saudade que o fazia chorar. O gosto das gotas de l谩grimas matava sua sede de mar.

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Mar茅 de ins么nia: ...e os olhos lotados de areia, entupiram-se de lua cheia...


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Entre o fiasco, o penhasco e o precip铆cio, me pego pendurado na mem贸ria do inicio.

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N達o tem cabimento tanta coisa acabar sem ter tido acabamento.


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Continuam verdes alguns sentimentos maduros: vertendo de um pus ainda mais puro.

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NÃO ESQUEÇO O VÍCIO: consumo, assíduo, teus restos, que residem em meus resquícios.


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Tenho andado de vez em quando: se me d贸i eu paro, se me dopo eu ando.

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Na gruta do peito existe uma estalactite que chora. Cresce e perfura de dentro pra fora.


bobby baq

Não lavo o pensamento sujo que me encarde. Eu sei que no fim inflama. Mas já não dói, só arde.

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Sou puro tempo corrido pedindo pra ser socorrido.


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Bravo com o tempo. Seja ent達o pesado e breve ou mais leve enquanto lento.

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N達o me acho. A carne vira areia e me espalho ampulheta abaixo.

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KKaap piit teel l l lVV: : L Lee nnoon n c cooS See

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Um segundo e eu me fecundo. Carrego na barriga todo o peso do mundo.

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Alguns pedaços do âmago a cabeça abduz do estomago.

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Nariz? Umbigo? Cu? N達o lembro. Dividi-me em tantas partes que acabei perdendo o centro.

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Um problema antigo: a parte que me cabe sempre acaba comigo.

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Estou estranho assim: sem saber dar resposta pra quem pergunta de mim.

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NĂŁo se importe, toda carne tem potĂŞncia para um dia virar corte.

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Inevitรกveis hematomas. Todos jรก previstos como parte desses sintomas.

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Louvado seja o alívio que me gera essa falta de ar. Sem gravidades, construo o exílio no meu útero particular.

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Disseco este corpo a seco, buscando por vida que nasรงa do esterco.

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Assisto, como ofício, o corpo vazando silêncio por todos os orifícios.

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Pode ser que percebas todo o corpo humano composto por p贸 de estrelas.

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Me precipito em precipícios, não me arrependo de arrepios e só me rendo aos arredios. Não importa se o rosto não pareça carne viva, resto do corpo: resista. Só preciso pra existir de algum sangue, suor e saliva. E que essa vontade persista. bobby baq

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Cada qual com seu escudo, vocĂŞ no escalde, eu no escuro.

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Ao fim, uma relação com pontos fortes. Sorte que fui atento a tempo de costurar os cortes.

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E assim pressente que o presente nunca existiu. Os agoras foram feitos dum passado persistente que insistiu.

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Por qual motivo um de mim nasce com o destino todo quase?

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N達o vendeu a alma ao diabo porque nem o diabo queria um produto sem validade e sem selo de garantia.

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Derramou sobre o último frame a lágrima sépia de recordações amanhecidas.

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Furado. Costurado. Curado. TrĂŞs pontos que me deixaram de modo permanente aluado e reticente.

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Meu futuro caiu de maduro.

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_Chapter V:__________________________________ _


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At de é q at fa ue o v é q zer art at er ue su ér pe é q me a v bir ia c Se lo ue lho eia o ans o t ad lad a pe ci evi san e se em ian o m le nti te gu e, de m o po te, ai ap lan s e an me po co le te, te sm uc rt s. o o t an ef em te eit f : o eit o,

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Viver talvez seja uma festa onde aconteรงa quase nada enquanto o pao com a carne louca pouco a pouco se acaba.

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Nem vendo os olhos desvendo: qual de nos saiu devendo.


Meus cantos empoeirados continuam empoleirados.

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. , , de no ra da ue . eq fo a i de lå um op , ta es op po da nh mp ça ne no m c tem te an m re u ri se se o n rao e ia A c ase do nd te tad opr qu gan rda de on pr pe ua tar e v ua e g is ria r s Ma tÊ ria ma ra c p

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Perante a pelĂ­cula do pranto, constato o que era segredo, ou me acabo preto e brando ou termino branco e cedo.

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Prestar socorro ou atençao? Decidiu prestar pra nada, devagar, à prestaçao.

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PUTEIRO Sinto muito, mas aqui há santas há cintas e assuntos Há pontas há pintas e apuros Há puros e seus apelos sujos de pele poros e pelos Há polpas há papos e apupos Há puros em apuros cobertos pelo único ar podre em que se pode delirar ar puro.


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Se eu tenho um medo É o de cair em mim E descobrir nao muito cedo Que a queda nao tem fim.


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Amontôo à toa e tanto que tudo tende a ocupar o centro, enquanto eu tento destombar do canto.


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O mais simples nao tem pressa. Se comeรงo por tudo o que acaba, termino onde tudo comeรงa.


bobby baq

Dentro da cabeรงa acaba o espaรงo, mas sobra um planeta.

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eu

fi

o nd

n mu

do

T na udo Es de ga se per sci nha ou par e, da. ve lo M se e ci at as, pa da a r i de se ng nt e. de ir es ci o s de da o lo . ,

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Tao so quanto um sotao sem po.


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Nem mau, nem ameno, mas, ao menos, mais ou menos.


No meu travesseiro tem pele morta. Acordo sobre o meu cadรกver e finjo que nao importa.

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Se to ap t do re to odo pr sse e n do ap azo , ao pe reรง pa hรก so o ss pr cre som a ec sc e e. e

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Cético: amor de mais é erro médico.


No fim do mĂŞs eu findo mundo.

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o bobby é baq na moleira pode pá causando pânico total esquizofrênico destruidor de lares epidêmico interpretei de outra maneira vocês sabem o que eu falei pode pá, baq na molera. sr. sombra já tomou seu antibaq hoje? baq? que antibaq?*

o bobby é doido doído. é baque solto. livre. virado. da mata. do norte. da noite. da morte. da sorte. e de tantas coisitas más. o bobby é virado no boy bruce - que djabo em parabólicas vem a ser o bruce lee jovem que é ainda mais pá - quiçá no chuck noise. com ele não tem limite. não tem fronteira. é escrita sem eira nem beira. seu primeiro libro, o ano em que as coisas falaram, tem 365 poemas micrônicos conteiros. um pra cada dia. um pra cada giro do giraya. do ponteiro. um pra cada pontada. do coração. o bobby tem foco em seu público-alvo: se mexeu é guerreiro, e ele atira pra matar. faz a palavra dar nó. em nós. em pingo d’água. simples e amplexo. poppy e laborado. safo e abuzzado. velho maroto, qualquer antena pra capucheta do bobby é pra lavra. sem arre medo. sem sassámu tema. sem pé nem pena. a cabeça do bobby é um fantástico mundo. jáinda. um fantástico mundo que finda. mim choni *ouça o resto dessa apresentação no www.mcsombra.com.br


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