nos be gods de olavo bilac daniel minchoni
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nos be gods de olavo bilac daniel minchoni
2014. doburro
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda a noite, enquanto A Via-Láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas”. Olavo Bilac
“experimentar o experimental” waly salomão
“me organizando posso desorganizar” chico science
“eu tô te explicando pra te confundir, eu tô te confundindo pra te esclarecer, tô iluminado pra poder cegar, tô ficando cego pra poder guiar” tom zé
“não discuto com o destino o que pintar eu assino” leminski
introdução necessária. ou nem. perdi o senso, é fato. e eu vos direi, no entanto, que desde sempre esse poema parnasiano muito me encantou. muito comum em saraus e recorrente nos estudos da língua portuguesa nas escolas a construção do poema muito me interessa, especialmente pela imagem simples e bela de ouvir estrelas e falar com elas. e tem sempre este espinho na garganta quando comemos flores. pois bem. pra desengasgar fiz um processo esquizo, porque não desconstruir o tal nó na garganta fatiando esse biscoito fino a bel rigor e temperando ele de outras formas em outras fôrmas? inglórias e bastardas por vezes, mas ainda tortas novidades. pois bem, fatiei as frases que me interessavam no ritmo da leitura sem obedecer à estrutura fixa e formal do soneto, que muito mais se faz necessária por um enquadramento estrutural que de função. feito isso fiz pequenos cortes e reconstruí meus estilhaços dando vazão a novas reentrâncias do poema. engordando, por vezes, como um porco, noutras como um lírio. e disto, por vezes, distando do original, fiz pequenos poemas fragmentados e um grande poema reconstraído. tudo por inveja ou ambição ou talvez por humildade e pedância. misturando tudo, por uma razão fundamental, amor e só. e assim por encantamento me dediquei a repensar os buracos do poemas, mesmo nas desnecessidades. o resultado distorcido ou disforme, deu luz a um dúbio. um duplo bastardo. antes tarde do que numa hora errada. eis me aqui, bicho de 18 cabeças.
OLAVO BIPOLAC ora ( direis ) ouvir estrelas! ora ( direis ) elas s達o mudas! que horas s達o?
BOMLAVO SENSOLAC certo, perdeste o senso! certo ou errado, que seja! sensível sensatez é besteira.
OLAVO BILACANTOR e eu vos direi, no entanto. vos direi não há vazão pra pranto guardeis o soluço pra cantar.
MOCOLAVO BILAC que, para ouví-las, ou que, para ou vê-las, haverá que senti-las
OLAVO INSONOLAC muitas vezes desperto insone e incerto muitas vezes deserto
OLAVO PANILAC e abro as janelas, pรกlido de espanto o espantalho pรณlen dos cogumelos de plรกstico ofusca o raio silibrino do chรก da tarde
FALAVAO BILAC e conversamos toda a noite, e hablamos e falamos noite toda até tarde e fuder que é bom, nadie.
OLAVO BIALร CTEO enquanto a Via-Lรกctea, como um pรกlio aberto, enquanto a via, lรกctea e lenta, como um carro em chamas enquanto a via, bichana, espreguiรงando na cama.
OLAVO CINTIAC cintila. senti-la cĂntia.
OLAVO SAUDOLAC e, ao vir do sol, saudoso e em pranto, devir do tempo, sestoso encanto nada mais que a chuva e o sonho s贸
GOOGLOLAVO BILAC inda as procuro pelo céu deserto. inda a procuro pelo deserto chão onde tateio estrelas na escuridão
TRESLOLAVO BILAC direis agora: tresloucado amigo! trazes contigo três amigos loucos ou és fragmentos de nós outros
OLAVO DIÁLOGUILAC que conversas com elas? ou falas sozinho, vezenquando? míngua a dúvida perguntando?
SENSOLAVO BILAC que sentido tem o que dizem, que sentido tem os sentidos? se o sentido n達o se cataloga.
LEMINSKI BILAC quando estão contigo? quando são abrigo? onde o sentido está contido?
OLAVO LÍNGUAC e eu vos direi: e darei tanto mais que minha língua e cuspe
OLAVO ENAMORADAC amai para entendê-las! para entediá-las ou mais mas amai, sobretudo, amai
OUVOLAVO BILAC pois s贸 quem ama pode ter ouvido e saber segredos de liquidificador posto que s贸 o amor faz sentido
OLAVO CAPACILAC capaz de ouvir e de entender estrelas capaz de ressonar e traduzir pรกssaros e mais capaz de tudo aquilo que desencantou
ora ( direis ) ouvir estrelas! ora ( direis ) elas são mudas! que horas são? certo, perdeste o senso! certo ou errado, que seja, sensível sensatez é besteira. e eu vos direi, no entanto, vos direi não há vazão pra pranto, guardeis o soluço pra cantar. que, para ouví-las, ou que, para ou vê-las, haverá que senti-las muitas vezes desperto insone e incerto muitas vezes deserto. abro as janelas, pálido de espanto o espantalho pólen dos cogumelos de plástico ofusca o raio silibrino chá da tarde e conversamos toda a noite, e hablamos e falamos noite toda, até tarde e fuder que é bom, nadie. enquanto a via-Láctea, como um pálio aberto, enquanto a via, láctea e lenta, como um carro em chamas enquanto a via, bichana, espreguiçando na cama. cintila senti-la, cintia. e, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
devir do tempo, sestoso encanto nada mais que a chuva e o sonho só inda as procuro pelo céu deserto. inda a procuro pelo deserto chão onde tateio estrelas na escuridão direis agora: tresloucado amigo! trazes contigo três amigos loucos ou és fragmentos de nós outros que conversas com elas? ou falas sozinho, vezenquando? míngua a dúvida perguntando? que sentido tem o que dizem, que sentido tem sentidos? se o sentido não se cataloga. quando estão contigo? quando são abrigo? onde o sentido está contido? e eu vos direi: e darei tanto mais que minha língua e cuspe amai para entendê-las! para entediá-las ou mais mas amai, sobretudo, amai pois só quem ama pode ter ouvido e saber segredos de liquidificador posto que só o amor faz sentido capaz de ouvir e de entender estrelas capaz de ressonar e traduzir pássaros e mais capaz de tudo aquilo que desencantou