primeiro corte

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primeiro corte

anna zĂŞpa



primeiro corte

anna zĂŞpa


©2013 ANNA ZÊPA

todos os direitos estão liberados para reprodução não comercial. qualquer parte desta obra pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. desde que não tenha objetivo comercial e seja citada a fonte (autor e editora).

ilustração da capa:

enivo direção de arte:

daniel minchoni revisão:

sinhá


primeiro corte

primeira edição. 2013



dedico este livro a tudo que deu errado.



“quem não tem moeda não existe.”



primeiro corte é a palavra que dá na terra, na força dos sertões desse território marcado de densa verdade. tá no sangue, no sol que racha a pele, pra iluminar tudo por dentro. é ancestral, tá na força de ser de um povo. de ser quem se é, de ser anna, mesmo quando “não dá pra ser sem dor”. anna sabe ser, se ergue forte na vida, empunha a palavra, o corpo, a fome. “primeiro corte” chegou as camadas mais profundas. tem a velocidade do sangue que quer conhecer o mundo por fora e jorra na chance da pele cortada. é rápido, anna quer segurar o tempo na mão e ele desesperado corre à frente. primeiro corte é forte , é anna. com todo amor, sinhá



13 anna zêpa

sertão de Caicó durante 7 anos gravidez de minha vó

13 anna zêpa

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14 primeiro corte

14 primeiro corte

sert茫o de Caic贸 durante 7 anos gravidez de minha v贸


15 anna zêpa

ninguém vem ao mundo sem antes morar no melhor lugar do mundo: barriga de mãe

15 anna zêpa

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16 primeiro corte

16 primeiro corte

ninguĂŠm vem ao mundo sem antes morar no melhor lugar do mundo: barriga de mĂŁe


17 anna zêpa

não dá pra ser sem dor

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17 anna zêpa


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18 primeiro corte

nĂŁo dĂĄ pra ser sem dor

18 primeiro corte


19 anna zêpa

na terra de um beijo só estou só com dó dos que respiram puro pó na terra de um beijo só onde todo mundo toma café me sinto tão só e vivo a dar rolé nessa terra de um beijo só

19 anna zêpa

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20 primeiro corte

na terra de um beijo só estou só com dó dos que respiram puro pó

nessa terra de um beijo só .

20 primeiro corte

na terra de um beijo só onde todo mundo toma café me sinto tão só e vivo a dar rolé


21 anna zêpa

quem disse que a saudade não tem cor? tô roxa

21 anna zêpa

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t么 roxa. .

22 primeiro corte

22 primeiro corte

quem disse que a saudade n茫o tem cor?


23 anna zêpa

calçada molhada passos rumo à morte da tua ausência

23 anna zêpa

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24 primeiro corte

24 primeiro corte

calçada molhada passos rumo à morte da tua ausência


25 anna zĂŞpa

noite se despede olhos versus pĂĄlpebras dura batalha

25 anna zĂŞpa

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26 primeiro corte

26 primeiro corte

noite se despede olhos versus pรกlpebras dura batalha


27 anna zĂŞpa

sol na cama ele acorda ela ainda tenta perdoar seu passado

27 anna zĂŞpa

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28 primeiro corte

28 primeiro corte

sol na cama ele acorda ela ainda tenta perdoar seu passado


29 anna zêpa

intimidade é uma viagem pra poucos

29 anna zêpa

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30 primeiro corte

intimidade ĂŠ uma viagem pra poucos

30 primeiro corte


31 anna zêpa

cuidado ao beijá-la seus lábios grudam delícia de mangaba

31 anna zêpa

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32 primeiro corte

32 primeiro corte

cuidado ao beijá-la seus lábios grudam delícia de mangaba


33 anna zĂŞpa

amor evapora? se sim, quero o meu ao sol

33 anna zĂŞpa

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34 primeiro corte

34 primeiro corte

amor evapora? se sim, quero o meu ao sol


35 anna zêpa

não quero nada mais muito

35 anna zêpa

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36 primeiro corte

n達o quero nada mais muito

36 primeiro corte


37 anna zêpa

o que doía de vazio agora dói de cheio provei tem sabor de amor

37 anna zêpa

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38 primeiro corte

o que do铆a de vazio agora d贸i de cheio

tem sabor de amor .

38 primeiro corte

provei


39 anna zĂŞpa

a beleza passeava sozinha uns viam disponibilidade eu saudade

39 anna zĂŞpa

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40 primeiro corte

40 primeiro corte

a beleza passeava sozinha uns viam disponibilidade eu saudade


41 anna zêpa

céu sem nuvem cansado, ele dorme nos braços da cama

41 anna zêpa

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42 primeiro corte

42 primeiro corte

cÊu sem nuvem cansado, ele dorme nos braços da cama


43 anna z锚pa

socorro! s贸 corro e corro s贸.

43 anna z锚pa

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44 primeiro corte

socorro! s贸 corro e corro s贸.

44 primeiro corte


45 anna zêpa

atenção o bem mais bem desvalorizado do momento

45 anna zêpa

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46 primeiro corte

46 primeiro corte

atenção o bem mais bem desvalorizado do momento


47 anna zêpa

não sei quem fui nem quem vou ser mas acho que sei quem estou

47 anna zêpa

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48 primeiro corte

48 primeiro corte

n達o sei quem fui nem quem vou ser mas acho que sei quem estou


49 anna zêpa

alguém me guarde por favor

49 anna zêpa

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50 primeiro corte

alguĂŠm me guarde por favor

50 primeiro corte


51 anna zĂŞpa

esperava ser assaltada pelo ladrĂŁo de dores em plena luz do dia

51 anna zĂŞpa

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52 primeiro corte

52 primeiro corte

esperava ser assaltada pelo ladrĂŁo de dores em plena luz do dia


53 anna zĂŞpa

meu ouvido fincado em teu peito a batida do teu amor me tira o sono sonho

53 anna zĂŞpa

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54 primeiro corte

a batida do teu amor me tira o sono sonho .

54 primeiro corte

meu ouvido fincado em teu peito


55 anna zêpa

um dia que chega é um dia que vai aprenda a dizer bye-bye

55 anna zêpa

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56 primeiro corte

56 primeiro corte

um dia que chega ĂŠ um dia que vai aprenda a dizer bye-bye


57 anna zêpa

um dia ele pensou: a vida é só uma justificativa

57 anna zêpa

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58 primeiro corte

58 primeiro corte

um dia ele pensou: a vida 茅 s贸 uma justificativa


59 anna zêpa

palavras são armas difíceis de acreditar

59 anna zêpa

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60 primeiro corte

60 primeiro corte

palavras sĂŁo armas difĂ­ceis de acreditar


61 anna zĂŞpa

tinha rosa na janela ele queria amar ela

61 anna zĂŞpa

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62 primeiro corte

62 primeiro corte

tinha rosa na janela ele queria amar ela


63 anna zĂŞpa

alegria sussurra tristeza

63 anna zĂŞpa

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64 primeiro corte

alegria sussurra tristeza

64 primeiro corte


65 anna zêpa

amar é como andar de mãos dadas com a chuva

65 anna zêpa

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66 primeiro corte

66 primeiro corte

amar ĂŠ como andar de mĂŁos dadas com a chuva


67 anna zĂŞpa

parecia um deserto mas eram lĂĄbios sem beijo

67 anna zĂŞpa

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68 primeiro corte

68 primeiro corte

parecia um deserto mas eram lรกbios sem beijo


69 anna zêpa

o dia lembra que existe vida a noite lembra que existe sonho queria uma vida só de noite

69 anna zêpa

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70 primeiro corte

o dia lembra que existe vida

queria uma vida s贸 de noite .

70 primeiro corte

a noite lembra que existe sonho


71 anna zĂŞpa

final de tarde apaga a luz do dia chegada da lua

71 anna zĂŞpa

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72 primeiro corte

72 primeiro corte

final de tarde apaga a luz do dia chegada da lua


73 anna zêpa

horário de verão em SP, uma hora a menos de saudade

73 anna zêpa

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74 primeiro corte

74 primeiro corte

horĂĄrio de verĂŁo em SP, uma hora a menos de saudade


75 anna zĂŞpa

diariamente da cama pro coma da vida

75 anna zĂŞpa

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76 primeiro corte

76 primeiro corte

diariamente da cama pro coma da vida


77 anna zĂŞpa

ela se perde nas gotas do chuveiro universo proibido

77 anna zĂŞpa

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78 primeiro corte

78 primeiro corte

ela se perde nas gotas do chuveiro universo proibido


79 anna zêpa

vontade de não ser não sentir, não estar quero ausência minha

79 anna zêpa

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80 primeiro corte

80 primeiro corte

vontade de n達o ser n達o sentir, n達o estar quero aus棚ncia minha


81 anna zêpa

afinador e violão sol perdido dor afinada

81 anna zêpa

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82 primeiro corte

82 primeiro corte

afinador e viol達o sol perdido dor afinada


83 anna zêpa

João era mais dor que nome e pessoa se nome fosse, não era João se pessoa fosse, não dormia no chão

83 anna zêpa

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84 primeiro corte

João era mais dor que nome e pessoa

se pessoa fosse, não dormia no chão .

84 primeiro corte

se nome fosse, não era João


85 anna zêpa

pássaro de lata estava no céu quando o sol nasceu

85 anna zêpa

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86 primeiro corte

86 primeiro corte

pĂĄssaro de lata estava no cĂŠu quando o sol nasceu


87 anna zĂŞpa

dia seco ideias passeiam fora da cabeça

87 anna zĂŞpa

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88 primeiro corte

88 primeiro corte

dia seco ideias passeiam fora da cabeça


89 anna zêpa

relógio da rua 12h19 e 30º dentro dela o tempo 10º

89 anna zêpa

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90 primeiro corte

dentro dela o tempo 10 o .

90 primeiro corte

rel贸gio da rua 12h19 e 30 o


91 anna zêpa

um quê de quês invadiu a pele onde moro

91 anna zêpa

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92 primeiro corte

92 primeiro corte

um quĂŞ de quĂŞs invadiu a pele onde moro


93 anna zêpa

na tentativa de ser um já fomos vários

93 anna zêpa

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94 primeiro corte

94 primeiro corte

na tentativa de ser um jรก fomos vรกrios





primeiro corte é a palavra que dá na terra, na força dos sertões desse território marcado de densa verdade. tá no sangue, no sol que racha a pele, pra iluminar tudo por dentro. é ancestral, tá na força de ser de um povo. de ser quem se é, de ser anna. sinhá


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