ARQUEOLOGIA BÍBLICA - MÓDULO SAFIRA - SEMINÁRIO BATISTA LIVRE

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SUMÁRIO

GLOSSÁRIO

183 QUESTINÁRIO 189 REFERÊNCIAS 191 Livro Teologia mod 02-SBL.indd 163 01/05/2017 13:40:22

4. RELEVANTES

SOBRE ARQUEOLOGIA E A BÍBLIA 179

HISTÓRIA DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA 169

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INTRODUÇÃO

1.

FUNÇÕES DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA 167

3.

2.

DATAÇÃO DOS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS 174

FATOS

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A arqueologia é basicamente uma ciência, com todas as características perti nentes às ciências. O conhecimento neste campo se obtém pela observação e estu do sistemáticos, e os fatos descobertos são avaliados e classificados num conjunto organizado de informações. A arqueologia é também uma ciência composta, pois busca auxílio em muitas outras ciências, tais como a química, a história, a lingüística, a antropologia e a zoologia.

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INTRODUÇÃO

Estabíblicos.delimitação é importante porque a arqueologia tem escavado inúmeras civilizações ao redor do globo, mas nem todas elas têm relação alguma com os acontecimentos narrados nas Escrituras. Se tomarmos os Livros do Antigo e do Novo Testamento em conjunto, veremos que a região dos acontecimentos bíblicos é muito restrita, abrangendo um pouco do Oriente Próximo, um pouco da Europa e um pouco do Norte da África. Esse é o mundo da Bíblia e, portanto, o mundo da arqueologia bíblica.

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Naturalmente, alguns objetos de investigação arqueológica (tais como obelis cos, tempos egípcios e o Partenon em Atenas) jamais foram “perdidos”, mas talvez algum conhecimento de sua forma e/ou propósito originais, bem como o significa do de inscrições neles encontradas, tenha se perdido.

A palavra “arqueologia” deriva de duas palavras gregas: “archaios” que signi fica “antigo, do começo”, e logos, “palavra”. Portanto, etmologicamente, o termo significa “palavra a respeito”, ou, “estudo de antiguidade”. É assim que o termo era empregado pelos antigos escritores. No entanto, o termo se aplica, hoje, ao estudo de materiais escavados pertencentes às eras anteriores. A arqueologi a bíblica pode ser definida como um exame de artefatos antigos outrora perdidos e hoje recupe rados e que se relacionam ao estudo das Escrituras e à caracterização da vida nos tempos

Lembremos que ela é o estudo do antigo e não apenas dos monumentos anti gos. Documentos antigos também fazem parte do seu escopo e visto que são inú

Arqueólogos vêm pesquisando há cerca de dois séculos as terras especifica mente relacionadas com o Antigo e Novo Testamento. Fizeram-se descobrir de fato impressionantes, que iluminam o cenário onde se desenvolveu o contexto histórico-cultural das Escrituras.

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meros os manuscritos tanto do Novo quanto do Antigo Testamento, a descoberta desses manuscritos também se relacionam com a arqueologia. E nesse campo ela também fez importantes achados. Assim sendo, o alvo da arqueologia é descobrir, resgatar, observar e preservar fragmentos enterrados da antiguidade, e usá-los para ajudar a reconstruir a vida antiga.

1. Arqueologia pré-histórica: Está mais interessada em fragmentos de material resultante de atividades humanas do que em documentos escritos;

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2. Arqueologia pré-clássica: Focaliza a região do Mediterrâneo oriental e no oriente. Estuda as sociedades antigas que se desenvolveram no Egito, Mesopotâ mia e Palestina;

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3. Arqueologia Clássica: Se concentra nas civilizações Greco-romanas;

Para facilitar o estudo da arqueologia, os estudiosos a dividiram em quatro partes:

4. Arqueologia Histórica: Tenta suplementar os textos escritos, descrevendo a ro tina diária das culturas que os produziram.

Auxilia a compreender a Bíblia;

FUNÇÕES DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA

A Arqueologia geral, como ciência, baseada na escavação, decifração e avaliação crítica dos registros do passado, é assunto perenemente fascinante. De maior interesse ainda é o campo mais restrito da arqueologia bíblica. A arqueologia bíblica auxilia-nos a compreender a:

Esclarece que passagens obscuras da Bíblia realmente significam; e como as narrativas históricas e os contextos bíblicos devem ser entendidos;

Ajuda a confirmar a exatidão de textos bíblicos e o conteúdo das Escrituras;

a) Tem mostrado a falsidade de algumas teorias de interpretação da Bíblia;

c) Tem confirmado também a exatidão de muitas passagens das Escrituras, como, por exemplo, afirmações sobre numerosos reis e toda a narrativa dos patriarcas.

b) Tem auxiliado a estabelecer a exatidão dos originais gregos e hebraicos e a de monstrar que o texto bíblico foi transmitido com um alto grau de exatidão;

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Não se deve ser dogmático, todavia, em declarações sobre as confirmações da arqueologia, pois ela também cria vários problemas para o estudante da Bíblia. Por exemplo: relatos recuperados na Babilônia e na Suméria descrevendo a criação e o dilúvio de modo notavelmente semelhante ao relato bíblico deixaram perplexos

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Revela como era a vida nos tempos bíblicos;

A Arqueologia geral, como ciência, baseada na escavação, decifração e avaliação crí tica dos registros do passado, é assunto perenemente fascinante. De maior interesse ainda é o campo mais restrito da arqueologia bíblica.

A arqueologia, nas mãos de estudiosos da Bíblia, pode ser de grande utili dade, ou motivo de abuso. O resultado será determinado, em grande parte, pela atitude do investigador com respeito ao significado das Escrituras em si. Se ele simplesmente for um técnico científico, despido das características espirituais e re jeitar os aspectos que fazem da Bíblia um Livro divino-humano, aceitará apenas as características humanas e os dados arqueológicos em suas mãos, e assim sendo, estará em constante perigo de ter uma falsa interpretação e a empregará como base em teorias errôneas, quando ele tentar aplicá-las às Escrituras. Se, por outro lado, como técnico científico, o investigador tem uma compreensão do significado espiritual e está de acordo com a mensagem da Bíblia, a aplicação que fizer das descobertas arqueológicas prestará enorme benefício à ilustração e elucidação dos oráculos antigos para o mundo moderno. Legitimamente manuseada, as contribuições que a arqueologia está fazendo ao estudo das Escrituras são vistas e de longo alcance.

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O que definitivamente mostra essas descobertas acima é que os fatos e en sino contido no Pentateuco e em outras porções antigas das Sagradas Escrituras estava em pleno acordo com outros textos antigos da época. A idéia de que foram escritos em um período muito posterior caíram definitivamente por terra. Mesmo assim, apesar das semelhanças, é fácil se perceber uma coerência superior das Es crituras, frente às lendas da mesma época sobre os mesmos eventos, como é o caso da criação e do dilúvio.

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os eruditos bíblicos. Há ainda o problema de interpretar o relacionamento entre os textos recuperados em Ras Shamra (uma localidade na Síria) e o Código Mosaico. Pode-se, todavia, confiantemente crer que respostas a tais problemas virá com o tempo. Até o presente não houve um caso sequer em que a arqueologia tenha de monstrado definitiva e conclusivamente que a Bíblia estivesse errada.

Algumas colocações são importantes aqui. Aqueles que acreditam na Inerrân cia das Escrituras têm também bases objetivas para isso. Não crêem apenas por crer. Crêem porque ao longo dos anos, e porque não dizer dos séculos, a experi ência tem se inclinado ao seu favor. E por isso gostaríamos de falar algumas coisas sobre a Primeiramente,arqueologia.arqueologia não é uma ciência exata. Não é uma matemática, onde dois mais dois são definitivamente quatro. Ela se utiliza de muitas outras ciên cias e saberes, portanto, conclusões resultantes não podem todas elas ser tomadas como verdades absolutas e inquestionáveis. Pode haver divergências de opiniões e

HISTÓRIA DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA

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E quando a arqueologia contradiz o texto bíblico? E quando os resultados da pesquisa científica arqueológica parecem não se harmonizar com a narrativa en contrada na Bíblia? Simplesmente ignoramos o que dizem as Escrituras e passamos a crer somente no que pode nos fornecer a arqueologia? Ou fechamos nossos olhos completamente para os resultados da pesquisa arqueológica e professamos cega mente nossa fé na Bíblia? Essa atitude é honesta?

A acuracidade histórica das Escrituras é também uma classe de evidências por si só, infinitamente superior aos registros escritos deixados pelo Egito, Assíria e outras nações antigas. As confirmações arqueológicas do registro bíblico são quase inu meráveis. O Dr. Nelson Glueck, a maior autoridade em arqueologia israelita, disse: “Nenhuma descoberta arqueológica jamais contradisse qualquer referência bíblica. Foram feitas dezenas de descobertas arqueológicas que confirmam em detalhe as declarações históricas relatadas na Bíblia. E, da mesma maneira, uma avaliação própria de descrições bíblicas tem geralmente levado a fascinantes descobertas no campo da arqueologia moderna”.

Podemos dizer que as conclusões resultantes podem conter erros de pelo me nos duas naturezas. Os primeiros erros seriam de natureza prática. Nem sempre os dados fornecidos pelos achados arqueológicos fornecem recursos suficientes para uma conclusão infalível. Tudo o que as civilizações antigas podem nos fornecer são vestígios. Hoje temos recursos áudio visuais muito avançados, com os quais as civi lizações antigas, objetos de estudo da arqueologia, sequer sonharam. Nós, todavia só possuímos uma ínfima parcela de objetos dessas civilizações e por mais acurada que possa ser uma investigação, vai se deparar com lacunas que não poderão ser preenchidas ou se o forem, serão preenchidas por raciocínios, deduções ou mesmo criatividade e podem nem sempre corresponder aos fatos. Nada impede que algo tão definitivamente aceito como fato, possa ser de repente negado e esclarecido, por achados arqueológicos posteriores. Isso tem acontecido e com certeza voltará a acontecer. E podemos dizer que não apenas na arqueologia, mas em muitas outras áreas do conhecimento humano.

O segundo fator a ser levado em conta é a pessoa do próprio arqueólogo. Em bora todo cientista procure objetividade e imparcialidade em seu campo de estudo nem sempre ele consegue tal façanha. Imaginemos um arqueólogo ateu ou cético, para quem a Bíblia não passa de um amontoado de lendas sem qualquer rela ção com os acontecimentos históricos. Agora imagine um arqueólogo cristão, para quem a Bíblia é definitivamente a Palavra de Deus e não contém nenhum erro, seja de natureza teológica ou de natureza histórica ou geográfica. Claro que ambos podem chegar a conclusões diferentes de um mesmo conjunto de informações.

Isso se chama conhecimento a priori, ou seja, uma visão antecipada da na tureza do conjunto de informações disponíveis. Se alguém cava um sítio arqueo lógico com intenção de provar que a Bíblia é falsa, ele já foi influenciado por tal

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ARQUEOLOGIA BÍBLICA de pareceres. É como na medicina onde em algumas circunstâncias se busca uma segunda opinião. Portanto, querer que todas as descobertas arqueológicas solucio nem definitivamente os problemas de conhecimento histórico é exigir dela mais do que ela pode dar. Os conflitos internos de conclusões dentro da própria ciência arqueológica sugerem cautela.

perspectiva e na certa vai ignorar os dados que confirmem a veracidade da Bíblia e vai ressalvar aqueles que aparentemente a desacreditem.

Josh McDowel se utilizou citações que expressam muito bem esse posiciona mento, onde uma opinião antecipada tem trazido dificuldades de harmonização entre a Bíblia e as descobertas arqueológicas:

Mas não apenas em questões mais específicas como datações, essa visão aprio rística de certos conhecimentos e fatos, influencia a investigação bíblica referente aos próprios fatos. Toda uma forma de pensar e ver o mundo e a natureza da realidade, afetam a investigação científicas e as proposições dela derivadas. Um caso muito conhecido é o do famoso livro “E a Bíblia tinha razão”, de Werner Keller. Sendo alemão ele foi muito influenciado pela escola liberal de teologia. Isso significa de imediato que ele não poderia aceitar a possibilidade de milagres. Esses só poderiam ser relegados ao aspecto de lenda. Toda sua obra, apesar da grande erudição apresentada, foi afetada por esse fato. Agora imaginem ele analisando a Bíblia e seu valor histórico, tendo nas mãos um Livro cujos milagres estão presentes em quase cada página. O resultado só poderia ser uma distorção do texto para se ajustar à sua filosofia naturalista.

John Warwick Montgomery expõe um problema típico enfrentado por muitos eruditos hoje em dia: Thomas Drobena, pesquisador do Instituto Norte-Americano de Estudos sobre a Terra Santa, advertiu que onde a arqueologia e a Bíblia parecem estar em conflito, a questão é quase sempre de datação, a área mais instável na arqueologia contemporânea e a única em que o raciocínio científico a priori e circular freqüentemente substitui uma análise empírica apropriada.

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A proposta do livro, identificada já no título do livro foi anulada por essa pre missa. Ele não acreditava na infalibilidade das Escrituras, não como nós cremos hoje. E seu trabalho foi bastante distorcido por esse fato. Basta lermos o término de sua obra e ficamos cientes dessa deficiência, na verdade, uma forte distorção do valor e da veracidade da Bíblia, como se pode verificar:

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Em outras palavras, a Bíblia não tolera ser comprimida dentro da moldura rígida, apertada, das nossas exigências — por si sós bastante problemáticas — de “verdade histórica” e “objetividade científica”, a não ser que pretendêssemos violá-la. Ela é (ou antes, era) uma obra histórica, mas não no sentido como nós o compreendemos. Ela é a narração de um povo e seu deus, cujas disposições foram

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Não vamos negar o valor do conteúdo investigativo do livro. Ele é uma pérola de erudição. Mas apesar disso, a postura apriorística do autor elimina certos fato res. É como se por exemplo, usando nosso enfoque anterior, ele não aceitasse a

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3) Para Abraão, trata-se de uma prova de fé. Essa interpretação até foi sugerida pelo próprio autor da passagem bíblica em questão, pois ele começa sua narrativa com as palavras “tentou Deus a Abraão...”

Atualmente, nós, sempre com pouco tempo e paciência, nos sentimos pouco à vontade diante da tarefa de decifrar tais “enigmas visuais, lingüísticos”. A fim de assimilarmos o mundo dos pensamentos dos autores bíblicos, cumpre fazermos voltar atrás à roda da história, até a época que marcou o início da codificação, do registro por escrito, das diversas tradições até então orais, ou seja, até as escrituras do antigo Israel, quando começou o crescimento, a elaboração do fenômeno complexo conhecido como Bíblia. Todavia, será que a Bíblia tem razão? Por certo, isso pode ser confirmado, sem quaisquer reservas, quanto às passagens que foram autenticadas, ou por genuínas fontes paralelas, extra bíblicas, ou por achados ar queológicos. No entanto, ela ainda pode pretender para si mais outra forma, a cujo título “tem razão”, na medida em que nos aproximarmos sucessivamente da sua época e do homem dessa época, a fim de que possamos aprender a inteirar-nos melhor dos seus sermões, das suas parábolas, alegorias, visões, dos seus símbolos, imagens e alusões. Talvez chegue o dia em que teremos condições de confirmar também para uma ou outra passagem, hoje ainda considerada enigmática ou pouco clara: “E a Bíblia tinha razão”, do ponto de vista do seu tempo!

sentidas pelos seus adeptos, na própria carne, ao longo da história. E ela nem pretende constituir-se no protocolo neutro, incorruptível, dos eventos relatados, pois para tanto ela está engajada demais e demasiadamente condicionada à sua época, cuja linguagem fala. E há outro ponto que não deve ser esquecido: a Bíblia serve-se de meios de expressão que nem sempre coincidem com os nossos; também a linguagem bíblica, a fundo, é uma abstração, como nem poderia deixar de ser, porém ela é muito mais rica em quadros demonstrativos do que a nossa, atual. Aquilo que procuramos formular para que seja compreendida da maneira mais fácil e sucinta, a Bíblia transforma em história e, freqüentemente, suas imagens são verdadeiros “enigmas visuais”, ensejando interpretações múltiplas, o que, não raras vezes, é nitidamente intencional. Assim, a cena do sacrifício de Isaac, exigido por Deus e, no último instante, evitado por Abraão (Gênese 22.1 a 13) é passível de três interpretações:

Dizer que a Bíblia tinha razão do ponto de vista do seu tempo, equivale dizer que ela não tem razão do ponto de vista de nosso tempo. Que a mente moderna não pode aceitar as verdades históricas nela contidas como fatos e não pode aceitar os milagres como reais. Todo o livro é uma tentativa de explicar por meios racionais os milagres e retirar da Bíblia todo elemento sobrenatural, seja a abertura do Mar Vermelho, seja o falar de Deus com Abraão. Essa é a postura do livro.

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1) Trata-se do reflexo de um antiqüíssimo ritual de iniciação, uma espécie de “batismo de sangue”. Somente aquele que se sujeita a seu Deus, de maneira total e incondicional, se torna membro pleno da 2)comunidade;Apassagem representa — de certo modo em forma de enigma visual — o repúdio da prática do sacrifício humano, mormente do menino, conforme era difundida no antigo Oriente;

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Se nossa atitude de certo modo parece duvidosa por não aceitarmos facilmente fatos arqueológicos que contradigam as Escrituras, isso se dá pelas experiências anteriores. Como vimos em alguns casos e veremos em outros, o desdém inicial para com as Escrituras diante de um achado arqueológico transformou-se poste riormente em vergonha para os que desprezaram seu valor histórico. O respeito e a reverência à Bíblia foi restaurado para aqueles que já criam nela, enquanto isso dificilmente acontecerá com aqueles que não criam. Eles com certeza aceitarão a primeira afirmação e ignorarão a segunda.

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ressurreição de Jesus como fato e portanto começasse sua pesquisa e exposição já dizendo que Jesus não ressuscitou. Com certeza teria outra visão e negaria pontos evidentes, interpretando tudo a partir dessa perspectiva. A invetigação seria com certeza atingida por essa falta de imparcialidade. A influência da teologia liberal é gritante. O exagerado ceticismo de muitos desses teólogos liberais não é fruto de uma avaliação cuidadosa dos dados disponíveis, mas de uma forte predisposição contra o sobrenatural. Logo, sua compreensão deturpada influenciou eruditos como Werner Keller e Dianteoutros.detudo isso devemos sim nos utilizar da ferramenta arqueologia, mas com as devidas reservas. Nem todos aqueles que adentram nesse campo da ciëncia são necessariamente crentes na Bíblia, sendo muitas vezes seus críticos ferrenhos. Mesmo assim, a arqueologia bíblica é uma disciplina digna de nossa atenção.

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DATAÇÃO DOS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS

Um segundo pressuposto é que nenhum fator externo tenha alterado a pro porção entre o material original e o derivado. O método do potássio-argônio, por exemplo, é baseada nessa lógica. Um isótopo instável do elemento potássio (o K-40) decai no gás argônio (Ar-40). Calcula-se que a meia-vida (tempo em que metade do material original já decaiu para a forma alterada) do (K-40) é de 1,25 bilhões de anos. É um método largamente empregado para datar amostras de rochas antigas (o famoso fóssil “Lucy” foi datado por essa abordagem - é importante observar que a datação não foi estimada a partir da coleta de uma amostra do fóssil em si, mas de uma das rochas que estava nas proximidades de onde o fóssil foi encontrado). Consulte também o módulo (C14).

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Os métodos mais empregados pelos arqueólogos para datação de vestígios são a radiometria, a estratigrafia, a glaciologia estratigráfica e, no caso de árvo res, a dendrocronologia. Vejamos cada um a desses métodos:

Radiometria: Métodos de datação que se baseiam nas alterações sofridas por diversos elementos radioativos ou seus isótopos instáveis. Os processos em que es sas alterações ocorrem podem supostamente durar milhares, milhões ou até bilhões de anos. Para que os métodos de datação radiométricos sejam válidos dependem de que diversos pressupostos (aos quais se atribui grau variável de certeza) sejam verdadeiros. O primeiro pressuposto necessário é o de que essas alterações ocor ram sempre em um ritmo constante e conhecido, e que seja impossível que haja qualquer exceção, nem mesmo devido a fatores externos (até mesmo o primeiro pressuposto é muitas vezes improvável). Geralmente se mede a quantidade do material que sofreu a alteração, compara-se com a quantidade do material original que se deduz, pela diferença entre as quantidades, o tempo que durou o processo.

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Além disso, apesar da confiabilidade geral do método, a dendrocronologia não é infalível, pois sob certas condições climáticas (como o atraso da chega da do inverno, especialmente em lugares em que o frio é rigoroso), algumas

Dendrocronologia: Método de datação que se baseia na contagem e análise dos anéis do tronco de certas árvores. Nelas, o número dos anéis corresponde ao número de anos da sua idade, e a espessura de cada um dos anéis indica a quantidade de chuva que caiu no ano em que o anel foi forma do. A dendrocronologia é um método de datação bastante preciso e confiável, e por isso é um procedimento padrão para usá-lo como uma referência para calibrar outros métodos, como o do (C14). No entanto, quanto à questão das datas muito antigas, a evidência confirma que todas as árvores pré-diluvianas foram destruídas pelo cataclismo. Há quem conjecture uma idade maior para algumas plantas sem, no entanto utilizar a abordagem dendrocronológica, mas a árvore mais antiga (que é, pelo que se sabe, o habitante vivo mais an tigo do planeta) que foi datada por meio da dendrocronologia tem “apenas” 4.767 anéis (em 2001). Trata-se de um pinheiro “bristlecone” chamado “Me thuselah” que vive na região montanhosa de White-Inyo, na Califórnia.

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Estratigrafia: O estudo dos arranjos e disposições de camadas subterrâneas superpostas. A estratigrafia permite analisar as fases da ocupação de um tell. Como as camadas mais próximas à superfície de escavação costumam conter materiais mais recentes (exceto quando ocorre alguma alteração geológica importante), é muitas vezes possível estabelecer uma datação relativa (apesar de que, pela própria natureza do método, essa datação costuma ser imprecisa).

Glaciologia estratigráfica: Em regiões glaciais é possível estudar as dife rentes camadas subterrâneas de gelo que se sobrepõem sucessivamente a cada inverno. Visto que com a chegada da estação amena, diversas espécies encontram ambiente mais adequado ao crescimento e à reprodução, é possível analisar seus vestígios no registro estratigráfico e estabelecer sua datação relativa por meio da contagem dos estratos.

O método do radiocarbono foi desenvolvido após a Segunda Guerra Mun dial por Willard F. Libby, da Universidade de Chicago. Ele se baseia na quanti dade do isótopo 14 do carbono, presente em uma determinada amostra. Isótopos são variedades de um elemento que possuem o mesmo número atômico (isto é, o mesmo número de prótons), mas números de massa diferentes (por que possuem número de nêutrons diferentes). Há três isótopos principais do elemento carbono presentes na atmosfera (o C12 e o C13, estáveis, e o C14, instável). Os três isótopos ocorrem em proporções fixas: C12 = 98.89%; C13 = 1.11% e C14 = 0.0000000001%.

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árvores podem produzir mais de um anel por ano (o que, felizmente, é um fenômeno bastante raro).

De uma dada quantidade de átomos de C14 a metade decai, aleatoriamente, para C12 em 5730 anos, ou seja, após 5730 só resta ainda a metade de C14 do original. O C14 está uniformemente distribuido na atmosfera. Todos os seres vivos metabolizam o C14 contido nos seus alimentos, na concentração pro porcional aproximada de 10-12 % do C12 no ar, porque ambos tem a mesma reatividade e afinidade química. Quando um ser vivo morre deixa de metabo lizar C14 e este começa a reduzir a sua concentração, por força do decaimento radiativo, nos tecidos mortos. Medindo-se a proporção entre o C14 e o C12 de

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Vamos nos concentrar no método do Carbono 14 devido à sua freqüente utilização e ao fato de que é constantemente citado em contextos em que a auten ticidade da Bíblia é questionada.

Carbono 14 ou C14 é o elemento utilizado para a datação de objetos e seres. Muitas vezes há discrepância entre datas indicadas pelo (C14) e outras fontes. Por tratar-se de um método totalmente científico alguns consideram a datação resultante do teste do carbono 14 algo definitivo e infalível. Mas não é bemOassim.C14, como é denominado abreviadamente, se forma à partir do Nitro gênio, nas altas camadas da atmosfera. Raios cósmicos bombardeiam constan temente a nossa atmosfera produzindo nêutrons livres. Estes bombardeiam o Nitrogênio produzindo um isótopo do Carbono, o Carbono 14. Este é radiativo.

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Devido às concentrações extremamente pequenas de C14 na atmosfera, cerca de 1 C14 para cada trilhão de átomos de C12, é impossível medir datas além de 20 ou 30 mil anos. Os criacionistas que mantém que a Terra é muito jovem, no entanto, não aceitam nem datas desta grandeza, mas porque?

A taxa de formação de C14 é muito pequena e necessitaria de milhares de anos para que se equilibre com a taxa de decaimento. Se estas taxas não estiveram em equilíbrio por ocasião da época de vida do ser vivo a ser datado, e se parte de uma concentração inicial de C14 é menor e a idade apurada é maior do que a real, ninguém consegue determinar se a taxa atual de formação é igual a taxa atual de decaimento, ou seja, ninguém consegue determinar se estas duas grandezas estão em equilíbrio. Para medições até 3000 a.C., existe um desvio não muito significativo, comparado com fosséis de data arqueológica conhecida, mas antes desta data ninguém sabe. O campo magnético da Terra mantém o cinturão Van Allen. Este cinturão é um escudo contra radiação cós mica. Quanto mais forte o campo eletromagnético da Terra mais forte o escudo Van Allen. Quanto mais forte o escudo menor a radiação cósmica e quanto menor a radiação cósmica menor a taxa de formação de C14. Acontece que o capo eletromagnético da Terra está em franco decaimento. Há apenas dois mil anos atrás, por exemplo, ele tinha três vezes a sua intensidade de hoje. Se, por exemplo, devido ao acima exposto, a concentração de C14 na atmosfera, há 5000 anos atrás, tivesse um quarto da concentração atual, um fóssil falecido naquela data, forneceria uma idade atual de 5730 x 2 + 5000 = 16460 anos.

Este engenhoso método parece ser razoavelmente confiável para datar ob jetos recentes, mas deve-se ter certa desconfiança a respeito de datas muito antigas. Em uma amostra atual, há um trilhão de átomos de C12 para cada átomo de C14. Em uma amostra mais antiga, os vestígios de C14 serão ainda mais raros e esta proporção será ainda mais desigual, tornando a datação pou co confiável.Porestes e mais motivos fala-se, cientificamente, em anos ou idade radio

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restos mortais e comparando-os com as proporções contidas nos seres vivos pode-se calcular a sua idade.

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carbono, que obrigatoriamente não quer dizer necessariamente a mesma coisa que anos solares. A mídia, muitos cientistas e leigos interessados além de muitos livros escolares não sabem distinguir entre os dois.

Nelson Glueck, renomado arqueólogo judeu, escreveu: “Pode-se afirmar ca tegoricamente que até hoje nenhuma descoberta arqueológica contradisse qualquer informação dada pela Bíblia”. E prossegue comentando a “incrível fidelidade da memória histórica da Bíblia, especialmente quando corroborada pelas descobertas arqueológicas”.

É interessante conhecermos algumas declarações dos especialistas envolvendo arqueologia e Bíblia. São homens eruditos que reconheceram quão fundamen tadas estão as Escritura Sagrada nessa área:

Frederic Kenyon diz: “Portanto, é legítimo afirmar que, em relação àquela parte do Antigo Testamento contra a qual diretamente se voltou a crítica destruidora da segunda metade do século dezenove, as provas arqueológicas têm restabelecido a autoridade do Antigo Testamento e, mais, têm aumentado o seu valor ao torná -lo mais inteligível através de um conhecimento mais completo de seu contexto e ambiente. A arqueologia ainda não se pronunciou definitivamente a respeito, mas os resultados já alcançados confirmam aquilo que a fé sugere, que a Bíblia só tem a ganhar com o aprofundar do conhecimento”.

Pessoas que eram céticas com relação à Bíblia, mas que tinham um ceticismo sadio, livre de preconceitos pôde de alguma forma ser ajudadas pela arqueologia. Viram que não apenas as descobertas não contradiziam a Bíblia, mas que ela mes ma poderia ser utilizada como um guia para descobertas.

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FATOS RELEVANTES SOBRE ARQUEOLOGIA E A BÍBLIA

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Quando as escavações começaram nas terras bíblicas, o texto das Escrituras sofria toda sorte de ataque. Cidades, nomes e eventos eram classificados como lendas, sem qualquer conexão com a realidade. À medida que cidades, reis e povos citados na Bíblia iam sendo descobertos, certo respeito era atribuído ao texto sacro. Havia inclusive uma frase irônica, que dizia que “cada buraco no oriente enterrava um ateu no ocidente”. As alegações da imprecisão da narrativa bíblica não tinham qualquer fundamento.

William F. Albright, conhecido por sua reputação como um dos grandes ar queólogos, afirma: “Não pode haver dúvida alguma de que a arqueologia tem con firmado a historicidade substancial da tradição do Antigo Testamento”. Albright acrescenta: “Progressivamente o exagerado ceticismo para com a Bíblia foi sendo desacreditado, por parte de importantes sistemas históricos, sendo que alguns as pectos de tais sistemas ainda se manifestam periodicamente. Uma descoberta após a outra tem confirmado a exatidão de incontáveis detalhes e tem feito com que a Bíblia receba um reconhecimento cada vez maior como fonte histórica”.

Na Palestina, foram descobertos lugares e cidades muitas vezes mencionados na Bíblia. Apresentam-se exatamente como a Bíblia os descreve e no lugar exato em que ela os situa. Em inscrições e monumentos arquitetônicos primitivos, os pesquisadores encontram cada vez mais personagens do Antigo e do Novo Testa mento. Relevos contemporâneos mostram imagens de povos, que só conhecíamos pelo nome. Seus traços fisionômicos, seus trajes, suas armas adquirem forma para a posteridade.

Há quase dois séculos, estudiosos americanos, ingleses, franceses e alemães vêm fazendo escavações no Oriente Próximo, na Mesopotâmia, na Palestina e no Egito. As grandes nações fundaram institutos e escolas especializadas nesses trabalhos de pesquisa. Em 1869, foi criado o Palestine-Exploration Fund ; em 1892, a École Biblique dos Dominicanos de Saint-Étienne ; seguindo -se, em 1898, a Deutsche Orientgesellschaft ; em 1900, a American School of Oriental Research ; e em 1901, o Deutscher Evangelischer Instituí für Altertumskunde .

Esculturas e imagens gigantescas mostram os hititas de grosso nariz, os altos e esbeltos filisteus, os elegantes príncipes cananeus, com seus “carros de ferro”, tão temidos por Israel, os pacíficos e sorridentes reis de Mari — contemporâneos de Abraão. Como fizeram com Nínive e Nemrod — a antiga Cale —, como fizeram com Assur e Tebas, que os profetas chamavam No-Amon, os pesquisadores des pertaram do sono do passado a famosa Babel da Bíblia, com sua torre fabulosa. Os arqueólogos encontraram no delta do Nilo as cidades de Pitom e Ramsés, onde Israel sofreu odiosa escravidão, descobriram as camadas de fogo e destruição que acompanharam a marcha dos filhos de Israel na conquista de Canaã, e em Gibeon a fortaleza de Saul, sobre cujos muros o jovem Davi cantou para ele ao som da harpa; em Megido descobriram uma cavalariça gigantesca do Rei Salomão, que tinha doze mil soldados a cavalo.

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Do mundo do Novo Testamento ressurgiram as magníficas construções do Rei Herodes; no coração da antiga Jerusalém foi descoberta a plataforma (litostrotos), citada por João, onde Jesus esteve diante de Pilatos; os assiriólogos decifraram em tábuas astronômicas da Babilônia.

Assombrosos e incalculáveis por sua profusão, esses dados e descobertas mo dificaram a maneira de considerar a Bíblia. Episódios que até agora muitos consi deravam simples “histórias piedosas” adquirem de repente estatura histórica. Por vezes, os resultados da pesquisa coincidem com as narrativas bíblicas nos mínimos detalhes. Eles não só “confirmam”, mas esclarecem igualmente os acontecimentos históricos registrados nas Escrituras. As experiências e o destino do povo de Israel são assim apresentados, não só num cenário vivo e variado, como num colorido painel da vida diária, mas também nas circunstâncias e lutas políticas, culturais e econômicas dos Estados e impérios da Mesopotâmia e do Nilo, das quais nunca puderam libertar-se inteiramente, durante mais de dois mil anos, os habitantes de estreita região intermédia da Palestina.

Na opinião geral, a Bíblia é exclusivamente história sagrada, testemunho de crença para os cristãos de todo o mundo. Na verdade, ela é ao mesmo tempo um Livro de acontecimentos reais. Eles são historicamente genuínos e têm se revelado

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Para compreender claramente a situação, devemos distinguir entre dois tipos de confirmação: a geral e a específica. A confirmação geral é uma questão de com patibilidade, sem que haja uma clara confirmação de pontos específicos. Pode-se também considerar como confirmação geral boa parte do que já tem sido discu tido como explicação e ilustração. O quadro se encaixa na moldura e a melodia e o acompanhamento são harmônicos. A força desse tipo de provas é cumulativa. Quanto mais descobrimos que os detalhes do quadro histórico descrito pela Bíblia são compatíveis com aquilo que conhecemos pela arqueologia, embora esta não confirme diretamente aqueles detalhes, maior é a impressão que temos da autentici dade geral da Bíblia. Simples lendas ou ficções inevitavelmente se revelariam por si mesmas devido a anacronismos e incongruências.

É claro que ainda existem problemas para uma completa harmonização do ma terial arqueológico com a Bíblia, mas nenhum é tão sério a ponto de anular uma perspectiva concreta de solução iminente mediante investigação mais profunda. Deve ser extremamente significativo que, diante do grande volume de provas corro boradoras da história bíblica desses períodos, hoje não exista um único achado ar queológico inquestionável que comprove que a Bíblia está errada em algum ponto.

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de uma exatidão verdadeiramente espantosa.

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Cerâmica: Artefatos de cerâmica (argila cozida), incluindo tijolos e vasos, es tão entre os achados mais comumente encontrados na maior parte das escavações arqueológicas (cf. vaso).

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GLOSSÁRIO

Animismo: É a crença de que “almas” (na verdade espíritos), fantasmas e deuses vivem nos objetos, animais ou fenômenos da natureza.

Assimilação: Ocorre quando o grupo culturalmente dominante integra e fun de traços de outras culturas, anteriores e distintas dele.

Camada: Uma unidade de material que não sofre solução de continuidade (por exemplo: uma rocha, um solo específico ou a parede de uma casa).

Associação: Princípio geralmente aceito segundo o qual, em um lócus não perturbado, deduz-se que os artefatos encontrados provavelmente estavam em uso no mesmo período.

Anacronismo: Confusão de datas.

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Artefato: Qualquer objeto produzido artificialmente.

Basalto: Uma rocha ígnea (vulcânica) escura ou negra.

Antropologia: É o estudo do homem, que pode receber um enfoque sincrô nico ou diacrônico. Sincronicamente: prata das similaridades e diferenças entre as variedades biológicas humanas, seus costumes, culturas, linguagens e crenças. Diacronicamente: Preocupa-se com sua origem e desenvolvimento cultural e tec nológico na corrente do tempo.

Etnologia: É a análise das culturas e das variações culturais.

Estela: Monumento vertical em forma de uma laje de pedra (ou madeira), com inscrições, pinturas ou relevos.

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Equinócio Vernal (ou Equinócio da Primavera Setentrional): Por volta de 21 de março, época em que o sol está no mesmo plano que a linha do Equador, fazendo com que o dia e a noite tenha a mesma duração.

A maior parte do Antigo Testamento foi escrito originalmente em hebraico. O hebraico pertence ao grupo dos idiomas semíticos, possuindo parentesco com diversas línguas, tais como o acadiano (e seus derivados, como o babilônio), o aramaico (incluindo o dialeto siríaco), línguas faladas em Canaã e nas vizinhanças (como o fenício, o ugarítico e o moabita) e o árabe. O hebraico, assim como outros idiomas semíticos, se escreve da direita para a esquerda. Até o Exílio Babilônio, escrevia-se com os caracteres paleo-hebraicos (ou arcaicos), basicamente idênticos

Estrato: É o conjunto de loci ou camadas em que não ocorre ruptura cultural. Também é chamado stratum (o plural é strata) .

Diacronismo: Uma descrição ou análise é diacrônica quando examina os fatos que dizem respeito ao tema estudado considerando as modificações que ele sofre durante a passagem do tempo (cf. sincrônico).

Fóssil: É o resto ou vestígio de um ser morto como resultado da fossilização (as substâncias orgânicas são mineralizadas, isto é, substituídas por minerais).

Inscrições: Diversas inscrições encontradas em Israel estão em hebraico, ara maico, grego e latim.

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Escavação: É a remoção sistemática da matriz com o objetivo de coletar ou observar artefatos e registrar dados.

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In situ: É a posição exata em que os artefatos foram encontrados no sítio.

Instrumentos: Antes da escavação: radares ou sonares, magnetômetros com putadorizados e sondas periscópicas de profundidade. Durante a escavação e cole ta: pás, picaretas, espátulas, pinças, escovas e pincéis, instrumentos odontológicos, envelopes plásticos, tubos de ensaio, potes de vidro, baldes, cestos de borracha, carrinhos de mão e peneiras, níveis e fitas métricas, blocos de notas e computado res para o registro de dados.

O grego, por sua vez, alcançou o status de língua internacional por meio das conquistas helenizantes de Alexandre, o grande. O Novo Testamento foi escrito em grego, o que em muito facilitou sua difusão entre os diversos povos.

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aos usados pelos fenícios e cananeus. O Calendário de Gezer, a Pedra Moabita, o sarcófago do rei Eshmunazor II, a Inscrição de Siloé e o Artefato do Templo (em forma de romã) são amostras da escrita arcaica. Após o Exílio, os judeus empre garam outro tipo de caracteres, hoje chamados “quadrados”. No período em que o Antigo Testamento foi escrito, apenas as consoantes eram grafadas. No período massorético (entre os séculos V e X d.C.) foi elaborado um sistema de registro de vogais e acentos, chamado notação diacrítica

Quanto ao latim, era a língua do Império Romano, a potência expansionista es trangeira que dominava a Judéia (além de muitos outros povos) durante o período do ministério terrestre de Jesus.

O aramaico (também chamado caldaico) foi usado pelos judeus desde o fim do cativeiro babilônico (587-539 a.C.). Era o idioma nacional falado na região no tempo em que Jesus esteve na Terra.

Meia-vida: Os materiais radioativos, instáveis, tendem a sofrer alterações atô micas com o passar de longos períodos de tempo que os transformam em materiais estáveis. Meia-vida é a duração de tempo em que se processa a transformação de metade da massa original.

Mesopotâmia: Uma região da Ásia que se estende entre os rios Tigre e Eufra

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Palimpsesto: Manuscrito registrado em material de escrita (geralmente pergaminho) reutilizado. Os materiais de escrita geralmente eram caros e muitas vezes inacessíveis (es pecialmente os pergaminhos). Eventualmente, quando surgia a necessidade de se fazer um registro, raspava-se cuidadosamente um pergaminho e ele era reescrito. Talvez o pa limpsesto mais famoso para os especialistas bíblicos seja o Ephraemi Rescriptus (códice uncial “C”), um pergaminho do século V que continha o Novo Testamento, mas que foi re

Ostracon (plural: ostraca): Caco de um vaso ou lasca de calcário ou de cerâmica utilizada para a escrita. Considerando-se a etimologia (a palavra grega ostracon significa “caco”), qualquer escrito em material fragmentado pode ser cha mado ostracon.

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ARQUEOLOGIA BÍBLICA tes. Inclui as cidades de Babilônia, Ereque (Uruk), Mari, Nuzi e Nínive (na Assíria). As primeiras grandes civilizações pós-diluvianas (Suméria e Acade) se estabelece ram na região.

Aleografia: Muitas vezes um achado arqueológico inclui inscrições. Elas podem estar presentes em um documento manuscrito em pergaminho, papiro ou ostracon (caco com inscrições), ou podem estar registradas em vasos, lápides e outros artefatos, ou até mesmo em monumentos e grandes construções. A paleografia é o estudo das escritas antigas, e é um dos campos da epigrafia (que é o estudo das inscrições em geral). Assim como os idiomas são dinâmicos (por exemplo, palavras que eram antes utilizadas para representar alguma coisa deixam de ser empregadas depois, ou ganham um sentido diferente), também a forma dos caracteres e outros dados referentes ao registro mudam com o passar do tempo. Isso inclui o material de escrita (por exemplo, em certo momento havia relativa abundância de papiro, mas algum tempo depois ele não estava mais disponível), a encadernação (em certa época os livros tinham a forma de rolo, mas manuscritos cristãos cedo passaram a ser encadernados como códices, isto é, livros) e principalmente os caracteres e a forma de escrevê-los (como o processo de substituição da escrita uncial [isto é, maiúscula] pela cursiva). A análise de cada um desses dados, considerando as mudanças na corrente do tempo, pode geralmente estabelecer a época e por vezes o local em que determinada inscrição foi registrada.

Topologia: Estudo de um lugar, considerando tanto suas características físicas e na turais, quanto os acidentes artificiais, produzidos pela presença do homem.

Wadi: Rio intermitente, ou a região desse rio.

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escrito para registrar os discursos de Efraim da Síria. O crítico textual do Novo Testamento Constantin von Tischendorf (1815-1874), famoso pela descoberta do manuscrito sinaítico no mosteiro de Santa Catarina (na base do Monte Sinai), foi quem o decifrou. Hoje os palimpsestos são decifrados com o auxílio da fotografia com iluminação ultravioleta.

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Registro Arqueológico: É o conjunto das culturas materiais dos diversos povos que se distribuem sobre a Terra.

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ARQUEOLOGIA BÍBLICA

1. A palavra “arqueologia” deriva de qual idioma?

9. Como se chama o método de datação que se baseiam nas alterações sofridas por diversos elementos radioativos ou seus isótopos instáveis?

8. Quais métodos são empregados pelos arqueólogos para datação de vestígios?

4. Para facilitar o estudo da arqueologia, os estudiosos a dividiram em quantas partes? Quais são?

13. Quando o método do radiocarbono foi desenvolvido?

15. O que é o cinturão Van Allen?

2. Como hoje é aplicado o termo “arqueologia”?

3. Qual é o alvo da arqueologia?

AVALIAÇÃO ARQUEOLOGIA BÍBLICA

16. Em uma amostra atual, há um trilhão de átomos de C12 para quantos átomos de C14?

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7. Cite 3 coisas que a arqueologia bíblica nos auxilia a compreender?

10. Como se chama o estudo dos arranjos e disposições de camadas subterrâneas superpostas?

11. A estratigrafia permite analisar as fases da ocupação de um?

5. A Arqueologia Clássica se concentra em quais civilizações?

6. Qual região a Arqueologia pré-clássica focaliza?

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Nome: _________________________________________Data ____/_____/_________

14. Devido às concentrações extremamente pequenas de C14 na atmosfera, cerca de 1 C14 para cada trilhão de átomos de C12, é impossível medir datas além de?

12. Como se chama o método de datação que se baseia na contagem e análise dos anéis do tronco de certas árvores?

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