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INTRODUÇÃO

SEITAS ESPÍRITAS E AFROS

SEITAS ESPÍRITAS E AFROS

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Quem tiver olhos para ver e ouvidos para ouvir, já terá notado a presença, entre nós, cada dia mais alarmante de Terreiros, Tendas, Cabanas, Centros, Casas, Templos, Igrejas, Núcleos, Sociedades, Irmandades, todos qualificados geralmente com o adjetivo de umbandistas ou espíritas. São milhares no Rio, em São Paulo, no Rio Grande do Sul, na Bahia, por todo território brasileiro. Já se tornou comum entre nós as Lojas de Umbanda. Nessas lojas podem-se comprar ervas mágicas, incenso, amuletos, colares de dentes de porco, encantamentos, livros sobre macumba, partes de corpos de bonecas para uso em feitiços e como meio de se determinar o futuro. As imagens da Virgem Maria, de Jesus, e do diabo com chifres, são colocados lado a lado com outras imagens.

Desde já queremos deixar bem definido a diferença entre o aspecto cultural e o aspecto religioso. Por cultura entende-se geralmente como “o conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade”.1 Por religião compreendemos “o conjunto de relações morais que unem o homem com Deus, incluindo seus deveres e virtudes com que o homem se sujeita a Deus e direciona sua vida para com Ele”. Sendo assim a religião não se identifica com a cultura e ambas podem coexistir pacificamente com os mais diversos usos e costumes meramente culturais.

Assim a Igreja de Cristo, que é um movimento exclusivamente religioso e não cultural, não se identifica com nenhuma cultura, nem se opõe a elas, mas coexiste com as mais variadas formas culturais, reconhecendo e deixando o que nelas não se opõe à natureza ou às positivas disposições de Deus. O cristão, por conseguinte, não precisa adotar um determinado tipo de cultura: suas mais íntimas convicções cristãs podem coexistir perfeitamente com os mais variados elementos culturais sadios. Assim temos o cristão americano, o cristão paquistanês, chinês, angolano, etc.

1. Novo Dicionário Aurélio. Verbete cultura. Positivo Informática, 2004.

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A arte culinária, a língua, a poesia, o canto, a dança, a organização social e política, etc., somente interessam à Igreja na medida em que o seu ensino, sua interpretação ou aplicação revestem-se de caráter moral e, por isso, religioso.

Se a Umbanda fosse um movimento puramente cultural ou étnico com a exclusiva finalidade de conservar ou de reintroduzir tradições, usos e costumes africanos, ameríndios ou outro qualquer de caráter folclórico não seria necessário escrever sobre ela. Fazemos questão de acentuar e declarar: Não somos anti-africanos! Como não somos contra nenhuma cultura sadia, de qualquer nação ou raça que ela pertença.

Mas, na realidade a Umbanda se apresenta primeiramente como movimento religioso, e faz questão de ser religião. Os elementos culturais que ela apresenta são impregnados de idéias nitidamente religiosa.

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