A CASA ECONÔMICA Alternativas para uma residência de baixo custo
JOHNATA MIRA MUNHOZ DE MELO
1
Centro Universitário Senac Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
A CASA ECONÔMICA Alternativas para uma residência de baixo custo
JOHNATA MIRA MUNHOZ DE MELO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac, sob orientação da Prof. Dra. Valéria Fialho, como exigência parcial para a conclusão do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo.
São Paulo 2017
2
RESUMO
Este trabalho tem a finalidade de propor meios alternativos e baratos de se construir uma casa econômica, na região de Carapicuíba, tendo como base comparativa três itens: qualidade, tempo e principalmente o preço com o uso de bloco estrutural de concreto. Como também, reconhecer a importância do profissional – especificamente o arquiteto ou engenheiro. Objetivando também a possibilidade de redução das chamadas autoconstruções, já que a construção é realizada pela mão de obra dos proprietários dos lotes sem nenhum acompanhamento técnico, onde os custos acabam sendo menores, porém, na maioria dos casos as obras permanecem incompletas com problemas técnicos em situações de risco.
Palavras-chave: Técnicas construtivas; Economia; Bloco estrutural de concreto.
3
ABSTRACT
This work has the purpose of proposing alternative and inexpensive means to build an economic house in the region of CarapicuĂba, having as comparative basis three items: quality, time and mainly price with the use of concrete structural block. As well, recognize the importance of the professional - specifically the architect or engineer. With the objective of reducing the so-called selfconstruction, since the construction is carried out by the owners of the lots without any technical supervision, where the costs are lower, but in most cases the works remain incomplete with technical problems in situations.
Key-words: Constructive techniques; Economy.
4
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, o maior dos arquitetos, pelo dom da vida, por nos fazer acreditar que o impossível é possível. A minha esposa, por ser meu braço direito, minha melhor amiga, minha força, minha inspiração para continuar seguindo a caminhada. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. A minha coordenadora, Professora Dra. Valéria Fialho pelas aulas de metodologia e incentivo para conclusão desse trabalho. A todos meus professores que tornaram possível a realização dessa etapa importante. Aos amigos que fiz no curso de Arquitetura em geral, que me proporcionaram momentos únicos e guardados na memória. A todos que, de alguma forma, direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão desse trabalho.
6
Sumário 1.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................................................................................ 9
2.
CRISE NA ECONOMIA BRASILEIRA ............................................................................................................................................................................... 11
3.
E O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL? .......................................................................................................................................................................... 13
4.
AS AUTOCONSTRUÇÕES NAS PERIFERIAS .............................................................................................................................................................. 15
5.
ESTUDOS DE CASO........................................................................................................................................................................................................... 17
6.
5.1.
Casa Vila Matilde ...............................................................................................................................................................................17
5.2.
Casa Calha ........................................................................................................................................................................................21
5.3
Analisando os casos ..........................................................................................................................................................................26
MATERIAIS E TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO .............................................................................................................................................................. 27 6.1.
Método convencional .........................................................................................................................................................................27
6.2.
Alvenaria estrutural ............................................................................................................................................................................29
6.3.
Tijolo ecológico ..................................................................................................................................................................................31
6.4.
Parede de concreto armado...............................................................................................................................................................33
6.5.
Container ...........................................................................................................................................................................................35
6.6.
Madeira .............................................................................................................................................................................................37
6.7.
Argamassa armada ...........................................................................................................................................................................39
6.8.
Drywall ...............................................................................................................................................................................................41
6.9.
Blocos de plástico ..............................................................................................................................................................................43
6.10.
Blocos de isopor ................................................................................................................................................................................45
7
6.11. 7.
Impressora 3D ...................................................................................................................................................................................47
PROPOSIÇÃO ...................................................................................................................................................................................................................... 51 7.1.
O Municipio ........................................................................................................................................................................................52
7.2.
Terreno do Projeto .............................................................................................................................................................................53
7.3.
O entorno...........................................................................................................................................................................................57
8.
ESTUDOS PRELIMINARES ............................................................................................................................................................................................... 61
9.
O PROJETO ............................................................................................................................................................................................................................... 69
10.
TABELAS DE PREÇO ..................................................................................................................................................................................................... 73
11.
DETALHAMENTO DO PROJETO ................................................................................................................................................................................. 76
12.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................................................................ 91
13.
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................................................................. 93
8
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Revista Exame, de julho de 2015 até os dias de hoje o mercado brasileiro de construção civil vive uma crise sem precedentes. Segundo levantamento de melhores e maiores, a rentabilidade do setor caiu de 11,2% em 2013 para 2,3% em 2014. Apenas três das 23 empresas de construção classificadas entre as 500 maiores do país conseguiram crescer no último ano. A Odebrecht, a maior delas, teve queda de 32% nas vendas. Se não fosse má notícia suficiente, especialistas e executivos do setor ouvidos pela Revista são unânimes em afirmar que a recuperação da crise será lenta. “Muitas empresas ficarão pelo caminho. Mas mesmo as outras companhias terão até cinco anos difíceis pela frente”, diz Claudio Porto, presidente da consultoria Macroplan. O aumento dos preços dos materiais de construção também foi um fator que favoreceu essa crise em obras. Segundo o site Correio Braziliense, o custo da construção, medido pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), cresceu 0,84% em fevereiro quando chegou a R$ 972,82. A taxa é superior às observadas em janeiro último (0,55%) e em fevereiro do ano passado (0,18%). O indicador, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula alta de preços de 6,55% em 12 meses. Inflação de 0,84% de fevereiro deste ano foi influenciada principalmente pelos materiais de construção, que tiveram aumento de preços de 1,04% e passaram a custar R$ 523,53 por metro quadrado. Já o metro quadrado da mão de obra teve um aumento de preços de 0,6% em fevereiro, pulando para R$ 453,29. Entre as regiões, o Nordeste foi onde houve maior variação do custo da construção civil em fevereiro (1,29%). Já entre os estados, a maior inflação foi observada em Pernambuco: 4,91%. O resultado disso são as autoconstruções, ou seja, construção realizada pela mão de obra dos proprietários dos lotes sem nenhum acompanhamento técnico, onde os custos acabam sendo menores. Porém, na maioria dos casos as obras permanecem incompletas com problemas técnicos e em lugares precários e/ou de risco. Comum nas regiões periféricas, a autoconstrução é uma
9
opção de famílias que desejam ter sua casa própria personalizada, sem enfrentar burocracias indesejadas ou dívidas de longo prazo. No entanto, a escolha por construir a própria casa sem o apoio técnico de engenheiros e arquitetos frequentemente é acompanhada pela falta de informação, o que pode acarretar em irregularidades e má qualidade da construção. O Município de Carapicuíba é um bom exemplo desse tipo de situação. Uma região rica em paisagem inacabada, falta de planejamento e com muitos problemas urbanísticos. A este respeito, ao longo das décadas de 1970 e 1980, mas sobretudo na primeira, decorrera o maior adensamento demográfico e territorial da história deste município: ocupou-se quase a totalidade da área municipal, por uma população que aumentou 10 vezes o seu tamanho, passando de 17.590 mil para 184.591 mil habitantes, compreendendo a maior taxa geométrica de crescimento anual da RMSP. Neste momento, diferentes dinâmicas urbanas impactaram o município, o qual absorveu tanto a função tanto de periferia pobre da metrópole, pela periferização da população de baixa renda, quanto de “periferia rica”, pela segregação voluntária da população de alta renda: são loteamentos clandestinos, conjuntos habitacionais irregulares, favelas versus loteamentos fechados de alto padrão. Nesse trabalho será apresentado meios alternativos e baratos de se construir uma casa, nessa região de Carapicuíba, tendo como base comparativa três itens: qualidade, tempo e principalmente o preço. Como também, reconhecer a importância do profissional – especificamente o arquiteto ou engenheiro: (1) é o profissional tecnicamente capacitado para solucionar os problemas de obras, desenvolvendo ambientes adequados a cada situação; (2) é capaz de avaliar o que será usado com relação à adequação e quantidade de material; (3) e planejar a compra, resultando em economia no custo final. Por fim, deixar financeiramente acessível à possibilidade de qualquer pessoa poder realizar o sonho da casa própria.
10
2. CRISE NA ECONOMIA BRASILEIRA Uma forte crise tem abalado a economia brasileira desde o seu início nos primeiros meses de 2014 até a atualidade. Segundo o empreendedor e economista Adalberto Valle os motivos que levaram a atual situação econômica do Brasil são muitos, mas alguns deles merecem um destaque especial: a total falta de investimentos em infraestrutura, que tem levado o país a perder competitividade tanto no ambiente interno quanto externo; e segundo motivo foi a total falta de planejamento estratégico de longo prazo para nossa economia. Um dos sintomas da crise é a forte recessão econômica. É a pior desde os anos 1930, havendo recuo no Produto Interno Bruto (PIB) por mais de um ano consecutivo. Conforme a tabela 1, elaborada pelo grupo do Portal de Notícias G1, a economia contraiu-se por cerca de 3,6% em 2016. Sete anos atrás, a situação era totalmente contraria e o país registrou seu maior avanço do PIB em 20 anos em 2010, quando a economia cresceu 7,5%. Também em 2016, a taxa de desemprego chegava a 11,8%, atingindo 12 milhões de brasileiros. Tabela 1 – PIB de 2010
Fonte: site G1, 2017
Tabela 2 – Taxa de desemprego
Fonte: site G1, 2017
11
Em 2016 os efeitos da crise econômica foram amplamente sentidos pela sobrecarga nos serviços públicos e pela população, que precisou adaptar as contas para a realidade financeira. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no ano, quase metade dos entrevistados (48%) passou a usar mais transporte público e 34% deixaram de ter plano de saúde. O aprofundamento da crise econômica levou 14% das famílias a trocarem a escola dos filhos de particular para pública em junho. Além disso, os consumidores trocaram produtos por similares mais baratos (78%), esperando liquidações para comprar bens de maior valor (80%) e poupando mais para o caso de necessidade (78%). "Como o PIB caiu e a população ainda está crescendo, a gente teve três anos de queda no PIB per capita, uma redução de 9,1% no período. Isso significa um empobrecimento da população", disse em março desse ano Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. Com o aumento do desemprego e da inflação, uma boa parte da população que havia conquistado novos hábitos de consumo quando a economia estava aquecida passou a perder oportunidades. Segundo o economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp, Bruno de Conti, essas perdas atingem, com mais força, as famílias de menor renda. “Por mais que o desemprego tenha atingido também as classes mais altas, evidentemente vai fazer com que a desigualdade aumente muito rapidamente. Quem tem patrimônio não sofre tanto, mas aqueles que dependem do salário do mês, muitas vezes, são condenados à miséria muito rapidamente. A grande incógnita entre os economistas entrevistados pelo G1 é se a economia brasileira já chegou ao fundo do poço ou se a crise ainda vai piorar. Não há consenso sobre quando a economia brasileira voltará a crescer e em que ritmo. Uma das questões que coloca em xeque a recuperação da economia é a continuidade do aumento do desemprego nos últimos meses.
12
3. E O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL? Cerca de 600 mil demissões em 12 meses. Recuo de 5,6% nas vendas em 2014. Queda de 98% do lucro para as empresas abertas no primeiro trimestre. Perda de 12 bilhões de reais de valor de mercado na bolsa nos últimos 12 meses. O mercado brasileiro de construção civil vive uma crise sem precedentes. (EXAME, 2015) O setor da construção civil fechou 441mil vagas de empregos formais entre outubro de 2015 e Outubro de 2016, uma queda de 14,66%. O ramo emprega agora cerca de 2,64 milhões de pessoas, contra 3,08 milhos há um ano. (Sinduscon-SP, 2016)
Especialista e pesquisadores do ramo admitem que o ano de 2015 foi um dos piores da história do Brasil para a economia e, especialmente, para o setor da construção civil. 2016 foi um período de pequenas melhoras, porém a recuperação não aconteceu no ritmo em que se esperava. De acordo com os resultados da pesquisa sobre a atividade da construção realizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) mostra que a atividade estava em baixa no começo de janeiro de 2016 e veio crescendo levemente até julho. Logo, porém, a atividade do setor voltou a cair. Agosto, setembro e outubro configuraram queda da atividade da construção, que permanece um tanto longe de voltar a um cenário otimista. O cenário ruim do mercado da construção civil no Brasil apenas consolida a percepção de que a Economia do país sofre e deve demorar um pouco para se recuperar. O PIB (Produto Interno Bruto) teve a pior variação já registrada. Em 2016, o PIB recuou 3,6%, o que demonstra recessão efetiva da Economia do país (dados G1, 2017). Ou seja, o mercado não espera o fim da recessão tão cedo. Mas o mercado de construção tem suas particularidades que tornam sua situação complexa. Em certos momentos, o próprio setor contribuiu para sua queda, tanto no caso das construtoras de imóveis quanto no caso das empreiteiras. A exemplo do primeiro, anos de euforia e vacas gordas levaram a um aumento na produção em algumas grandes cidades e, em consequência disso, uma parada geral nos lançamentos. O excesso de estoque das companhias (imóveis prontos ou em construção que equivalem
13
a quase dois anos de vendas) obrigou-os a reduzirem os preços de todos esses apartamentos. Para isso, elas estão dando descontos de até 50% no preço dos imóveis e facilitando diferentes meios de financiamentos. Uma situação muito delicada, pois o problema é que, quanto mais agressivas as promoções, maior o número de clientes que desistem de pagar apartamentos comprados nos últimos anos e que estão sendo entregues agora, valendo menos do que na hora da compra. Os “destratos”, como são chamadas as devoluções, deverão somar 7 bilhões de reais no ano, segundo a agência de risco Moody’s. No mercado de imóveis comerciais, cujo preço do aluguel chegou a cair 40% nos últimos dois anos em cidades como São Paulo, a recuperação pode ser ainda mais lenta. Segundo cálculos de João da Rocha Lima Jr., coordenador do núcleo de mercado imobiliário da Universidade de São Paulo, virá apenas em 2022. Mas o pior lado da crise da construção é o potencial que ela tem de piorar ainda mais a economia brasileira. A começar pelo seu tamanho. O setor é responsável por cerca de 8% do produto interno bruto do país e emprega, diretamente, mais de 3 milhões de pessoas. Foi previsto que a recuperação da crise iria começar agora em 2017, porém, ainda com cortes afirma a economista Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção da FGV/IBRE. O mercado da construção recebeu boas notícias, como a retomada dos investimentos no Minha Casa Minha Vida e a criação do Cartão Reforma. Para o primeiro, novas medidas tem a intenção de combater o déficit habitacional e impactar diretamente a economia do País. Em entrevista ao Portal Planalto, o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Rubens Menin, ressaltou que a contratação de 610 mil novas moradias para 2017 vai movimentar toda a cadeia da construção civil e gerar empregos. “Não existe crescimento econômico no Brasil sem o crescimento da indústria da construção civil. O setor da construção representa 8% do PIB. Vai ter um impacto muito grande na economia, no desenvolvimento social e evidentemente no emprego”, afirmou Menin.
14
4. AS AUTOCONSTRUÇÕES NAS PERIFERIAS Conforme citamos anteriormente, devido à crise econômica do país e, especialmente, para o setor da construção civil, o próprio setor contribuiu para sua queda, tanto no caso das construtoras de imóveis quanto no caso das empreiteiras, obras, etc. O aumento dos preços dos materiais de construção também foi um fator que favoreceu essa crise, como também, cooperando para a expansão das autoconstruções principalmente nas regiões periféricas. Resumidamente, o processo de ocupação nas regiões periféricas em São Paulo aconteceu da seguinte forma: Com o final da segunda guerra, muitos imigrantes vieram para cá. Alguns anos depois, houve um grande número de migrações principalmente da população nordestina em busca de trabalho. São Paulo estava passando por uma explosão demográfica. Isso acarretou uma grande mão de obra que favoreceu o desenvolvimento e expansão do centro. Para participar desse desenvolvimento (além de estar mais próximo do trabalho) custava muito caro. Os valores dos terrenos e das residências no centro subiram e poucos podiam pagar por isso. A ideia foi buscar terrenos mais baratos onde a população com poucas condições financeiras podia construir a própria casa. A grande maioria da classe trabalhadora, porém, não tem condições de se beneficiar de financiamento do Estado para aquisição de habitação. A trilogia loteamento clandestino/casa própria/ autoconstrução, que aqui no Brasil foi vista como uma política (inconfessa por se apoiar em ocupação irregular) de incentivo ao processo de periferização, principalmente por se apoiar na aquisição de lote e construção de casa própria... (MAUTNER, Yvonne, 1999)
Nessa época, por volta dos anos 80, o Estado vê o crescimento periférico como um fenômeno “residual” do processo de urbanização do centro. Sem considerá-lo como parte do processo de produção de espaço, não apresentou propostas de intervenção para incorporar os dois lados (centro-periferia). Essa segregação resultou em problemas urbanos e sociais que até hoje podemos
15
presenciar. A procura por terra barata que leva a ocupações irregulares, e que podem ser um risco a vida, ainda continua. Além disso, a autoconstrução está cada vez mais comum. Uma reportagem feita pelo Fantástico em 2015 apresenta uma pesquisa feita pelo Instituto Data Folha para o conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) onde mais de 80% das pessoas que já fizeram uma construção ou reforma exerceram o serviço sem orientação de um profissional, seja um arquiteto ou um engenheiro. É bastante comum nas regiões periféricas, a autoconstrução pois é uma opção de famílias que desejam ter sua casa própria personalizada, sem enfrentar burocracias indesejadas ou dívidas de longo prazo. No entanto, a escolha por construir a própria casa sem o apoio técnico de engenheiros e arquitetos frequentemente é acompanhada pela falta de informação, o que pode acarretar em irregularidades e má qualidade da construção. As conclusões são de uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, pela arquiteta Renata Davi, que estudou a prática da autoconstrução no município de Vargem Grande Paulista, na Região Metropolitana de São Paulo. Na maioria dos casos, os moradores disseram não ter pensado em outras alternativas para a casa própria, estando a autoconstrução sempre em seus planos. “Parece que há certa tradição das famílias em adotarem a autoconstrução”, comenta Renata. Ela também alerta: “A autoconstrução não é apenas uma preferência dos moradores, e sim uma solução precária, que resulta do contexto socioeconômico brasileiro, de concentração de renda e falta de alternativas no mercado formal de moradias” Sem projeto e apoio técnico adequados, o planejamento geral da obra é afetado, tanto nos aspectos financeiros quanto estruturais. “O plano ajuda a saber o que vai ser feito. Sem o projeto não é possível saber quanto será consumido e controlar estes gastos”, explica a pesquisadora. Entre os moradores entrevistados pela pesquisa, apenas um soube informar quanto foi gasto na construção.
16
5. ESTUDOS DE CASO 5.1.
Casa Vila Matilde
Localizada numa região de baixa renda da zona Leste de São Paulo, a Casa Vila Matilde ganhou grande destaque em revistas, jornais e redes sociais devido a sua alta qualidade arquitetônica e de baixo custo. Projetada pelo escritório paulistano Terra e Turma, o orçamento final da casa custou 150 mil reais, incluindo preço de projeto, demolição e construção. O que atrai mais atenção nessa casa é a sua fachada se comparada com seu entorno. Percebemos que, apesar da sua simplicidade, há algo diferente, algo que se destaca dos seus vizinhos. São sutis elementos que demostram a diferença entre um trabalho feito por um profissional. Figura 3: Fachada da casa.
Figura 4: Acesso principal da casa.
Fonte: ArchDaily, 2017.
Fonte: ArchDaily, 2017.
17
Em um terreno que de 4,00 x 25,00 metros, a antiga casa tinha vários problemas, principalmente estruturais. O partido dos arquitetos era construir uma casa que resolvesse os problemas atuais, que ficasse dentro do pouco orçamento da proprietária e de forma rápida, pois sua cliente, a Dona Dalva, estava morando de aluguel durante a obra e não poderia ficar muito tempo assumindo essa despesa extra. A solução encontrada para esses requisitos foi o uso do bloco de concreto estrutural (com reforço no perímetro da escada onde suporta outro ambiente) e a laje pré-fabricada de concreto armado - elementos construtivos mais baratos da região. Outra vantagem desse material, utilizado na casa, é a possibilidade do uso aparente, típico da arquitetura moderna paulista, e também muito utilizada na arquitetura contemporânea que cria uma estética diferente, mas não tão agressiva. Outras soluções encontradas para ajudar nos gastos foi o uso cimento queimado como piso; uso de dutos elétricos aparentes; uso de portas e janelas sem a utilização de vergas e contra vergas, como compridos “rasgos” na vedação. Figura 5: Ambiente interno.
Fonte: ArchDaily, 2017
18
Para o projeto, foram adotadas algumas organizações que contribuíssem para uma melhor qualidade dos espaços internos e externos da casa. No geral, a casa é orgnizada de forma introvertida, onde todos os comodos estão voltados para um pátio interno que serve tanto para lazer quanto uma abertura de ventilação posicionada de forma que tenha iluminação durante o dia. Há uma circulação direta que liga todos os ambientes da casa, que leva do térro ao pavimento superior. No pavimento superior, há um espaço livre com plantas que teve seu piso trabalhado em pedras de uma forma que amenize a temperatura da sala. Mesmo trabalho usado na cobertura do quarto do pavimento superior.
Figura 6: Pavimento terréo (sem escala). Área de lazer e vegetação Circulação principal
Fonte: ArchDaily, 2017.
Figura 7: Pavimento superior (sem escala).
Área de lazer com trabalho térmico Circulação principal
Fonte: ArchDaily, 2017.
19
Trabalho tĂŠrmico
Figura 8: Cobertura (sem escala).
Fonte: ArchDaily, 2017.
Podemos observar melhor pelo corte o trabalho tĂŠrmico feito nos ambientes do quarto e da sala, onde a temperatura se torna mais agradĂĄvel. Figura 9: Corte longitudinal (sem escala).
Pedrisco
Fonte: ArchDaily, 2017.
20
5.2.
Casa Calha
Localizada na região de Guaíba, Rio Grande do Sul, a Casa Calha, em primeira vista, não chama tanta atenção quanto a casa da Vila Matilde. Um dos motivos é por estar numa área rural onde as casas, na maioria dos casos, são mais humildes. Porém, a forma que fora projetada, pelo grupo naE (Núcleo de Arquitetura Experimental), segue o mesmo padrão de Terra e Tuma buscando qualidade arquitetônica por um baixo custo financeiro. O orçamento final da casa custou 80 mil reais, incluindo preço do terreno, projeto e construção. A principal ideia utilizada para atender as exigências do proprietário a um baixo orçamento está estampada no nome da casa. Pois, foi projetada a partir de uma longa calha a 2,10m do solo, introduzida no eixo central onde todos os ambientes estivessem conectados a ela. Esta estratégia buscou simplificar a construção: estruturando todos os diferentes telhados a caírem na longa calha; eliminando a necessidade de vergas internas, uma vez que todas as portas da residência estão abaixo da calha; facilitando o processo de ampliação da residência na medida em que os novos ambientes podem ser facilmente acoplados ao longo do eixo e da calha. Em outras palavras, a casa ainda não ocupou toda área reservada para construção para ajudar na redução dos custos, foi construído apenas ambientes que atenda as atuais necessidades da família.
21
Figura 11: Pav. térreo (sem escala).
Circulação principal
Atual área de lazer para futuras ampliações
Figura 10: Cobertura (sem escala).
Figura 12: Circulação principal sob a calha.
Atual área de lazer para futuras ampliações
Atual área de lazer para futuras ampliações
Fonte: ArchDaily, 2017.
Fonte: ArchDaily, 2017.
Fonte: ArchDaily, 2017.
22
Podemos observar pelos cortes o pé direito de 2,10m debaixo da calha e a queda d’água da telha em direção da calha. Figura 13: Corte longitudinal (sem escala).
Fonte: ArchDaily, 2017.
Figura 14: Corte transversal (sem escala).
Fonte: ArchDaily, 2017.
23
A casa tambĂŠm foi construĂda com alvenaria convencional e a calha de concreto, ambos de forma aparente. Outras ideias adotadas para evitar altos custos foi o uso cimento queimado como piso e uso de dutos elĂŠtricos aparentes. Figura 15: Entrada principal.
Figura 16: Vista lateral da casa.
Fonte: ArchDaily, 2017 Figura 17: Sala.
Fonte: ArchDaily, 2017.
Fonte: ArchDaily, 2017.
24
Figura 18: Vista para o jardim da Casa Vila Matilde.
Fonte: ArchDaily, 2017.
Figura 19: Vista externa Casa Calha.
Fonte: ArchDaily, 2017.
25
5.3
Analisando os casos
Ao se planejar a execução de uma obra é mais do que importante elaborar um projeto adequado e fazer um levantamento dos materiais que serão usados em todas as etapas do processo. É essencial ter conhecimento de tudo que será feito para que não haja surpresas no meio do caminho e principalmente alteração de custos. Uma obra bem detalhada torna-se econômica. Lendo algumas revistas especializadas em construção civil - Arquitetura & Construção, e vendo alguns orçamentos construtivos encontrei como referência para a realização desse trabalho os dois projetos citados. Eles são basicamente: simples, possuem elementos arquitetônicos riquíssimos e foram projetadas por arquitetos, que no caso já determina esta diretriz – projeto básico e econômico. Pois geralmente arquitetos podem ser mais caros, já que executam um trabalho mais amplo também. Mas se a ordem é economizar, nesses dois casos os arquitetos tomaram essas necessidades como partido. Outro item que torna esses dois casos como referência é o uso do material (blocos e tijolos) aparentes, o jogo de janelas e a organização dos espaços internos e externos. Mas o que deve ser adotado aqui visando economia são os tipos de materiais mais baratos, como é o caso do tijolinho e do bloco estrutural de concreto. A partir disso, obteve-se ideias para projetar uma construção mais barata do que o método convencional, com qualidade, uso de materiais e técnicas construtivas alternativas que será exposto no Capítulo 7. A seguir, será demonstrado o levantamento de alguns materiais que podem ser usados nesse tipo de construção residencial para termos uma noção de qual material deve ser adotado ao projeto, tendo como base comparativa três itens: qualidade, tempo e principalmente o preço.
26
6. MATERIAIS E TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO 6.1.
Método convencional
Iniciou no período colonial, com o emprego da pedra, tijolo de barro cru e taipa de pilão. Os primeiros avanços na técnica construtiva são marcados, já no Império, pelo uso do tijolo de barro cozido, a partir de 1850, proporcionando construções com maiores vãos e mais resistentes à ação das águas, sepultando a técnica da taipa de terra socada. Já no final do século 19 a precisão dimensional dos tijolos permitia a aplicação de alguns conceitos na direção da racionalização e industrialização. A principal característica da construção convencional é sua função primária de vedação. Agora, para estruturar uma casa com esse material é necessário o uso do concreto armado ou da estrutura metálica. Ambos, o tijolo e a estrutura, dão diversas possibilidades estéticas a um projeto e deixam as reformas mais flexíveis, como por exemplo, formas arredondadas. A maioria das construções convencionais também gera bastante entulho devido à quebra de blocos do sistema: as paredes são normalmente erguidas e depois rasgadas para receberem a tubulação – inclusive, esta é sua principal desvantagem econômica e ambiental, calculada em cerca de 20 a 30% de prejuízo em mão de obra e materiais. Figura 20: Tijolo de barro cozido.
Fonte: Catalogo-Leroy Merlin, 2017.
27
Tabela 21: Tabela de dados do tijolo convencional.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Em qualquer casa de materiais de construção
Preço do Material
Preço acessível
Tempo de Construção
6 meses a 1 ano (ou mais)
Rendimento p/m²
Médio
Mão de Obra
Com ou sem experiência
Qualidade Térmica
Boa
Qualidade Acústica
Boa
Entulho
Muito
Acabamento
Necessita materiais auxiliares
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Necessita ser quebrado
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Necessita materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
28
6.2.
Alvenaria estrutural
Em meados da década de 60 é introduzida no Brasil a alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto, em prédios de até 4 pavimentos, com tecnologia e procedimentos baseados em normas americanas. (RAMALHO e CORRÊA, 2003). Daí para frente, os processos em alvenaria estrutural, empregando também blocos cerâmicos e blocos de concreto, começam a ser utilizados em escala crescente, principalmente no estado de São Paulo, adequando-se tanto a obras populares como de padrões mais elevados, devido a facilidade de estruturação e instalação de equipamentos elétricos e hidráulicos, ambos pelas as aberturas internas. Entre os diversos sistemas construtivos alternativos introduzidos no país nas últimas décadas, objetivando diminuir o déficit habitacional, que mais se adapta à nossa realidade parece ser a alvenaria estrutural. Ele é o mais compatível com as condições de nossa cultura construtiva, tanto do ponto de vista de absorção e adequação de mão-de-obra quanto das possibilidades de racionalização e diminuição de custos, mesmo sem garantia de demanda pela ausência de uma política habitacional duradoura.
Figura 22: Alvenaria estrutural concreto.
Figura 23: Alvenaria estrutural cerâmico.
Fonte: Catalogo-Leroy Merlin, 2017.
29
Tabela 24: Tabela de dados da alvenaria estrutural.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Em qualquer casa de materiais de construção
Preço do Material
Acessível
Tempo de Construção
6 meses a 1 ano
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Com experiência
Qualidade Térmica
Médio
Qualidade Acústica
Necessita de materiais auxiliares
Entulho
Pouco
Acabamento
Não necessita
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Com ou sem materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
30
6.3.
Tijolo ecológico
Os Tijolos Ecológicos são chamados também de Tijolos Modulares de Solo-Cimento por terem em sua composição o uso de: areia, resíduos e escória de usinas siderúrgicas, agregados reciclados de entulho de construção civil, resíduos de atividades mineradoras e outros passivos ambientais resultantes de atividades variadas que no processo se tornam componentes agregados através do emprego de cimento e água que submetidos à pressão e ao processo de cura geram peças padronizadas e altamente resistentes (ANITECO,2017). Por não usar o barro vermelho, matéria-prima tradicional dos tijolos convencionais, evita-se também a degradação do meio ambiente causada por sua extração. Outra grande vantagem referente à questão ecológica é que no processo de produção dos tijolos não precisa de fornos, o que gera uma grande economia energética (reduzindo a emissão de gases poluentes) e evita que muitas florestas sejam destruídas para a obtenção da lenha. Os tijolos ecológicos são semelhantes à alvenaria estrutural em sua montagem. Possuem duas aberturas que serve para a introdução de instalações elétricas e hidráulicas, e também para o preenchimento com concreto juntamente com ferro para reforço estrutural. Para a união dos blocos é preciso pouca argamassa, podendo ser substituído até mesmo por cola branca. Figura 25: Tijolo ecológico.
Fonte: Lapin Tijolos, 2017.
31
Tabela 26: Tabela de dados do tijolo ecológico.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Há pouco fornecedores
Preço do Material
Acessível
Tempo de Construção
6 meses a 1 ano
Rendimento p/m²
Pouco
Mão de Obra
Com experiência
Qualidade Térmica
Boa
Qualidade Acústica
Boa
Entulho
Pouquíssimo
Acabamento
Não necessita
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Com ou sem materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
32
6.4.
Parede de concreto armado
Muito utilizado durante o período da Arquitetura Moderna nacional, o concreto armado é hoje o material mais comum e mais tradicional nas estruturas. Quando pensamos em construir a estrutura de uma edificação, já pensamos logo em cimento, areia, brita, varas de ferro, formas, escoras e etc. com as necessidades de atender demandas habitacionais, os métodos construtivos com esse material foram se desenvolvendo industrialmente. Hoje temos uma maior facilidade na produção de placas pré-fabricadas para montagem de pequenas casas a edifícios de grande porte. Outra forma é a construção in loco, onde é feito o preenchimento com concreto em moldes montados com placas de metal já estruturados com hastes metálicas.
Figura 27: Parede pré-fabricada.
Figura 28: Montagem in loco.
Fonte: Techne, 2017
33
Tabela 29: Tabela de dados da parede de concreto armado.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Empresas especializadas
Preço do Material
Elevado
Tempo de Construção
6 meses
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Com experiência e equipamentos especiais
Qualidade Térmica
Boa
Qualidade Acústica
Boa
Entulho
Pouquíssimo
Acabamento
Não necessita (porem está propício a rachaduras)
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Vedação interna e externa
Estrutura
Com materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
34
6.5.
Container
Desde o século 18, quando europeus e norte-americanos passaram a conceber edificações com o uso de estruturas metálicas, muitos arquitetos utilizaram as propriedades desse sistema para conceber soluções arrojadas, com alto índice de industrialização e precisão. Apenas nos últimos 20 anos o Brasil começa a explorar com mais intensidade essa alternativa estrutural. (NAKAMURA,2006). Muitas casas são construídas usando apenas esse material em busca de uma estética racional. Outras usam apenas como estrutura ou como chapas pré-fabricadas na vedação. Para esse material é preciso um trabalho de acabamento especial, ou poderá haver muitos problemas relacionados com temperatura e com a humidade (corrosão do material). Outra forma muito semelhante, e que atualmente está ficando muito popular, devido ao seu baixo custo e a possibilidade de grandes obras, é o reuso de containers para função de habitação. Estruturalmente pronta, os containers é um meio alternativo de casa que vem ganho gosto dos brasileiros. Limitam se as suas medidas e precisam de cuidados especiais, porém é maleável, podendo receber várias ampliações facilmente e diferentes organizações. Figura 30: Container.
Fonte: Soluções Industriais, 2017
35
Tabela 31: Tabela de dados do container.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Empresas especializadas
Preço do Material
Médio
Tempo de Construção
Inferior a 4 meses
Rendimento p/m²
Já vem montado
Mão de Obra
Com experiência e equipamentos especiais
Qualidade Térmica
Necessita de materiais auxiliares
Qualidade Acústica
Necessita de materiais auxiliares
Entulho
Não há
Acabamento
Necessita de acabamento especial
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Externa
Estrutura
Pronta
Fonte: Autor, 2017.
36
6.6.
Madeira
A madeira é um dos materiais de utilização mais antigo nas construções e um dos mais importantes e versáteis. Foi utilizada por todo o mundo, quer nas civilizações primitivas, quer nas desenvolvidas, pois pode ser aplicada a diversas situações como: estruturas, vedações, telhados, esquadrias, móveis etc. É o único material que participa de todos os sistemas e etapas da construção de edifícios, desde um simples andaime ou uma forma descartável até um revestimento de parede. Uma das grandes vantagens da madeira é que pode ser facilmente obtida a preços relativamente baratos e é renovável. Além disso, é facilmente trabalhável com ferramental simples. É relativamente leve. Tem massa específica baixa, o que lhe confere também qualidades relacionadas com o conforto ambiental, apresentando boas condições de isolamento térmico. No site Como Projetar de Benício, descreve que materiais como o aço, tijolo, concreto, vidro, placa de gesso e o alumínio consomem mais energia para a sua produção, causado assim um aumento das emissões. Já a madeira pode ser reutilizada, o que não somente prolonga a sua vida, como lhe confere um valor agregado. Figura 32: Madeira
Fonte: Madeiras SS, 2017
37
Tabela 33: Tabela de dados da madeira.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Em qualquer madeireira
Preço do Material
Acessível
Tempo de Construção
6 meses a 1 ano
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Com experiência
Qualidade Térmica
Boa
Qualidade Acústica
Ruim
Entulho
Pouco
Acabamento
Requer acabamentos especiais
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Serve como estrutura
Fonte: Autor, 2017.
38
6.7.
Argamassa armada
A argamassa armada teve sua primeira aparição em 1960 na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Mas foi nos anos 80 que o material ficou popular graças ao constante uso feito pelo arquiteto João Filgueiras de Lima (Lelé) em diferentes obras. A argamassa armada pode ser definida como um micro concreto armado, resultante da associação de argamassa (cimento/areia/água), com uma armadura de aço constituída por fios de pequeno diâmetro e com pouco espaçamento entre si (telas soldada). A vantagem desse sistema, se comparado com o concreto armado, é a redução do consumo de cimento e aço, assim temos uma redução nos custos. Para um bom funcionamento térmico e acústico, são introduzidos outros tipos de materiais em sua parte interna, conforme o esquema abaixo. Por sua grande versatilidade e pequena espessura das peças finalizadas, pode adaptar-se a infinitas formas, funcionando como vedação e estruturação. (LELÉ, 2010)
Figura 34: Argamassa armada detalhada.
Fonte: Como Nuvens, 2017
39
Tabela 35: Tabela de dados da argamassa armada.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Empresas especializadas
Preço do Material
Acessível
Tempo de Construção
Inferior a 6 meses
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Especializada e equipamentos especiais
Qualidade Térmica
Necessita de materiais auxiliares
Qualidade Acústica
Necessita de materiais auxiliares
Entulho
Pouquíssimo
Acabamento
Não necessita
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Necessita de materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
40
6.8.
Drywall
O Drywall é um método que vem sendo cada vez mais utilizado na construção civil em edifícios de diferentes escalas, principalmente
em
escritórios,
devido
à
possibilidade
de
substituir
as
vedações
internas
convencionais
(paredes, tetos e revestimentos). As paredes neste sistema são mais leves e com espessuras menores que as das paredes de alvenaria, ganhando assim mais espaço para os ambientes. São chapas fabricadas industrialmente mediante um processo de laminação contínua de uma mistura de gesso, água e aditivos entre duas lâminas de cartão. Para os fechamentos externos, o método deverá utilizar perfis de aço estruturais (steel frame) e chapas cimenticias (resistentes à ação de ventos e chuvas). As paredes de gesso drywall permitem instalações elétricas e hidráulicas através do sistema de fixação em tetos ou aparafusadas em perfis de aço galvanizado. Além disso, adaptam-se a qualquer estrutura, como aço, concreto ou madeira. (KOVACS, 2014) Figura 36: Drywall.
Fonte: Decorideias, 2017 41
Tabela 37: Tabela de dados do drywall.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Empresas especializadas
Preço do Material
Acessível
Tempo de Construção
Inferior a 2 mês
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Especializada e equipamentos especiais
Qualidade Térmica
Necessita de materiais auxiliares
Qualidade Acústica
Boa
Entulho
Pouquíssimo
Acabamento
Necessita de materiais auxiliares
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna
Estrutura
Necessita de materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
42
6.9.
Blocos de plástico
Novas tecnologias na construção civil são sempre bem-vindas. Desafios surgem constantemente no setor, como custos, tempo e a preocupação com o meio ambiente, principalmente em regiões que demandam infraestrutura. Pensando nisso, a cada ano que passa, diferentes empresas desenvolvem e lançam novos produtos a fim de atender as novas exigências da sociedade. Uma delas é o aperfeiçoamento nos blocos comuns, introduzindo elementos de encaixe. O tempo levado para montagem dos blocos diminui, além de eliminar o uso de argamassa para fazer a união. Em questão dos custos (que também entra no quesito sustentabilidade), se tornam baratos pelo fato de terem como matéria prima materiais recicláveis (um ou mais elementos na sua composição), semelhantemente ao tijolo ecológico. A exemplo disso temos blocos feitos de concreto com resíduos de plástico e/ou isopor. Um bloco em especial, produzido na Colômbia pelo grupo Conceptos Plásticos, chamou muita atenção da mídia. Ele é fabricado com resíduos de plástico de diferentes objetos. Seu formato permite que qualquer pessoa sem nenhuma experiência possa manuseá-lo. É leve, fácil de ser transportado e é utilizado exclusivamente para construir casas para pessoas de baixa renda. Figura 38: Bloco de plástico.
Fonte: Conceptos Plásticos, 2017
Figura 39: Montagem do bloco.
Fonte: Conceptos Plásticos, 2017
43
Tabela 40: Tabela de dados do bloco de plástico.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Conceptos Plásticos (exterior)
Preço do Material
Elevado
Tempo de Construção
Inferior a 1 mês
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Com ou sem experiência
Qualidade Térmica
Boa
Qualidade Acústica
Boa
Entulho
Pouquíssimo
Acabamento
Não necessita
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Necessita de materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
44
6.10. Blocos de isopor
O isopor é mais conhecido pelo seu bom trabalho como isolante térmico e acústico. Muito utilizado no interior de paredes feitas com o sistema de argamassa armada ou em paredes Drywall. A empresa Styro Stone Brasil elaborou um bloco que leva o isopor como matéria prima juntamente com o sistema de encaixes. O bloco possui duas chapas de isopor especialmente trabalhadas com algumas hastes metálicas no centro, separando um chapa da outra. Nessa separação vão todos os tubos hidráulicos e elétricos, além de barras de ferro com concreto (responsáveis pela estruturação do bloco). Este sistema é semelhante à elaboração da parede de concreto armado in loco, mas é mais eficiente no isolamento termo acústico e possibilita a autoconstrução no início da obra (organizando a posição dos blocos). Figura 41 Bloco de isopor.
Fonte: ICF Construtora, 2017
45
Tabela 42: Tabela de dados do bloco de isopor.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
ICF Blocos (nacional)
Preço do Material
Médio
Tempo de Construção
Inferior a 6 meses
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Especializada e equipamentos especiais. Parcialmente autoconstrutiva
Qualidade Térmica
Boa
Qualidade Acústica
Boa
Entulho
Pouquíssimo
Acabamento
Necessita de materiais auxiliares
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Necessita de materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
46
6.11. Impressora 3D
Outro exemplo do avanço da tecnologia na construção são as impressoras 3D. Originalmente criadas para produzir protótipos de objetos em pequena escala, agora já estão a um nível de produzir coisas maiores, como uma casa. A impressora trabalha de duas formas. Na primeira a impressora é posta sobre um espaço livre, como um grande guindaste de cais. Logo, ela libera o concreto com um desenho semelhante a uma treliça sobre área designada como parede. E assim, moldando a casa de baixo para cima. O desenho de treliça é uma forma para que a parede, juntamente com ferros, fique estruturada quando o concreto secar. A segunda forma a impressora elabora camadas verticais da casa, onde com ajuda de veículos especiais, podem ser transportadas e montadas em qualquer lugar. Internacionalmente esse equipamento está sendo utilizado e prova que pode chegar até 70% de economia, considerando os custos da impressora, transporte e material. No Brasil, essa tecnologia é cara por ser algo novo. Porém, quando esse caminho popularizar e ser mais acessível financeiramente, teremos um forte concorrente nos meios de construção. Figura 43: Desenho de treliça de concreto.
Figura 44: Montagem in loco.
Fonte: Hypeness, 2017
Fonte: Hypeness, 2017
47
Tabela 45: Tabela de dados da impressora 3D.
Tabela de Dados Gerais Onde encontrar
Produto estrangeiro
Preço do Material
Superelevado
Tempo de Construção
Inferior a 1 mês
Rendimento p/m²
Bom
Mão de Obra
Especializada e equipamentos especiais
Qualidade Térmica
Boa
Qualidade Acústica
Boa
Entulho
Não gera entulho
Acabamento
Necessita de materiais auxiliares
Dutos Elétricos e Hidráulicos
Embutidos
Vedação
Interna e externa
Estrutura
Necessita de materiais auxiliares
Fonte: Autor, 2017.
48
6.12. Comparação dos materiais A tabela a seguir mostra de forma simplificada e comparativa os dados e as informações dos materiais que foram selecionados. Os itens de avaliação são: a facilidade de se ser encontrado, seu preço, a distância para ser transportado, o tempo de construção ou montagem, o rendimento p/m², o custo da mão de obra, se gera entulho, se tem um bom rendimento térmico e acústico, se possibilita a instalação elétrica e hidráulica, se utiliza muito de outros materiais para acabamento, se funciona como vedação interna/ externa e estrutural. Já os níveis de classificação são: ruim (vermelho), regular (amarelo) e bom (verde) com o intuito de direcionar ao melhor material, a ser adotado no projeto, para a realização de uma casa econômica. Tabela 46: Tabela comparativa dos materiais.
Fonte: Autor, 2017.
49
6.13. Resultado parcial
A partir dos dados da tabela 46 foi realizado a análise dos diferentes materiais de construção e suas técnicas construtivas. Sendo assim, o recurso da tabela tornou possível a organização de dados gerais de cada material, utilizando algumas informações ao descrever a qualidade, desempenho, custos e etc, promovendo uma rápida comparação entre eles de forma simples e dinâmica, facilitando assim, a obtenção do resultado. E a partir desses dados foi concluído que o bloco estrutural de concreto e a argamassa armada são os materiais que possuem mais vantagens (mais pontos verdes-bom) e menos desvantagens (pontos vermelhos-ruim) para construir uma obra residencial de pequeno porte. Esses dois materiais foram os que se destacaram dos demais.
50
7.
PROPOSIÇÃO
A proposta é projetar e construir uma casa com alto nível arquitetônico numa região periférica de baixa renda no Município de Carapicuíba – SP, utilizando materiais e técnicas construtivas diferentes das convencionais, buscando maior qualidade, rapidez na execução e principalmente o baixo custo aproximadamente no valor R$ 90.000,00. Essa alternativa de construção pode ser aplicada em boa parte dessa região, visando à necessidade de moradias dignas e maior qualidade de vida para as pessoas que residem no local. Além disso, pretende-se destacar a importância do profissional - o arquiteto - no planejamento e execução dessa casa na região de Carapicuíba. Pois essa profissão, ao contrário do que muitos dizem, vale mais a pena contratá-lo, mesmo que pague mais pelo projeto, pois é possível economizar em outras etapas. Vale a pena destacar que é uma profissão que está à mercê da sociedade, seja ela de baixa ou alta renda, uma profissão que pode encontrar sim diferentes meios, principalmente, para pessoas com poucos recursos financeiros ao realizarem o sonho da casa própria. Segundo dados relatados no IBGE (2011), a maioria das famílias brasileiras possui renda entre 1 a 3 salários mínimos. Quando essas famílias conseguem um orçamento para obra ou reforma, elas evitam o máximo com gastos “extras” – que na maioria das vezes o profissional – o arquiteto - está dentro desse quesito e escolhem construir por contra própria. O resultado disso são moradias de péssima qualidade ou inacabadas, que em alguns casos saem mais caras do que com um profissional contratado. E é nesse meio que o projeto será desenvolvido.
51
7.1.
O Município
De acordo com um levantamento feito em 2001-2004 pela prefeitura de Carapicuíba, o Município situa-se na Região Metropolitana de São Paulo, sub-região Noroeste, tendo como divisas as Cidades de Barueri ao norte, Cotia ao Sul, Osasco ao Leste, Barueri e Jandira a Oeste. Possui 400 mil habitantes, uma área territorial de 34 km2, e com uma topografia com características bastante acidentada, tendo como seus acessos principais as rodovias Presidente Castelo Branco ao norte, Rodovia Raposo Tavares ao Sul e Avenida dos Autonomistas. Com a explosão da Segunda grande guerra, Carapicuíba acolheu na década de 50 e 60 novos imigrantes. Com a emancipação em 1965 e o início da explosão demográfica da década de 70, por estar localizada próxima a capital paulista, a cidade passou a receber migrantes de várias regiões do Nordeste Brasileiro, que hoje compõe a grande maioria dos habitantes da Cidade. Carapicuíba destaca-se por sua receptividade aos povos, que nela decidiram morar. Característica que a tornou cidade dormitório alguns anos depois. Aos poucos, o Município foi se desenvolvendo e abrindo portas para novas empresas voltadas a comércios e serviços, que hoje fazem parte de sua economia. Apesar do desenvolvimento, Carapicuíba ainda é carente. Uma dessas carências é na habitação. O Município possui um grande índice populacional de baixa renda vivendo em situações ruins. A administração municipal vem trabalhando na recuperação das áreas degradadas pela ocupação desordenada e na construção de conjuntos habitacionais para famílias necessitadas, além de estar implantando infraestrutura básica, definindo o seu arruamento, suas quadras e lotes. Porém o processo é lento, e ainda existem diversos núcleos de moradia em estado precário, ocupando margens de córregos e áreas de risco.
52
7.2.
Terreno do projeto
Localizado a sudoeste do Município, numa região periférica de predominantemente residencial de baixa renda, o terreno é íngreme e de esquina, com 6,00m de frente (Rua Padre Bento), 25,00m nas laterais (Rua José Ítalo de Camargo), 6,50m de fundo e com 3,90m de altura da frente ao fundo. Figura 47: Vista de frente do terreno.
Figura 48: Vista de lateral do terreno.
Fonte: Autor, 2017
Fonte: Autor, 2017
53
Figura 49: Vista de aĂŠrea do terreno.
Fonte: Autor, 2017
54
Figura 50: Vista de aĂŠrea do terreno.
Fonte: Autor, 2017
55
Através da topografia e pelo corte foi constatado que o terreno é íngreme e ao sul, próximo à Rua José Gabriel de Souza, vemos que o terreno é propicio a alagamentos. Apesar do terreno ter esse formato nenhum das pessoas entrevistadas que moram próximos dessa área reclamaram de algum problema desse tipo, pois a infraestrutura da área consegue resolver este caso.
Figura 51: Corte longitudinal do terreno.
Fonte: Autor, 2017
56
7.3.
O entorno
Na vizinhança há uma igreja, uma escola de 1ª a 8ª série e uma pequena fábrica de pallets. As características das residências nessa região são as mais comuns de regiões periféricas: sobrados que ocupam todo o terreno (em alguns casos ocupam parte da calçada), na fachada há um grande portão (térreo) e uma janela de alumínio no centro na parede (pavimento superior), no interior das casas todas as janelas e portas voltadas para um corredor lateral de 1,50m (ou menos que isso), sem nenhuma área verde. O bairro possui infraestrutura: água, esgoto, possui uma linha de ônibus na Rua José Ítalo que leva ao centro de Carapicuíba e a outros meios de transporte (ônibus metropolitanos e trem), está próximo ao Rodoanel e a Raposo Tavares. Em um raio de 2km encontra-se uma avenida bem movimentada (Av. Inocêncio Seráfico) e um pequeno centro comercial, que vai desde de pequenos comércios e serviços de variados até a supermercados e bancos.
Figura 52: Vizinhança.
Figura 53: Vizinhança.
Fonte: Autor, 2017
Fonte: Autor, 2017
57
Figura 54: Escola.
Figura 55: Fábrica de pallets.
Fonte: Autor, 2017
Fonte: Autor, 2017
Figura 56: Igreja Congregação em frente do terreno.
Figura 57: Rua José Ítalo com linha de ônibus.
Fonte: Autor, 2017
Fonte: Autor, 2017
58
Pesquisando ainda mais o entorno do terreno, foi encontrado alguns comércios de materiais de construção que facilitarão a compra e entrega dos materiais que foram levantados no Capítulo 6 para a execução do projeto. Podemos afirmar que, nessa área próxima ao terreno do projeto, a região é situada próxima a fábricas e distribuidoras de materiais de construção, principalmente fábricas de bloco de concreto, o que ajuda na entrega dos materiais, pois o valor do frete fica menor, como também, possui alternativas de materiais que ajudará ainda mais a baixar o custo da construção.
59
Figura 58: Mapa de comércios voltados a construção.
Fonte: Google Maps / Autor, 2017
60
8. ESTUDOS PRELIMINARES
A pedido da proprietária, a casa deve ter uma sala de Tv ampla, quartos reservados, uma área aberta para dois cachorros e um espaço reservado para um comércio. Num primeiro momento, decidi colocar o comércio na parte baixa, rente à calçada, assim nivelando a casa e deixando-a plana com um diferente acesso do comércio. Na casa decidi adotar recuos de 1,50m na lateral e 5,00m de frente, assim todas as janelas estarão viradas para o leste. O acesso se dá na sala de estar, em seguida a um lavabo, uma cozinha finalizando em uma área de lazer que aproveita a cobertura do comércio. Subindo a escada, temos os quartos e banheiros, separando a área privada da social. Como segurança para a área de lazer e as janelas, decidi construir um portão em torno do limite do terreno. Neste primeiro estudo a casa não possui uma garagem.
Figura 59: Esquema volumétrico – estudo 1.
Fonte: Autor, 2017
61
Figura 60: Esquema volumétrico e ambientes – estudo 1.
Fonte: Autor, 2017
Circulação
Estar
Banheiro
Cozinha/A.S.
Dormitório
Comércio
Garagem
Lazer
62
Pensando que o portão será um gasto em dobro (já que também vou ter que construir as paredes da casa e que vão ter quase a mesma medida), para meu segundo estudo decidi ocupar o recuo lateral em 1,00 metro paralelo a calçada, ganhando um pouco mais de espaço devido ao ângulo do terreno. Seguindo a mesma ideia de deixar o comércio em baixo, essa nova organização me permite ter uma garagem. Porém, as janelas não podem ficar viradas para rua, assim a casa é obrigada ser introvertida. Adotei um jardim interno para que boa parte dos ambientes no térreo fiquem voltadas para o pátio. O acesso se dá pela garagem, que leva a um hall. A cozinha segue a circulação que leva ao lavado e a sala de estar. Haverá dois espaços de lazer, um interno e outro externo que terá um gradil como segurança. Subindo as escadas temos os quartos nas extremidades, uma área de trabalho no espaço largo de circulação e um banheiro.
Figura 61: Esquema volumétrico – estudo 2.
Fonte: Autor, 2017
63
Figura 62: Esquema volumétrico e ambientes – estudo 2.
Fonte: Autor, 2017
Circulação
Estar
Banheiro
Cozinha/A.S.
Dormitório
Comércio
Garagem
Lazer
64
Já para o terceiro estudo a ideia foi inverter o pátio para aproveitar a face leste. Mas para que todos os ambientes tenham luz, ao invés de um, decidi colocar dois pequenos jardins, que estão fechados com blocos vazados. Agora, toda parte estrutural da casa fica na sala e na garagem, pois ficam os quartos no pavimento superior. Assim, a cozinha, o banheiro térreo e o quarto térreo poderão ser materiais mais leves. No pavimento superior terá mais dois espaços de lazer, ideais para os cachorros.
Figura 63: Esquema volumétrico – estudo 3.
Fonte: Autor, 2017
65
Figura 64: Esquema volumétrico e ambientes – estudo 3.
Fonte: Autor, 2017
Circulação
Estar
Banheiro
Cozinha/A.S.
Dormitório
Comércio
Garagem
Lazer
66
Filtrando as ideias principais dos outros estudos e relacionando-os com a necessidade de evitar gastos, o volume final mudou da seguinte forma: o comércio (pesando que vai ter um uso simples, como uma lanchonete ou um salão de beleza) diminuiu; a sala e cozinha/A.S. estão organizados em dois blocos, não mais paralelos a calçada para evitar a diferença de ângulo na parede externa; os quartos seguem o mesmo desenho deixando a casa com um formato mais simples e linear, o que facilita muito sua parte estrutural e dos encanamentos. O jardim fica para fachada leste e será fechado com blocos vazados, para que os ambientes internos recebam iluminação.
Figura 65: Esquema volumétrico – estudo 4.
Fonte: Autor, 2017
67
Figura 66: Esquema volumétrico e ambientes – estudo 4.
Fonte: Autor, 2017
Circulação
Estar
Banheiro
Cozinha/A.S.
Dormitório
Comércio
Garagem
Lazer
68
9. O PROJETO
Após escolher a melhor implantação para o terreno, o próximo passo foi entrar em contato com a prefeitura e verificar a diretriz de uso e ocupação do solo para adaptar os estudos conforme as exigências. Para esse terreno não houve nenhuma restrição sobre recuos e sobre a taxa de ocupação. Porém, para evitar problemas convencionais (até mesmo para diferenciar dos demais vizinhos que se aproveitaram dessa falta de organização), decidi tomar como referência exigências normalmente estabelecidas em outras regiões, como: recuo frontal de no mínimo 5 metros, em uma das laterais recuo de 1,50 metros, fundos recuo de 3 metros, taxa de ocupação 80%, índice de aproveitamento de 1x e com no mínimo de 15% (da área total) de área permeável. Começando pelo comércio no pavimento inferior, o salão tem acessado pela Rua Padre Bento e terá um lavabo. Seu espaço é simples o suficiente para suportar uma lanchonete ou um pequeno salão de beleza. Se for uma lanchonete, poderá aproveitar o recuo de 5 metros para colocar mesas e/ou ter um trabalho de paisagismo. A casa é acessada pela Rua José Ítalo de Camargo e devido ao recuo de 3 metros, a garagem foi prolongada e não será mais coberta, mas poderá receber uma cobertura simples como um pergolado. Seguindo, a sala de Tv será ampla e exclusiva para o uso da mesma. No próximo bloco, estão a cozinha, área de jantar, lavado e área de serviço, ou seja, um bloco exclusivo para áreas molhadas. Esses dois blocos são conectados por um corredor que também está uma escada que leva ao pavimento superior. Esses ambientes estão voltados para o jardim interno, que é de onde a iluminação e ventilação ocorre. Para potencializar isso e não comprometer a segurança da casa há pequenas e longas janelas no canto superior dos blocos, recebendo a luz leste diretamente. No quintal há um espaço agradável com uma visão favorável do entorno, onde está localizada a caixa d’agua do comércio.
69
Figura 67: Planta de estudo – Pavimento térreo – sem escala.
A.S.
LAV. circulação principal SALA
COZINHA
Fonte: Autor, 2017
JARDIM
entrada de luz
ACESSO
QUINTAL
GARAGEM
Figura 68: Planta de estudo – Pavimento inferior – sem escala.
LAV. ACESSO SALÃO COMERCIAL
Fonte: Autor, 2017
70
Subindo as escadas avistamos um corredor que liga os dois quartos com vista para o jardim e para a rua. Os quartos seguem a mesma forma quadrada dos pavimentos térreos, o que possibilitou uma organização espelhada, de forma que a linha da circulação do corredor à varanda, dividiu o quarto do banheiro, o que facilitará na instalação dos encanamentos. A iluminação e ventilação segue a ideias das janelas pequenas e longas no canto superior, pois além de aproveitar o sol da manhã cria-se um desenho de fachada harmônico e interessante. A diferença é que ao invés de receberem luz do jardim interno, agora recebem das varandas através de portas com elementos vazados. A cobertura é simples graças a organização. Nos blocos há telhas com ambas inclinações voltadas para lateral, onde há calhas embutida que descem até o jardim. No centro haverá um espaço reservado para caixa d’água. Por fim, esse é o projeto que mais se enquadra: (1) ao pedido da proprietária do terreno, (2) as diretrizes de uso e ocupação e (3) a uma das ideias que fazem parte da essência do projeto - simplicidade com qualidade. Totalizando 120m² de casa e comércio.
71
Figura 69: Planta de estudo – Cobertura – sem escala.
Fonte: Autor, 2017
Figura 70: Planta de estudo – Pavimento superior – sem escala.
VARANDA
circulação principal
SUÍTE
SUÍTE
VARANDA
BANHO
BANHO
Fonte: Autor, 2017
72
10.
TABELAS DE PREÇO
Projeto definido, o próximo passo será o levantamento de preços dos materiais listados no Capítulo 6 para a construção da casa econômica. Nas tabelas abaixo, segue as sequencias: serviços preliminares (limpeza do terreno, abrigo de obras, nivelamento e acompanhamento técnico); fundações e contenções; material; estrutura (método de estruturar o material); cobertura; pisos; portas e janelas; acabamento (convencional com pintura, aparente com resina ou outros materiais); instalações elétricas e hidráulicas; louças e metais sanitários e serviços complementares (equipamentos auxiliares, ferragens e materiais de auxiliares). Cada item já inclui a mão de obra calculado com tempo aproximado de obra sem considerar imprevistos. Nesse levantamento não estão inclusos o valor do terreno e taxas da prefeitura. E devido a insuficiência de dados ou por não serem acessíveis a região no momento, alguns materiais citados no Capítulo 6 não estão presentes nessas tabelas. Nota: os preços a seguir são exclusivamente para o terreno e projeto em questão. Tabela 71: Orçamento para alvenaria convencional.
ALVENARIA CONVENCIONAL – 7 MESES SERVIÇOS PREÇO Serviços preliminares R$ 15.570,00 Fundações e contenções R$ 22.125,00 Material R$ 7.308,00 Estrutura R$ 13.400,00 Cobertura R$ 7.500,00 Pisos R$ 4.527,00 Portas e janelas R$ 9.550,00 Acabamento R$ 10.200,00 Instalações Elétricas e Hidráulicas R$ 17.560,00 Louças e metais sanitários R$ 2.000,00 Serviços complementares R$ 6.000,00 CUSTO TOTAL R$ 115.740,00 Fonte: Autor, 2017
Tabela 72: Orçamento para tijolo ecológico.
TIJOLO ECOLÓGICO – 6 MESES SERVIÇOS PREÇO Serviços preliminares R$ 15.570,00 Fundações e contenções R$ 22.125,00 Material R$ 18.600,00 Estrutura R$ 9.600,00 Cobertura R$ 7.500,00 Pisos R$ 3.200,00 Portas e janelas R$ 9.550,00 Acabamento R$ 6.225,00 Instalações Elétricas e Hidráulicas R$ 12.760,00 Louças e metais sanitários R$ 2.000,00 Serviços complementares R$ 6.000,00 CUSTO TOTAL R$ 113.130,00 Fonte: Autor, 2017
73
Tabela 73: Orçamento para bloco estrutural de concreto. Fonte: Autor.
Tabela 74: Orçamento para bloco containers. Fonte: Autor.
BLOCO ESTRUTURAL DE CONCRETO – 5 MESES SERVIÇOS PREÇO Serviços preliminares R$ 15.570,00 Fundações e contenções R$ 16.125,00 Material R$ 6.970,00 Estrutura R$ 9.600,00 Cobertura R$ 10.200,00 Pisos R$ 3.200,00 Portas e janelas R$ 9.550,00 Acabamento R$ 4.000,00 Instalações Elétricas e Hidráulicas R$ 12.760,00 Louças e metais sanitários R$ 2.000,00 Serviços complementares R$ 6.000,00 CUSTO TOTAL R$ 95.975,00
CONTAINERS – 2 MESES SERVIÇOS Serviços preliminares Fundações e contenções Material (10 containers adaptados) Estrutura Cobertura Pisos Portas e janelas Acabamento Instalações Elétricas e Hidráulicas Louças e metais sanitários Serviços complementares CUSTO TOTAL
STEEL FRAME – 4 MESES SERVIÇOS Serviços preliminares Fundações e contenções Material Estrutura Cobertura Pisos Portas e janelas Acabamento Instalações Elétricas e Hidráulicas Louças e metais sanitários Serviços complementares CUSTO TOTAL
ARGAMASSA ARMADA / ISOPOR – 4 MESES SERVIÇOS PREÇO Serviços preliminares R$ 15.570,00 Fundações e contenções R$ 23.500,00 Material R$ 25.000,00 Estrutura R$ 8.700,00 Cobertura R$ 7.500,00 Pisos R$ 8.350,00 Portas e janelas R$ 9.550,00 Acabamento R$ 10.200,00 Instalações Elétricas e Hidráulicas R$ 12.760,00 Louças e metais sanitários R$ 2.000,00 Serviços complementares R$ 6.000,00 CUSTO TOTAL R$ 129.130,00
PREÇO R$ 15.570,00 R$ 23.500,00 R$ 56.000,00 R$ 32.700,00 R$ 9.700,00 R$ 8.600,00 R$ 9.550,00 R$ 12.300,00 R$ 18.760,00 R$ 2.000,00 R$ 6.000,00 R$ 194.680,00
Tabela 75: Orçamento para bloco estrutural de concreto. Fonte: Autor.
PREÇO R$ 15.570,00 R$ 11.320,00 R$ 210.000,00 R$ 3.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 237.190,00
Tabela 76: Orçamento para bloco containers. Fonte: Autor.
74
10.1. Analisando as tabelas
As tabelas acima foram montadas para verificar os preços dos materiais que serão utilizados na construção da casa econômica. Os preços foram levantados através de pesquisas de sites especializados, revistas, fornecedores de materiais de construção, fábricas e profissionais da área (engenheiros e arquitetos). Após a pesquisa dos preços foi colocado na tabela os orçamentos mais baratos, segundo o objetivo do trabalho – construir uma casa com menor custo. Ao finalizar as tabelas, a leitura que se fez foi do custo total. O material mais caro foi o do Container (R$ 237.190,00) contrariando alguns orçamentos que dizem que esse material pode ser um dos mais baratos de se construir. No caso desse projeto, o Container sofre muitos recortes e ajustes encarecendo assim o valor final da casa, mesmo com a vantagem de ser montado mais rapidez do que os outros materiais. Outro item a ser citado, foi a diferença de preços entre o bloco de concreto e a argamassa armada. Porque num primeiro momento, os dois materiais se destacaram na tabela 46 por serem os materiais que tiveram mais vantagens na construção. Porém, para a região de Carapicuíba e para o projeto elaborado, percebe-se uma grande diferença entre seus valores, ou seja, o bloco se destacou como o material mais barato e a argamassa armada acabou se tornando uns dos itens mais caros. Portanto, foi concluído no levantamento de preços dos materiais que o mais barato para a região e para o projeto é a alvenaria estrutural de concreto pois traz mais vantagens no quesito qualidade e tempo de obra. Por isso, esse material foi escolhido para ser utilizado no projeto e isso será detalhado no próximo capítulo.
75
11.
DETALHAMENTO DO PROJETO
Neste capítulo será demonstrado como o bloco estrutural de concreto se adapta ao projeto através das plantas, dos cortes e dos detalhamentos ampliados. Pois esse material no projeto foi introduzido para entender melhor sua forma simples, onde se encaixa perfeitamente ao espaço planejado. O bloco favorece no posicionamento e na organização das aberturas de portas e janelas. Os ambientes estão todos cotados para entender a possibilidades de organizações do espaço, a exemplo disso, há também uma planta mobiliada ao lado das plantas cotadas, demostrando a melhor organização dos móveis, objetos e etc. Os cortes estão para entender a altura da residência. Possui um pé direito de 2,40m. Esse valor foi adotado porque permite que portas e janelas estejam encaixadas nas vigas, evitando em algumas partes o uso de vergas e contravergas. Mesmo “baixo”, os ambientes podem ser bem ocupados. Os blocos estarão intertravados para serem estruturados e reforçados com o preenchimento a cada 2m de concreto e ferro numa de suas duas aberturas. As vigas são feitas através do preenchimento do bloco canaleta com uma ferragem de 10mm, evitando a necessidade de materiais suportes para montagem das vigas. Para conectá-las será feito um pequeno buraco no bloco para a passagem do ferro. Logo o ferro do pilar e o ferro na viga são enrolados por um estribo. Além do uso do bloco aparente e o pé direito reduzido, o piso será de cimento queimado e com dutos elétricos expostos com dutos – técnicas para potencializar a economia. As lajes de concreto estarão apoiadas sobre blocos em forma de “L”, como um simples sistema de encaixe, deixando a parede externa sem aparição da laje. As portas e janelas serão detalhadas à parte.
76
Desenho 77: Planta detalhada – Pav. inferior – escala 1:100.
Desenho 79: Corte CC – escala 1:100.
Fonte: Autor, 2017 Fonte: Autor, 2017 Desenho 78: Planta mobiliada – Pav. inferior – escala 1:100.
Fonte: Autor, 2017
Desenho 80: Corte BB – escala 1:100.
Fonte: Autor, 2017
77
Desenho 81: Planta detalhada – Térreo – escala 1:100.
Cimento queimado Cimento queimado
Piso grama
Cimento queimado
Vegetação
Fonte: Autor, 2017 Desenho 82: Planta mobiliada – Térreo – escala 1:100.
Fonte: Autor, 2017
78
Desenho 83: Planta detalhada – Pav. superior – escala 1:100.
Cimento queimado
Cimento queimado
Cimento queimado
Fonte: Autor, 2017 Desenho 84: Planta mobiliada – Pav. superior – escala 1:100.
Fonte: Autor, 2017
79
Desenho 85: Planta detalhada – Cobertura – escala 1:100.
Fonte: Autor, 2017
Desenho 86: Esquema de montagem das lajes.
Fonte: Autor, 2017
80
Desenho 87: Corte AA – escala 1:100.
Fonte: Autor, 2017
81
Desenho 88: Detalhamento da porta de correr.
Fonte: Autor, 2017
Desenho 89: Detalhamento da janela maxim ar.
Fonte: Autor, 2017
82
Desenho 90: Detalhamento de portas. Fonte: Autor, 2017.
Desenho 91: Detalhamento da pele de vidro. Fonte: Autor, 2017.
83
Desenho 92: Detalhamento parede de bloco estrutural. Fonte: Autor, 2017.
Concreto Ferro Intertravamento de blocos
Preenchimento a cada 2 metros
Intertravamento de blocos Concreto Bloco canaleta
Ferros
Recorte no bloco para junção da ferragem Desenho 93: Detalhamento junção das ferragens. Fonte: Autor, 2017.
84
Desenho 94: Esquema tubulação hidráulica.
A boa organização espacial da casa facilitou a introdução e distribuição dos encanamentos. Quase toda parte hidráulica está localizada numa única parede. Haverá duas caixas d’água: uma para a residência e outra para o comercio.
Fonte: Autor, 2017
85
Desenho 95: Esquema tubulação elétrica.
A distribuição elétrica será feita pelo piso e serão ligadas nas tomadas, disjuntores e lâmpadas através de tubos expostos fixados nas paredes, para economizar e evitar quebradeiras, já que o bloco será aparente além de criar um elemento estético diferenciado. Haverá dois quadros gerais: uma para casa (localizado frente a escada onde é o ponto central) e outro para o comércio.
Fonte: Autor, 2017
86
Desenho 96: Esquema maquete eletrĂ´nica. Fonte: Autor, 2017
87
Desenho 97: Perspectiva.
Fonte: Autor, 2017
88
Desenho 98: Perspectiva.
Fonte: Autor, 2017
89
Desenho 99: Fachada.
Fonte: Autor, 2017
90
12.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Existe uma lei pouco conhecida para os casos de autoconstrução. A Lei Federal nº 11.888, sancionada em 24 de dezembro
de 2008, assegura às famílias com renda inferior a 3 salários mínimos a assistência técnica pública e gratuita de profissionais de engenharia e arquitetura para as obras de construção residencial. A lei relata que a garantia desse direito deve receber o apoio financeiro da União, Estados e Municípios, que deverão implementar programas de convênio com entidades de classe e conselhos profissionais para seleção das entidades habilitadas a receber os recursos da Lei de Assistência Técnica Pública. A questão da lei é que depende de um conjunto de leis complementares em todas as esferas que definam a fonte dos recursos, quanto deve ser destinado do orçamento plurianual das pastas de habitação social e do Ministério das Cidades, da chamada pública de associações, das regras de captação dos recursos, das áreas prioritárias para a destinação da verba pública. Ou seja, é um direito que hoje só existe no papel e depende de muita coisa para que ele se torne realidade na vida das pessoas. Entretanto, este trabalho visa a necessidade dessas famílias de renda baixa em construir suas casas com menor custo e da forma que elas desejam, desde que seja orientada e planejada por um profissional, especificamente o arquiteto. Um dos fatores essencial para a construção de uma casa econômica, segundo o projeto, foi a utilização do bloco estrutural de concreto. Pois a alvenaria estrutural é um sistema de construção em que as paredes da edificação fazem a função estrutural, não sendo necessário o emprego de vigas e pilares para a sustentação do edifício, substituindo o método tradicional de concretagem, objetivando uma obra mais barata, mais rápida e de qualidade, conforme foi detalhado no Capítulo 11. Outra questão a ser destacada é a importância do profissional, pois quem constrói espera conseguir o melhor resultado com seu investimento: beleza, conforto, funcionalidade. Mas a falta de supervisão de um profissional qualificado pode trazer muita dor de 91
cabeça, durante e depois da obra, e ainda gerar novos custos. O arquiteto tem uma visão especializada e global, o que garante o desenvolvimento de um projeto no qual são detalhadas todas as etapas da construção, evitando desperdício de tempo e de material. Um bom projeto valoriza a estética, mas possui características técnicas – especificação correta do material, distribuição do espaço, iluminação – que fazem a diferença. Outro ponto importante é que além de evitar custo adicional com retrabalho, o projeto profissional evita surpresas na hora de pagar, já que facilita o cumprimento do orçamento planejado. Quanto ao orçamento do projeto, o objetivo foi realizado parcialmente, pois cumpriu-se a intenção de planejar uma casa econômica numa região de baixa renda e com um valor próximo a R$ 90.000,00, conforme as condições financeiras da proprietária. Porém o valor da obra ultrapassou uma diferença de R$ 6.000,00 fora as taxas da Prefeitura no que diz respeito as documentações. Calculando essa hipótese o projeto possui um plano B, uma segunda solução: a proprietária tem a possibilidade de construir a casa parcialmente, ou seja, construir apenas o comercio (pois será uma fonte de renda) e o pavimento térreo, adaptando temporariamente a sala em um quarto/sala. Assim, ela poderá juntar dinheiro par construir as suítes mais tarde sem muitas alterações ou custos adicionais. Técnica que poder reduzir em 30% o custo final da obra, sendo um caminho alternativo. Por fim, diante do exposto, acredita-se que esse trabalho contribui positivamente ao objetivo inicial proposto de modo a atender a realidade do mercado de construção civil de baixa renda no país, com métodos e técnicas construtivas. Pelos dados apresentados neste trabalho, pode-se dizer que um projeto de casa de baixa renda com material de bloco estrutural de concreto é economicamente e tecnicamente viável. A rapidez, facilidade e qualidade desse material vem se mostrando extremamente rentável para empreendedores do ramo.
92
13.
REFERÊNCIAS
AMORIM, Lucas; Revista Exame, “Construção civil vive crise sem precedentes no Brasil ” em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/a-crise-e-a-crise-da-construcao. Acessado em 30/05/2017.
ANITECO, Associação Nacional da Industria do Tijolo Ecológico, em: http://www.aniteco.com/o-tijolo-ecologico/. Acessado em 18/05/2017. BALTHAZAR, Renata Davi Silva, “A permanência da autoconstrução: um estudo de sua prática no Município de Vargem Grande Paulista”, São Paulo, 2012. CARNEIRO, Ricardo, “Crise econômica: como chegamos aqui e como superá-la ” em: https://www.cartacapital.com.br/economia/crise-economica-como-chegamos-ate-aqui-e-como-supera-la. Acessado em 29/05/2017. CIEGLINSKI, Amanda e MELLO, Daniel, “Construção civil fecha 441 mil vagas em 12 meses no país, diz Sinduscon-SP” em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-12/construcao-civil-fecha-441-mil-vagas-em-12-meses-diz-sinduscon-sp. Acessado em 30/05/2017. DINO, Divulgador de Notícias; Terra, “Previsões para a Economia e a Construção Civil em 2107” notícias em: https://www.terra.com.br/noticias/dino/previsoes-para-a-economia-e-a-construcao-civil-em-2017,2ce9d42aa222b864bcc8c7fef32f5da4f9ng6ld8.html. Acessado em dia 30/05/2017. GLOBO PLAY, “Mais de 80% dos brasileiros fazem obra sem arquiteto ou engenheiro” em: https://globoplay.globo.com/v/4530649/. Acessado em 24/05/2017.
93
HASSEGAWA, Benício; “As vantagens ambientais de utilizar a madeira ” em: http://comoprojetar.com.br/por-que-e-como-utilizar-madeira-na-arquitetura/. Acessado em 17/05/2017. KOVACS, Vera; “Drywall: entenda como funciona esse sistema de construção ”, 2014 em: http://casa.abril.com.br/materiais-construcao/drywall-entenda-como-funciona-esse-sistema-de-construcao/. Acessado em 17/05/2017. MAUTNER, Yvonne, “A periferia como fronteira da expansão do capital”, texto 7 de “O Processo de Urbanização no Brasil”, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. MCLEOD, Virginia, “Detalhes construtivos da arquitetura residencial contemporânea”. Porto Alegre. 2009.
MORAES, Eduardo L. e PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE CARAPICUÍBA em: http://www.angelfire.com/ca3/carapicuiba/Carapicuiba.html. Acessado em 18/05/2017. NAKAMURA, Juliana; “Era do Aço ” aU- Arquitetura e Urbanismo, Edição 152, 2006 em: http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/152/estruturas-metalicas-34881-1.aspx. Acessado em 17/05/2017. PAREDES BENÍTEZ, Cristina, “Casas y materiales: elementos en la arquitectura”, Barcelona: Instituto Monsa de Ediciones, 2008. PFEIFER, Günter,” Casas con patio = Casas-pátio”, Barcelona: Gustavo Gili, 2009. PORTAL PLANALTO, “Setor da construção civil aposta em crescimento e geração de empregos com mudanças no MCMV” em: http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/noticias/2017/02/setor-da-construcao-civil-aposta-em-crescimento-e-geracao-de-empregos-com-mudancasno-mcmv. Acessado em 30/05/2017.
94
RAMALHO, Marcio A. e CORRÊA, Márcio R. S., “Projeto de edifícios de alvenaria estrutural”, São Paulo: Pini, 2003. RISERIO, Antonio (Autor); SEGAWA, Hugo (Autor); CAMPOS, Márcio Correia (Autor); PINHO, Roberto (Autor); LATORRACA, Giancarlo (Organizador); RISSELADA, Max (Organizador), “A arquitetura de Lelé: fábrica e invenção”, São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2010. TREVIZAN, Karina; G1, “Brasil enfrenta pior crise já registrada poucos anos após um boom econômico” em: http://g1.globo.com/economia/noticia/brasil-enfrenta-pior-crise-ja-registrada-poucos-anos-apos-um-boom-economico.ghtml. Acessado em 29/05/2017. VALLE, Alberto, “A atual situação econômica do Brasil” em: http://www.empreendedoresweb.com.br/atual-situacao-economica-do-brasil/. Acessado em 29/05/2017.
95
São Paulo 2017
96