Centro SINERGIA de Cultura e Arte

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CENTRO

SINERGIA DE CULTURA E ARTE

TÁBATTHA TOMAZ


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Centro Universitário Senac Tábattha de Arruda e Silva Tomaz

CENTRO

SINERGIA DE CULTURA E ARTE Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador Profº Dr. Nelson Urssi

São Paulo | 2017



AGRADECIMENTOS À minha família e em especial à minha mãe e meu pai. À minhas amigas que me ajudam em todos os momentos.



Vivemos na era Pós-industrial, um novo mundo, onde o trabalho físico é feito pelas máquinas e o mental, pelos computadores. Nela cabe ao homem uma tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter idéias. Elian Alabi Lucci


RESUMO Este trabalho tem o objetivo de investigar as contribuições da economia criativa na requalificação dos espaços urbanos decadentes ou abandonados nas cidades, surge como uma alternativa para a requalificação de uma área situada nas proximidades do centro histórico da cidade de Cuiabá-MT, com o propósito da criação de um projeto de um Centro de Cultura e Arte, tendo a criatividade como principal fator de integração entre sociedade e cidade. Busca também compreender as novas formas de economia criativa e compartilhada, além de validar a possibilidade da criatividade gerar negócios e renda para as pessoas. O principal questionamento motivador deste trabalho é saber se o investimento no uso da criatividade pode favorecer a recuperação dos espaços urbanos e também da economia local e como ela pode melhorar o dia-a-dia das pessoas ao ser implantada em processos de produção cultural e artísticas nas cidades. Para tanto foram utilizadas diferentes formas de pesquisas teóricas, leitura de artigos, palestras em vídeo, pesquisas em periódicos, visitas de campo, entre outros. Diante dessas investigações foi possível perceber que a economia criativa ao ser aplicada como forma de potencializar territórios, faz com que as cidades se tornem mais criativas e atraentes, movimentando a economia local, gerando novos empregos e fonte de renda para famílias. Palavras Chaves: Economia criativa, Economia compartilhada, Criatividade, Requalificação de espaços urbanos e Cidades.


ABSTRACT This work aims to investigate the contributions of the creative economy to the reclassification of decayed or abandoned urban spaces in the cities, as an alternative for the requalification of an area located near the historical center of the city of Cuiabรก-MT, with the purpose of creation of a project of a Center of Culture and Art, with creativity as the main factor of integration between society and city. It also seeks to understand the new forms of creative and shared economy, and validate the possibility of creativity to generate business and income for people. The main motivating question of this work is to know if the investment in the use of the creativity can favor the recovery of the urban spaces and also of the local economy and how it can improve the day to day of the people when being implanted in processes of cultural and artistic production in the cities. For this, different forms of theoretical research, reading of articles, video lectures, periodical researches, field visits, among others were used. In light of these investigations, it was possible to perceive that the creative economy, when applied as a way of empowering territories, makes cities become more creative and attractive, moving the local economy, generating new jobs and a source of income for families. Key Words: Creative economy, Shared economics, Creativity Requalification of urban spaces and Cities.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Os setores criativos como ampliação dos setores culturais. Figura 2 - A economia criativa (EC) e a dinâmica de funcionamento de um setor criativo. Figura 3 - A EC brasileira e seus princípios norteadores. Figura 4 - Classificação dos setores criativos. Figura 5 - Red Bull Station – Fachada – Pedro Kok. Figura 6 - Red Bull Station – Café – Pedro Kok. Figura 7 - Red Bull Station – Área de Exposição – Pedro Kok. Figura 8 - Impact Hub – Imagem em 3D da Praça de Acesso. Figura 9 - SESC Arsenal – Fachada Figura 10 -Praça das Artes – Entrada Principal – Nelson Kon. Figura 11 -Praça das Artes – Vista do Pátio – Nelson Kon. Figura 12 - Mapa de localização do terreno Figura 13 - Mapa de uso do solo Figura 14 - Cortes Esquemáticos Figura 15 - Planta Estrutural- Subsolo Figura 16 - Planta Estrutural- Nível 186 Figura 17 - Planta Estrutural- Nível 190


LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Participação dos profissionais de Consumo na Indústria criativa dos estados – 2015. Gráfico 2 – Participação dos profissionais de Cultura na Indústria criativa dos estados – 2015. Gráfico 1 – Participação dos profissionais de Mídias na Indústria criativa dos estados – 2015. Gráfico 1 – Participação dos profissionais de Tecnologia na Indústria criativa dos estados – 2015.

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Empregos formais e salários na área criativa de Consumo em MT – 2013 a 2015. Tabela 2 – Empregos formais e salários na área criativa de Cultura em MT – 2013 a 2015. Tabela 1 – Empregos formais e salários na área criativa de Mídias em MT – 2013 a 2015. Tabela 1 – Empregos formais e salários na área criativa de Tecnologia em MT – 2013 a 2015.


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO  13 2. A CIDADE: SUA HISTÓRIA E EVOLUÇÃO   14 2.1 Origens da Cidade  14 2.2 A Cidade e a Industrialização   15 2.3 A Cidade e a Globalização   16 2.4 A Cidade e a Sustentabilidade  17 2.5 A Cidade e as Pessoas  18 3. A CIDADE E A ECONOMIA CRIATIVA  19 3.1 Economia Criativa: conceito, origem e abrangência  19 3.2 Economia Criativa e a Requalificação Urbana   26 3.3 A Cidade Criativa   27 3.4 Economia Compartilhada: uma nova forma de se fazer negócio  4. ESTUDOS DE CASO  30 4.1 Red Bull Station - São Paulo   30 4.2- Impact Hub- São Paulo  32 4.3 Sesc Arsenal - Cuiabá  33 4.4 Praça das Artes - São Paulo  34 5. UMA PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO URBANA PARA CUIABÁ  36 5.1 Contexto Histórico  36 5.2 Localização   41 5.3 Usos do Solo  43 5.4 Dados do Terreno   43 5.5 Descrição do Projeto  44 5.6 Estrutura  46 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS  60 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS   61

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1. INTRODUÇÃO

Com o passar do tempo a sociedade se viu obrigada a repensar suas cidades e suas diferentes formas de manifestação e expressão da diversidade cultural e artística da sua população. Percebemos em algumas cidades uma revalorização das qualidades dos espaços urbanos com a finalidade de proporcionar as pessoas uma cidade mais viva, convidativa e acolhedora. Nesse contexto atual, este estudo tem o propósito de encontrar novas formas de requalificação do espaço urbano, tendo como base o estudo da economia criativa e da economia compartilhada. Para tal apresentamos como objetivos os seguintes: compreender as novas formas de economia criativa e compartilhada; validar a possibilidade da criatividade gerar negócios e renda para as pessoas; e entender a contribuição dessa economia na recuperação de áreas urbanas decadentes ou abandonadas. Buscamos responder ao questionamento de que o investimento no uso da criatividade pode favorecer a recuperação dos espaços e também da economia local. Além de compreendermos como essa ciência pode melhorar o dia-a-dia das pessoas ao ser implantada em processos de produção cultural e artísticas nas cidades. O escopo deste trabalho nasceu de inquietações voltadas para a falta de espaços urbanos que possam proporcionar o estímulo e a propagação da cultura e da arte na cidade de Cuiabá, em Mato Grosso, que apesar da sua diversidade cultural e histórica, diante dos olhos parece uma cidade sem o devido apreço cultural e artístico, existindo apenas ações isoladas e esporádicas. Assim, se faz necessário a elaboração deste trabalho para que se apresente às autoridades locais alternativas para a sua transformação em uma cidade mais atrativa. 13


as necessidades da população. Ao termos como base de estudo a criatividade, pretendemos também estudar como a economia compartilhada pode ajudar no futuro das cidades e como ao aplicar essa ciência em conjunto com o uso de bens criativos, recuperamos áreas urbanas antes decadentes ou abandonadas que passam a ser espaços voltados para o desenvolvimento da população e para o crescimento cultural e artístico. A metodologia utilizada para desenvolver este trabalho baseou-se em pesquisas bibliográficas em livros, artigos, sites, palestras via online, bem como visitas “in loco” em diversos locais, nos quais percebemos na prática a experiência vivenciada da economia criativa e compartilhada. Esses locais estão registrados nos estudos de casos, demostrados neste trabalho. Vale destacar a importância da visita à Praça das Artes, localizada no centro de São Paulo que se apresentou como uma grande referência para este trabalho, pois se trata de um edifício que foi criado com fim de requalificar um espaço urbano, sendo um lugar voltado para a propagação da cultura na cidade com diversos ambientes com diferentes finalidades que estão oportunizando aos artistas, a geração de renda para a sustentabilidade das suas famílias. Desta forma, justificamos a importância deste trabalho que tem como finalidade estudar e compreender melhor esses temas relatados acima e para validar a influência deles em um processo de requalificação de áreas urbanas. Pretendemos ao final do mesmo contribuir com as discussões recentes da integração das áreas do urbanismo e da economia, mas acima de tudo, apresentarmos como uma alternativa para a redescoberta da cidade com a mudança da imagem do local no qual o projeto será desenvolvido.

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2. A CIDADE: SUA HISTÓRIA E EVOLUÇÃO 2.1 Origens da Cidade Atualmente, o homem é um ser urbano, e grande parte da população mundial habita as cidades nos dias de hoje. De acordo com a literatura há cerca de 5.500 anos as primeiras civilizações já se organizavam em pequenos centros urbanos. Segundo Sybylla (2012, p.01), [...} três motivos devem ter levado ao surgimento do primeiro aglomerado urbano: o sagrado, a alimentação e a segurança. E os restos de antigas cidades sempre apontam três construções primordiais: templos, celeiros (ou plantações) e muralhas.

A partir daí as aglomerações cresceram ao ponto de se tornarem local de permanência para a civilização, quando o comércio, o estoque e o poder se centralizaram as cidades começaram a surgir. Entretanto, a história aponta que a urbanização da humanidade só teve início entre os séculos XVIII e XIX, quando a indústria se fixou nas cidades exigindo muita mão-de-obra, logo com o tempo, vários trabalhadores migraram do campo para a cidade, desenvolvendo assim o processo urbano e as cidades que hoje conhecemos. Knox (2016, p. 11) destaca que as origens das cidades contemporâneas remontam ao Império Grego e Romano, os gregos desenvolveram diversas cidades-estados fortificadas ao longo da costa mediterrânea o que fez com que existissem cerca de 250 colônias desse tipo, algumas delas, cresceram posteriormente e se tornaram cidades movimentadas, centros de pesquisas e lar de mentes abertas. A maioria das cidades europeias atuais tem origem em colônias romanas que trouxeram inovações à sociedade civil, como administração urbana e infraestrutura. Ainda segundo esse autor, com o grande aumento populacional na época, surgiram crises pela falta de terras cultiváveis, diante disso a nobreza decidiu aumentar os impostos o que fez com que os camponeses se vissem obrigados a


a vender grande parte de sua produção por dinheiro nos mercados locais, a partir disso, uma economia monetária mais desenvolvida começou a surgir. Knox (2016, p.12) destaca ainda que essa economia era: [...]com primórdios de um padrão de comércio para os produtos agrícolas e artesanais [...] alguns tipos de comércio de longa distância surgiram para bens de luxo, como especiarias, peles, seda, frutas e vinho.

A partir dessa nova rede de comércio uma nova fase da urbanização com base no capitalismo mercantilista passa a surgir, as cidades passaram a crescer diante dessa troca, fazendo com que se tornassem locais de encontro cultural e centros de poder político. Em diferentes regiões do mundo, cidades tornaram -se a verdadeira expressão do poder e da grandeza imperial consolidada com tijolos e pedras. Porém, foi no século XX em que a cidade passou a ser encarada de forma mais atenta pela sociedade como um todo. As cidades são fundamentais para o desenvolvimento das sociedades e para o crescimento de suas economias independente do seu tamanho, pois funcionam “como motores da inovação econômica e como centros de expansão cultural e de transformação social e política”, na concepção de Knox (2012, p. 10). As cidades sempre contribuíram com o crescimento das sociedades e da economia, apesar de estarem em contextos urbanos diferentes e de se adaptarem a diferentes funções e especializações em um sistema global cada vez mais integrados, para Knox (2012, p. 10 e 11) elas exercem quatro funções fundamentais, a saber:

1- Capacidade decisória: como as cidades são o ponto de encontro das estruturas decisórias de instituições públicas e privadas, elas constituem os núcleos do poder político e econômico. 2- Capacidade transformativa: Tamanho, densidade e variedade das populações das cidades tendem a ter um efeito libertador nas pessoas, permitindo que elas escapem da rigidez da sociedade rural tradicional para adotar os mais diversos estilos de vida e comportamentos. 3- Função mobilizadora: os contextos urbanos com sua infraestrutura física e suas enormes e diversificadas populações, são onde tudo realmente acontece. Seja qual for o sistema econômico e político local, as cidades fornecem ambientes eficientes e eficazes para a organização de mão de obra, capital e matérias-primas e distribuição dos produtos acabados. 4- Função generativa: a concentração de pessoas nas cidades propicia mais interações e competitividade, o que promove a inovação e facilita a geração e a troca de conhecimento e informações.

Dessa forma, podemos afirmar que as cidades são muito mais do que meros aglomerados de pessoas, elas possuem diferentes estilos e combinações dessas funções e formas de criação e produção econômica. As cidades continuam a evoluir e se mantém em constante mudança, sempre procurando manter os resquícios da sua história. 2.2 A Cidade e a Industrialização De acordo com Knox (2012, p.72) a industrialização trouxe, para o mundo, imensas mudanças socioeconômicas, e a criação de um novo tipo de cidade: a industrial. A cidade industrial passa a exercer diferentes funções, até então a função da cidade era de cumprir funções militares, políticas, eclesiásticas ou comerciais, e agora passa a reunir matérias primas e fabricar, montar e distribuir bens manufaturados. 15


Com essas mudanças, a relação entre campo e cidade muda consideravelmente, pelas classes superiores, com esse crescimento descontrolado a cidade vivia antes, a cidade era totalmente dependente dos serviços prestados no campo, um caos com esgoto ao céu aberto, lixo e animais na rua, trânsito de carros e mas com a industrialização, o campo passa a servir como fonte de mão de obra, pedestre. essa população que antes encontrava trabalho no campo precisou emigrar para encontrar trabalho na cidade, assim, a cidade industrial crescia mais rapidamente do que qualquer outra cidade tenha crescido anteriormente.

A desindustrialização passou a ocorrer quando houve uma redução expressiva da importância da indústria para geração de valor adicionado na economia, a migração das industrias fez com que os antigos polos industriais sofressem com Com a industrialização as cidades passaram a ser centros financeiros, comercias a deterioração física e social, a cidade passava por uma crise, com o aumento e logísticos, já que a indústria tendia a estar localizada em centros comerciais do desemprego, a fuga de capital e da existência de vastos vazios nas antigas preexistentes e com fácil acesso as novas redes de distribuição, a desigualdade propriedades industriais. social também é bastante presente, considerando que “a medida que a população crescia, as ruas do entorno dos núcleos industriais rapidamente se Era preciso uma renovação no tecido urbano e econômico para que a cidade tornavam favelas e ocupações, onde as pessoas mais pobres viviam em altíssima voltasse a crescer, uma reconstrução urbana. Era preciso repensar as políticas densidade”, na visão de Knox (2016, p 84). urbanas, pensar em formas de melhorar o cenário de vida na cidade para atrair novas empresas com espaços verdes, públicos e vida cultural. De acordo com o site Brasil Escola, no Brasil, mais precisamente na região 2.3 A Cidade e a Globalização Sudeste, a industrialização se deu, principalmente, por conta do café e por conta dos investimentos dos cafeicultores nas primeiras fábricas do país. Durante o A cidade muda conforme suas necessidades, durante a época feudal, funcionava governo de Getúlio Vargas, a indústria brasileira ganhou um grande impulso, o de maneira a proteger seus moradores, na industrialização passou por mudanças presidente tinha como objetivo principal efetivar a industrialização, privilegiando significativas em seu caráter, algumas perceptíveis até hoje, com a globalização, as indústrias nacionais, a partir desse processo de industrialização se deu, se deu a formação de grandes metrópoles e aglomerados populacionais e a também, o processo de urbanização no país, uma transformação no espaço formação de cidades globais. geográfico.

Estas, por conta da integração com as diferentes cidades do mundo e com as cidades menores, são consideradas responsáveis pela expansão do processo de globalização, pela expansão da economia e política mundial.

Com o crescimento acelerado da cidade, cresceu também os problemas associados a falta de organização do espaço, problemas ambientais e sociais, ausência de infraestrutura, crescimento da periferização e do trabalho informal, excesso de poluição, redução da expectativa de vida, entre outros problemas. Com a globalização determinadas cidades passaram a ter um destaque, em áreas Ainda sobre esse tema Benevolo (2003) expressa que as cidades crescem como organizações corporativas multinacionais, serviços bancários e financeiros rapidamente na era industrial, que a periferia é criada e o centro é abandonado internacionais e em outras áreas. Knox (2012, p. 13) salienta que: 16


As cidades se tornaram o cenário de megaeventos e espetáculos para a promoção da cultura das celebridades, para obras arquitetônicas inovadoras e ousadas, para as novidades da moda, do teatro, do cinema, da música e da arte [...]

Com os avanços do processo de globalização, as grandes indústrias e empresas passam a deslocar seus processos produtivos para as cidades médias e até para zonas rurais, porém, independente desse processo, as metrópoles e cidades globais não se desestruturam, e sim modificam o seu papel. Segundo Pena (2012)

De centros industriais, essas cidades estão, em maior ou menor grau, transformando-se em centros decisórios, burocráticos e de poder, uma vez que abrigam as principais sedes de corporações, empresas e instituições públicas e privadas, além das bolsas de valores e estruturas que se encontram no centro da economia global atual.

grandes consequências para o meio ambiente. Segundo Marques, Bastos e Bonneaud (2015 apud Pezzi, 2007, p.59), Muitas decisões urbanísticas têm causado efeitos duradouros sobre a sociedade e a qualidade de vida dos habitantes assim como sobre o meio ambiente, investir esforços em ações que visem a economia de combustíveis fósseis e o uso adequado de recursos energéticos, são cada vez mais urgentes.

Ainda segundo esses mesmos autores, (2015 apud Panerai,1997, p.178),

[...]construir cidade hoje, não se limita a funcionalidade, pode significar uma vontade de lidar com as formas entre suas diferentes qualidades: a proximidade, a mistura e o imprevisto, é importante lembrar também da importância de ações sustentáveis no projeto urbano como um espaço público acessível a todos, vizinhanças mistas, atividades que se misturam, edifícios que se adaptem e se transformem.

[...] As cidades na era global são verdadeiras estruturas que aglomeram pessoas, capitais e também inúmeros desafios. A cidade na globalização é tida como a principal estrutura de reprodução do capital, refletindo, assim, as mudanças que ocorrem no contexto desse sistema, a exemplo dos processos de metropolização e desmetropolização. Assim sendo, cada vez mais o mundo se urbaniza e, paradoxalmente, cada vez mais a atuação de empresas, indústrias e serviços descentraliza-se.

2.4 A Cidade e a Sustentabilidade

A urbanização tardia causou enormes efeitos indesejados as cidades, prejudicando a qualidade de vida das pessoas e dos espaços públicos. É preciso pensar no desenvolvimento urbano sustentável, voltado à reutilização dos espaços públicos abandonados, ao melhor uso das calçadas para o pedestre, uso de bicicletas, cuidados com a paisagem local, etc., ou seja, ações que possam transformar as cidades em lugares de encontros das pessoas. A sustentabilidade deve estabelecer as trocas entre o ambiente urbano e o natural, tornando as cidades mais adaptáveis à nossa vivência urbana. Como

Com o desenvolvimento das cidades, o meio ambiente sofreu consequências, a falta de preocupação com a poluição, a falta de saneamento básico, a falta de expresso em Gehl (2015, p. XIII) na visão de Lerner ao combater os desperdícios água e o crescimento desenfreado das cidades, entre outros problemas, gerou

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diversos, [...] “utilizando formas de deslocamento mais eficientes, aproximando funções urbanas de vida e trabalho, a sustentabilidade tenderá ao infinito. ” 2.5 A Cidade e as Pessoas O rápido crescimento das cidades, por conta da industrialização, deixou em evidência a falta de organização do espaço, hoje, é possível perceber que a maioria das cidades foram construídas com o objetivo de melhorar o escoamento das mercadorias, ou seja, a prioridade sempre foram os meios de transporte.

necessidades das pessoas que utilizam as cidades.

Esta ideia é complementada por Richard Rogers, em Gehl (2012, p. XI): A cidade compacta - com empreendimentos agrupados em torno de transporte público, áreas para caminhar e andar de bicicleta- é a única forma de cidade ambientalmente sustentável. [...]a cidade deve aumentar a quantidade e qualidade de espaços públicos agradáveis, bem planejados e, na escala do homem, sustentáveis, saudáveis, seguros e cheios de vida.

Ao longo da história a forma como as cidades são planejadas e se desenvolvem passaram por várias alterações, Gehl (2015, p. 3) destaca aqui a ideologia Ainda segundo a visão desse mesmo autor: urbanística do modernismo que teve enorme influência nesse contexto, Todos devem ter o direito a espaços abertos, facilmente conforme o autor eles rejeitaram a cidade e o espaço da cidade, mudando seu acessíveis, tanto quanto têm direito à água tratada. Todos devem ter a possibilidade de ver uma árvore de sua janela, ou foco para construções individuais. Segundo ele essa ideologia [...] “separa os de sentar-se em um banco de praça, perto de sua casa, com usos da cidade e destaca os edifícios individuais autônomos, poriam um fim ao um espaço para crianças, ou de caminhar até um parque em espaço urbano e à vida da cidade, resultando em cidades sem vida, esvaziadas dez minutos. Bairros bem planejados inspiram os moradores, ao passo que comunidades mal planejadas brutalizam seus de pessoas. ” Ainda segundo Gehl (2015, p.3) as cidades deram “baixa prioridade ao espaço público, às áreas de pedestre e ao papel do espaço urbano como local de encontro dos moradores da cidade”, diante disso, repensar a cidade e seu planejamento para melhorar a qualidade de vida urbana se tornou uma preocupação crescente entre os arquitetos e urbanistas. Tratar a cidade a partir da dimensão humana passou a ser fundamental para o futuro das cidades, Gehl (2015, p. 6) expressa que:

cidadãos. Como Jan diz: “Nós moldamos as cidades, e elas nos moldam. ”

Percebemos que perante aos desafios globais é necessário que as cidades tenham uma preocupação mais com a dimensão humana. Para Gehl (2015, p. 6), [...] “ A visão de cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis tornou-se um desejo universal e urgente. ”

É primordial repensar as cidades sob essa ótica, destacando as potencialidades para que a cidade se torne viva, para que as pessoas possam caminhar, pedalar e permanecer nos espaços públicos trazendo a estes as oportunidades sociais e [...] tanto as cidades existentes como as novas terão que culturais, propiciando uma melhor qualidade de vida urbana. Florida (2016, in fazer mudanças cruciais em relação aos pressupostos para o planejamento e suas prioridades. Deve-se destacar, Knox p. 8) reforça essa ideia ao afirmar que: como objetivo-chave para o futuro, um maior foco sobre as

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Grandes pensadores, artistas e empreendedores (os Leonardo da Vinci, os Williams Shakespeare, os Benjamins Franklin, os Alberts Einstein e os Steves Jobs do mundo todo) quase sempre cresceram nas cidades. Isso é ainda mais verdadeiro hoje em dia, quando as cidades se tornaram as unidades sociais e organizacionais mais básicas da nova economia criativa alimentada pelo conhecimento. O homo creativus também é o homo urbanus.

Essa preocupação com as pessoas e com uma nova concepção para o desenvolvimento da cidade também é reforçada pela autora Vivant (2012, p. 10) ao dizer que [..] “Segundo Richard Florida, o desenvolvimento econômico está diretamente ligado à presença daquela que ele chama de classe criativa”.

Segundo Padua (2007, p.30) Para países como o Brasil, foi desastroso este novo período de crises. A industrialização que constatamos em algumas áreas em São Paulo mostra a extensão dos efeitos da crise, as empresas promovendo restruturações produtivas, num contexto em que mesmo o espaço da metrópole se tornava desinteressante do ponto de vista da produtividade.

O aumento do desemprego, da fuga de capital e os vastos vazios nas antigas propriedades industriais, deixam em evidência a existência de uma crise industrial, é preciso se reestruturar para atrair novos investimentos, repensar as políticas urbanas de forma a renovar o tecido urbano e econômico, atrair novas empresas a partir de novos espaços públicos e de vida cultural.

Para essa autora as grandes cidades sempre foram espaços de manifestação da singularidade e criatividade, porém estavam relegadas ao segundo plano. Quanto a isto Landry (2011, in Reis e Kageyama p. 9) expressa que “quando Ela complementa dizendo (2012, apud Florida p. 10) que [...] “a efervescência o mundo está mudando dramaticamente, precisamos repensar o papel das criativa passa agora para o centro da cidade e de sua atividade, tornando-se até cidades e de seus recursos e como o planejamento funciona”. Percebemos mesmo o motor de seu desenvolvimento econômico”. a necessidade de um repensar a cidade por um novo olhar que busque uma relação entre economia e urbanismo, formando uma nova dinâmica de Assim, ao planejar o uso da cidade oferecendo às pessoas um melhor espaço processos e modelos sociais, culturais e econômicos. urbano, mais acolhedor e tentador, o uso irá aumentar porque as pessoas terão à sua disponibilidade locais em que possam se encontrar e desfrutar de várias Nesse contexto, surge a economia criativa (EC) como uma tendência do atividades sociais e comerciais, além de se sentirem seguras nesse espaço mercado de trabalho, pois possibilita gerar atividades alternativas ao modelo público. econômico vigente. É um setor que tem demonstrado rápido crescimento nos 3. A CIDADE E A ECONOMIA CRIATIVA cenários nacional e internacional e tem contribuído com a geração de renda e 3.1 Economia Criativa: conceito, origem e abrangência a criação de empregos. A cidade pós-industrial é marcada pelas consequências da falta de organização durante o seu desenvolvimento, a desigualdade e a ampliação da pobreza passam a ficar cada vez mais em evidência no espaço urbano, a desindustrialização deixa a cidade fragmentada, muitos espaços acabam perdendo sua atratividade.

Mirshawka (2016, p. XII) destaca que a era digital vai modificar o mundo do trabalho e alerta que “a grande diferença no século XXI, o qual houve um extraordinário incremento da tecnologia de informação e comunicação, é que

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isso impactou em praticamente todos os setores da economia e nas funções das pessoas nas organizações”.

O conceito de economia criativa surge, no sentido de promover o desenvolvimento e dar empregabilidade às pessoas podendo transformar criatividade em dinheiro. Mirshawka (2016, p. XIV) diz que “A EC passou a ser considerada como um eixo

Esse autor destaca que haverá a predominância da trabalhabilidade, ou seja, estratégico de desenvolvimento para os vários países e continentes no século cada pessoa precisará ter competência para gerar o próprio trabalho e renda, se XXI. ” E a ser destaque nas discussões de instituições internacionais tais como: tornando um empreendedor criativo. UNCTAD -Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento, PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a UNESCO – Como dito, anteriormente, Vivant (2012, p.10) destaca os ensinamentos de Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura. Florida, que segundo ele o desenvolvimento econômico tem relação com a presença da classe criativa. Na visão dessa autora essa classe criativa é composta A literatura destaca que não há um consenso quanto a definição e quais os por profissionais com distintos graus de criatividade, um grupo é formado por setores da economia criativa. Mirshawka (2016, p. 3) em relação a isso enfatiza profissionais envolvidos no processo de criação, pagos para serem criativos, que se pode traçar uma zona comum das definições que nos permite entender para criarem novas tecnologias, novas ideias, como cientistas, pesquisadores, o conceito de economia criativa, a saber: 1. Ela tem criatividade, arte e cultura como sua matéria engenheiros, artistas, arquitetos, etc. e outro grupo envolve os profissionais que prima; resolvem problemas complexos com um alto nível de qualificação e capacidade 2. Está relacionada com os direitos de propriedade intelectual, em particular com o direito do autor; de inovação como os advogados, financistas e investidores de fundo de cobertura 3. É função direta de uma cadeia de valor criativa. de risco, médicos, além de maquiadores, técnicos de palco, etc. Mirshawka (2016, p.16) cita que apareceram inúmeras denominações para a EC, tais como indústrias culturais, indústrias criativas, indústrias do ócio, do entretenimento, do conteúdo, protegidas pelo direito do autor, etc. Entretanto ele comenta que os autores Felipe Restrepo e Iván Duque Márquez buscando uma nova identidade, denominaram a economia da cultura e da criatividade como economia naranja, ou melhor, economia laranja. Destaca o autor que a cor laranja está associada com a cultura, a criatividade e a identidade. E também, Ainda para essa autora, esses trabalhadores ao escolherem sua localização com o fazer criativo e o jogo do amor. Reis (2011, p. 24) já considera que “[...] de uma análise setorial para as relações residencial preferem os espaços urbanos que valorizem e favoreçam a criatividade, estando assim a cidade ligada à dimensão criativa revelada por seu dinamismo intrincadas entre a criatividade, as indústrias criativas e o restante da economia cultural e artístico, capaz de fazer frente aos efeitos do desinvestimento causado motivaram a cunhagem do termo “economia criativa”. A autora elenca três abordagens maiores aos conceitos que relacionam criatividade, economia e pelo declínio industrial. A partir da bibliografia de Richard Florida foi possível entender o encontro de economia criativa e espaços urbanos, para ele, as cidades deveriam funcionar como atrativos para essa classe criativa, segundo Vivant (2012, p.12) “para atrair e permitir o desenvolvimento das empresas ditas criativas é preciso produzir um cenário de vida que satisfaça os gostos e as necessidades dos trabalhadores criativos”.

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e cultura: A primeira é de indústrias criativas entendidas como [...]setores econômicos específicos, cuja seleção é variável conforme a região ou pais, segundo o nível de criatividade embutido, a potencialidade de gerar direitos de propriedade intelectual e seu impacto econômico potencial na geração de riqueza, trabalho, arrecadação tributária e divisas.

A segunda abordagem é a da economia criativa, que na visão de Reis (2011, p. 25)

[...] abrange além das indústrias criativas, o impacto de seus bens e serviços em outros setores e processos da economia e as conexões que se estabelecem entre eles, desencadeando e incorporando-se a profundas mudanças sociais, organizacionais, políticas, educacionais e econômicas.

Aqui ela destaca a importância de entender a economia criativa como uma estratégia de desenvolvimento, promovendo uma convergência de benefícios econômicos e culturais, além dos sociais.

redor do mundo que tinham ambientes mais receptíveis ao desenvolvimento cultural e que com o passar do tempo isso levaria a destruição da identidade australiana e afetaria a ação política e econômica, além do desenvolvimento e crescimento do país. Diante disso decidiu em preservar e afirmar cada vez mais a identidade cultural e artística dos australianos, com o intuito de criar novos empreendimentos, oportunidades, empregos e de preservar a cultura local. Na sua concepção, essas ações abririam espaços para novos empreendimentos e oportunidades para gerar empregos e estimularia as mentes talentosas a permanecerem e trabalharem no país em prol do desenvolvimento cultural. Esse surgimento da EC é também compartilhado por Reis (2011, p. 8) ao dizer que “[...] Creative Nation foi o prenúncio de uma convergência entre objetivos culturais, econômicos e sociais [...]”.

Já no Reino Unido o envolvimento com a economia criativa começou com o governo de Tony Blair que diante da situação econômica global que vulnerabilizava setores manufatureiros tradicionais, criou uma força tarefa para Por último, a terceira abordagem na concepção de Reis (2011, p. 27) [...] “é a analisar as contas nacionais, as tendências econômicas globais e as vantagens da economia criativa no espaço urbano, que pode se manifestar de diferentes competitivas nacionais e assim identificaram 13 setores de maior potencial para formas (clusters criativos, locus da classe criativa, cidade criativa). a economia do pais, a eles se deu o nome de indústrias criativas, que de acordo com o DMCS1 (1998) em Reis (2011, p.9) são entendidas como: Mirshawka (2016, p. 23) aponta que a economia criativa nasceu na Austrália em Indústrias que tem sua origem na criatividade, habilidade 1994, como política pública, inspirado no projeto Creative Nation que propunha e talento individuais e que apresentam um potencial para a busca da identidade cultural australiana, tratando a criatividade e a cultura a criação de riqueza e empregos por meio da geração e como estratégias de desenvolvimento, como uma política de Estado. exploração de propriedade intelectual. Relata ainda que Paul Keating, primeiro ministro australiano, percebeu que a Austrália vinha perdendo muito de sua classe criativa para outras cidades ao

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DMCS – Department of Culture, Media and Sport

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Mirshawka (2016, p. 23) aborda que tanto a Austrália como a Grã-Bretanha, no início restringiram a expressão setores criativos às artes e aos segmentos culturais, excluindo os setores de ciências e de patentes. De acordo com Reis (2011 apud Howkins 2001, p. 9), a propriedade intelectual é considerada a “moeda da economia criativa”, ativo intangível2 criado pela mente humana, altamente cobiçado pelo valor que agrega a indústrias novas e tradicionais da economia, considerando que a criatividade é uma vantagem diante do fato de que as indústrias precisam se adaptar e se renovar com os novos rumos da economia. Reis (2011, p. 7) expressa ainda que:

A EC envolve diversos setores, os chamados setores criativos, Mirshawka (2016, p. 5) apresenta uma definição de setores criativos como [..] “as atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação de preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica”. Esse autor destaca que apesar da existência dos instrumentos e softwares para os criativos trabalharem, o valor do bem criativo encontra-se na capacidade humana de inventar, imaginar ou criar, de forma individual ou coletiva. Assim, para ele os setores criativos vão além dos setores culturais, tais como: teatro, circo, pintura, fotografia, música, dança, cinema, TV, etc. Figura 1 – Os setores criativos como uma ampliação dos setores culturais

Para que essa valorização criativa se sustente, porém, é preciso de algum modo garantir que a criatividade seja recompensada e, ao mesmo tempo, torne-se menos vulnerável à cópia. Explicita-se então um pilar central da economia criativa: os direitos de propriedade intelectual.

Podemos então, afirmar que a propriedade intelectual, apesar de não podermos ver e tocar ela pertence a alguém. Assim qualquer produto criativo (bem ou serviço) oriundo da criatividade dos artistas e pessoas criativas tem um valor econômico que deve ser considerado. Dessa forma, diante da afirmação de Mirshawka (2016, p. 48) a criatividade pode se tornar uma atividade econômica caso produza uma ideia com implicações econômicas ou um produto comercial.

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2 Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física (CPC, 04 R1). Já para Hoss et. al. (2010) Ativos intangíveis são incorpóreos representados por bens e direitos associados a uma organização. Independentemente de estarem contabilizados possuem valor e podem agregar vantagens competitivas, tal como é o caso de uma marca.

Para Mirshawka (2016, p. 6) a Economia Criativa é [...] “a economia do intangível, do simbólico”. O autor apresenta a dinâmica do funcionamento de um setor criativo, como pode ser analisado a seguir:


Figura 2 – A economia criativa (EC) e a dinâmica de funcionamento de um setor criativo.

diversos órgãos (Ministério da Cultura, BNDES, Agências da ONU e IBGE), de fazer com que a economia criativa pudesse ser melhor desenvolvida no Brasil, com ações como realização de Fóruns, Seminários, encontros de discussões e divulgação de estatísticas sobre dados relativos a economia criativa. Porém, as iniciativas estaduais, não foram embasadas em políticas públicas voltadas para esse tipo de desenvolvimento. Reis (2011, p. 16) enfatiza que o estado que mais despertou interesse pela economia criativa foi o Rio de Janeiro, por iniciativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), sendo que o primeiro resultado prático da instituição foi a realização em 2006 do “Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2005/2015”, no qual apontou as indústrias criativas como setor âncora do Estado, o RJ passa a ser o estado no qual as indústrias criativas apresentam maior peso.

Os setores criativos que fazem parte da economia criativa no entendimento de Mirshawka (2016) são: arquitetura, artesanato, artes cênicas, artes visuais, brinquedos, cinema, design, entretenimento, gastronomia, moda, música, pesquisa e desenvolvimento, publicidade e propaganda, setor editorial, softwares, televisão e rádio, turismo e videogames. No entendimento de Reis (2011, p. 13) no Brasil, a discussão a respeito das indústrias criativas começou em 2004 com a realização em São Paulo da 11ª edição do encontro quadrianual da UNCTAD (UNCTAD XI - Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) no qual se falava dos benefícios ao mesmo tempo econômicos e culturais gerados pelas indústrias criativas. Essa autora destaca que ao longo dos anos muitas foram as tentativas de

Continuando na visão de Reis, ela aponta que a FIRJAN, em 2008, divulgou o estudo “A Cadeia da indústria criativa no Brasil”, identificando serviços e produtos para cada uma das indústrias. Esse estudo chama a atenção para três níveis de atividades, segundo Reis (2011, p. 18) “as que compõem o chamado núcleo criativo; as não especificamente criativas, mas a elas relacionadas; e as de apoio às indústrias criativas. ” Esse estudo mostrou ainda que no Rio de Janeiro, as cadeias completas de 12 indústrias criativas responderam em 2006 por 2,4% dos empregos formais e 17,8% do PIB, com destaque para TV, artes visuais e software. Entretanto Mirshawka (2016, p. XIV) enfatiza que Apesar de ser reconhecido pela sua diversidade cultural e potencial criativo, o Brasil não figura nas pesquisas internacionais entre os 10 primeiros países em desenvolvimento, produtores e exportadores de bens e serviços criativos. 23


Ele explica que já existe dentro do Ministério da Cultura, uma Secretaria da e implementação de políticas públicas, a saber: Economia Criativa que tem como finalidade a formulação, implementação e monitoramento de políticas públicas para um novo desenvolvimento pautado Figura 3 - A EC brasileira e seus princípios norteadores na inclusão social, sustentabilidade, inovação e na diversidade cultural brasileira. Aponta que a economia criativa vem contribuindo para o crescimento de muitas economias, mas que é fundamental a articulação e a integração entre os governos nos três níveis: federal, estadual e municipal. Mirshawka (2016, p. XV) destaca ainda que de acordo com dados do Ministério da Cultura, os setores criativos no Brasil em 2014, empregaram cerca de 3,7 milhões de pessoas, ou seja, 4,5% do total de trabalhadores brasileiros, tendo um crescimento anual de 7%. Valida essa informação afirmando que No nosso País, quem no momento melhor explora o mercado criativo é o Rio de Janeiro, estando em segundo lugar o Distrito Federal, ou seja, Brasília, onde em 2015 produziu-se R$8,5 bilhões de riquezas vindas dos setores criativos, isto é, 3,7% do seu PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 229,7 bilhões.

Ainda Mirshawka (2016, p. XVI), sinaliza que no final de 2015 o Brasil deveria superar a marca de 4 milhões de empregos formais ligados a EC, explicando melhor [...] nas atividades e profissões que envolvam produção e transformação de ideias em produtos ou serviços incluindo áreas como arquitetura, artes, cinema e televisão, desenvolvimento de software, design, eventos, gastronomia, mídia, moda, música, publicidade e propaganda, televisão e rádio, turismo, videogames, etc.....

Diversidade Cultural: possibilita criar um mundo rico e variado ampliando as possibilidades de emprego e geração de renda, constituindo um dos principais motores do desenvolvimento sustentável das comunidades, povos e nações; Sustentabilidade: possibilidade de vários setores criativos garantirem uma sustentabilidade social, cultural, ambiental e econômica, por meio de novas formas de arquitetura, desenvolvendo melhores designs para que os produtos e serviços permitam uma economia de energia, criar maior empregabilidade, proporcionando melhor qualidade de vida para aqueles que tem trabalho;

Outro aspecto importante que esse autor (2016, p. 13) aborda diz respeito aos princípios norteadores da economia criativa que foram definidos pela Inovação: aqui entendida como inovação incremental, ou seja, melhoria do que Secretaria do Ministério da Cultura, com a finalidade de auxiliar na elaboração e já existe, com identificação de soluções aplicáveis e viáveis nos setores criativos 24


cujos produtos são fontes da integração entre novas tecnologias e a cultura; Inclusão Social: significa o direito das pessoas de escolha e acesso aos bens e serviços criativos brasileiros. A Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura apresentou em seu Plano de Trabalho (Políticas, diretrizes e ações – 2011 a 2014) cinco desafios para o seu desenvolvimento no Brasil, citados abaixo: 1º: Levantamento de informações e dados da Economia Criativa. 2º: Articulação e estímulo ao fomento de empreendimentos criativos 3º: Educação para competências criativas. 4º: Produção, circulação/distribuição e consumo/fruição de bens e serviços criativos - pouca infraestrutura. 5º: Criação/Adequação de Marcos Legais para os setores criativos.

Apresenta também um resumo dos principais dados da Economia Criativa no Brasil, a saber,

251 mil empresas atuam no setor. O crescimento foi de 69,1% desde 2004, R$ 126 bilhões é o PIB do setor. Isso corresponde a 2,6% do PIB brasileiro em 2013. Em 2014, a proporção era 2,1%. O PIB da Economia Criativa cresceu 69,8% em 10 anos. No mesmo período, o do Brasil cresceu 36,4%. O setor emprega 892,5 mil trabalhadores formais. Crescimento de 90% desde 2004. O percentual de empregados na Economia Criativa cresceu de 1,5% para 1,8% do total de trabalhadores. Estados com mais trabalhadores na Economia Criativa: 1º São Paulo: 349 mil pessoas, 2º Rio de Janeiro 107 mil pessoas. 221 mil pessoas trabalham na Indústria da Transformação. Isso corresponde a 2,8% do total de empregados na Indústria da Transformação no País. R$ 4.094,00 é o rendimento médio mensal na Economia Criativa. A média geral dos salários no País é de R$ 2.037,00. Isso significa que os profissionais da Economia Criativa têm alta qualificação.

No Brasil, segundo informações retiradas do site Santander Negócios os setores presentes na economia criativa são: artes cênicas, música, artes visuais, literatura

e mercado editorial, audiovisual, animação, games, softwares, publicidade, Vale ressaltar que tais desafios são os mesmos apresentados pelo Mirshawka rádio, TV, moda, arquitetura, design, gastronomia, cultura popular, artesanato, (2016, p. 20 e 21), que destaca que mesmo assim, vem aumentando o entretenimento, eventos e turismo cultural. crescimento da economia criativa no Brasil, apesar da ausência de políticas públicas para os setores culturais e criativos. Já para a Secretaria de Economia Criativa em seu Plano de Trabalho classificam os setores criativos conforme figura abaixo. A Secretaria de Estado de Cultura do Estado de São Paulo na seguinte publicação “Economia Criativa no Estado de São Paulo - conceitos e indicadores” (2016) aponta que A Economia Criativa despontou nos últimos anos como um dos segmentos que mais cresce no Brasil. Entre 2004 e 2013, enquanto o PIB brasileiro teve crescimento real de 26,4%, o das atividades classificadas no segmento tiveram desempenho positivo de 69,8%. 25


Figura 4 - Classificação dos Setores Criativos

abandono, muitos prédios acabam se deteriorando gerando lugares subutilizados que antes eram importantes para a cidade, por conta disso, é importante criar meios para fazer com que esses lugares sejam devolvidos para o uso da sociedade. Para atender essa necessidade se faz necessário a prática de intervenções no espaço urbano, especificamente, a requalificação urbana, que na visão de Silva (2011 p.46) “[...] é vista como um instrumento de intervenção que deve ser aplicado de modo a solucionar os problemas verificados no seio das cidades. ” Ainda referenciando a mesma autora, ela destaca que (2011, apud Ferreira, Lucas e Gato 1999 p. 124)

Percebemos que conforme o autor, há semelhanças, mas também algumas diferenças na forma como classificam os setores criativos. Destaca-se também que a FIRJAN/RJ classifica os setores em 04 áreas criativas (Consumo, Cultura, Mídias e Tecnologia) e detalha cada uma delas em segmentos totalizando em 13. 3.2 Economia Criativa e a Requalificação Urbana

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A requalificação urbana é um processo social e político de intervenção no território que visa essencialmente (re) criar qualidade de vida urbana, através de uma maior equidade nas formas de produção (urbana), de um acentuado equilíbrio no uso e ocupação dos espaços e na própria capacidade criativa e de inovação dos agentes envolvidos nesses processos. Dada a crescente degradação das estruturas existentes no espaço urbano a requalificação urbana integra “ (…) todo o processo que leva uma cidade, ou parte dela, a corresponder às expectativas de todos os estratos da população, incluindo o sócioculturalmente mais habilitados, de forma que esta utilize o espaço urbano de forma durável e agradável” (MOREIRA, 2007, p. 124). Trata-se, deste modo, de um processo dinâmico, resultante de várias linhas de orientação delimitadas, a fim de melhorarem a desarticulação territorial existente e tornarem coerentes as funcionalidades e a qualidade de vida no espaço urbano.

Como vimos anteriormente as consequências do crescimento das cidades sem planejamento, são perceptíveis até os dias de hoje, segundo Bezerra e Chaves (2014 p. 1) “as cidades crescem sem planejamento urbano, e por isso, ao longo do O espaço urbano pode ser definido como o espaço das cidades, porém é tempo, passam a desenvolver problemas em toda sua área, como desvalorização, importante diferenciar os conceitos de espaço e lugar, o primeiro se define mau uso e até abandono e marginalização das áreas. ” por suas dimensões, parâmetros, circulação e inserção na cidade e pelas suas funções. Ao contrário de lugar que deve ter condições de ser escolhido pelo seu Com o aumento das cidades, muitas áreas acabam sendo alvo de desvalorização e


usuário como espaço preferencial, que independente do objetivo sempre será um espaço que propicie encontro de pessoas.

uma alternativa para o desenvolvimento, especialmente por ter como maior ênfase a criatividade e poder realizar características culturais e sociais de cada região como vantagens no desenvolvimento e produção de bens e serviços únicos competitivos.

Neste sentido a requalificação urbana vem como uma opção de intervenção no espaço, requalificação é sinônimo de função, ou seja, quando um espaço é requalificado significa que queremos atribuir a ele uma nova função. De acordo com Seldin (2015, apud Krätke 2011, p. 22) teria sido a partir de 2001 que as políticas públicas de regeneração urbana começaram a ser acompanhadas de novas estratégias que enfatizam a “cidade baseada no conhecimento”, onde a tecnologia e as atividades intensas de pesquisa se tornavam os novos propulsores da imagem urbana. Ao propor a requalificação de um espaço urbano, atribuindo a ele uma nova função com diferentes usos tendo como foco a criação de uma cidade mais diversificada, com maior fluxo de ideias, mais interações e diversas organizações sociais, políticas e econômicas, se faz necessário a implementação de projetos

Os benefícios da economia criativa como modelo de desenvolvimento econômico da cidade são vários, entre eles o de reviver áreas urbanas decadentes, desenvolver áreas remotas, preservar o patrimônio cultural do país, gerar criação de empregos, valorizar a diversidade cultural, estimular a economia de uma cidade com base na criatividade, de modo a atrair a classe criativa e ampliar a competitividade entre as cidades, transformando-as em cidades criativas. De acordo com Mirshawka (2016, p. 28), a UNESCO, em 2004, lançou a Rede de Cidades Criativas – RCC, com sete áreas temáticas: artesanato e artes

folclóricas, artes midiáticas, design, filmes, gastronomia, literatura e música. voltados para a cultura, e a arte com foco na criatividade, como uma forma de Esta tem o objetivo de estabelecer uma cooperação internacional e incentivar o tornar a cidade mais atrativa e convidativa. compartilhamento de experiências e recursos com a finalidade de promover o desenvolvimento local por meio da cultura e criatividade. Nesse contexto, a economia criativa se apresenta como uma inovação e alternativa ao modelo de desenvolvimento econômico atual das cidades, tendo Assim, o uso criativo dos recursos na revitalização urbana promove o a cultura como uma alavanca para a promoção da inclusão social. Segundo desenvolvimento da cidade criativa podendo também funcionar como uma Mirshawka (2016, p. 28) “cidades criativas está baseado na crença de que a espécie de marketing urbano para um novo conceito de cidade. cultura pode desempenhar um papel muito importante na renovação urbana. ” De acordo com Piqué; Adán; Teixeira; Gaspar (2016 p. 43)

3.3 A Cidade Criativa

De acordo com os autores Landry e Bianchini (1995, p.11) a criatividade sempre esteve presente nas cidades, seja no mercado, na troca de mercadorias, com A Unesco (2008,2010) coloca a economia criativa como forma os empresários, artistas, intelectuais, estudantes, administradores e banqueiros. de impulsionar o crescimento econômico e representar Para eles a cidade se tornou o lugar onde as culturas e raças se misturam e onde

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a interação cria novas ideias, artefatos e instituições, são lugares que permitem abandonados, terrenos baldios, hangares desativados e amplos vazios as pessoas viverem suas ideias, necessidades, aspirações, sonhos, projetos, industriais, eles os valorizam e os transformam em lugares artísticos e culturais, conflitos, memórias, ansiedades, amores, paixões, obsessões e medos. ou seja, os artistas contribuem para o processo de reconquista dos espaços e para a reabilitação dos bairros. Com a evolução da cidade, os espaços foram se formando visando as diferentes formas de interação humana, a cidade passa a ser lugar de encontro e reunião das pessoas, lugar onde existe a troca de informações. O espaço público passa a exercer três usos principais, de acordo com Gehl (2002, p.10) “lugar de encontro, comércio e circulação”, de acordo com o autor, os espaços públicos com mais qualidades proporcionam mais variedade de atividades urbanas, voltadas para uma melhor interação da população com a cidade, existia a necessidade de novos discursos para atrair as pessoas para as cidades, a criatividade começou a ganhar espaço nos discursos de políticas públicas.

A importância das cidades se tornarem criativas está no seu atrativo para profissionais que trabalham com a criatividade, quando uma cidade passa a se tornar muito expressiva passa a ser um hub criativo3, um centro de conexões, no qual há vários clusters, para Mirshawka (2016, apud Florida 2012, p. 17) a cidade criativa convergem 3T’s- talento, tecnologia e tolerância, o que permitem a ela ter muitos negócios, atrair mais pessoas talentosas, incrementar as suas comunicações, desenvolver as suas instituições educacionais e com isso reconquistar reconhecimento por esse seu desempenho ou característica.

Segundo Reis (2011) percebe-se uma relação entre urbanismo e economia que pode ser analisada a partir da origem da palavra economia que vem da junção de Nessa mesma linha de pensamento, Vivant (2012, p. 16) afirma que “o crescimento duas palavras gregas: oikos (casa) e nomos (costumes, hábitos, leis), significando econômico se apoia na articulação de três valores: a tecnologia, o talento e também “administração do local onde vivemos”, “administração da casa”, a tolerância.” Dessa forma, os autores defendem que são as oportunidades “administração do lar”, a economia criativa trabalha com as relações humanas, oferecidas por uma economia local é que atraem as pessoas criativas e estas tem em seu epicentro, a sociedade e as pessoas. com suas habilidades artísticas transformam determinados bairros ou lugares, antes abandonados em lugares favoráveis à inovação, valorizando o espaço De acordo com Mirshawka (2016, p. 17) Charles Landry definiu o conceito de urbano. Kreatopolis como: “cidade criativa é aquela que é um bom lugar para viver, trabalhar e se divertir”, nela deve existir o cluster (aglomeração) criativo, ou seja, um edifício, um bairro ou qualquer espaço geográfico, no qual existe uma concentração de negócios baseados na Economia Criativa. A autora Elsa Vivant (2012) defende a importância dos artistas de rua na criação da cidade criativa, para ela uma cidade criativa asseguraria o desenvolvimento 28

da coletividade, pois os artistas ao se apropriarem dos espaços urbanos

3 O Hub é um conceito criado na Inglaterra, em 2005, que sintetiza um jeito contemporâneo de encarar o trabalho, que une independência, empreendedorismo e preocupação com o futuro do planeta. A palavra “hub” se refere na linguagem tecnológica a uma peça central, que recebe os sinais transmitidos pelas estações e os retransmite para todas as demais. No caso dos espaços físicos, os hubs se caracterizam por um lugar propício para o encontro de pessoas que interagem e, consequentemente, criam, empreendem e trabalham juntas.


As cidades devem ser consideradas como mercadorias para serem consumidas, devem ter características que estimulem a criatividade, o cosmopolitismo e a inovação, esses se tornaram para Mirshawka (2016, p. 22) “os elementos mais importantes nas cidades do século XXI”. O desenvolvimento das cidades criativas deve ser acompanhado de políticas públicas, a cultura cria emprego, gera renda e estimula a criatividade, por conta disso, investir nas cidades criativas é essencial para o desenvolvimento da economia, da cidade e do espaço urbano. Tal aspecto nos remete ao processo de planejamento urbano que deve se preocupar com uma cidade que estimule o convívio social e a troca de ideias. Além de implementar práticas sustentáveis e integradas com todas as dimensões: estruturais, econômicas e sociais. Segundo Reis (2011, apud Howkins, 2009 p. 116) Precisamos de lugares com mais pessoas, dos mercados mais ativos, de um ambiente construído apropriado e das maiores redes de banda larga. Neles, o aprendizado é mais rápido, a colaboração fica mais fácil e a novidade mais estimulante. Em outras palavras, uma cidade criativa.

3.4 Economia Compartilhada: uma nova forma de se fazer negócio O ato de compartilhar é datado desde o surgimento da sociedade e era comum o fato de dividirem bens e posses, porém com o crescimento das cidades e com a rápida urbanização pós-industrial as pessoas ficaram mais distantes umas das outras e as cidades maiores, foi ficando então cada vez mais difícil colocar em prática essa colaboração entre indivíduos. Com a crise econômica recente as empresas precisam se reinventar, diariamente, para manter a sua sustentabilidade financeira, assim a economia compartilhada ressurge como uma tendência de mercado que, motivada pelas startups e entusiastas da tecnologia preferem alugar, emprestar, compartilhar ao invés de comprar, é um modelo de economia que se sustenta em dois pilares o do compartilhamento e o da colaboração. Uma das características dessa economia é o compartilhamento dos ativos, seja eles tangíveis ou intangíveis, o carro, a bicicleta, a moto, o espaço são bens tangíveis, já o conhecimento, as habilidades são bens intangíveis. Essa economia

se baseia na reinvenção de antigos comportamentos mercantis, como a troca desses bens, no aluguel ou outras atividades que movem a sociedade por meio As cidades são locais de grande criatividade, locais de fomento a cultura e de tecnologias e novas mídias. importantes formadoras de opinião, por conta disso, a repaginação urbana passou a ser considerada prioridade nas grandes cidades, importantes Ela possui estreita relação com a economia criativa, principalmente nas centros culturais, centro de convenções, arranha-céus, projetos de uso misto, questões baseadas no financiamento coletivo aos empreendimentos artísticos renovações de galpões/ armazéns, reformas de orla e do patrimônio histórico e culturais da economia criativa, segundo o site do Santander Negócios. Já ao apareceram em diversos locais, direcionados ao consumo da cultura pela associar a economia compartilhada com a cidade temos como exemplos os população, criando uma infraestrutura econômica voltada as necessidades da espaços compartilhados que são lugares voltados para o compartilhamento das economia pós-industrial. empresas, onde os ambientes podem ser usados de diferentes maneiras por diferentes profissionais. Esse uso em conjunto, também ajuda com a sustentabilidade ambiental, pois com

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a criação de um espaço colaborativo acontece a redução do impacto ambiental e a melhoria no tráfego de veículos, além de outros benefícios como: maior solidariedade entre os usuários, incentivo para usufruir dos serviços por meio de recompensas, surgimento de novos modelos de negócios e oportunidades profissionais, bem como uma excelente oportunidade de aprendizagem entre os profissionais que ocupam o mesmo espaço.

4. ESTUDOS DE CASO Os seguintes estudos de casos foram escolhidos em função de serem voltados para a propagação da cultura e da criatividade, utilizando a economia criativa como base do negócio. Todos eles possuem espaços para artistas se desenvolverem e mostrarem sua arte, cultivando a cultura local. 4.1 Red Bull Station - São Paulo

De acordo com o site Santander Negócios a economia compartilhada está separada em 3 modalidades: (i)

(ii) (iii)

Sistema de produtos e serviços, em que paga-se pela fração de uso – AirBnB e Uber são exemplos deste grupo; Mercados de redistribuição, associados a trocas e doações; Estilos de vida colaborativos, em que há propensão à troca e ao compartilhamento de ativo intangíveis como tempo, espaço, habilidades e dinheiro.

Nessa última modalidade encontra-se o crowdfunding (financiamento coletivo), coworking (compartilhamento de espaços de trabalho) e o couchsurfing (hospedagem solidária). O uso compartilhado desses espaços, surge, também, como uma das oportunidades presentes em uma cidade criativa, com os diversos usos do espaço existentes, quase que de imediato a criação de uma rede colaborativa, no qual as pessoas trabalham em conjunto e usufruem dos mais variados serviços disponíveis naquele espaço.

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Arquitetos: Triptyque Localização: São Paulo, Brasil Ano do projeto: 2013 Área: 2.150 m² Figura 5 –Red Bull Station - Fachada - Pedro Kok Fonte: ArchDaily.com.br


O edifício da Red Bull Station está localizado no centro de São Paulo, onde o processo de urbanização deixou uma grande quantidade de espaços ociosos, a reforma desse espaço mostrou que existe uma necessidade do centro da cidade de se reestruturar e se requalificar para o uso da sociedade de forma geral. Com a reinauguração, um centro de artes e música nasceu como importante ator de transformação deste cenário. Localizado em um edifício de 1926 tombado como patrimônio histórico pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico), o Red Bull Station ocupa a antiga subestação de energia Riachuelo que foi desativada em 2004. Após um longo processo de reforma e requalificação, o prédio reabriu as portas para o público em outubro de 2013, contendo cinco andares que contam com projetos voltados para música, arte e multimídia. O edifício funciona como um espaço voltado para a valorização artística, com ateliês individuais, espaços voltados para exposições, um estúdio de gravação, área para ensaios, também funciona no local um programa voltado para residência artística, onde os participantes selecionados podem usufruir dos espaços para desenvolver seus projetos individuais. No local ocorre também, palestras, workshops tendo como temas o foco na arte e música, realizam eventos na cobertura do edifício que tem uma vista para a Praça da Bandeira e um Café voltado para o uso público. A escolha desse projeto como estudo de caso se deu por conta de seu programa, que incluem espaços que servem como apoio e suporte para o desenvolvimento de atividades da classe criativa presente na cidade, como ateliês e o estúdio de música, ambientes estes, que servirão como referência para o no projeto final. Figura 6 - Red Bull Station - Café – Pedro Kok Figura 7- Red Bull Station - Área de Exposição – Pedro Kok Fonte: ArchDaily.com.br

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4.2- Impact Hub- São Paulo Arquitetura: Luiz Paulo Andrade Arquitetos Localização: São Paulo - SP Ano do Projeto: 2016 Área: 2.400m² Este edifício aparece, também, como uma referência de economia compartilhada, o primeiro Hub Criativo surgiu em Londres em 2005, no bairro de Islington com o objetivo de ser um espaço de trabalho colaborativo. Ao longo do tempo, diferentes pessoas com diferentes propósitos foram se juntando ao espaço. Em São Paulo o Impact Hub começou a tomar forma em 2006 com Pablo Handl e Henrique Bussacos que perceberam, de acordo com o site oficial, que não existia, na cidade, uma comunidade integrada ou ecossistema que pudesse ser uma plataforma de encontro e de colaboração para pessoas com o mesmo Figura 8- Impact Hub - Imagem em 3D da Praça de acesso perfil: empreendedores em potencial que queriam criar negócios com impacto Fonte: Luiz Paulo Andrade Arquitetos social, ou mesmo onde sonhadores práticos pudessem se encontrar para inovar A relação dos espaços de trabalho dentro do coworking serve de referência para e empreender. o projeto final, o entendimento da necessidade dos espaços compartilhados Segundo o site oficial do espaço o hub funciona como uma rede global de onde um grupo de pessoas talentosas dividiram esse espaço gerando troca de empreendedores de impacto, um espaço de trabalho compartilhado, um ideias, experiências e informações. laboratório de inovação, uma incubadora de empresas e um centro colaborativo de empreendedores sociais, a ideia foi imaginada com o intuito de criar um habitat para inovações sociais que se inspira no melhor de uma incubadora, uma agência de inovação, um escritório, um café e um ateliê de arte

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4.3 Sesc Arsenal - Cuiabá Arquitetura: Ernesto Galbiatto; Anna Regina Feuerharmel; Gabriel Francisco de Mattos Localização: Cuiabá- MT Ano do projeto: 2001 Área: 5.316,65 m2 Este edifício localizado na cidade de Cuiabá, local do projeto final, é utilizado como referência pois é um espaço voltado para o desenvolvimento e para a propagação da cultura e da arte cuiabana, com eventos que atraem toda a população, sua arquitetura serve de referência também por conta da disposição das salas diante da grande praça, todas as salas estão localizadas ao redor dela, que serve como o grande ponto de encontro do edificio e do café que atrai grande parte do publico, e também pela programação cultural e por ser um dos poucos lugares que serve de apoio para os artistas da cidade. O Centro de Atividades SESC Arsenal conta com os seguintes espaços: central de atendimento, choperia, centro de difusão e realização musical, cinema, banco de textos de artes cênicas, galeria de artes, laboratório da palavra, teatro, biblioteca, salão social, sala de dança, oficina de ideias, ateliê de artes, teatro de formas animadas, núcleo de cinema, ponto de artesanato e terraço plural. Figura 9 – SESC Arsenal - Fachada Principal Fonte: Sesc Mato Grosso

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4.4 Praça das Artes - São Paulo Arquitetura: Brasil Arquitetura Localização: São Paulo - SP Ano do projeto: 2012 Área: 2.850,00 m²

Figura 10 - Praça das Artes – Entrada principal – Nelson Kon Fonte:ArchDaily.com.br

Segundo o site ArchDaily,

A implantação desse equipamento cultural, além de atender à histórica carência de espaços para o funcionamento do Teatro, desempenha papel indutor estratégico na requalificação da área central da cidade, uma vez que o rico e complexo programa de uso, focado nas atividades profissionais e educacionais de música e dança, está fortemente marcado por funções de caráter público, convivência e vida urbana.

Considerando os objetivos deste trabalho, este projeto aparece como estudo de caso por se tratar de um edifício que foi construído com o propósito de requalificar uma área degradada no centro de São Paulo e por ser um edifício voltado para o O conjunto foi criado como uma extensão das atividades do Theatro Municipal, desenvolvimento de ações que tem como base o uso da criatividade. ele funciona como sede de diferentes grupos como Orquestras, Corais, Grupos de balé, além de abrigar as Escolas Municipais de Música e Dança, o Museu do Teatro, o Centro de Documentação Artística, restaurantes, estacionamento e uma grande área de convivência que interliga o quarteirão convidando as pessoas a entrarem no local. De acordo com o site do Theatro Municipal:

A criação da Praça das Artes vem resolver um problema histórico de falta de espaço dos bastidores do Theatro Municipal. Durante décadas os grupos artísticos ligados ao Theatro ocuparam diferentes espaços do centro da cidade. A Escola de Dança, que esteve por 70 anos nos baixos do Viaduto do Chá, se mudou em 2013 para ocupar três andares da Praça das Artes. Da mesma forma, a Escola Municipal de Música deixou o antigo endereço na Rua Vergueiro para se alojar nos segundo e terceiro andares da Praça. A Orquestra Experimental de Repertório, que ensaiava na Galeria Olido, mudou de endereço, assim como o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo que passa a ocupar a Sala do Conservatório, no primeiro andar da Praça das Artes.

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Uma das principais vantagens do edifício é a capacidade que ele tem de proporcionar encontros por ser um espaço aberto, pois serve, também, como palco de eventos abertos ao público, proporcionando cultura à sociedade e


e espaços de lazer. De acordo com o site Vitruvius o projeto se desenvolve em três direções -

Esses edifícios históricos são registros físicos e simbólicos remanescentes da cidade do século passado. Como raízes dos novos usos sustentarão, com sua cor branca que contrasta com o ocre e o vermelho do concreto, uma vida por ser

Vale do Anhangabaú (Rua Formosa), Avenida São João e Rua Conselheiro inventada. Crispiniano – ocupando espaços e criando vazios, aparece como um grande edifício em concreto aparente, pigmentado na cor ocre, é o elemento principal ao estabelecer um novo diálogo com a vizinhança e, também, com os edifícios históricos existentes que, reformados, permanecem como parte integrante do conjunto. Ainda de acordo com o site

[..]este edifício possui um pé-direito livre, de modo a liberar o pavimento térreo aos pedestres, que podem cruzar o quarteirão de lado a lado e em três direções, a céu aberto ou protegidos por marquises. Essa é a “travessa das artes”, ou galeria aberta, onde serão instalados pontos comerciais e de serviços, atraindo para o novo espaço o movimento das ruas do entorno. Dessa maneira, o projeto propõe um reordenamento urbanístico para a região.

Figura 11 - Praça das Artes - Vista do pátio - Nelson Kon Fonte:ArchDaily.com.br

O antigo edifício, anexo ao Conservatório Dramático e Musical, dá lugar a uma torre, que funciona como centro articulador de todos os departamentos e setores instalados no conjunto. Todos os escritórios administrativos, a circulação vertical (escadas e elevadores), os halls de chegada e distribuição, os sanitários e vestiários e os shafts de instalações estão concentrados neste edifício. Essa nova torre, também em concreto aparente, porém pigmentado na cor vermelha, destaca-se como o centro geográfico de todo o conjunto, entrada e saída de público. Do extinto Cine Cairo, na Rua Formosa, permanece a fachada, agora amalgamada ao novo edifício, destinado aos Corpos Artísticos. O antigo Conservatório Dramático e Musical foi restaurado e readequado para novos usos: galeria de exposições do acervo do Teatro Municipal e Sala de Concertos. 35


5. UMA PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO URBANA PARA CUIABÁ

5.1 Contexto Histórico

De acordo com o que foi estudado nos capítulos anteriores, observamos o

A cidade de Cuiabá, capital do Estado do Mato Grosso, localizado na região

uso da criatividade como forma de requalificação de espaços degradáveis ou abandonados, de acordo com Júnior, Júnior e Figueiredo (2011 apud HARTLEY, 2005, p. 5) [...] “ a economia criativa permite repensar o desenvolvimento econômico e a revitalização das cidades, sejam aquelas que sofreram com a decadência fordista, ou as que nunca implantaram uma base industrial. ”

Centro Oeste do país, foi fundada em 1719 pelos bandeirantes, estima-se que a população da cidade hoje é de 585.367 habitantes, sua economia é baseada no comércio, na indústria e no agronegócio.

Como visto anteriormente as cidades ao se tornarem criativas atraem as chamadas classes criativas que buscam cidades com uma melhor qualidade de vida, por conta disso, investir nas cidades se torna necessário para o desenvolvimento econômico e para a transformação urbana, de acordo com Reis (2015, p. 10) Ao buscar o desenvolvimento econômico, social e cultural por meio da relação íntima com os lugares, pessoas em diversas partes do globo partiram de duas premissas básicas: considerar a criatividade como elemento central dos processos produtivos e realçar as conexões entre as pessoas. É esta a origem de um dos modos contemporâneos de aproximar economia e cultura: o cluster criativo.

A ideia da criação de um cluster é de ter um lugar voltado para o desenvolvimento do trabalho e das ideias da classe criativa, funcionando como um impulso ao desenvolvimento do espaço e da cultura local, um lugar onde a inovação é estimulada. Levando em consideração esse conceito, apresentamos um projeto de arquitetura de um Centro de Cultura e Arte na cidade de Cuiabá/Mato Grosso, utilizando os princípios da economia criativa e da economia compartilhada para renovar o espaço e influenciar o crescimento da cidade culturalmente. 36

Segundo dados do site do Governo do Estado Mato Grosso é conhecido como o celeiro do país, campeão na produção de soja, milho, algodão e de rebanho bovino, e agora quer alcançar novos títulos do lado de fora da porteira das fazendas. Com crescimento “chinês” de seu Produto Interno Bruto, o estado iniciou um planejamento para atacar diversas frentes com potencialidades até então adormecidas. A estratégia vai permitir que sua produção seja diversificada para agregar valor a tudo aquilo que é produzido em terras mato-grossenses e que acaba abastecendo o Brasil e o mundo. O governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), está planejando um conjunto de ações para atrair investidores para Mato Grosso. Cinco eixos prioritários para esta transformação foram definidos pela secretaria. A partir de agora serão realizados estudos para reformular as políticas tributária, de atração de investimentos, logística e mão de obra. Os cinco setores com grande potencial de crescimento na região e que terão atenção especial do estado são agroindústria, turismo, piscicultura, economia criativa e polo joalheiro. Para isso, o estado pretende reformular o Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic) e o sistema tributário estadual.

Ainda de acordo com o site do governo a cidade de Cuiabá apresenta uma diversidade cultural composta por artesanato, gastronomia, folclore, danças e


músicas, sendo que estas últimas

[...]tem influências de origem africana, portuguesa, espanhola, indígenas e chiquitana. É um conjunto muito rico de combinações que resultou no rasqueado, siriri, cururu e outros ritmos. Os instrumentos principais que dão ritmo às músicas e danças são: a viola de cocho, ganzá e mocho.

Destacamos também, a especificidade do linguajar cuiabano com o sotaque mais marcados da língua portuguesa, uma forma de falar que se mistura com uma entonação diferente. Cuiabá é conhecida como uma das cidades mais acolhedoras do Brasil, fato evidenciado pela sua animada vida noturna que oferece opções para todos os gostos e estilos. A diversão é garantida ao sair e divertir em algum dos bares ou casas noturnas da cidade. À noite em Cuiabá tem um cenário único, e devido a temperatura elevada durante o dia, durante a noite o clima é ideal para passear e frequentar os melhores bares, restaurante e casas noturnas.

estrutura do prédio ao longo dos anos. Passou por reforma, restauro e revitalização, reabrindo as portas em 2009. Funcionou até setembro de 2014 sob regime de contrato de gestão. Atualmente a política de gestão do Cine Teatro Cuiabá passa por reformulação. Um novo chamamento está aberto com o objetivo de transformar o espaço num centro cultural artístico-pedagógico de referência, adotando um modelo de Teatro-Escola que combinará difusão e formação profissional.

Cuiabá, em 2014, foi escolhida como uma das 12 sedes da copa do mundo, por conta disso, passou a receber diversos investimentos em sua infraestrutura, porém para que essas obras fossem concluídas muitos locais tiveram que ser desapropriados, no entanto, até hoje algumas dessas obras não foram finalizadas gerando lugares ociosos e abandonados pela cidade.

A atual crise econômica do país, também é um dos fatores que vem influenciando a vida na cidade, muitos locais de comércio acabaram fechando o que ocasionou Encontramos também museus, peças de Teatro nos teatros da cidade, entre mais espaços urbanos fechados, além do aumento das demissões dos eles da Universidade Federal de Mato Grosso, Zulmira Canavarros e o principal trabalhadores. Foi observado nos dois últimos anos uma queda na participação o Cine Teatro Cuiabá que foi um marco na cultura cuiabana, pois faz parte da das pessoas na vida noturna, restando apenas para a diversão dos menos sua história, conforme podemos perceber pelas informações retiradas do site favorecidos economicamente os parques públicos. da Secretaria da Cultura. Percebemos a ausência de uma “vida cultural” na cidade, além da noturna, de O Cine Teatro Cuiabá foi inaugurado em 23 de maio de 1942. forma mais intensa, criativa, de lugares nos quais as pessoas possam divertir, O prédio possui 1.182m2 de área construída, incluindo teatro produzir e expor sua criatividade, ou seja, de transformar suas ideias criativas com platéia para uma capacidade de 515 pessoas. em negócios. Assim, a proposta apresentada neste trabalho vem com o intuito Construído em área central da cidade, na Avenida Getúlio Vargas, ao lado do antigo Grande Hotel, oportunizou grandes de ajudar a renovar a cidade e os seus espaços, trazendo um novo ambiente espetáculos cinematográficos e cênicos até fins da década de voltada para o estímulo e a propagação da cultura e da arte para o convívio da 60. sociedade. Em outras décadas, foi sede do Banco Bemat, cedido para a Fundação Cultural de Mato Grosso e sofreu interferências na

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A criação de um Centro de Cultura e Arte servirá para o desenvolvimento da e tradicional. cultura local, para o redesenho da paisagem urbana, um espaço voltado para Negócios digitais: startups, fablabs, mídia digital, software, games, novas mídias e mídias sociais. o uso da população, com incentivo à cultura e à arte, ao compartilhamento, a sustentabilidade, a novas conexões e interações, a inclusão social e a diversidade, Criações funcionais: arquitetura urbanismo, moda, design, publicidade, gastronomia e turismo. contribuindo para que a cidade de Cuiabá seja transformada em uma cidade que reconhece a criatividade como forma de desenvolvimento social, cultural e econômica. Segundo o site Folha Max esse programa contará com várias ações nos eixos de estudo e pesquisa, capacitação e formação, fomento e financiamento, além Recentemente o Governo do Estado começou a investir no crescimento da de estímulos aos territórios criativos como o Centro de Economia Criativa. economia criativa, acreditando no enorme potencial de desenvolvimento neste segmento o governo lançou o MT Criativo, um Programa de Desenvolvimento da Vale ressaltar alguns dados coletados do Mapeamento da Indústria Criativa Economia Criativa no Estado que articula ações de cinco secretarias de estado4 no Brasil realizado pelo sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de com o objetivo de criar política, diretrizes e ações para o desenvolvimento da Janeiro), que cobriu o período entre 2013 e 2015 que teve como objetivo atualizar as estatísticas e identificar como se comportou a Indústria Criativa no economia criativa no território mato-grossense. Brasil no referido período. Segundo o site do Governo do Estado o programa visa também, Articular uma rede de negócios que contemple os princípios de criatividade, diversidade cultural, sustentabilidade e inclusão social; identificar, desenvolver, fortalecer e fomentar os segmentos e territórios criativos e promover a geração de novos empreendimentos, trabalho e renda.

Os segmentos que compõem a Economia Criativa para o estado Mato Grosso são Mundo das Artes: artes visuais, artes cênicas, audiovisual, música, literatura, fotografia, artesanato, bibliotecas, museus e galerias, patrimônio material e imaterial, cultura popular e

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Esse mapeamento apresenta recortes estaduais e assim se faz necessário citar o desempenho do Estado de Mato Grosso - MT com essa economia, conforme levantado por essa pesquisa, para que se possa analisar as perspectivas futuras de crescimento e alavancagem dos segmentos da economia criativa, seguindo a concepção e entendimento da classificação dos setores criativos da FIRJAN/ RJ. Ressalta-se que será citado apenas alguns dados mais genéricos e relevantes sobre cada área e dados específicos para conhecer melhor a atuação do Estado de Mato Grosso.

Dessa forma, na primeira área do Consumo (Publicidade, Arquitetura, Design e Moda) registramos as maiores forças de trabalho nos estados da região Sudeste (exceto o Espírito Santo) e Sul. Profissionais criativos mais bem remunerados 4 Fazem parte do programa a Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência situam-se no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Abaixo observamos a Social (Setas), Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Inovação (Seciteci) e participação dos profissionais de Consumo na Indústria Criativa e os empregos Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).


formais e salários do estado do MT. Gráfico 1 - Participação dos profissionais de Consumo na Indústria Criativa dos estados-2015.

Fonte: FIRJAN/RJ 2016 Tabela 1 – Empregos formais e salários na área criativa de Consumo em MT – 2013 e 2015

Gráfico 2 - Participação dos profissionais da Cultura na Indústria Criativa dos estados-2015.

Fonte: FIRJAN/RJ 2016 Tabela 2- Empregos formais e salários na área criativa de Cultura em MT – 2013 e 2015

Fonte: FIRJAN/RJ 2016

Fonte: FIRJAN/RJ 2016

Na segunda área analisada Cultura (Expressões Culturais, Patrimônio e Artes, Música e Artes Cênicas) os estados de São Paulo e Rio de Janeiro concentram o maior número de trabalhadores e também os mais bem remunerados no país. Abaixo observamos a participação dos profissionais de Cultura na Indústria Criativa e os empregos formais e salários do estado do MT.

Na terceira área analisada de Mídias (Editorial e Audiovisual), São Paulo se destacou em relação à quantidade de profissionais, Rio de Janeiro e Distrito Federal sobressaíram com relação a remuneração. Abaixo observamos a participação dos profissionais de Mídias na Indústria Criativa e os empregos formais e salários do estado do MT.

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Gráfico 3- Participação dos profissionais de Mídias na Indústria Criativa dos estados-2015. Gráfico 4 - Participação dos profissionais de Tecnologia na Indústria Criativa dos estados-2015.

Fonte: FIRJAN/RJ 2016 Tabela 3- Empregos formais e salários na área criativa de Mídias em MT – 2013 e 2015

Fonte: FIRJAN/RJ 2016

Fonte: FIRJAN/RJ 2016 Tabela 4 - Empregos formais e salários na área criativa de Tecnologia em MT – 2013 e 2015

Na quarta área analisada de Tecnologia (P&D, TIC e Biotecnologia) os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais concentraram mais da metade dos trabalhadores dessa área devido a existência de grandes centros de pesquisas e instituições da área tecnológica nos estados. Acerca dos salários Rio de Janeiro ficou com a liderança seguido de Rio Grande do Norte e do Amazonas. Abaixo observamos a participação dos profissionais de Tecnologia na Indústria Criativa e os empregos formais e salários do estado do MT.

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Fonte: FIRJAN/RJ 2016

Mediante esses resultados do Estado de MT percebemos que a EC está em crescimento, porém é um mercado que ainda pode crescer se houver investimentos que possibilitem o desenvolvimento dos setores criativos buscando aumentar o conhecimento e a inovação das referidas áreas.


5.2 Localização O local escolhido para a implantação do Centro de Cultura e Arte está localizado perto do centro histórico da cidade, e também perto do atual point da cidade a região da Praça da Mandioca, local onde a população se encontra nos finais de semana para usufruírem dos bares e pubs, o terreno também está localizado relativamente perto da sede de EC do estado, denominado como “Centro de Economia Criativa no “Grande Hotel de Cuiabá”, atual prédio no qual funciona a Secretaria de Cultura do Estado. Esse Centro terá como objetivo servir como um centro de referência para a propagação da EC no estado, situado, na Avenida Getúlio Vargas, após as reformas. De acordo com o site Olhar Direto, o espaço abrigará atividades relacionadas ao setor com o objetivo de gerar e potencializar novos empreendimentos. O terreno também está localizado próximos a vias importantes para o fluxo da cidade como a Avenida Mato Grosso, Getúlio Vargas e Historiador Rubens de

anos”, entre elas destacamos a revitalização de parte do centro histórico, tais como Morro da Luz, igrejas católicas e mesquitas. Outra ação interessante será a implantação do Museu Digital 300 anos que será um museu tecnológico, com a proposta de contar histórias dos 300 anos da capital, utilizando recursos da era digital, de maneira interativa a ser coordenado pela prefeitura municipal e que será localizado no antigo Cinema Bandeirantes, prédio situado no centro histórico e próximo do terreno do projeto. O terreno está localizado entre as ruas Comandante Costa e Barão de Melgaço e possui uma área de 5.400,48m². Atualmente, ele está sem uso, o que possibilita a construção do Centro de Cultura e Arte, que proporcionará para as pessoas do seu entorno um local com uma série de atividades sociais e artísticas, além da possibilidade de fazer negócios e gerar renda para as famílias. Com a construção do Centro a intenção é que as pessoas de outras regiões o busquem pelas atividades de trabalho e lazer desenvolvidas, trazendo mudanças ao ambiente e estabelecendo maiores conexões.

No mapa da figura 12, é possivel analisar a localização do terreno, e destacar Mendonça, importantes vias de locomoção na cidade e que interligam diferentes alguns equipamentos culturais nas proximidades como por exemplo o Cine regiões , as ruas que cercam o terreno, Barão de Melgaço e Comandante Costa Teatro e o Museu de Arte de Mato Grosso e a Praça da Mandioca. são atendidas por linhas de ônibus, único meio de transporte publico em Cuiabá, fazendo com que o terreno tenha facíl acesso pelo público. Uma das vantagens da localização do terreno é o fato de poder servir como influência na requalificação do centro histórico da cidade, que se encontra abandonado e sem a devida atenção pelos órgãos públicos. Entretanto, no Governo atual essa preocupação com o resgate do centro histórico está presente ao pensar na implantação do Projeto que está preparando a capital para os 300 anos que completará em 2019. Dentre as várias ações e obras que serão retomadas, pelo “Projeto Cuiabá 300

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Figura 12: Mapa da localização do terreno Fonte: Google Maps 42


5.3 Usos do Solo

5.4 Dados do Terreno

De acordo com o mapa de uso do solo, percebemos que a maioria do entorno

O terreno está localizado na Zona de Interesse Histórico, e por conta disso a

imediato do terreno é composto de residências, e logo em seguida existe a presença de serviço e comércio, um uso relativamente misto, existe também a presença de alguns terrenos vazios e uma escola de inglês, o que proporciona para o projeto a presença de diferentes públicos.

construção do prédio só é autorizada caso seja considerada de baixo ou médio impacto, a categoria de alto impacto, segunda a legislação local são conjuntos comerciais com area superior a 10.000 m². Está zona tem o Potencial Construtivo de 3,00. Área do terreno: 5.400,48m² Área do edifício: 5.400m² TO: 0,80

Habitação

Serviço/ Comércio

Institucional

Figura 13: Mapa de Uso do Solo Fonte: Autora

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5.5 Descrição do Projeto O projeto do Centro de Cultura e Arte deve ser um local voltado para a propagação da cultura e da arte, um lugar onde as pessoas possam ir durante o dia e serem acolhidas com diferentes atividades culturais e artísticas, um espaço sempre em movimento, com muita diversidade de usos e pessoas, propiciando um ambiente agradável que faz parte da cidade, que incentiva a coletividade e o compartilhamento. O partido do projeto se deu com a diferença de nível entre duas ruas, assim, se deu a criação de dois acessos diferentes para o público, um pelo nível mais alto na Rua Comandante Costa e outro pelo nível mais baixo na rua Barão de Melgaço. A ideia principal do projeto é de que a população possa caminhar livremente por todos os andares e acompanhar as aulas que acontecem nas salas de aula e também utilizar o espaço para lazer, com oficinas, apresentações artísticas ou até mesmo local de descanso ao usufruírem dos Cafés, Restaurante, Cinema e da Galeria de Arte. O acesso pela rua Comandante Costa funciona como um prolongamento da rua, assim, o pedestre tem acesso fácil a Midiateca, a Galeria de Arte, ao Restaurante ,Café e a Administração. Este andar funciona também como um grande mezanino com vista para a praça pública e também serve como acesso ao andar da rua Barão de Melgaço. No andar com acesso pela rua Barão, encontra-se as salas voltadas para atividades relacionadas a música, dança e salas multiusos, também é onde está localizado o Estúdio de música, o Cinema e a entrada do Coworking. As salas de aula se encontram no limite da projeção do piso superior para usufruírem o máximo 44

da luz natural, que também está presente em aberturas presentes no piso superior. A praça pública serve como local de encontro para a população, e também para os diferentes grupos que utilizarem desse prédio, na frente das salas de dança existe um palco, o que possibilita apresentações voltadas para o público. Essa praça foi pensada com um piso diferenciado que remete a criatividade e artes de uma forma geral, possui também dois decks de madeira localizados nas extremidades dos prédios com disposição de bancos e cadeiras para proporcionar momentos de relaxamento e descanso para o público, tornandose assim, um local agradável para o uso de todos, todo o projeto foi pensado como uma extensão dos espaços públicos da cidade. No subsolo encontra-se o estacionamento, o Ateliê artístico e o espaço de Coworking com o Fablab, por serem ambientes de usos mais restritos encontram-se localizados nesse andar de menor acesso ao público, assim existe uma maior privacidade para as pessoas desenvolverem seus projetos. O prédio será construído com estrutura metálica, madeira, concreto e vidro, se destacando dos demais prédios do entorno, o objetivo principal é chamar a atenção da cidade para a existência de um prédio voltado para o desenvolvimento cultural e artístico e um novo espaço de lazer para a cidade. Pretendemos com este projeto e considerando a localização do terreno, levar as pessoas para o centro da cidade e usufruir desses espaços com tranquilidade e segurança. O objetivo é criar um centro cultural e artístico que servirá de incentivo para produtos culturais e artísticos serem produzidos e consumidos pelo público


de forma geral, bem como pelos próprios participantes do referido espaço, ou seja, espaços voltados para a expressão da diversidade e criatividade dos artistas e também para a conectividade entre a sociedade e a cidade. A escolha pelo nome SINERGIA, termo de origem grega que significa cooperação, se deve ao fato de ir ao encontro da proposta da criação do Centro de Cultura e Artes, local no qual contará com várias espaços a serem utilizados pela classe criativa e artística de Cuiabá, buscando o engajamento de todos e a cooperação para a revalorização do espaço urbano, por meio da lógica das redes e da sinergia de todos.

Ateliê/ Coworking Galeria

O local hoje sem movimento e tão próximo do centro histórico, com o desenvolvimento das atividades do Centro de Cultura e Arte, propiciará ao bairro uma oportunidade de crescimento sócio econômico, além de oferecer as pessoas momentos de distração e descontração em seus ambientes.

Midiateca Salas de Dança

Sinergia é o que pretendemos, buscar a união de diversos artistas que tem o

Coworking objetivo de chegar ao mesmoAteliê/ resultado, ou seja, produzir e ter um bom lugar para trabalhar e se divertir. Galeria

Midiateca Salas de Dança Sala Multiuso

Sala Multiuso Cinema

Ateliê/ Coworking Galeria Midiateca

Cinema

Restaurante Administração

Salas de Dança Sala Multiuso Estúdio

Restaurante Administração Estúdio de Música

de Música

Coworking

Coworking Figura 14: Cortes Esquemáticos Fonte: Autora

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5.6 Estrutura

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Planta Subsolo

Planta Nível 186

A Estrutura do Subsolo é composta de pilares e vigas metálicas, e muros de contenção, assim como a presença de elementos arquitetônicos que ajudam na sustentação do prédio como elevadores, escadas e rampas, este andar dá sustentação para o andar superior e para a praça publica.

A Estrutura deste andar é composta de pilares e vilas metálicas, e muros de contenção, assim como a presença de elementos arquitetônicos que ajudam na sustentação do prédio como elevadores, escadas, este andar dá sustentação para todo o andar superior.

Figura 15: Planta Estrutural- Subsolo Fonte: Autora

Figura 16: Planta Estrutural- Nível 186 Fonte: Autora


Planta Nível 190 A Estrutura deste andar é composta de pilares e vigas metálicas, é uma estrutura independente dos demais prédios pois não segue o mesmo limite

Figura 17: Planta Estrutural- Nível 190 Fonte: Autora

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IMPLANTAÇÃO Escala 1:750 48


LEGENDA: 7- DML 13- Vestiário Masculino 14- Vestiário Feminino 22-Área de Convivência 35- Copa 36- Ateliê 37- Coworking 38- FabLab

PLANTA SUBSOLO Escala 1:500 49


LEGENDA: 1- Recepção 4- W.C Feminino 5- W.C Masculino 7- DML 10- Cozinha 11- Café 13- Vestiário Masculino 14- Vestiário Feminino 17- Depósito 22-Área de Convivência 23- Sala de Reunião

PLANTA NÍVEL 186 50 Escala 1:500

24- Sala Multiuso 25- Sala de Música 26- Sala de Som 27- Sala de Instrumentos 28- Sala Técnica 29- Sala de Dança 30- Palco 31- Praça Pública 32- Cinema 33- Sala de Projeção 34- Bilheteria


LEGENDA: 2- Midiateca 3- Administração 4- W.C Feminino 5- W.C Masculino 6- W.C PNE 7- DML 8- Sala de Estudo 9- Galeria de Arte 10- Cozinha 11- Café

PLANTA NÍVEL 190 Escala 1:500

12- Sala de Funcionários 13- Vestiário Masculino 14- Vestiário Feminino 15- Carga e Descarga 16- Restaurante 17- Depósito 18- Escritório 19- Almoxarifado 20- Câmara Fria 21- Bar

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VISTA DA RUA BARÃO DE MELGAÇO

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VISTA DA RUA BARÃO DE MELGAÇO

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VISTA DA RUA COMANDANTE COSTA

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VISTA DA RUA COMANDANTE COSTA

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

encontra em evolução.

Após os estudos realizados constatamos que a falta de espaços urbanos voltados Aliada as experiências com a economia criativa, surge a economia compartilhada para a expressão da arte e da cultura é refletida nos dias atuais, muitas cidades que tem se apresentado como uma nova tendência de mercado no qual o acabam tendo que se adaptar de diferentes maneiras para darem a sua população alguma forma de se encontrarem e se divertirem, a exemplo do que ocorre na cidade de São Paulo que passou a abrir as principais avenidas nos domingos para a população, garantindo um espaço de lazer a mais no meio do caos diário da cidade.

compartilhamento das coisas e espaços passa a ser o fundamental. O maior exemplo é o Coworking. Essas experiências demonstraram que no local onde esses prédios desenvolvem essas atividades, estes acabam servindo como alternativa de requalificação desses lugares, visando integrar a sociedade nos espaços antes ociosos, gerando emprego ou renda para os artistas, ao mesmo tempo que devolve um espaço revitalizado para o uso público. Ao resgatar um espaço público ou construir em um espaço abandonado e dar a ele um novo significado, revitaliza-se a região e traz mais vida e atividades para o seu entorno. Essa é a intenção com o projeto a ser desenvolvido em Cuiabá.

Outro importante fator também observado durante a execução deste trabalho refere-se ao fato de que muitos espaços urbanos foram desvalorizados e abandonados, em decorrência de diversos fatores tais como: crise na economia, fechamento de negócios, etc.…, gerando lugares subutilizados e ociosos. Em muitas cidades esses lugares se localizam nos centros antigos da cidade, e acabam ficando à mercê de políticas públicas ineficientes e que raramente são postas em prática. O projeto arquitetônico pensado incorporou na sua estrutura os ambientes adequados para o desenvolvimento das diversas atividades de cultura e artes, Mediante estudos realizados verificamos que a requalificação desses espaços é necessária para se recuperar a identidade cultural das cidades, presentes nos primeiros prédios que foram construídos, aspecto esse que valoriza o patrimônio cultural e histórico de um local. Além de proporcionar alterações no cotidiano das pessoas que moram no seu entorno, mudando a imagem do local e tornando-o mais atrativo, aspecto esse que será perfeitamente observável na região da execução do projeto, em Cuiabá/Mato Grosso. Outro aspecto analisado e estudado diz respeito a nova economia, denominada de economia criativa pelos teóricos, que aponta que no contexto atual de mudança do modo de produção econômica, que se encontra em crise, ela aparece como uma proposta inovadora que se baseia na criatividade como elemento fundamental para a produção de bens e serviços. Porém, destacam também, que essa teoria se

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propiciando a integração e cooperação das pessoas que irão trabalhar no centro bem como daquelas que buscarão as atividades e produtos a serem ofertados. O tema critividade norteou as escolhas das cores, materiais e paisagismo trazendo uma proposta arquitetônica diferenciada que se destacará na região.


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