GIOVANA FUNATSU
ESPAÇO LÚDICO NO IBIRAPUERA DIVERSÃO E INCLUSÃO.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário SENAC. Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Gabriel Pedrosa
Resumo Este trabalho de conclusão pretende apresentar o projeto de um playground criativo e acessível, cuja finalidade é estimular a criatividade, o desenvolvimento infantil, a inclusão social de crianças portadoras de deficiênciaseasociabilidade. A motivação do trabalho surgiu em defesa da brincadeira criativa e ao ar livre em um mundo cada vez mais voltado ao digital e aos ambientes fechados. A ausência de parques acessíveis e criativos, na cidade de São Paulo, reforça a pertinênciad a proposta. O trabalho tem como objetivo final apresentar a importância do brincar no desenvolvimento infantil, bem como concretizar um projeto de playground criativo que atenda aos requisitos exigidos pelas normas de acessibilidade. Palavras-chave: infância, playground, inclusão.
Abstract This conclusion work intends to present the project of a creative and accessible playground whose purpose is to stimulate creativity, child development, social inclusion of children with disabilities and sociability. The work motivation arose in defense of creative play and outdoor in a world increasingly turned to digital and indoors. The lack of accessible and creative parks in the city of São Paulo reinforces the pertinence of the proposal. The objective of the work is to present the importance of play in children’s development, as well as to realize a creative playground project that meets the requirements required by accessibility standards. Keywords: childhood, playground, inclusion.
Sumário INTRODUÇÃO
A importância do brincar no desenvolvimento infantil
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O PLAYGROUND
Referências
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1.1 Aldo Van Eyck
16
1.2 Isamu Noguchi
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Conclusão
ESTUDOS DE CASO
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BoundlessCanberraNationalPlayground.
21
OakledgeAccessiblePlayground.
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Playground for All Children.
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Bichos da Mata
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O PARQUE IBIRAPUERA
Localização do playground.
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Estudo das condições existentes.
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PROJETO
Memorial.
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Implantação.
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Croquis
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Estudos dos elementos de projeto.
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1. Labirinto sensorial.
45
2. Áreas molhadas / Espelho d’água.
46
3. Equipamentos Infantis.
46
4. Áreas livres e de estar.
46
Estudos dos equipamentos das clareiras.
47
Projeto 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais.
LISTAS E BIBLIOGRAFIA
63
Lista de Imagens.
67
Lista de Tabelas.
68
Lista de Siglas.
68
Bibliografia.
69
INTRODUÇÃO
A importância do brincar no desenvolvimento infantil Segundo Marina Marcondes Machado, em seu livro “O brinquedo sucata e a criança: A importância do brincar. Atividades e materiais”, o brincar é a primeira forma de cultura para a criança, é quando ela lida com sua realidade interior e sua tradução livre da realidade exterior por meio do “faz de conta”. O brincar também é raciocinar, descobrir, persistir, perseverar, é viver criativamente no mundo. Para a autora, as experiências sensoriais são a base do processo criativo e qualquer objeto nas mãos de uma criança pode se tornar um brinquedo. Se a criança for estimulada a utilizá-los desde pequena, crescerá com maior flexibilidade, passando a ter opinião própria e ver coisas de ângulos diversos e inusitados. Segundo D.W.Winnicott (apud MACHADO, 2003, p.39): É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou adulto fruem de sua liberdade de criação. Em “Das coisas nascem coisas”, Bruno Munari ressalta que são nos primeiros anos de vida que a criança passa a conhecer o ambiente que a cerca por meio de todos seus receptores sensoriais, e que é preciso desde cedo habituar o indivíduo a ser criativo. Para Roland Barthes, a maioria dos brinquedos existentes são apenas imitações da vida real, não permitindo formas inventadas, o que faz que a criança nunca assuma o papel de criador do mundo, limitando-se a utilizá-lo. Segundo Erivelto Busto Garcia, no livro “O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica”, a criança é um ser duplo: uma pessoa que existe como indivíduo no presente e também um projeto futuro de homem e cidadão, e é no brincar de forma peculiar por meio da construção e desconstrução que ela se relaciona com o mundo. Garcia descreve o espaço lúdico como “ aquele em que é possível brincar com um alto nível de interatividade. Um espaço em que os
objetos e instalações – os brinquedos -, já de início, suscitam na criança um forte interesse em serem tocados, manipulados, escalados, percorridos,etc., ou seja, um espaço em que a criança é convidada a jogar, a participar de um jogo de relação. Um jogo que evidentemente ainda não existe, não está desenhado nem estabelecido, mas que a criança percebe como possível. Como jogo, ele não se apresenta com muita explicitude, ora se escondendo, ora se dissimulando, para que a curiosidade não se desfaça de imediato, para que a certeza não elimine a tentativa e a experimentação – em uma palavra, ele não é naturalmente óbvio; precisa ser buscado e desvendado. E isso se faz jogando, interagindo ludicamente com ele.” (GARCIA, Erivelto Busto. O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica. p.29). O autor ainda defende que os espaços lúdicos devem assumir um ar provocativo que seja capaz de despertar acuriosidadee suscitar desafios na criança. A brincadeira ajuda a criança a desenvolver suas habilidades motoras e cognitivas, como a atenção, memória, imitação e criatividade. É no brincar que a criança estabelece relações sociais, organiza suas emoções e, experimenta e compreende o mundo a sua volta. Sendo assim, o brincar passa ser a linguagem da criança, sua forma de expressar. A brincadeira ajuda a criança a desenvolver suas habilidades motoras e cognitivas, como a atenção, memória, imitação e criatividade. É no brincar que a criança estabelece relações sociais, organiza suas emoções e, experimenta e compreende o mundo a sua volta. Sendo assim, o brincar passa ser a linguagem da criança, sua forma de expressar. O ato de brincar também pode ser visto como forma de:
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• Combater a obesidade e o sedentarismo provocado pela era digital, onde a maior parte das crianças e adolescentes preferem os jogos digitais ao invés de saírem para se divertir na rua, parques e lugares ao arlivre; • Gerar resiliência, uma vez que a criança aprende a lidar com as decepções e adversidades que podem ocorrer durante a brincadeira; • Desenvolver a atenção e o autocontrole; • Ensinar a respeitar o próximo e incentivar o trabalho em equipe, por meiodainteração social; • Promover a criatividade e a imaginação, ao se permitir que crianças utilizemobjetosq ue não induzam a uma ideia pronta; Fonte:revistacrescer.globo.com No desenvolvimento infantil, o brincar tornase tão importante que foi considerado na Convenção sobre os Direitos da Criança, adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas: Art. 31. 1 – Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística. 2 – Os Estados Partes promoverão oportunidades adequadas para que a criança, em condições de igualdade, participe plenamente da vida cultural, artística, recreativa e de lazer. Também é importante ressaltar como a brincadeira nos espaços lúdicos – quintais de casas, ruas, parques infantis, playgrounds – é afetada pela privação que ocorre por parte dos pais, em decorrência da preocupação em deixar seus filhos brincarem ao ar livre diante da violência urbana existente, e pela privação gerada pelo uso da televisão e
equipamentos eletrônicos (videogames, tablets, celulares), que confinam as crianças dentro de casa. O fato é que, em uma era cada vez mais tecnológica como a nossa, o uso dos aparelhos eletrônicos tornase indispensável, e frequentemente se transforma na única opção de brincadeira para as crianças, tendo em vista que os pais conseguem manter seus filhos entretidos ao mesmo tempo em que controlam o acesso ao aparelho. Entretanto, é importante ressaltar que a falta de alternativas para diversão e o uso exclusivo de jogos eletrônicos inibe parte do desenvolvimento motor e social da criança, já que ela passa a não interagir fisicamente com outrascrianças Podemos afirmar que os parques tornaramse vitais para a cidade, por não serem mais um espaço do trabalho e sim um espaço do descanso, do divertimento e do lazer, eles passam a ser um local de múltiplas demandas onde os diferentes interesses de uma família devem ser supridos, o filho mais velho que quer andar de bicicleta, o filho mais novo que quer brincar no parquinho,osa vós que querem caminhar, os pais que querem relaxar,etc. Apesar de termos os parques, não podemos esquecer das brincadeiras de rua que até alguns anos atrás eram populares. Para brincar na rua não eram necessários muitos equipamentos e ocorria a interação entre crianças de diferentes idades, aumentando o senso de responsabilidade e sociabilidade, mas também estimulava que a criança tomasse a iniciativa já que esses tipos de brincadeiras, como cabra-cega, pega-pega, mãe-da-rua,etc., possuíam regras flexíveis e mutáveis de acordo com a vontade da própria criança. Com o aumento da violência urbana e o avanço tecnológico, esse tipo de brincadeira é raramente visto no cotidiano, o que nos leva de volta à importância da existências de playgrounds em praças e parques.
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O PLAYGROUND
“Playground .s m. Local ao ar livre para recreação infantil, dotado de brinquedos e equipamentos de ginástica; play.” No contexto histórico seguinte a Segunda Revolução Industrial, as novas formas de produção e expansão do mercado correspondem a novas formas de organização política e social, gerando um novo estilo de vida urbano-industrial. Diante dessa situação, o lazer passa a se transformar em um fenômeno de massa, tornando-se fundamental para a politização do tempo livre, e os espaços não produtivos (fundos de vale, várzeas e brejos) passam a ser ocupados por clubes esportivos, circos e parques de diversões, antes de serem suprimidos pela especulação imobiliária. É nesse contexto que surge o parque urbano como espaço para o lazer, como uma forma de alívio das tensões urbanas enfrentadas pela classe trabalhadora.* Os parques públicos passam a ganhar destaque no processo de urbanização das grandes cidades e verifica-se, então, o surgimento de uma nova tipologia de equipamento recreativo: os Parques Infantis, vinculados ao surgimento da pedagogia e da psicologia moderna associado ao lúdico, como forma de influenciar positivamente as emoções humanas desde a mais tenra idade.** O playground concebido passa a responder às necessidades de interação, natural e criativa, entre a criança – criança e criança – ambiente, além de suprir as necessidades do imaginário e da experiência sensorial da criança. “Um espaço de tal interatividade vai potencializar as possibilidades da aventura (surpresas, imprevistos, obstáculos,etc.); do mistério (charadas, enigmas e climas); da vertigem (saltos, quedas); da curiosidade (descoberta e desvendamento); das oportunidades de expressão única (o ritmo,
os movimentos) e de expressão sensível (a música, a narrativa, fábula). Ao mesmo tempo, vai proporcionar a alternância entre situações calmas e movimentadas, entre iniciativas individuais e coletivas, bem como contendo em si mesmo tantos elementos da natureza (plantas, animais, água, terra) quanto elementos artificiais.” (GARCIA, Erivelto Busto. O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica. (p.30). De acordo com a Prefeitura, São Paulo conta com 109 parques municipais, sendo eles urbanos, lineares e naturais. Entretanto, é possível notar que a maioria deles possui playgrounds simples - gangorras, balanços, escorregadores, casinhas - e sem adaptação que permita seu uso por pessoas deficientes. O fato dos parques terem playgrounds é vital para a cidade, pois não há discriminação quanto a gênero, faixa etária e classe social relativo a seu uso, e podem servir como estímulo para que os pais saiam de casa e levem suas crianças para brincar ao ar livre, tendo em vista que, atualmente, brincar no parque pode ser considerado mais seguro que brincar na rua. Além disso, os playgrounds são importantes para o convívio social diante de uma geração que cada vez mais busca diversão e socialização por meio das novas tecnologias. Nos grandes parques, como o Ibirapuera e o Villa Lobos, o playground torna-se indispensável, pois são parques que atendem maiores demandas de pessoas e existe a questão do parque ser uma forma de lazer para toda a família. Contudo, é importante ressaltar que um único playground em um grande parque pode não ser suficiente, sem contar com a distância que deverá ser percorrida para acessá-lo. O playground pode conter poucos elementos desde que seja satisfatório para que a criança brinque de forma que não fique facilmente entediada, como veremos, a seguir, nas referências.
* Niemeyer, Carlos A ugusto da Costa. Parques Infantis de São Paulo – Lazer c omo expressão de cidadania. Brasil: Annablumme Editora. ** MIiranda, Danilo Santos d e (Organizador). O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica. 2 ed. Campinas: Papirus. 2001.
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1. Referências
que alguns possuíam bancos que permitiam que os pais cuidassem de seus filhos ou que pessoas que passassem por ali sentassem.
1.1 Aldo Van Eyck Aldo Van eyck foi um arquiteto holandês, responsável pela construção de cerca de 700 playgrounds (1947 - 1978) na Holanda, dos quais 90 chegaram ao século 21 com seu desenho original. Van Eyck aproveitou terrenos residuais e terrenos não utilizados entre blocos residenciais, e os transformou em playgrounds de caráter neutro, sempre utilizando os mesmos elementos: caixa de areia, brinquedos de barras metálicas e pisos de areia/pedra, elementos básicos mas recombinados em diversos conjuntos, dependendo do entorno de sua implantação, transformando espaços abertos em “lugares”.* As posições dos elementos dos playgrounds de Van Eyck eram pensados com a preocupação de criar espaços entre os elementos, de forma que as crianças pudessem brincar de qualquer outro jogo. A caixa de areia, sempre presente em seus playgrounds, possuía diversas formas geométricas e tamanhos, tendo em vista que a areia permite liberdade de criação e mantém a criança entretida por muito tempo, além disso, houve a preocupação com o acesso à caixa - sua borda possui partes rebaixadas permitindo a entrada de crianças menores, é baixa o suficiente para ser pulada e possui largura para ser usada como assento. Van Eyck projetou o playground com elementos imóveis, convidando o usuário a explorar os diferentes jeitos de se mover ao entorno deles, como por exemplo as estruturas metálicas escaláveis, que podem ser utilizadas de diferentes formas e que com a criatividade das crianças podem se transformar em outras coisas como castelos, animais, igloos,etc. Em suma, os playgrounds de Aldo Van Eyck eram desenhados sempre pensando em seu entorno, permitindo que se transformassem em um ponto de encontro ou de descanso, já
* “Revisitando os playgrounds de Aldo van Eyck”. site Vitruvius.
Imagem 1. Caixa de areia, elemento presente na maioria dos playgrounds de Van Eyck.
Após a Segunda Guerra Mundial, as cidades holandesas encontravam-se em um contexto urbano devastado, seguido pelo aumento no índice de natalidade do pósguerra, gerando falta de espaço para as crianças tanto fora quanto dentro de casa. Na época, os playgrounds eram escassos e privados, sendo assim, os playgrounds de Aldo Van Eyck surgiram como uma medida de emergência em um momento de necessidade, onde os playgrounds foram construídos em terrenos até então inutilizados, possibilitando acesso de toda a população local. O pós-guerra foi marcado também pelo planejamento urbano funcionalista - onde moradia, trabalho, tráfego e lazer deveriam ser funcionalmente segregados e integralmente planejados e é nesse contexto que o espaço urbano desenvolvido por Van Eyck, através de seus playgrounds, o levaram a se tornar um grande crítico do funcionalismo, ele defendia que o funcionalismo tinha acabado com a criatividade e que a Arquitetura deveria facilitar as atividades humanas e promover a interação social.*
* h ttps://merijnoudenampsen.org/2013/03/27/aldo-vaneyck-and-the-city-as-playground/
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1.2 Isamu Noguchi
Conclusão
Isamu Noguchi (1904-1988) foi um dos mais importantes e aclamados escultores do século XX. Através de uma vida de experimentação artística, ele criou esculturas, jardins, mobiliário e projetos de iluminação, cerâmica, arquitetura e cenografia. Seu trabalho, ao mesmo tempo sutil e ousado, tradicional e moderno, estabeleceu um novo padrão para a reintegração das artes.*
Os parques públicos, como conhecemos, são estruturados por vegetações e voltados ao lazer da massa urbana, é um típico elemento da cidade moderna. Com frequência, a cidade passa a necessitar de mais parques que atendam às diversas solicitações de lazer, culturais e esportivas, pois atualmente, enfrentamos uma situação onde o trabalho e o estudo ocupam a maior parte do tempo das pessoas, resultando em tempo livre apenas aos fins de semana, sendo assim, fica claro que as crianças passam a maior parte de seu tempo em creches, escolas ou dentro de suas casas. As crianças que ficam em creches ou já frequentam escolas, provavelmente, têm acesso a playgrounds pequenos e internos, possibilitando maior desenvolvimento criativo e socialmente interativo do que as crianças que permanecem em casa enquanto seus pais trabalham, pois essas possuem acesso, apenas, a brinquedos ou jogos eletrônicos, e a maior parte de sua interação social ocorre com o responsável por cuidar delas na ausência dos pais. É nesse contexto que podemos perceber a importância dos parques e dos playgrounds em áreas públicas e ao ar livre, pois são locais de escape da correria do cotidiano, de descanso,de aprendizado, de criação e diversão, e de aproveitamento do tempoem família ou com amigos.
Os playgrounds de Noguchi possuíam um caráter mais escultórico, visando promover a interação e a improvisação criativa, e seus componentes podem sempre ser experimentados pelas crianças de várias maneiras, ele não sugere o ato a ser realizado (escorregar, escalar, balançar, etc.), permitindo que as crianças interajam com o espaço e sejam livres para explorá-lo.
Imagem 2. Playground.. Piedmont Park, Atlanta, Geórgia.
“Conservar a ambiguidade das brincadeiras infantis nos espaços públicos de nossas cidades é importante não apenas do ponto de vista estético. Os espaços públicos recreativos para crianças devem cumprir um propósito que vá além do ócio; devem ser espaços para explorar e subverter, exigindo a criatividade de seus usuários e funcionando como espaços de aprendizado.”*
Imagem 3. The Black Slide. Oo-Dori Park, Sapporo, Japão. * http://www.noguchi.org/
* “Os arquitetos devem retomar o projeto de espaços recreativos para crianças”. site ArchDaily
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ESTUDOS DE CASO
1. Boundless Canberra National Playground. Canberra- Austrália Situado no Kings Park, esse playground atende crianças com todos os níveis de habilidade, é um local onde crianças e jovens podem brincar, explorar, desafiar-se e interagir socialmente.
Imagem 4. Mapa de implantação do Boundless Canberra Playground.
O playground ainda conta com: • Equipamentos que podem ser facilmente acessados por crianças de todos os níveis de habilidade sem serem identificados como equipamentos com “acesso para deficientes“; • Zonas de jogos “naturais” ou “sensoriais”, fazendo uso de características naturais para estimular o jogo exploratório;
Imagem 5. Canberra Playground - Área A.
• Espaços de j ogo flexíveis - incluindo áreas gramadas abertas, permitindo o jogo espontâneo; • Oportunidades para o jogo criativo, físico, social e cognitivo; • Espaços divididos em zonas para atender a uma gama de diferentes idade e níveis de desenvolvimento;
Imagem 6. Canberra Playground - Equipamentos.
Fonte: aila.org
Imagem 7. Canberra Playground - Equipamentos.
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2. Oakledge Accessible Playground. Burlington - EUA Localizado no parque Oakledge, o Oakledge Accessible Playground foi um workshop público criado para a concepção de um playground universalmente acessível, que substituísse um playground existente. Seus conceitos são baseados nos setes princípios do Design Universal: • Uso equitativo - Uso não segregativo, todos devem possuir oportunidades iguais de participação. • Uso flexível - Cada indivíduo pode interagir com o playground de sua própria maneira. • Uso simples e intuitivo - Brincadeiras e equipamentos devem ser facilmente entendidos por todas as crianças de todas idades, habilidades físicas e cognitivas.
Entre seus objetivos, podemos destacar: •Proporcionar oportunidade de jogos para todos; •Apoiar a diversidade cultural, física e social; •Fortalecer a comunidade local; •Acesso a um cenário natural e ao lago Champlain; •Estabelecer o design de um local sem barreiras; •Oferecer uma variedade única de recursos recreativos, equipamentos de reabilitação e experiências com base na natureza para crianças e adultos; O projeto ainda realizou diversos estudos das condições locais, tais como estudos de entorno, drenagem, fluxos, playgrounds e vegetação existentes.
• Informação perceptível - Pessoas aprendem de diversas formas, então a informação deve apelar aos diversos sentidos (visual, auditivo, experimental, etc). • Tolerância para erros - Habilidade de tentar algo e falhar com segurança enquanto ainda é desafiado. • Baixo esforço físico - Levar em consideração o esforço exigido para se deslocar de um equipamento a outro. • Tamanho e espaço para abordagem e uso - Considerar a extensa variedade de tipos, tamanho e habilidades de corpo.
Imagem 9. Estudo das condições existentes.
Imagem 8. Croqui esquemático do projeto.
Imagem 10. Estudo de circulação.
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Imagem 11. Perspectiva de uso do playground.
Por fim, o workshop apresenta alguns elementos potenciais para o projeto: • Jardim da música; • Palco acessível; • Caixa de areia elevada; • Conexão com água; • Escorregadores de grandes dimensões;
• Área da primeira infância (componentes naturais e cênicos); • Equipamentos de recreação e reabilitação para adultos; • Oportunidades de paisagismo; • Equipamento de ginástica; • Balanços acessíveis; • Caminhos acessíveis.
• Área da primeira infância (componentes naturais e cênicos);
Imagem 12. Elementos potenciais para o projeto.
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3. Playground for All Children.
New York, EUA.
Richard Dattner & Associates O projeto visa criar um playground para todas as crianças, inclusive deficientes, promovendo uma grande variedade de brincadeiras e experiências. Uma paisagem natural variada foi criada, com uma gama completa de atividades lúdicas com vários níveis de dificuldade. A coluna central contém a versão mais acessível e protegida dessas atividades, os contrafortes têm uma versão intermediária, e as áreas de “montanha” são as mais desafiadoras - embora ainda acessíveis para a maioria das crianças deficientes. Há sempre atividades que qualquer criança pode dominar, e atividades que desafiarão as crianças mais capazes. Crianças normais e deficientes podem encontrar o nível em que se sentem mais confortáveis, enquanto partilham um ambiente comum.
Imagem 13. Vista aéres do projeto..
Imagem 14. Implantação e cortes.
Imagem 15. Equipamentos do projeto.
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4. Bichos da Mata Sesc Itaquera, São Paulo, Brasil. Márcia Maria Benevento. Esse projeto se baseia na arquitetura lúdica e, portanto, age como uma cenografia, com foco no contato com a natureza e na aventura, privilegiando a imaginação e questões de sensibilização (texturas, luzes, cores, sombras, materiais, sons, etc). Devido à sua implantação, os espaços do projeto não possuem atividades específicas, permitindo tanto a reunião quanto a dispersão dos usuários, e abrindo oportunidades para brincadeiras simultâneas. O desenho do projeto surge do diálogo com o lugar, com os espaços entre as vegetações. As esculturas de animais são feitas de argamassa armada, sua textura áspera facilita escaladas e abraços, e possuem dimensões aumentadas, provocando estranhamento e ilusões dimensionais em seus usuários.
Como é possível observar, todos os estudos de caso são implantados em grandes áreas abertas e de fácil acesso ao público. Os playgrounds de Canberra e Oakledge possuem mais elementos característicos de parques infantis convencionais, como balanços, escorregadores, caixas de areia, etc., separados em várias áreas, de acordo com o nível de desenvolvimento e idade dos usuários. Em ambos os casos, o foco da brincadeira se encontra nos equipamentos ofertados e a interação com elementos naturais ocorre apenas nas áreas molhadas, não possuindo nenhuma relação direta com a vegetação existente. Próximo a esse caráter, encontramos o Playground for all children, que também visa a brincadeira de forma acessível e criativa, porém com elementos diferentes do usual, distribuídos ao longo de seu terreno de implantação. Nesse caso, podemos notar que o foco da brincadeira também se encontra nos equipamentos e que não existem áreas molhadas, entretanto, há uma pequena interação com a vegetação de seu entorno, em alguns de seus elementos. Diferindo de todos, o Bichos da Mata apresenta um caráter mais lúdico e mais escultórico, com seus animais em escala ampliada e levemente escondidos e espalhados pela vegetação proporcionada por sua implantação, o que permite maior e mais direta interação com a natureza. Em todos os casos apresentados não existem circuitos definidos, permitindo a livre interação do usuário com os playgrounds.
Imagem 16. Capivaras em argamassa armada.
Imagem 17. Ponte e hipopótamo.
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O PARQUE IBIRAPUERA
“No Parque do Ibirapuera, em São Paulo, os inúmeros edifícios eram, por sua concepção, a principal atração. Gradativamente passam a atrações secundárias, já que a procura de locais ao ar livre faz de seus generosos espaços livres seu maior atrativo.”* “Desde o início do século XX, o Estado vinha incorporando terrenos na Várzea do Ibirapuera, e a intenção de criar ali um parque se consolidava. Sua inauguração ocorreu em 1954, por ocasião das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Um grupo de arquitetos liderados por Oscar Niemeyer elaborou um projeto que dotou o parque de uma série de edificações para uso cultural, interligadas por uma curvilínea marquise de concreto. A estética de seu conjunto traduz os parâmetros do Modernismo, que podem ser identificados no traçado menos formal de seus caminhos, na articulação
de seus ambientes e equipamentos, na diversidade das atividades, no uso da vegetação nativa e tropical, e no desenho de seus edifícios. Seus extensos gramados, áreas arborizadas, caminhos e equipamentos atraem enormes contingentes de usuários, não só pelo cenário bucólico, mas também pelas inúmeras atividades culturais nele promovidas, tanto em seus pavilhões como na Praça da Paz, um extenso gramado ocupado constantemente por shows.”* O Parque do Ibirapuera não é o maior, mas é o parque urbano mais importante de São Paulo, e, pensando na diversidade de usuários que o frequentam - esportistas, famílias a passeio, turistas - e nos diversos eventos culturais que o parque abriga, o Ibirapuera foi escolhido para a implantação do projeto de playground.
Imagem 18. Parque Ibirapuera em seus primeiros anos.
* MACEDO, Sílvio Soares e SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. 3ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.
* MACEDO, Sílvio Soares e SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. 3ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.
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Localização do playground.
Imagem 19. Mapa de acessos e atrações do Parque Ibirapuera.
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Estudo das condições existentes.
Atualmente, o Parque Ibirapuera conta com dois playgrounds, sendo um deles dotado de um único equipamento acessível e outro com área cercada para crianças menores. O playground com equipamento acessível localiza-se próximo à marquise e ao Auditório e, talvez devido a sua localização, não é
muito utilizado. Além disso, nota-se que o equipamento acessível é pouco atraente, sendo composto por um conjunto de rampas com algumas possibilidades de jogos, e a oferta de equipamentos infantis, como balanços, escorregadores, etc., é reduzida.
Imagem 20. Playground existente próximo a marquise.
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O playground com área para crianças menores localiza-se próximo às quadras esportivas do parque. Trata-se de uma área mais ampla, com mais equipamentos e mais frequentada pelos usuários. Nota-se que a área para crianças menores é limitada por um cerca, gerando uma situação pouco agradável,
visto que o playground está inserido em um parque. Também é possível notar a grande participação dos pais nas brincadeiras dos filhos, enquanto estes brincam nos equipamentos, entretanto, não há bancos para se sentar nas proximidades, o que existem são poucas mesas com bancos, que mal abrigam uma família.
Imagem 21. Playground principal do parque.
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Também foi possível notar a importância da existência e da manutenção dos equipamentos, pois mesmo quebrado o equipamento ainda é utilizado pelas crianças.
Imagem 24. Equipamento quebrado, encontrado no parque.
O projeto propõe a substituição do playground existente próximo às quadras, tendo em vista sua localização e seu maior número de frequentadores. A proposta consiste em trazer a acessibilidade existente no playground próximo à marquise, visando reunir as qualidades de ambos playgrounds em um projeto único com diversos elementos paisagísticos e equipamentos infantis, todos ligados por uma praça seca.
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PROJETO
Memorial. O projeto visa substituir o playground existente em um dos parques mais importantes de São Paulo, o Parque Ibirapuera. Tendo em vista a dimensão do terreno ocupado pelo playground existente, a primeira proposta que surge é a implantação de um labirinto sensorial com clareiras, permitindo que sejam inseridos equipamentos infantis em seu interior. A partir da implantação do labirinto foram traçados caminhos que ligassem as vias principais do parque com uma praça central dentro do terreno do playground. A partir dessa praça central surge a proposta de uma área molhada com jatos d’água e um grande espelho d’água acessível, permitindo que pessoas com ou sem deficiência possam adentrá-lo sem qualquer obstáculo.
Com levantamento e estudo da vegetação existente no local, percebeu-se que haviam áreas com maior concentração de árvores. Em uma dessas áreas, localizada próximo a um caminho principal do parque, é implantada uma combinação de rampas com três alturas diferentes e que circundam as árvores. Visando as diferentes alturas dessas rampas, são implantados balanços e elementos escaláveis que provocam uma abertura no guarda-corpo, permitindo que as crianças subam ou desçam as rampas fora do jeito usual, abrindo outras possibilidades de uso além da circulação e contemplação. Seguindo essa linha de ideia, também é implantada uma rampa que atravesse a área molhada com os jatos d’água, gerando outra forma de contemplação e circulação na praça central.
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Implantação.
ESC. 1:1000 Imagem 25. Mapa de implantação do projeto.
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Croquis Os croquis a seguir, foram feitos para estudo de uso e interação entre ambientes, pessoas e equipamentos.
O primeiro croqui apresenta a conexão, realizada por meio da praça central, entre as áreas molhadas (espelho d’água e área com jatos d’água) e a rampa sob a área molhada. É possível observar, também, a ludicidade trazida pelo espelho d’água, uma vez que ao contrário da maioria dos espelhos d’água, este é acessível e livre para brincar.
Imagem 26. Croqui 1 - Espelho d’água e praça seca.
O próximo croqui visa apresentar a divisão dos caminhos, que seguem para a praça central ou para o labirinto, separados por uma parede verde. Também pode-se ver o uso da área molhada com os jatos d’água e a interação existente entre quem está brincando com os jatos e quem está caminhando na rampa.
Há, ainda, a preocupação de se colocar guias, tanto nas estruturas dos labirintos e vasos quanto na estrutura das rampas, para permitir que o deficiente visual não colida com as barreiras geradas pelos elementos. Os pisos também ajudam a diferenciar o caminho que está sendo seguido, o labirinto possui piso de terra batida, enquanto a praça seca utiliza o piso fulget.
Imagem 27. Croqui 2 - Fonte interativa.
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Esse croqui apresenta a rampa em sua maior altura, que permite que os usuários passem por baixo delas. Também demonstra o uso da área molhada com os jatos, as plantas sensoriais ao
longo do caminho para a praça central, a interação entre as pessoas que estão nas rampas, nos jatos ou na praça e, ao fundo, o acesso às rampas de três níveis.
Imagem 28. Croqui 3 - Pasagem por baixo da rampa mais alta.
O croqui, abaixo, representa a rampa em altura intermediária, permitindo a colocação de balanços e do elemento escalável. Nesse desenho é possível visualizar a abertura que
ocorre no guarda-corpo da rampa quando ocorre a intersecção da mesma com o elemento escalável, permitindo que os usuários subam e desçam das rampas, escalando.
Imagem 29. Croqui 4 - Escalável que chega nas rampas intermediárias e balanços presos na estrutura.
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O croqui abaixo demonstra a implantação e uso dos equipamentos infantis das clareiras dos labirintos, bem como as paredes utilizadas para o mesmo. Pode-se observar, também, que um usuário cadeirante consegue adentrar o escalável metálico, interagindo com os usuários que escalam. Além disso, a criança que sobe até o topo, consegue visualizar por cima das paredes do labirinto.
O piso do labirinto também varia, em sua maior parte ele é de terra batida, entretanto, nas clareiras, foi aderido um piso emborrachado e drenante, específico para playgrounds, visando amortecimento e maior segurança. Esse desenho destaca o uso de dois tipos de paredes para o labirinto, um é uma parede verde, com estruturas, o o outro é composto por elementos naturais, como árvores de pequeno porte ou bamboo.
Imagem 30. Croqui 5 - Clareiras com escaláveis e diferentes paredes para o labirinto.
Imagem 31. Ampliação do croqui 5.
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Estudos dos elementos de projeto.
1. Labirinto sensorial. “O surgimento do jardim sensorial está vinculado a políticas de inclusão do cego na sociedade britânica da década de 70. Na verdade, foi assim idealizado e, a princípio, desvirtuado pelo poder público, menos preocupado com a efetiva inclusão dos deficientes visuais do que em demonstrar que estavam desenvolvendo algum tipo de política nesse sentido. Como tal, os primeiros jardins sensoriais passaram a ser conhecidos como ‘jardins para cegos’, em oposição às terapias de horticultura que eram desenvolvidas em hospitais e unidades de reabilitação.”*
Imagem 32. Exemplo de labirinto com cercas vivas.
Com o passar do tempo, o que era denominado “jardim para cegos” ganhou reconhecimento na sociedade e passou a ser chamado de jardim sensorial, incluindo seu uso não só para cegos como para outras deficiências, por meio do uso de plantas com variadas texturas, cores e cheiros. Imagem 33. Exemplo de labirinto com ciprestes e vegetação podada.
Para o projeto do playground, o jardim sensorial foi submetido à forma de um labirinto, visando a uma maior possibilidade de interação com a natureza e abrindo uma possibilidade de brincadeira acessível, para deficientes, sem uso de equipamentos infantis. O desenho do labirinto tem por referência os jardins de parques e palácios europeus, que muitas vezes possuíam labirintos em seu paisagismo.
Exemplos de plantas utilizadas no labirinto
Espada de São Jorge.
Cipreste * http://jardimdecalateia.com.br/arquitetura/jardim-sensorialpossibilidades/
Madressilva.
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2. Áreas molhadas / Espelho d’água.
3. Equipamentos Infantis.
Espelhos d’água são elementos arquitetônicos compostos por piscinas rasas de água, muito utilizados como elementos decorativos ou barreiras de acesso.
Os equipamentos infantis a serem utilizados no playground proposto, a princípio, são equipamentos fora do usual, a ideia é utilizar equipamentos divertidos e que atraiam as crianças e seus pais. Além disso, os equipamentos serão incorporados ao labirinto sensorial, despertando a curiosidade e estimulando a brincadeira, como veremos nas próximas páginas.
4. Áreas livres e de estar.
Imagem 34. Espelho d’água decorativo do Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Para o projeto, os espelhos d’água terão função decorativa e interativa, a ideia é que a criança possa brincar neles. Sendo assim a área molhada do projeto é composta por um espelho d’água acessível e alguns elementos aquáticos, como jatos de água.
Imagem 35. Espelho d’água interativo em Bordeaux, França.
As áreas livres têm grande importância para o projeto, pois são nelas que ocorrem a retomada das brincadeiras espontâneas, como, por exemplo, o pega-pega, e é onde as crianças encontram liberdade para correr e interagir com o ambiente da forma que quiserem. Assim como as áreas livres, as áreas de estar são fundamentais em um parque, e devem estar próximas aos playgrounds, pois são nesses espaços que as famílias vão encontrar a possibilidade de fazer piqueniques ou de relaxar, e neles os pais podem descansar enquanto assistem seus filhos brincando. No projeto, o desenho das as áreas livres e de estar surgem a partir da vegetação existente e da implantação das áreas molhadas, do labirinto e das rampas, criando uma praça seca central que interliga todos os elementos. Além disso, a praça conta com bancos para descanso e contemplação.
Imagem 36. Fonte interativa em Nice, França.
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Estudos dos equipamentos das clareiras. Com base no playground, projetado por Aldo Van Eyck, foi criado esse iglu de concreto armado, com escadas que permitem sua escalada até o topo e um túnel para atravessálo.
Imagem 37. Localização da clareira no labirinto.
Imagem 38. Representação do equipamento criado.
Esse equipamento implantado em outra clareira dos labirintos, é um escalável já existente, encontrado principalmente nos parques chilenos, como na foto abaixo.
Imagem 39. Localização da clareira no labirinto.
Imagem 40. Escalável de redes,
Imagem 41. Escalável de redes, Parque Bicentenário, Santiago, Chile.
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Inspirado nos projetos de Aldo Van Eyck, foi implantado um iglu metálico escalável em uma das clareiras do labrinto sensorial.
Imagem 42. Localização da clareira no labirinto.
Imagem 43. Representação do escalável de metal projetado por Aldo Van Eyck.
Imagem 44. Escalável de metal projetado por Aldo Van Eyck.
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Projeto
ESC. 1:1000 Imagem 45. Planta do projeto.
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ESC. 1:1000 Imagem 46. Planta de representação das copas das árvores..
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Os cortes a seguir, auxiliam na representação das estruturas e equipamentos e reforçam a preocupação com a questão da acessibilidade e da inclusão social. Ao lado, pode-se ver uma tabela com a incidência de cada deficiência no Brasil. Baseado nessa pesquisa, o projeto visa atender principalmente as deficiências visuais e motoras, que são mais incidentes. Tabela 1. Pesquisa sobre o índice de cada tipo de deficiência no Brasil.
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Em ambos desenhos, destaca-se o tipo de parede utilizada para o labirinto, sendo ela natural (ciprestes, bambus cerca viva,etc). ou estruturada, sempre com a preocupação em colocar uma guia baixa. É possível perceber o funcionamento e a importância das guias para os deficientes visuais, na imagem 48.
A imagem 48, visa representar a estrutura do piso dos jatos d’água, tendo em vista que , estes, necessitam de áreas para tubulações e aparelhos de coleta e distribuição de água, bem como o aparelho dos jatos.
Imagem 48. Guia em torno da parede de ciprestes.
Imagem 47. Corte A
A imagem 50, traz a representação da parede verde, sem plantas, utilizada no labirinto, possibilitando a visualização de sua estrutura. A ideia é que a própria estrutura da parede, se transforme em vasos para o plantio de plantas aromáticas e texturizadas.
Imagem 49. Detalhe piso elevado.
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Imagem 50. Corte B.
Imagem 51. Estrutura da parede verde do labirinto.
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ESC. 1:100 Imagem 52. Corte C.
Para as rampas, é implantado um guarda corpo vazado, com corrimões a 0,5m e 1m. Pensando na deficiência visual, toda a extensão do guarda-corpo possui uma guia de balizamento e pisos táteis, obedecendo a ABNT NBR 16537.
Imagem 53. Altura do guarda-corpo.
Imagem 54. Detalhe do guarda-corpo.
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Imagem 55. Corte D.
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ESC. 1:100
Imagem 57. Escalável que chega na rampa.
As imagens acima apresentam os três diferentes usos que as rampas oferecem: escalável, balanço e escorregador. Os escaláveis permitem que os usuários, principamente crianças, subam ou desçam nas rampas em diferentes locais e de uma forma inusitada. Na imagem, é possível observar que o equipamento propõe uma falha no guarda-corpo, para que possa ser acessado sem grandes dificuldades.
Imagem 56. Corte E.
Imagem 58. Balanços e escalável.
Os balanços são implantados na rampa de nível intermediário e presos na própria estrutura dela, localizando-se ao longo da mesma.
Imagem 59. Esccorregador na rampa mais baixa.
O escorregador surge como uma forma alternativa de descer das rampas, visto que os escaláveis permitem tanto a descida quanto a subida. Visando a segurança dos usu´´arios, este brinquedo foi implantado apenas na rampa de altura mais baixa, que possui 1,5m.
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Imagem 60. Rampa, jatos d’água e praça seca.
Imagem 61. Rampa, jatos d’água e praça seca.
Imagem 62. Rampa e jatos d’água.
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Imagem 63. Rampa em sua altura máxima (3m).
Imagem 64. Entrada para a rampa, em três níveis, sob o espelho d´’agua e chegada à praça seca.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais. O projeto começou com uma pesquisa sobre as brincadeiras na infância e sua importância, visando a entender como a criança percebe o mundo e como podemos incentivar sua criatividade e aprendizado. Entretanto, o foco do projeto era o playground, e assim a pesquisa seguiu para a linha de encontrar playgrounds criativos e seus autores, como uma fonte de referências. Existem muitos playgrounds criativos e que permitem a inclusão social, porém, é possível notar que a maior parte deles seguem a mesma linha de raciocínio e formato, como por exemplo, na imitação de elementos narrativos como castelos. Sendo assim, meu trabalho seguiu para uma linha diferente de pensamento, buscando novos formatos e formas diferentes de interação entre a criança e o objeto, sempre pensando na criatividade, diversão e na inclusão social que o projeto poderia proporcionar. A dificuldade em projetar um playground, encontra-se na questão de não copiar o que já existe, de não implantar os brinquedos que se repetem em todos os parquinhos. Acredito que o projeto se afasta deste risco ao associar usos, transformando elementos paisagísticos e de contemplação em equipamentos de lazer que incluem a acessibilidade. Entender que existem muitos tipos e graus de deficiência e imaginar a reação de uma criança a um brinquedo ou a um espaço, pensando em como um deficiente também pode acessá-lo, ensina a ver o mundo a partir de um outro ponto de vista, onde todos têm direito a brincar.
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LISTAS E BIBLIOGRAFIA
Lista de Imagens.
Imagem 14. Implantação do projeto.
Imagem 1. Caixa de areia, elemento presente na maioria dos playgrounds de Van Eyck. Fonte: Livro Seventeen Playgrounds Imagem 2. Playground. Piedmont Park, Atlanta, Geórgia. Fonte: https://www.hermanmiller.com/ stories/why-magazine/the-greatplayscapes/ Imagem 3. The Black Slide. Oo-Dori Park, Sapporo, Japão.
Fonte: Livro Process: Architecture. Playground and play apparatus.
-
Imagem 15. Equipamentos do projeto. Fonte: Livro Process: Architecture. Playground and play apparatus. Imagem armada.
16.
-
Capivaras em argamassa
Fonte: http://mapio.net/pic/p-10492795/ Imagem 17. Ponte e hipopótamo.
Fonte: http://www.shift.jp.org/guide/ sapporo/art-design/black-slide-mantra.html
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ saopaulo/2015/05/1626402-na-zonaleste-sesc-itaquera-abriga-exposicoesbrinquedos-e-piscinas.shtml
Imagem 4. Mapa de implantação Boundless Canberra Playground.
do
Imagem 18. Parque Ibirapuera em seus primeiros anos.
Fonte:http://www.boundlesscanberra.org. au/
Fonte: Livro Parques Urbanos no Brasil. 3ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.
Imagem 5. Canberra Playground. -
Imagem 19. Mapa de acessos e atrações do Parque Ibirapuera.
Área A. Fonte: au/
http://www.boundlesscanberra.org.
Imagem 6. Canberra Playground -
Fonte: https://parqueibirapuera.org/parqueibirapuera/mapas-do-parque-ibirapuera/ Imagem 20. Playground existente próximo a marquise.
Equipamentos. Fonte: http://tothotornot.com/2016/10/ boundless-kings-park-canberra/
Fonte: autoria própria.
Imagem 7. Canberra Playground -
Fonte: autoria própria.
Equipamentos.
Imagem 22. Brinquedo criativo existente no parque.
Fonte: http://tothotornot.com/2016/10/ boundless-kings-park-canberra/ Imagem 8. Croqui esquemático do projeto. Fonte: https://enjoyburlington.com/ oakledge-accessible-playground/ Imagem 9. Estudo das condições existentes. Fonte: https://enjoyburlington.com/ oakledge-accessible-playground/
Imagem 21. Playground principal do parque.
Fonte: autoria própria. Imagem 23. Escalável de redes existente no parque. Fonte: autoria própria. Imagem 24. Equipamento encontrado no parque.
quebrado,
Fonte: autoria própria.
Imagem 10. Estudo de circulação.
Imagem 25. Mapa de implantação do projeto.
Fonte: https://enjoyburlington.com/ oakledge-accessible-playground/
Imagem 26. Croqui 1 - Espelho d’água e praça seca.
Imagem 11. Perspectiva de uso do playground
Imagem 27. Croqui 2 - Fonte interativa.
Fonte: https://enjoyburlington.com/ oakledge-accessible-playground/
Imagem 28. Croqui 3 - Passagem por baixo da rampa mais alta.
Imagem projeto.
Imagem 29. Croqui 4 - Escalável que chega nas rampas intermediárias e balanços presos na estrutura.
12. Elementos potenciais para o
Fonte: https://enjoyburlington.com/ oakledge-accessible-playground/ Imagem 13. Vista aérea do projeto. Fonte: Livro Process: Architecture. Playground and play apparatus.
-
Imagem 30. Croqui 5 Clareiras com escaláveis e diferentes paredes para o labirinto.
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Imagem 31. Ampliação do croqui 5.
Imagem 50. Corte B.
Imagem 32. Exemplo de labirinto com cercas vivas.
Imagem 51. Estrutura da parede verde do labirinto.
Fonte: http://thegardeninspirations.biz/howto-make-a-garden-labyrinth/
Imagem 52. Corte C.
Imagem 33. Exemplo de labirinto com ciprestes e vegetação podada. Fonte: http://jeffreygardens.blogspot.com. br/2012/04/generalife.html
Imagem 53. Altura do guarda-corpo. Imagem 54. Detalhe do guarda-corpo. Imagem 55. Corte D. Imagem 56. Corte E.
Imagem 34. Espelho d’água decorativo do Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Imagem 57. Escalável que chega na rampa.
Fonte: autoria própria.
Imagem 59. Escorregador na rampa mais baixa.
Imagem 35. Espelho d’água interativo em Bordeaux, França. Fonte:https://culturebox.ftvi-integ.fr/arts/ architecture/succes-architectural-lemiroir-d-eau-de-bordeaux-fait-tache-dhuile-162297 Imagem 36. Fonte interativa em Nice, França. Fonte: https://holeinthedonut. com/2016/09/19/photo-promenade-dupaillon-nice-france/ Imagem 37. Localização da clareira no labirinto. Imagem 38. Representação do equipamento criado. Imagem 39. Localização da clareira no labirinto. Imagem 40. Representação do escalável de redes.
Imagem 58. Balanços e escalável.
Imagem 60. Rampa, jatos d’água e praça seca. Imagem 61. Rampa, jatos d’água e praça seca. Imagem 62. Rampa e jatos d’água. Imagem 63. Rampa em sua altura máxima (3m). Imagem 64. Entrada para a rampa, em três níveis, sob o espelho d’água e chegada à praça seca.
Lista de Tabelas. Tabela 1. Pesquisa sobre o índice de cada tipo de deficiência no Brasil.
Imagem 41. Escalável de redes, Parque Bicentenário, Santiago, Chile. Fonte: autoria própria. Imagem 42. Localização da clareira no labirinto. Imagem 43. Representação do escalável de metal projetado por Aldo Van Eyck.
Lista de Siglas. ABNT NBR 16537: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Imagem 44. Escalável de metal projetado por Aldo Van Eyck Fonte: www.parool.n barra amsterdam barra opknapbeurt-en-bescherming-voor-vaneyck-speeltuinen~a4408848 barra Imagem 45. Planta do projeto. Imagem 46. Planta de representação das copas das árvores. Imagem 47. Corte A. Imagem 48. Guia em torno da parede de cipresetes. Imagem 49. Detalhe piso elevado.
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Bibliografia. “Playground.” Def.1 Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos Ltda. 2015. michaelis.uol. com Web. Acessado em 22 de Março de 2015. MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo sucata e a criança: A importância do brincar. Atividades e materiais. São Paulo: Editora Loyola. 2003. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes. 2002. BARTHES, Roland. Mythologies. Tradução: Rita Buongermino e Pedro de Souza. 11ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2001. MIRANDA, Danilo Santos de (Organizador). O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica. 2 ed. Campinas: Papirus. 2001. h t t p s : / / w w w. u n i c e f . p t / d o c s / p d f _ publicacoes/convencao_direitos_ crianca2004.pdf NIEMEYER, Carlos Augusto da Costa. Parques Infantis de São Paulo – Lazer como expressão de cidadania. Brasil: Annablumme Editora. https://merijnoudenampsen. org/2013/03/27/aldo-van-eyck-and-thecity-as-playground/ http://www.noguchi.org/ Process Architecture: Playgrounds and play apparatus. nº30. 1982. ABNT NBR 9050: 2015 ABNT NBR 16071-1: 2012 MACEDO, Soares Sílvio e SAKATA, Gramacho Francine. Parques Urbanos no Brasil. 3ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010. Kollarova, Denisa e van Lingen, Anna. Aldo Van eyck: Seventeen Playgrounds. 2015. http://www.boundlesscanberra.org.au/ https://enjoyburlington.com/oakledgeaccessible-playground/ Site Archdaily.
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