Centro Universitรกrio Senac Barcheralado em Arquitetura e Urbanismo
Centro Mais Viver Um espaรงo dedicado ao idoso
Alexandra Nicolas Papadimitropoulos Sรฃo Paulo 2015
Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Papadimitropoulos, Alexandra Centro Mais Viver: um espaço dedicado ao idoso / Alexandra Papadimitropoulos - São Paulo (SP), 2015. 178 f.: il. color. Orientador(a): Ricardo Wagner Alves Martins Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2015. Centro de apoio, Terceira idade, Qualidade de Vida I. Martins, Ricardo Wagner Alves (Orient.) II. Título
ALEXANDRA NICOLAS PAPADIMITROPOULOS
CENTRO MAIS VIVER - UM ESPAÇO DEDICADO AO IDOSO
Trabalho de conclusão de curso apresentado no Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro - como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins.
São Paulo 2015
ALEXANDRA NICOLAS PAPADIMITROPOULOS
CENTRO DE APOIO À TERCEIRA IDADE Monografia apresentada em cumprimento às exigências acadêmicas parcias para obtenção do grau de Bacharel à banca examinadora do Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro.
Aprovada em: __/__/__
Banca examinadora:
01) Prof. Dr. ___________________________ 02) Prof. Dr. ___________________________ 03) Prof. Dr. ___________________________
“Eu conheço o preço do sucesso: dedicação, trabalho duro e uma incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer.”
Frank Lloyd Wright
Agradecimentos
Especialmente à minha família pelo apoio, compreensão e ajuda durante todos esses anos. Ao meu namorado Pedro pelo companheirismo nas noites em claro às vésperas de entrega. A todos os professores e professoras pelos conhecimentos passados. Ao meu orientador professor Ricardo Wagner Alves Martins por ter me dado suporte e esclarecido as minhas dúvidas ao longo do desenvolvimento desse trabalho. A todos os meus amigos e amigas que sempre ouviram meus desabafos e me ajudaram nas horas difíceis.
Resumo
Por conta da transição da estrutura etária ao longo dos anos,
países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos, estão presenciando um aumento gradativo no número da população de idosos, que buscam cada vez mais um envelhecimento tranquilo e saudável, bem como locais que promovam qualidade de vida, lazer e bem estar.
Porém em diversos países, incluindo o Brasil, não há políticas,
nem ações e muito menos projetos destinados à idosos, e por isso são poucos ou até mesmo inexistentes os locais que poderiam trazer benefícios. A acessibilidade, segurança, ergonomia e conforto ambiental são os principais problemas que afetam a vida do idoso, e muitas vezes acabam sendo esquecidas de serem abordadas e incluídas quando da construção de edifícios públicos e de projetos urbanos. Dessa forma, o objetivo principal deste trabalho será pensar em um projeto onde a construção de um edifício possa ter uma infraestrutura que atenda todas essas necessidades em um só local, levando em consideração todas as dificuldades que esta população enfrenta, promovendo com isso o seu bem estar e proporcionando qualidade de vida e lazer.
Palavras chave: Centro de apoio, Terceira idade, Qualidade de Vida
Abstract
Due to the changing age structure over the years, countries all over
the wolrd are witnessing a gradual increase in the number of the elderly population. They are increasingly looking for a peaceful and healthy aging and also places that promote quality of life, leisure and well being.
But in several countries, including Brazil, there are no policies or
actions, neither projects for elderly people, so there are few or even nonexistent places that could improve a better life for this period of age. The accessibility, safety, ergonomics and environmental comfort are the main problems that affect the lives of the elderly, and often end up being forgotten to be included during the construction of public buildings and urban projects. Thus, the main objective of this work will be to think of a project where the construction of a building may have an infrastructure that meets all these needs in one place, taking into consideration all the difficulties facing this population, thereby promoting their welfare and providing quality of life and leisure.
Key words: Support Center, Elderly, Life Quality
Lista de gráficos Gráfico 01 - p.40 Taxa de mortalidade segundo grandes regiões Brasil 1930 - 1990. Gráfico 02 - p.42 Taxa de fecundidade segundo grandes regiões Brasil 1940 - 2006. Gráfico 03 - p.42 Pirâmide etária do Brasil - 1940 - 2050. Gráfico 04 - p.48 Evolução da taxa de mortalidade no município de São Paulo 2000-2010. Gráfico 05 - p.52 Trajetórias de renda de brasileiros entre 16 e 66 anos de idade, 2006. Gráfico 06 - p.52 Renda familiar mensal, 2006. Gráfico 07 - p.52 População economicamente ativa, 2006 Gráfico 08 - p.54 Escolaridade. Gráfico 09 - p.56 Doenças que possui,2006. Gráfico 10 - p.56 Frequência com que costuma fazer exames, 2006. Gráfico 11 - p.56 Frequência com que costuma fazer exames, 2006. Gráfico 12 - p.72 Representação esquemática do modelo de qualidade de vida na velhice, elaborado por Lawton. Gráfico 13 - p.78 Tendências na zona de conforto do idoso sobre a carta de GIVONI. Gráfico 14 - p.78 Influência da idade. Gráfico 15 - p.80 Influência da idade. Gráfico 16 - p.78 Perda da audição em função do tempo. Gráfico 17 - p.78 Violência contra idosos.
Lista de tabelas Tabela 01 - p.40 Taxa de mortalidade infantil segundo grandes regiões Brasil 1930 - 1990 Tabela 02 - p.44 População urbano-rural do município de São Paulo Grau de urbanização Tabela 03 - p.46 Mortalidade infantil, salário mínimo real e cobertura de abastecimento de água no município de São Paulo 1950 - 1959 Tabela 04 - p.46 Mortalidade infantil, salário mínimo real e cobertura de abastecimento de água no município de São Paulo 1960 - 1969 Tabela 05 - p.46 Mortalidade infantil, salário mínimo real e cobertura de abastecimento de água no município de São Paulo 1970 - 1979 Tabela 06 - p.66 Doenças comuns da Terceira Idade e os principais aspectos arquitetônicos relacionados. Tabela 07 - p.102 Antropometria funcional de homens idosos Tabela 08 - p.103 Antropometria funcional de mulheres idosas
Lista de Imagens Imagem 01 - p.64 Visão normal. Imagem 02 - p.64 Visão com presbiopia. Imagem 03 - p.64 Visão com opacidade. Imagem 04 - p.90 Ambiente asilar com cores contrastantes e alta incidência de luz natural. Imagem 05 - p.90 Espectro visível das cores. Imagem 06 - p.98 Área de transferência e manobra para uso da bacia sanitária. Imagem 07 - p.98 Boxe para chuveiro. Imagem 08 - p.99 Espaços para P.C.R na primeira fileira - vista superior Imagem 09 - p.99 Banco de transferência em piscinas - planta. Imagem 10 - p.99 Banco de transferência em piscinas - corte. Imagem 11 - p.99 Altura para comandos e controles. Imagem 12 - p.100 Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento. Imagem 13 - p.100 Largura para deslocamento em linha reta. Imagem 14 - p.108 Clube do Idoso - Fachada principal. Imagem 15 - p.108 Clube do Idoso - Sala de jogos Imagem 16 - p.110 Clube do Idoso - Planta pavimento térreo Imagem 17 - p.111 Clube do Idoso - Planta primeiro pavimento Imagem 18 - p.112 Sesc Vila Mariana - Vista ampliada da fachada principal
Imagem 01 - p.64 Visão normal. Imagem 02 - p.64 Visão com presbiopia. Imagem 03 - p.64 Visão com opacidade. Imagem 04 - p.90 Ambiente asilar com cores contrastantes e alta incidência de luz natural. Imagem 05 - p.90 Espectro visível das cores. Imagem 06 - p.98 Área de transferência e manobra para uso da bacia sanitária. Imagem 07 - p.98 Boxe para chuveiro. Imagem 08 - p.99 Espaços para P.C.R na primeira fileira - vista superior Imagem 09 - p.99 Banco de transferência em piscinas - planta. Imagem 10 - p.99 Banco de transferência em piscinas - corte. Imagem 11 - p.99 Altura para comandos e controles. Imagem 12 - p.100 Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento. Imagem 13 - p.100 Largura para deslocamento em linha reta. Imagem 14 - p.108 Clube do Idoso - Fachada principal. Imagem 15 - p.108 Clube do Idoso - Sala de jogos Imagem 16 - p.110 Clube do Idoso - Planta pavimento térreo Imagem 17 - p.111 Clube do Idoso - Planta primeiro pavimento Imagem 18 - p.112 Sesc Vila Mariana - Vista ampliada da fachada principal Imagem 19 - p.112 Sesc Vila Mariana - Vista geral do edifício. Imagem 20 - p.112 Sesc Vila Mariana - Vista da pisicina
Imagem 21 - p.114 Sesc Vila Mariana - Planta pavimento térreo Imagem 22 - p.115 Sesc Vila Mariana - Planta pavimento superior Imagem 23 - p.116 Sesc Vila Mariana - Planta primeiro pavimento Imagem 24 - p.117 Sesc Vila Mariana - Corte longitudinal Imagem 25 - p.118 Hiléa - Vista fachada principal Imagem 26 - p.118 Hiléa - Sala de fisioterapia Imagem 27 - p.118 Hiléa - Praça Retrô Imagem 28 - p.120 Hiléa - Planta pavimento térreo Imagem 29 - p.120 Hiléa - Planta pavimento tipo Imagem 30 - p.121 Hiléa - Corte Imagem 31 - p.122 Hogewey Village - Vista da praça Imagem 32 - p.122 Hogewey Village - Vista do mercado Imagem 33 - p.122 Hogewey Village - Interior do apartamento Imagem 34 - p.124 Hogewey Village - Planta pavimento térreo Imagem 35 - p.125 Hogewy Village - Planta das praças Imagem 36 - p.128 Localização Grajaú. Imagem 37 - p.129 Localização do terreno. Imagem 38 - p.130 Principais vias. Imagem 39 - p.122 Idosos vivendo em bairros periféricos
Imagem 40 - p.132 Renda da população da cidade de São Paulo Imagem 41 - p.134 Saúde, Cultura, Lazer e Educação. Imagem 42 - p.138 Transporte público Imagem 43 - p.140 Uso e ocupação do solo Imagem 44 - p.147 Estudo Inicial - Planta Imagem 45 - p.147 Estudo Inicial - Corte Imagem 46 - p.149 Implantação cobertura Imagem 47 - p.151 Implantação térreo Imagem 48 - p.153 Planta subsolo Imagem 49 - p.155 Planta pavimento térreo Imagem 50 - p.157 Planta pavimento superior Imagem 51 - p.159 Corte AA Imagem 52 - p.159 Corte BB Imagem 53 - p.161 Corte CC Imagem 54 - p.161 Corte DD Imagem 55 - p.163 Elevação 01 Imagem 56 - p.163 Elevação 02 Imagem 57 - p.163 Elevação 03 Imagem 58 - p.165 Perspectiva
Lista de Siglas IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas NCI - Núcleo de Convivência do Idoso Ipea - Instituto de Pesquisa Aplicada Seade - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados OPAS - Organização Pan - Americana da Saúde DCNT’s - Doenças crônicas não transmissíveis CODEPPS - Coordenadoria de Desenvolvimento e Políticas de Saúde LEED - Leadership in Energy an Enviromental Design AQUA - Alta Qualidade Ambiental CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável AsBEA - Associação Brasileira dos Escritório de Arquitetura
Sumรกrio
Introdução
33
1.Transição da estrutura etária 1.1.Brasil
41
45
1.2.São Paulo
2.O envelhecimento populacional
2.1.O perfil sociodemográfico do idoso: brasileiro renda,
escolaridade, saúde e direitos.
53
2.2.Sobre envelhecer
61
2.3.Qualidade de vida e lazer
67
3.Arquitetura promovendo um envelhecimento com qualidade de vida
3.1. Conforto ambiental
77
3.2. Sustentabilidade
83
3.3. Psicologia ambiental
85
3.4. Humanização
88
3.5. Segurança, acessibilidade e Desenho Universal
93
3.6. Ergonomia
101
4.Estudos de caso
4.1.Protocolo de pesquisa
107
4.2.Clube do Idoso, Sorocaba, Brasil
109
4.3.Sesc Vila Mariana, São Paulo, Brasil
113
4.4.Hiléa, São Paulo, Brasil
119
4.5.Hogewey Village, Holanda
123
5.Grajaú
5.1.Histórico e localização
129
5.2.Principais vias
131
5.3.Por que o Grajaú?
133
5.4.Saúde, cultura e lazer
135
5.5.Criminalidade
137
5.6.Transporte público
139
5.7. Uso e ocupação do solo
141
6. Projeto 6.1.Programa
145
6.2.Estudos iniciais
147
6.3.Projeto final
149
7.Considerações finais
169
8.Referências bibliográficas
173
Introdução
Estamos vivendo num mundo que está ficando grisalho. Jamais, em
todos os tempos, tantos indivíduos podiam atingir uma idade tão avançada. A expectativa de vida aumentou enormemente em todos os países europeus, bem como em todos os países do mundo. Há também uma diminuição no índice de natalidade. Deve-se isto à melhoria das condições socioeconômicas de vida e ao progresso da medicina moderna - e é também influenciada pelo estilo de vida. Contudo, não é somente importante acrescentar anos à vida, mas também acrescentar vida aos anos.
Há muitos anos atrás, Hans Schaefer, o renomado especialista
em medicina social e professor da Universidade de Heidelberg, afirmou: “Nossa expectativa de vida depende do nosso estilo de vida. Expectativa de vida não significa somente tempo de vida mas também qualidade de vida; não leva em consideração somente a idade que um indivíduo terá, mas como ele envelhecerá.” (LEHR, 1999).
Atualmente, segundo dados da prefeitura de São Paulo, são apenas
96 NCIs (Núcleo de Convivência do Idosos) que atendem 12.000 idosos, um número relativamente muito baixo de locais, uma vez que na cidade residem mais de 1,3 milhões de idosos. Dados do IBGE apontam que a tendência para os próximos anos é que este número aumente ainda mais ao ponto de o número de idosos ultrapassar o de jovens. Dessa forma, os locais que promovem qualidade de vida e bem estar serão insuficientes para atender a todos.
Portanto, este trabalho tem como objetivo desenvolver um projeto
para a um centro de apoio para o idoso de baixa renda no Jardim dos Manacás, na periferia da cidade de São Paulo, e para que possa ser desenvolvido e realizado, será necessário um estudo abrangendo o modo de vida dos idosos no Brasil.
As atividades voltadas para o lazer serão o principal foco para a sua
execução, buscando sempre proporcionar o bem estar e a qualidade de Introdução | 35
vida para o idoso.
Assim, este trabalho foi dividos de forma que fique claro as mudanças
que ocorrem com esta faixa etária, bem como suas necessidades e como a arquitetura pode ajudar com o bem estar e promover qualidade de vida.
O primeiro capítulo Transição da estrutura etária explicará a transição
da estrutura etária ao longo dos anos no Brasil e na cidade de São Paulo a fim de mostrar que a população brasileira está se tornando cada vez mais idosa.
Para entender quais são as principais necessidades das pessoas
idosas, o segundo capítulo, O envelhecimento populacional, abordará temas como escolaridade, leis, o processo de envelhecimento e o que é lazer e qualidade de vida na terceira idade.
Já o capítulo seguinte, Arquitetura promovendo um envelhecimento
com qualidade de vida, mostrará que os benefícios de uma arquitetura pensada e projetada para aqueles que possuem necessidades especiais e mobilidade reduzida podem trazer uma melhor qualidade de vida para essa população.
Para entender melhor como funcionam os projetos e os programas
voltados para a terceira idade, o capítulo Estudos de caso, abordará três projetos: Clube do Idoso, localizado em Sorocaba; Sesc Vila Mariana, em São Paulo; e Hiléa, residência de alto padrão para idosos, que ficava localizada em São Paulo, mas que acabou sendo fechado.
Por fim, os próximos capítulos, Grajaú e Projeto, abordarão a localização
do projeto e o motivo da escolha da região, bem como o programa e toda a etapa do projeto, desde o estudo preliminar até o projeto básico.
Introdução | 36
Introdução | 37
1. Transição da estrutura etária
Gráfico 01 - Taxa de mortalidade segundo grandes regiões Brasil 1930 - 1990 Fonte:http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populacao/ evolucao_perspectivas_ mortalidade/evolucao_ mortalidade.pdf
Tabela 01 - Taxa de mortalidade infantil segundo grandes regiões. Brasil 1930 - 1990. Fonte: http://www.ibge. gov.br/home/estatistica/ populacao/evolucao_ perspectivas_mortalidade/ evolucao_mortalidade.pdf
Transição da estrutura etária | 40
1.1.Brasil
O avanço tecnológico e a descoberta de novas fórmulas de remédios
e vacinas no decorrer do século XX possibilitaram a prevenção e a cura para diversas doenças (MENDES, 2005). Com isso, entre 1940 e 1960, o Brasil presenciou o início da queda das taxas de mortalidade e, ao mesmo tempo, o aumento das taxas de fecundidade e a expectativa de vida.
Enquanto que em 1930, por exemplo, a taxa de mortalidade estava
em torno de 168%, em 1940 houve uma queda para 150%, decrescendo cada vez mais ao longo dos próximos anos como é possível notar no gráfico e tabela ao lado. Porém, por questões socioeconômicas principalmente na cidade de São Paulo, Ramos (1987) ressalta que essa tendência não foi constante e nem homogênea entre as outras várias regiões do Brasil, questão esta que será abordada mais adiante.
Durante os anos 60, observou - se o início da queda da taxa de
fecundidade. Esse declínio deu - se por três motivos: o avanço tecnológico; ao êxodo rural decorrente da expansão urbana e da estagnação rural; e também da dificuldade da populção se introduzir à sociedade moderna como consequência da fraca economia brasileira. Segundo Narsi (2008), esta queda teve início nos grupos populacionais mais privilegiados e nas regiões mais desenvolvidas, generalizando-se rapidamente, desencadeando o processo de transição da estrutura etária. O gráfico (01) ao lado exemplifica melhor a desigualdade no processo das taxas de fecundidade.
Por conta da queda das taxas de mortalidade e de fecundidade, a
pirâmide etária do Brasil começou a sofrer transformações. No Censo de 1960 a pirâmide etária era do tipo triangular, isto é, o número de jovens era maior que o de idosos, enquanto que no ano 2000, já se observou uma forma mais retangular, a base e o topo começavam a tomar a mesma proporção, ou seja, o número de idosos começava a se igualar ao número Transição da estrutura etária | 41
Gráfico 02 - Taxa de fecundidade segundo grandes regiões. Brasil 1940 - 2006 Fonte:http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populacao/ indic_sociosaude/2009/ com_din.pdf
Gráfico 03 - Pirâmide etária. Brasil 1940 - 2050 Fonte:http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populacao/ indic_sociosaude/2009/ com_din.pdf
Transição da estrutura etária | 42
de jovens, como é possível notar no gráfico 03.
Com isso, o Brasil começou a presenciar um aumento significativo
da população idosa. Enquanto que em 1960 haviam cerca de 4,7% de idosos acima de 60 anos vivendo no Brasil, no último Censo, em 2010, esta porcentagem subiu para 10,8%, praticamente dobrou 1.
Segundo projeções do IBGE para os anos de 2030 até 2050, poderá
ocorrer a inversão da pirâmide etária, isto é, o topo estará mais largo que a base, ou seja, o número de idosos acabará ultrapassando o de jovens.
Em cotrapartida, o número de ações e locais que são reservados
para idosos no Brasil que proporcionam qualidade de vida e bem estar, ainda são poucos ou muitas vezes inadequados e até mesmo inexistentes em diversos locais.
São necessários novos planejamentos para que a popualçao
brasileira possa envelhecer com qualidade de vida.
1. __________. Em 50 anos, percentual de idosos mais que dobra no Brasil. Fonte disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/em-50-anos-percentual-de-idosos-maisque-dobra-no-brasil.html>. Acesso em 07 maio de 2015. 9:40:45.din.pdf
Transição da estrutura etária | 43
Tabela 02 - População urbano-rural - Grau de urbanização Fonte:<http://smdu. prefeitura.sp.gov.br/ historico_demografico/ tabelas/pop_urbana.php>
Transição da estrutura etária | 44
1.2.São Paulo
Com o passar dos anos, o perfil da população do município de São
Paulo também sofreu diversas transformações em relação à estrutura demográfica em razão das taxas de mortalidade, fecundidade e da expectativa de vida, porém de forma diferente de outras regiões do Brasil. O êxodo rural, os avanços tecnológicos e a economia foram os principais motivos para que estas transformações ocorressem.
A consolidação de diversas indústrias na cidade de São Paulo foi
essencial para a expansão urbana no início do século XX. De acordo com Santos (1992), durante 1940, por conta do avanço da industrialização e da chegada de migrantes vindos do interior do estado de São Paulo, a cidade começou a se expandir e expalhar pelas periferias. Ao longo dos anos com a vinda de mais migrantes, a expansão pela cidade tomou proporções maiores como podemos observar nos dados da prefeitura de São Paulo (tabela 02). Contudo, esse rápido crescimento, levando à expansão da área urbana, não se fez acompanhar na mesma medida, por adequada ampliação de infraestrutura básica, como saneamento básico e transporte. Em decorrência verificou - se a progressiva deterioração da qualidade de vida, cuja direção assumiu aspecto centrípcto, isto é, caminhando da periferia para a zona central (FORATTINI, 1991, p.78).
O avanço tecnológico da medicina proporciou melhor qualidade
de vida à população e contribuiu para que a taxa de mortalidade caísse ao longo dos anos no século XX. Porém, como comentado anteriormente, isso não ocorreu de forma homogênea na cidade. Questões econômicas e de infraestrutura urbana foram os principais motivos para que ocorressem oscilações entre os anos 50 e 80.
Em 1950 a taxa de mortalidade estava em torno de 89,71%, índice
do salário mínimo da população era de 31,98 e 61% dos domicílios tinham acesso ao abastecimento de água. Já no ano de 1971 o número da taxa de mortalidade subiu para 93,87%, o índice do salário mínimo aumentou Transição da estrutura etária | 45
Tabela 03 Mortalidade infantil, salário mínimo real e cobertura de abastecimento de água no município de São Paulo 1950 - 1959. Fonte: MONTEIRO, 1992, p. 13
Tabela 04 Mortalidade infantil, salário mínimo real e cobertura de abastecimento de água no município de São Paulo 1960 - 1969. Fonte: MONTEIRO, 1992, p. 13
Tabela 05 Mortalidade infantil, salário mínimo real e cobertura de abastecimento de água no município de São Paulo 1970 - 1979. Fonte: MONTEIRO, 1992, p. 13
Transição da estrutura etária | 46
para cerca 57, porém o número de domicílos com abastecimento de água caiu para 58%. Em 1975 a taxa de mortalidade teve uma nova queda, em virtude da expansão do abastecimento e aumento do salário mínimo.
A partir de 1975, foi retomada a tendência de redução na mortalidade infantil do Estado. Uma vez que a estrutura do setor de saúde pública (sua cobertura e o acesso da população aos serviços) não foi modificada de forma significativa no mesmo período, pode-se inferir que outros fatores, provavelmente, interferiram naquele momento. Entre eles, a expansão da rede de tratamento de água na Região Metropolitana de São Paulo ao longo dos anos 1970, que passou de 8,7 milhões de metros em 1975 para 10,1 milhões em 1977 (MENDES, 2009).
A partir de 1980, por conta da crescente expansão urbana, juntamente
com o maior acesso ao saneamento básico e serviços de saúde, a taxa de mortalidade continuou presenciando queda no decorrer dos anos. Entre os anos 2000 a 2010, por exemplo, as taxas caíram de 15,8% para 11,51%. No entanto, Rodrigues (2012), salienta que a tendência de queda na taxa de mortalidade infantil registrada no município de São Paulo ao longo da última década, poderia ter sido mais acentuada caso houvesse maior investimento na manutenção da infraestrutura em saúde e, adicionalmente, monitoramento da eficácia nas ações de atenção básica em saúde.
A expectativa de vida ao nascer e a taxa de fecundidade foram
outros dois fatores que contribuíram para a transformação da estrutura demográfica em São Paulo. Assim como na taxa de mortalidade, questões econômicas, de saúde e de saneamento básico foram primordiais para que mudanças ocorressem.
Enquanto em 1940 a expectativa de vida era de 50,28 anos, em 1960
houve um aumento para 64,71 anos. Desde então a expectativa só aumentou, chegando, em 2012, a 74,6 anos1.
Uma pesquisa feita pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada) mostra
que, apesar de São Paulo ser o estado brasileiro mais populoso, com cerca de 41 milhões de habitantes, ele registra uma taxa de fecundidade 1. Dados retirados em: AMORIM, Daniela. IBGE: Esperança de vida ao nascer sobe para 74,6 anos. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral, ibge-esperanca-devida-ao-nascer-sobe-para-76,4-anos,1103231>. Acesso em: 11 de maio de 2015. 22:46:19
Transição da estrutura etária | 47
Gráfico 04 - Evolução da taxa de mortalidade no município de São Paulo 2000-2010 Fonte: RODRIGUES, 2012
Transição da estrutura etária | 48
menor que a média do país com apenas 1,72 filho por mulher entre 15 e 49 anos de idade contra 1,9 da média nacional2.
A partir do ano 2040, São Paulo deverá começar a sofrer uma
redução no número de habitantes. As projeções da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) apontam que, em 2040, a capital paulista terá 12,2 milhões de habitantes, e a partir daí começará a perder população na proporção de 0,12% (negativo) por ano. Atualmente, São Paulo tem 11,4 milhões de habitantes3.
Segundo a fundação Seade, a queda acontecerá por dois fatores: a
migração negativa (maior saída de pessoas do que chegada), que já acontece na capital, e o saldo negativo entre o número de nascimentos e mortes.
Além disso, Bernadette Waldvoge da fundação Seade, salienta que A cidade atrai pessoas em idade economicamente ativa, especialmente dos 30 aos 35 anos, mas sofre a migração negativa de idosos e de quem retorna à terra natal. Ela é uma cidade difícil de morar, principalmente quando se vai ficando um pouco mais velho e com muitas limitações.4
A taxa de fecundidade na capital paulista também deverá cair
ligeiramente ao longo dos próximos 40 anos. Hoje, a média é 1,7 filho por mulher, e em 2045, passará para 1,6 filho por mulher. Para 2013, a estimativa é o nascimento, em média, de 459 crianças por dia na cidade. Em 2050, o número deverá sofrer queda de 30%, chegando a 321 nascimentos por dia. Com isso, o perfil da cidade irá mudar para uma população envelhecida. Serão cerca de 3,6 milhões de idosos em 2050, que irão responder por 29,8% da população da capital. Atualmente, São Paulo tem aproximadamente 1,4 milhão de pessoas na terceira idade. A idade média do paulistano passará de 34,6 anos, em 2013, para 43,7 anos, em 2050.5
2. ____________. São Paulo tem taxa de fecundidade menor que média nacional. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sociedade/sao-paulo-tem-taxa-de-fecundidademenor-que-media-nacional> Acesso em 13 de maio de 2015. 21:45:21. 3. ____________. População de São Paulo vai diminuir a partir de 2040.Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/populacao-de-sao-paulo-vai-diminuir-a-partir-de-2040>. Acesso em: 13 de maio de 2015. 22:24:12. 4. Idem. 5. Idem.
Transição da estrutura etária | 49
2. Envelhecimento populacional
Gráfico 05 - Trajetórias de renda de brasileiros entre 16 e 66 anos de idade Fonte: NERI, 2007
Gráfico 06 - Renda familiar mensal, 2006 Fonte: NERI, 2007
Gráfico 07 - População economicamente ativa, 2006 Fonte: NERI, 2007
Envelhecimento Populacional | 52
2.1. O perfil sociodemográfico do idoso brasileiro: renda, escolaridade, saúde e direitos
Renda
Poupar para a aposentadoria advém do desejo individual de manter
um padrão estável de consumo ao longo do ciclo de vida (MODIGLIANI, 1986, apud NERI, 2007). Dessa forma, a população busca abrir mão do consumo durante a vida ativa a fim de ter estabilidade quando chegar na terceira idade. Há portanto, de acordo com Neri (2007), uma acumulação de ativos até a data da aposentadoria e assim, a partir desse momento, o estoque de ativos começa a ser utilizado para complementar os recebimentos da aposentadoria.
Além disso, Neri (2007) ressalta que a curva de salários declina
com a idade, a partir dos últimos anos do cliclo da vida ativa. O auge da renda é atingido aos 51 anos, quando a renda é 118,4% maior que a observada aos 16 anos, como podemos observar no gráfico 05 ao lado.
Quanto a aposentadoria, cerca de 64% dos idosos recebem o
benefício, sendo a maioria homens (80% contra 52% das mulheres). Apesar de receberem o beníficio, muitos idosos ainda continuam trabalhando. A maior presença no mercado de trabalho se dá em ocupações informais: 15% sem carteira assinada e 12% por conta própria.1
Com a poupança feita ao longo da vida e o dinheiro de benefícios,
os idosos dividem suas economias entre alimentação, habitação (contas de água, luz e telefone), lazer e saúde.
Para Neri (2007), apesar de tudo, o idoso atual não é completa e
incomodamente dependente. Essa população experimentou o auge da vida ativa num momento favorável da economia brasileira e assim conseguiu criar seu patrimônio. Porém, as altas taxas de desemprego e de informalidade da
1. Dados retirados da pesquisa SESC/FPA para o livro Idosos no Brasil: vivência, desafios e expectativas na terceira idade.
Envelhecimento Populacional | 53
Grรกfico 08 Escolaridade, 2006 Fonte: NERI, 2007
Envelhecimento Populacional | 54
economia atual fatalmente afetarão a constituição do patrimônio e do pecúlio2 dos idosos do amanã (LOPES, 2003, apud NERI, 2007).
Escolaridade Educar os idosos, adultos, os jovens e as crianças significa acreditar em seu contínuo proceso de desenvolvimento e nas possibilidades de sua construção como sujeitos. A educação cria condições para enfrentar preconceitos e a falta de oportunidades em todas as idades, gera aumento de renda, promove a qualidade de vida e favorece o genuíno exercício da cidadania (CACHIONI, 2003, apud, NERI, 2007).
Idenpendente de cor/raça, cerca de 37% dos idosos iniciaram e 5%,
respectivamente, terminaram o ensino fundamental, apenas 4% possuem ensino superior completo e incompleto, e 17% nunca foram à escola.3
A pouca escolaridade dos idosos está ligada à época em que eram
crianças e adolescentes, onde o acesso à escolas era mais restrito do que nos dias atuais. Segundo Neri et al (2007), a população rural era maior e, ainda muito jovens, os indivíduos integravam a força trabalho de suas famílias, dentro e fora de casa, sem contar que as escolas eram majoriatariamente distantes e escassas.
Além disso, outros fatores influenciaram na escolaridade destes
idosos: o mercado de trabalho na época não possuía tantas exigências, como atualmente; as mulheres tinham outras prioridades como por exemplo, casar ainda muito jovem, ter filhos e cuidar da casa.
Para Silveira (2010), essa geração que nasceu e foi educada em
uma época em que o tempo transcorria em outra velocidade e as tendências das situações eram a estabilidade, hoje não consegue acompanhar as modificações sociais e tecnológicas. Porém, o perfil do idoso do século XXI mudou, ele deixou de ser uma pessoa que vive de lembrançasdo passado, recolhido em seu aposento, para uma pessoa ativa, capaz de
2. Pecúlio - dinheiro que o indivíduo adquiriu pelo seu trabalho e economia; bens; reserva de dinheiro. (Dicionário Aurélio) 3. Dados retirados da pesquisa SESC/FPA para o livro Idosos no Brasil: vivência, desafios e expectativas na terceira idade.
Envelhecimento Populacional | 55
Gráfico 09 - Doenças que possui, 2006 Fonte: NERI, 2007
Gráfico 10 - Frequência com que costuma fazer exames, 2006 Fonte: NERI, 2007
Gráfico 10 - Frequência com que costuma fazer exames, 2006 Fonte: NERI, 2007
Envelhecimento Populacional | 56
produzir, participante do consumo, que intervém nas mudanças sociais e políticas (KACHAR, 2001).
Saúde
Com o avanço da idade, há um aumento na manifestação das
doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Entre as doenças que podem ser classificadas como DCNTs estão a hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, reumatismo, osteoporose,artose, problemas nas articulações, entre outros. Dessas, as que mais acomentem os idosos está a hipertensão arterial, com cerca de 43% casos registrados, sendo 32% em homens e 51% em mulheres.4
Com isso, surge a necessidade do monitoramento das DCNTs
e a realização exames periódicos como forma de prevenção. Porém, a realidade é outra uma vez que os idosos não acham necessidade em fazer exames periodicamentes. Os gráficos 09 e 10, ao lado, exemplificam claramente este fato. Por exemplo, raramente os idosos realizam exames de urina e fezes, sendo 34% e 38% respectivamente realizados.
Mas além disso, Lebrão e Duarte (2007) cita que não é apenas a
realização de exames rotineiros que pode evitar grande parte da carga das DCNTs dado que, para a maioria delas, a causa principal não se encontra em fatores genéticos e, sim, em fatores de risco ambiental e comportamental. Assim, além do diagnóstico, tratamento e monitoramento das DCNTs, torna - se fundamental conhecer seu impacto no cotidiano dos idosos.
4.
O idoso pode ser incluído no perfil de alta necessidade, alta predisposição e baixa capacidade, o que chama a atenção para a necessidade de intervenções governamentais que deem conta desse grupo que concentra alta morbidade e importantes limitações e tem na saúde e no seu adequado acompanhamento uma das principais aspirações para o alcance de uma velhice digna (Lebrão e Duarte, 2007).
Idem.
Envelhecimento Populacional | 57
Direitos
Com o propósito de tornar o Brasil em um país de direitos iguais, a
política brasileira vem há anos alterando e criando projetos de leis e ações. A Constituição e o Estatuto do Idoso são os melhores exemplos disso. O direito da pessoa idosa foi incluído pela primeira vez na Constituição de 1934, através de garantias trabalhistas e uma Previdência Social. Já na de 1988 houve uma nova alteração, segundo Faleiros (2007), no capítulo da Ordem Social, no que se refere ao idoso e ao portador de deficiência, o artigo 230 determina como dever da família, da sociedade e do Estado o amparo às pessoas idosas, tornando - as assim credoras de direitos, “assegurando sua participação na comunidade e defendendo sua dignidade e bem estar”.
Além da inclusão do idoso na Constituição, também foi criado
o Estatuto do Idoso (lei n. 10.741/2003) que afirma que o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e que o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social (FALEIROS, 2007).
Atualmente, o Estatuto do Idoso é a lei que mais dá apoio aos
idosos e está dividida de forma que fiquem claros quais são os direitos dos idosos. O Estatuto dispõe da garantia de prioridade, que compreende no atendimento preferencial imediato e individualizado, preferência na formulação e na execução de políticas sociais, destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso, garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistências sociais locais, entre outros.
Dispõe também dos direitos fundamentais que abrangem o direito à
vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, na qual é dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando – o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Envelhecimento Populacional | 58
Outra disposição do Estatuto que é importante ressaltar é a violência contra
idosos. Os artigos 96 e 97 citam respectivamente que discriminar a pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade; e deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê - lo sem risco pessoa, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública; resultarão em detenção e multa.
Apesar de constar uma disposição exclusiva à violência contra a pessoas
da terceira idade, muitos idosos se queixarem que existe violação de direitos, de cidadania e, principalmente da dignidade. Quinze por cento dos idosos de 60 anos relataram ter sofrido violência, sendo 18% homens e 13% mulheres, taxa que se eleva respectivamente, a 19% e 18% para pessoas com 80 anos. A idade mais avançada parece ser um fator de risco para a prática da violência (FALEIROS, 2007).
Porém, de acordo com a Coordenadoria de Desenvolvimento e Políticas Públicas
(CODEPPS), a violência contra pessoas idosas é uma violação aos direitos humanos e é uma das causas mais importantes de lesões, doenças, perda de produtividade, isolamento e desesperança. Existem muitas razões para que as pessoas sofram violência, entre a mais freqüentes, está a deteriorização e fragilização das relações familiares. Outras causas estão associadas ao estresse do cuidador, ao isolamento social e também no desequilíbrio de poder entre a vitima e o agressor. A atenção a uma pessoa enferma e dependente é um peso para qualquer pessoa. Quando os cuidadores têm um escasso apoio da comunidade podem sofrer um estresse e apresentar comportamentos que levem ao abuso e violência.
Além disso, ainda é necessário divulgar mais a respeito dos direitos dos idosos.
Segundo a pesquisa SESC/FPA, 12% dos idosos conhecem o Estatuto do Idoso, enquanto que 61% apenas haviam ouvido falar dele.
Ainda de acordo com a CODEPPS, diante da violência contra a pessoa idosa,
a sociedade como um todo, deverá prestar mais atenção a pessoa idosa, elaborando Envelhecimento Populacional | 59
alternativas com o fim de erradicar as causas das diversas violências que este contingente populacional sofre. Tenhamos em mente que todas as melhorias investidas nos idosos de hoje é com certeza uma melhora para todos nós que mais tarde deveremos chegar a esta etapa da vida.
Por fim, Faleiros (2007) cita que o processo de ampliação e
efetivação da cidadania implica um pacto civilitário de toda a sociedade, não se restringindo à garantia de direitos de uma parcela da população.
Envelhecimento Populacional | 60
2.2.Sobre envelhecer
Gerontologia é o estudo do processo de envelhecimento enquanto
que o estudo das doenças que afetam as pessoas idosas é chamado de geriatria. Segundo Lehr (1999), o envelhecimento saudável é influenciado tanto em nível individual e pessoal, como em nível de sistema e meio ambiente. O envelhecimento não é somente um processo biológicofisiológico e psicológico, mas também um destino social.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),
o envelhecimento é um processo que pode ser compreendido como “sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universão, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte” (OPAS, 1993, apud NERI, 2007).
Existem diversas divergências entre autores em não dermarcar a
idade de início de cada fase da vida pois pode variar entre as pessoas devido ao contexto histórico, geográfico ou social. De acordo com Barbosa (2002),estes limites funcionam principalmente para fins burocráticos, estatísticos ou legais, para determinar cálculos de aposentadoria para a Previdência Social, por exemplo. Hoje há um consenso em reconhecer que estes limites são variáveis e portanto, dada à crescente qualidade de vida de alguns elementos dessa faixa etária, é necessário caracterizar o perfil do usuário em função do conjunto de características específicas de mobilidade, acuidade dos sentidos e grau de dependênciana realização de suas tarefas.
O envelhecimento populacional é um acontecimento que tem sido
mundialmente discutido principalmente porque ações, projetos e políticas públicas voltados para a terceira idade que promovam qualidade de vida ainda são poucos ou inexistentes. Reconhecendo que a velhice não é uma doença e que o idoso Envelhecimento Populacional | 61
tem os mesmos direitos de participação e integração na sociedade, devem - se buscar propostas que, em seu processo de envelhecimento, o cidadão possa manter, ao máximo, a sua individualidade e independência (ROJAS, 2005).
As consequências do envelhecimento populacional também
repercutem na área da construção civil. Arquitetos, urbanistas, designers de interiores estão sendo obrigados a se adequar a este novo quadro populacional, a fim de responderem aos anseios dos cidadãos da 3ª idade e contribuir para um panorama arquitetônico mais humano, acessível ao maior número de pessoas possível (BARBOSA, 2015).
De acordo com Neri (1993), existem três fatores que contribuem
para a variabilidade individual das expriências de envelhecimento: a maneira peculiar como cada pessoa organiza seu curso de vida, a partir de suas circunstâncias histórico - culturais; a incidência de diferentes patologias durante o envelhecimento normal; e a interação entre fatores genéticos e ambientais. Predomina o ponto de vista de que envelhecer satisfatoriamente depende do delicado equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo o qual possiblitará lidar, em diferentes graus de eficácia, com as perdas inevitáveis do envelhecimento.
Na opinião de muitos jovens e adultos a chegada à terceira idade é
vista como algo negativo, estando relacionada, principalmente, a doenças ou debilidades físicas. O desânimo, a perda da vontade de viver, também é fortemente percebido como sinal de que se ficou idoso e ainda a dependência física (NERI, 2007). Agressões físicas e psicológicas, maus tratos familiares e urbanos bem como a falta de respeito também são outros pontos negativos sobre a terceira idade1. Mas por outro lado, a velhice tem seus pontos positivos, estes as quais podemos destacar a experiência de vida, a sabedoria e o tempo livre.
E por isso, Lehr (199) cita que a imagem negativa do atual trabalhador
1. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a violência contra a pessoa idosa é conceituada como o ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança.
Envelhecimento Populacional | 62
mais velho precisa mudar; o preconceito deve dar lugar a uma avaliação realista da habilidade ocupacional que, na maioria das áreas, não se deteriora com o aumento da idade. Para que a imagem negativa sobre a terceira idade mude, devemos entender o que acontece durante esse período da vida.
Envelhecer envolve três aspectos: sociais, psicológicos e biológicos. Os
aspectos psicológico e sociais estão relacionados às experiências psíquicas e de convivência. Os aspectos biológicos, seguem uma trajetória inflexível constituída por concepção, desenvolvimento, nascimento, crescemento, maturidade, envelhecer e morte. O tempo que isto leva para acontecer é variável e está condicionado por diversos e complexos fatores, sujeito a condições genéticas e ambientais. (CARVALHO FILHO apud DORNELES, 2006).
Existem também outros dois aspectos que carecterizam o
envelhecimento: o fisiológico e o patológico. Com o decorrer dos anos, ocorrem transformações orgânicas, morfológicas e funcionais, qualificando a senescência, isto é, o processo fisiológico, porém com ausência de afecções biológicas e psicológicas. O envelhecimento patológico, ou senilidade, de acordo com Silva (2007), significa a presença de doenças crônicas ou outras alterações biológicas ou psicológicas que podem acometer e modificar a saúde do idoso.
Nesse aspecto, podemos categorizar as alterações em três tipos:
celulares, teciduais, orgânicas e/ou funcionais. As alterações celulares são aquelas que são reveladas ao longo do envelhecimento das células, sendo que estas alterações muitas vezes são irreversíveis. Quanto as alterações teciduais, são quantativa e qualitativamente, dependendo as vezes dos elementos existentes. Já as alterações orgânicas estão relacionadas quanto à composição corpórea, estatura, peso e alterações morfológicas. Por fim, as alterações funcionais ocorrem nos sistemas e órgãos corporais.
No sistema cardiovascular, com o avanço da idade, a função cardíaca
e a capacidade dos vasos sanguíneos de garantir a circulação são reduzidas Envelhecimento Populacional | 63
Imagem 01 - Vis達o normal Fonte: DORNELES, 2006, p.30
Imagem 02 - Vis達o com presbiopia Fonte: DORNELES, 2006, p.30
Imagem 03 - Vis達o com opacidade Fonte: DORNELES, 2006, p.30
Envelhecimento Populacional | 64
por diversos fatores. Como consequência, o idoso está mais suscetível à fadiga, ao risco de queda e entre outras consequências patológicas (SIMÕES; MAZO; CARVALHO FILHO, apud DORNELES, 2006). No sistema pulmonar, a alteração da morfologia torácica, a redução da elasticidade e a atrofia dos músculos esqueléticos que influenciam na expansão da caixa torácica, podem ocasionar insufiência respiratória e fadiga.
Já o sistema nervoso é fundamental para a manutenção da
homeostase2. As principais alterações que ocorrem são a diminuição das sinapses nervosas, das substâncias químicas associadas à atividades neurotransimissoras e dos receptores cutâneos, que por sua vez são responsáveis pela percepção da temperatura do ambiente e da sensibilidade tátil. Também há a redução no número de neurônios podendo causar lentidão nas respostas motoras.
Além das diversas alterações nos sistemas corporais, o envelhecimento
trás também mudanças nos sistemas sensoriais dentre as quais podemos destacar: o de equilíbrio, auditivo, háptico, visual e paladar/olfato. A modificação do labirinto3, órgão responsável pelos sistemas de equilíbrio e audição, pode levar à tontura e desequilíbrio e, como consequência, à queda. Além disso, há uma considerável diminuição da percepção sonora.
A diminuição da circulação sanguínea periférica e a perda de
receptores cutâneos são apenas dois de vários motivos que alteram a percepção da temperatura do ambiente e a sensibilidade tátil do sistema háptico. Por fim, no sistema do paladar/olfato, na idade avançada, há uma diminuição na percepção de gostos e odores.
No sistema da visão ocorrem duas alterações: a presbiopia (imagem
02) isto é, a perda da elasticidade do cristalino, e a opacidade (imagem 03), conhecida como catarata. Como consequência, o idoso há restrição da visão 2. Homeostase é o processo de regulação pelo a qual um organismo consegue a constância do seu equilíbrio (Dicionário Aurelio). 3. Conjunto do ouvido interno constituído pelo vestíbulo, pelos canais semicirculares (órgão do equilíbrio) e pelo caracol (órgão da audição). (Dicionário Aurelio).
Envelhecimento Populacional | 65
Tabela 06 - Doen莽as comuns da Terceira Idade e os principais aspectos arquitet么nicos relacionados. Fonte: BARBOSA, 2002, apud ROJAS, 2005.
Envelhecimento Populacional | 66
periférica e dificuldades em adaptar - se às variações de luminosidades e na acomodação da visão a objetos próximos.
Assim, para conseguirmos projetar, criar ações ou políticas públicas,
devemos entender quais são as necessidades de um idoso, uma vez que nessa fase da vida acontecem diversas transformações, sejam elas físicas, psicológicas ou econômicas, que podem transformar as formas como os idosos interagem com o ambiente ou pessoas. Para isso, Dorneles (2006), cita três tipos de necessidades: físicas, informativas e sociais. Em todas as três necessidades, os projetos de edifícios, por exemplo, devem ser pensados de forma que estas sejam supridas.
As necessidades físicas estão relacionadas principalmente à saúde
fisica, segurança e conforto da pessoa idosas. Por isso, o projeto de um edifício deve pensar em formas de suprir essas necessidades de forma que todos os ambientes fiquem livres de obstáculos a fim de evitar acidentes.
As necessidades informativas estão relacionadas ao modo como
a informação sobre o meio ambiente é processada (DORNELES, 2006). Nestas, o projeto do edifiício deve pensar em meios de expor as informações de forma legível e incentivar o estímulo dos sentidos. Por exemplo, criar um padrão de cores para ambientes e repetí - los de acordo com a mesma função de atividade, com isso facilitando a orientação de idosos com problemas de memória.
Por fim, Dorneles (2006) explica que as necessidades sociais
estão relacionadas com a promoção de controle da privacidade e/ou interação social. Isto é, projetar ambientes que sejam familiares para os idosos e que possam promover interação. Como exemplo as varandas em edifícios residências, que muitas vezes podem servir como interação entre vizinhos.
Dessa forma, os projetos devem ter a responsabilidade de acrescentar
qualidade de vida ao tempo que se vive, e não se acomodar com o acréssimo Envelhecimento Populacional | 67
dos anos de vida. A tabela (06) ao lado é um exemplo da relação entre os problemas da terceira idade e suas relações com a arquitetura, isto é, como esta pode tornar a rotina de um idoso mais fácil e independente. Legisladores e pesquisadores, bem como a mídia de massas e o público em geral talvez precisem de uma mudança geral de perspectiva a fim de verem que o problema do envelhecimento, hoje em dia, não é simplesmente o de fornecer proteção e cuidado, mas o de envolvimento e participação dos idosos e dos que estão envelhecendo. Eventualmente, a transição para uma visão positiva, ativa e orientada de modo a desenvolver o processo de envelhecimento, poderá muito bem resultar da ação dos próprios idosos, através da simples força se seu número crescente e sua influência. A conscientização coletiva de ser idoso, como um conceito socialmente unificador, pode assim, tornar-se um fator positivo (LEHR, 1999, p.23).
Neri (1993) cita que o envelhecimento bem - sucedido não é apenas
um privilégio ou um direito, mas também um objetivo, uma condição alcansável por aqueles que lidam efetivamente com as mudanças que geralmente acompanham o tornar - se velho.
Envelhecimento Populacional | 68
2.3. Qualidade de vida e lazer na terceira idade
Qualidade de vida
Segundo Trentini (2004), a preocupação especificamente com a
qualidade de vida na velhice ganhou relevância nos últimos 30 anos. Isso se deu em função do crescimento no número de idosos e da expansão da longevidade, que passou a ser compartilhada por um número maior de indivíduos vivendo em diversas sociedades.
Sabemos que a expectativa de vida e a qualidade de vida não
dependem somente de condições físicas ou biológicas. Fatores sociais, psicológicos e ambientais também são importantes. Não só o nível da medicina curativa afeta a expectativa de vida, mas também, e num nível muito mais elevado, o conhecimento e a aceitação de medidas preventivas. Daí que, muito mais atenção deve ser dada à prevenção e à reabilitação. Os indivíduos estão vivendo mais. Na verdade, é uma tarefa para todos, mas também para a sociedade, fazer todo o possível para prolongar o período de vida ativo e saudável ao invés de simplesmente retardar a hora da morte (LEHR,1999).
De acordo com Neri (2000), existem diversos significados associados
ao conceito de qualidade de vida. Na medicina por exemplo, muitas vezes, a qualidade de vida está associada à relação custo/benefício inerente à manutenção da vida ou à capacidade funcional dos doentes. No campo da economia, qualidade de vida é associada com medidas objetivas como renda per capita, que serve como indicador do grau de acesso das populações aos serviços de educação, saúde, habitação, entre outros. No campo da sociologia e na política, os conceitos de qualidade de vida são utilizados em um enfoque populacional e não individual. Na psicologia social, a referência mais forte é a experiência subjetiva de qualidade de vida, representado pelo conceito de satisfação. Envelhecimento Populacional | 69
A promoção da boa qualidade de vida na idade madura excede
entretanto os limites da responsabilidade pessoal e deve ser vista como um empreedimento de caráter sociocultural. Ou seja, uma velhice satisfatória não é atributo do indivíduo biológico, psicológico ou social, mas resulta da qualidade da interação entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade em mudanças (NERI, 1993).
Um fator que influência na qualidade de vida e bem estar do idoso,
muitas vezes esquecido é a autonomia de poder fazer coisas básicas do dia - a - dia sem a necessidade de ajuda de familiares ou cuidadores. Para Neri (1993), a autonomia inclui a capacidade para a autodeterminação, para resistir a pressões sociais, para pensar e agir de certo modo, e para avaliar o Eu por padrões pessoais.
A qualidade de vida incide sobre quatro áreas sobrepostas e
inter-relacionadas: competência comportamental, condições ambientais, qualidade de vida percebida e bem - estar psicológico, das quais depende a funcionalidade do idoso (ROJAS, 2005). Qualidade de vida na velhice é uma avaliação multidimensional referenciada a critérios socionormativos e interpessoais, a respeito das relações atuais, passadas e prospectivas entre o indivíduo maduro ou idoso e seu ambiente. (LAWTON, 1991, apud TRENTINI, 2004, p.22)
Lazer
Quando o período de trabalho termina e a “Terceira Idade” inicia,
pode-se ainda esperar mais um quarto de tempo de vida. Temos de fazer tudo para um envelhecimento saudável. A maior parte das necessidades da “Terceira Idade” na Europa e Estados Unidos são orientadas para como passar as horas de lazer; os interesses dos idosos são direcionados basicamente para atividades físicas e culturais (LEHR, 1999).
A definição de lazer possui diversas contradições entre autores.
Parker (1978), define lazer como o tempo livre de trabalho e de outras obrigações, que também engloba atividades que se carecterizam por um Envelhecimento Populacional | 70
sentimento de (relativa) liberdade, enquanto Melo (2012), considera isto com um equívoco. Considerando que uma pessoa trabalhe cerca de 8 horas por dia, o que ela faz nas outras 16 horas restantes do dia? Melo (2012) especula, por exemplo, que a pessoa gastará com o trajeto do lar até o trabalho e vice versa ou com tarefas domésticas, estas que não podem ser consideradas como atividades de lazer mesmo que tenham uma lógica diferenciada do trabalho. O mais correto é afirmar que as atividades de lazer são observáveis no templo livre das obrigações, sejam elas profissionais, religiosas, domésticas ou decorrentes das necessidades fisiológicas. (MELO, 2012, p. 32)
Santini (1993) apud Dorneles (2006) acrescenta ao lazer, além da
questão do tempo e das atividades, a questão do “espaço do lazer”. É possível afirmar que sem locais para o desenvolvimento das atividades de lazer não há lazer, por isso é importante se pensar na qualidade desses locais.
Há duas classificações de lazer: ativo e passivo. Em ambas são
levadas em conta o tipo de atividade realizada pois, de acordo com Dorneles (2006), as desigualdades de nível cultural e de nível socioeconômico, mais do que as disparidades de status profissional, explicam as maiores variações nas atividades de lazer.
As atividades que necessitam movimento e esforço físico, como
caminhar e praticar esportes, são consideradas lazer ativo. Conversar, ler um livro ou observar a paisagem é considerado um lazer passivo já que não exige esforço físico e movimento para exercer essas atividades.
O lazer pode ser classificado também em relação a função que são três: Descanso: são atividades que se propõem a fazer com que o indivíduo se restabelaça do cansaço físico ou mental, advindo das obrigações laborais. Recreação, divertimento e entreterimento: são atividades que buscam extinguir o tédio e a monotomia da rotina diária. Desenvolvimento pessoal: são atividades que possibilitam a interação social e a aprendizagem, desde que voluntária, visando um desenvolvimento de personalidade (DUMAZEDIER, 1976, apud DORNELES, 2006).
Envelhecimento Populacional | 71
Gráfico 12 - Representação esquemática do modelo de qualidade de vida na velhice, elaborado por Lawton. Fonte: NERI, 2000, apud ROJAS, 2005
Envelhecimento Populacional | 72
Além dessas, existe uma outra classificação de acordo com as
áreas de interesse, que são:
Interesses artísticos: são as atividdades de conteúdo estético, ligadas ao belo, ao sentimento e à emoção. São atividades passivas, como assistir peças teatrais ou ir ao cinema. Interesses intelectuais: são aticvidades de conteúdo cognitivo, que visam o desenvolvimento pessoal, seja pela busca de informações, conhecimento ou aprendizagem. A exemplo desta área de interesse tem - se atividades de leitura, escrita, entre outras. Interesses manuais: são atividades desenvolvidas com a mão, onde a matéria-prima é transformada, podendo ser jardinagem, pintura ou escultura. Interesses físicos: são atividades relacionadas às práticas esportivas e à exploração de novos lugares. Entre as atvidades mais comuns estão os passeios e caminhadas. Interesses sociais: são atividades relacionadas com a interação entre pessoas e grupos. São, por exemplo, reuniões de igrejas ou festas. (DUMAZEDIER, 1976 apud DORNELES, 2006)
Envelhecimento Populacional | 73
3. Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida
3.1.Conforto ambiental
O conforto ambiental é um fator que promove a qualidade da
edificação e a consequente qualidade de vida do usuário. Sendo assim, o projeto das edificações deve buscar satisfazer as suas necessidades básicas, no que concerne ao conforto térmico, visual e acústico, que compõe o escopo do conforto ambiental (ROJAS, 2005).
Em um artigo publicado por Barbosa (2015) o conforto ambiental
é definido segundo uma série de fatores que se dividem em dois grupos básicos: cultural e fisiológico. Segundo um artigo publicado por Barbosa (2015) ele é definido por dois grupos básicos: cultural e fisiológico;
Numa visão menos técnica, o conforto é avaliado de maneira
subjetiva. Podemos assim dizer que os fatores fisiológicos e culturais variam com a idade, interferindo na sensação individual (do conforto). No grupo cultural incluem-se os fatores de ordem moral, social e histórica. No fisiológico, estão os fatores geológicos, luminosos, térmicos, espacial, de movimento e geográfico, mais conhecidos como conforto higrotérmico acústico e visual.
Sob o aspecto do conforto higrotérmico, ou seja, o bem estar do
homem com relação à temperatura e umidade no seu ambiente, verificamse alguns pontos particulares relacionados ao envelhecimento. Com o avanço da idade, as atividades e o metabolismo humano se reduzem, há uma diminuição na quantidade de água nos órgãos e na pele, o que faz o idoso sentir mais frio do que quando jovem. Isso justifica as atitudes instintivas e culturais tão comuns entre os mais velhos, tais como: curvar o corpo, diminuindo a área de exposição da pele; esfregar as mãos ou colocálas nos bolsos; usar casacos ou roupas de lã quando aparentemente não é necessário (BARBOSA, 2015).
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|77
Gráfico 13 - Tendências na zona de conforto idoso sobre a carta de GIVONI. Fonte: BARBOSA, 2002 apud ROJAS 2005
Gráfico 14 - Influência da idade Fonte: ABILUX 1992, apud BARBOSA, 2002
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |78
Por conta da pouca sensibilidade os idosos não conseguem perceber
diferenças de queda ou aumento de temperatura do ambiente, e por isso não conseguem distinguir se seu corpo está excessivamente quente ou frio, levando-os a hipotermia ou hipetermia.
A fadiga física é considerada normal ao metabolismo. A fadiga
termo-higrotérmica resulta de um esforço excessivo por parte do aparelho termorregulador, devido às condições ambientais desfavoráveis de temperatura e umidade do ar (FROTA e SHIRFFER, 1999 apud BARBOSA, 2002). Os ambientes com maiores variações higrotérmicas, exigem maior esforço por parte do nosso aparelho termorregulador, que controla as perdas de calor pelo organismo. Com isso, a pessoa idosa torna - se mais vulnerável à fadiga física, e também à fadiga higrotérmica (BARBOSA, 2002).
A carta bioclimática1 foi elaborada a partir de estudos de alguns
autores como Olgay, Givoni e Mahoney. A carta de GIVONI (gráfico 09), por exemplo, mostra que o idoso pode estar em conforto em diversos limites de temperatura (18º a 29º) e umidade relativa do ar (20% a 80%).
Para a elaboração de um projeto arquitetônico devemos levar em
conta algumas variáveis do conforto higrotérmico, dos quais podemos citar as variáveis ambientais, atividades físicas e vestimenta.
Atualmente, em se tratando de variáveis ambientais, pode - se obter
valores numéricos da temperatura do ar, temperatura radiante, umidade relativa e velocidade do ar, com o uso de instrumentos próprios de medição (LAMBERTS et. al., 1997 apud ROJAS, 2005). Além da temperatura e radiação solar deve - se levar em conta a umidade, a ventilação e a qualidade do ar. A umidade em excesso traz problemas pulmonares, mal estar, proliferação de fungos, alergias etc (ROJAS, 2005).
Com relação às atividades físicas, devemos considerar que
os ambientes sejam adequados e adaptados para evitar o choque 1 A carta bioclimática serve como um guia para estimar prováveis efeitos de diferentes condições ambientais sob cobertura, relacionando temperatura do ar e umidade relativa (ROJAS, 2005).
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|79
Gráfico 15 - Influência da idade Fonte: ABILUX 1992, apud BARBOSA, 2002
Gráfico 16 - Perda da audição em função do tempo Fonte: NEPOMUCEMO LX, 1968 apud BARBOSA, 2002
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |80
térmico nos idosos.
A vestimenta representa uma barreira para as trocas de calor por
convecção. A pele troca calor por condução, convecção e radiação com a roupa, e esta última troca calor com o ar, por convecção, e com outras superfícies, por radiação. No idoso, a vestimenta pode funcionar na redução de ganho de calor por radiação direta, e em outros casos reduzindo a sensibilidade do corpo às variações de temperatura e velocidade do ar (ROJAS, 2005).
Como foi dito anteriormente no capítulo 2 sobre envelhecer, o sistema
da visão nos idosos sofre alterações, e como consequência sofrem com a redução do desempenho visual e da acuidade, acarretando um maior tempo de adaptação e aumento na sensibilidade ao ofuscamento.
Dessa forma o conforto visual trabalha com fatores quantitativos e
qualitativos. A intensidade luminosa é um fator quantitativo enquanto que a paisagem, as cores e o brilho dos ambientes são fatores qualitativos importantes para os idosos, pois segundo Barbosa (2002) influenciam na saúde, no bem estar, no ânimo e no comportamento do ser humano.
Ambos são de extrema importância para o idoso, principalmente
quando se trata de sua segurança, para prevenir quedas que consequentemente causam fraturas graves e podem deixa-lo paraplégico ou mesmo provocar a sua morte.
Assim como a visão, o sistema auditivo também sofre alterações
no envelhecimento., Há uma perda auditiva gradual principalmente nas freqüências altas que correspondem aos sons agudos.
Existem duas áreas de estudo do conforto acústico: defesa contra
ruído e controle dos sons no ambiente. O primeiro trata da eliminação ou amortecimento dos ruídos indesejáveis, sejam de fontes internas ou externas. Já o segundo visa melhorar a comunicação sonora do ambiente e a preservação da intelegibilidade, evitando defeitos acústicos comuns (BARBOSA, 2002). Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|81
A dimensão, a distribuição dos ambientes e os materiais utilizados na
construção e decoração influenciam na qualidade acústica dos ambientes, favorecendo a comunicação e a socialização. Os tetos acústicos e rugosidades nas paredes diminuem as reverberações que geralmente são produzidas por superfícies lisas, paralelas e reflexivas (ROJAS, 2005).
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |82
3.2.Sustentabilidade
A condição atual do nosso planeta é preocupante para aqueles que
prestam atenção à evidência. Um número cada vez maior de espécies está extinta ou extinção. As terras alagadas estão desaparecendo em velocidade acelerada, pondo em perigo as rotas de migração das aves e a manutenção da biodiversidade local e até a biodiversidade intercontinental (MORAN, 2011). Com isso, devemos buscar tentar reverter isso de alguma forma. O projeto arquitetônico e urbanístico são capazes de ajudar a tornar um planeta mais ecológico e sustentável.
O desenvolvimento sustentável definido pela Comissão de Brundtland
em 1987 foi amplamente divulgado para assegurar que o desenvolvimento econômico e social se processasse de modo ambientalmente sustentável. Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (ECO’92), foi aprovada a Agenda 21 que consiste em um documento elaborado em consenso entre governos e instituições da sociedade civil de 178 países para assegurar a sustentabilidade mundial a partir do século 21 (VILHENA, 2007).
É importante ressaltar que há diferenças entre um edifício ecológico
e um edifício sustentável. De acordo com Kwok e Grondzik (2013), pode - se definir a edificação ecológica ou verde aquela que atende aos requisitos mínimos das certificações, como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ou o Aqua (Alta Qualidade Ambiental). Esta edificação ecológica será eficiente em consumo de energia, água e demais recursos, além de abordar os impactos ambientais no local e fora. Já a sustentabilidade significa atender as necessidades da geração atual sem prejudicar a capacidade das gerações seguintes.
Um projeto ecológico e sustentável pode trazer benefícios não só
ao planeta, mas também às pessoas que frequentam o edifício, já que Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|83
pode melhorar muito o conforto higrotérmico e acústico dos ambientes, por exemplo.
De acordo com MOTTA e AGUILAR (2009), o Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCS) e Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), apresentam algumas práticas para sustentabilidade na construção, sendo as principais o aproveitamento de condições naturais locais; utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural; implantação e análise do entorno; não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar; qualidade ambiental interna e externa; gestão sustentável da implantação da obra; adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários; uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo; redução do consumo energético; redução do consumo de água; reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos; introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.
A sustentabilidade deve buscar um novo paradigma, caracterizando
uma busca inventiva dialética. As estratégias devem procurar uma síntese entre as práticas atuais e as necessidades impostas pelo problema (MOTTA e AGUILAR, 2009).
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |84
3.3.Psicologia Ambiental
A Psicologia Ambiental em Arquitetura
e Urbanismo é dirigida
especialmente no processo de produção do ambiente a ser construído voltadas ao planejamento, à programação de necessidades e à formulação de alternativas de estudos preliminares e anteprojetos, etapas em que o homem (usuário) é o centro do ambiente “em fase de concepção”, ou seja, um dos focos do problema a ser resolvido, enquanto necessidades e níveis de satisifação a serem atendidas (ORNSTEIN, 2005).
De acordo com Moser (1998), existem duas temáticas importantes
na Psicologia ambiental: o espaço físico e a dimensão temporal. A primeira temática está relacionada no nosso comportamento diferenciado dependendo do espaço em que estamos. Por exemplo, em um espaço pequeno e restrito temos um comportamento totalmente diferente se estivéssemos em um espaço amplo. Já a segunda temática se estende ao mesmo tempo como projeção no futuro e como referência ao passado, à história. Esta também ajuda com o problema da adoção de comportamentos pró - ambientais, isto é, faz com que o indivíduo adote comportamentos que respeite o meio ambiente.
Além disso, existem três níveis de de análise. No nível mais
básico estão os estudos de processos fundamentais como percepção, cognição e personalidade, e como esses processos filtram e estruturam a experiência de cada indivíduo, em relação ao ambiente. No nível seguinte, vem o estudo do manejo social dos espaços pelas pessoas, onde são desenvolvidos conceitos como: espaço pessoal, territorialidade, superlotação e privacidade. Em um terceiro nível, os psicólogos ambientais se concentram sobre os aspectos físicos dos cenários de comportamento comuns da vida diária, como o trabalho, o aprendizado, a vida diária no lar ou junto à comunidade e a relação das Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|85
pessoas com a natureza (GIFFORD, 1997 apud ROJAS, 2005).
Situados no nível básico, para Rojas (2005), a percepção ambiental
não acontece de forma igual entre as pessoas devido às diferenças pessoais e culturais associadas a diferentes percepções sobre uma mesma cena. A cognição ambiental está concentrada como as pessoas captam, armazenam, organizam e recordam informações sobre localização, distâncias, disposições de edificações. No nível intermediário, Maior et al. define o espaço pessoal como uma zona de proteção que o homem cria ao redor de si mesmo, psicologicamente, onde ele permite ou não a proximidade de outros seres. Já territorialidade é a marcação, mesmo que psicológica, feito pelo homem para demarcar seu lugar ou propriedade.
Uma das aplicações da psicologia ambiental é o design social.
Rojas (2005) define como um processo social que envolve o estudo de como os cenários físicos podem melhor servir os desejos e necessidades das pessoas. Design social significa trabalhar com as pessoas, ao invés de trabalhar para elas; envolver as pessoas no planejamento e manejo dos espaços nos quais estão inseridas; educá - las para utilizar o ambiente social, físico e natural; desenvolver uma conciência de beleza e senso de responsabilidade para o ambiente do planeta e para com outras criaturas vivas; gerar, compilar e tornar disponíveis informações sobre os efeitos das atividades humanas sobre o ambiente físico e natural, os efeitos do ambiente construído sobre seres humanos. (SOMMER, 1973 apud ROJAS, 2005, p.28)
Além disso, o design social está dividido em duas etapas:
programação e avaliação pós - ocupação. A segunda está dividida em três outras etapas: estudos das necessidades dos usuários, envolvimento dos usuários e tradução de suas necessidades.
A primeira fase da programação envolve o discremento das
necessidades dos usuários, através de levantamentos e entrevistas, observações de seu comportamento e estudo de traços físicos deixados pelas pessoas. A segunda fase envolve a participação direta do usuário no processo de design. Inclui a motivação, o acionamento e a educação dos usuários. A terceira envolve o estabelecimento de diretrizes específicas Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |86
para o design da edificação. Transformar estas diretrizes em realidade é o trabalho de arquitetos e construtores. Já a avaliação de pós - ocupação é a investigação ou exame de eficácia de ambientes ocupados para com seus usuários (GIFFORD, 1997 apud ROJAS, 2005).
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|87
3.4.Humanização
De acordo Vasconcelos (2004), humanização de ambientes consiste
na qualificação do espaço construído a fim de promover ao seu usuário homem, foco principal do projeto - conforto físico e psicológico, para a realização de suas atividades, através de atributos ambientais que provocam a sensação de bem-estar. Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. Humanizar refere-se, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento e de reconhecimento dos limites. Humanizar é fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico-científico, com o inconsolável, o diferente e singular. Humanizar é repensar as práticas das instituições de saúde, buscando opções de diferentes formas de atendimento e de trabalho, que preservem este posicionamento ético no contato pessoal (MEZZOMO, 2002 apud VASCONCELOS, 2004, p. 23).
Para humanizar é preciso entender o conceito de ser humano. É
preciso ter consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é a peça fundamental na definição de como deve ser o ambiente. É só conhecendo as necessidades e expectativas do usuário que será possível proporcionarlhe um ambiente capaz de suprí-las e superá-las, tornando-o mais próximo de sua natureza, de seus sentimentos, pensamentos e valores pessoais (VASCONCELOS, 2004).
Apesar da humanização estar mais inserida no contexto hospitalar,
nada nos impede de inserir em outras áreas da arquiteturas a fim de promover um melhor acolhimento entre pessoas e seus ambientes de convívio.
Ciaco (2010) aponta que para humanizar é preciso entender o
conceito de ser humano. É preciso ter consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é a peça fundamental na definição de como deve ser o ambiente. É só conhecendo as necessidades e expectativas do usuário que será possível proporcionar-lhe um ambiente capaz de suprí-las e superá-las, Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |88
tornando-o mais próximo de sua natureza, de seus sentimentos,pensamentos e valores pessoais.
Ainda de acordo com Ciaco (2010), o que torna um ambiente
humanizado são os atributos que lhe conferem escala e características compatíveis com as dimensões fisiológicas, psicológicas e morfológicas que o indivíduo carrega em si, assegurando alguma capacidade de que esse ambiente tem de interagir de maneira benéfica, agradável com o seu usuário. Onde quer que o usuário esteja, um escritório, asilo, ou hospital, se ele interagir positivamente com o seu usuário, pode - se entendê - lo como sendo um ambiente humanizado.
Dessa forma, como cita Barbosa (2002), o idoso precisa de um
ambiente que melhore seu ânimo para evitar a depressão. As cores e brilhos das paredes, pisos, tetos e mobiliários influenciam no comportamento humano. Em geral, sentimos um déficit para o nosso equilíbrio.
A humanização de ambientes está diretamente ligada à Psicologia
Ambiental, pois segundo Vasconcelos (2004), envolve a forma como o usuário do ambiente percebe cada um dos elementos de textura, cor do ambiente, mobiliário e entre outros e a forma como cada um desses elementos vai influenciá - lo.
Dentro de Humanização e Psicologia Ambiental encontra - se o
estudo da Psiconeuroimunologia. Nela criam - se ambientes que ajudam a evitar doenças, acelerar a cura e promover o bem estar em pessoas.
A Psiconeuroimunologia estuda os estímulos sensoriais, os elementos
dos ambientes que os causam, e as relações entre estresse e saúde. Seus estudos demonstram que a variação na quantidade de estímulos sensoriais é necessária, pois a condição de monotomia permanente induz a distúrbios patológicos. (GAPPELL, 1991 apud VASCONCELOS, 2004).
Existem seis fatores que influenciam no bem estar físico e psicológico
do homem: luz, cor, som, aroma, textura e forma. Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|89
Imagem 04 - Ambiente Asilar com cores contrastantes e alta incidência de luz natural Fonte: JAIN MALKIN, 2015 apud VASCONCELOS, 2004
Imagem 05 - Espectro visível das cores Fonte: VASCONCELOS, 2004
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |90
A luz solar é importante para a absorção do cálcio e do fósforo, para
o crescimento e fortalecimento dos ossos, para o controle de profilaxia viral e de infecções e para a melhora da capacidade física, diminuindo a pressão arterial e aumentando a quantidade de oxigênio. Os idosos têm necessidades especiais de iluminação, requerendo três vezes mais luz do que os jovens ou adultos para realizar tarefas do dia-a-dia ou para identificar objetos (VASCONCELOS, 2004).
As cores podem influenciar diretamente as pessoas principalmente
nas questões psicológica e emocional.
Birren (1978) afirma que cores brilhantes em tons de vermelho,
laranja, e amarelo, são as tonalidades mais visíveis, e o seu uso pode aumentar a visibilidade e encorajar a pessoa para a mobilidade e ação. As cores consideradas “quentes” são mais estimulantes que as cores “frias”. As frias, tais como azul e verde, apesar de serem ideais para reduzir tensão e estresse, e oportunizar tranqüilidade e calma no ambiente, não são visualizadas pelos idosos (PASCALE, 2002). A cor pode também mudar a percepção da temperatura de um ambiente (conforto térmico). As pessoas sentem mais frio em ambientes com cores mais frias do que ambientes com cores mais quentes, mesmo que a temperatura seja a mesma.
O barulho estressante causa irritação e frustração, agrava o mau
humor e reduz o limiar da dor. Também afeta a percepção visual e diminui a capacidade de aprendizado. Entre os idosos, por exemplo, altos níveis de ruídos causam insônia e desorientação. A melhora acústica dos ambientes pode ser proporcionada pela escolha de revestimentos e móveis que não refletem ou amplificam as ondas sonoras. Paredes e tetos com superfícies irregulares são bons para dispersar o som (VASCONCELOS, 2004).
O aroma em ambientes podem ter lados positivos e negativos.
Os cheiros agradáveis podem reduzir o estresse enquanto os cheiros desagradáveis aumentam o estresse e batimento cardíaco. As plantas em Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|91
geral são um bom exemplo de aromatizadores e purificadores de ar.
As texturas envolvem a parte tátil do corpo humano. Um ambiente com
diferentes tipos de tecidos e acabamentos, bem como a versatilidade dos móveis trazem benefícios para as pessoas.
As formas podem ser utilizadas para trazer privacidade às pessoas
através da criação de quartos individuas em asilos por exemplo. Um outro aspecto que devemos considerar segundo Vasconcelos (2004), é o uso de formas variadas num mesmo espaço provocando estimulação sensorial e criando distração positiva no ambiente.
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |92
3.5.Segurança, acessibilidade e Desenho Universal
Os espaços devem ser acessíveis, inclusivos e universais para
que possam ser ocupados, e para que isso possa ser uma realidade, é preciso um aprofundamento técnico sobre acessibilidade, o empenho de administradores públicos e vontade política (COHEN e DUARTE, 2002 apud DORNELES, 2006). De acordo com Bestetti (2006), pensar em espaços acessíveis é pensar na segurança de todos, evitando desconfortos que possam causar incidentes desagradáveis.
Sendo assim, a acessibilidade aos ambientes construídos e à
área urbana surge como atributo imprescindível a uma sociedade que se quer inclusiva, isto é, que planeja que todos possam desfrutar das mesmas oportunidades. Em outras palavras, para que as ações de inclusão possam ser verdadeiramente relevantes, devem promover não só a equiparação de oportunidades mas a acessibilidade a todos, sem esquecer os idosos, a população com baixa escolaridade, aqueles que têm impedimentos o limitações intelectuais, físicas, sensoriais, motoras ou apresentam mobilidade redusida, sejam elas permanentes ou temporárias (CAMBIAGHI, 2007).
Dessa forma, para que um espaço seja considerado acessível
devemos levar em consideração quatro fatores: orientação/informação, deslocamento, uso e comunicação.
Orientação e informação estão relacionadas com a compreensão
dos ambientes, permitindo que um indivíduo possa se situar e se deslocar a partir das informações dadas pelo ambiente, sejam elas visuais, sonoras ou arquitetônicas. O deslocamento corresponde às condições de movimento e livre fluxo que devem ser garantidas pelas características das áreas de circulação, tanto vertical quanto horizontal. Já o uso está relacionado com a participação em atividades e utilização de equipamentos, mobiliários e Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|93
objetos dos ambientes, e é garantido a partir de características ergonômicas adequadas. Por fim, a comunicação corresponde à facilidade de interação entre os usuários e o ambiente, e pode ser garantido a partir de configurações espaciais (DISCHINGER e BINSELY, 2006 apud DORNELES, 2006).
De acorodo Cambiaghi (2007), ao longo dos anos, houve mudanças
na forma de olhar a pessoa com deficiência, assim, possibilitando a criação de leis específicas. Em 3 de dezembro de 2004, foi publicado o Decreto nº 5.296, que regulamentou as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Nesse decreto foram consideradas: pessoa com deficiência, que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquada nas categorias de deficiência físicia, auditiva, visual e mental; e pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar - se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.
Além de leis, segundo GAIA (2005), existem atualmente no Brasil as
seguintes normas específicas sobre acessibilidade: - NBR 9050: Acessibilidade a edificações mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. - NBR 13994: Elevadores de passageiros e elevadores para transportes de pessoa portadora de deficiência. - NBR 14020: Acessibilidade a pessoa portadora de deficiência - trem de longo percurso. - NBR 14021: Acessibilidade a pessoa portadora de deficiência- trem Metropolitano. - NBR 14022: Acessibilidade a pessoa portadora de deficiência em ônibus e trólebus para atendimento urbano e internacional - NBR 14273: Acessibilidade a pessoa portadora de deficiência no Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |94
transporte aéreo comercial. - NBR 14970-1: Acessibilidade a pessoa portadora de deficiência no transporte aéreo comercial. - NBR 4970-2: Acessibilidade em veículos automotores - Diretrizes para avaliação clínica de condutor. - NBR 4970-3: Acessibilidade em veículos automotores- Diretrizes para avaliação da dirigibilidade do condutor com mobilidade reduzida em veículo automotor apropriado.
Como cita Cambiaghi (2007), os idosos são particularmente
suscetíveis a influências ambientais, como variações de temperatura, cores, forma, luminosidade. Por isso, é de extrema importância que seu ambiente de convivência seja o mais apropriado possível. Por isso, encontram dificuldade em algumas atividades diárias como transitar em entrocamento de corredores e por entre mobiliários; levantar de locais baixos, como sofás e vasos sanitários; descer e subir escadas e rampas muito íngrimes, entre outros. Existem também os fatores de risco que são: tomar banho e vestir - se sem algum ter algum apoio próximo, sofrer quedas; colidir em razão da reduzida percepção da distância de objetos como quinas de mesas e poltronas.
Dessa forma se faz necessário colocar pisos antiderrapantes;
evitar degraus e desnivelamento entre ambientes; não colocar tapetes nos ambientes; planejamento dos móveis dos ambientes, a fim de evitar de ter mobiliário em excesso para ter uma melhor circulação, etc.
Assim, como citado por Cambiaghi (2007) e descrito na Norma
NBR 9050, o desenho universal e a acessibilidade visam proporcionar a utilização de maneira autônoma, independente e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção. Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|95
Para que isso seja possível, na Norma NBR 9050, foram definidos
sete princípios do Desenho Universal, que passaram a ser mundialmente adotados em planejamentos e obras de acessibilidade. São eles: - uso equitativo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que faz com que ele possa ser usado por diversas pessoas, independentemente de idade ou habilidade. Para ter o uso equitativo deve-se: propiciar o mesmo significado de uso para todos; eliminar uma possível segregação e estigmatização; promover o uso com privacidade, segurança e conforto, sem deixar de ser um ambiente atraente ao usuário; - uso flexível: é a característica que faz com que o ambiente ou elemento espacial atenda a uma grande parte das preferências e habilidades das pessoas. Para tal, devem-se oferecer diferentes maneiras de uso, possibilitar o uso para destros e canhotos, facilitar a precisão e destreza do usuário e possibilitar o uso de pessoas com diferentes tempos de reação a estímulos; - uso simples e intuitivo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que possibilita que seu uso seja de fácil compreensão, dispensando, para tal, experiência, conhecimento, habilidades linguísticas ou grande nível de concentração por parte das pessoas; - informação de fácil percepção: essa característica do ambiente ou elemento espacial faz com que seja redundante e legível quanto a apresentações de informações vitais. Essas informações devem se apresentar em diferentes modos (visuais, verbais, táteis), fazendo com que a legibilidade da informação seja maximizada, sendo percebida por pessoas com diferentes habilidades (cegos, surdos, analfabetos, entre outros); - tolerância ao erro: é uma característica que possibilita que se minimizem os riscos e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais na utilização do ambiente ou elemento espacial.
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |96
Para tal, devem-se agrupar os elementos que apresentam risco, isolando-os ou eliminando-os, empregar avisos de risco ou erro, fornecer opções de minimizar as falhas e evitar ações inconscientes em tarefas que requeiram vigilância; - baixo esforço físico: nesse princípio, o ambiente ou elemento espacial deve oferecer condições de ser usado de maneira eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga muscular do usuário. Para alcançar esse princípio deve-se: possibilitar que os usuários mantenham o corpo em posição neutra, usar força de operação razoável, minimizar ações repetidas e minimizar a sustentação do esforço físico; - dimensão e espaço para aproximação e uso: essa característica diz que o ambiente ou elemento espacial deve ter dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente de tamanho de corpo, postura e mobilidade do usuário. Desta forma, deve-se: implantar sinalização em elementos importantes e tornar confortavelmente alcançáveis todos os componentes para usuários sentados ou em pé, acomodar variações de mãos e empunhadura e, por último, implantar espaços adequados para uso de tecnologias assistivas ou assistentes pessoais.
Com o propósito de poder inserir esses princípios no projeto
arquitetônio e urbanistico, foram estabelicidos alguns parâmetros que podem ser consultados na NBR 9050, e entre os quais podemos destacar a área de manobra de um cadeirante; largura de um corredor; dimensões de sanitários, vestiários, área exclusiva para cadeirantes em auditórios; área de transfêrencia em piscinas; sinalizações visuais, táteis e sonoras em ambientes; entre outras.
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|97
Imagem 06 - Áreas de transferência e manobra para uso da bacia sanitária. Fonte: NBR 9050.
Imagem 07 - Boxe para chuveiro. Fonte: NBR 9050.
Imagem 08 - Espaços para P.C.R. na primeira fileira – Vista superior. Fonte: NBR 9050.
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |98
Imagem 09 - Banco de transferĂŞncia em piscinas. Fonte: NBR 9050.
Imagem 10 - Banco de transferĂŞncia em piscinas. Fonte: NBR 9050.
Imagem 11 - Altura para comandos e controles. Fonte: NBR 9050.
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|99
Imagem 12 - Ă rea para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento. Fonte: NBR 9050.
Imagem XX - Ă rea para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento. Fonte: NBR 9050.
Imagem 13 - Largura para deslocamento em linha reta. Fonte: NBR 9050.
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |100
3.6.Ergonomia
Ergonomia deriva das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos
(lei, regras), ou seja, o ramo de conhecimentos que define leis ou regras na relação do homem com o seu trabalho. A ergonomia é uma ciência multidisciplinar que, através de conhecimentos científicos de diversas áreas, tais como Fisiologia, Antropologia, Sociologia, Antropometria e Biomecânica, analisa a relação homem / ambiente / trabalho (PASCALE, 2002).
A princípio a ergonomia foi aplicada na guerra como forma de facilitar
o manuseio de equipamentos militares. Fisiologistas, médicos, antropólogos e engenheiros se juntaram para estudar a melhor forma para juntar tecnologia e ciências humanas a fim de melhorar o manuseio. Como o resultado foi positivo, países como Estados Unidos e Inglaterra começaram a implantar a ergonomia na indústria e, com o decorrer dos anos,começou a ser introduzida também em outras áreas, como por exemplo, a arquitetura.
Sendo assim, o fundamento principal da ergonomia é o fator
humano. Através do estudo de suas características anatômicas, fisiológicas e psicológicas, a ergonomia contribui para a melhoria da qualidade de vida, seja qual for o setor (MARIÑO, 1993, apud PASCALE, 2002).
Além disso, há que se considerar que o espaço deve acompanhar
as mudanças ocorridas no corpo humano frente ao envelhecimento, propiciando aos idosos, sobretudo aos de menor renda, mecanismos que lhes garantam igualdade de cidadania e mais independência para uma vida normal na utilização de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, apesar das limitações impostas pela velhice (FRANCO, 2005).
A Antropologia é a principal disciplina de apoio para a ergonomia.
Segundo PASCALE (2002), esta trata das medidas físicas do corpo humano e seus segmentos, com a correspondente aplicação de dados antropométricos em projetos de produtos diversos, sistemas e postos de trabalho. Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|101
Tabela 07 - Antropometria funcional de homens idosos. Fonte: DAMON E STOUDT, 1963 apud PANERO, 2013
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida |102
Tabela 08- Antropometria funcional de mulheres idosas. Fonte: DAMON E STOUDT, 1963 apud PANERO, 2013
Arquitetura promovendo envelhecimento com qualidade de vida|103
4. Estudos de Caso
4.1.Protocolo de pesquisa
Como protocolo de pesquisa foram adotados três critérios: lugar,
construção e programa. Os critérios de cada estudo de caso serão estudados de forma que possam ser inseridos no projeto do Centro Mais Viver.
O primeiro critério é entender como o edificio está situado, isto é,
se é plano, se o acesso para ele é adequado, se há edifícios no entorno e se estes atrapalham na insolação ou ventilação. Será importante para entender se os princípios básicos de conforto ambiental e acessibilidade, principalmente, foram atendidos e de que forma.
O segundo servirá para entender qual o tipo de estrutura foi utilizada, se
foi a mais econômica como a estrutura pré moldada; como são os fechamentos das fachadas, se estes influenciam no conforto térmico do edifício.
Por fim, o terceiro critério, será estudar os programas que são
oferecidos para os idosos nos estudos de caso. Eles serão a base para entender quais são as necessidades básicas dessa faixa etária.
Estudos de caso | 107
Imagem 14 - Fachada principal do Clube do Idoso. Fonte: Autora
Imagem 07 - Sala de Jogos Fonte: Autora
Estudos de caso | 108
4.2.Clube do Idoso, Sorocaba, Brasil
Projetado pelo arquiteto Isalberto Valente Boff para a Prefeitura de
Sorocaba, o Clube do Idoso foi inaugurado no ano de 2012 e conta diversos espaços destinados aos idosos.
O edifício está situado no Bairro Pinheiros, Zona Leste de Sorocaba,
ao lado do Clube de Bicicross e em frente ao Rio Sorocaba. O terreno amplo, plano, e bem arborizado possibilitou a implantação de atividades ao ar livre.
Por ser um edifício público, isto é, as verbas para a construção vieram
por parte da prefeitura de Sorocaba, foi utilizado estrutura pré moldada para o edifício inteiro, desde pilares à vigas. Esta forma de estrutura é mais barata e rápida para a construção. Além da estrutura vale ressaltar que todo o edifício foi projetado para ser acessível para todos os idosos, possuindo escadas, rampas, elevadores e inclusive banheiros de acordo com a norma NBR 9050.
Por não ter edifícios ao redor e não ter um projeto de conforto
ambiental incluso no projeto arquitetônico, o Clube do Idoso acaba recebendo muita incidência de luz solar. Por um lado é bom para a iluminação dos ambientes, mas por outro se torna um problema de conforto térmico, deixando já que deixa os ambientes muito quentes e insuportáveis de se permanecer durante a época de verão.
Todo o programa do edifício é oferecido diaria e unicamente a idosos
e conta com atividades de lazer e ginástica. Nas atividades de lazer são ofericidas aula de música, dança, artesanato, teatro, entre outras. Já para ginástica são ofericidas aulas de ginástica ao ar livre ou dentro da sala específica e jogos de gateball. O objetivo das atividades é promover uma melhor socialização entre os idosos e uma melhor qualidade de vida.
Estudos de caso | 109
Imagem 16 - Clube do Idoso - Planta pavimento térreo (sem escala) Fonte: Autora
03
01 02 01
05 04
06
05
01 01
09
04
07
08
10
11
12 Rio Sorocaba
LAZER | ADM. | GINÁSTICA | ÍNTIMO
01- SANITÁRIOS E VESTIÁRIOS | 02 - SALA DE GINÁSTICA 03 - AMBULATÓRIO | 04 - RECEPÇÃO | 05 - CAMARIM | 06 - PALCO E SALÃO PRINCIPAL | 07 - COZINHA | 08 - SALA DE MÚSICA 09 - SALA DE ARTESANATO | 10 - GATEBALL | 11 - GINÁSTICA AO AR LIVRE | 12 - DECK
Estudos de caso | 110
Imagem 17 - Clube do Idoso - Planta primeiro pavimento (sem escala) Fonte: Autora
13
14
15 15
16
17
01
20
18
19
LAZER | ADM. | GINÁSTICA | ÍNTIMO
13 - SALA DE CINEMA | 14 - SALA DE TV 15 - SALA DE INFORMÁTICA | 16 - SALA DE REUNIÃO E APTIDÃO FÍSICA | 17 - SALÃO DE BELEZA | 18 - SALA DE COORDENAÇÃO 19 - SALA DE JOGOS | 20 - SALA DE MOTIVAÇÃO (TEATRO/ DANÇA) | 16 - SALA DE REUNIÃO
Estudos de caso | 111
Imagem 18 - Sesc Vila Mariana - Vista ampliada da fachada Fonte: SESC . Disponível em: https:// www.flickr.com/photos/ sescsp/9205049682/in/lbum72157634466230711/
Imagem 19 - Sesc Vila Mariana - Vista geral do edifício. Fonte: Veja SP. Disponível em: http://vejasp.abril.com. br/estabelecimento/sesc-vilamariana/
Imagem 20 - Sesc Vila Mariana - Vista da piscina Fonte: Veja SP. Disponível em: http://vejasp.abril.com. br/estabelecimento/sesc-vilamariana/
Estudos de caso | 112
4.3.SESC Vila Mariana, São Paulo, Brasil
O SESC Vila Mariana foi inaugurado em 1997. Projetado pelo
arquiteto Jerônimo Bonilha Esteves está localizado no bairro de mesmo nome e próximo à estação Ana Rosa do metrô (linha 1 azul).
Sua construção predominantemente de concreto aparente contrasta
com a estrutura metálica da passarela sobre a praça coberta e com todo o sistema de infraestrutura colorido. Todo o conjunto do Sesc Vila Mariana foi pensado de forma que pudesse ser sustentável e trazer conforto térmico para os frequentadores, como podemos ver na imagem (10) ao lado, onde foram criados brises na fachada principal para diminuir a incidência solar, diminuindo a temperatura principalmente durante o verão, mas ainda assim deixando que a luz natural entre nos ambientes.
Os programas fixos, como hidroginástica e ioga, por exemplo, e
temporários, como festivais de dança e música popular brasileira, estão dividos em diversos pavimentos. Assim como outras unidades espalhadas pela cidade de São Paulo, o Sesc Vila Mariana possui programas voltados à terceira idade, como forma de promover qualidada de vida e bem - estar à todas as idades. Alguns que podemos destacar são: hidroginástica, natação, voleibol, futebol, ginástica, ioga, etc.
Estudos de caso | 113
Imagem 21 - Sesc Vila Mariana - Planta pavimento tĂŠrreo Fonte: Arquietura Viva - Sesc. DisponĂvel em: http://www2.sescsp. org.br/sesc/hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87678
Estudos de caso | 114
Imagem 22 - Sesc Vila Mariana - Planta pavimento superior Fonte: Arquietura Viva - Sesc. DisponĂvel em: http://www2.sescsp.org.br/sesc/ hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87678
Estudos de caso | 115
Imagem 23 - Sesc Vila Mariana - Planta primeiro pavimento Fonte: Arquietura Viva - Sesc. DisponĂvel em: http://www2.sescsp.org.br/sesc/ hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87678
Estudos de caso | 116
Imagem 24 - Sesc Vila Mariana - Corte longitudinal Fonte: Arquietura Viva - Sesc. DisponĂvel em: http://www2.sescsp.org.br/sesc/ hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87678
Estudos de caso | 117
Imagem 25 - Hiléa - Fachada principal Fonte: Aflalo & Gasperini Disponível em: http:// aflalogasperini.com.br/blog/ project/hilea/
Imagem 26 - Hiléa - Sala de Fisioterapia Fonte: Aflalo & Gasperini Disponível em: http:// aflalogasperini.com.br/blog/ project/hilea/
Imagem 26 - Hiléa - Praça com tema dos anos 40. Fonte: Aflalo & Gasperini Disponível em: http:// aflalogasperini.com.br/blog/ project/hilea/
Estudos de caso | 118
4.4.Hiléa, São Paulo, Brasil
Localizado na Vila Andrade, São Paulo, e projetado pelo escritório Aflalo
& Gasperini, o Hiléa foi um misto de residencial de luxo com serviços médicos e clube voltados exclusivamente para idosos com Alzheimer de Classe A, que funcionou entre os anos 2007 e 2009.
De acordo com Fuentes et al., toda a arquitetura e a decoração
foram idealizadas com base nas necessidades específicas do idoso. Outro diferencial que apresentava era um centro específico, dentro da instituição, para atender às necessidades de toda a equipe, com apoio psicológico. Assim, o Hiléa contava com 119 apartamentos distribuídos ao longo da lâmina, além de salas de fisioterapia, ginástica, piscina, uma área de UTI na cobertura e uma praça que remetia aos anos 40.
Apesar de ter uma infraestrutura completa, o Hiléa era um lugar
vazio já que eram poucos os idosos que viviam ali. Um dos motivos era o preço altíssimo que o idoso ou a família tinham que desembolsar para ter acesso à todos os serviços. Outro motivo, foi a forma como foram inseridos alguns temas para os ambientes para que pudesse lembrar os anos 40 e 50, época em que os idosos ainda eram jovens. Como podemos ver na imagem (26) ao lado, a praça dos anos 40 tinha tons frios, sem vida, além de não ter iluminação natural ou vista para a rua.
Estudos de caso | 119
Imagem 27 - Hiléa -Planta pavimento térreo Fonte: Aflalo & Gasperini. Disponível em: http:// aflalogasperini.com.br/blog/project/hilea/
Imagem 27 - Hiléa -Planta pavimento tipo. Fonte: Aflalo & Gasperini. Disponível em: http:// aflalogasperini.com.br/blog/project/hilea/
Estudos de caso | 120
Imagem 29 - Hiléa - Corte. Fonte: Aflalo & Gasperini. Disponível em: http:// aflalogasperini.com.br/blog/project/hilea/
Estudos de caso | 121
Estudos de caso | 122
4.5.Hogewey Village, Holanda
Inaugurado em 2009 na Holanda, a Hogewey Village, assim como o
Hiléa, é um residencial voltado à idosos com Alzheimer, porém a diferença é que a estadia é paga pelo governo e através de doações.
Segundo a diretora da clínica, antes da edificação, o local mais parecia
um hospício psiquiátrico com aquele cheiro de hospital. Ela ressalta que os pacientes não ficam curados, até porque a ciência ainda não descobriu a cura do Alzheimer. Mas a verdade é que, até aos últimos momentos de suas vidas, eles não perderão o prazer de uma vida digna1.
Assim, a vila foi reprojetada de forma que pudesse lembrar a
época em que os idosos ainda eram jovens, por isso a maior parte da vila possui o estilo anos 40 e 50. Além disso os próprios idosos decoram o seu apartamento, fazem compras no supermecado, cozinham e participam de diversas atividades diariamente.
1 Disponível em: http://www.maisequilibrio.com.br/saude/hogewey-village-conheca-a-minicidadepara-pacientes-com-alzheimer-5-1-4-704.html. Acesso em 22 de setembro de 2015. 20:44:12
Estudos de caso | 123
Estudos de caso | 124
Estudos de caso | 125
5. GrajaĂş
Imagem 36 - Mapa de localização do disrito do Grajaú Fonte: Prefeitura de São Paulo
Grajaú | 128
5.1.Histórico e localização
Imagem 37 - Mapa de localização do terreno e estação de trem e terminal de ônibus do Grajaú Fonte: Google Maps
Histórico
O Grajáu é um distrito pertecente à subprefeitura da Capela do
Socorro, localizado na periferia da Zona Sul de São Paulo. Durante os anos 70, a região do Grajaú cresceu de forma rápida, desordenada e até mesmo ilegal por conta da chegada de migrantes vindos do nordeste e da “expulsão” da população do centro por conta da alta dos preços dos aluguéis.
TERMINAL GRAJAÚ
Localização
O terreno escolhido para a implantação do projeto de Centro de
Apoio à Terceira Idade está situado no bairro Parque Brasil, a cerca de 750m da Estação Grajaú da linha 9 Esmeralda da CPTM e do Terminal de Ônibus do Grajaú. Conta também com um ponto de ônibus logo em frente, outro motivo que incetivou a escolha deste terreno.
Grajaú | 12935 Grajaú | 129
Imagem 38 - Mapa de principais vias da região Fonte: Google Maps
Rua Giovanni Bononcini Av. Senador Teotônio Viléla
Grajaú | 13036
Av. Dona Belmira Marin
5.2.Principais vias
As avenidas Senador Teotônio Viléla e Dona Belmira Marin e a rua
Giovanni Bononcini são as três principais vias da região pois recebem o maior fluxo de automóveis, ônibus e pedestres.
A avenida Dona Belmira Marin possui um grande fluxo devido
à localização de diversos edifícios comerciais (lojas de roupas, móveis, etc.) e serviços (bancos e correios) e além de ser a principal avenida que adentra pelo extenso distrito do Grajaú. Na avenida Teotônio Viléla o fluxo se dá por conta dos diversos condomínios residenciais localizados ao longo da avenida e também por ser uma das poucas avenidas que interligam o extremo sul de São Paulo até a Marginal Pinheiros.
Por fim, a saída de pedestres do terminal de ônibus e da estação de
trem e a presença de comércio são os principais motivos para que a rua Giovanni Bononcini receba um grande fluxo de pedestres.
Grajaú | 131
Imagem 39 - Idosos vivendo em bairros periféricos Fonte: Folha de São Paulo
Imagem 40 - Renda da população Fonte: IBGE
5.3.Por que o Grajaú?
Apesar de serem poucos os idosos que vivem nas periferias de São
Paulo, são eles que mais sofrem com a falta de locais destinados à eles. Segundo dados da prefeitura de São Paulo, são cerca de 96 NCIs (Núcleo de Convivência do Idosos) espalhados pela cidade que atendem 12.000 idosos, um número relativamente muito baixo de locais, uma vez que na cidade residem mais de 1,3 milhões de idosos. Só na região da Capela do Socorro vivem quase 50.000 idosos, sendo que no Grajaú são 22.000.
Além disso, os idosos que vivem nas periferias possuem renda mais
baixa daqueles que vivem nas regiões mais centrais, como na Vila Mariana ou Jardins, dessa forma tendo menos acesso à locais pagos destinados e eles. Dessa forma se faz necessário projetar locais públicos nas periferias para que eles possam ter qualidade de vida e lazer ao longo da terceira idade.
A região do Grajaú foi escolhida como local de implantação do projeto
por ter fácil acesso ao transporte público, sendo assim, idosos de outras regiões de São Paulo podem frequentar o Centro Mais Viver.
Imagem 41 - Mapa de cultura, lazer e saúde Fonte: Prefeitura de São Paulo
Praças e Parques Escolas Públicas Hospitais Públicos
CEU
Grajaú | 134
5.4.Saúde, cultura e lazer
A região do Grajáu possui uma boa distribuiçao de escolas, como é
possível ver no mapa ao lado. Em relação à cultura, um dos poucos locais que promvam esse tipo de atividade é o CEU Vila Rubi. O Hospital Geral do Grajaú e a AMA Jardim Castro Alves são os únicos locais destinados à saúde pública na região. Ambos estão superlotados e possuem precariedade de materiais e remédios. Por fim, praças e parques também são bem escassos nesta região.
Grajaú | 135
Gráfico 17 - Violência contra idosos Fonte: http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/index.php/ indicadores/indicadores-por-regiao/
40 35 30 25
20 15 10 5 0
Grajaú | 136
2011 2013
5.5.Criminalidade
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a violência contra
a pessoa idosa é conceituada como o ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança1.
Com base nos dados do Observa Sampa, é possível notar que a
toda a região pertecente à subprefeitura da Capela do Socorro (Socorro, Cidade Dutra e Grajaú) é considerada a mais violenta para idosos. Algumas das violências que foram consideradas são: abuso físico, violência física ou maus-tratos físicos; abuso psicológico, violência psicológica ou maustratos psicológicos; e abandono.
Dessa forma, se faz necessária a implantação de assistências
sociais destinadas à idosos, bem como locais que acolham os idosos até que todas as medidas legais sejam tomadas.
1 __________. Casos de violência contra idosos. Disponível em: < http://observasampa. prefeitura.sp.gov.br/index.php/indicadores/indicadores-por-tema/>. Acesso em: 15 de Junho. 14:12:20
Grajaú | 137
Imagem 42 - Mapa de transporte público Fonte: Google Maps
Pontos de ônibus
Estação de trem
Grajaú | 138
5.6.Transporte público
Como é possível notar no mapa (página 72), a região
próxima ao terreno escolhido possui uma ampla opção de transporte público, tanto de ônibus quanto de trem.
A cerca de 750m do terreno está localizado a Estação
Grajaú da CPTM da linha 9 Esmeralda e o terminal de ônibus do Grajaú. Segundo dados da CPTM esta linha será ampliada até a região do Varginha1.
Em frente ao terreno escolhido há um ponto de ônibus
instalado. Nele passam ônibus que saem do terminal Grajaú e vão em direção a Vila Natal, Parque Santa Cecília, Vargem Grande e Divisa Embu - Guaçu. Há também algumas linhas noturnas que vão em direção ao Jardim Noronha e à Vargem Grande.
Entretanto, muitos dos ônibus que são disponibilizados
para fazer esses itinerários não possuem um sistema de acessibilidade, ou quando possuem, diversas vezes não funcionam. Dessa forma, se faz necessário investir em ônibus mais modernos, que possuam um sistema adequado de acessibilidade.
Uma outra forma de melhorar a acessibilidade e
mobilidade da terceira idade seria a disponibilização pela prefeitura de Sâo Paulo para um sistema de transporte de vans voltado ao idosos que possa levá - los para os centros de apoio, hospitais ou instituições de longa permanência, podendo se basear no sistema Atende2. 1 _____________. Linha 9 Esmeralda - Extensão Grajaú - Varginha. Fonte disponível em :<http://www.stm.sp.gov.br/index.php/obras-em-licitacao/linha-9extensao-grajau-varginha>. Acesso em 01 de junho de 2015. 16:15:15
Grajaú | 139
Imagem 43 - Uso e Ocupação do solo Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano/ Departamento de Produção e Análise de Informação - Deinfo
Residencial Horizontal (até 3 pavimentos) Residencial Vertical (acima de 4 pavimentos) Comércio e Serviços (até 3 pavimentos) Institucional (até 3 pavimentos) Área Verde (Praças e Parques
Grajaú | 140
5.7.Uso e ocupação do solo
Observando o mapa (página 73) fica claro que a região do entorno
do terreno escolhido é predominantemente residencial, em sua maioria horizontal de no máximo até 3 pavimentos. Apenas na avenida Dona Belmira Marin e suas ruas adjacentes há uma grande concentração de comércios e serviços.
Grajaú | 141
6. Projeto
6.1. Programa
O programa desse projeto foi pensado para atender as necessidades
básicas dos idosos. Por isso foram incluídas atividades de lazer, cultura e esporte, como aulas de dança, artesanato, cabelereiro, natação, entre outros, distribuídas ao longo dos pavimentos.
No subsolo encontram - se a piscina para prática de esportes e o
auditório para palestras, filmes e teatros. No pavimento térreo encontram - se uma área para atividades externas, salas para aulas de dança, artesanato, música, culinária e jogos, além da área de administração e hospitalar, isto é, psicólogos, nutricionistas, ambulatórios e assistência social. Por fim, no pavimento superior encontra - se a biblioteca com áreas para leitura e informática.
Como forma de arrecadação de dinheiro em prol do Centro Mais
Viver, os trabalhos desenvolvidos durante as aulas de
artesanato e
culinária, bem como a produção da horta, serão colocados à venda. Vale ressaltar que não será obrigatória a venda dos itens acima colocados para que as atividades não se tornem chatas e repetitivas.
Outra forma de atender as necessidades dos idosos será através do
conforto ambiental aliado à sustentabilidade.Foram pensados em formas de amenizar o calor durante o verão, trazer luz natural para os ambientes e diminuir o barulho que será provocado pelos trens quando a expansão da linha 9 esmeralda.
Projeto | 145
Projeto | 146
6.2. Estudo Inicial
Imagem 44 - Estudo Inicial - Planta
Área de convivência Cafeteria/Lanchonete Auditório Sanitários e Vestiários Administração Salas de Lazer Piscina Imagem 45 - Estudo Inicial - Corte
Projeto | 147
Projeto | 148
Imagem 46 - Implantação Cobertura Sem Escala Fonte: Autora
6.3. Projeto final
Projeto | 149
Projeto | 150
Imagem 47 - Implantação Térreo Sem Escala Fonte: Autora
Projeto | 151
Projeto | 152
Imagem 48 -Planta Subsolo Sem Escala Fonte: Autora
02 02 01
04 03
05
03
01 - Audit贸rio | 02 - Sanit谩rios | 03 - Vesti谩rios | 04 - Copa de apoio ao Audit贸rio | 05 - Piscina
Projeto | 153
Projeto | 154
Imagem 49 -Planta pavimento térreo Sem Escala Fonte: Autora
04 05 04 04
06 07 08 09 10 17
01 02
11
03
16
12
14
13
14
17
15
01 - Secretaria | 02 - Sala de professores | 03 - Almoxarifado e Coordenação | 04 - Vestiário Funcionários | 05 - Assistência Social | 06 - Psicólogo | 07 - Terapeuta | 08 - Nutricionista 09 - Ambulatório | 10 - Sala de Música | 11 - Sala de dança | 12 - Cabeleireiro |13 - Refeitório e Área para aula de Gastronomia | 14 - Sanitários | 15 - Venda | 16 - Artesanato | 17 - Jogos Projeto | 155
Projeto | 156
Imagem 50 -Planta pavimento superior Sem Escala Fonte: Autora
02 01
01 - Biblioteca | 02 - Sanitรกrios
Projeto | 157
Projeto | 158
Imagem 51 -Corte AA Sem Escala Fonte: Autora
Imagem 52 -Corte BB Sem Escala Fonte: Autora
Projeto | 159
Imagem 53 - Corte CC
Imagem 54 - Corte DD
Projeto | 161
Projeto | 162
Imagem 55 -Elevação 01 Sem Escala Fonte: Autora
Imagem 56 -Elevação 02 Sem Escala Fonte: Autora
Imagem 57 - Elevação 03 Sem Escala Fonte: Autora
Projeto | 163
Projeto | 164
Imagem 58 - Perspectiva
Projeto | 165
7. Consideraçþes finais
Projeções do IBGE mostram que a tendência para os próximos anos
é que o número de idosos vivendo no Brasil e, principalmente, na cidade de São Paulo aumente gradativamente, tornando - se primordial projetar espaços para essa faixa etária visto que cidade de São Paulo, por exemplo, possui poucos locais destinados aos milhares de idosos que nela vivem.
Além disso, através das pesquisas e dos estudos de casos
realizados, foi possível notar que a terceira idade é um período longo e complexo e, que apesar de tantos estudos, essa etapa da vida ainda não foi entendida totalmente. Por isso, se faz necessário alinhar diversas áreas além da arquitetura e urbanismo para que se possa projetar lugares destinados a esta faixa etaria que tragam bem estar e qualidade de vida.
Não somente isso, será necessário também investimentos públicos
e privados para que esses projetos possam se concretizar, já que por exemplo, na arquitetura há diversas normas que são utilizadas para tornar os ambientes acessíveis e confortáveis àqueles que possuem necessidades especiais, que porém aqui no Brasil, para implantar o custo é ainda altíssimo.
Por fim, pode - se concluir que os projetos destinados aos idosos
podem sim ser implantados nas periferias, uma vez que o acesso ao transporte público está se tornando cada vez mais acessível.
Considerações finais | 169
8. Referências Bibliográficas
_____________. Casos de violência contra idosos. Disponível em: <http:// observasampa.prefeitura.sp.gov.br/index.php/indicadores/indicadores-portema/>. Acesso em: 15 de Junho. 14:12:20 _____________. Hogewey Village: conheça a minicidade para pacientes com Alzheimer. Disponível em: <http://www.maisequilibrio. com.br/saude/hogewey-village-conheca-a-minicidade-para-pacientescom-alzheimer-5-1-4-704.html>. Acesso em: 22 de setembro de 2015. 20:44:12. _____________. Linha 9 Esmeralda - Extensão Grajaú - Varginha. Fonte disponível em :<http://www.stm.sp.gov.br/index.php/obras-em-licitacao/ linha-9-extensao-grajau-varginha>. Acesso em 01 de junho de 2015. 16:15:15 ____________. População de São Paulo vai diminuir a partir de 2040. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/populacao-desao-paulo-vai-diminuir-a-partir-de-2040>. Acesso em: 13 de maio de 2015. 22:24:12. ____________. São Paulo tem taxa de fecundidade menor que média nacional. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sociedade/saopaulo-tem-taxa-de-fecundidade-menor-que-media-nacional> Acesso em 13 de maio de 2015. 21:45:21. ____________. The amazing village in the Netherlands just for people with dementia. Disponível em: <http://twistedsifter.com/2015/02/amazingvillage-in-netherlands-just-for-people-with-dementia/>. Acesso em: 22 de setembro de 2015 AFLALO & GASPERINI. Hiléa. Disponível em:< http://aflalogasperini.com. br/blog/project/hilea/>. Acesso em: 18 de julho de 2015. 14:50:22. CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas.Editora Senac. São Paulo. 2007 Coordenadoria de Desenvolvimento E Políticas de Saúde (CODEPPS). Caderno de violência contra pessoas idosas: orientações gerais. Secretaria Municipal da Saúde, São Paulo, 2007. Disponível em: < http://midia.pgr.mpf.gov.br/pfdc/15dejunho/caderno_violencia_idoso_ atualizado_19jun.pdf>. Acesso em: 15 de novembro de 2015. 20:42:18. BARBOSA, Ana L. G. M.. Espaços edificados para o idoso: condições de conforto. Cidade para idosos, 2015. Disponível em: <http://www. portaldoenvelhecimento.org.br/acervo/pforum/cidade2.htm>. Acesso em: 29 de maio de 2015. 22:56:33. BARBOSA, Ana L. G. M., BARROSO-KRAUSE, Claudia. Planejando habitações sustentáveis para uma vida longa: novas necessidades para uma população mais madura. NUTAU. 2002. p. 932-941. BARBOSA, Elizabeth S.; ARAÚJO, Eliete P.. Edificios e habitações sociais humanizados para idosos. Unirevistas: Arquitetura e Comunicação Social, v.11, n.2, p.7-16, jul/dez 2014. BESTETTI, Maria L. T.. Habitação para idosos: o trabalho do arquiteto, arquitetura e cidade. 2006. 184f. Dissertação (Doutorado em Estruturas Ambientais). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Referências Bibliográficas Introdução | 173
Paulo, São Paulo, 2006. CARVALHO FILHO, Eurico Thomaz de. Fisiologia do envelhecimento. In PAPALEO NETTO, Matheus (org). Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 1996, p.26-43. CIACO, Ricardo J. A. S.. A arquitetura no processo de humanização dos ambientes hospitalares. 2010. 150f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia). Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2010. COHEN, Regina; DUARTE, Cristiane Rose. Acessiblidade de pessoas com dificuldade de locomoção e a sustentabilidade das cidades. NUTAU 2002, São Paulo. SP. 2002. DORNELES, Vanessa G.. Acessibilidade para idosos em áeas livres públicas de lazer. 2006. 213f. Dissertação (Pós - Graduação em Arquitetura e Urbanismo). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. DUMAZEDIER, Jofre. Lazer e cultura popular. São Paulo. Perspectiva. 1976. FALEIROS, Vicente de Paula. Cidadania: os idosos e a garantia de seus direitos. In: NERI, Anita L. et. al. Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo. Editora Fundação Perseu Abramo. 2007 FORATTINI, Oswaldo P.. Qualidade de vida e meio urbano: a cidade de São Paulo, Brasil. Rev. Saúde Públ.. 1991; 25(2): 75-86. FRANCO, Adelton N. . Estudo da antropometria estática em indivíduos da Terceira Idade: verificação da viabilidade de um banco de dados antropométricos. 2005. 105f. Dissertação (Pós - Graduação em Desenho Industrial). Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2005. FUENTES, Sonia A. M. Prata Silva; PEGENOTTO, Maria Ligia; LODOVICI, Flamínia Manzano Moreira; MEDEIROS, Suzana da A. Rocha. Como moram muito de nossos velhos? Reflexões sobre um conjunto de visistas a instituições que abrigam pessoas idosas. Caderno Temático Kairós Gerontologia. 8. ISSN 2176-901X, São Paulo, novembro 2010. GAIA, Sidart. Habitações de interesse social para a terceira idade sob a óptica dos princípios de acessibilidade promovidos pelo design universal.2006. 183 p. Dissertação (Pós-Graduação em construção civil). Universidade Federal do Paraná, Curitiba 2005. GIFFOR, R. Enviromental psycology principles and practices. 2nd ed. Allyn and Bacon, 1997. 506p. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estastísticas. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 18 de maio de 2015. 23:24:45. KACHAR, Vitória. A terceira idade e o computador: interação e produção no ambiente educacional interdisciplinar. São Paulo. PUC-SP. 2001. 206 p. Tese de doutorado em Educação KWOK, Alison G.; GRONDZIK, Walter T. Manual de arquitetura ecológica. 2 ed. Editora Bookman. Porto Alegre. 2013. Referências bibliográficas || 174
LAWTON, M. P.. A multidimensional view of quality of life in frail elders. In BIRREN, J. E.; LUBBEN, J. E.; ROWE, J. C. et al. The concept and measurement of quality of life in the frail elderly. San Diego, Academic Press. 1991. LEBRÃO, Maria Lúcia; DUARTE, Yeda A. de Oliveira. Saúde e independência: aspirações centrais para os idosos. In: NERI, Anita L. et. al. Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo. Editora Fundação Perseu Abramo. 2007 LEHR, Ursula. A revolução da longevidade: impacto na sociedade, na família e no indivíduo. Est. Interdiscipl., Porto Alegre, v.1, p.7-36, 1999. MAIOR, Mônica M. S.; ZURITA, Ana M.; BEZERRA, Anna T. P. B. Psicologia ambiental: estudo de caso em ambiente asilar. Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável. Ano 01, Março, 2007. 72-81. MAZO, Giovana Zappellon; et. al. Atividade física e o idoso: concepção gerontológica. Porto Alegre. Sulina. 2004. 2 ed. 248p. MELO, Victor A.; ALVES JUNIOR, Edmundo D.. Introdução ao lazer. Barueri. Editora Manole. 2ª ed. rev. e atual. 2012. MENDES, José D. V.. A redução da mortalidade infantil no Estado de São Paulo. Boletim Epdemológico Paulista (BEPA). 2009; 6(69). Disponível em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/bepa69_gais.htm>. Acesso em: 09 de maio de 2015. 20:00:19. MENDES, Márcia R.S.S.B. et al. A Situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Rev. Acta Paul. Enferm. 2005; 18 (4): 422-6. MONTEIRO, Carlos Augusto. Contribuição para o estudo do significado da evolução do coeficiente de mortalidade infantil no município de São Paulo, SP (Brasil) nas três últimas décadas (1950 -1979). Rev. Saúde Públ.. 1982; 16:7-18. MORAN, Emilio F. Meio ambiente e ciências sociais interaçãoes homemmeio ambiente e sustentabilidade. Editora Senac São Paulo, 2011. MOSER, Gabriel. Psicologia Ambiental. Estudos de Psicologia. 1998; 3(1),121-130. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413294X1998000100008&script=sci_arttext>. Acesso em: 16 de maio de 2015. 17:35:24. MOTTA, Silvio R. F.; AGUILAR, Maria Teresa P. Sustentabilidade e processos de projetos de edificações. Gestão & Tecnologia de Projetos. Vol. 4, nº1, Maio de 2009. Minas Gerais. NARSI, Fabio. O envelhecimento populacional no Brasil. Einstein. 2008; 6 (Supl 01): S4-S6. NBR 9050. Norma de acessibilidade a edificações, mobiliarios, espaços e equipamentos urbanos. 3 ed. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2015 NERI, Anita L. et al. Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo. Editora Fundação Perseu Abramo. 2007. Referências Bibliográficas Introdução | 175
NERI, Anita L. Qualidade de vida e idade madura. Campinas. Editora Papirus. 1993. NERI, Anita L.; SANTOS, Geraldine Alves dos; LOPES, Andréa. Escolaridade, raça e etnia: elementos de exclusão social dos idosos. In: NERI, Anita L. et. al. Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo. Editora Fundação Perseu Abramo. 2007 NERI, Marcelo Cortes. Renda, consumo e aposentadoria: evidências, atitudes e percepções. In: NERI, Anita L. et. al. Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo. Editora Fundação Perseu Abramo. 2007 Observa Sampa - Observatório de Indicadores da Cidade de São Paulo. Disponível em: http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/index.php/ indicadores/indicadores-por-regiao/. Acesso em: 19 de maio de 2015. 14:33:35. PANERO, Julius; ZELNIK, Martin. Dimensionamento humano para espaços interiores. Nova Iorque. 2013. Editora G. Gilli. PASCALE, Maria A.. Ergonomia e Alzheimer: fatores ambientais como recurso teraupêtico nos cuidados de idosos portadores da demência tipo Alzheimer. 2002. 120f. Dissertação (Pós - Graduação em Engenharia da Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Prefeitura de São Paulo. População idosa no município de São Paulo. Disponível em: <http://tabnet.saude.prefeitura.sp.gov.br/cgi/tabcgi. exe?secretarias/saude/TABNET/POPIDADE/popidade.def>. Acesso em: 19 de maio de 2015. 14:33:35. ORNSTEIN, Sheila W.. Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental: uma reflexão sobre dilemas e possibilidades de atuação integrada. Psicologia USP, 2005, 16(1/2), 155-164. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/pusp/v16n1-2/24653.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2015. 16:44:56. RAMOS, L. R.; VERAS, Renato P.; KALACHE, Alexandre. Envelhecimento populacional: uma realidade brasileira. Rev. Saúde Públ.. 1987; 21(3): 211-24. RODRIGUES, Marcos O.. Sobre a taxa de evolução da mortalidade infantil no Município de São Paulo. 2012, 33f. Dissertação (Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. ROJAS, Vera B. F.. Contribuição para o planejamento de ambientes construídos destinados à convivência de idosos. 2005. 147f. Dissertação (Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia). Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005. SESC Vila Mariana. Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/ unidades/13_VILA+MARIANA#/content=tudo-sobre-a-unidade>. Acesso em: 15 de novembro de 2015. 10:25:11 SANTINI, Rita de Cássia Giraldi. Dimensões do lazer e da recração. Questões espaciais, sociais e psicológicas. São Paulo. SP. Editora Referências bibliográficas || 176
Angelotti LTDA. 1991. SANTOS, Gabriela Cursino Ferreira dos. Núcleo de apoio ao idoso - Umuarama. 2013. 93f. Dissertação (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo). Centro Universitário Moura Lacerda. Riberão Preto. 2013. SANTOS, Laerte Moreira dos. Expansão Urbana na cidade de São Paulo e a segregação sócio-espacial durante o período de 1850 a 1992. Disponível em : <http://www.cefetsp.br/edu/eso/saopaulo.html>. Acesso em: 07 de maio de 2015. 14:50:15. SILVA, Maria G. A vivência do envelhecer: sentido e significados para a prática de enfermagem. 2007. 174f. Dissertação (Curso de Pós - Graduação em Enfermagem Fundamental). Universidade de São Paulo. Rio Preto, 2007. SILVEIRA, M. M.; et. al. Educação e inclusão digital para idosos. CINTEDUFRGS. Passo Fundo, Rio Grande do Sul. V. 08, nº02, julho, 2010. SIMÕES, Regina. Corporiedade e terceira idade: a marginalização do corpo idoso. Piracicaba: Unimep, 1994. 131p. SOMMER, R. Espaço pessoal: bases comportamentais de projetos e planejamento. São Paulo. EPU. Editora da Universidade de São Paulo, 1973. p.112; 151; 167; 216. TRENTINI, Clarissa M.. Qualidade de vida em idosos. 2004. 224f. Dissertação (Curso de Pós - Graduação em Ciências Médicas). Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. VASCONCELOS, Renata T. B.. Humanização de ambientes hospitalares: características arquitetônicas responsáveis pela integração interior/ exterior. 2004. 177f. Dissertação (Curso de Pós - Graduação em Arquitetura e Urbanismo). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. VILHENA, Juliana M. Diretrizes para a sustentabilidade das edificações. Gestão & Tecnologia de Projetos. Vol. 2, nº2, Maio 2007. São Paulo.
Referências Bibliográficas Introdução | 177
Referências bibliográficas || 178