ESPAÇOS TRANSITÓRIOS
imaginar
CONSTRUIR
CONFIGURAR
re [ ]
CONSTRUIR
CONFIGURAR
imaginar
ESPAÇOS TRANSITÓRIOS
[re] Eloisa Agiani
aluna
Profa Dra Myrna de Arruda Nascimento orientadora
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
São Paulo 2015
AGRADECIMENTOS Aos colegas de curso por partilhar angústias, discussões, conhecimentos e alegrias (por que não?!) ao longo desse contínuo processo de nossa construção (será?) como arquitetos e urbanistas. Aos professores que, cada um a seu modo, deixaram em mim um pouco de si através da troca de conhecimentos em sala de aula, das palavras durante um atendimento, das lembranças na reflexão de um livro, ou, até mesmo, da simples e grata memória de encontrá-los todos os dias por estes corredores. À Myrna Nascimento pela generosidade, paciência e, sobretudo, pelas conversas e reflexões que alimentaram esta pesquisa. À Bebete Viégas pelas observações sobre as imagens produzidas e por compartilhar seu amor pela fotografia. Aos amigos Arthur, Daniella e Letícia, pelos muitos dias e noites de trabalho duro que, sem dúvida, valeram a pena; Nara, Rafael Duarte e Rafael Miranda por dias que nunca vou esquecer. À Juliana pelo amor, energia e cumplicidade diários durante esses anos. Assim como à família Ketendjian pelo acolhimento. À minha Eliana, Giovanna e Lívia pelo carinho e apoio em todas as minhas escolhas. E à minha mãe, minha primeira professora, por tudo que me ensinou com tamanha simplicidade, honestidade e doçura.
“
Estamos aqui para ocupar os espaços
de forma
transgressora, ”
se for possível .
(Paulo Mendes da Rocha)
ABSTRACT The research Transitory Spaces - (Re)Imagining, (Re)Configuring, (Re)Building aims to present a reflection on the social practices in the contemporary city, mediated by mobile devices and designed as a continuous phenomenon of reinventing the space , so, starting from the occurance of an interaction condition. In the public space, such devices show changes in the behavior of individuals, apart from revealing that they have new requirements on the urban spaces. These needs are not covered by urban planning or by zoning, but are legitimized in acts of spontaneous and alternative occupations held in the city. Nowadays, Sao Paulo restarts to discuss its public spaces, so, to exercise and analyse the concepts developed in this research we selected the Largo da Batata, in the district of Pinheiros, West Zone of the city, as an urban laboratory to test a proposal for ephemeral occupation which leads to new meanings, conditions and possibilities in the Paulistana city. key words: contemporary city; social practices; urban intervention; interaction; Largo da Batata.
< FIGURA 01
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015.
< FIGURA 02
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015.
RESUMO Para esta pesquisa, entendo interação como condição na qual a relação entre pessoas e espaço gera uma transformação na paisagem urbana. 1
A pesquisa Espaços Transitórios – (Re)Imaginar, (Re)Configurar, (Re)Construir tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre as práticas sociais na cidade contemporânea, mediadas pelos dispositivos móveis e pensadas como um fenômeno contínuo de reinvenção do espaço, assim, partindo da condição de interação1. No espaço público, tais dispositivos evidenciam mudanças no comportamento dos indivíduos, além de revelarem que os mesmos possuem novas necessidades diante dos espaços urbanos. Estas necessidades não estão previstas pelo planejamento urbano nem pelo zoneamento, mas são legitimadas nos atos das ocupações alternativas realizadas na cidade. Neste momento, São Paulo volta a discutir seus espaços públicos e, para exercitar os conceitos e análises aqui trazidos, o Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da cidade, foi escolhido como laboratório urbano para ensaiar uma proposta de ocupação efêmera, que provoque novos significados, condições e possibilidades. palavras-chaves: cidade contemporânea; práticas sociais; intervenção urbana; interação; Largo da Batata.
SUMÁRIO INTRODUÇãO [1] ESPAÇO, EXPERIÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO _espaço [urbano] _espaço [público] _tempo _corpo humano+corpo urbano
[2] PLUGS, LINKS E NETS
_cidade conectada _ciberespaço _ciborgue
[3] ENTRE O CONCRETO E O DIGITAL _rizoma
[4] METRO, MEGA E META __londres __nova iorque
[5] PERCEBER, CONCEBER, TRANSFORMAR largo da batata__ espaços transitórios__
[6] CONSIDERAÇÕES FINAIS Lista de imagens Lista de referências
INTRODUÇÃO Durante esses cinco anos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, muitos assuntos discutidos em sala de aula, em especial, sobre os espaços públicos, permaneciam na minha cabeça por um bom tempo. Inquietações que passaram a me acompanhar e se acumular diariamente em meus percursos. Em pé, no trajeto do ônibus, buscava no pouco espaço uma fresta por entre as pessoas, um jeito para ver a cidade; no canto do trem, a caminho do trabalho, procurava me isolar na janela, observando os edifícios de um lado e aquele imenso rio de outro; no metrô, fazia o percurso em outro ritmo, assistindo àquele frenesi contínuo de pessoas chegando e partindo; a cidade sempre foi, para mim, objeto de fascínio. Observar as pessoas e toda aquela vida, o movimento, os sons, tudo simultaneamente percebido no mesmo espaço era instigante. Entre os anos de 2013 e 2014 sai de São Paulo para viver por um breve período de intercâmbio em uma cidade de escala muito menor. Covilhã, a nordeste de Portugal, está cravada ao pé da Serra da Estrela. Cidade pequenina, de hábitos simples, clima universitário, habitantes antigos à porta das casas contando histórias, gostos típicos, cheiros inconfundíveis, arquitetura e cores próprias. Portugal foi a porta de entrada para da Europa e para outros tantos lugares que desejava conhecer. Esta vivência com diferentes culturas e cidades proporcionou a mim novas experiências e novas relações com meio urbano. De volta à São Paulo, já não conseguia mais ver a cidade com os mesmos olhos. Tudo era diferente, como não poderia deixar de 15
ser. Logo, quando precisei propor um tema, para meu trabalho final de curso, escolhi explorar o desenrolar das relações humanas e práticas sociais nos espaços urbanos, entendendo estes fenômenos humanos como transformadores das cidades, hoje, mediados por dispositivos que assinalam o desejo do homem contemporâneo de obter novas experiências no espaço que habita. Para cercar o tema e trazer as reflexões a um campo mais palpável, Novos Espaços Urbanos de Jan Gehl e Lars Gemzoe e Metamorfoses do Espaço Habitado de Milton Santos me ampararam na construção do conceito de espaço e da própria ideia de espaço público e espaço urbano, nos quais encontrei numa reflexão muito segura e autêntica a tradução daquilo que havia vivido há pouco tempo. Também tive contato com a leitura contextual de Françoise Ascher em Os Novos Princípios do Urbanismo que foi fundamental para elucidar as mudanças históricas das cidades e trazer uma compreensão mais global do tema para os desafios futuros. E, ainda em tempo, cruzei com o trabalho da professora Paola Berenstein Jacques trazendo a ideia da experiência corporal na cidade ser geradora de significado e troca, além de ser também, na visão dela, um ato de resistência. O trabalho final de curso então foi delineado a partir de um percurso que possibilitasse múltiplas abordagens sobre o tema, ainda que nosso foco fosse ajustado para uma única questão: pensar espaços na cidade que traduzissem condições de interação para seus usuários. Este percurso determinou a divisão básica do trabalho em 16
seis capítulos que tratam, respectivamente, da compreensão conceitual dos espaços, da passagem histórica da cidade moderna para cidade contemporânea, da forma de apropriação dos espaços públicos pelos transeuntes (capítulo [1]); do estudo geral da cidade contemporânea, assinalando a mudança do comportamento de seus indivíduos e dos novos espaços criados nesta cidade através das tecnologias móveis (capítulo [2]); da definição da cidade contemporânea como um espaço híbrido (capítulo [3]); dos estudos de caso selecionados a partir de situações vivenciadas em grandes metrópoles, recentemente transformados, nos quais espaços de convívio público foram concebidos a partir da condição de interação (capítulo [4]); da análise dos conceitos estudados, do levantamento de dados para proposta na cidade de São Paulo, da elaboração conceitual para o exercício de intervenção efêmera (capítulo [5]); das considerações finais (capítulo [6]). Longe da pretensão de estabelecer algo definitivo, vejo muito mais esta pesquisa como um caminho, uma ideia explorada, uma possibilidade, uma discussão que não se encerra neste momento. Desejo que a cidade continue, cada vez mais ativa, discutindo seus espaços, se organizando, buscando novas iniciativas e alcançando uma nova consciência no que tange o compartilhar, conviver, coexistir no espaço urbano. Que os espaços públicos sejam palco dessa transformação e dessa constante [re]construção. 17
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[1] ESPAÇO, EXPERIÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO
< FIGURA 03
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015.
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[1] ESPAÇO, EXPERIÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO 2
Usarei o termo cidade contemporânea para me referir aos grandes centros urbanos, às metrópoles e megalópoles neste século XXI.
Abro esta pesquisa inscrevendo a cidade contemporânea2 como campo de estudo e de observação. Nela se tecem - em diferentes camadas – redes múltiplas de conexões entre indivíduos. Busquei apreender esta cidade como espacialidade, cercando os elementos que a constituem em sua morfologia e atuam como meio de desenvolvimento das práticas sociais nesses espaços. Os edifícios, os espaços livres, o mobiliário e a vegetação constituem estes espaços e se apresentam em aspectos variados sendo fixos ou transitórios, constantes ou mutáveis, coexistindo numa relação de simbiose, configurando e reconfigurando o espaço urbano. Entendo o homem contemporâneo também como parte destes elementos, constituindo o corpo da cidade com seu próprio corpo em movimento. Assim, este também é propulsor das transformações da - e na - paisagem urbana, quando o corpo se desloca, ocupando e invadindo a cidade, num ritmo próprio, com direção, preenchendo os vazios e transgredindo os espaços.
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< FIGURA 4
PIAZZA ANFITEATRO, LUCCA (ITÁLIA). DISPONÍVEL EM:
www.hoteltettuccio.it.
FIGURA 5
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PRAÇA DO COMÉRCIO, LISBOA (PORTUGAL). FOTO DA AUTORA. 2013.
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espaço 3 Entendemos por imagem a construção do significado da cidade, ou melhor, aquilo que remete a ela em função de uma experiência individual ou coletiva. Por identidade compreendemos as características da individualidade de uma cidade reconhecidas pelo senso comum, construído e legitimado por interpretações diversas em várias expressões comunicacionais (mídias, meios, etc.). Notas de atendimento. Orientação: prof.ª Myrna de Arruda Nascimento.
[urbano]
O espaço urbano é o espaço da cidade em si, englobando todos os elementos nela presentes, sejam públicos ou privados, edificados ou livres. São o desenho e a organização destes elementos no espaço urbano constituem a imagem e a identidade3 da cidade. Como exemplo, basta olhar os centros históricos de algumas cidades para perceber como se configuram estes espaços. Os edifícios do governo costumam estar dispostos ao redor da praça principal, que também acolhe outros edifícios de referência, como as catedrais ou igrejas. Nesta praça é onde acontecem os principais eventos da cidade, como reuniões, celebrações, manifestações, eventos e etc. Para Françoise Ascher (2010, p. 20), “as formas da cidade, sejam projetadas, sejam resultantes mais ou menos espontaneamente de dinâmicas diversas, cristalizam e refletem as lógicas das sociedades que as acolhem”. Portanto, é possível, ao observar o lugar público construído no espaço urbano, compreender aquilo que realmente tem significado cultural, econômico e social para aquela cidade, aquilo que os habitantes legitimam como valor coletivo (DARODA, 2012). As diferentes configurações do espaço urbano permitem às cidades expressar as distintas identidades que assumem fazendo, de cada uma delas, um lugar único. Ainda que concentrem os mesmos usos e partilhem formas de apropriação pelas pessoas, o desenho de cada espaço gera diferentes atmosferas na
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< FIGURA 06
IMAGEM DE SATÉLITE DE LISBOA (PORTUGAL). GOOGLE EARTH. 2015.
4 Notas de atendimentos. Orientação: prof.ª Myrna de Arruda Nascimento.
cidade. Seguindo esta lógica, também entendemos que é possível ler nas configurações destes espaços as mudanças de valores e pensamento de cada sociedade em função do tempo. Isto é evidenciado quando observamos a forma urbana de cidades antigas e percebemos desenhos diferenciados e espaços concebidos em períodos históricos variados. Lefebvre (p. 47, 2001) reconhece que “a cidade tem uma história; ela é a obra de uma história”. Sendo o homem agente transformador desta cidade, os espaços urbanos e públicos são, portanto, resultantes das manifestações “concretas” destes processos vivenciados e registrados ao longo das transformações destas sociedades. Isto sinaliza que, em alguns casos, quando essa associação não é preservada, ocorrem iniciativas estratégicas urbanas que não condizem, nem respeitam as particularidades da expressão sócio histórica da cidade4.
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espaço Usaremos o termo espaço público partindo da noção de local coletivo como ideia principal e não apenas de território de domínio do Estado. 5
[PÚBLICo]
Percebo o espaço público5 como intrínseco ao espaço urbano e, efetivamente, local onde a vida da cidade acontece. Onde a cidade se agita através do movimento dos corpos no espaço, do deslocamento das pessoas, da concentração de indivíduos, da manifestação das vontades coletivas, da essência de coexistência e compartilhamento (SANTOS, 2012, p. 26 e 27). Compreendem estes espaços as praças, ruas, avenidas, passeios, parques e jardins. Estes elementos devem conformar espaços de encontro, de convívio do coletivo, da diversidade sociocultural da cidade, espaços de trocas e de expressão onde as pessoas experienciem a vida urbana experimentando a cidade (GEHL; GEMZOE, 2002). Desta forma, o conceito de espaço público está intimamente ligado à ideia do coletivo, da diversidade, de liberdade, da expressão, do convívio com o “outro”, com o diferente. Os espaços públicos são, portanto, vitais para a vida das cidades e para a qualidade de vida de seus habitantes. Eles permitem a interação entre as pessoas, funcionam como espaços de descompressão, são transformadores potenciais das dinâmicas dos espaços urbanos, podem estabelecer novas relações entre pessoas e cidades, e devem propor uma vivência mais harmônica, equilibrada e saudável entre os complexos sistemas do tecido urbano, como o sistema de mobilidade urbana, dos fluxos de informações, pessoas e etc. (DARODA, 2012). Percebo então os espaços públicos como locais que devem ser convidativos, ou seja, equipados com elementos capazes de convocar à interação, entendo que as qualidades das trocas concebidas neste ambiente, bem como 27
PIAZZA DEL CAMPO, SIENA (ITÁLIA). https://theurbanearth.wordpress. com/2008/07/11/um-bom-espacopublico-a-great-public-space/
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FIGURA 08
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FIGURA 07
MUSEUMPLEIN, AMSTERDÃ (HOLANDA). FOTO DA AUTORA. 2014.
a experiência corpórea desse espaço por parte do transeunte, também dependem de diversos estímulos criados através dos objetos e dinâmicas que conformam este espaço, por exemplo, bancos, postes, jardineiras, barreiras, escadas, lixeiras, pontos de descanso, desenhos de piso que sugerem um caminhar, irregularidades na topografia onde os transeuntes flagram uma possibilidade de ocupação, usos diversos e mesclados no entorno, diversidade de atividades promovidas por eventos; tudo isso influencia direta e significativamente a forma com que as pessoas são atraídas e interagem com esta espacialidade. A experiência de conforto e bem-estar nas cidades está intimamente ligada ao modo de estrutura urbana e o espaço da cidade se harmonizar com o corpo humano, seus sentidos, dimensões espaciais e escalas correspondentes (GEHL, 2013, p. 397).
< FIGURA 09
KALVEBOD WAVES, COPENHAGUE (DINAMARCA). FOTO DE HENNING STUBEN. 2008.
Estas trocas estimuladas possibilitam experiências pessoais diversas uma vez que cada indivíduo apreende a cidade de uma forma e, ao pensarmos nessas relações espalhadas por toda a cidade, compreendemos o quão importantes são os espaços públicos para a vida das cidades e como eles formam uma rede de trocas de experiências entre indivíduos, de mistura de pessoas, de usos, de encontros e de informações no convívio urbano. Na cidade contemporânea, essa rede enfrenta constantes mudanças e desafios, tomando um corpo instável, tenso. A disputa do espaço entre carros e transeuntes nos grandes centros urbanos, a escassez de lugares de convívio e a crescente violência geram nos espaços públicos zonas de conflito que fazem com que muitas pessoas evitem se expor na 29
cidade, vivendo encapsuladas em apartamentos e automóveis, anulando o contato corpóreo e criando relações cada vez mais distantes, fragmentadas e pouco férteis com o espaço urbano. A percepção do espaço passa a ser determinada pela velocidade, inviabilizando o reconhecimento do pedestre, típico das configurações locais tradicionais. Os antigos espaços públicos, agora inacessíveis, perdem total significação e uso, transformando-se em “terra de ninguém” (PEIXOTO, 2003, p. 397, grifo da autora).
Os habitantes das metrópoles, principalmente, cruzam as cidades diariamente viajando entre moradia e trabalho. O tempo gasto nos percursos, o cansaço físico e mental, o excesso de estímulos sensoriais, a escassez de lugares públicos agradáveis e convidativos e os dispositivos eletrônicos móveis individuais - agora como meios de conexão com outras camadas da cidade e suportes para experiências escolhidas e controladas por seus usuários -, levam as pessoas a distanciar-se do interesse pela cidade, afastando-se do compartilhamento do espaço e desenvolvendo uma relação automática e, cada vez mais, individual, tornando o espaço urbano apenas em um local de passagem. Como citamos anteriormente, a construção deste espaço da cidade é efetivada num processo histórico social. Então, a cidade como a temos hoje, nada mais é do que um acúmulo destes processos que neste momento fazem necessário sua compreensão.
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TEMPO 6
Fordismo é um termo usado para se referir ao sistema criado pelo empresário norte-americano Henry Ford, em 1914 e, que se caracteriza pela produção em massa, no caso, de automóveis.
Ao longo da história das cidades, os padrões de organização do espaço da cidade foram se transformando. Fatores culturais, econômicos, políticos e sociais modificaram as dinâmicas de construção das cidades através do tempo, trazendo novas configurações de desenho aos espaços urbano e público. Após a Revolução Industrial, no final do século XIX, e do advento do automóvel, no início do século XX, a relação das pessoas com o espaço urbano mudou drasticamente. As novas tecnologias da época impuseram um novo ritmo à vida das pessoas e das cidades. Era necessário se adaptar a uma nova lógica de consumo, de trocas e de produção. Neste momento, “a eletricidade”, diz Ascher (2010, p. 26), “tem papel decisivo no crescimento das cidades, verticalmente com os elevadores, horizontalmente com o bonde, o telégrafo e o telefone, depois o motor à explosão”. O avanço da indústria, da técnica e da capacidade de produção, levou o homem do século XX ao consumo em massa de informações, alimentos, produtos eletrônicos e, consequentemente, dos carros. O fordismo6 trouxe grandes impactos para as cidades estabelecendo uma lógica de construção de estradas, ruas, grandes sistemas de avenidas, túneis e pontes. Um pensamento que orientou e ainda orienta o crescimento de muitas cidades até os dias de hoje. Pela primeira vez na história do homem como colonizador, as cidades não eram mais construídas como conglomerações de espaço público e edifícios, mas como construções individuais. Ao mesmo tempo, o florescente tráfego de automóveis estava efetivamente espremendo o restante da vida urbana para fora do espaço urbano (GEHL, 2013, p. 3).
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No movimento moderno a ruptura com as tradições e a busca por um novo modelo de cidade, transformaram o modo de pensar, projetar e construir os espaços urbanos. Segundo Benévolo (2011, p. 637), “assumindo a moradia como ponto de partida, a arquitetura moderna se propõe a reconstruir a cidade segundo as exigências dos habitantes”. Portanto, os arquitetos modernistas se basearam na organização espacial da unidade habitacional - onde cada ambiente havia sido pensado para um determinado uso -, analisaram as relações entre estes componentes e então aplicaram este mesmo modelo na concepção do projeto urbano, distribuindo os usos e separando as funções de cada trecho da cidade. A planta da Broadacre City, elaborada por Frank Lloyd em 1932, é exemplo da setorização do espaço urbano dividindo os usos na cidade moderna ideal. A ocupação programada traçava exatamente os locais para as casas maiores (ou larger houses) na parte superior, distante dali as zonas comerciais (markets), ao centro, dividido em quatro quadras as habitações menores (minimum houses). Interligando estes elementos estão as ruas, que, aqui, apresentam somente como meio e como reguladoras de fluxos da cidade. A moradia, os serviços, o comércio e o lazer foram fragmentados na cidade moderna. O espaço urbano cumpria funções básicas para que a cidade funcionasse como um sistema, uma máquina para habitar, trabalhar, cultivar o corpo e o espírito e circular (BENÉVOLO, 2011, p. 637). Esta cidade do século XX foi programada, desde a ocupação do terreno pela edificação, até à apropriação dos espaços públicos pelo homem. A experiência do indivíduo com o 34
FIGURA 10 <
PLANTA DA BROADACRE CITY DE FRANK LLOYD WRIGHT, ONDE PODEMOS OBSERVAR A SETORIZAÇÃO DA CIDADE. DISPONÍVEL EM: http:// arquiscopio.com/ archivo/wp-content/ uploads/2013/08/130808_ flickr_cca_wright_ broadacre01s.jpg
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espaço urbano tornou-se cada vez mais restrita e menos orgânica, mais controlada pelo fluxo cotidiano, pela velocidade. Os espaços públicos de lazer ficaram condicionados aos clubes privados deixando à margem aqueles que não poderiam pagar por este serviço. Enquanto na virada do século XIX a rua era um local de celebração e do encontro de pessoas num mesmo espaço, no movimento moderno, ela passou a ser um espaço funcional com atividades controladas, em especial, pelo fluxo de carros. As grandes quadras abertas, gigantes à escala humana, tornaram o caminhar pela cidade, a quebra de rotina por eventos casuais e a possibilidade do encontro e trocas com o “outro” cada vez mais raros. A possibilidade de vivenciar o espaço através da experiência corpórea tornava-se inviável. O indivíduo, naquele momento, era parte de uma massa, de um coletivo vivendo num sistema programado e as experiências particulares do indivíduo na cidade acabaram sendo eliminadas – o homem tornou-se uma figura genérica (DARODA, 2012, p. 30). < FIGURA 11
VALE DO ANHANGABAÚ, ANOS 70. DISPONÍVEL EM: http://www. fashionbubbles.com/historiada-moda/fotos-da-saopaulo-antiga-homenagemao-aniversario-da-cidade/
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Entre as décadas de 60 e 70, a lógica modernista passou a ser questionada. Diversos teóricos assinalaram a importância dos espaços públicos e de outros tipos de dinâmicas urbanas para as cidades. Entre eles, estava Jane Jacobs que publicou, em 1961, seu livro manifesto Morte e Vida das Grandes Cidades (The Death and Life of Great American Cities, título original). Um ponto importante para se repensar os espaços públicos nas cidades foi a crise do petróleo em 1973. Como alternativa, algumas cidades voltaram a valorizar o transporte coletivo, o transporte não motorizado e aplicaram restrições para o uso do carro como tentativa de voltar a valorizar a vida urbana e convidar seus habitantes a ocupar os espaços públicos novamente. Copenhague foi uma dessas cidades. Partindo da valorização de espaços seguros para o caminhar e o permanecer, alguns trechos do centro foram convertidos em áreas exclusivamente para pedestres já em 1962. Oportunidades para criar mobiliários e desenhos que convidassem à permanência foram flagradas e efetivadas no espaço. Aos poucos, as pessoas voltaram a ocupar locais que antes eram dominados pelos automóveis. O comércio nestas áreas ganhou novo fôlego. O investimento nas bicicletas como meio de transporte também colaborou para uma transformação das dinâmicas urbanas da cidade. Hoje, Copenhague tornou-se referência de cidade que valoriza os espaços públicos e a qualidade de vida de seus habitantes.
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CORPO HUMANO +CORPO URBANO Espaço especializado e espaço espacializante são citados aqui segundo as definições de espaço estabelecidas por MerleauPonty em sua obra Fenomenologia da Percepção. Para mais informações, consultar: MERLAUPONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. 4ª edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
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O caminho para alcançar a cidade se faz pela experiência, pela vivência que se traduz numa permanente invenção do cotidiano (CERTEAU, 1995, p. 202, apud DARODA, 2012, p. 20).
Tendo em mente os conceitos de espaço urbano e público já estabelecidos nesta pesquisa, além da compreensão dos “contextos temporais” como variáveis que trabalham simultaneamente, podemos ampliar a discussão já proposta neste trabalho, incluindo na concepção do termo ‘espaço’ dados que consideram percepções e intervenções, do indivíduo ou do grupo, como fatores que interferem na produção do significado deste “espaço”. Para o geógrafo Milton Santos (1991), O espaço é o conjunto indissociável de que a participam, de um lado, certo arranjo de objetos geográficos, objetos naturais e sociais, e, de outro, a vida que os preenche em movimento (SANTOS, 1991, p. 26 e 27, grifo da autora).
Essencialmente, o filósofo Merleau-Ponty (2011) entende esse conjunto de objetos através de dois olhares distintos: espaço espacializado e o espaço espacializante7. O primeiro pode ser entendido como o espaço onde há uma relação mais fixa entre o corpo, como meio de percepção, e os elementos existentes. Qual sensação estes elementos geram e que são relacionadas ao corpo do habitante, e que dizem respeito a sua dimensão, disposição, inserção no espaço em geral. Já o segundo conceito, espaço espacializante, determina que a forma como que os diversos elementos se organizam é responsável por gerar a noção de espaço. Se esses elementos, segundo Merleau-Ponty, são capazes de assumir diferentes configurações e de se reorganizarem entre si, logo são potenciais 39
criadores e transformadores, não apenas de um espaço, mas, sim, de múltiplos espaços possíveis dentro do campo da cidade. O filósofo Marc Augé (2004), endossado pela concepção dada por Merleau-Ponty, lê o espaço como espaço físico construído; seja pelos elementos edificados ou livres, esse é espaço latente da cidade, dotado de potencialidade, com inúmeras possibilidades de acontecimentos. Quando este espaço é vivenciado e ocupado, adquirindo significado por parte dos usuários, ele efetivamente se torna um lugar na cidade. Percebo que o termo lugar, então, está intimamente relacionado à ideia de pertencimento, cuidado e vivência. Um espaço pode continuar sendo apenas espaço dentro de uma cidade, mas através da apropriação que ele sofre por parte dos transeuntes, legitima-se como lugar dotado de significado. Já o espaço que não enfrenta este processo ou perde as características dessa apropriação, torna-se um não-lugar, estabelecendo-se como mero local de passagem ou até mesmo sofrendo total abandono por parte dos usuários8. Portanto, seguindo o pensamento de Milton Santos, “o espaço é o resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais”9. Partindo destas definições, compreende-se que a experiência urbana e a transformação do espaço em lugar dependem essencialmente da forma como os transeuntes se relacionam com o espaço. Neste sentido, os espaços públicos devem convidar as pessoas a se envolverem com o lugar, a experimentar a cidade, a explorar, sentir, ouvir. A vivência e a apropriação são fundamentais para compreender, desenvolver significados e (re)construir lugares nesta cidade 40
Lugar e não-lugar estão inscritos aqui segundo os conceitos estabelecidos por Marc Augé na obra Não-Lugares. Para mais informações, consultar: AUGÉ, Marc. Não-Lugares. 4ª edição. São Paulo: Papirus, 2004. 8
SANTOS, Milton. Paisagem e Espaço. In: Metamorfoses do Espaço Habitado. 2ª edição. São Paulo: Hucitec, 1991. p. 71. 9
10 Paola Berenstein Jacques é professora permanente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia, tendo diversas pesquisas publicadas na área. Mais informações disponíveis em: http:// buscatextual.cnpq. br/buscatextual/ visualizacv. do?id=K4766462D6.
contemporânea. Cada pessoa experiencia a cidade de uma forma distinta, por um modo próprio. Quem a explora caminhando, por exemplo, tem uma percepção diferente de quem a vivencia através do automóvel. Certamente a velocidade e restrito contato com o espaço faz o usuário do carro construir um outro tipo de relação, um envolvimento distinto de quem caminha. Segundo Careri, O caminhar, mesmo não sendo a construção física de um espaço, implica uma transformação do lugar e seus significados. [...] É uma forma de transformação da paisagem que, embora não deixe sinais tangíveis, modifica culturalmente o significado do espaço e, consequentemente, o espaço em si, transformando-o em lugar (CARERI, 2013, grifo da autora).
A vivência, portanto, é a prática do lugar, é o misturar-se à cidade, desvendando sua vitalidade, diversidade e sua versatilidade. Essa postura sensível traz ao indivíduo uma percepção diferente da habitual, que acontece de forma quase automática. A cidade deixa de ser apenas um “pano de fundo” do cotidiano e passa a ser, efetivamente, parte da vida do indivíduo. Para Paola B. Jacques10, [...] a cidade deixa de ser um simples cenário no momento em que ela é vivida. E mais do que isso, no momento em que a cidade – o corpo urbano – é experimentada, esta também se inscreve como ação perceptiva e, dessa forma, sobrevive e resiste no corpo de quem a pratica (JACQUES, 2008, grifo da autora).
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[2] PLUGS, LINKS E NETS
< FIGURA 12
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015
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[2] PLUGS, LINKS E NETS Na cidade contemporânea, esses espaços de encontro tomaram uma outra forma, adquiriram novas dinâmicas influenciados pelos avanços tecnológicos. Novos espaços de encontro emergiram através dos dispositivos móveis como smartphones e computadores portáteis, modificando a relação entre pessoas e entre a própria cidade. A herança deixada pelo pensamento modernista de lógica construtiva gerou espaços segregados nas cidades, locais pouco acolhedores ou até mesmo inacessíveis aos pedestres. Os espaços públicos que carecem de desenho, que não consideram a experiência do espaço, que repelem a permanência das pessoas, contribuíram para que os indivíduos se afastassem da vida social nos espaços públicos. A relação homem-cidade mudou drasticamente e a própria cidade se reconfigurou.
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[cidade]
conectada
O século XX foi um período repleto de descobertas e transformações. Com a invenção do telefone no final do século XIX, e mais tarde, a chegada dos bondes, carros, rádio e televisão, a forma com que os habitantes se deslocavam e se comunicavam mudou drasticamente, bem como seus hábitos de consumo. Nos últimos 25 anos, a evolução dos dispositivos móveis como os celulares e computadores portáteis, mudou decididamente as condições da cidade como lugar de encontro e troca de informações. Para Gehl e Gemzoe (2002), [...] Um fluxo aparentemente interminável de oportunidades para a comunicação indireta de pessoa a pessoa emergiu: primeiro foi o telégrafo, depois o telefone, o celular, o e-mail e a internet. A mobilidade individual proporcionada pelos carros e por outras formas de transporte e desenvolvimento das formas baratas de viagens a longa distância produziram novas oportunidades para que as pessoas conhecessem outras. O papel tradicional da cidade como um importante lugar de encontro para seus cidadãos transformou-se completamente (GEHL; GEMZOE, 2002, p. 13, grifo da autora).
Estes dispositivos móveis, principalmente, trouxeram múltiplas oportunidades para o homem se relacionar entre si, com o “outro” e com o espaço que o cerca. São novas formas de comunicação e interação que tem transformado completamente as dinâmicas socioculturais nos últimos anos. A transição entre séculos XX e XXI é um dos momentos mais cruciais na história das cidades devido às transformações tecnológicas e comunicacionais ocorridas neste período. Para Ascher (2010, p. 67), essa pode ser considerada a “terceira revolução urbana” – sendo a primeira a fundação da cidade clássica e, a segunda, a revolução industrial. Este é o momento onde surge uma nova configuração de cidade influenciada 47
diretamente pelas formas de comunicação. A terceira revolução urbana [...] gera uma cidade que se move e se telecomunica, constituída de novas decisões de deslocamento das pessoas, bens e informações, animada pelos eventos que exigem copresença, e na qual a qualidade dos lugares mobilizará todos os sentidos, inclusive o toque, o gosto, o cheiro (ASCHER, 2010, p. 67).
Essa sedução dos sentidos está interligada com o meio como os espaços contemporâneos necessitam e devem propor novas experiências aos habitantes explorando a cidade em diversos níveis como potencial plataforma geradora de novas dinâmica e experiências urbanas. Este espaço é um território em constante mutação que concentra em seu espectro duas camadas díspares: uma camada física e outra camada intangível. A primeira é material, tangível, com os elementos construídos, concentrando o fluxo de pessoas, veículos e transportes cada vez mais intensos e caóticos, típicos dos grandes centros urbanos. A segunda é incorpórea, amórfica; é a camada onde circulam os dados, as informações, onde está uma complexa e crescente rede de comunicação. Portanto, a intensidade com que a cidade contemporânea é vivida e consumida faz com que ela, cada vez mais, tenha que se reinventar, se transformar em cidade plural, a fim de atrair os indivíduos que transitam entre as camadas física e intangível, entre cidade concreta e cidade digital. As barreiras físicas e geográficas como conhecíamos até então se desmaterializam na emergência deste espaço digital, o ciberespaço. Hoje, aplicativos como Skype11, por exemplo, permitem nos “tele transportar” para o outro lado do planeta em poucos segundos, dissociando a relação entre tempo e espaço. Assim, “os 48
Skype é um aplicativo para computadores e celulares que permite a conversação simultânea através de vídeo e voz. Foi criado em 2003, atualmente a marca está sob o domínio da Microsoft. 11
12 ASCHER, François. Os Novos Princípios do Urbanismo. Tradução por Nádia Someckh. 1ª edição. São Paulo: Romano Guerra, 2010. p. 46.
indivíduos se deslocam, real ou virtualmente em universos distintos”12 a todo momento. É a comunicação assíncrona se estabelecendo como um novo elemento essencial da contemporaneidade. Da mesma forma que a nova relação espaço-tempo, a copresença dos indivíduos nos diferentes espaços são elementos fundamentais para se entender a vivência na cidade contemporânea. Um indivíduo ocupa fisicamente um espaço, mas virtualmente, ele habita diversos espaços ao mesmo momento.
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[ciberespaço] O termo ciberespaço foi criado por William Gibson em 1984 para seu romance chamado Neuromancer e, desde então, tem sido amplamente usado. Para Pierre Lévy (1999, p. 92) o ciberespaço é o “espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores [...]”. Ou seja, é todo o conjunto de sistemas de redes tangíveis e intangíveis que dão suporte a este espaço, como as redes telefônicas, as redes de fibra ótica, as redes de transmissão de dados, rede elétrica, rede de computares e os demais equipamentos necessários, as salas de bate papo, os aplicativos de comunicação simultânea, os sinais abertos de conexão de dispositivos etc. O ciberespaço, em outras palavras, é o espaço digital emergente que hoje é interdependente do espaço físico da cidade contemporânea. Ainda para Lévy (1999, p. 93), “esse novo meio tem a vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de comunicação e de simulação”. Ou seja, o ciberespaço é o local onde celulares, computadores e indivíduos se interconectam formando uma rede de trocas de informações em diversos níveis e com diferentes objetivos, como estudo, trabalho, entretenimento, compras e etc.
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[ciborgue]
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13 O termo deriva da palavra cyborg, criada em 1960 por Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline e faz referência a organismos compostos por matéria orgânica e partes eletrônicas. 14 LÉVY, Pierre. A Infraestrutura Técnica do Virtual. In: Cibercultura. Tradução por Carlos Irineu da Costa. 2ª edição. São Paulo: Editora 34, 1999. p. 31-44.
DARODA, R. F. As novas tecnologias e o espaço público da cidade contemporânea. 2012. 122f. Dissertação (mestrado em planejamento urbano) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. p. 30. 15
A chegada dos computadores ao ambiente doméstico na década de 80 foi uma primeira forma de conectar o homem comum a uma rede mundial. A popularização da internet ao longo dos anos 90, possibilitou novas formas de interação entre indivíduo, espaço e sociedade. Segundo Lévy (1999), neste momento, os computadores deixaram de ser máquinas de processamento de dados de empresas para tornarem-se instrumentos de criação. “A informática perdeu, pouco a pouco, seu status de técnica para fundir-se com as telecomunicações, editoração, cinema e a televisão”14. Assim, os dispositivos digitais passaram a influenciar toda a forma de comunicação e de troca de informações. Definitivamente, se na cidade moderna o homem foi colocado como um elemento genérico15 e os espaços eram pensados para funções programadas e controladas segundo os planejadores, percebe-se que, a cidade contemporânea e os novos dispositivos móveis, levaram o homem do século XXI a buscar, cada vez mais, experiências individuais no espaço urbano. Para Ascher (2010), A maior individualização pressupõe mudanças na maneira como os cidadãos organizam seu território e emprego de tempo. Eles se esforçam para controlar individualmente seu ‘espaço-tempo’ e, para tanto, utilizam mais intensivamente todos os instrumentos e tecnologias que aumentam sua autonomia, que abrem a possibilidade de se deslocar e de se comunicar da forma mais livre possível (ASCHER, 2010, p. 67-68, grifo da autora).
Essa liberdade se deve, principalmente, a um fenômeno inédito até então: a dissociação entre tempo e espaço geográfico. A internet trouxe a possibilidade de estabelecer conexões a qualquer hora, em qualquer lugar do mundo, 53
com outras pessoas que estejam em qualquer ponto do planeta. Assim, os espaços cotidianos tomaram outra dinâmica, uma vez que estes dispositivos “permitem desenvolver atividades de naturezas diversas em um mesmo lugar: trabalhar dentro de um transporte público, telecomunicar em pleno espaço público, etc.”16. Na contemporaneidade, os dispositivos móveis se tornaram os novos filtros que os indivíduos utilizam para selecionar onde, quando e com quem eles desejam interagir, além de ainda decidirem por quanto tempo estas conexões devem durar. Portanto, as práticas sociais no campo urbano como eram conhecidas até então sofrem uma reprogramação. Para Ascher (2010, p.72) as relações sociais na cidade contemporânea se caracterizam pela “existência de vínculos sociais mais ‘frágeis’, menos estáveis, porém muito mais numerosos, variados, conectados nas múltiplas redes [...]”. Muitos destes vínculos estão circunscritos no curto espaço de tempo entre o “adicionar” e o “deletar”. Indiscutivelmente, a internet se estabeleceu como novo espaço de encontros e interação na cidade contemporânea. O ciberespaço é o novo local para ver e ser visto. A tecnologia está ligada de forma tão intrínseca à vida do homem contemporâneo que, sem nenhum exagero, podemos dizer que ela exerce um domínio sobre a forma como nos relacionamos em sociedade. Em geral, o trabalho depende de uma rede de computadores, as atividades cotidianas estão ligadas ou são facilitadas pela internet, como ir ao banco ou ao supermercado. Os momentos de lazer também estão conectados à rede. A tecnologia influencia, inclusive, a forma como os indivíduos se deslocam pela cidade física direcionados por 54
16 ASCHER, François. Os Novos Princípios do Urbanismo. Tradução por Nádia Someckh. 1ª edição. São Paulo: Romano Guerra, 2010. p. 90.
17 Dado retirado do artigo Prefeitura supera meta e entrega a 120ª praça com Wi-Fi livre, da Secretaria Executiva de Comunicação para o portal da Prefeitura de São Paulo. Disponível em: www.capital. sp.gov.br/portal/ noticia/5544#adimage-0. Publicado em: 14/04/2015. Acessado em: 24/10/2015.
aplicativos que calculam os trajetos, desviam as pessoas do trânsito e reprogramam os percursos. Estas, muitas vezes, são atraídas inclusive pela possibilidade de conexão nestes locais. Basta observarmos a crescente quantidade de estabelecimentos privados e, até as praças públicas – o lugar da vida urbana, por excelência –, que buscam inserir em seus espaços redes Wi-Fi como mais um atrativo aos indivíduos que transitam por esta cidade. Em São Paulo, somente neste ano, foram instalados 120 pontos de internet gratuita em praças públicas17. Isso demonstra que há uma progressiva demanda de pessoas na cidade que anseiam por espaços públicos mais dinâmicos. Em contrapartida, o poder público precisa começar a buscar novos meios de adequar e repensar o planejamento destas áreas, oferecendo aos habitantes da cidade contemporânea, novas experiências espaciais que gerem possibilidade de interação não apenas entre indivíduo e espaço, mas principalmente entre indivíduo-indivíduo no espaço da cidade. Neste sentido, compreendemos que a disseminação de pontos Wi-Fi nos espaços públicos são ações pontuais para atrair usuários. Se, por um lado este é um primeiro passo importante reconhecendo a tecnologia como uma ferramenta a ser considerada na construção do espaço público contemporâneo, por outro, esta intervenção ainda é limitada se pensarmos no campo de experiência do usuário. Os dispositivos móveis, além de ampliar a individualização da experiência, das possibilidades de escolha e o controle próprio do espaço-tempo, também permitiram ao homem expandir seu campo de ações (do ponto de vista da capacidade física do corpo 55
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< FIGURA 13
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. PESSOAS PRÓXIMAS AO PONTO WI-FI LIVRE. FOTO DA AUTORA. 2015.
humano). Hoje, os celulares e computadores são extensões da memória humana com suas listas de tarefas, lembretes de aniversários, eventos importantes, listas de contatos, endereços, números de telefones, códigos, senhas e mais senhas, simulações, sensores digitais, realidades virtuais e inteligências artificiais (LÉVY, 1999, p. 57). Uma memória mecânica e automática, feita para lembrar e deletar com a mesma agilidade. Terminação nervosa e o circuito elétrico se conectam. Agora, a máquina é a extensão do próprio corpo humano.
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[3] ENTRE O CONCRETO E O DIGITAL
< FIGURA 14
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015.
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[3] ENTRE O CONCRETO E O DIGITAL Um novo espaço social se configurou e emergiu através da relação entre indivíduos e dispositivos móveis, entre cidade física e digital. É um espaço sem face, sem forma, sem materialidade, mas profundamente transformador das dinâmicas humanas, das práticas sociais. A cidade contemporânea, diferente de suas antecessoras, não se desenvolve de forma horizontal, mas através de um sistema de camadas que estão interligadas, como uma rede. É o espaço urbano múltiplo, ubíquo. Os habitantes dessa cidade transitam constantemente por essa rede, alternando-se entre cidade física e digital. Este conceito de “rede” tem sido amplamente citado, principalmente em discussões que abordam uma temática tecnológica, mas este ainda é um termo muito vasto e, para compreendermos como ele se aplica e como a ideia de rede se materializa interferindo e no funcionamento, influenciando e modificando o território, precisamos primeiro compreender esta expressão e definir o significado de “redes” na cidade contemporânea.
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[RIZOMA] O geógrafo Milton Santos (2012, p. 262) nos apresenta duas leituras sobre o termo ‘redes’. A primeira considera o aspecto físico e funcional, enquanto a segunda ainda leva em conta o dado social. A primeira é definida formalmente como: [...] toda infraestrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação, e que se inscreve sobre um território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, arcos de transmissão, seus nós de bifurcação ou comunicação (CURRIEN, 1988, p. 212, apud SANTOS, 2012, p. 262).
Já a segunda, considera também a rede como uma configuração social: [...] a rede também é social e política, pelas pessoas, mensagens e valores que a frequentam. Sem isso, e a despeito da materialidade com que se impõe em nossos sentidos, a rede é, na verdade, uma mera abstração (SANTOS, 2012, p. 262).
Definitivamente, partindo de ambas as concepções, é possível afirmar que sempre vivemos em redes. Redes de cidades, de esgoto, de água, de energia elétrica, de transportes subterrâneos e de superfície, redes de trocas, de comunicação, redes de informações. Contudo, agora, na cidade contemporânea, adentramos uma nova configuração de redes onde o sentido social da conexão indivíduoinformação e indivíduo-indivíduo ganha maior expressão se estabelecendo através de redes intangíveis configuradas por dispositivos como computadores e smartphones. Estas redes se multiplicam freneticamente interligando-se de forma global e invisível, atingindo um espectro muito mais amplo do que as redes anteriores limitadas pela capacidade física ou pelo espaço geográfico. 63
Desta forma, pensar a cidade contemporânea como uma cidade onde as redes são suporte essencial de conexões, é perceber que esse espaço não se limita em si, afinal a maior característica dessa rede é a multiplicidade de conexões estabelecidas de forma contínua e ilimitada, como um rizoma.
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[4] METRO, MEGA E META
< FIGURA 15
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015
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[4] METRO, MEGA E META 18 Inicialmente, selecionei Tóquio como uma das cidades que seriam abordadas nos estudos de caso, visto que a relação de seus habitantes com os dispositivos móveis poderia sugerir interessantes intervenções no espaço público. Contudo, ao longo do trabalho, a dificuldade de conseguir informações mais palpáveis, a distância geográfica que não permitia uma fácil observação direta, os breves relatos dos questionários que indicavam relações culturais distintas com o espaço público e o ajuste de foco da pesquisa durante o TCC2 me levaram a desconsiderar esta cidade para este capítulo.
Para compreender como algumas cidades têm buscado proporcionar novas experiências às pessoas, abordei como estudo de caso duas metrópoles com mais de 8 milhões de habitantes - para termos uma escala mais próximos a da cidade de São Paulo. Tais cidades deveriam ser referências na discussão dos espaços públicos e da busca por proporcionar novas práticas entre os habitantes destas cidades, além de terem recebido projetos ou pesquisas significativas neste sentido. As cidades escolhidas foram Londres e Nova Iorque18. Estabeleci um recorte de um trecho de cada uma delas onde pude aplicar e discutir conceitos estudados até aqui e compreender possibilidades de aplicação nas mesmas. Para Londres, estudei a área de de South Bank e para Nova Iorque, o projeto de remodelação da Times Square. A metodologia adotada para o estudo de ambas as cidades consistiu em: 1) leitura de documentos e periódicos que tratavam destes projetos, 2) observação direta e indireta e 3) entrevistas, realizadas através de questionários (físicos e digitais) com pessoas que viveram recentemente, ou vivem, nessas cidades. Primeiramente, pontuei alguns fatores históricos importantes e o momento vivido pela cidade para compreender o que gerou a necessidade de reforma destes espaços, bem como a escolha destes projetos e a análise dos mesmos. Isto foi fundamental para embasar a discussão e não tomar esta análise de forma simplista, acreditando que as mesmas iniciativas possam ser implantadas exatamente das mesmas formas que ocorreram em distintas espacialidades sem considerar as diferenças socioculturais, financeiras e espaciais de cada cidade. 69
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_Londres Dados históricos consultados em: http://www. southbanklondon. com/history. Acessado em: 08/11/2015. 19
South Bank está localizada à margem sul do Rio Tâmisa, em Londres, Inglaterra. Atualmente a área compreende um dos grandes espaços públicos que Londres oferece a seus habitantes e turistas. Vasta de oportunidades de entretenimento, gastronomia, cafés e espaços de descanso e passeio ao ar livre, South Bank nasceu como um espaço muito diferente. Em 1800, esta área era apenas um ponto de barqueiros. Um lugar sem qualquer infraestrutura para as pessoas. Trinta anos mais tarde, como resultado da Revolução Industrial, tornou-se parte do polo industrial londrino e, com o Rio Tâmisa cada vez mais poluído pelos resíduos das indústrias, o local não era convidativo às práticas sociais. Em 1850, já no auge da Revolução Industrial, teve início a construção da estação de Waterloo. Até o início do século XIX, South Bank se tornava, cada vez mais, um espaço desagradável pela sujeira, cheiro e barulho que oprimiam os habitantes. A primeira metade de século XX foi conturbada pelas duas grandes guerras, nas quais a Inglaterra foi um dos países protagonistas. Alguns edifícios de antigos teatros foram atingidos e, apenas com o final da Segunda Guerra, Londres foi, aos poucos, reconstruindo as áreas danificadas ou destruídas. Com a instalação do centro de artes South Bank Centre, em 1957, a região começou a ganhar um novo fôlego atraindo outros espaços culturais nas décadas de 60 e 7019. Na virada do século XXI, para celebrar a chegada do novo milênio, South Bank recebeu a instalação da icônica London Eye que, inicialmente, permaneceria até 2005. Como a construção tornou-se um polo turístico e peça singular do espaço público, sua permanência foi 71
prorrogada até, ao menos, 2025. Entre o final do século XX e início do século XXI, a região começou uma grande reforma urbana que contou com a participação da comunidade local, arquitetos e poder público discutindo conjuntamente as propostas apresentadas para a área. REFORMA URBANA DA ÁREA Em Londres, cada bairro mantém, através de seu council (conselho), o ponto de contato para estas discussões. Os habitantes registram sugestões e desejos, os arquitetos elaboram as propostas e estas retornam ao conselho para serem discutidas junto à comunidade local e os representantes do poder público antes de serem implementadas. No caso de South Bank, não houve um projeto único, pois a estratégia prevê contínuas transformações. Diversos escritórios podem inscrever propostas para as diferentes áreas e, no início da reforma, nos anos 2000, foram recebidas mais de 40 propostas20, tendo, muitas delas, já sido realizadas. Essa nova estratégia urbana para criar e melhorar a condição dos espaços públicos teve como base 8 premissas21 fundamentais: >Melhorar o ambiente, os transportes públicos e acesso de pedestres; >Garantir novas e melhores instalações; >Promover melhorias na área comercial; >Trabalhar a identidade visual da área para facilitar a localização e locomoção dos transeuntes, utilizando equipamentos públicos que qualificam ruas e áreas verdes; >Remoção de espaços e fachadas inativas, incentivar mais atividades no nível da rua; >Maximizar as oportunidades oferecidas 72
Dados obtidos através do site de Lifschutz Davidson Sandilands. Disponível em: http:// www.lds-uk.com/ projects/south-bankurban-design-strategy. Acessado em: 08/11/2015. 20
Dados obtidos através do documento South Bank Urban Design Strategy. Disponível em: https:// www.google.com.br/ url?sa=t&rct=j&q=&e src=s&source=web& cd=4&ved=0CEAQF jADahUKEwjvo7-RqJ vJAhVLmh4KHa58D W4&url=http%3A%2F %2Fwww.sbeg.co.uk %2Fpage%2F3108%2FS outh-Ba nk-UrbanDesign-Strategy&usg= AFQjCNFeT5hWja4rCP w8Xq8L6OCcDCfXdQ &sig2=OHaMnZpJWfc M0kSrM2zxgA 21
Informações traduzidas pela autora.
FIGURA 16
MAPA DO PLANO DE REFORMA DA ÁREA DE SOUTH BANK. DISPONÍVEL EM: https://www.google. com.br/search?q= south+bank+uds&ie=utf8&oe=utf-8&gws_ rd=cr&ei=ubyvoowhmgiwasyh4oybq.
pela área adjacente ao rio; >Criar maior interação entre as áreas corporativas e espaço público;
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22
LEGENDA22
Ambiente, transporte e acesso de pedestres Calçadão ao lado do Rio Melhoria de infraestrutura na comunidade Remoção de espaços e fachadas inativas Melhora na área comercial
73
Todas essas premissas estão direcionadas para proporcionar melhores experiências espaciais para os usuários da cidade e ajudaram a criar espaços e condições de permanência e interação. Desde o estabelecimento de uma área exclusiva para pedestres à margem do rio, onde as pessoas possam estar, passear, praticar esportes, fazer o trajeto em direção aos edifícios de interesse, até o pensamento do mobiliário e o desenho de espaços adjacentes que gerem múltiplas possibilidades de apropriação como no caso do Jubilee Gardens. Assim como a identidade visual da área é fundamental, pois, hoje, South Bank é também um polo turístico na cidade, recebendo inúmeros visitantes. Quanto mais legível e didática for a comunicação visual destas áreas, mais fácil torna-se o deslocamento e localização de pontos de interesse. Isso direciona os transeuntes e regula os fluxos nos espaços para que tudo funcione da forma mais fluída possível. Estas experiências físicas e visuais agradáveis estimulam os usuários a identificar-se com o espaço. Mesmo em locais movimentados por um fluxo intenso de pessoas, é possível criar situações de estar e interação animadas pela vida do lugar. Esse movimento, essa vida que ativa os espaços, está garantida pela diversidade de atividades coexistindo em equilíbrio, onde, além das atrações fixas do local, atividades efêmeras proporcionam micro espacialidades singulares dentro de um espaço global, como por exemplo, as percepções geradas pela observação dos artistas de rua que se apresentam no calçadão, a feira de livro próxima às galerias de arte, o movimento dos skatistas os artistas locais que interagem com os passantes e etc. 74
< FIGURA 17
ÁREA DE PEDESTRES EM SOUTH BANK. DISPONÍVEL EM: http://www.west8. nl/projects/all/ jubilee_gardens/.
FIGURA 18
DIFERENTES DESENHOS DO MOBILIÁRIO CRIAM CONDIÇÕES DE ESTAR. FOTO DA AUTORA. 2014.
FIGURA 19
JUBILEE GARDENS. DISPONÍVEL EM: http://www.west8.nl/ projects/all/jubilee_ gardens/.
FIGURA 20
CRIANÇAS BRINCAM COM ARTISTAS LOCAIS. FOTO DA AUTORA. 2014.
FIGURA 21
FEIRA DE LIVROS EM SOUTH BANK. ATIVIDADES EFÊMERAS QUE GERAM MICRO ESPACIALIDADES E DIVERSIDADE DE USOS. FOTO DA AUTORA. 2014.
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_NOVA IORQUE Dados históricos disponíveis em: http://adoronovayork.blogspot. com.br/2012/12/aevolucao-da-timessquare-decada-pos. html. Acessado em: 19/11/2015. 23
A Times Square está localizada na região central de Manhattan, em Nova Iorque, Estados Unidos. A área possui forte caráter comercial e também abriga grandes teatros e casas de show que mantém a vida boêmia do bairro e geram grande fluxo de turistas na região. Em 1904, a Times Square ainda se chamava Longacre Square e só teve seu nome modificado após a construção do edifício Times Building, que abrigou a sede do jornal New York Times. Neste mesmo ano, a Times Square virou ponto de comemoração da passagem do Ano Novo. Logo os teatros e restaurantes começaram a instalar letreiros luminosos para chamar atenção dos transeuntes. Já em 1910, o lugar era bastante movimentado e atraia, em especial, a nata da sociedade americana. Os carros, carroças, bondes e pessoas disputavam espaço nas ruas. Na década de 20 a região entrou em declínio. Houve aumento da criminalidade e prostituição, situação que se agravou após a queda da bolsa, em 1929. Nos anos 60 muitos cinemas se instalaram na região e, amis tarde, na década de 80 este ainda era um local considerado perigoso, com alto índice de criminalidade e tráfico de drogas. Mas nada disso afastava o movimento caótico de carros e pessoas. Somente nos anos 90, foi elaborado um plano de resgate para a Times Square. Nova Iorque investiu na região com limpeza das ruas, maior policiamento, a compra de teatros decadentes e o fechamento de alguns estabelecimentos para adquirirem outros usos23. Em 2009, o Departamento de Transporte da Cidade de Nova Iorque iniciou um plano piloto para remodelação da área. A ideia era promover a melhoria da mobilidade além garantir maior segurança para a circulação 77
de pedestres. Parte da Avenida Broadway foi fechada para o trânsito de carros e Nova Iorque então investiu na criação de espaços de estar e descanso para moradores, lojistas, turistas e trabalhadores criando um calçadão na junção com Times Square. O tráfego de veículos foi reorganizado nas ruas adjacentes priorizando o trânsito de pedestres. Mobiliários temporários foram instalados e testados reconfigurando o espaço original. Alguns locais tiveram o piso pintado para demarcar a nova área exclusiva para pedestres. Mesas, cadeiras, bancos e guardasóis foram instalados para promover mais espaços de descanso e interação entre as pessoas. Os diversos tipos de comércios locais ajudaram a ativar este espaço, em especial, os restaurantes e os food trucks atraíam turistas e moradores para a região. Estas intervenções efêmeras utilizam materiais mais simples para que sejam analisados como estes elementos atuam no espaço estimulando as pessoas e como as mesmas reagem se apropriando ou não deles. Somente após um período de observação e teste é que o projeto segue para tornar-se fixo. Esta estratégia faz com que as intervenções sejam mais eficientes e evita que seja gasto dinheiro público com projetos que, depois de prontos, podem não gerar o efeito esperado. Neste momento, a remodelação da Times Square segue em sua segunda etapa, na qual o mobiliário efêmero começa a ser removido para dar espaço à implantação do calçadão e dos mobiliários permanentes. O aumento da oferta de espaços que geram condições de permanência e interação aumentou potencialmente o lucro do comércio local, atraiu mais pedestres para a região, diminuiu o número de acidentes 78
24 Dados obtidos através do plano Green Light for Midtown Evaluation Report. Disponível em: http://www.nyc.gov/ html/dot/downloads/ pdf/broadway_report_ final2010_web.pdf. Acessado em: 11/11/2015.
envolvendo pedestres e carros e resgatou o sentido público num espaço icônico da cidade que passou décadas negligenciado24.
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FIGURA 22
PROJETO PILOTO DE REMODELAÇÃO DA ÁREA DA TIMES SQUARE. DISPONÍVEL EM: http://www.nyc.gov/ html/dot/downloads/pdf/broadway_ report_final2010_web.pdf.
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[5] PERCEBER, CONCEBER, TRANSFORMAR
< FIGURA 23
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015
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[5] PERCEBER, CONCEBER, TRANSFORMAR Partindo das definições estabelecidas nos capítulos anteriores e, compreendendo as transformações ocorridas nas cidades no último século, o avanço da técnica e da tecnologia e, principalmente, como esta influencia diretamente o comportamento dos indivíduos na sociedade contemporânea, entendo que tais tecnologias, quando inseridas no espaço público da cidade, devem estar a serviço tanto da própria cidade, como dos habitantes. Elas devem atuar como ponto de conexão daquela espacialidade com o território, com os indivíduos e gerar novas possibilidades de se perceber e apreender o espaço. Como meio que são, devem provocar, entre cidade e usuários, oportunidades de interação. Sem isso, tornam-se mero aparato tecnológico. A questão principal é pensar elementos que proporcionem condições e que convidem à interação entre corpos – dos usuários, dos objetos, dos elementos que compõem o espaço – e o próprio espaço, reconhecendo e (re)construindo novos lugares. Os praticantes ordinários das cidades atualizam os projetos urbanos e o próprio urbanismo, através da prática, vivência ou experiência dos espaços urbanos. Os urbanistas indicam usos possíveis para o espaço projetado, mas são aqueles que o experimentam no cotidiano que os atualizam. São as apropriações e improvisações dos espaços que legitimam ou não aquilo que foi projetado, ou seja, são essas experiências do espaço pelos habitantes, passantes ou errantes que reinventam esses espaços no seu cotidiano (JACQUES, 2008).
O grande desafio em se pensar a interação como estratégia de projeto é buscar compreender como podemos viabilizar condições para que os habitantes imaginem, criem, percebam e, através da interação, gerem experiências 83
agradáveis diante de espaços que oferecem condições tão agressivas. Como sensibilizar o indivíduo contemporâneo que possui uma relação tão automática com a cidade? Como fazer estes usuários se perceberem como parte da cidade, como agentes transformadores da paisagem urbana? Como transformar espaços renegados dentro da própria cidade? São Paulo vive hoje um momento singular de discussões sobre a cidade. Os modos de ocupação, pessoas retomando ao convívio nos espaços públicos, coletivos multidisciplinares, artistas, eventos programados ou espontâneos, realizam intervenções e inauguram novos diálogos com o espaço urbano a fim de despertar os habitantes da cidade; habitantes que, por sua parte, revelam a carência de novas experiências dinâmicas nestes espaços. Das feiras de alimentos orgânicos no Largo da Batata às praças Wi-Fi espalhadas pela cidade; das projeções de filmes ao ar livre nos parques ao mercado de pulgas no Minhocão; da ocupação orgânica dos skatistas na Praça Roosevelt aos balanços do Viaduto do Chá convidando as pessoas a “Brincar a Cidade”25 ; manifestações que buscam renovar o espaço público e urbano. Após décadas, a cidade está em pauta novamente. Como reflexão deste trabalho, busquei elencar um espaço na cidade de São Paulo que seja alvo dessa discussão, com escala passível para o exercício da proposta de uma intervenção efêmera baseada nos conceitos estudados e nas análises geradas dentro da dimensão de um trabalho de conclusão de curso. Assim, estabelecemos o Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, como corpo urbano para ensaiar a elaboração um espaço interativo para os usuários da cidade de São Paulo. 84
25 Intervenção Brincar a Cidade realizada pelo coletivo urbano Basurama (Espanha) para a Virada Cultural 2013.
Considerando o pensamento de Milton Santos, no qual o estudo espacial é fundamental para apreender as dinâmicas e condicionantes do local, estabeleci um percurso onde elaborei: [1] levantamento dos dados históricos, abordando o surgimento do espaço até a configuração atual do mesmo; [2] análise da transformação do desenho do espaço em função do tempo de das intervenções realizadas entre os anos de 2007 a 2014; [3] levantamento físico - mapas de usos, gabaritos, hierarquia de vias e fluxos, cheios e vazios, público e privado; [4] levantamento sensorial através da observação e experimentação do espaço em dias e horários diferentes (estudo da ocupação e dos elementos que compõem o espaço, observação das dinâmicas locais e comportamento dos transeuntes); [5] cruzamento de mapas, para analisar as informações dadas sobre o espaço mais a relação das informações flagradas durante as visitas; [6] simulação de elementos propostos na paisagem urbana. FIGURAS 24, 25 E 26
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LARGO DA BATATA, PINHEIROS - OCUPAÇÃO NOTURNA. FOTO DA AUTORA. 2015
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LARGO DA BATATA_ LINHA DO TEMPO26
Há registros da ocupação da região por indígenas marcando o início do bairro de Pinheiros como uma aldeia, transformando-se, aos poucos, em um povoado caipira.
1560
Ocorre o prolongamento da linha de bondes chegando em Pinheiros através da Avenida Municipal, hoje Dr. Arnaldo e a abertura da Rua Teodoro Sampaio.
Início do séc. XX
1750 A Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat se torna local de romarias e polo atrativo de passantes, contribuindo para o desenvolvimento local. Pequenos agricultores traziam no lombo das mulas produtos para vender e trocar.
Foi inaugurado o primeiro serviço de iluminação pública no bairro.
1915
1907 Foi inaugurado o Mercado dos Caipiras, atualmente Mercado Municipal de Pinheiros. A região tornou-se núcleo receptora da produção agrícola dos municípios de Cotia, Itu e Itapecerica.
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FIGURA 27
MERCADO DOS CAIPIRAS, INÍCIO DO SÉCULO XX. DISPONÍVEL EM: http://www.gazetadepinheiros. com.br/cidades/fotos-guardam-a-historia-depinheiros-para-o-futuro-17-08-2012-htm
FIGURA 28
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LARGO DE PINHEIROS, DÉCADA DE 30. DISPONÍVEL EM: http://www. gazetadepinheiros.com.br/cidades/fotosguardam-a-historia-de-pinheiros-para-ofuturo-17-08-2012-htm
Parte do casario começou a beneficiar-se do serviço de água encanada e algumas ruas começaram a ser pavimentadas com paralelepípedos.
1929
Até este período o Largo foi distribuidor de frutas e verduras, quando a cooperativa começou a ter problemas financeiros.
Anos 70
Foi aprovada a OUC Faria Lima, gestão do então Prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
1995
1920
Anos 40
1994
O trecho compreendido entre as ruas Fernão Dias, Martim Carrasco e Teodoro Sampaio já é conhecido como Largo da Batata. Agricultores vindos do interior vendiam suas mercadorias ao ar livre. Os japoneses, em especial, vendiam batatas. Eles foram os responsáveis por criar a Cooperativa Agrícola de Cotia.
Pinheiros já era um bairro bastante edificado.
A cooperativa foi fechada. Nessa mesma época, o comércio informal ambulante se instalou na região.
87
FIGURA 29
<
COLETIVO URBANO “A BATATA PRECISA DE VOCÊ!” EM INTERVENÇÃO NO LARGO DA BATATA, 2014. DISPONÍVEL EM: https://catracalivre.com.br/geral/muito-maissao-paulo/indicacao/ajude-a-mudar-o-nome-da-estacao-faria-lima-do-metropara-estacao-largo-da-batata/
2001
2007
O novo Largo da Batata é entregue à cidade. Neste ano, coletivos urbanos e moradores da cidade se mobilizam em novas propostas e discussões de ocupação do local.
2014
2010
2011
Início da primeira Foi Início da etapa das obras inaugurada segunda fase do chamado a estação das obras que novo Largo da Faria Lima do incluiu reforma Batata, nesse metrô na linha do traçado do momento ainda amarela. sistema viário, em fase de enterramento desapropriações das redes aéreas, e demolições de construção do imóveis. terminal de ônibus.
88
Dados retirados do Portal da Prefeitura de São Paulo. Disponível em: http://www. prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/ subprefeituras/ pinheiros/historico/ index.php?p=472. Site Encontra Pinheiros. Disponível em: http://www. encontrapinheiros. com.br/pinheiros/ largo-da-batata.shtml. Revista São Paulo. Disponível em: http:// www1.folha.uol.com. br/revista/saopaulo/ sp0411201210.htm. Acessados em: 30/10/2015 26
FIGURA 30
LARGO DA BATATA, PINHEIROS - INTERVENÇÃO MOBILIÁRIO EFÊMERO. FOTO DA AUTORA. 2015
<
O concurso para requalificação do Largo da Batata é vencido pela equipe arquiteto Tito Lívio Frascino.
2015
89
transformação do espaço O Largo da Batata sofreu um profundo processo de transformação no seu desenho, em especial, a partir do ano de 2007, quando iniciou-se a primeira fase das obras da reforma e, mais tarde, em 2011, quando foi feita a segunda parte que durou até 2014. Ao analisar as fotos aéreas, pude perceber os novos espaços surgidos e a reconfiguração desta área na cidade.
2004
2009
<
90
FIGURAS 31 A 35
FOTOS DE SATÉLITE DOS ANOS 2004, 2009, 2011, 2013 E 2015. FOTOS POR GOOGLE EARTH, EDITADAS PELA AUTORA. 2015
2011
2013
2015
91
TITULO
92
<
FIGURA 36
93
CHEIOS E VAZIOS
LEVANTAMENTOS CHEIOS VAZIOS
N
PÚBLICO E PRIVADO
SEM ESCALA
PÚBLICO PRIVADO
N
SEM ESCALA
94
GABARITO
1 E 2 PAVS. 3 A 5 PAVS. 6 A 10 PAVS. 11 A 13 PAVS. ACIMA DE 13 PAVS.
N
USO E OCUPAÇÃO
SEM ESCALA
RESIDENCIAL COMÉRCIO SERVIÇOS INSTITUCIONAL USO INDEFINIDO
N
SEM ESCALA
95
HIERARQUIA DE VIAS
ARTERIAL COLETORA LOCAL
N
OCUPAÇÕES E BARREIRAS
SEM ESCALA
ÁREA DE MAIOR PERMANÊNCIA DE PESSOAS OCUPAÇÃO DE PESSOAS DURANTE EVENTOS AMBULANTES BANCAS DE JORNAL TAPUMES BLOQUETES DE CONCRETO
N
SEM ESCALA
96
FLUXOS
ÁREA ACESSÍVEL A PEDESTRES FLUXO DE PEDESTRES FLUXO DE CARROS FLUXO DE BIKES PARADA DE ÔNIBUS ESTAÇÃO FARIA LIMA DO METRÔ
N
SEM ESCALA
<
FIGURAS 37 A 43
LEVANTAMENTOS FÍSICOS DA ÁREA DO LARGO DA BATATA. BASE DISPONIBILIZADA PELO ACERVO DIGITAL DA PREFEITURA DE SÃO PAULO. EDITADOS PELA AUTORA. 2015
Realizei visitas periódicas no local durante os meses de setembro a novembro deste ano e, fim de realizar uma aproximação maior com o local, selecionei algumas informações e cruzei estes dados dos levantamentos, onde pude pontuar: - As áreas de maior permanência de pessoas é onde estão os mobiliários. Ainda que muitos estejam desgastados, a organização deles no espaço conforma uma micro espacialidade que traz um ar mais acolhedor. É nessas áreas que as pessoas passam mais tempo reunidas; - As áreas vazias são ocupadas por skatistas e ciclistas, contudo, a conformação plana destes espaços não os atrai durante muito tempo para a prática do esporte. - Os tapumes que cercam o terreno vazio se impõe de forma agressiva na paisagem. São barreiras extensas e altas e não há nada que convide à interação ao redor. 97
<
<
MOBILIÁRIO NO LARGO DA BATATA | FIGURA 43 FOTO DA AUTORA. 2015.
USO DA ESPLANADA PARA PRÁTICA DE ESPORTES | FIGURA 44 FOTO DA AUTORA. 2015.
F53
F52
<
<
CINEMA AO AR LIVRE | FIGURA 52 FOTO DA AUTORA. 2015.
98
FIGURA 51 | MOBILIÁRIO LARGO DA BATATA
<
BLOQUETES PARA ENTRADA DE CARROS |FIGURA 53 FOTO DA AUTORA. 2015.
FOTO DA AUTORA. 2015.
<
<
TELA IMPROVISADA PARA PROTEGER DO SOL | FIGURA 45 FOTO DA AUTORA. 2015.
FIGURA 46 | COMÉRCIO AMBULANTE FOTO DA AUTORA. 2015.
F45 F46
F44
<
FIGURA 47 | FEIRA DE ORGÂNICOS
FOTO DA AUTORA. 2015.
F47 F48
F43 F51 F49 F50
N
SEM ESCALA
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FIGURA 48 | FEIRA DE ORGÂNICOS FOTO DA AUTORA. 2015.
FOTO DA AUTORA. 2015.
FOTO DA AUTORA. 2015.
<
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FIGURA 50 | MOBILIÁRIO LARGO DA BATATA
FIGURA 49 | MOBILIÁRIO LARGO DA BATATA
99
1 2
100
< FIGURA 54
IMAGEM DE SATÉLITE DO LARGO DA BATATA. GOOGLE EARTH. EDITADA PELA AUTORA. 2015.
FRAGMENTO 1
1Caracteriza-se pelo fluxo intenso de pedestres, cruzando o espaço em direções variadas; 2Vegetação pulverizada dificulta a configuração de algumas áreas de estar. POTENCIALIDADES
<
FIGURA 55
LARGO DA BATATA, PINHEIROS - VEGETAÇÃO PULVERIZADA NO PRIMEIRO FRANGMENTO. 2015.
•Trabalhar intervenções a nível de piso com cores e/ou iluminação; Ao atravessar o pedestre ativa o espaço. 101
5 3 1 4 2
102
< FIGURA 56
IMAGEM DE SATÉLITE DO LARGO DA BATATA. GOOGLE EARTH. EDITADA PELA AUTORA. 2015.
FRAGMENTO 2
1Caracteriza-se pelo fluxo intenso de pedestres, porém possui algumas oportunidades de estar (mobiliário efêmero de intervenções anteriores e recentes); 2Esplanada está mais distante dos edifícios mais altos. É um vazio na área densa, contudo, carece de pontos de descanso e sombreamento; 3Área livre é apropriadas por ciclistas e skatistas; 4Área de “jogos” reúne pessoas durante o happy hour; 5Barreiras de concreto são usadas para segregar espaços entre esplanada e restaurantes; POTENCIALIDADES
<
FIGURA 57
LARGO DA BATATA, PINHEIROS - BARREIRAS DE CONCRETO NO SEGUNDO FRAGMENTO. FOTO DA AUTORA. 2015.
•Trabalhar intervenções com mobiliário que se configure de formas diversas estimulando a ocupação do local; •Pode receber intervenções no piso sugerindo apropriações para skatistas e outros eventos, como pequenos shows ao ar livre, projeções de filmes, área de piquenique; •As barreiras podem ser substituídas por outras soluções flexíveis como mobiliário articulado; 103
3
1 2 4
104
< FIGURA 58
IMAGEM DE SATÉLITE DO LARGO DA BATATA. GOOGLE EARTH. EDITADA PELA AUTORA. 2015.
FRAGMENTO 3
1Caracteriza-se pelo fluxo intenso de pedestres; 2Área fechada por tapumes se impõe de forma agressiva no espaço, ocupando grande parte da praça; 3Área próxima às paradas de ônibus carece de espaços sombreados. Soluções empíricas foram adotadas; 4Possui áreas ocupadas periodicamente para feiras ou eventos; POTENCIALIDADES
<
FIGURA 59
LARGO DA BATATA, PINHEIROS - TAPUMES DE FECHAMENTO NO TERCEIRO FRAGMENTO. FOTO DA AUTORA. 2015.
•Trabalhar intervenções com mobiliário que se configure de formas diversas estimulando a ocupação do local; •Pode receber intervenções no piso sugerindo apropriações para feiras, barracas e etc.; •Tirar partido dos tapumes e transformá-los em objeto que converse com a paisagem; 105
COMO DESPERTAR O SENTIDO COLETIVO?
106
COMO SENSIBILIZAR O INDIVÍDUO CONTEMPORÂNEO?
COMO OFERECER CONDIÇÕES DE PERMANÊNCIA EM ESPAÇOS TÃO AGRESSIVOS? COMO OFERECER CO PERMANÊNCIA EM ES AGRESSIVOS? C COMO FAZER ESTAS PESSOAS SE PERCEBEREM PARTE DA CIDADE?
TRANSFOR ESPA RENEGADO CID
COMO DESPERTAR COLETIVO?
COMO DESPERTAR O SENTIDO COLETIVO?
COMO ONDIÇÕES DE TRANSFORMAR SPAÇOS TÃO ESPAÇOS RENEGADOS NA COMO CIDADE? RMAR PAÇOS OS NA DADE? COMO DESPERTAR O SENT COMO TRANSFORMAR ESPAÇOS RENEGADOS NA CIDADE?
COLETIVO?
COMO SENSIBILIZAR O INDIVÍDUO CONTEMPORÂNEO? 107
108
ESPAÇOS TRANSITÓRIOS_ A partir dos estudos realizados no local, proponho alguns objetos e intervenções pontuais aplicados no Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, tomando como base as discussões que floresceram depois da reforma da área (2014). Amparada na ocupação espontânea observada no local, nas oportunidades flagradas durante as visitas e nos levantamentos realizados neste trabalho, estas intervenções foram baseadas no estudo de projetos que foram efetivados em cidades semelhantes e se relacionam com a linha de raciocínio adotado neste trabalho de conclusão de curso. Estes espaços transitórios criados a partir destes elementos geram diferentes dinâmicas de uso e ocupação e, neste momento, podem atuar como propulsores da retomada e reconhecimento deste local como espaço de convívio a partir do momento em que passa a ser um espaço habitado. Considero estes espaços transitórios entendendo-os como uma série de intervenções passageiras que se reorganizam e formam novas espacialidades. Não caberia aqui o termo itinerante, por exemplo, que remete a objetos que se montam, desmontam e deslocam para remontar-se da mesma forma em um lugar diferente. No caso deste projeto, cada intervenção deve levar em conta o local onde será aplicada, e assim, conceber novas espacialidades através das oportunidades flagradas e da reorganização dos elementos. Quando estes equipamentos transitarem para um novo local, sofrerão uma reconfiguração para se inserirem e modificarem a nova paisagem, portanto, já não poderão ser mais exatamente os mesmos. 109
Para endossar a produção dos estudos destes objetos, entrei em contato com projetos urbanos, de design, de coletivos urbanos e de arquitetura, que inauguram discussões sobre a interação entre pessoas e espaço e que possibilitam diferentes formas de apropriação e experimentação destes locais. O pavilhão do Brasil na Expo Milão 2015, projeto do Studio Arthur Casas em colaboração com Atelier Marko Brajovic, inaugura um novo diálogo com o espaço quando, dentro do volume edificado em aço cortén, é colocada uma rede permitindo que as pessoas caminhem por ela se relacionando em diferentes níveis com o volume construído, ocupando-o de formas diversas e espontâneas. Outro projeto que tomei como exemplo é o Swing Time Installation, realizado pelo Höweler + Yoon Architecture / MY Studio, em Boston, em 2014. A instalação qualifica a quadra livre existente entre edifícios comerciais e residenciais, criando uma nova espacialidade de um pequeno parque no local. Os balanços concebem um lugar para relaxar, descansar e interagir. Eles criam um espaço contemplativo e de encontros. Quando uma pessoa usa o balanço ele se ilumina, gerando uma mudança na paisagem, principalmente à noite, convidando os transeuntes a se apropriarem do objeto e do espaço público, estabelecendo novas relações mudando a cena urbana. O Huellas Artes, em Santiago, no Chile, toma como partido as “pegadas” deixadas pelos passantes. O desenho no piso, organiza os fluxos da praça que dá acesso ao metrô e cria micro espacialidades, tirando proveito dos muros sinalizados, sugerindo diferentes apropriações 110
GEHL, Jan. “A cidade ao Nível dos Olhos”. In: Cidades Para Pessoas. Tradução por Anita Di Marco. 1ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2013.
27
deste lugar. A partir do estudo e da observação de projetos como estes, elaborei uma série de estudos próprios para o Largo da Batata, especulando alguns elementos que podem qualificar o local, além de repensar objetos já existentes que possam atender ainda mais outras necessidades dos habitantes. Segundo Gehl (2013), “[...] paradas mais longas significam cidades mais vivas. A duração e extensão das permanências são cruciais para a vida urbana”27. Partindo dessa afirmação, entendemos que a dinâmica de fluxos nestes espaços deve incluir oportunidades para caminhar e condições para permanecer. Que não sejam apenas locais de passagem, mas sim, que a cidade se torne, a partir das intervenções propostas, um campo de experiências compartilhadas.
111
FIGURAS 60 E 61
< <
PAVILHÃO DO BRASIL NA EXPO MILÃO. FERNANDO GUERRA. 2015.
<
SWING TIME INSTALLATION, EM BOSTON. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW. MYSTUDIO.US/ PROJECTS/SWINGTIME 2014.
112
<
FIGURAS 62 E 63
<
FIGURAS 64, 65 E 66
PRAÇA HUELLAS ARTES, SANTIAGO. DISPONÍVEL EM: HTTP://100ARCHITECTS. COM/PROJECT/HUELLASARTES/. 2014.
113
FIGURA 67
<
ESTUDOS. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
114
115
FIGURA 68
<
ESTUDOS. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
116
117
<
FIGURA 69
LARGO DA BATATA PINHEIROS, BATATOTECA. FOTO DA AUTORA. 2015.
118
01
<
FIGURA 70
CROQUI 01 - INTERVENÇÃO NA BATATOTECA. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
119
<
FIGURA 71
LARGO DA BATATA PINHEIROS, VISTA PARA ÁREA LIVRE PRÓXIMA AO COMÉRCIO. FOTO DA AUTORA. 2015.
120
02
<
FIGURA 72
CROQUI 02 - INTERVENÇÃO NA ÁREA LIVRE PRÓXIMA AO COMÉRCIO. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
121
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FIGURA 73
LARGO DA BATATA PINHEIROS, BARREIRAS DE CONCRETO SEGREGAM ESPAÇO ENTRE RESTAURANTES E ESPLANADA. FOTO DA AUTORA. 2015.
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03
<
FIGURA 74
CROQUI 03 - INTERVENÇÃO NA JUNÇÃO DA PRAÇA COM A RUA MARTIM CARRASCO. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
123
<
FIGURA 75
LARGO DA BATATA PINHEIROS, INTERVENÇÃO EXISTENTE NO LOCAL. FOTO DA AUTORA. 2015.
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04
<
FIGURA 76
CROQUI 04 - RELEITURA DA PEÇA PROPOSTA. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
125
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FIGURA 77
LARGO DA BATATA PINHEIROS, TRECHO DO TERCEIRO FRAGMENTO. FOTO DA AUTORA. 2015.
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05
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FIGURA 78
CROQUI 05 - INTERVENÇÃO NO TERCEIRO FRAGMENTO. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
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FIGURA 79
LARGO DA BATATA PINHEIROS, BATATOTECA. FOTO DA AUTORA. 2015.
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06
<
FIGURA 80
CROQUI 06 - INTERVENÇÃO NA BATATOTECA. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
129
<
FIGURA 81
LARGO DA BATATA PINHEIROS, BATATOTECA. FOTO DA AUTORA. 2015.
130
07
<
FIGURA 82
CROQUI 07 - INTERVENÇÃO NA BATATOTECA. DESENVOLVIDO PELA AUTORA. 2015.
131
132
133
[6] CONSIDERAÇÕES FINAIS
< FIGURA 83
LARGO DA BATATA, PINHEIROS. FOTO DA AUTORA. 2015.
134
CONSIDERAÇÕES FINAIS
PESSOAS
Este trabalho nasceu de muitas inquietações pessoais que me motivaram a optar por esse tema e estudá-lo nesse ano de conclusão do curso de arquitetura e urbanismo. No início, o TCC1 representou uma imersão no universo contemporâneo. Muitas leituras, referências, informações, questionamentos e conversas. Embora estivesse amparada por todas estas ferramentas, refletir sobre nós mesmos enquanto personagens contemporâneos era, por horas, perceber que navegava num oceano muito maior do que podia imaginar. Segui entre leituras e atendimentos que me nortearam e ajudaram a buscar os melhores ventos e paisagens nesta viagem. Como mencionei na abertura do volume, este assunto – definitivamente - não se encerra aqui. Pelo contrário, vejo que estamos apenas no início do desafio de conceber novos lugares, de criar espacialidades capazes de atrair pessoas e proporcionar a elas experiências positivas no espaço urbano contemporâneo; de reconectar estes seres ao organismo da cidade. Pensar as práticas sociais contemporâneas é compreender um universo de agentes, objetos e situações que estabelecem interface entre si e ganham importância singular no campo ampliado da cidade. O envolvimento das pessoas neste processo é fundamental. Além de proporcionarem uma qualidade de vida melhor aos habitantes da cidade, conceberem locais para descanso e lazer e promover uma cidade mais humanizada, os espaços públicos geram, através da ocupação, o reconhecimento do sentido coletivo, de sua excelência como lugar de convívio e de encontro da diversidade, das diferenças, do “outro”. Eles despertam os indivíduos para uma 135
nova consciência enquanto cidadãos. Conjunto às experiências físicas do espaço que, por si só, podem sensibilizar indivíduos cada vez mais envolvidos em rotinas automáticas, estes diálogos são capazes de ainda promover maior senso de respeito, tolerância e cidadania. São meios que se estabelecem na relação entre os indivíduos que vivem a cidade, cada um com um grau diferente de consciência sobre este espaço. Para a cidade, estes lugares são significativos no regresso ao sentido democrático dos próprios espaços públicos, despertando na sociedade que os habita, até mesmo, um outro reconhecimento daquilo que se diz “público” efetivamente. Fatores políticos e culturais fizeram com que, ao longo de nossa história, não compreendêssemos o “público” como algo “do povo”, do coletivo, mas sim, como tudo aquilo que não é bom ou que não merece apreço; subvertendo a própria essência do termo. No desafio de [re]imaginar, [re]configurar e [re]construir nossas cidades, o caminho colaborativo, com participação das comunidades locais, teóricos, planejadores, representantes do poder público mostra-se como meio de efetivar espaços mais humanos, democráticos e feitos para as pessoas que vivem nesta cidade. A oportunidade de refletir sobre este tema trouxe a mim, como cidadã, um novo olhar sobre a cidade e seus espaços; encaminhoume a novos questionamentos político-sociais; ampliou minha ideia de responsabilidade perante a construção da “cidade que vivemos” e da “cidade que queremos”. Como futura profissional, diante do espaço urbano como campo de atuação, essa ideia se expande ainda 136
CIDADE
POSTURA DO ARQUITETO
mais, refletindo sobre o papel do arquiteto e urbanista como intermediário na materialização destes anseios, mas, ainda, pequena parte de um processo muito maior que necessita ser, mais e mais, multidisciplinar e acessível a todos.
137
138
LISTA DE IMAGENS
139
140
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, FILMOGRÁFICAS E SÍTIOS DIGITAIS Artigos: KEHL, Maria Rita. Olhar no Olho do Outro. Piseagrama. Disponível em: http://piseagrama.org/olhar-no-olho-do-outro/. Acessado em: 15/11/2015.
Dissertações e teses: DARODA, R. F. As Novas Tecnologias e o Espaço Público da Cidade Contemporânea. 2012. 122f. Dissertação (mestrado em planejamento urbano) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. DRUMOND, R. Imaginários Emergentes – Práticas Urbanas Alternativas em São Paulo. 2014. 155f. Trabalho final de graduação (arquitetura e urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. REQUENA, C. A. Habitar Híbrido: Interatividade e Experiência na Era da Cibercultura. 2007. 122f. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos. São Carlos, Universidade de São Paulo, 2007.
Documentários, filmes e vídeos: AMBER Case: we are all ciborgs now? [vídeo]. Produzido por: TEDx. Filmado no TEDWomen, em 12/2010. 7´53min. color. som. Disponível em: http://www.ted.com/talks/amber_case_we_are_all_cyborgs_ now?language=pt-br#t-9013. Acessado em: 07/05/2015. HER [filme-vídeo]. Direção: Spike Jonze. Produção: Megan Ellison e Vincent Landay. Distribuidora: Warner Bros. Pictures. Estados Unidos, 2013. 1 DVD, 126min. color. som. MEDIANERAS: Buenos Aires na Era do Amor Digital [filme-vídeo]. Direção: Gustavo Taretto. Produção: Natacha Cervi e Hernán Masaluppi. Alemanha, Argentina, Espanha, 2011. 1DVD, 120min. color. som. 141
Livros: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Informação e documentação – Referências. – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 6027. Sumário. Rio de Janeiro, 1989. ______. NBR 6028. Informação e documentação – Resumos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 10520. Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de janeiro, 2002. ______. NBR 14724. Informação e documentação – Trabalhos Acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2005. ASCHER, François. Os Novos Princípios do Urbanismo. Tradução por Nadia Someckh. 1ª edição. São Paulo: Romano Guerra, 2010. 103 p. AUGÉ, Marc. Não-Lugares – Introdução a uma Antropologia da Supermodernidade. Tradução por Maria Lúcia Pereira. 3º edição. Campinas, SP: Papirus, 1994. 111 p. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução por Plínio Dentzien. 1ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. 258 p. BENÉVOLO, Leonardo. A História da Cidade. Tradução por Silvia Mazza. 5ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2011. 728 p. CACCIARI, Massimo. A Cidade. Tradução por José J. C. Serra. 4ª edição. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2009. 76 p. CARERI, Francesco. Walkscapes: O Caminhar como Prática Estética. Tradução por Francisco Bonaldo. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. 190 p. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede (vol. I). Tradução por Roneide 142
Venâncio Majer. 7ª edição. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2003. 678 p. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia (vol. 1). Tradução por Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa.1ª edição. 2ª reimpressão. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995. 93 p. GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas. Tradução por Anita Di Marco. São Paulo: Perspectiva, 2013. 262 p. GEHL, Jan; GEMZOE, Lars. Novos Espaços Urbanos. Tradução por Carla Zollinger. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2002. 264 p. HARAWAY, Donna J.; KUNZRU, Hari; TADEU, Tomaz (org. e trad.). Antropologia do Ciborgue: As Vertigens do Pós-Humano. 2ª edição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. 126 p. LÉVY, Pierre. Ciberespaço. Tradução por Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. 260 p. LEFEBVRE, Henry. O Direito à Cidade. Tradução por Rubens Eduardo Frias. 2ª edição. São Paulo: Centauro, 2001. 153 p. MARLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. Tradução por Rubens Eduardo Frias. 2ª edição. São Paulo: Centauro, 2001. 145 p. MITCHELL, William J. E-topia: A Vida Urbana – Mas Não Como a Conhecemos. Tradução por Ana Carmen Martins Guimarães. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2002. 248 p. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço – Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 4ª edição. 7ª reimpressão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. 392 p. ______. Metamorfoses do Espaço Habitado. 2ª edição. São Paulo: Editora Hucitec, 1991. 124 p.
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