Casa Container

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC ARQUITETURA E URBANISMO

ARQUITETURA ALTERNATIVA - CASA CONTAINER

FLÁVIA GALIMBERTE BOZEDA

São Paulo 2015



Flávia Galimberte Bozeda

ARQUITETURA ALTERNATIVA - CASA CONTAINER

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário SENAC - Campus Santo Amaro, como requisito para obtenção do grau Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Valeria Fialho.

São Paulo 2015



À minha falecida avó, Thereza Majores Galimberte, por sempre se deslumbrar e acreditar no meu talento. Que eu continue te orgulhando por toda a minha vida.



Aos meus pais e irmão, por todo o apoio, incentivo e compreensão durante essa dramática fase acadêmica, mesmo quando a convivência se tornava difícil

Ao meu chefe do estágio nos Estados Unidos, Jae Sabol, pela oportunidade única e pela experiência de trabalhar com alguém que acredita tanto em um ideal;

À minha orientadora, Valeria Fialho, pelos conselhos e ajuda na organização deste trabalho, sempre me acalmando e tornando este processo mais fácil; Aos meus amigos, em especial Débora Sobral do Rio, Eduarda Galeazzo, Jéssica Marques e Bruno Ribeiro, que sempre me acompanharam nas noites mal dormidas durante a faculdade e que, me provaram que amizades verdadeiras não terminam devido à distância e ao tempo.

Aos amigos e companheiros de projeto, Samantha Amarente Freitas e Victor Moura Oliveira, pelo auxílio e desenvolvimento do projeto que me serviu de base para o desenvolvimento deste trabalho. À Samantha agradeço também pelas risadas durante as madrugadas de estudio, pela atenciosidade e os donuts que sempre vinham na melhor hora. Ao Victor, agradeço especialmente por estar presente com sua calma e carinho em momentos tão difíceis do último ano.

Ao programa “Ciência Sem Fronteiras”, que me concedeu a oportunidade do intercâmbio nos Estados Unidos, experiência que ampliou meus conhecimentos e me mostrou novas visões para o futuro;

à minha chefe, Helen Granzote, por todo auxílio profissional e pessoal, compreensão na reta final deste trabalho e por toda a confiança que sempre demonstrou em meu trabalho.

Aos amigos do intercâmbio, em especial aos companheiros de estágio, por todas as risadas, músicas inusitadas, diálogos e pela aportunidade de aprender tanto sobre convivência, trabalho em grupo e interdisciplinaridade;

AG R A D E C I M E N TO S



Baseado em pesquisas e projeto desenvolvido durante o período de estágio realizado com a ONG “One Community, em Los Angeles, nos Estados Unidos, durante o intercâmbio realizado pelo Programa Ciência sem Fronteiras, nos anos de 2014 e 2015, surge a proposta deste trabalho, que tem como objetivo a criação de módulos genéricos de habitação, ou seja, que podem ser implantados em diferentes regiões e terrenos, a partir dos containers utilizados para o transporte de carga feito via marítima. O projeto parte da criação de cinco tipologias simples de layout interno, visando a facilidade de transporte dos containers até o local. Essas tipologias contam com áreas de cozinha, lavanderia, sala, banheiro e quarto. Desde modo é possível combinar os containers de diferentes formas e criar diversas volumetrias, levando em conta as necessidades dos usuários e as características do terreno. Visando a incorporação de métodos alternativos à construção tradicional de alvenaria, a introdução dos containers ao campo da arquitetura nos permite ampliar a discussão sobre sustentabilidade, reutilizando material nobre desperdiçado e abundantemente encontrado pelos portos de todo o mundo, de modo criativo, além de propor uma técnica construtiva mais “limpa”, barata e rápida.

Palavras Chave: Containers, Habitação, Residência, Arquitetura Alternativa, Sustentabilidade.

RESUMO



Based on research and design developed during the period of internship with the NGO called “One Community”, in Los Angeles, USA, during the exchange program named “ Science Without Borders” , in the years of 2014 and 2015, the purpose of this work arises, which aims to create generic modules housing, it means that can be deployed in different regions and sites, using containers that are used to transport cargo from sea. The design is created for five simple typologies, for ease of transporting containers to the location. These types have kitchen, laundry, living room, bathroom and bedroom areas. In this way the user can combine the types of containers in distinct ways and create diversity in the volumetric and shapes, taking into account the needs of users and terrain features. Aimed at the incorporation of alternative to traditional masonry construction, the introduction of the containers to the field of architecture allows us to broaden the discussion about sustainability, reusing wasted noble material and abundantly found in ports around the world, creatively, besides proposing a technique constructive “cleaner”, cheap and fast.

Key Words: Containers, Housing, Home, Alternative Architecture, Sustainability.

ABSTRACT



L I S TA FIGURA 1 - Logo da organização não governamental “One Community”........................................................................................................................................27 FIGURA 2 - Mapa da região do condado de Kane County, em Utah..................................................................................................................................................28

DE

ILUSTRAÇÕES

FIGURA 14 - Construção realizada com fardos de palha ...31 FIGURA 15 - Construção em cob..........................................................................32 FIGURA 16 - Exemplo de tijolo de Adobe................................................32

FIGURA 3 - Região com áreas secas e montanhosas...........29

FIGURA 17 - Container House...................................................................................32

FIGURA 4 - Região com predominância das coníferas “Douglas fir“.......................................................................................................................................29

FIGURA 18 - Exemplo de construção estruturada com pneus...........................................................................................................................................................32

FIGURA 5 - Vila 01 – “Earthbag Construction”...................................29

FIGURA 19 - “Casa na árvore”.....................................................................................32

FIGURA 6 - Vila 02 – “Straw Bale Construction”...........................30

FIGURA 20 - Croqui inicial da volumetria desejada para a Vila 5............................................................................................................................................................34

FIGURA 7 - Vila 03 – “Cob Construction”.................................................30 FIGURA 8 - Vila 04 – “Earth Block Construction”.........................30 FIGURA 9 - Vila 05 – “Shipping Container Construction”..30

FIGURA 21 - Planta esquemática inicial com programa desejado para a Vila 5. De início, áreas pouco definidas e diversos espaços sem uso.............................................................................................34

FIGURA 10 - Vila 6 – “Reclaimed Materials Construction”..30

FIGURA 22 - Proposta 1 para o projeto da Vila 5 – Volumetria...........................................................................................................................................35

FIGURA 11 - Vila 7 – “Tree House Construction”..............................30

FIGURA 23 - Proposta 1 para as plantas dos três andares da Vila 5............................................................................................................................................................35

FIGURA 12 - Implantação dos projetos de habitação na área selecionada..........................................................................................................................................31

FIGURA 24 - Proposta 2 – Estudo de volumetria.........................36

FIGURA 13 - Construção com base em sacos de terra...........31

FIGURA 25 - Proposta 2 – Estudo de malha estrutural, plantas e fluxos............................................................................................................................36


FIGURA 26 - Proposta final da malha estrutural totalmente formada por containers.....................................................................................................37 FIGURA 27 - Container padrão americano – ISO 20................37 FIGURA 28 - Volumetria final – Distribuição dos três pavimentos de forma assimétrica – Volumetria brinca com os espaços vazios e sombras....................................................................................38 FIGURA 29 - Vista frontal..............................................................................................38 FIGURA 30 - Implantação..............................................................................................38

FIGURA 39 - Circulação vertical............................................................................40 FIGURA 40 - Circulação horizontal..................................................................40 FIGURA 41 - Planta do segundo andar..........................................................41 FIGURA 42 - Perspectiva isométrica do segundo andar......41 FIGURA 43 - Área para refeições do segundo andar..............42 FIGURA 44 - Sala de estar............................................................................................42

FIGURA 31 - Planta do primeiro andar.........................................................39

FIGURA 45 - Área de estar aberta na fachada posterior do prédio..........................................................................................................................................................42

FIGURA 32 - Perspectiva isométrica do primeiro pavimento – Grande bloco..............................................................................................................................39

FIGURA 46 - Área de estar em frente à sala de estudo e biblioteca...............................................................................................................................................42

FIGURA 33 - Entrada principal do primeiro andar – Área para refeições.................................................................................................................................39

FIGURA 47 - Sala de estudo......................................................................................42

FIGURA 34 - Estúdio de meditação e yoga..........................................40 FIGURA 35 - Sala de jogos...........................................................................................40 FIGURA 36 - Sala de Informática.......................................................................40 FIGURA 37 - Sala de mídia e TV...........................................................................40 FIGURA 38 - Planta de circulação do primeiro andar; Em amarelo em destaque a circulação vertical e em lilás a circulação horizontal............................................................................................................40

FIGURA 48 - Biblioteca.....................................................................................................42 FIGURA 49 - Planta de circulação do segundo andar; Em amarelo em destaque a circulação vertical e em lilás a circulação horizontal.............................................................................................................43 FIGURA 50 - Circulação vertical do segundo andar; localizase na fachada posterior do edifício...................................................................43 FIGURA 51 - Planta do terceiro andar...........................................................44 FIGURA 52 - Perspectiva isométrica do terceiro andar.......44


FIGURA 53 - Áreas abertas do terceiro pavimento....................44 FIGURA 54 - Mezanino com área para refeições..........................44 FIGURA 55- Layout das unidades.......................................................................45 FIGURA 56 - Vista interna da pequena sala de estar das unidades.................................................................................................................................................45 FIGURA 57 - Vista do quarto de casal da planta tipo 1..........45 FIGURA 58 - Vista do quarto de casal da planta tipo 2......45 FIGURA 59 - “Dry Box”.........................................................................................................49 TABELA 1 – Medidas “Dry Box” – 20 pés.....................................................49 TABELA 2 – Tabela 2 – Medidas “Dry Box” – 40 pés................49 FIGURA 60 - A direita o “High Cube”. Possível observar a diferença de altura em relação ao “Dry Box” a esquerda....50

FIGURA 63 - Bulk Container – Possível observar as aberturas no topo do container..............................................................................................................51 TABELA 5 - Medidas “Bulk Container” – 20 pés................................51 FIGURA 64 - Container “Open Top” – Fechado no topo por uma lona plástica.........................................................................................................................51 TABELA 6 - Medidas “Open Top” – 20 pés................................................51 TABELA 7 - Medidas “Open Top” – 40 pés................................................51 FIGURA 65 - “Flat Rack” – Possui apenas as paredes das extremidades....................................................................................................................................52 FIGURA 66 - Exemplo de material transportado nos containers tipo “Flat Rack”.............................................................................................52 TABELA 8 - Medidas “Flat Rack” – 20 pés...............................................52 TABELA 9 - Medidas “Flat Rack” – 40 pés..............................................52

TABELA 3 - Medidas “High Cube” – 40 pés............................................50

FIGURA 67 - Container refrigerado...................................................................53

FIGURA 61- Exemplo de entradas de ar no alto do container .............................................................................................................................................................................50

TABELA 10 - Medidas “Container Refrigerado”– 20 pés........53

FIGURA 62 - Exemplo de ventilação lateral nos containers .............................................................................................................................................................................50 TABELA 4 - Medidas “Container Ventilado” – 20 pés..............50

TABELA 11 - Medidas “Container Refrigerado”– 40 pés..........53 FIGURA 68 - Tanque..............................................................................................................53 TABELA 12 - Medidas “Tanque”– 20 pés.....................................................53


FIGURA 69 - “Cidade” de containers criada na Síria para 12.000 refugiados da guerra........................................................................................54 FIGURA 70 - Exemplo do interior de abrigo improvisado encontrado em áreas que sofrem com desastres naturais ..............................................................................................................................................................................54 FIGURA 71 - Exemplo da necessidade de espaço livre no terreno para caminhões e guindastes realizarem as manobras para a montagem das estruturas com os containers.............................................................................................................................................56 FIGURA 72 - Estação de Pesquisa Baharati, Antártica............57 FIGURA 73 - Vista aérea da Estação de Pesquisa.........................57 FIGURA 74 - Malha de containers e estrutural exterior de metal compõem o prédio da Estação de Pesquisa Baharati, na Antártica.......................................................................................................................................58 FIGURA 75 - Esquema do processo de transporte e construção da Estação de Pesquisa.................................................................59 FIGURA 76 - Sequencia de construção da Estação de Pesquisa..................................................................................................................................................59 FIGURA 77 - Planta do primeiro pavimento........................................60 FIGURA 78 - Planta do segundo pavimento........................................60 FIGURA 79 - Corte Longitudinal – Possível observar os módulos dos containers que compõem a estrutura dos três pavimentos do edifício.......................................................................................................60

FIGURA 80 -Decameron Showroom, Studio MK27......................61 FIGURA 81 - Possível observar a diferença de tamanho entre os containers que compõem a construção...........................61 FIGURA 82 - Perspectiva esquemática da estrutura composta por seis containers e hangar.....................................................62 FIGURA 83 - Planta do pavimento térreo..............................................62 FIGURA 84 - Planta do primeiro pavimento........................................62 FIGURA 85 - Vista do jardim interno. As grandes portas de policarbonato, quando abertas, são responsável por interligar a rua com a loja e seu jardim interno. Ainda na figura é possível observar o uso do concreto queimado para o piso e as eletrocalhas....................................................................................63 FIGURA 86 - Os containers foram pintados com cores neon. É possível observar ainda o revestimento interno dos containers, realizado para melhor isolamento térmico. A cor branca nas paredes e forros é predominante nos interiores visando chamar atenção dos clientes aos produtos................63 FIGURA 87 - Possível observar a luz natural que passa pelas portas translúcidas de policarbonato.........................................63 FIGURA 88 - Casa Container, Danilo Corbas......................................64 FIGURA 89 - Containers posicionados no terreno antes de receberem qualquer tipo de finalização e tratamento..........64


FIGURA 90 - Planta do pavimento térreo - Containers posicionados de forma perpendicular. Possível observar a pequena caixa que abriga as escadas na lateral direita.......65

FIGURA 100 - Sala de estar interligada com a cozinha que possuí área para refeições. Possível observar as aberturas zenitais........................................................................................................................................................71

FIGURA 91 - Vista da sala de estar para a sala de jantar e cozinha, integradas...................................................................................................................65

FIGURA 101 - Área de dormir da suíte..............................................................71

FIGURA 92 - Vista da sala de estar. Sem forro, o arquiteto preserva o aspecto dos containers no teto...........................................65

FIGURA 102 - Banheiro da suíte...............................................................................71 FIGURA 103 - Módulos que compõe a “Casa de Jardim”......72

FIGURA 93 - Planta do pavimento superior........................................66

FIGURA 104 - Variações das tipologias dos módulos..............72

FIGURA 94 - O piso vegetal das varandas serve como teto verde para o andar debaixo. Apenas 15% do terreno tornouse impermeável com o projeto, visando melhor escoamento das águas das chuvas e evitando a formação de uma ilha de calor ...................................................................................................................................................66

FIGURA 105 - Possível observar a facilidade de (re)organizar os módulos.........................................................................................................................................73

FIGURA 95 - Amplas portas de vidro percorrem toda a extensão dos containers, iluminando naturalmente o interior da casa..............................................................................................................................66

FIGURA 107 - Detalhe do sistema de grampos de tensão que anexam os módulos..................................................................................................73

FIGURA 96 - Containers of Hope - Possível observar a volumetria formada por dois containers, conectados por um corredor central com cobertura inclinada...............................................69 FIGURA 97 - Diagrama esquemático da ventilação cruzada......................................................................................................................................................70 FIGURA 98 - As sobras das paredes recortadas dos containers foram utilizadas como telhas.................................................70 FIGURA 99 - Perspectiva isométrica com o programa que compõe a residência..............................................................................................................70

FIGURA 106 - Alguns exemplos de variações de organização dos módulos......................................................................................................................................73

FIGURA 108 - Dimensões de um caminhão comum. Possível observar que os módulos de containers “Dry Box” de 20’ podem ser facilmente transportados por ele....................................78 FIGURA 109 - Exemplo das caixas d’água da Sander Inox utilizadas no projeto..............................................................................................................79 FIGURA 110 - Isosoft, feito de garrafa PET...............................................97 FIGURA 111 - Argila Expandida...................................................................................97 FIGURA 112 - Exemplo de piso vinílico..........................................................97



SUMÁRIO 1, INTRODUÇÃO..............................................................................................................................23 2. EXPERIÊNCIA ONE COMMUNITY....................................................................25 2.1. Propostas, sistemas construtivos e conceito...........29 . 2.2. Village 5 - Desenvolvimento e projeto..........................34 3. INTRODUÇÃO AOS CONTAINERS...............................................................47

3.1. Vantagens e Desvantagens do uso de containers na Arquitetura.................................................................................................................55

3.2. Exemplos de Projetos com containers.............................57

4. REFERÊNCIAS DE PROJETO.................................................................................67 5. SOBRE O PROJETO..........................................................................................................75 5.1. Tipologias..................................................................................................................80 5.2. Detalhamentos..................................................................................................97 5.3. Composições e maquete eletrônica.................................102 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................109 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................111



Muitas vezes os containers de cargas marítimas são abandonados em perfeito estado nos portos porque mandá-los de volta ao seu destino de origem torna-se mais caro do que comprar um novo. Isso acaba gerando um acúmulo enorme de material nobre desperdiçado que, além de levar centenas de anos para se decompor, ainda pode contaminar a água. Com a atual discussão sobre o meio ambiente e métodos sustentáveis, esse acúmulo de containers se torna uma proposta interessante a se investir como meio construtivo alternativo às tradicionais construções de alvenaria, pelo seu baixo orçamento, economia de recursos, que acabam por gerar uma obra mais limpa e ágil e, principalmente, à sua facilidade de transporte e mobilidade, não sendo necessário que haja um terreno permanente para sua implantação. Assim, surge o projeto deste trabalho, nomeado “Casa Container”, que consiste na criação de módulos genéricos que abrigam os ambientes mais comuns e necessários em uma residência confortável, como cozinha, lavanderia, área de estar e refeições, banheiro e quarto. Os módulos foram criados de forma a serem combinados e (re)organizados em diferentes maneiras, possibilitando ao usuário montar sua casa conforme suas necessidades e desejos. Os capítulos que formam este trabalho contextualizam o início das pesquisas e inspirações que levaram ao tema proposto, expõem algumas informações técnicas dos containers e suas diferentes tipologias, suas vantagens e desvantagens quando introduzidos na arquitetura, exemplos e referências de projetos e o desenvolvimento e detalhamento dos módulos que compõe o projeto deste trabalho.

1.INTRODUÇÃO



2. EXPERIÊNCIA ONE COMMUNITY



A ideia de criar uma unidade habitacional a partir do sistema construtivo que utiliza como base estrutural os containers de carga utilizados em navios surgiu de uma experiência de dois meses de estágio em Los Angeles, no Estado na Califórnia, durante o intercâmbio realizado através do Programa Ciência sem Fronteiras, com bolsa integral concedida pelo Governo Federal, com destino aos Estados Unidos nos anos de 2014 e 2015. O estágio foi realizado na organização não governamental nomeada “One Community” - “Uma Comunidade” em tradução livre – (figura 1).

Figura 1 – Logo da organização não governamental One Community. Fonte: http://www.onecommunityglobal.org/

“One Community” é uma organização sem fins lucrativos que busca a criação de modelos de vida auto-replicantes, ou seja, modelos genéricos que podem ser replicados em diversas regiões do mundo. A organização tem como objetivo criar soluções que serão gratuitamente compartilhadas para qualquer usuário e busca atuar nas áreas de alimentação, energia, habitação, educação e economia. Visam um modelo de aprendizagem experiencial que facilite a participação em massa dos usuários, em busca de melhorias nas questões sociais e econômicas, e gerando bem estar geral. A área selecionada para a implantação desse projeto localiza-se no condado de Kane County (figura 2), no Estado de Utah, nos Estados Unidos. O terreno caracteriza-se por áreas desérticas e montanhosas, com predominância de árvores coníferas conhecida por “Douglas fir” ou Pseudotsuga menziesii, (figuras 3 e 4), com baixa precipitação e temperatura anual média em torno dos 10ºC. Nos meses de inverno a área é atingida por neve assentada, com média de 75.84 cm de espessura. 27


Figura 2 – Mapa da região do condado de Kane County, em Utah. Fonte: maps.google.com

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2.1. Propostas, sistemas construtivos e conceito.

Figura 3 – Região com áreas secas e montanhosas Fonte: Acervo One Community

Figura 4 – Região com predominância das coníferas “Douglas fiir” Fonte: Acervo One Community

Em relação à moradia, o objetivo é criar sete vilas com modelos construtivos sustentáveis (figuras 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11) cada uma inspirada em um dos sete chakras. Cada vila possui um sistema de construção diferente, visando criar diversas opções de modelos de “Ecobuild”, onde cada um pode ser melhor implantado em regiões distintas, levando em consideração a localização e seu baixo impacto nela, questões climáticas e recursos prontamente disponíveis (figura 12).

Figura 5- Vila 01 – “Earthbag Construction” Fonte: Acervo One Community

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Figura 7 - Vila 03 – “Cob Construction” Fonte: Acervo One Community Figura 6 - Vila 02 – “Straw Bale Construction” Fonte: Acervo One Community

Figura 9 - Vila 5 – “Shipping Container Construction” Fonte: Acervo One Community Figura 8 - Vila 04 – “Earth Block Construction” Fonte: Acervo One Community

Figura 10 - Vila 6 – “Reclaimed Materials Fonte: Acervo One Community

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Figura 11 - Vila 7 – “Tree House Construction” Fonte: Acervo One Community


Figura 13 – Construção com base em sacos de terra Fonte: http://www.inspirationgreen.com/earthbag-construction.html

Figura 12 – Implantação dos projetos de habitação na área selecionada. - Fonte: Acervo One Community

Dentre as sete vilas habitacionais, temos sistemas de construção que englobam sacos de terra, fardos de palha, cob ( tijolo composto por terra, areia e palha), tijolos de adobe, containers de carga para navios, pneus e construções com base nos troncos das árvores da região, visando o aproveitamento de uma área sem a necessidade de desmatamento (figuras 13, 14, 15, 16, 17, 18 e 19).

Figura 14 – Construção realizada com fardos de palha Fonte: https://sustainablebuildingdesign.wordpress.com/2014/09/18/ strawbale-construction/

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À Direita: Figura 15 – Construção em cob Fonte: http://www.cobbuilding101.com/how-to-build-your-cob-home-the-easy-way/ Figura 16 - Exemplo de tijolo de Adobe Fonte: http://armazemdoreparo.blogspot.com.br/2012/07/novidades.html Figura 17 - Container House Fonte: http://www.inspirationgreen.com/container-homes.html À baixo Figura 18- Exemplo de construção estruturada com pneus Fonte: http://www.oregonlive.com/hg/index.ssf/2012/10/from_the_home_front_ earthships.html Figura 19 – “Casa na árvore” Fonte: http://www.denverpost.com/room/ci_9693886

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Com um princípio holístico implantado na arquitetura, os projetos visam criar espaços comuns que integram os usuários entre si e criam uma relação entre o homem, a arquitetura e o meio ambiente, visando um melhor aproveitamento das formas, dos espaços livrem e da iluminação e ventilação natural, criando dessa maneira uma arquitetura mais sensorial e harmoniosa, que se adéqua ao usuário e não que o usuário se adéqua a ela. O arquiteto Flavio Erwin Westmann, em seu texto: “A Influência do Holísmo na Arquitetura – A Arquitetura Holística” pontua que a necessidade de relacionar o holísmo com a arquitetura vem de que: “O homem atual vem enfrentando uma série de dificuldades resultantes de sua manipulação indevida de seu meio natural. Vivendo a maior parte de seu tempo na cidade e no interior de objetos e abrigos, cujos projetos não respeitam o conjunto de suas percepções sensoriais, acabou tendo que lidar com o aparecimento de novas doenças como a “síndrome da edificação doente”. A predominância do sentido visual induzida, entre outros fatores, pelo grande bombardeio da mídia moderna, a poluição crescente e o alto nível de ruídos e odores acabam por reduzir consideravelmente a sensibilidade dos órgãos sensoriais do ser humano. Aliando a esses fatores o advento da tecnologia , o Arquiteto acabou por priorizar a consciência da forma em contraste com a possibilidade de desenvolver uma síntese holística de desenho abrangendo os diversos sentidos humanos. Meio ambiente e percepção ficaram afastados das questões projetuais”. (WESTMANN, 1993) “Este texto foi retirado da URL: http://holosarquitetura.com.br/index.php/uma-visao-holistica-na-abordagem-do-projeto-arquitetonico/

Como exemplos dessa arquitetura temos os arquitetos Alvar Aalto, Renzo Piano e Frank Lloyd Wright.

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2.2. Village 5 - Desenvolvimento e projeto. Para o desenvolvimento deste projeto de conclusão de curso, a inspiração veio da “Shipping Container Village – Pod 5” (Vila 5 – Containers de Cargas), projeto realizado em parceria com os também estudantes de Arquitetura e Urbanismo Samantha Amarante Freitas e Victor Moura Oliveira. O intuito deste projeto era a criação de uma habitação multifamiliar com entorno de 40 unidades, sendo estas para dois usuários cada. Destas 40 unidades, pelo menos duas deveriam ser acessíveis para portadores de necessidades especiais. Uma cozinha industrial capaz de servir 150 pessoas, áreas internas e externas para refeições, biblioteca, sala de estudo, laboratório de informática, banheiros públicos, depósitos e áreas recreativas diversas completam o programa solicitado para este edifício. Um dos requisitos para essa construção era a predominância de fachadas de vidro na direção sul, face com maior incidência de luz solar na área, visando maior conforto aos usuários, levando em conta as baixas temperaturas no local. Para iniciar o projeto recebemos alguns croquis e esquemas (figuras 20 e 21) para nos orientar sobre o que o cliente desejava para a volumetria e programa interno do prédio. 34

Figura 20 – Croqui inicial da volumetria desejada para a Vila 5. Fonte: Acervo One Community

Figura 21 – Planta esquemática inicial com programa desejado para a Vila 5. De início, áreas pouco definidas e diversos espaços sem uso. Fonte: Acervo One Community


Depois de alguns estudos de volume e layout, e alterações requeridas pelo cliente (figuras 22, 23, 24 e 25) chegamos a uma malha estrutural totalmente composta por containers (figura 26), para melhor atender as necessidades e o conforto dos usuários, levando em considerações facilidades construtivas e alinhamento das paredes hidráulicas.

Figura 22 – Proposta 1 para o projeto da Vila 5 – Volumetria Fonte: Acervo Pessoal

Figura 23 – Proposta 1 para as plantas dos três andares da Vila 5 Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 24 – Proposta 2 – Estudo de volumetria Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 25 – Proposta 2 – Estudo de malha estrutural, plantas e fluxos. Fonte: Acervo Pessoal


Figura 26 – Proposta final da malha estrutural totalmente formada por containers. Fonte: Acervo Pessoal

A malha estrutural final do projeto é composta por um total de 226 containers com tamanho padrão americano ISSO 20 (figura 27) de 20’ x 8’ x 8.6’, equivalente a 6.1m x 2.44 m x 2.62 m, sendo estes distribuídos de forma assimétrica entre os três andares que compõem o edifício (figuras 28, 29 e 30).

Figura 27 – Container padrão americano – ISO 20 Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 28 – Volumetria final – Distribuição dos três pavimentos de forma assimétrica – Volumetria brinca com os espaços vazios e sombras. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 29 – Vista frontal Fonte: Acervo Pessoal

Figura 30 – Implantação Fonte: Acervo Pessoal

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O primeiro andar (figuras 31 e 32) contém 92 containers, arranjados de maneira a criar um grande bloco fechado e inserido no terreno. Esse bloco abriga 18 das 38 unidades habitacionais propostas, sendo duas destas unidades para portadores de necessidades especiais.


Figura 31 – Planta do primeiro andar.Fonte: Acervo Pessoal

A entrada principal se dá por um bloco central que abriga uma área coberta de alimentação com capacidade para 84 usuários (figura 33). O andar ainda conta com dois banheiros públicos, 26 depósitos, estúdio de meditação e yoga (figura 34), sala de jogos (figura 35), laboratório de informática (figura 36) e uma sala de mídia e TV (figura 37). A circulação vertical é feita através de escada e elevador no bloco central e quatro escadas externas que levam ao segundo andar (figuras 38, 39 e 40).

Figura 32 – Perspectiva isométrica do primeiro pavimento – Grande bloco. Fonte: Acervo Pessoal Figura 33- Entrada principal do primeiro andar – Área para refeições. Fonte: Acervo Pessoal

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Da esquerda para a direita: Figura 34 – Estúdio de meditação e yoga; Figura 35 – Sala de jogos; Figura 36 – Laboratório de informática; Figura 37 – Sala de mídia e TV./ Fonte: Acervo Pessoal

Figura 38 – Planta de circulação do primeiro andar; Em amarelo em destaque a circulação vertical e em lilás a circulação horizontal. Fonte: Acervo Pessoal

À esquerda: Figura 39 – Circulação vertical À direita: Figura 40 – Circulação horizontal Fonte: Acervo Pessoal

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O segundo andar (figuras 41 e 42) é estruturado por 86 containers e abriga a grande cozinha industrial para atender 150 pessoas, com freezer e depósito para alimentos, entrada para carga e descarga na fachada posterior, área de lava louças e espaço para refeições para 64 pessoas (figura 43). Adjacente a cozinha temos a lavanderia industrial, banheiros públicos e salas de estar (figura 44).

Figura 41 – Planta do segundo andar. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 42 – Perspectiva isométrica do segundo andar. Fonte: Acervo Pessoal

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À esquerda: Figura 43 – Área para refeições do 2º andar. À direita: Figura 44 – Sala de estar. Fonte: Acervo Pessoal

O andar ainda conta com áreas de estar abertas (figuras 45 e 46), 12 unidades de habitação, sala de estudo (figura 47) e biblioteca (figura 48). A circulação vertical para o terceiro andar se dá pelo elevador, escadas internas no grande bloco central e quatro escadas externas na fachada posterior do edifício (figuras 49 e 50).

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Primeira Linha: Figura 45 – Área de estar aberta na fachada posterior do prédio.; Figura 46 – Área de estar em frente à sala de estudo e biblioteca Segunda Linha: Figura 47 – Sala de estudo; Figura 48 – Biblioteca. Fonte: Acervo Pessoal


Figura 49 – Planta de circulação do segundo andar; Em amarelo em destaque a circulação vertical e em lilás a circulação horizontal. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 50 – Circulação vertical do segundo andar; localiza-se na fachada posterior do edifício. Fonte: Acervo Pessoal

O terceiro, e último andar, (figuras 51 e 52) contém 48 containers distribuídos de forma a criar espaços abertos de lazer como churrasqueira, mesas para picnic e amplas áreas de estar, onde também funcionam como mirantes para os usuários aproveitarem a bela paisagem natural que cerca o complexo habitacional (figura 53). O bloco central acolhe um mezanino com área de alimentação que acomoda 56 pessoas (figura 54), com vista para a área de refeições do segundo andar, e uma área aberta com mesas para 48 usuários. O andar conta ainda com banheiros públicos e seis unidades habitacionais. 43


Figura 51 – Planta do terceiro andar. Fonte: Acervo Pessoal

À cima: Figura 53 – Áreas abertas do terceiro pavimento. Figura 52 - Perspectiva isométrica do terceiro andar. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 54 – Mezanino com área para refeições. Fonte: Acervo Pessoal


No total foram criados cinco layouts de interiores para as unidades habitacionais (figura 55), sendo uma delas projeta para portadores de necessidades especiais. Todas as unidades contam com uma pequena sala de estar, quarto de casal e um banheiro (figuras 56, 57 e 58). Figura 56 – Vista interna da pequena sala de estar das unidades Fonte: Acervo Pessoal

Figura 57 – Vista do quarto de casal da planta tipo 1 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 58 – Vista do quarto de casal da planta tipo 2. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 55 – Layout das unidades. Fonte: Acervo Pessoal

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3. INTRODUÇÃO AOS CONTAINERS



Nos anos 50, o americano Malcolm McLean foi o responsável pela criação dos containers de carga, que hoje são utilizados em cerca de 90% do movimento de mercadorias no mundo. Porém, depois de cerca de oito anos de uso os containers são descartados, criando um grande cemitério, visto que sua vida útil real é de aproximadamente 90 anos e que algumas vezes é mais vantajoso economicamente comprar novos containers do que reenviá-los vazios aos seus destinos de origem. Todos os containers são criados segundo um padrão modular. Esses módulos podem ainda ser combinados com outros tipos de estruturas, visando reforçar o módulo, melhorar seu transporte, planejamento e simplificar seu design. Eles são compostos por estruturas leves de aço, porém extremamente resistentes e fortes, com modulação confeccionada para serem perfeitamente encaixados e empilhados uns nos outros. Quando vazios, podem ser empilhadas até nove unidades e, cada unidade é projetada para suportar até 25 toneladas. Os containers são ainda por cima resistentes ao fogo e a chuva.

Tabela 1 – Medidas “Dry Box” – 20 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Figura 59 – “Dry Box” Fonte:http://fateclog.blogspot.com.br/2011/10/o-que-e-equais-sao-os-tipos-de_30.html

Tabela 2– Medidas “Dry Box” – 40 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

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Semelhante ao “Dry Box”, porém possuindo 1 pé (0,31m) a mais de altura, o “High Cube” (Figura 60 e tabela 3) possui capacidade de carga interna maior. É o tipo de container mais utilizado para habitações, devido a sua altura, tornando seu interior mais confortável ao usuário.

Figura 60 – A direita o “High Cube”. Possível observar a diferença de altura em relação ao “Dry Box” a esquerda. Fonte:https://www.logismarket.fr/cubner/containermaritime/4687680897-1009599714-p.html

Tabela 3 – Medidas “High Cube” – 40 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

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Outro modelo semelhante ao “Dry Box” é o “Container Ventilado”, que possui pequenas entradas de ar no alto (figura 61 e tabela 4) ou nas laterais do container (figura 62). Esse tipo de unidade é específica para cargas orgânicas como o café e o cacau.

Figura 61 – Exemplo de entradas de ar no alto do container Fonte:https://universodalogistica. wordpress.com/2010/05/18/tiposde-containers/

Figura 61 – Exemplo de entradas de ar no alto do container Fonte:http://mglogistic.ge/ containers.php

Tabela 4 – Medidas “Container Ventilado” – 20 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf


O “Bulk Container” (figura 63 e tabela 5) é ideal para cargas a granel, como farinhas, cimento, e açúcar. Ele é totalmente fechado e possuí apenas escotilhas no teto e nas laterais para carga e descarga dos produtos.

“Open Top” é um modelo de container que não possui teto fixo (figura 64 e tabelas 6 e 7). É ideal para cargas que não passam pelas portas, seja pelo seu tamanho ou pelo seu formato irregular. Geralmente são fechados por lonas e utilizados para transportar pedras, vidros e máquinas. Figura 64 – Container “Open Top” – Fechado no topo por uma lona plástica. Fonte:https://www.cmacgm.com/products-services/ containers

Figura 63 – Bulk Container – Possível observar as aberturas no topo do container Fonte:http://rcontainer.com/product/jot-20ft-bulk-container/

Tabela 5 – Medidas “Bulk Container” – 20 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Tabela 6 – Medidas “Open Top” – 20 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Tabela 7 – Medidas “Open Top” – 40 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

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Seguindo a linha de cargas com dimensões maiores que os padrões dos containers, o “Flat Rack” não possui paredes laterais e teto (figura 65 e tabelas 8 e 9), e suas extremidades podem ser fixas ou móveis. Ideal para o transporte de veículos, tubos, bobinas de aço e cabos (figura 66).

Tabela 8 – Medidas “Flat Rack” – 20 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Figura 65 – “Flat Rack” – Possui apenas as paredes das extremidades Fonte: http://catatankecik.blogspot.com.br/2015/02/mengenalpeti-kemas.html

Figura 66 – Exemplo de material transportado nos containers tipo “Flat Rack” Fonte: http://alliancepacking.com/Flat-RackWrapping.html

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Tabela 9 – Medidas “Flat Rack” – 40 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf


Também existem os containers refrigerados (figura 67 e tabelas 10 e 11), para o transporte de alimentos como carnes e frutas e, para o transporte de produtos químicos. Esse tipo de containers também é muitas vezes utilizados para a construção de habitações, tendo em vista que não necessitam de isolamento térmico.

Tabela 10 - Medidas “Container Refrigerado”– 20 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Tabela 11 - Medidas “Container Refrigerado”– 40 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf Figura 67 – Container refrigerado Fonte:http://www.portmc.com.au/shipping-containerrefrigerated.html

Tabela 12 - Medidas “Tanque”– 20 pés Fonte: http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Figura 68 – Tanque Fonte: http://frusso.com/subsitios/productos/ catalogo.php?categoria=17&lang=

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Como exemplos de marcas de containers brasileiras, podemos citar a Container Garça, NHJ do Brasil, Containers Brasil, Bunker Metal, Delta Containers, Total Storage Brasil e Brascontainers. Algumas dessas marcas já produzem módulos específicos para a indústria construtiva, criando unidades habitacionais temporárias e definitivas. Os containers podem ser utilizados para diferentes funções além do de transportar cargas pelo mundo. A introdução dos containers no mercado construtivo iniciouse através do seu uso para a criação de abrigos improvisados em regiões que sofrem com guerras, terremotos e outros tipos de desastres naturais, como refúgio de emergência para tornados, por exemplo (figuras 69, 70).

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Figura 69 – “Cidade” de containers criada na Síria para 20.000 refugiados da guerra Fonte: http://www.azernews.az/region/52018.html

Figura 70 – Exemplo do interior de abrigo improvisado encontrado em áreas que sofrem com desastres naturais Fonte: http://www.atlassurvivalshelters.com/aboutus/nbc/ backyard/


3.1. Vantagens e Desvantagens do Uso dos Containers na Arquitetura Com o excesso de containers se acumulando nos portos e a atual discussão sobre sustentabilidade e reciclagem, os containers conquistam seu espaço na área da construção de unidades habitacionais, comerciais e industriais definitivas, se tornando uma alternativa criativa e benéfica às construções tradicionais de alvenaria. Porém, as vantagens de se introduzir os containers nos projetos construtivos não se limitam apenas ao reuso de material nobre desperdiçado. Os containers além de serem material abundante no mercado marítimo, são extremamente baratos na hora de sua compra e podem economizar recursos, necessários para a construção de alvenaria, como areia, tijolos, água, cimento e etc. A redução do uso desses materiais geram uma obra mais limpa, com menos entulho, refletindo em uma obra que pode ser mais econômica que as construções tradicionais em até 30%. Além disso, a rapidez na execução e finalização da obra é maior. “Entregamos no prazo de 15 a 20 dias os contêineres cortados, com portas, caixilhos das janelas e estrutura das paredes, como

A estrutura dos containers é extremamente resistente em relação a diversas intempéries, possuem uma vida útil alta e foram projetados de modo a suportarem grandes cargas sem a necessidade de outros equipamentos estruturais. Porém, são também muito leves, facilitando o seu transporte que pode ser realizado até mesmo por terra, através de carretos e caminhões. Para o arquiteto Rodrigo Ferraz, sócio-diretor do FGMF Arquitetos, incluir a questão da mobilidade às casas containers torna o projeto ainda mais interessante, se pensado desde seu início. “Se estiver no projeto, é só a questão de soltar o container da infraestrutura que o sustenta, como a laje de apoio. A saída de esgoto e a parte elétrica se perdem, mas o resto todo está dentro do container. É só pegar a estrutura com um caminhão e levá-la de um lado para outro”, diz o arquiteto. Para Perci a principal vantagem é a mobilidade que o container proporciona: “(...) Não precisar comprar um terreno para

placas de gesso, MDF, PVC ou cimento, para receber no local os acabamentos escolhidos pelo morador”, diz o arquiteto e proprietário da Total Storage Brasil, Perci Hultimann, em entrevista com a revista Casa e Jardim, 2015.

construir a casa”, afirma. “É possível instalá-los em um imóvel alugado e levá-los junto na mudança.”

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Por conta de sua modulação, a montagem e construção é algo simples, permitindo a criação de diversas configurações que geram maior flexibilidade e criatividade nos projetos arquitetônicos. Os projetos com containers costumam manter o terreno preservado, conservando ao máximo seu relevo natural e evitando que a maior parte do terreno se torne impermeável. Apesar de ser uma técnica construtiva que deve ser discutida nos dias de hoje, devido as suas questões sustentáveis, o uso dos containers para a arquitetura possui algumas desvantagens e necessitam alguns cuidados extras que devem ser bem analisados antes do início de qualquer projeto que os envolva. Antes de tudo é necessária uma análise do terreno para avaliar se há espaço o suficiente para as manobras dos guindastes, caminhões e empilhadeiras utilizadas para o transporte e posicionamento dos containers (figura 71).

Figura 71 – Exemplo da necessidade de espaço livre no terreno para caminhões e guindastes realizarem as manobras para a montagem das estruturas com os containers. Fonte:http://pt.socialdesignmagazine.com/mag/blog/architettura/ benjamin-garcia-saxe-containers-of-hope/

Ainda que a construção com containers utilize menos mão de obra, é necessário que esta seja especializada, principalmente para os recortes de esquadrias. Quando realizados estes cortes nas paredes dos containers é necessário que haja um reforço estrutural nessas paredes. Além disso, seu teto não suporta carga superior a 300kg, sendo necessária a sua substituição por outro tipo de estrutura.

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Por serem compostos de aço, os containers quando submetidos as construções cívicas necessitam de cuidados extras para os isolamentos térmico e acústico, dependendo do modelo de container escolhido para a construção. Ademais, é necessário atenção com possíveis contaminações de cargas, que podem ter sido transportadas através desses containers, com a ferrugem que deve ser tratada antes de seu uso, com os solventes e selantes utilizados nas pinturas vindas de fábrica, que podem ser prejudiciais à saúde dos usuários. Por fim, por ser um tipo relativamente novo de construção pode haver dificuldades para obter o aval de construção em algumas regiões.

3.2. Exemplos de Projetos com Containers Dentre os projetos arquitetônicos que utilizam os containers como malha estrutural podemos citar alguns exemplos com diferentes usos. A Estação de Pesquisa Baharati na Antártica (figura 72 e 73), projeto de 2011 do escritório alemão BOF Architects é composta por 134 containers que são envolvidos por uma estrutura aerodinâmica de metal (figura 74), que é responsável pelo isolamento do edifício, e conta com uma área total de 2.500m².

Figura 72 – Estação de Pesquisa Baharati, Antártica Fonte:http://www.designboom.com/architecture/researchstation-in-antarctica-built-from-134-shipping-containers/

Figura 73 – Vista aérea da Estação de Pesquisa Fonte:http://www.designboom.com/architecture/researchstation-in-antarctica-built-from-134-shipping-containers/

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Figura 74 – Malha de containers e estrutural exterior de metal compõem o prédio da Estação de Pesquisa Baharati, na Antártica Fonte:http://www.designboom.com/architecture/researchstation-in-antarctica-built-from-134-shipping-containers/

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O projeto, premiado em 2013, conta com instalação de energia auto-suficiente e representa um volume que pode ser facilmente desmontado, transportado e remontado em outra área, levando em consideração a dificuldade de acesso na região devido as questões climáticas (figuras 75 e 76). necessária a sua substituição por outro tipo de estrutura.

Figura 75 – Esquema do processo de transporte e construção da Estação de Pesquisa Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2013/08/18/estacao-pesquisas-india-antartica/

Figura 76 – Sequencia de construção da Estação de Pesquisa Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2013/08/18/estacao-pesquisas-india-antartica/

O edifício conta com laboratórios, depósitos e área técnica no primeiro pavimento (figura 77), 24 quartos para uma e duas pessoas, cozinha, sala de jantar, biblioteca, academia, escritório e uma área de lounge no segundo pavimento (figura 78) e um terraço no terceiro e ultimo pavimento para estudos e experimentos científicos (figura 79). Durante o inverno a estação abriga certa de 24 pesquisadores e durante o verão, o número sobe para 47.

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Á direita: Figura 77 – Planta do primeiro pavimento Figura 78 – Planta do segundo pavimento Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2013/08/18/estacao-pesquisasindia-antartica/

Figura 79 – Corte Longitudinal – Possível observar os módulos dos containers que compõem a estrutura dos três pavimentos do edifício Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2013/08/18/estacao-pesquisasindia-antartica/

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O Studio MK 27, do arquiteto Marcio Kogan, é responsável pelo projeto do showroom da loja de móveis Decameron (figura 80), em São Paulo. O projeto de 2011 conta com uma área construída de 252m² em um dos poucos lotes que ainda eram vagos na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, ponto importante de decoração na região. O designer Marcus Ferreira, proprietário da marca Decameron, solicitou ao arquiteto a criação de um espaço descontraído, convidativo e agradavelmente surpreendente para a nova loja, buscando manter a relação com a cidade e fugir da arquitetura convencional que vinha saturando São Paulo. O cliente ainda encarregou o arquiteto de desenvolver um projeto que fosse de rápida construção, de baixo custo e que mantesse as árvores existentes no terreno.

Figura 80 – Decameron Showroom, Studio MK27 Fonte:http://www.designboom.com/architecture/ studio-mk27-decameron/

Figura 81 – Possível observar a diferença de tamanho entre os containers que compõem a construção Fonte:http://www.designboom.com/architecture/studio-mk27decameron/

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Á direita: Figura 82 – Perspectiva esquemática da estrutura composta por seis containers e hangar Figura 83 – Planta do pavimento térreo Figura 84 – Planta do primeiro pavimento Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-44846/decameron-studio-mk27marcio-kogan

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Portas de correr de policarbonato são responsáveis por criar uma conexão entre a loja, a cidade e um jardim interno. O uso ainda de materiais como o piso de concreto armado, piso de borracha e eletrocalhas tornaram (figura 85) o projeto e a obra ainda mais barata, limpa e rápida. O uso dos containers possibilidade que parte da construção seja desmontável, se tornando ainda mais vantajoso ao cliente tendo em vista que o terreno na Alameda Gabriel é alugado.


Figura 85 - Vista do jardim interno. As grandes portas de policarbonato, quando abertas, são responsável por interligar a rua com a loja e seu jardim interno. Ainda na figura é possível observar o uso do concreto queimado para o piso e as eletrocalhas. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-44846/ decameron-studio-mk27-marcio-kogan

Os containers, que vieram de Santos, já tiveram seus primeiros ajustes no próprio porto, realizado por mão de obra especializada e depois adequados no próprio terreno durante sua montagem, realizada por caminhões e guindastes. Após serem recortados, empilhados e soldados, os containers receberam pintura antiferrugem em tons de neon. O conforto térmico fica por conta da ventilação natural e da aplicação de revestimento interno composto por MDF e lã de vidro, nas paredes e forro (figura 86).

no próprio porto, realizado por mão de obra especializada e depois adequados no próprio terreno durante sua montagem, realizada por caminhões e guindastes. Após serem recortados, empilhados e soldados, os containers receberam pintura antiferrugem em tons de neon. O conforto térmico fica por conta da ventilação natural e da aplicação de revestimento interno composto por MDF e lã de vidro, nas paredes e forro (figura 86).

Figura 86 – Os containers foram pintados com cores neon. É possível observar ainda o revestimento interno dos containers, realizado para melhor isolamento térmico. A cor branca nas paredes e forros é predominante nos interiores visando chamar atenção dos clientes aos produtos Figura 87 – Possível observar a luz natural F o n t e : h t t p : / / w w w . d e s i g n b o o m . c o m / que passa pelas portas translúcidas de architecture/studio-mk27-decameron/ policarbonato. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01 Os containers, que vieram de 44846/decameron-studio-mk27-marcioSantos, já tiveram seus primeiros ajustes kogan

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Como um último exemplo de construções que utilizam containers, a Casa Container (figura 88), do arquiteto Danilo Corbas, quebra paradigmas estéticos e funcionais ao introduzir um produto pouco nobre para a arquitetura em uma região de alto padrão em São Paulo. Com uma proposta sustentável, Corbas aproveitou ao máximo os recursos e buscou produzir o mínimo possível de resíduos. O arquiteto conta que utilizou apenas de duas caçambas para a obra inteira, número que pode ultrapassar 30 em construções tradicionais de alvenaria.

Figura 88 – Casa Container, Danilo Corbas Fonte:http://containerbox.com.br/site/tag/danilocorbas/

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A casa é composta por quatro containers de 12.2m x 2.44m x 2.90m distribuídos em dois andares, que contabiliza um total de 196m², que já vieram do porto de Santos restaurados e com recortes de portas e janelas. Os recortes foram pensados conforme as correntes de ar da região, visando criar uma ventilação cruzada que despensa o uso de ar condicionado. No terreno, após a escolha da posição dos módulos (figura 89), os containers foram fixados em sapatas isoladas, pequenas e rasas; não foi necessária a utilização de ferragem. O isolamento térmico foi feito com lã de PET e foram utilizadas telhas do tipo sanduiche, de poliuretano. O arquiteto ainda fez questão de aplicar produtos eco-friendly como tintas a base d’água, que possuem baixo índice de compostos orgânicos voláteis, e microcimento em paredes e na escada.

Figura 89 – Containers posicionados no terreno antes de receberem qualquer tipo de finalização e tratamento Fontehttp://www.containersa.com.br/2013/09/7-sobrados-com-containersentre-100-m-e.html


Com os containers posicionados na forma de um “H” com uma pequena caixa de alvenaria ao centro, que contém a escadaria (figura 90), o térreo abrange as áreas sociais como salas de estar e jantar que se conectam com a cozinha (figuras 91 e 92), lavanderia, banheiro e um dormitório.

Figura 91 – Vista da sala de estar para a sala de jantar e cozinha, integradas Fonte: http://containerbox.com.br/site/tag/danilo-corbas/

Figura 90 – Planta do pavimento térreo - Containers posicionados de forma perpendicular. Possível observar a pequena caixa que abriga as escadas na lateral direita Fonte:http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/escc/Edicoes/74/ imprime235642.asp

Figura 92 – Vista da sala de estar. Sem forro, o arquiteto preserva o aspecto dos containers no teto Fonte:http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/escc/Edicoes/74/ imprime235642.asp

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Com os containers posicionados na forma de um “H” com uma pequena caixa de alvenaria ao centro, que contém a escadaria (figura 90), o térreo abrange as áreas sociais como salas de estar e jantar que se conectam com a cozinha (figuras 91 e 92), lavanderia, banheiro e um dormitório.

Figura 94 – O piso vegetal das varandas serve como teto verde para o andar debaixo. Apenas 15% do terreno tornou-se impermeável com o projeto, visando melhor escoamento das águas das chuvas e evitando a formação de uma ilha de calor Fonte: http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/escc/Edicoes/74/

Figura 93 – Planta do pavimento superior Fonte:http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/escc/Edicoes/74/ Figura 95 – Amplas portas de vidro percorrem toda a extensão dos imprime235642.asp containers, iluminando naturalmente o interior da casa Fonte:http://homeinabox.blogspot.com.br/2013/03/multi66 container-home-casa-container.html


4. REFERÊNCIAS DE PROJETO



Neste capítulo serão apontados duas fortes refêrencias projetuais, utilizadas para o desenvolvimento deste trabalho. Destacam-se como principais inspirações a criação de espaços em pequenas modulações e volumetrias dos projetos, visando criar algo facilmente reorganizável.

“Containers of Hope” Benjamin Garcia Saxe, Costa Rica

termicamente confortável sem que haja a necessidade de ar condicionado (figura 97). As telhas deste corredor central foram feitas a partir do material recortado das paredes do containers, para a abertura das grandes janelas, evitando ainda mais o desperdício de material na obra (figura 98) Figura 96– Containers of Hope - Possível observar a volumetria formada por dois containers, conectados por um corredor central com cobertura inclinada Fonte: http://www.homedsgn.com/2011/06/16/containers-of-hope-a-40000-home-bybenjamin-garcia-saxe/

Utilizando dois containers de 40’ interligados por um corredor central (figura 96), o projeto tem como objetivo propor e expor uma arquitetura alternativa com orçamento muito baixo comparados aos projetos de moradias sociais na Costa Rica. O arquiteto mostra ainda como lidar com o problema dos containers descartados, de forma criativa. A residência projetada conta com iluminação zenital no corredor central, que interliga os containers, onde as aberturas proporcionam ventilação cruzada, capaz de manter o ambiente interno do container 69


O programa da casa é composto por sala de estar, integrada com a cozinha, uma suíte e um pequeno quarto (figuras 99, 100, 101 e 102).

Figura 97 – Diagrama esquemático da ventilação cruzada Fonte: http://www.homedsgn.com/2011/06/16/containers-ofhope-a-40000-home-by-benjamin-garcia-saxe/

Figura 98 – As sobras das paredes recortadas dos containers foram utilizadas como telhas. Fonte: http://www.homedsgn.com/2011/06/16/containers-ofhope-a-40000-home-by-benjamin-garcia-saxe/

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Figura 99– Perspectiva isométrica com o programa que compõe a residência Fonte: http://www.homedsgn.com/2011/06/16/containers-of-hope-a40000-home-by-benjamin-garcia-saxe/


Da direita para a esquerda: Figura 100– Sala de estar interligada com a cozinha, que possuí área para refeições. Possível observar as aberturas zenitais Figura 101 - Área de descanso da suíte Figura 102 - Banheiro da suíte Fonte: http://www.homedsgn.com/2011/06/16/ c o n ta i n e r s - o f - h o p e - a - 4 0 0 0 0 - h o m e - by benjamin-garcia-saxe/

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“Meister’s Garden House”

Harmen van de Wal e Bart Goedboel, Holanda

“Queríamos abrigo no inverno e sombra no verão mas, acima de tudo, algo que poderia simplesmente desaparecer quando o tempo está perfeito”, define o arquiteto van de Wal. O projeto, situado no jardim da casa da namorada de van de Wal, é composto por três tipologias de módulos de 2m x 3m (figura 103), cada um representando, com variações (figura 104), áreas de uma casa: quarto, cozinha e área social. Com um dos módulos sendo fixo em sapata, o da cozinha, que conta com todas as instalações e um banheiro, os outros dois foram projetados com rodas, possibilitando sua movimentação e (re)organização em até doze maneiras diferentes (figuras 105 e 106). Essas unidades não fixas poder ser abertas, retirandose suas janelas e interligando o interior com o exterior. Os módulos são facilmente anexados uns nos outros através de um sistema simples de correias e grampos de tensão (figura 107).

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Figura 103– Módulos que compõe a “Casa de Jardim” Fonte: http://www.krill. nl/en/gardenhousemeister/

Figura 104– Variações das tipologias dos módulos Fonte: http://www.krill. nl/en/gardenhousemeister/


Da direita para a esquerda: Figura 105– Possível observar a facilidade de (re) organizar os módulos Figura 106- Alguns exemplos de variações de organização dos módulos Figura 107 - Detalhe do sistema de grampos de tensão que anexam os módulos Fonte: http://www.krill.nl/en/gardenhousemeister/

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5. SOBRE O PROJETO



Levando em consideração todas as pesquisas e referências projetuais, além do conforto ao usuário e praticidade da utilização dos containers para a arquitetura, surge a ideia de criar pequenos módulos genéricos de habitação. Refiro-me a “genéricos” aos módulos pois este projeto não possuí um terreno ou localização exata a ser implantado. Com a facilidade de transporte dos containers, (re)organização dos módulos e adaptação às diferentes características dos terrenos, o projeto torna possível certa diversidade na hora de sua implantação. O container selecionado para o desenvolvimento deste projeto foi o “Dry Box” de 20’, devido suas dimensões que facilitam seu transporte que, pode ser realizado sem problemas por caminhões comuns (figura 108). Considerando esses pontos, o público alvo se torna pessoas que buscam alternativas mais baratas, construções mais rápidas e limpas, levando em consideração que os containers já chegam ao terreno com todas as modificações necessárias. Além disso, a possibilidade de transportar a casa para outros terrenos é um fator decisivo para a escolha dos containers utilizados, tornando-se possível ter sua casa própria mesmo em terrenos alugados. Marta Bogéa, em seu livro “Cidade Errante Arquitetura em Movimento”, destaca as mudanças de conceito de arquitetura que ocorreram no século XX, onde as moradias deixam de ser consideradas eternas e permanentes, tornando a mobilidade praticamente uma regra. Marta ainda cita questões levantadas durante o período da Revolução Industrial: (...) a vanguarda moderna irá configurar espaços libertos de sítio específico e de programa específico. Não mais arquiteturas necessariamente construídas num determinado lugar e presas a ele. como premissa, nem mais arquiteturas que atendem a um determinado uso, inalterado desde sua concepção. A partir dessa premissa, genérica e abstrata, a vanguarda moderna configura uma espacialidade estável, porém flexível. Uma flexibilidade que no entanto ocorre a partir da permanência dos espaços. Em outras palavras, buscam reconhecer e desenhar o fixo, de tal sorte que o movimento não ameace sua materialidade.” (BORGÉA, 2006, p.8)

Ademais, as pequenas dimensões do container selecionado se tornam ainda mais atrativas aos pequenos terrenos encontrados nas regiões de São Paulo. 77


Figura 108 – Dimensões de um caminhão comum. Possivel observar que os módulos de containers “Dry Box” de 20’ podem ser facilmente transportados por ele. Fonte: http://visten.com.br/specargas/trucado.html

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O projeto da Casa Container , dependendo de sua composição, pode ser implantado em pequenos terrenos encontrados na região de São Paulo


O projeto tem como ponto de partida a divisão das áreas comuns que formam uma residência, de maneira confortável ao usuário, aos módulos dos containers. Assim sendo, foram criadas 5 (cinco) tipologias que incorporam área de cozinha, lavanderia, área social, banheiros e quartos, possibilitando que o usuário defina e organize sua casa conforme suas necessidades e gostos. 0 desenvolvimento da Casa Container consiste em, primeiramente, reformar o container antes de sua implantação no terreno. A reforma, neste projeto, consiste em trocar a porta do container por uma parede comum do mesmo, realizar as aberturas para janelas e portas, além de suas instalações, isolamento interno, construção das paredes de drywall (quando necessárias), instalações de pisos, revestimentos, hidráulica e elétrica, sendo sua finalização realizada in loco com as ligações necessárias que vem da rua e da caixa d’água. A caixa d’água escolhida para o projeto foi a da Sander Inox, complementando o visual industrial da composição (figura 109).

Figura 109 - Exemplo das caixas d’água da Sander Inox, utilizadas no projeto. Fonte: http://www.sanderinox.com.br/produtos-ac.html

Já no terreno, é necessária a construção de sapatas simples, de modo que os containers possam se estruturar no terreno de forma que eles fiquem suspensos e não toquem o solo, evitando problemas de infiltração e preservando uma área de solo permeável que seria perdida.

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5.1. Tipologias Conforme citado anteriormente, foram criadas 5 (cinco) tipologias que incorporam áreas que formam uma residência confortável ao usuário. Apresento possíveis resoluções de layout que podem facilmente ser adequadas às necessidade do usuário. Incorporando o visual industrial que os containers possuem, a iluminação artificial é composta por conduítes que percorrem as paredes internas de forma aparente, facilitando inclusive, sua manutenção quando necessária. Aqui exemplifico possíveis plantas de iluminação e distribuição de tomadas, pontos de telefonia e televisão dos módulos desenvolvidos. Cada módulo ainda conta com telhado metálico individual, com inclinação de 5%. O telhado foi projetado de modo a criar ventilação cruzada, pensando na questão da temperatura interna dos containers, visto que estes são grandes condutores de calor. 80

O primeiro módulo, é composto por cozinha, com área para refeições, e uma lavanderia. Janelas em fita garantem a iluminação natural aos ambientes. O segundo comporta uma área social, com iluminação natural feita por uma janela que vai do chão ao teto, e um banheiro, com iluminação natural feita por janelas em fita que percorrem toda a extensão da parede. Semelhante a tipologia 02, o terceiro módulo consiste em uma única área social, com espaço para refeições e estar. A iluminação natural entra no ambiente através de duas janelas que vão do chão ao teto, nas extremidades do container. A tipologia 04 (quatro) é composta por dois quartos, sendo um maior que o outro, com iluminação natural feita por grandes janelas na parede oposta a das portas. A quinta e última tipologia consiste em um quarto com banheiro. A iluminação natural segue as características das janelas das tipologias 02, para o banheiro, e 04, para o quarto. O projeto conta com aberturas maiores e mais altas que as convencionais, dando ao ambiente interno a impressão de que eles são mais altos.


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Volumetria - Tipologia 01

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Perspectivas Internas - Tipologia 01 PossĂ­vel observar os conduĂ­tes a mostra

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Volumetria - Tipologia 02

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Volumetria - Tipologia 03

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Volumetria - Tipologia 04

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Volumetria - Tipologia 05

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5.2. Detalhamentos Os containers recebem acabamentos e isolamento individualmente. O isolamento escolhido para este projeto foi o Isosoft, da Trisoft. Feito de garrafa PET (figura 110), o isolamento térmico e acústico é reciclado e 100% reciclável. Possui instalação fácil e rápida, sem a necessidade da utilização de EPI’s, preservando a saúde de quem o instala. As paredes ainda contam com painel de gesso e painel duplo corta fogo. O teto do container recebe uma camada de argila expandida (figura 111), para diminuir os ruídos e controlar melhor a temperatura interna. Externamente o container recebe pintura de tinta térmica, responsável por refletir 75% da radiação solar, diminuir em até 15ºC a temperatura das telhas e paredes e até 30% da temperatura interna. Além disso, a tinta evita a condensação que pode ocorrer entre as paredes dos containers quando soldados. Devido ao baixo pé direito do container, pisos vinílicos foram propostos (figura 112), devido a sua pequena espessura (3mm - 5mm), evitando comprometer o conforto do usuário em relação a altura dos ambientes internos. Além disso, o piso vinílico é feito de materiais recicláveis, ajuda no conforto térmico, é antirruídos, antiderrapante, antialérgico, resistente, não mancha e é de fácil instalação. Contam ainda com linhas específicas para áreas molhadas e tornam-se ainda mais atrativos pelos preços baixos.

Figura 110- Isosoft, feito de garrafa PET Figura 111- Argila Expandida Figura 112 - Exemplo de piso vinílico Fonte:http://wwwo.metalica.com.br/isosoft- Fonte:http://www.leroymerlin.com.br/argila- Fonte:http://www.tudoconstrucao.com/pisoo-isolante-termoacustico-escolhido-para-oexpandida-20kg_87328570 vinilico-barato-precos-onde-encontrar/ 97 projeto-casa-container


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5.3. Composições e maquetes eletrônicas Dependendo das necessidades dos usuários, os módulos foram criados com suas aberturas pensadas na possibilidade da casa ser ampliada, sem que haja necessidade de muitas alterações, apenas seria adicionado outro container e soldado à volumetria já existente. A principal alteração seria nos telhados das combinações maiores, vista a necessidade de estrutura-los de forma que não haja espaços entre as telhas, que podem causar infiltrações. Nessa sessão, serão mostradas algumas possíveis combinações entre as 5 (cinco) tipologias criadas.

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Composição 01

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Composição 02

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Composição 03

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Composição 04

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Composição 05

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Composição 06

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O objetivo deste trabalho foi desenvolver unidades de habitação com containers, focando nas questões sustentáveis e reaproveitamento de material nobre descartado, visando incorporar e aproximar os usuários de métodos construtivos alternativos às tradicionais de alvenaria e madeira. Deste modo, após pesquisas e, levando em consideração as referências estudadas e apresentadas, o projeto surge como módulos genéricos residenciais que abrangem áreas de cozinha, lavanderia, banheiros, áreas sociais e quartos, de maneira funcional e simples, ampliando as possibilidades arquitetônicas, focando nas questões da facilidade de transporte e mobilidade, além da possibilidade de criar diversas combinações levando em consideração as necessidades dos usuários. O projeto apresentado buscou apontar novas possibilidades, não somente construtivas como de materiais aplicados, mostrando como uma casa pode crescer junto com as necessidades de uma família e, acima de tudo, promover a oportunidade às pessoas de possuir a casa própria com orçamento baixo, pouca utilização de materiais e descarte de sucata, em pouco tempo de obra, e principalmente, sem a necessidade de uma implantação permanente. Sendo modelos genéricos, a Casa Container amplia sua área de implantação, abrangendo dos terrenos planos aos com topografia acidentada.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS



7.

Referências

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