Casa de Oração: Projeto de Templo Evangélico

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CASA DE ORAÇÃO PROJETO DE TEMPLO EVANGÉLICO



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO ALINE LIE KAZIHARA

CASA DE ORAÇÃO: PROJETO DE TEMPLO EVANGÉLICO

SÃO PAULO - SP 2016



ALINE LIE KAZIHARA

CASA DE ORAÇÃO: Projeto de templo evangélico Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo Profª Orientadora Drª Myrna de Arruda Nascimento

SÃO PAULO 2016


ALINE LIE KAZIHARA

CASA DE ORAÇÃO Projeto de templo evangélico

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista pelo Centro Universitário Senac. A banca examinadora, em sessão pública realizada em 12 de dezembro de 2016, considerou o(a) candidato(a):

Orientador:

_________________________________________________ Prof. Dr. Myrna de A. Nascimento Membros:

_________________________________________________ Dr. Marcelo Suzuki

_________________________________________________ Dra. Eneida de Almeida


agradecimentos A Deus que, além do seu infinito amor, cuidado e graça, me deu forças para chegar até aqui. A meus pais que nunca questionaram minha escolha quanto profissão e instituição de ensino, mas que durante esses 5 anos tiveram muita paciência e amor. A minha orientadora, Dra. Myrna de A. Nascimento, que aceitou o desafio de me direcionar academicamente no ano crucial da faculdade. Aos colegas de turma que nunca me apedrejaram, mas sempre mantiveram a classe e me suportaram nos dias bons e ruins. Aos meus amigos que sempre compreenderam minha dedicação ao curso, em especial a Aline Miyuki Horikawa que é a melhor amiga que alguém poderia ter. Ao meu pastor Esmael Brasileiro e aos pastores Carlos Evaristo, Joaquim Bovo, Ingrid Oliveira e José Ramos que abriram as portas de suas igrejas colaborando para a realização deste projeto. E a todos os profissionais que colaboraram de alguma forma para a conclusão deste trabalho.



RESUMO A discussão que pretendo trazer neste TCC é a respeito da perda da importância do edifício e, principalmente, do espaço de culto na Igreja Evangélica, de modo geral, quando esta se apropria de grandes galpões adaptados, ou de espaços previamente construídos sem uso determinado para cultuar seu Deus. Diante disso o obejtivo final é criar, pensar e projetar melhores espaços para esta comunidade. palavras chave: igreja, espaço de culto, adaptações.

ABSTRACT The intention of this term paper is discuss about the nave inside a religious building, specifically the evangelic one. This people commonly rent large spaces without an specific use, addapting it to your needs. Althought, this modifications work, it doesn’t provide the best experience for its users. At that instant, the final intent is to create, think and project a better space to this community. key words: church, nave, addaptation.



SUMÁRIO 1. A Igreja …...............................……………………………………………………………………………..10 1.1. Introdução …………………………………………………………………...................................10 1.2. Porque as pessoas procuram uma igreja e qual a importância de frequentá-la ..................................................................................................................................11 1.3. Igreja Protestante …….…………………………………………………...............................13 1.4. Igreja Evangélica …….……………………………………………………..............................13 1.5. Igreja Evangélica no Brasil ………………………………………………..........................14 2. Sobre o Templo …………………………………………………………………...............................16 2.1. Templos na Bíblia …………………………………………………………...............................16 2.2. Definições: igreja, templo, sinagoga ……………………………………......................19 2.3. O conceito de Tabernáculo ………………………………………………..........................20 2.4. Outras atividades do templo.……………………………………………….......................21 3. Estudos de caso………………………………….…………………………………….........................23 3.1. Igreja Evangélica Quadrangular Alto do Ipiranga ………………………...............24 3.2. Igreja Evangélica Quadrangular César de Souza ………………………...............27 3.3. Igreja Evangélica Quadrangular Biritiba Mirim …………………………...............30 3.4. Igreja Evangélica Vida Eterna …………………………………………….........................32 3.5. Igreja Apostólica dos 5 Ministérios ………………………………………....................34 3.6. Considerações gerais sobre as visitas técnicas ………………………….............36 4. Levantamento dos atributos do projeto do espaço religioso ……………………...40 4.1. Identificação dos aspectos simbólicos ……………………….................…………….40 4. 1. 1. Dividido entre o Lugar Santo e Lugar Santíssimo ....................……………40 4. 1. 2. Possuía um pátio externo …………………………...............................……………41 4. 1. 3. Iluminação contínua ……………………………….................................…………….42 4. 1. 4. Entrada restrita e vestes diferenciadas …………........................……………..43 4. 1. 5. Objetos ……………………………………………..........................................…………...44 4. 1. 6. Materiais .………………………………………….......................................………………45 4.2. Pregação em movimento - O edifício que se move ……………………...45 5. Análise do sítio ............................................................................................................47 6. Especulações de projeto ...........................................................................................49 6.1 Implantação ............................................................................................................49 6.2 Insolação .................................................................................................................50 6.3 Cobogó ....................................................................................................................51 7. Proposta projetual ......................................................................................................55 8. Lista de imagens .........................................................................................................72 9. Referências bibliográficas .........................................................................................75


CAPÍTULO 1

A igreja

1.1 Introdução A motivação que me levou a escolher este tema no Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo, constatou-se durante um culto que costumo frequentar aos domingos pela tarde. Ao abrir os olhos no meio do louvor, parei para analisar a construção: uma edificação de pé direito alto, janelas laterais, forro acústico, espaços hierarquizados com móveis de diferentes estilos. Naquele momento, percebi um aspecto frequente nas igrejas evangélicas de Mogi das Cruzes: sua grande maioria, quiçá todas, adotam como seu espaço de culto a adaptação de um galpão, previamente construído. O projeto deste tipo de edificação não prevê um uso determinado, assim concentram-se os sanitários e um escritório (como programa mínimo1) em uma das laterais da construção a fim de garantir a maior área livre possível. Quando um líder evangélico decide instalar sua comunidade numa dessas estruturas, este identifica a necessidade de adequação do espaço devido às várias atividades que a igreja pretende oferecer, como por exemplo aulas, palestras, oficinas, dentre outras. Contudo, tais adaptações geram desconforto aos usuários devido ao mal planejamento, a busca pelo menor orçamento optando por materiais de baixa qualidade e acabamento - e má execução (em 1 Relação mínima de cômodos, ambientes ou elementos arquitetônicos necessários para a edificação.

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geral a urgência da entrega da obra compromete o cuidado com a execução). A igreja quanto construção é um fato bíblico. No livro de Êxodo é narrada parte da história do povo israelita - quando os fiéis estão escravizados no Egito e se descreve todo o trabalho de Deus para resgatá-los e o inicio de sua travessia no deserto. Neste texto é possível observar a dedicação que o Senhor tem ao pedir que seu servo, Moisés, construa um santuário - “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis” Êx 25: 8 e 9 (Bíblia Sagrada, ARC2, 2009). A discussão que pretendo trazer neste TCC é a perda dessa afeição, ou melhor, importância do edifício de culto na Igreja Evangélica, de modo geral, quando esta se apropria desses grandes galpões (figura 1). Há igrejas que mantém o interior vistoso, porém isso raramente ocorre no edifício em si como observamos nas edificações adaptadas abaixo (figura 2).

Figura 1 - Fachada de galpão adaptado. Foto da autora

Figura - Fachada desprovida de ornamentos. Foto da autora

1.2 Porque as pessoas procuram uma igreja e qual a importância de frequentá-la Atualmente existem várias motivações que levam as pessoas a procurar ajuda divina, como um problema financeiro, emocional, familiar, de saúde, etc. Contudo, o ponto em comum é que todos buscam uma resposta a essas motivações. Em Romanos 5: 3 a 5 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009) está escrito: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribula2 Abreviação da versão da Bíblia Sagrada: Almeida Revista e Corrigida.

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ção produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. É esta esperança, ou, a fé que conduz o povo a buscar o preenchimento de um vazio em Deus. É importante frequentar uma igreja, pois apesar do corpo físico ser templo3 de Deus, isto não justifica sua ausência no templo. Mesmo assim há a necessidade de frequentá-la pois o crescimento espiritual se dá através do alimento que esta contém - “ Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Bíblia Sagrada, Mt 4:4b, ARC, 2009). “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé4; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Bíblia Sagrada, Ef 2:8, ARC, 2009) e para fortalecê-la deve-se ouvir e praticar os ensinamentos bíblicos - “de sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Bíblia Sagrada, Rm 10:17, ARC, 2009) “e sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” (Bíblia Sagrada, Tg 1:22, ARC, 2009). Ademais, as escrituras também trazem liberdade para o povo - “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (...) e digo-lhe a verdade, todo aquele que vive do pecado é escravo do pecado” (Bíblia Sagrada, Jo 8:32 e 34, ARC, 2009). Somente através da ação do Espírito Santo sobre a vida da igreja que é gerado domínio próprio - a verdadeira liberdade. Outra forma de fortalecer o espírito5 é através da renúncia das vontades do corpo, dessa forma o cristão se torna sensível para entender e receber a vontade de Deus - “Portanto, abandonem a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos enganosos” (Bíblia Sagrada, Ef 4:22, ARC, 2009). E assim como Adão se sentiu sozinho e Deus lhe concedeu uma parceira, não é bom que se viva só - “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Bíblia Sagrada, Sl 133:1, ARC, 2009). Comunhão não se limita a convívio, também significa tornar comum todas as coisas, sejam boas ou ruins - “Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha, para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, 3 “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (Bíblia Sagrada, 1 Co 6:19, ARC, 2009). 4 “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Bíblia Sagrada, Hb 11:1, ARC, 2009). 5 “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Bíblia Sagrada, Gn 2:7, ARC, 2009).

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todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam. Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo” (Bíblia Sagrada, 1 Co 12: 24b-27, ARC, 2009).

1.3 A Igreja Protestante No início do século XV a Igreja Católica sofreu a reforma que culminaria na sua maior crise e divisão, a Reforma Protestante. Nesta, monges e padres viram seus superiores e colegas clérigos se beneficiando de atividades não descritas na Bíblia para aumentar o poder e a riqueza da igreja com a venda de indulgências, mariolatria, a existência do purgatório, adoração a santos e imagens, dentre outras transgressões. No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero pregou na porta da igreja de Wittenberg, Alemanha, seu manifesto de 95 teses expondo a Igreja. Apesar do descontentamento do papa Leão X e sua exigência de retratação, Lutero não se desculpou e decidiu romper com o Catolicismo, dando início à reforma. A partir do movimento, surgiram várias outras denominações além da Luterana, como a Presbiteriana, a Anglicana e a Reformada da Holanda, que compartilhavam o sentimento de insatisfação às atitudes e doutrina da Igreja Católica. Estas foram chamadas de “protestantes” por nascerem junto à Reforma. Com o tempo algumas delas passaram a se auto denominarem “evangélicas” por se submeterem aos ensinamentos contidos na Bíblia Sagrada (evangelium, em latim). Fonte: DREHER, Martin N. Protestantismo de inmigración en Brasil: su implantación en el contexto del proyecto liberal modernizador y las consecuencias del mismo. Cristianismo y Sociedad 27; ed nº 1. 1989. Pág 59-74.

1.4 A Igreja Evangélica O conceito da Reforma Protestantes não estava na inovação da forma de cultuar, mas em reforçar as verdades bíblicas esquecidas, ou ignoradas, pelo clero católico. Sua maior preocupação estava em lecionar as escrituras, 15


seus ensinamentos e a salvação através da fé. A igreja tem como fundamento: Deus subsistente - o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Bíblia Sagrada, Mt 28:19, ARC, 2009); no nascimento virginal de Jesus, sua morte e ressurreição (Bíblia Sagrada, Is 7:14, Rm 8:34 e At 1:9, ACR, 2009); da necessidade do novo nascimento pela fé em Cristo através do batismo nas águas (Bíblia Sagrada, Jo 3:3-8, ARC, 2009); na ação do Espírito Santo que batiza com dons (Bíblia Sagrada, 1Co 12:1-12, ARC, 2009); na segunda vinda de Jesus Cristo em suas duas fases (Bíblia Sagrada, 1Ts 4:16 e 17, Ap 20:4, ARC, 2009) e na vida eterna de gozo e felicidade (Bíblia Sagrada, Mt 25:46, ARC, 2009). Assim, dentro do templo evangélico costumamos identificar lugares como: o espaço do culto (altar e bancos) e o espaço do batismo.

1.5 Igreja Evangélica no Brasil O protestantismo chegou ao Brasil por volta dos séculos XVI e XVII quando a colônia foi invadida por duas nações fortemente influenciadas pela Reforma, a França (na antiga Guanabara, capital do Rio de Janeiro) e a Holanda ( nas cidades de Salvador, Bahia, e Olinda, em Pernambuco). Apesar do estado controlar a ação da Igreja Católica, esta estava culturalmente forte e reagiu às invasões, francesa e holandesa, a fim de conter e suprimir o protestantismo. Tal esforço fortaleceu o catolicismo popular e isolou a colônia da entrada de povos protestantes. Somente com a chegada da família real portuguesa, em 1808, foi aceita a entrada legal de protestantes (vieram ao país os primeiros anglicanos). Em 1824 o protestantismo adquiriu autonomia quando a Constituição Imperial autorizou a liberdade de culto (e também confirmou o catolicismo como a religião oficial). Entretanto, o movimento apenas se fortaleceu quando pensadores, políticos e sacerdotes passaram a absorver intelectualmente os pensamentos europeus iluministas, maçônicos e de liberalismo político, culminando no enfraquecimento da Igreja Católica. Ao longo do século XIX os protestantes argumentaram firmemente para obter legalidade e liberdade no Brasil. Até que, em 1890, um decreto do governo republicano consagrou a separação entre a Igreja e o Estado, o que assegurou reconhecimento e proteção legal aos protestantes (entre as medidas

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estão a liberdade de culto, o casamento civil obrigatório e a secularização dos cemitérios). Apesar do grande esforço da Igreja Católica em se fortalecer, a Igreja Evangélica teve um crescimento significativo durante o período republicano pois, com a liberdade religiosa, intensificou-se as atividades missionárias estrangeiras. Desde este momento o país recebeu inúmeras denominações evangélicas trazidas por estes missionários, como as igrejas pentecostais Congregação Cristã do Brasil e Assembleia de Deus (1910). Em 1950 o pentecostalismo6 transformou-se com a influência de movimentos de cura divina que geraram diferentes denominações, tais como a Igreja O Brasil Para Cristo e a Igreja do Evangelho Quadrangular. Na década de 1970, surgiu o movimento neopentecostal7, com padrões morais menos rígidos, e ênfase na teologia da prosperidade, como a Igreja Universal do Reino de Deus. A partir dos anos 1980, surgiram igrejas neopentecostais com foco nas classes média e alta, trazendo um discurso ainda mais liberal quanto aos costumes e menos ênfase nas manifestações pentecostais. Dentre essas igrejas se destacam a Igreja Renascer em Cristo e a Igreja Evangélica Cristo Vive.

6 O pentecostalismo é um movimento de renovação de dentro do cristianismo que coloca ênfase especial em uma experiência direta e pessoal de Deus através do Batismo no Espírito Santo. O termo Pentecostal é derivado de Pentecostes, um termo grego que descreve a festa judaica da Colheita. Para os cristãos, este evento comemora a descida do Espírito Santo sobre os seguidores de Jesus Cristo, conforme descrito no livro de Atos 2: 1-4 (Bílbia Sagrada, ARC, 2009) “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” 7 O neopentecostalismo acredita que um cristão deve ter a marca da plena fé, ser bem-sucedido, ter saúde plena física, emocional e espiritual, além de buscar a prosperidade material. A pobreza e a doença derivariam de maldições, fracassos, vida de pecado ou incredulidade. Outros ensinamentos comuns são a batalha espiritual (confronto espiritual direto com os demônios), maldições hereditárias, possessão de crentes (domínio demoníaco sobre as pessoas, resultando em doenças ou fracasso), etc.

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CAPÍTULO 2

sobre o templO Neste capítulo vamos discorrer sobre a origem dos templos segundo a Bíblia Sagrada, a definição das várias denominações para tal espaço com destaque para o Tabernáculo e as atividades do templo na atualidade.

2.1 Templos da Bíblia Antes da construção do tabernáculo, o povo costumava adorar a Deus em local aberto a partir da construção de um altar - “de pedras inteiras edificarás o altar do SENHOR, teu Deus; e sobre ele oferecerás holocaustos ao SENHOR, teu Deus” (Bíblia Sagrada, Dt 27:6, ARC, 2009). Logo que os hebreus começaram a caminhar pelo deserto do Sinai, Moisés consultava a Deus numa tenda afastada do acampamento, a Tenda da Presença de Deus - “sempre que o povo de

Figura 3 - Ilustração da área externa do Templo de Sa- Figura 4 - Ilustração da fachada do Templo de Zorolomão: a edificação, o mar de bronze e o altar dos ho- babel, os sacerdotes e a bacia de bronze em seu pálocaustos. Disponível em <http://ovrbo.blogspot.com. tio externo. Disponível em: <http://evangelhodoreino. br/2015/04/sobre-o-templo-de- salomao-em-1reis-4-6. com/2008/11/26/262/>. Acessado em: 06 abr 2016 html>. Acesso em: 06 abr 2016

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Israel acampava, Moisés costumava armar a Tenda Sagrada a certa distância fora do acampamento. Ela era chamada de ‘Tenda da Presença de Deus’, e quem quisesse consultar o SENHOR ia até lá” (Bíblia Sagrada, Êx 33:7, ARC, 2009). A primeira construção a ser considerada como templo bíblico foi o Tabernáculo - “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis” (Bíblia Sagrada,Ex 25:8 e 9, ARC, 2009). Esta tenda foi desenvolvida para a travessia pelo deserto pelo povo hebreu. Além de representar a presença de Deus em meio ao povo, era somente nela que o povo poderia oferecer sacrifícios ao Senhor. Esta tenda durou 314 anos até o reinado do rei Salomão, que realizou os sonhos de seu pai, Davi. “E sucedeu que, estando o rei Davi em sua casa, e que o SENHOR lhe tinha dado descanso de todos os seus inimigos em redor, disse o rei ao profeta Natã: Ora, olha, eu moro em casa de cedros e a arca de Deus mora dentro de cortinas” (Bíblia Sagrada, 2Sm 7:1, ARC, 2009), neste momento o rei Davi teve o desejo de edificar um templo a Deus, contudo tal construção só seria levantada no reinado de seu filho devido à quantidade de guerras que o rei havia travado a fim de derrotar os inimigos de Israel. O Templo de Salomão (figura 3) foi edificado em 966 a.C. no monte Moriá, em Jerusalém, e durou 373 anos (quando foi destruído pelo rei Nabucodonosor). Nos sete anos de obra, os materiais usados na construção e objetos que permaneceriam no templo, eram semelhantes aos do Tabernáculo, como madeira e ouro, a colocação do véu, o altar, esculturas de querubins, a arca, etc. Assim, é possível concluir que o Templo de Salomão é uma evolução do Primeiro Templo. Em 605 a.C. as tropas babilônicas invadiram Judá, dando início ao Cativeiro Babilônico - “toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos” (Bíblia Sagrada, Je 25:11, ARC, 2009) - profetizado pelo Figura 5 - Foto geral da maquete do Templo de Herodes. Dispo- profeta Jeremias. Quase duas dénível em <http://evangelhodo reino.com/2008/11/26/262/>. cadas mais tarde, em 586 a.C., NaAcessado em: 06 abr 2016 bucodonosor destruiu o Templo de

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Salomão, o que culminou no exílio dos judeus para a Babilônia - “queimaram a Casa de Deus e derribaram os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram, destruindo também todos os seus preciosos objetos” (Bíblia Sagrada, 2Cr 36:19, ARC, 2009). Porém, com a ascensão do império Persa, Deus usou o rei Ciro para libertar o povo hebreu do exílio e regressar a Jerusalém para reconstrução do templo - “assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá; quem entre vós é de todo o seu povo, que suba, e o SENHOR, seu Deus, seja com ele” (Bíblia Sagrada, 2Cr 36:23, ARC, 2009). A reconstrução do Templo de Salomão pelo rei Zorobabel (Bíblia Sagrada, Es 6:3, ARC, 2009) com o auxílio de Zacarias e o profeta Ageu (durante o reinado de Dário - Bíblia Sagrada, Es 6:12, ARC, 2009) foi uma construção modesta em comparação ao templo anterior (figura 4). Uma grande parte dos vasos do antigo templo foi restaurada, mas não havia a Arca da Aliança, deixando o Santo dos Santos vazio em relação ao mobiliário - ocupado apenas pela presença do Deus invisível. Dois séculos antes de Cristo nascer, Antíoco Epifanes e seu exército saqueou Jerusalém e o Templo. Contudo, Judas Macabeu iniciou uma revolta contra Antíoco e vencendo-o executou as obras para recuperar a edificação. Com a invasão romana em 67 a.C., o templo foi, mais uma vez, profanado. Herodes, o Grande, após ganhar a afeição dos romanos e ser constituído rei da Judeia, quis ganhar popularidade entre os judeus e, para tal, propôs restaurar o templo. Esta edificação foi mais grandiosa do que a de Salomão (figura 5) e foi a que Jesus e seus discípulos congregaram8 - “Naquele momento, disse Jesus às multidões: Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias, no templo, eu me assentava [convosco] ensinando,e não me prendestes” (Bíblia Sagrada, Mt 26:55, ARC, 2009). As obras iniciaram-se em 18 a.C. e terminaram em 65 d.C, contudo a construção durou apenas cinco anos, quando foi destruída pelo general Tito e seus tesouros levados pelo exército romano. Na Bíblia também é relatado o Templo de Ezequiel, descrito em detalhes na passagem contida nos capítulos de 40 ao 48 do livro do profeta Ezequiel (Bíblia Sagrada, ARC, 2009). Tal templo seria construído no templo da Grande Tribulação9 ao norte de Jerusalém, em Siló. Contudo, existem estudos argu8 Fazer ficar ou ficar junto; juntar(-se), reunir(-se), convocar(-se), ligar(-se), misturar(-se). 9 É um período de sete anos próximo à volto de Jesus (não se sabe ao certo se a vinda acon-

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mentando a favor e contra a possibilidade da construção desta nova edificação a partir de passagens da própria Bíblia Sagrada. Fonte: HINN, Benny. The Tabernacle: revelations of the Fullness of Christ. The New Life Mission. 2003. Seoul - Coréia

2.2 Definições: Igreja, Templo e Sinagoga Na Bíblia evangélica, existem três formas de se referir às construções destinadas ao culto de Deus, sendo estas igreja, templo, sinagoga, além de tenda e tabernáculo. A definição de ‘igreja’ e ‘templo’ são semelhantes, pois estes são sinônimos. Ambos se referem a ‘um edifício público destinado ao culto religioso; comunidade composta por cristãos, que forma um corpo social organizado, instituído por Jesus Cristo; grupo de pessoas que têm as mesmas aspirações, as mesmas ideias, a mesma doutrina; edifício onde se reúnem os fiéis para exercer o seu culto’. Entretanto, essas duas palavras tem origem diferenciada. ‘Templo’ é derivado do latim templum, ou ‘lugar consagrado e reservado aos deuses’, enquanto ‘igreja’ é de origem grega ekklēsia - era a principal assembleia popular da democracia ateniense na Grécia Antiga. Logo, a melhor definição de ‘igreja’ seria ‘assembleia por convocação’ - “o SENHOR Deus me disse: — Antes do seu nascimento, quando você ainda estava na barriga da sua mãe, eu o escolhi e separei para que você fosse um profeta para as nações” (Bíblia Sagrada, Je 1:4 e 5, ARC, 2009). Os judeus, nascidos na Judeia, começaram a cultuar em sinagoga durante o exílio em terras babilônicas, quando ficaram sem acesso ao templo. Estas desenvolveram sua própria forma de culto paralelamente ao tempo, o que culminou na criação de seitas e partidos judaicos divergentes ao Evangelho. A origem do nome vem do grego (συναγωγÞ, propriamente “povo reunido”), formada de duas palavras (σýν “com”, “junto” e άγω “conduzir”) e hoje o termo é conhecido como o local para realização do culto judaico cujo livro sagrado é o Torá. Na época de Jesus o templo havia sido reerguido (Templo de Jerusalém/ tecerá antes, durante ou após tal período) na qual o mundo passará por pestes, sofrimento e tormenta e precede ao Julgamento Final, onde todos serão julgados por Deus - “ E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro” (Dn 12:1).

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Herodes), mas devido ao número de seitas, Cristo também passou a pregar a palavra de Deus nessas congregações.

2. 3. O Conceito de Tabernáculo Tabernáculo vem do latim tabernacŭlum que significa ‘tenda pequena, morada da alma’ e da raiz taberna (casa feita de tábuas de madeira). Essa tenda era o santuário portátil de adoração a Deus que simbolizava sua presença em meio ao povo e era por onde o Senhor comunicava a sua vontade. A construção media 13,20 metros de comprimento (figura 6) por 5,30m de largura e 4,40m de altura (Bíblia Sagrada, Êx 26: 15-30, ARC, 2009). Ela dispunha de dois ambientes separados pelo véu: o Lugar Santo, era o maior aposento onde os sacerdotes prestavam o culto e continha a mesa dos pães, o candelabro de ouro e o altar de incenso; e o Santo dos Santos (ou Lugar Santíssimo), onde era guardado a Arca da Aliança e o Propiciatório, e apenas o Sumo-Sacerdote poderia entrar uma vez ao ano para a oferta de expiação. Esta tenda foi construída para ser utilizada durante os anos em que os hebreus estiveram no Deserto do Sinai, contudo ela se manteve até o reinado de Salomão, totalizando aproximadamente 314 anos (figura 7). O primeiro templo fixo foi construído pelo Rei Salomão, no monte Moriá (Jerusalém) e durou 373 anos. O segundo templo, o Templo de Zorobabel, foi a reconstrução do Templo de Salomão pelo Rei Zorobabel com o auxílio de Zacarias e o profeta Ageu. Nessa reconstrução muita coisa foi restauFigura 6 - Tábulas para o tabernáculo: ilustração da disposição das rada, menos a Arca da Aliança, tábuas na construção do Tabernáculo e a conversão das medidas de côvados (medida descrita na Bíblia Sagrada) para metros. Dis- e esta edificação durou cerca ponível em: <http://www.pesquisabiblica.org/santuario-39/santuade 500 anos. Herodes reedifirio_39_n_1.htm>. Acessado em 04 abr 2016

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cou o Templo, tornando-o mais grandioso que o Templo de Salomão, contudo este foi destruído 5 anos após o final das obras, restando apenas um muro - Muro das Lamentações. O tabernáculo foi um “primeiro estudo” de igreja pois os templos posteriores foram desenvolvidos com base nele. Seus espaços distintos perpetuaram o tempo Figura 7 - Ilustração da tenda móvel utilizada pelos he- até às igrejas da atualidade. breu no deserto. Disponível em: <http://www.otaber A organização funcional dos ambiennaculo.com.br/detalhes.php>. Acesso em: 06 abr 2016 tes continuam os mesmos, contudo a diferença consiste que naquele tempo o povo devia ir a o templo adorar a Deus através de sacrifícios que só os sacerdotes podiam oferecer e hoje, com a morte de Jesus, somos livres para adorar ao Senhor sem um intercessor. Jesus foi o sacrifício perfeito que purificou os pecados de toda humanidade (daquela época e dos que viriam a nascer) e assim, liberando o Espírito Santo de Deus a conviver conosco - “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Bíblia Sagrada, Jo 14:16, ARC, 2009). Espiritualmente, o véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo se rasga - “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Bíblia Sagrada, Mt 27:51a, ARC, 2009) - nos dando livre acesso ao Pai. Com o Espírito Santo “livre”, este passa a habitar em nós - “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo” (Bíblia Sagrada, 1 Co 6:19a, ARC, 2009). Fazendo do nosso corpo, a igreja. A palavra de Deus diz em At 17:24 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009) que “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens” e “porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Bíblia Sagrada, Mt 18:20, ARC, 2009). Logo, não houve necessidade do Templo de Jerusalém ser reconstruído e não houveram novos templos.

2.4 Outras atividades no templo Além de cultuar a Deus, a igreja atual busca oferecer outras atividades a seus membros a fim de fortalecer sua comunhão e mantê-los, fisicamente, na casa do Senhor. Assim, ao longo dos anos a comunidade evangélica passou a

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lecionar, além do ensino bíblico (figura 8), música, dança e teatro fora do horário de culto. Em algumas igrejas também disponibilizam conversas e oficinas de casais, empresários, filhos, aconselhamento, etc. para assistir a vida diária dos membros. É comum que os templos prevejam um espaço de eventos para as cerimônias de casamento (figura 9). Uma vez que um casal se une em matrimônio, este, eventualmente, festeja a comemoração. Diante dessa demanda muitas igrejas oferecem o espaço como forma de abençoar a vida do casal.

Figura 8 - Mulheres na sala de aula de ensino bíblico. Disponível em: <https://www.facebook. com/photo.php?fbid =620527511316802&se=pb.100000786759143.-220752 0000.1460504830.&type=3&theater>. Acesso em: 16 abr 2016 - 10:11

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Figura 9 - Parte inferior da edificação cedida à realização de uma festividade. Disponível em: <https://www.fa cebook.com/photo.php?fbid=814082382042007&se=p b.100003207579168.-2207520000.1460476243.&type =3&theater>. Acesso em: 16 abr 2016 - 10:23


CAPÍTULO 3

estudos de caso

Foram selecionadas cinco igrejas na cidade de Mogi das Cruzes para a realização dos estudos de caso deste TCC. É importante mencionar que a escolha destas igrejas se deu, principalmente, pela facilidade do contato com seus respectivos pastores para coletar fotos e informações de suas comunidades, e pela distinção entre doutrina, público, tipologia de edificação, local, etc. que existem dentro da comunidade evangélica como um todo.

Tabela 1 - Tabela comparativa que aborda aspectos gerais das construções.

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A partir da Tabela 1, observa-se a predominância de igrejas que ocupam edificações de até 200m², que também estão localizadas em bairros periféricos, tem iluminação predominante artificial e são desprovidas de espaços para batistério e estacionamento. As construções com área a partir de 1000m² acomodam melhor o programa, contudo nem sempre atendem a todos os aspectos observados seja devido ao crescimento dos membros da comunidade, à incorporação de novas atividades ao programa ou à omissão de espaços habitualmente presentes nos templos evangélicos.

3.1 Igreja do Evangelho Quadrangular Alto do Ipiranga

Figura 10 - Foto aérea do bairro onde está instalado o templo: bairro central, de gabarito baixo (dois pavimentos), predominantemente residencial com uma rua conectora de bairros que possui serviços e comércio, como supermercado, academia, padaria etc. Foto coletada do Google Maps. 2015

A Igreja do Evangelho Quadrangular Alto do Ipiranga está localizada num terreno em declive de aproximadamente 600m² próximo ao centro da cidade de Mogi das Cruzes. A edificação de três pavimentos se assenta de forma que o piso de maior uso está no nível da rua e as demais atividades se concentram em dois subsolos. O térreo é destinado ao espaço de culto que acomoda confortavelmente 240 pessoas (figura 14). Este possui um pé direito de aproximadamente cinco metros que varia ao longo da edificação devido à leve inclinação da laje. Tal postura proporciona melhor visibilidade do altar aos usuários, principalmente

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Figura 11 (acima) - TĂŠrreo. Imagem da autora. Figura 12 (av esquerda)- Corte transversal. Imagem da autora. Figura 13 - Corte longitudinal (abaixo). Imagem da autora.

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aos que assistem ao culto próximos da porta de entrada (no geral, durante a construção de uma igreja, os arquitetos não se atentam a este detalhe). A edificação dispõe de janelas ao longo das fachadas norte e sul, entretanto apenas o térreo recebe luz solar já que os outros pavimentos ficam no subsolo (figura 15) e estão próximos aos muros. Assim as janelas dos subsolos somente colaboram com a ventilação das salas. Apesar da maioria das ativi dades acontecerem no horário noturno, as janelas do térreo proporcionam iluminação natural e ventilação suficiente (na área de pé direito superior ao convencional) para a programação matutina, dispensando o uso da iluminação artificial e dos ventiladores. Pelo fato do altar estar na área mais remota da construção e mais próximo do forro, independentemente do horário do dia, ele recebe luz e ventilação artificiais para maior conforto dos usuários. A única conexão entre o térreo e os subsolos se dá através da lateral da edificação. O recuo lateral serve de passagem (estreita, cerca de 1,5m) através de escadas e rampas. As escadas dão acesso aos sanitários que estão no 1º subsolo, logo uma pessoa com deficiência física necessita se deslocar até o vestiário no 2º subsolo, para usufruir de sanitários acessíveis. Há carência de um batistério, local para celebração de ritual tradicional deste templo. Devido a esta ausência, substitui-se o batistério por uma piscina de plástico montada em frente ao altar para os dias de batismo10. Um outro ponto a comentar é o fato do edifício ocupar quase todo o terreno (respeitando os recuos), não dispor de uma área destinada a estacionamento, ocasionando acúmulo de veículos ao longo da avenida e, consequentemente, trânsito local nos horários de culto.

10 O batismo é um ritual realizado como um ato de afirmação da fé. Em Mc 16:16 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009) está escrito que “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”, uma ordem simples e clara vinda do Senhor Jesus direcionando os fiéis a se batizarem por crerem que Ele é seu Único e Suficiente Salvador, pois se arrependeram de seus pecados e decidiram obedecer ao Senhor. O ato simboliza a morte do velho homem - pecador - e o Renascimento, através da água (batismo) e do poder do Espírito Santo (gerando uma mudança interna) para uma nova vida em Cristo Jesus - “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (Bíblia Sagrada, 2 Co 5:17, ARC, 2009).

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Figura 14 - Vista do espaço de culto a partir da entrada: Figura 15 - Sala de aula no 2º subsolo: dependente da levitas ensaiando no altar. Foto da autora. iluminação artificial. Foto da autora.

3.2 Igreja do Evangelho Quadrangular César de Souza

Figura 16 - Foto aérea da IEQ César de Souza: localizada num bairro periférico, de gabrito baixo e residencial. A rua possui fluxo mediano e concentra os comércios e serviços da região. Imagem coletada do Google Maps. 2015

O projeto da IEQ11 de Cézar de Souza foi desenvolvido pela arquiteuta Jéssica Aguiar e o pastor presidente desta unidade, Pr. Carlos Evaristo. Juntos, eles organizaram o programa em três blocos: o salão de culto, sanitários e salas de aula. 11 IEQ: abreviação para ‘Igreja do Evangelho Quadrangular’.

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Figura 17 - TĂŠrreo. Imagem da autora. 03 mai 2016

Figura 18 - 1Âş pavimento. Imagem da autora. 03 mai 2016

Figura 19 - Corte longitudinal. Imagem da autora. 03 mai 2016

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Pelo fato desta unidade ser a sede regional da comunidade evangélica da região do Alto Tietê, proporcionando reuniões de pastores e líderes de ministério, sua estrutura física foi desenvolvida para comportar um grande número de pessoas, assim todos os ambientes foram pensados para receber cerca de 800 pessoas entre membros e visitantes (figura 20). Dos 6000m² do terreno, aproximadamente 1200m² são destinados ao espaço de culto. Este bloco principal possui pé direito alto (nove metros de altura até o forro acústico), quatro portas e sete janelas que, devido sua extensão, requerem o complemento de instalações luminosas e de ventilação para melhorar a qualidade do ambiente para os usuários. Devido a topografia do terreno, o bloco das salas foi instalado num nível mais elevado em relação ao espaço de culto e seu acesso foi solucionado através de rampas, permitindo um caminhar suave. As seis salas estão dispostas linearmente, com ventilação cruzada e iluminação natural. Entre todos os estudo de caso, esta é a única edificação que possui área de estacionamento e batistério (figura 21). O estacionamento se faz imprescindível devido ao elevado número de membros, pois, além do fato que a avenida não comportaria todos os veículos de todos, nela também estão instalados mais quatro igrejas evangélicas num raio de 100 metros cujos membros estacionam seus automóveis estacionados no sistema viário. Se esta Igreja Quadrangular não disponibilizasse parte do seu lote para que os carros, seria impossível transitar nesta avenida nos horários de culto. No caso do batistério, este equipamento não é utilizado em todo culto, contudo, sua presença é essencial, uma vez que sua utilização é empregada no ritual frequente na igreja.

Figura 20 - Reunião regional de pastores e líderes de departamento (crianças, jovens, etc.) na igreja sede. Nesta imagem também é possível observar as duas entradas da edificação e todas as suas janelas. Foto de Adriana Brasileiro. 2016

Figura 21 - Pastor Carlos Evaristo realizando a cerimônia do batismo. Disponível em: <https://www. facebook.com/iQuadrangular.Cesar/photo>. Acesso em 17 abri 2016

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3.3 Igreja do Evangelho Quadrangular Biritiba Mirim

Figura 22 - Foto aérea da IEQ César de Souza: localizada num bairro periférico, de gabrito baixo e residencial. A rua possui fluxo mediano e concentra os comércios e serviços da região. Imagem coletada do Google Maps. 2015

Biritiba Mirim é uma cidade interiorana de 28.575 habitantes numa área de 317,4 km² da porção leste leste da região do Alto Tietê. Devido ao caráter da cidade, predominantemente rural, a Igreja Quadrangular desta cidade se instala numa edificação de 200m² construídos localizada numa avenida conectora de bairros de médio fluxo (para a cidade). Nos dois pavimentos da construção, o térreo dispõe de um salão principal destinado ao espaço de culto; enquanto o subsolo tem configuração semelhante a uma casa de 55m² de dois dormitórios, no qual foram instaladas as salas de aula e crianças, a cozinha e um banheiro. Por se tratar de edificação alugada e a igreja Figura 23 - Mapa das cidades da região do Alto Tietê. Imagem da aunão ter muitos recursos, tora. 2016. 32


não foi possível adaptar a construção para receber o programa da igreja, assim os espaços se integram à construção na medida do possível, como por exemplo a sala de aula integrada com a cozinha (figura 26). Apesar da edificação possuir recuos laterias, seu térreo não dispõe de janelas nas duas laterias (apenas na fachada norte), dificultando a ventilação, fazendo-se necessário o uso de ventiladores para diminuir o calor e de iluminação artificial afim de gerar conforto luminoso durante o período vespertino e noFigura 24 - Térreo. Imagem da autora. 03 mai 2016 turno (figura 27). A partir de uma conversa, realizada no dia 30 de abril de 2016, com o pastor presidente, Pr. Joaquim Luciano Bovo, contatou-se que o orçamento arrecadado pela igreja não supre suas necessidades e alguFigura 25 - Corte transversal. Imagem da autora. 03 mai 2016 mas reformas necessárias na construção. Logo, áreas de maior uso passam por manutenção contantes (espaço de culto e sanitários se tornam prioridades), enquanto ambientes como as salas de aula, berçário, cozinha e escritório, que possuem menor fluxo de pessoas, tem sua reforma adiada. Mesmo que esta unidade não possua um estacionamento exclusivo aos membros, tal fato não gera transtorno no viário, já que a maior parte dos fiéis vai a pé até a edificação. Um aspecto peculiar desta igreja é a necessidade do uso de tela mosquiteiro nas janelas que, devido a característica rural da cidade e a desativação do lote vizinho, se faz necessária para diminuir a presença de insetos.

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Figura 26 - Adaptação dos espaços: sala de aula integra- Figura 27 - Ventilação e iluminação artificiais para suprir da à cozinha. Foto da autora. a necessidade e fornecer conforto aos usuários nos horários de culto. Foto da autora.

3.4 Igreja Evangélica Vida Eterna

Figura 28 - Vista aérea regional da Igreja Evangélica Vida Eterna: localizada num distrito periférico, a igreja está numa rua que concentra os serviços e conecta bairros. As quadras lindeiras são residenciais, exceto pela industria de tratores (à esquerda na imagem). Foto aérea coletada do Google Maps. 2015

O espaço de culto desta igreja é o menor entre todos os estudos de caso levantados neste trabalho e, ainda assim, resolve o programa a ponto de comportar 60 pessoas. A área de seu salão principal, cerca de 90m², é compartilhada com dois sanitários e o altar, além do espaço reservado para as cadeiras. A área externa em que os fiéis permanecem após a cerimônia é comumente usada por outros estabelecimentos como estacionamento, contudo nesta edificação as dimensões desta área são insuficientes para a parada de um automóvel. Embora a igreja esteja localizada numa rua de médio fluxo, os carros parados ao longo do viário não geram trânsito. 34


Esta construção sem recuos laterais, possui algumas janelas basculantes para a entrada de iluminação natural com a finalidade de promover ventilação cruzada. Entretanto, a chegada das edificações vizinhas impossibilitou a eficácia desses processos, demandou o uso de artifícios como a Figura 29 - Instrumentos do louvor posicionados à fren- luz elétrica e ventiladores a fim de mete do altar, diminuindo a área de transição e um espaço lhorar o conforto interno. possível da área de bancos, além de dificultar a circulageral, as igrejas possuem ção. Foto Em da autora. uma sala, normalmente implantada em divisória drywall, separada para comportar os equipamentos de som. Contudo, este espaço é inexistente nesta congregação. A solução foi posicionar os equipamentos junto ao altar, em meio ao louvor. Uma condição peculiar desta comunidade é o lugar destinados aos pastores: todos, sendo ou não da mesma vertente, rigorosamente sobem para assistir ao culto do altar (atrás do preletor do culto). Apesar da decisão da adesão ou não de tal postura competir ao pastor presidente, este ato, além de tradicional, é uma forma de honrar os outros pastores - “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Bíblia Sagrada, Rm 13:7, ARC, 2009). Dessa forma, o espaço remanescente ao louvor torna-se insuficiente, levando que os levitas desçam do altar e ocupem a área de transição entre este e as cadeiras (figura 29), afastando o público do pregador.

Figura 30 - Corte transversal. Imagem da autora. 04 mai 2016

Figura 31 - Térreo. Imagem da autora. 04 mai 2016

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3.5 Igreja Apostólica dos 5 Ministérios

Figura 32 - Foto aérea da Igreja Apostólica dos 5 Ministérios: localizada num bairro periférico, de gabrito baixo e residencial. A rua possui fluxo mediano e concentra os comércios e serviços da região. Imagem coletada do Google Maps. 2015

Este templo está nas imediações do segundo estudo de caso (IEQ César de Souza) e de mais quatro outras. Além de espaços de culto, esta avenida de médio fluxo também tem outros serviços, como açougue e farmácia, nesta mesma quadra e as demais são estritamente residenciais de gabarito baixo (de no máximo dois pavimentos). Na edificação de dois pavimentos, foi alugado a área do térreo para a instalação da comunidade. Em virtude da insuficiência de espaços, a solução encontrada pela direção da igreja foi cobrir, e vedar lateralmente, parte do pátio posterior da construção. Afora as condições que tais fechamentos geraram no espaço, como aquecimento, pouca iluminação e ventilação para este novo espaço, esses mesmos aspectos também refletiram no salão frontal onde são realizados os culto, fazendo-se crucial a complementação de equipamentos artificiais a fim de gerar conforto térmico e luminoso. Mesmo com esta adaptação, ainda faltam espaços para acomodação dos pertences da igreja. Na lateral das salas de aula encontram-se amontados instrumentos musicais, objetos de decoração, mesas e cadeiras (figura 33). Apesar dos poucos objetos, acomodá-los nesses espaços atrapalha o uso e, consequentemente, a circulação. Em virtude do número de igrejas na rua, a área frontal da edificação é oferecida para estacionar poucos carros. A ocupação desta área externa gera a duplicidade de uso de outras áreas da edificação, principalmente o espaço dos

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bancos.

Figura 33 - Instrumentos musicais, objetos de decoração, Figura 34 - Altar não delimitado gerando dificuldade na mesas, etc. aglomerados na lateral da sala das crianças, circulação e desconforto aos levitas e pregadores que prejudicando a passagem. Foto da autora. permanecem no espaço. Foto da autora.

Esta igreja não apresenta um espaço delimitado para o altar - elevado com um tablado de madeira ou concreto. Os poucos metros quadrados destinados ao altar abriga o louvor, o púlpito e a pastora (figura 34). Contudo, este espaço está próximo da área de bancos anulando o espaço de transição e culto, perturbando o conforto dos usuários.

Figura 35 - Térreo. Imagem da autora. Figura 36 - Corte longitudinal. Imagem da autora. 05 mai 2016 05 mai 2016

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3.6 Considerações gerais sobre as visitas técnicas Das cinco igrejas visitadas, duas são projetadas para tal finalidade e três se apropriam de espaços previamente construídos para cultuar a Deus. Ao observá-los por este ângulo, esse dois grupos possuem características semelhantes entre si, como o fato do programa não se ajustar nas edificações do segundo grupo. Todas as igrejas que se apropriaram de um espaço pré construído, adaptaram seus espaços de forma que o resultado custasse o menor orçamento possível, possuísse curto prazo de execução e com intervenções pontuais. Assim, os ajustes são, comumente, a instalação do altar, a separação de um espaço destinado ao manuseio da mesa de som e o levantamento de paredes divisórias. Um ponto em comum em todas é o esforço de tornar a edificação habitável da melhor forma possível, menor custo e sem interferir nas atividades do templo. Na maior parte das igrejas que ocupam o pavimento térreo de uma edificação de fins comerciais (salas de escritório) recebem menos iluminação natural que as demais devido ao emprego de janelas pequenas ou inexistentes. Logo, o conforto térmico e luminoso provém de fontes artificiais que deveriam complementar a natural. A base do programa das igrejas, independentemente da vertente, é o mesmo: espaço para o culto, altar, sanitários e sala de crianças. Em comparação com igrejas maiores, o diferencial está na escala dos ambientes e ao aumento do programa em mais salas de estudo (grupo de mulheres, homens e jovens), cozinha, escritório e batistério. Embora a escala da edificação varie conforme o público, 68,3% das igrejas em Mogi das Cruzes se instalam em lotes de 125m². Tais áreas definem a dimensão da edificação, que por sua vez limitam a quantidade de fiéis. Dessa maneira, uma construção de um pavimento, não comporta todo o programa exigido pela comunidade evangélica. Áreas de maior uso são, em geral, melhor acabadas, ou “prioridades”, enquanto ambientes de menor fluxo de pessoas são menos vistas, logo passam a ocupar o final da lista de afazeres e reformas da edificação (figura 35). Ademais as atividades do templo, a manutenção da igreja é derivada do dízimo e oferta dos membros “todos os dízimos da terra – seja dos cereais, seja das fru-

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Figura 37 - Sala de jogos: espaço esquecido por ser Figura 38 - Espaço de culto com baixa incidência de ilupouco utilizado: paredes sem acabamento e pouco ilu- minação natural e complementação com luminárias. A minação. Foto da autora. ausência de aberturas também diminuiu a passagem de correntes de ar, necessitando de ventiladores e ar condicionado para amenizar a temperatura interna. Foto da autora.

Figura 39 - Tablado elevado adaptado à construção Figura 40 - Bancos de plástico para acomodação dos para o espaço do altar. Foto da autora. fiéis: objeto leve, de fácil limpeza, design empilhável e acessível. Foto da autora.

tas – pertencem ao Senhor; são consagrados ao Senhor” (Bíblia Sagrada, Levítico 27:30, ARC, 2009). A partir desses estudos de caso é possível constatar que, via de regra, todas as igrejas dependem da iluminação e ventilação artificiais, uma vez que as abertura não recebem incidência suficiente (figura 36). Logo, aumenta-se a luminosidade através da iluminação artificial (composta por luminárias com incidência direta e luzes indiretas) assim como aparelhos de refrigeração, como ventiladores e ar condicionado, são instalados para amenizar a temperatura interna do edifício.

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O ideal seria que o altar estivesse a uma distância de, no mínimo, 2,5 metros dos bancos para acomodar confortavelmente a mesa de ceia e os diáconos. Via de regra, todo segundo domingo do mês é celebrado a Santa Ceia do Senhor12, assim é posicionada a mesa em frente ao altar e os diáconos, obreiros a serviço do templo, se posicionam próximos para servir a ceia à igreja. Logo, se há pouco espaço para a atividade, a circulação fica comprometida e gera risco de acidentes. Além da ceia, a ampliação do espaço coopera para as apresentações de dança e teatro que ficam um pouco comprometidas pela pouca área disponível para apresentação. Simbolicamente é muito importante que o altar seja delimitado e a um nível superior que o resto do espaço, pois, além do significado da palavra (estrutura elevada onde sacerdotes de religiões diversas oferecem sacrifícios) a diferença de nível expõe lugar e posição, além de arquitetonicamente dividir e hierarquizar espaços dentro de uma mesma construção (figura 37). O altar quanto ‘lugar’ não deve ser visto como um espaço qualquer, este deve ser santificado - “ungirás também o altar do holocausto e todos os seus utensílios e consagrarás o altar; e o altar se tornará santíssimo” (Bíblia Sagrada, Êxodo 40.10, ARC, 2009). Logo, este lugar de adoração deve ser respeitado não se apresentando de forma imprópria (vestes e vida). Não se pode negligenciar a seriedade de estar no altar, pois além de ser um lugar de adoração, também é uma posição, ou seja, uma postura que precisa ser tomada pelo adorador, pois Deus não recebe sacrifícios falsos ou um culto religioso sem sentido espiritual. Os assentos da área de bancos, cadeiras ou longarinas, são todos móveis a fim de facilitar a limpeza do salão e, em todos os estudos de caso, os assentos são modelos industrializados (quase sempre de plástico e em alguns casos metal). Apesar de esteticamente não agregar nada à edificação e oferecer pouca comodidade aos usuários, são objetos fáceis de encontrar e de baixo custo para se adquirir em grande quantidade (figura 38). 12 Santa Ceia: Ritual onde os fiéis comem o pão e bebem o suco de uva (que representam o corpo e o sangue de Cristo) para trazer a memória o sacrifício de Jesus na cruz que nos limpa de todo o pecado e gera a esperança de vida eterna - “porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (Bíblia Sagrada, 1 Co 11:26, ARC, 2009). A ceia é um ato espiritual de comunhão entre cada cristão e o Senhor e entre os cristãos, entretanto somente aqueles que já foram batizados para a remissão dos pecados a fim de participar do corpo de Cristo devem participar da Ceia do Senhor - “ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (Bíblia Sagrada, 1 Jo 1:5-7, ARC, 2009).

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Também deve ser observado a circulação, a qual, comumente, é gerada pela disposição do mobiliário sem estudo de fluxos ou pensar nas eventuais transposições de objetos. Além dessas possibilidades, há os dias de festividade na igreja, como o de um casamento, que necessita espaços maiores que o existente acarretando na redistribuição do mobiliário.

*a igreja também dispõe de um aparelho de ar condicionado para a refrigeração **algumas das janelas da edificação estão vedadas Tabela 2 - Tabela quantitativa do programa e demais dispositivos das igrejas.

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CAPÍTULO 4

Levantamento dos atributos do projeto do espaço religioso No capítulo quatro serão abordados os aspectos simbólicos quanto a configuração dos espaços no templo segundo seus princípios bíblicos, materiais empregados, mobília, objetos e a reflexão da pregação quanto um edifício.

4.1 Identificação dos aspectos simbólicos 4.1.1 Divido entre o Lugar Santo e Lugar Santíssimo Êx 26: 33 a 35 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009) - “Pendure a cortina debaixo dos prendedores e atrás da cortina ponha a arca da aliança, onde estão as duas placas de pedra. A cortina separará o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. Ponha a tampa na arca da aliança, no Lugar Santíssimo. Fora do Lugar Santíssimo ponha a mesa no lado norte da Tenda e coloque o candelabro no lado sul”. Assim como o tabernáculo é dividido entre Lugar Santo e Lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos), a igreja também apresenta espaços distintos quanto uso e usuário. Pode-se comparar o Lugar Santo com o espaço separado aos membros da igreja - área de bancos. Este espaço é onde os membros assistem ao culto e, em geral, lhe é destinado a maior área (em comparação ao espaço ocupado pelo altar) devido ao número de pessoas que irá ocupá-lo. O altar se assemelha ao Santo dos Santos por ser a área mais íntima da construção. É reservada ao pastor (ou aquele quem transmitirá a palavra de Deus) e aos levitas13 (músicos) por representar lugar e posição. Assim, espe13 O termo refere-se os descendentes de Levi, terceiro filho do patriarca bíblico Jacó do Antigo Testamento. Eles foram escolhidos para cuidar do serviço no templo (teve origem ainda no Tabernáculo - Nm 3:5) e, posteriormente, passaram a adorar a Deus através de cânticos (2Cr 5:13). Altualmente o termo também é atribuido ao mencionar os músicos.

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ra-se que os outros membros não subam no altar sem permissão - “Portanto, façam tudo com decência e ordem” (Bíblia Sagrada, 1Co 14:40, ARC, 2009). Esta estrutura deve ser consagrada14 e ungida15 - “Ungirás também o altar do holocausto e a todos os seus utensílios e santificarás o altar” (Bíblia Sagrada, Êx 40:10a, ARC, 2009) e é necessário que os músicos e pastores tenham postura e comportamento digno diante de Deus para estarem nesta posição. Também existe um espaço de transição (representando o véu que separa os espaços na tenda) entre a área dos bancos e o altar que é reservada pada a mesa da santa ceia e pode ser ocupada pelos membros durante uma oração, dança ou teatro (figura 42).

Figura 41 - Desenho esquemático da implantação do Tabernáculo. Imagem da autora. 30 mai 2016

4.1.2 Possuía pátio externo Êx 27: 9a (Bíblia Sagrada, ARC, 2009) - “Faça para a Tenda Sagrada um pátio cercado de cortinas de linho fino”. O pátio externo era a área ao redor do tabernáculo que era delimitado por um muro feito com colunas de cobre e cortinas de linho. Media quaren14 Dedicado, oferecido, tornado sagrado, separado para Deus. 15 Investir de autoridade por meio de unção ou sagração; sagrar.

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ta e quatro metros de comprimento por vinte e dois de largura (Bíblia Sagrada, Êx 27:18, ARC, 2009) era o mais próximo que o povo hebreu chegava da tenda e comportava a bacia de bronze (para os sacerdotes lavavam as mãos e os pés) e o altar do holocausto (para oferecer os sacrifícios a Deus). Hoje em dia, a área externa da igreja serve de espaço de convívio e encontro entre os irmãos. O corpo sabe, de alguma forma, que área lhe convém estar durante o tempo que este permanece na edificação. Assim, ao final (e antes do culto) é possível entrar os membros se socializando na entrada do templo - área externa - mas nunca no altar. 4.1.3 Iluminação contínua Êx 27: 20 e 21 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009) - “Moisés, mande que os israelitas lhe tragam o melhor azeite para o candelabro, a fim de que ele possa ser aceso todas as tardes. Arão e os seus filhos colocarão o candelabro na Tenda da Minha Presença, do lado de fora da cortina que está na frente da arca da aliança. O azeite ficará ali queimando na minha presença, desde a tarde até de manhã. Essa ordem deverá ser obedecida para sempre pelos israelitas e pelos seus descendentes”. A iluminação constante do tabernáculo representava a presença do Senhor, igualmente sem sessar, sobre a vida do povo hebreu - “Depois que ele [Moisés] entrava [na tenda da presença de Deus], uma coluna de nuvem descia e parava na porta da Tenda; e da nuvem o SENHOR falava com Moisés. Logo que o povo via a coluna de nuvem na porta da Tenda, todos se ajoelhavam” (Bíblia Sagrada, Êx 33:9 e 10, ARC, 2009). Uma outra forma dos hebreus perceberem a presença de Deus era a nuvem. “E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite” (Bíblia Sagrada, Êx 13:21, ARC, 2009). Da mesma forma que a iluminação não poderia sessar na tenda, a presença do Senhor deve ser na vida do cristão. No tabernáculo cabia aos sacerdotes manter o candelabro acesso com o mais puro azeite. Contudo, cabe aos fiéis que cada um mantenha um relacionamento com o Criador16 16 “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Bíblia Sagrada ,Gn1:27, ARC, 2009).

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através de oração, clamor, santificação17 e adoração - Deus procura “adoradores que o adorem em espírito e em verdade” (Bíblia Sagrada, Jo 4:24, ARC, 2009). 4.1.4 Entrada restrita e vestes diferenciadas Êx 28: 1 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009) - “O SENHOR disse a Moisés: — Mande chamar o seu irmão Arão e os filhos dele, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Separe-os do povo de Israel para que me sirvam como sacerdotes”. A tenda era de uso exclusivo dos sacerdotes, tornando a entrada do povo permitida apenas no pátio externo e acompanhados por um deles. Existia uma divisão quanto ao uso para as áreas internas: no Santo Lugar entravam os sacerdotes, enquanto apenas o Sumo-Sacerdote poderia entrar no Lugar Santíssimo uma vez no ano.

Figura 42 - Grupo de mulheres são chamadas à frente da igreja para receber uma homenagem. 2013. Disponível em <https:// www.facebook.com/iQuadrangular.Cesar/photo207520000.1459197952./430366693717667/?type=3&theater>. Acesso em 06 abr 2016

Figura 43 - Trajes comumente utilizados no templo. À direita: diaconisa Regina Queiroga trajada com uniforme, ao centro: Pr. Esmael Brasileiro e sua esposa Pra. Adriana Brasileiro, à esquerda: Carlos Eduardo e seu filho. Disponível em: <https:// www.facebook.com/photo.php?fbid=642072719263647&set=t.100005063436403&type=3&theater>. Acesso em 28 mar 2016

17 “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Bíblia Sagrada, Hb 12:14, ARC, 2009) “Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele” (Bíblia Sagrada, Rm 12: 1 e 2, ARC, 2009).

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Esse padrão é quebrado quando o Cordeiro de Deus é sacrificado, nos purificando de todos os pecados e nos dando livre acesso ao Pai. Assemelhando-se a tenda à igreja atual, observa-se este êxito pelos membros podem adentrar ao Santo Lugar (ou a área interna da edificação), se aproximando de Deus. Semelhantemente, na época do tabernáculo, os sacerdotes tinham vestes específicas para o ofício - “Estas, pois, são as vestes que farão: um peitoral, e um éfode, e um manto, e uma túnica bordada, e uma mitra, e um cinto; farão, pois, vestes santas a Arão, teu irmão, e a seus filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal” (Bíblia Sagrada, Êx 28:4, ARC, 2009). Atualmente, não existe vestimenta obrigatória, porém estas devem estar relacionadas a moral e aos bons costumes, visando o bem-estar físico, social e espiritual da humanidade para os membros. Assim, o uso de determinada roupa orientada pela liderança de uma igreja é uma ordenança que vem do homem e não de Deus. Tal ordenança tem a intenção de padronizar a igreja. Por exemplo, os diáconos possuem seu próprio uniforme a fim de diferenciá-los dos outros membros devido ao serviço durante o culto (figura 43). Já os pastores procuram trajar sua melhor roupa para adorar ao Senhor, a imposição de tal vestimenta deriva da liderança da igreja. Comunidades assembleianas coordenam seus pastores a vestirem ternos, enquanto outros grupos evangélicos não possuem a mesma doutrina e aceitam que estes vistam um traje social - pois o importante é vestir-se com decência diante de Deus. 4.1.5 Objetos Arca da Aliança (caixa) Êx 25: 10 - 16 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009), Propiciatório de ouro (tampa) Êx 25: 17 - 22 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009), Mesa dos pães Êx 25: 23 - 30 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009), Altar do incenso Êx 30: 1 - 10 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009), Altar do Holocausto/Sacrifício Êx 27:1-8 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009), Pia de cobre Êx 30:17-21 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009), Candelabro de ouro ou Menorá Êx 37:17-20 (Bíblia Sagrada, ARC, 2009). O tabernáculo possuía seus objetos obrigatórios que permaneciam a todo momento dentro dele e só era retirado quando o acampamento era desarmado e levado a outra localidade. Caso contrário, os objetos ficavam sempre a mostra no local onde lhe foram designados - (sobre o altar do in46


censo) “e o porás diante do véu que está diante da arca do Testemunho, diante do propiciatório que está sobre o Testemunho, onde me ajuntarei contigo” (Bíblia Sagrada, Êx 30:6, ARC, 2009). Já nas igrejas não existem objetos obrigatórios (além da Bíblia Sagrada), contudo os móveis e objetos existentes se tornaram necessários para melhor acomodar os usuários do local. Assim foram acrescentados as cadeiras, o púlpito, a mesa da ceia, o sistema de som, etc. tornando a comunidade evangélica dependente de tais peças. 4.1.6 Materiais Madeira de acácia, ouro (Bíblia Sagrada, Êx 25:10 e 11, ARC, 2009); prata (Bíblia Sagrada, Êx 26:19, ARC, 2009); cobre (Bíblia Sagrada, Êx 26:11, ARC, 2009) e tecidos: linho e pano (Bíblia Sagrada, Êx 26:1,ARC, 2009). Os materiais que foram utilizados para a construção do tabernáculo não são os mesmo encontrados nas igrejas atuais devido a técnica construtiva. Contudo o ato de escolha se assemelham quando, entre tantas matérias-primas distintas, se optam pelos de fácil acesso. Naquela época as construções eram feitas com pedras, revestidas de madeira e, em alguns casos, banhados de ouro, prata ou bronze. Atualmente, as construções no Brasil são, em geral, feitas em alvenaria e, devido à descoberta de novos materiais como plástico, ligas metálicas e acrílico, é encontrado diversos materiais nos objetos dentro das igrejas. Madeira, metal, vidro, plástico, acrílico e novos tipos de tecido são materiais de fácil acesso que mais são encontrados devido às características de cada um que melhor se adequam a um determinado objeto.

4.2 Pregação em movimento - O edifício que se move Desde o princípio, Deus escolhia alguém em meio ao povo para ser porta-voz de seus mandamentos. Abraão, Isaque e Jacó foram os primeiros patriarcas que adoraram ao Senhor, ouviam sua voz e ensinaram seus familiares a andar nos caminhos de Deus através das histórias que erram contadas de pai para filhos. Quando os hebreus cresceram a ponto de serem considerados uma nação, o Senhor passa a levantar profetas para orientar o povo, como Moisés, Josué e Samuel. A partir de Jesus, o trabalho de evangelização se amplia. Conforme o 47


Messias trabalhava no seu ministério, este ia visitando as cidades e agregando discípulos cuja função também era pregar a Palavra - “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Bíblia Sagrada, Mc 16:15,ARC, 2009). De 33 d.C. até os dias atuais, a comunidade evangélica cresceu muito, atingindo 9.937.853 fiéis, 24,08% da população brasileira segundo o Senso Demográfico de 2010. Estes, independentemente da denominação (Assembleia, Batista, Quadrangular), formam um corpo - “Porque, assim como em um só corpo temos muitas partes, e todas elas têm funções diferentes, assim também nós, embora sejamos muitos, somos um só corpo por estarmos unidos com Cristo. E todos estamos unidos uns com os outros como partes diferentes de um só corpo” (Bíblia Sagrada, Rm 12: 4 e 5, ARC, 2009). Como a própria Bíblia diz, cada membro tem sua função: diaconato; intercessão; ministérios de crianças, jovens, casais; dança; louvor; pastoreio; missões e evangelistas. Alguns destes ministérios são direcionados a pregar a Palavra de Deus, apesar do “ide”18 ser para todos os filhos do Senhor independentemente do ministério. Assim como a Igreja Evangélica Brasileira se constituiu através de missionários estrangeiros, existe a necessidade da continuidade deste ministério de missões para a disseminação da Bíblia. Esses obreiros viajam para regiões remotas do país e do mundo que não possuem conhecimento do Salvador e seus feitos. Independentemente de tempo, local, condições e a presença de suas famílias, muitos fiéis dedicam-se inteiramente à obra por amor de Cristo - “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Bíblia Sagrada, Gl 2:20, ARC, 2009). Pelo direcionamento de Cristo, cabe aos cristãos falar do evangelho a todo aquele que não conhece, construindo a ideia a igreja. “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo(...)?” (Bíblia Sagrada, 1 Co 6:19a, ARC, 2009) e “o Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens.” (Bíblia Sagrada, At 17:24, ARC, 2009). Além do povo receber e levar os ensinamentos bíblicos, estes se tornaram o templo de Deus - “Mas ele falava do templo do seu corpo” (Bíblia Sagrada, Jo 2:21, ARC, 2009).

18 “E [Jesus] disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Bíblia Sagrada, Mc 16:15, ARC, 2009).

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CAPÍTULO 5

análise do sítio Foi escolhido um terreno de 16.111,35m² (em roxo na figura 44) localizado num bairro próximo ao centro da cidade de Mogi das Cruzes é o lote de uma antiga fábrica de maquinas de costura - Elgin. Com o crescimento da empresa, houve a necessidade de instalações maiores o que ocasionou na transferência desta para um bairro periférico na cidade. Assim, há aproximadamente 20 anos as dependências da fábrica da Rua Elgin encontram-se abandonadas e a maioria das edificações foram demolidas. O terreno em questão foi selecionado por agregar características como: topografia acentuada que permite várias possibilidades de ocupação; posicionamento do lote (permitindo a utilização do meio de quadra); pela oferta de área livre na região central da cidade (local de fácil acesso a 1,7 km ou 20 minutos a pé da estação Mogi das Cruzes além das linhas de ônibus) e legislação favorável a instalação de um uso alternativo ao residencial. Segundo a Lei de Zoneamento de Mogi das Cruzes o terreno está localizado numa área de ZR 4 (Zona Residencial 4), ou com predominância de residencial de alta densidade, atividade unifamiliar e multifamiliar, admitindo usos não residenciais se o perfil atender diretamente a população correspondente na zona. Além disso, a legislação demarca Corredores de Uso Múlitplo - REM que autoriza outros usos além do previsto pela Lei de Uso e Ocupação do Solo em determinadas vias arteriais, como a Rua São João.

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LEGENDA Terreno Edificação sem uso

Habitação

Serviço/comércio

Viário urbano

Institucional Praça

Figura 44 - Levantamento de usos e viário próximo ao terreno de intervenção. Imagem da autora. 04 jun 2016

Apesar da área ser prevista para a ocupação residencial de alta densidade, o bairro apresenta predominância da habitação unifamiliar (ocupação anterior à Lei de Zoneamento de 1982) e de gabarito baixo, algumas escolas e creches (em azul na figura 44), serviços (padaria, lojas de móveis) e comércio em laranja. O lote se estende para as quatro ruas aproveitando o meio de quadra: duas se suas ruas lindeiras são vias conectoras de bairros (em marrom: R. Major Arouche de Toledo à esquerda e R. São João à direita) por onde passam as linhas ônibus e o maior fluxo de veículos e pedestres. As demais (R. Marechal Floriano Peixoto e R. Elgin em cinza) apresentam fluxo local.

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CAPÍTULO 6

especulações de projeto Neste capítulo serão apresentados alguns estudos realizados durante o processo de desenvolvimento do projeto que foram de fundamental importância para a obtenção do resultado final.

6.1 Implantação No primeiro estudo de implantação (a esqueda na figura 45) estava previsto ocupar a área norte do lote (correspondente à Rua Marechal F. Peixoto) entre os lotes edificados da quadra para liberar o corredor sul, conectando a Rua Major de Toledo com a Rua São João através de uma praça. Toda área de uso público do programa estaria concentrado nessa região e o setor administrativo estaria instalado numa outra edificação localizada no encontro da R. São João com a Rua Elgin, porém a altura, volumetria e posicionamento deste conjunto seria agressivo para o pedestre, além do fluxo conflituoso do programa. LEGENDA FLUXOS DEMOLIR EDIFICAR VIZINHOS

Figura 45 - Estudos de implantação: o inicial a esquerda e o final a direita. Imagem da autora. 05 set 2016

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Com o intuito de minimizar o conflito da escala da edificação com o pedestre, a implantação foi revista e optou-se em dividir o programa conforme uso e frequência. O resultado foram três blocos distintos: administrativo, didático e o de cutlo. A intenção foi manter os fluxos principais da implantação anterior e reorganizar parte do programa de forma que o complexo melhor se adequasse à escala do pedestre.

6.2 Insolação A partir da orientação solar, foram realizados experimentos a fim de estudar a entrada da luz na edificação e o caminho que esta faria. Os modelos iniciais são anteriores à concepção do espaço de culto, assim eles possuem um formato distinto ao modelo final. Durante o processo de modelagem, as maquetes de estudos foram gerando novas formas, alturas e aberturas para a entrada de luz natural e do formato do espaço de culto. Na imagem 46 é possível observar os três primeiros grupos de modelos desenvolvidos que exploram como as aberturas intereferem no tipo de iluminação gerada no ambiente (indireta ou direcionada). A segunda experiência é a continuação dessa investigação: a partit de um modelo de cada grupo foram desenvolvidos novos modelos com outras aberturas, analisando a possibilidade destas ocorrerem em outras faces e o resultado das diferentes inclinações que a cobertura poderia adquirir. Por fim, foi escolhido uma linha de pensamento para ser explorado e através das suas variações surgiu a ideia da possibilidade de ocupar a cobertura da edificação. A conexão entre este e o nível da praça seria através de

O

Figura 46 - Estudo da trajetória solar. Imagem da autora. 04 jun 2016

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L


Figura 47 - Primeiros modelos de estudo da entrada de Figura 48 - Continuação dos estudos da iluminação zeluz no espaço de culto. Foto da autora. 01 out 2016 nital através do aperfeiçoamento das maquetes anteriores. Foto da autora. 01 out 2016

Figura 49 - Escolha de um partido e avriações de altura Figura 50 - Modelo finalizado: elevação norte e sudeste. da cobertura e entrada de luz. Foto da autora. 02 out Foto da autora. 10 out 2016 2016

vuma rampa de inclinação suave que se extenderia para a laje, tornando o chão único. A iluminação natural chega ao espaço de culto através de abertura zenital na laje de cobertura e a partir da fachada leste (ambos com fechamento de vidro). Apesar desta vasta área de fechamento translúcido, a insidência solar é controlada devido a instalação de cobogós nas duas aberturas.

6.3 Cobogó Nos estudos de caso é possível observar a carência de aberturas que promovam quantidade adequada de iluminação e ventilação natural, logo tal solução se tornou uma das prioridades do projeto. Com o intuito de minimizar a dependência de equipamentos que promovam esse conforto artificialmente foi designado o uso do cobogó - elemento construtivo perfurado ou vazado que tem como função filtrar a incidência solar sem prejudicar a ventilação natural - a fim de permitir a ventilação cruzada na edificação (figura 51).

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Figura 51 - Ilustração do sistema de ventilação cruzada Figura 52 - Adaptação do cobogó como quebra sol e através da utilização do cobogó e passagens. Imagem da a passagem de ar na fachada de vidro da edificação autora. 28 set 2016 principal. Imagem da autora. 28 set 2016

Além do cobogó ingressar no projeto como solução de conforto luminoso e térmico, ele também é um estudo de base simbólica para o objeto de fechamento. Contudo, a igreja evangélica não possui um simbologia que a represente, assim optou-se pelo símbolo da Igreja do Evangelho Quadrangular (figura 53)para o desenvolvimento deste estudo. Tal símbolo é a codificação dos quatro pilares do ministério de Jesus na terra: a cruz (que representa O Cristo Salvador), a pomba (O que batizado com o Espírito Santo), a taça (O Médico dos médicos) e a coroa (O Rei que há de vir). O formato final do cobogó é um dos resultados das especulações geradas a partir da junção destes elementos (figura 54). O desenho e composição escolhida foram os que traduziram melhor a junção dos quatro símbolos isoladamente ou em conjunto.

Figura 53 - Logotipo institucional da Igreja do Evangelho Quadrangular. Disponível em: <http://www.portaligrejaquadrangular.com.br/portal/parasuaigreja-identidadevisual.asp>. Acesso em 12 nov 2016

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Figura 54 - Esboço das possíveis junções dos símbolos do Evangelho Quadrangular. Imagem da autora. 29 out 2016

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Figura 55 (acima) - Obtem-se diferentes aberturas devido a disposição dos cobogós. A configuração escolhida (com o perímetro em vermelho) possibilita outras variações com a ausência de um ou mais módulos. Imagem da autora. 31 out 2016 Figura 56 (a esquerda) - Cobogó instalado na fachada leste do edifício principal. Imagem da autora. 13 nov 2016

56


A

57


NÍVEL 6.50

CAPÍTULO 7 E

A

A

proposta projetual O projeto foi desenvolvido a partir de linhas não ortogonais a fim de descaracterizar o aspecto de nave em formato de paralelepípedo (comumente adotado pelas igrejas) tendo como base o teatro de arena e também faz alusão ao agir de Deus: que planeja caminhos distintos ao esperado. A princípio o terreno apresentava apenas uma das antigas instalações: o edifício administrativo com frente para a Rua Major Arouche de Toledo. Entretanto, não houve possibilidade de coletar informações suficientes a fim de propor uma reforma, assim optou-se pela construção de um novo edifício que B contemplaria, além do setor administrativo, salas multiuso, espaço para reuniC ões e eventos, biblioteca e uma área operacional para funcionários. As outras construções foram setorizadas a partir da divisão do programa: no edifício principal dispõe o espaço de culto e alguns ambientes de apoio como sanitários, sala do equipamento de som e o escritório do pastor; enquanto as salas de aula estão num outro edifício anexo. Assim como a palavra e a unção descem no altar e depois passam para a platéia, o espaço de culto foi projetado a partir do desenho do altar. Os outros ambientes são os que possivelmente podem ser acessados durante a realização do culto. Além do auxílio funcional, esses ambientes também colaboram estruturalmente para o trânsito de pedestres na cobertura do edifício. A ocupação da cobertura do edifício principal é de livre acesso e servirá como mirante. A laje possui a mesma inclinação da rampa tornando-se um piso único e a lateral da edificação E se estende em todo o limite da laje fazendo um guarda corpo que se projeta a 50 centímetros acima do piso e avança 2 metros em direção ao centro do espaço. Este mesmo anteparo esconde o sis5.00 temaNÍVEL de escoamento de água. Inicialmente a arquibancada foi prevista como uma das formas das atividades da comunidade evangélica pudesse ocorrer na área externa a edifica58

B C

B C

B C

LEGENDA 1 RESERVATÓRIO DE ÁGUA

NOTA: NÍVEL 761.00 FOI CONSIDERADO NÍVEL 0.00 NÍVEL 0.00


LEGENDA E

A

2 ESTACIONAMENTO 3 SANIT PÚBLICO MASC 4 SANIT PÚBLICO FEM 5 BICICLETÁRIO 6 GUARITA 7 HALL ELEVADOR

A

B C

B C

B C

B C

ESTACIONAMENTO: VAGAS TAMANHO QUANT

E

P 2,00x4,20 M 2,10x4,70 G 2,50x5,50 PNE 3,50x5,50 MOTO 1,00x2,00 BIKE 34m²

47 (50%) 44 (45%) 3 (05%) 2 (03%) 20 (20%) NÍVEL 0.00

NÍVEL 5.00

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ção, logo é proposto que nela ocorram alguns cultos, filmes e peças de teatro. Contudo ela também permite aumentar o número de espectadores visto que é possível abrir a porta do altar tornando-o dupla de faces opostas. Tal número aumenta de 562 lugares para 762 além de viabilizar que as pessoas assistam ao culto evangélico sem efetivamente adentrar na edificação. Além da arquibancada, o batistério também foi projetado na praça ao invés de dentro do espaço de culto, convidando a população local a participar do ritual de batismo. As salas de aula estão separadas do espaço de culto a fim de que não haja conflito sonoro entre as duas atividades e que a utilização destas possam ocorrer independentemente. Há ainda o estacionamento, depósito, reservatório e restaurante cuja volumetria encontra-se camuflada devido ao uso da sua cobertura, a vegetação e a topografia do terreno. O estacionamento é de uso público porém possui horário de funcionamento. Junto ao seu perímetro estão instalados dois sanitários de uso público destinado aos usuários da praça. Devido à grande declividade do sítio, este foi setorizado em praças em determinadas cotas que possibilitam melhor aproveitamento e diversas áreas de descanso durante o percurso. A conexão entre esses espaços se dá através das escadas instaladas em todas as calçadas que possuem desenhos que permitam um fluxo rápido, de passagem, e o fluxo lento para passeio. Além destas também existem rampas auxiliando no deslocamento acessível. Todo o piso da praça são placas de concreto permeável cuja tonalidade varia conforme o fluxo: grafite para escadas, vermelho para a entrada e saída de veículos, amarelo delimitando possíveis locais de acúmulo de pessoas e cinza natural no restante do piso. Ao longo do sítio foram instalados 3 reservatórios intermediários e um reservatório principal que permite a captação e armazenamento das águas pluviais, controlando a vazão da água lançada no esgoto em dias de muita chuva.

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LEGENDA

E A A

8 SALA DE MÁQUINAS 9 DEPÓSITO 10 RESERVATÓRIO CAIXA D’ÁGUA 11 SANITÁRIOS 12 RESTAURANTE 13 COZINHA 14 APOIO

A

B C B C B C

NÍVEL 6.50

E

61


TÉRREO - EDIFÍCIO PRINCIPAL

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1º PAVIMENTO - EDIFÍCIO PRINCIPAL


NÍVEL 10.50

LEGENDA

E

15 ALTAR 16 SALA DE ESTAR E 17 SALA DO DIACONATO 18 ESCRITÓRIO PASTOR 19 TESOURARIA 20 ADMINISTRAÇÃO

A

A A

B C B C B C

E NÍVEL 10.50 NÍVEL 6.50

E

63


TÉRREO - EDIFÍCIO ADMINISTRATIVO 64

1º PAVIMENTO - EDIFÍCIO ADMINISTRATIVO


LEGENDA

E

A

21 ESPAÇO DE CULTO 22 HALL COBERTO 23 SANITÁRIO MASCULINO 24 ACESSO CAIXA D’ÁGUA 25 JARDIM INTERNO 26 SANITÁRIO FEMININO 27 DEPÓSITO 28 SALA EQUIPAMENTO DE SOM

A

D

B C B C

LOTAÇÃO MÁXIMA ESPAÇO DE CULTO: 562 PESSOAS ARQUIBANCADA EXTERNA: 200 PESSOAS D NÍVEL 12.00

E

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LEGENDA 29 CAIXA D’ÁGUA 30 SALA ESPERA 31 SANITÁRIO 32 SALA REUNIÃO 33 SANIT PNE 34 CENTRAL DE A/C 35 DEPÓSITO 36 SALA DE AULA 37 BIBLIOTECA 38 REFEITÓRIO 39 LAVANDERIA 40 ADMINISTRAÇÃO 41 DEP CONTROLADO 42 VESTIÁRIO 43 COZINHA 44 SERVIÇO 45 HALL/ESPAÇO EVENTOS 46 SALA MULTIUSO 47 SALA DE ESTUDO EM GRUPO

TÉRREO - EDIFÍCIO DAS SALAS

LOTAÇÃO MÁXIMA SALA DE AULA: 120 PESSOAS SALAS DE REUNIÃO TERREO: 100 PESSOAS SALAS MULTIUSO 1ºPAV: 205 PESSOAS

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E D A

A

B C

B C

NÍVEL 14.00

D

E

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CORTE A

CORTE B

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E D A

A

B C

B C

NÍVEL 19.00

D

E

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CORTE C

CORTE D

Figura 57 - Foto da maquete volumĂŠtrica. Foto da autora. Acesso em 4 nov 2016

CORTE E

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PLANTA DE COBERTURA

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Figura 58 - Foto da maquete volumétria: situação do sítio e seu entorno imediato. Foto da autora. Acesso em 4 nov 2016

ELEVAÇÃO OESTE

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ELEVAÇÃO LESTE


ELEVAÇÃO NORTE

ELEVAÇÃO SUL

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CAPÍTULO 8

74

CAPÍTULO 9

considerações finais

LISTA DE IMAGENS

Visto que a igreja evangélica, no geral, perdeu a afeição pelo espaço de culto ao seu Deus, o objetivo deste trabalho de conclusão de curso foi resgatar esse sentimento através da proposta desta Casa de Oração. Além disso, também foram levantandos questões de iluminação, ventilação e adequação dos ambientes ao uso. Essas questões permanecem, muitas vezes, despercebidos, porém interferem na interação do corpo com o espaço, interferindo também no bem estar físico e espiritual no local. O templo se configura baseado nas necessidades da Igreja, visando acomodar confortavelmente os fiéis espiritual e fisicamente: analisando fluxos, passagens de ar e iluminação, espaços de estar e as salas de apoio. Além de resgatar essa afeição pelo espaço de culto, aproveito para explorar a área externa à edificação reafirmando o uso como ponto de encontro, ampliando as atividades nela realizados e aumentando a interação com a população local. A proposta projetual se torna o desenvolvimento de uma igreja que contemple as necessidades da comunidade evangélica (os demais espaços para aulas e reuniões além do espaço de culto) disposta a ofertar sua área externa à população local como um espaço de uso público: como um espaço de lazer, passagem e estar para os fiéis e todo o bairro.

Figura 1 - Foto da fachada da Igreja Evangélica Vida Eterna. Foto da autora. 2016 Figura 2 - Biritiba Mirim. Foto da autora. 2016 Figura 3 - Ilustração do Templo de Salomão. Disponível em <http://evangelhodo reino.com/2008/11/26/262/>. Acessado em: 06 abr 2016 13:07 Figura 4 - Ilustração do Templo de Zorobabel. Disponível em <http://ovrbo. blogspot.com.br/2015/04/sobre-o-templo-de-salomao-em-1reis-4-6.html>. Acesso em: 06 abr 2016 - 00:39 Figura 5 - Foto da maquete do Templo de Herodes. Disponível em <http://www. blogadao.com/templo-de-herodes-em-miniatura/#ixzz1hf4UMmPG>. Acesso em: 06 abr 2016 - 00:42 Figura 6 - Tábulas para o tabernáculo Disponível em: <http://www.pesquisabiblica. org/santuario-39/santuario_39_n_1.htm>. Acessado em 04 abr 2016 Figura 7 - Ilustração da tenda móvel utilizada pelos hebreu no deserto. Disponível em: <http://www.otabernaculo.com.br/detalhes.php>. Acesso em: 06 abr 2016 Figura 8 - Sala de aula: Escola dominical. Disponível em: <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=620527511316802&set=pb.100000786759143.-2207520000.1460504830.&type=3&theater>. Acesso em: 16 abr 2016 - 10:11 Figura 9 - Parte inferior da edificação decorada para uma festividade. Disponível em: <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=814082382042007&set=pb.1000 03207579168.-2207520000.1460476243.&type=3&theater>. Acesso em: 16 abr 2016 - 10:23 Figura 10 - Foto aérea da IEQ Alto do Ipiranga coletada do Google Maps. Figura 11 - Térreo. Imagem da autora. 03 mai 2016


Figura 12 - Corte transversal. Imagem da autora. 03 mai 2016 Figura 13 - Corte longitudinal. Imagem da autora. 03 mai 2016 Figura 14 - Vista do espaço de culto e altar a partir da porta de entrada. Foto da autora. 03 abr 2016 Figura 15 - Sala de aula do 2º subsolo: espaço dependente de iluminação artificial. Foto da autora 03 abr 2016 Figura 16 -Foto aérea da IEQ César de Souza coletada do Google Maps. 2015 Figura 17 - Térreo. Imagem da autora. 03 mai 2016 Figura 18 - 1º pavimento. Imagem da autora. 03 mai 2016 Figura 19 -Corte longitudinal. Imagem da autora. 03 mai 2016 Figura 20 - Vista da Ceia Regional a partir do altar: participação de aproximadamente 800 membros. Foto de Adriana Brasileiro. 30 abr 2016 Figura 21 - Pastor Carlos Evaristo realizando a cerimônia do batismo. Disponível em:https://www.facebook.com/iQuadrangular.Cesar/photos/ 372890549465282.-2207520000.1463513559./922510037836661/?type=3&theater> . Acesso em 17 abri 2016 Figura 22 - Foto aérea da IEQ Biritiba Mirim coletada do Google Maps. 2015 Figura 23 - Mapa das cidades da região do Alto Tietê. Imagem da autora. 07 mai 2016 Figura 24 - Térreo. Imagem da autora. 03 mai 2016 Figura 25 - Corte transversal. Imagem da autora. 03 mai 2016 Figura 26 - Sala de aula integrada à cozinha. Foto da autora. 03 abr 2016 Figura 27 - Vista do interior do edifício para a porta do espaço de culto. Foto da autora. 30 abr 2016 Figura 28 - Foto aérea da Igreja Evangélica Vida Eterna coletada do Google Maps. 2015 Figura 29 - Vista do altar da igreja e o espaço destinado ao louvor. Foto da autora. 02 abr 2016 Figura 30 - Corte transversal. Imagem da autora. 04 mai 2016 Figura 31 - Térreo. Imagem da autora. 04 mai 2016 Figura 32 - Foto aérea da Igreja Apostólica dos 5 Ministérios. Imagem coletada do Google Maps. 2015 Figura 33 - Altar sem espaço delimitado. Foto da autora. 27 mar 2016 Figura 34 - Parede lateral da sala de crianças utilizada como depósito. Imagem da autora. 27 mar 2016 Figura 35 - Térreo. Imagem da autora. 05 mai 2016 Figura 36 - Corte longitudinal. Imagem da autora. 05 mai 2016 Figura 37 - Sala de jogos da IEQ Alto do Ipiranga. Foto da autora. 27 mar 2016 Figura 38 - Espaço de culto com baixa incidência de iluminação natural. Foto da autora. 27 mar 2016 Figura 39 - Altar adaptado: posterior à construção. Foto da autora. 2016 Figura 40 - Bancos de plástico para acomodação dos fiéis. Foto da autora. 2016 Figura 41 - Desenho esquemático da implantação do Tabernáculo. Imagem da autora. 30 mai 2016 Figura 42 - Grupo de mulheres no espaço de transição. 2013. Disponível em: 75


<https://www.facebook.com/iQuadrangular.Cesar/photos/ b.372890549465282.-2207520000.1459197952./430366693717667/?type=3&theater>. Acesso em 06 abr 2016 Figura 43 - Trajes comumente utilizados no templo. Disponível em: <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=642072719263647&set=t.100005063436403&type=3&theater>. Acesso em 28 mar 2016 Figura 44 - Levantamento de usos próximos ao terreno de intervenção. Imagem da autora. 04 jun 2016 Figura 45 - Estudos de implantação: o inicial a esquerda e o final a direita. Imagem da autora. 05 set 2016 Figura 46 - Estudo da trajetória solar. Imagem da autora. 04 jun 2016 Figura 47 - Primeiros modelos de estudo de iluminação zenital. Foto da autora. 01 out 2016 Figura 48 - Segunda estudo de iluminação zenital. Foto da autora. 08 out 2016 Figura 49 - Variação de altura da cobertura e entrada de luz. Foto da autora. 02 out 2016 Figura 50 - Modelo finalizado: elevação norte e sudeste. Foto da autora. 10 out 2016 Figura 51 - Ilustração da ventilação cruzada com o auxílio do cobogó. Imagem da autora. 28 set 2016 Figura 52 - Sistema de ventilação na fachada leste. Imagem da autora. 28 set 2016 Figura 53 - Logotipo institucional da Igreja do Evangelho Quadrangular. Disponível em: <http://www.portaligrejaquadrangular.com.br/portal/parasuaigreja-identidadevisual.asp>. Acesso em 12 nov 2016 Figura 54 - Esboço das possíveis junções dos símbolos do Evangelho Quadrangular. Imagem da autora. 29 out 2016 Figura 55 - Diferentes composições dos cobogós. Imagem da autora. 31 out 2016 Figura 56 - Cobogó instalado na fachada leste do edifício principal. Imagem da autora. 13 nov 2016 Figura 57 - Foto da maquete volumétrica. Foto da autora. Acesso em 4 nov 2016 Figura 58 - Foto da maquete volumétria: situação do sítio e seu entorno imediato. Foto da autora. Acesso em 4 nov 2016

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CAPÍTULO 10

referência bibliográfica Bíblia Sagrada com Enciclopédia Bíblica Ilustrada. Versão almeida Revista e Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil. 2009. Barueri/SP BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica - CPAD. 2012. Rio de Janeiro. Pr.Vicente Leite, História da Igreja - Série Estudos Teológicos. Faculdade Teológica Ibetel. 1995. São Paulo BETTENSON, Henry. Documentos da igreja cristã. ASTE, 1967; 3ª ed. revista, corrigida e atualizada. São Paulo. 1998. CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. Vida Nova. São Paulo. 1988. Anglada, Paulo R. B. Protestants in Brazil: survey of history, situation, and characteristics. Potschefstroom University for Christian Higher Learning, 1985. Dreher, Martin N. Protestantismo de inmigración en Brasil: su implantación en el contexto del proyecto liberal modernizador y las consecuencias del mismo. Cristianismo y Sociedad 27; ed nº 1. 1989. Pág 59-74.

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Hahn, Carl Joseph. História do culto protestante no Brasil. Trad. Antonio Gouvêa Mendonça. ASTE. São Paulo. 1989. MEARS, Henrietta. Quero entender a Bíblia - edição para adolescentes. 2012. Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembléias de Deus.1ª ed.- 1999. Rio de Janeiro/RJ ALLAN, Dennis. O que é a igreja. São Paulo. Disponível em: <http://www.estudosdabiblia.net/d40.htm>. Acesso em: 16 fev 2016 HINN, Benny. The Tabernacle: revelations of the Fullness of Christ. The New Life Mission. 2003. Seoul - Coréia. ALLAN, Dennis. A Ceia do Senhor: Comunhão com Deus e nossos irmãos. 2009. São Paulo. Disponível em: <http://www.estudosdabiblia.net/d41.htm>. Acesso em: 26 abr 2016 Estados@ São Paulo. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil. php?sigla=sp>. Acesso em 07 mar 2016 SILVA, Eduardo. O Tabernáculo e seu significado hoje. 2012. Fortaleza. Disponível em: <http://pastoreduardosilva.blogspot.com.br/2012/06/o-tabernaculo-e-o-seu-significado-hoje.html>. Acesso em: 24 mar 2016 ADORADORES, Escola de. Levitas devem viver no altar. 2014. Belém. Disponível em: <http://www.escoladeadoradores-pa.com.br/content/levitas-devem-viver-no-altar>. Acesso em: 04 abr 2016 SOUZA, Jáder. Estudo sobre o templo do Senhor. 2013. João Pessoa. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/IrmoJder/estudo-sobre-o-templo-do-senhor>. Acesso em: 06 abr 2016 RODRIGUES, Welfany Nolasco. O que é o altar. 2012. Muriaé. Disponível em: <http://www.esbocosermao.com/2012/05/o-que-e-o-altar.html> . Acesso em: 12 abr 2016

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FERNANDES, Fernando. A vestimenta do povo de Deus. 2016. Penápolis. Disponível em: <http://a2designer.com.br/shekinah/estudos-1/a-vestimenta-do-povo-de-deus/>. Acesso em: 12 abr 2016 PIMENTEL, Vinícius Musselman. Voltemos ao Evangelho. 2014. São José dos Campos. Disponível em: <http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/08/igrejaeclesia-significa-chamados-para-fora-no-novo-testamento/>. Acesso em 16 abr 2016 DA ROSA, Luiz. Quando surgiu a Sinagoga?. 2015. Roma. Disponível em: <http://www.abiblia.org/ver.php?id=1817> . Acessado em: 11 mai 2016

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