Fabiano Garcia Silvestrin
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em
ARQUITETURA & URBANISMO
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
Av. Paulista
Mobiliário Urbano
Orientação: Prof Gabriel Pedrosa
Dedicatória Dedico esta trabalho aos meu pais, que durante todos esses anos me motivaram e incentivaram para o meu conhecimento profissional, e a nunca desistir sem ao menos tentar.
Agradecimento Dediquei esse trabalho aos meus pais (Mãe e Pai) e aproveito para agradecer-los por me permitir chegar ate onde estou hoje, por terem me orientado todos esses anos a ser um filho batalhador e educado. Foram anos de muito trabalho e de decisões importantes das quais foi necessário se afastar em alguns compromisso familiares para estudar. Agradeço em especial ao meu orientador, Gabriel Pedrosa com suas conversas atropeladas a caminho da estação, a “enxurrada” de informações que você consegue extrair observando um objeto banal pela rua me fez mudar a maneira de olhar os espaços públicos. Agradeço a minha irmã Daniela, por lá atras… ter me apresentado ao mundo da diagramação, mesmo eu sendo um completo amador, isso mudou tudo. Agradeço ao Vinicius, pela paciência comigo, por me acompanhar nas longas caminhadas pela avenida, parando a cada passo enquanto eu mirava alguém através das lentes da câmera, por me aguentar todo esse tempo falando do mesmo assunto repetidas vezes, por me incentivar a ir além, sempre com calma, por me permitir te fotografar sentado no modelo em escala… e por nunca deixar de me perguntar, se eu estava com fome. Diretamente você esteve envolvido nesse projeto. Agradeço a minha amiga Barbara, por estar de braços abertos nos momentos mais difíceis enfrentados pelos corredores da faculdade ou nas eternas madrugadas viradas fazendo “PA”. Por controlar minha ansiedade com sua terapia da “caixinha de som” e por jamais me deixar esquecer que Menos é Mais. Agradeço ao meu irmão JÃO, por ser esse garoto interessado em aprender tudo o que lhe é mostrado, por me aquentar falando por horas, tenho admiração por todos os trabalho académicos e extra curriculares que você abraçou durante o curso, admiro sua força de vontade. Agradeço ao Rodrigo, peraí … Cade Rodrigo ? Admiro a sua responsabilidade com a vida, seu amor… Pela sua força em momentos de aperto, que foram muitos, só te tornaram cada vez mais forte, indiretamente eu estava ali sofrendo junto, mas também estive em momentos felizes, principalmente quando você começou a construir a sua família. Agradeço as minhas amigas Amanda, por se interessar em ler e reler meus textos enquanto devorava todo estoque de doces da minha despensa. Hévila por ter me mostrado um ano antes, que TCC significa enlouquecer, e que não tem problema nenhum nisso. Rita por me tirar da "neura do trabalho” me distraindo com suas danças performáticas.
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Palavras Chave: Avenida Paulista, mobiliário urbano; espaço público.
Abstract This work develops a reading of the importance of what it is to be in the city, of what the city has to offer its users, of the urban life available to all. It addresses the importance of the circulation space and the living space, and, in this sense, brings the discussion of the importance of urban furniture, through which users directly or indirectly interact with the city. The Paulista Avenue was chosen as a study environment and intervention area for the design of an urban furniture, due to the number of users who attend it every day and for being currently lacking in furniture. An analysis was made of the behavior of users on the avenue, recorded in photographs with the intention of finding places that could receive adequate furniture for the situations currently encountered.
P.04
INTRODUÇÃO
P.06
O QUE É ESPAÇO PÚBLICO
P.08
A IMPORTÂNCIA DA RUA
P.10
CONVÍVIO
P.12
PAPEL DO MOBILIÁRIO URBANO
P.14
PAULISTA
P.15
HISTÓRIA
P.16
A REFORMA
P.17
O BURACO
P.18
A IDENTIDADE CRIADA POR CAUDURO E MARTINO
P.20
CICLOVIA
P.22
CENTRALIDADE SIMBÓLICA
P.28
OBSERVANDO A MAIS PAULISTA DAS AVENIDAS
P.40
REFERÊNCIAS
P.48
MEMORIAL DE PROJETO
P.60
MODELO EM ESCALA REAL
P.70
PROJETO
P.95
CONCLUSÃO
P.98
BIBLIOGRAFIA
P.99
REFERENCIAS
P.100
LISTA IMAGENS
Sumário
Resumo
Este trabalho desenvolve uma leitura da importância do que é estar na cidade, do que a cidade tem a oferecer a seus usuários, da vida urbana disponível a todos. Aborda a importância do espaço de circulação e do espaço de estar, e, nesse sentido, traz a discussão da importância do mobiliário urbano, pelo qual os usuários de forma direta ou indireta interagem com a cidade. A Avenida Paulista foi escolhida como ambiente de estudo e área de intervenção para o projeto de um mobiliário urbano, devido a quantidade de usuários que a frequentam todos os dias e por estar atualmente com carência de mobiliário. Foi feita uma análise do comportamento dos usuários na avenida, registrada em fotografias com a intenção de encontrar locais passíveis de receber um mobiliário adequado para as situações atualmente encontradas.
Keywords: Paulista Avenue, urban furniture; public place.
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Introdução Ao percorrer a Avenida Paulista, espaço público que recebe diariamente uma grande quantidade de trabalhadores, estudantes e turistas, um dos aspectos observados é que a disponibilidade de lugares de estar e de descanso não é suficiente. Esse projeto tem como objetivo aumentar a quantidade de mobiliário urbano neste espaço público. De forma que não apenas se organize a circulação das pessoas, mas também se estabeleçam as funções dos lugares. Como produto disto, pode-se destinar lugares para descanso, lazer, leitura, etc. Quando observamos a Avenida Paulista, nos deparamos com uma escala enorme, a escala da cidade. O ideal é que se garanta que os cidadãos possam se relacionar com a avenida em uma escala humana, ou seja, as dimensões não superem aquilo que está ao alcance de uma pessoa comum. Para isso, é fundamental ter o mobiliário urbano funcionando como intermediário entre a escala da avenida e a escala do indivíduo, levando em conta a perspectiva dos olhos das pessoas. Procurarei criar uma proposta de mobiliário urbano agradável para que as pessoas possam permanecer por um intervalo de tempo, seja durante uma folga do almoço, antes de entrar na faculdade, ou aguardando por um encontro, por exemplo, para apreciar as fachadas, as pessoas e as paisagens que só a Avenida Paulista oferece. Para isso, foram realizadas, no capítulo 1, leituras a respeito do significado do espaço público, buscando compreender a importância que as ruas de uma cidade têm para tornar possível o convívio de seus habitantes. O papel simbólico da Paulista se torna um ponto decisivo para entendermos a relação que os usuários têm com a avenida e quais são suas necessidades, o que é mostrado no capítulo 2. As propostas de projeto se baseiam na leitura feita da avenida, registrada em fotografias no capítulo 3 e ao longo de todas paginas, onde se pode verificar a falta de mobiliário especifico para se sentar em toda a sua extensão. O capítulo 4 apresenta algumas das referências de mobiliário urbano estudadas, e o 5 os primeiros estudos e projeto.
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O que é Espaço Público IMAGEM ACERVO DO AUTOR
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O Espaço Público é o lugar da cidade de propriedade e domínio da administração pública, a qual se responsabiliza por seu cuidado e pela garantia do direito universal da cidadania e de seu uso. ¹ Espaços públicos, de convívio e de circulação de produtos, são caracterizados como espaços construídos, permanentes e fixos, que tem também um sentido político. Lugares importantes para a vida dos cidadãos e para a sociedade. Estes espaços tinham e têm, ainda hoje, um caráter simbólico na vida urbana, além de serem importantes elementos da composição da paisagem urbana. O espaço público é o lugar por excelência da expressão política e dos direitos dos cidadãos. Nesse sentido, praças, parques, ruas, avenidas, largos, entre outros ambientes, na qualidade de espaços públicos, recebem e fomentam o exercício da cidadania, e, ainda, acolhem os mais variados usuários, os quais fazem uso do espaço de diversas maneiras. Estes espaços possuem uma característica fundamental: permite conectar lugares e pessoas de todo tipo e procedência, em qualquer momento. Po r t a n t o , o e s p a ç o p ú b l i c o é intrinsecamente o mais democrático da cidade ao facilitar o intercâmbio mais heterogêneo em tempo, espaço, idade, gênero e nacionalidade. É possível perceber um processo de abandono e degradação física, afetiva e simbólica em relação ao espaço público, gerando locais subutilizados na malha urbana, contribuindo para o mal aproveitamento da infraestrutura urbana. Diante de tal fato, os espaços públicos perderam o caráter de lugares de permanência e tornaram-se cada vez mais apenas locais de passagem,
espaços em desuso, que reforçam a percepção de isolamento e de medo. A cidade na qual habitamos, a chamada cidade contemporânea, é composta por resquícios do movimento moderno, que buscou uma releitura do espaço público dos tempos antigos. Mais móvel, volátil, dinâmico e instável, o espaço público contemporâneo é caracterizado por sua pluralidade, sendo cada vez mais difícil diferenciar a natureza pública ou privada dos espaços. (RODRÍGUEZ, 2013)
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A importância da rua
não. E para isso é preciso, segundo Jacobs, ter 3 características: Primeira, deve ser nítida a separação entre espaço público e o espaço privado, eles não devem se misturar. Segunda, devem existir olhos para a rua, os olhos daqueles que podemos chamar de proprietários naturais da rua, moradores de seus edifícios devem estar voltados para ela. E terceira, a calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para induzir um número suficiente de pessoas de dentro dos edifícios da rua a observar as calçadas. Ninguém gosta de ficar na soleira de uma casa ou na janela olhando uma rua vazia. Há muita gente que gosta de entreter-se, de vez em quando, olhando o movimento da rua. As ruas de uma cidade devem ocupar-se de boa parte da incumbência de lidar com desconhecidos, já que é por elas que eles transitam. Devem também proteger os inúmeros desconhecidos pacíficos e bem-intencionados que as utilizam, garantindo sua segurança. Além do mais, nenhuma pessoa normal pode passar a vida numa redoma, e aí se incluem as crianças.
Todos precisam usar as ruas. Temos assim algumas metas simples: t e n t a r d a r s e g u ra n ç a à s r u a s , buscando que o espaço público seja inequivocamente público, fisicamente distinto do espaço privado e daquilo que nem espaço é, de modo que a área que necessita de vigilância tenha limites claros e praticáveis; e assegurar que haja olhos atentos voltados para esses espaços públicos da rua o maior tempo possível. Porém, não se pode forçar as pessoas a vigiar as ruas que não querem vigiar. Pode parecer inconveniente manter a segurança das ruas com a vigilância e o policiamento mútuo, mas na realidade não é. A segurança das ruas é mais eficaz, mais informal, envolvendo menos traços de h o s t i l i d a d e e d e s c o n fi a n ç a exatamente quando as pessoas as utilizam e usufruem espontaneamente e estão menos conscientes, de maneira geral, de que estão policiando. O requisito básico da vigilância é um número substancial de estabelecimentos e outros locais públicos dispostos ao longo das calçadas do distrito; deve haver entre
eles sobretudo estabelecimentos e espaços públicos que sejam utilizados à noite. Lojas, bares e restaurantes, os exemplos principais, atuam de forma bem variada e complexa para aumentar a segurança nas calçadas. Em primeiro lugar, dão às pessoas - tanto moradores quanto estranhos - motivos concretos para utilizar as calçadas onde esses estabelecimentos existem. Em segundo lugar, fazem com que as pessoas percorrram as calçadas, passando por locais que, em si, não tem interesse p a ra u s o p ú b l i c o, m a s s e t o r n a m frequentados e cheios de gente por serem caminho para outro lugar. Deve haver, além do mais, um comércio bem variado, para levar as pessoas a circular por todo o local. E m t e rc e i ro, l o j i s t a s e p e q u e n o s comerciantes costumam incentivar a tranquilidade sendo ótimos vigilantes da rua. Em quarto lugar, a movimentação de pessoas a trabalho ou que procuram um lugar para comer e beber constitui em si um atrativo para mais pessoas. Uma rua viva, sempre tem tantos usuários quanto meros espectadores. (JACOBS, Jane. 2000)
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Em relação às ruas de uma cidade, Janne Jacobs (1961, p.29) afirma que elas servem à vários fins além de comportar veículos, e que as calçadas a parte da rua que cabe aos pedestres servem a muitos fins além de abrigar pedestres. Esses usos estão relacionados à circulação, mas não são sinônimos dela, e cada um é, em si, tão fundamental quanto a circulação para o funcionamento adequado das cidades. As ruas e suas calçadas, principais locais públicos de uma cidade, são seus órgãos mais vitais. Se as ruas de uma cidade parecerem interessantes, a cidade parecerá interessante, se elas parecerem monótonas, a cidade parecerá monótona. O principal atributo de um distrito urbano próspero é que as pessoas se sintam seguras e protegidas na rua em meio a tantos desconhecidos. Certas vias públicas dão poucas oportunidades à violência urbana, essas vias são constantemente usadas por um grande número de pessoas de todas as raças e ascendências; são locais em que pessoas trabalham no distrito; outros vão lá a passeio ou para fazer compras. Uma rua movimentada consegue garantir a segurança; uma rua deserta
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Convívio 10
É nos espaços públicos que se tem a maior chance de encontro e convívio entre as pessoas. A mescla de idades, crenças, raças e diversos níveis socioeconômicos acontece nas nossas ruas, mercados, praças e eventos públicos. Sem isso, nossa sociedade estagna no impasse da intolerância e do medo. É no espaço público que se forma e se fortalece a identidade de uma vizinhança, e com ela a sensação de pertencimento. O ócio também tem grande importância nesses espaços, a necessidade humana de parar e se distanciar da rotina, como mecanismo de defesa contra a
natureza repetitiva e maçante da vida adulta contribui para o convívio em locais públicos. A brincadeira entre vizinhos adultos na rua é libertadora. Para as crianças, mais do que liberador, é na brincadeira que ela acha espaço para seu desenvolvimento psíquico e físico. Sem os espaços públicos, nossas crianças não se tornarão adultos totalmente saudáveis, fazendo uso de todos seus potenciais. O encontro fortuito, onde somente nos centros urbanos podemos ser conhecidos e anônimos. Essa é uma característica vital que permite o
equilíbrio da nossa natureza social, onde o coletivo e o individual tem de ser eternamente negociados. Contar a tragédia familiar ao dono da banca de jornal, ou a um conhecido na rua significa expressar uma angústia sem a preocupação de ser julgado por isso. A presença de pessoas atrai mais pessoas. O prazer das pessoas em ver o movimento e outras pessoas é evidente em todas as cidades.
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Papel do mobiliário urbano
O mobiliário urbano é essencial para viabilizar uma melhor qualidade de vida nas cidades. Além do aspecto utilitário, são elementos que complementam a paisagem urbana e contribuem para a identidade cultural, política e socioeconômica da cidade onde estão inseridos. De acordo com o dicionário de urbanismo: Mobiliário urbano (urban furniture, mobilier urbain, mobilaje urbana). Conjunto de elementos materiais localizados em logradouros públicos ou em locais visíveis desses logradouros e que complementam as funções urbanas de habitar, trabalhar, recrear e circular: cabinas telefônicas, anúncios, idealizações horizontal, vertical e aérea; postes, torres, hidrantes, abrigos e pontos de parada de ônibus, b e b e d o u ro s , s a n i t á r i o s p ú b l i c o s , monumentos, chafarizes, fontes luminosas etc. (FERRARI, 2004)
Para o senso comum, sob um ponto de vista restrito, entende-se o mobiliário urbano como aqueles elementos que contribuem para o conforto e lazer da comunidade, como bancos, coberturas e outros equipamentos similares. Contudo, o c o n c e i t o é m u i t o m a i s a m p l o, envolvendo elementos que permitem a utilização dos espaços, fornecendo conforto, proteção, serviços, informação, lazer, cultura, etc. Analisando sob essa perspectiva mais ampla, Lamas (2000) define: O mobiliário urbano situa-se na dimensão setorial, na escala da rua, não podendo ser considerado de ordem secundária, dadas as suas implicações na forma e equipamento da cidade. É também de grande importância para o desenho da cidade e a sua organização, para a qualidade do espaço e comodidade.
Creus (1996) analisa essa definição de outro ponto de vista argumentando que: Es precisamente la idea de amueblar o decorar la ciudad la que considero errónea y creo lleva a confusión. Son ideas de antaño cuando el amueblamiento urbano nacía de um urbanismo clasicista y, por lo tanto, la ornamentación de la ciudad estaba muy ligada a la urbanización siendo los muebles la respuesta a unas necesidades urbanas muy elementales [...]. No parece lógico pensar que cada vez que colocamos un banco o uma farola, estamos decorando la ciudad. (CREUS, 1996) O autor contribui sugerindo um conceito mais universal substituindo a palavra Mobiliário Urbano por Elementos Urbanos, justificando que os
mobiliários “são objetos utilizados e que se integram na paisagem urbana e devem ser compreensíveis para o cidadão. Uso, integração e compreensão são conceitos básicos para a valorização de todo o conjunto de objetos que encontramos nos espaços públicos da cidade”. Ao utilizar a palavra elementos urbanos o autor amplia a visão dos objetos inseridos no espaço urbano de forma a entender esses objetos como elementos de composição e não apenas de decoração. Além de serem objetos decorativos e de referência local, o mobiliário urbano tem papel fundamental na experiência dos usuários, servindo de transição entre a escala urbana e a do indivíduo. (BASSO, Liliane)
Co l o c a d o s c o m o a p ê n d i c e s n o s logradouros públicos, esses objetos de variada natureza propiciam a oferta de serviços, trazendo conforto, segurança e, eventualmente, prazer aos seus usuários. Por sua natureza, não são apenas objetos técnicos, mas contribuem para a formação da cultura de uma sociedade, já que interferem no modo como o ambiente urbano é utilizado. Consideram-se também as funções estéticas e funcionais do mobiliário urbano do ponto de vista do design, levando em consideração que a forma e função do objeto deve de alguma maneira se integrar ao contexto urbano e atender às demandas do povo local. 12
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História
"Ela é centenária. Mas conserva um rosto jovem e, como todo adolescente, está em fase de crescimento. Na última década, já compreendia dois universos, o subterrâneo, do metrô, e o nível da rua, território de carros, motos e transeuntes, e espichou-se até os ares. Poucos lugares do mundo têm tantos helicópteros. N a a v e n i d a Pa u l i s t a a q u i l o q u e julgamos conhecer é o que nos provoca surpresas: alguém notou que não há fiação aparente? Quem imagina que nela ainda há casarões e terrenos abandonados? De que lado bate o Sol? Nem a numeração dos edifícios é lá muito visível, graças ao seu ritmo frenético. Para isso, suas esquinas trazem totens negros que apontam outras direções. Esta avenida transporta em seu nome tudo que nos define: um paulista. "(GONÇALVES, 2009)
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Paulista
A Paulista nasceu por iniciativa do empresário Joaquim Eugênio de Lima, que tinha a intenção de criar um empreendimento imobiliário de alto nível para as famílias que enriqueceram com a indústria cafeeira em ascensão. O francês Paul Villon foi chamado para cuidar do paisagismo. Em oito de dezembro de 1891, a avenida Paulista foi inaugurada. Nos primeiros anos, casarões, mansões e palacetes testemunharam a pujança da Paulista. A chegada dos bondes elétricos, em 1900, trouxe consigo a ocupação efetiva da via. Em 1908, a avenida foi a primeira via asfaltada da cidade. Com a crise de 1929, vários fazendeiros do café se viram obrigados a vender seus imóveis. Começou, então, a verticalização da avenida. Nas primeiras décadas do século XX, a Paulista conheceu a arquitetura moderna, sobretudo em edifícios residenciais. Poucos anos depois, surgiu o primeiro prédio comercial: Não demorou para que muitas empresas, sobretudo bancos, começassem a se estabelecer ali, em edifícios suntuosos. Posteriormente, já na passagem dos anos 1960 para os 1970, com o grande crescimento populacional da cidade, a avenida viu-se obrigada a responder, para além da alta demanda do fluxo local de veículos, ao papel de corredor de ligação entre bairros, tornando-se uma via expressa. (GONÇALVES, 2009)
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O Buraco
A Reforma Buscando resolver o problema de fluxo de veículos e pessoas na avenida, vários esboços foram feitos por renomados arquitetos e urbanistas. Mas foi a proposta de José Carlos de Figueiredo Ferraz, na ocasião prefeito da cidade, e do arquiteto Nadir Cury Mezerani que, por intermédio da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), ganhou forças para sair do papel. Assim, iniciaram-se as desapropriações de ambos os lados da avenida com o intuito de ampliar a capacidade de sua calha para o fluxo local, além das escavações para uma via subterrânea e expressa de veículos. (GONÇALVES, 2009)
Próximo ao Cruzamento Rua Haddock Lobo
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Para os motoristas que entram na avenida pelo acesso da Doutor Arnaldo, a Paulista começa num buraco de concreto, com paredes cobertas de desenhos feitos por grafiteiros, e outros tantos por pichadores. Mal conservado, o teto possui goteiras que chegam a formar poças no asfalto. Ainda assim, moradores de rua aproveitam a cobertura para dormir. “Mas o buraco não foi sempre a porta de entrada na avenida. Quando criada, a via começava na quadra entre a atual avenida Angélica e a rua da Consolação. Em 1971, para melhorar o tráfego na região, o então prefeito Figueiredo Ferraz deu início ao rebaixamento das pistas da avenida, por onde passaria o tráfego mais intenso de veículos. A superfície ficaria reservada ao trânsito local. O projeto não foi concluído: quando a gestão de Ferraz acabou, em 1973, só estava pronto o trecho entre a praça Marechal Cordeiro de Farias e a rua Haddock Lobo, e o prefeito seguinte não deu continuidade à obra. Ficou o buraco." (GONÇALVES, 2009)
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Mobiliário Com as atenções voltadas às necessidade do pedestre, um sistema de equipamentos foi projetado e implantado em pontos estratégicos ao longo da avenida, com o intuito de formar uma identidade visual coesa e organizada. Foram eles: ponto de ônibus, bancas de jornal, lanchonetes, banca de flores, vasos, lixeiras e bancos, todos sendo executados em fibra de vidro. Os bancos, agrupáveis em módulos semicirculares, eram distribuídos em diversas combinações, em balanço, sobre apoio tubular em aço. (LONGO, 1977)
Abandono do projeto
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A Identidade criada por Cauduro e Martino Diferentemente do conceito inicial da Paulista, em que a via seria uma espécie de boulevard, hoje ela é um eixo essencial de ligação entre as regiões Oeste (Lapa, Pompeia e Sumaré) e Sul (Vila Mariana e Jabaquara): ali circulam diariamente 1,7 milhão de pessoas e mais de 8 mil veículos por hora. Somente em 1973 começou a se pensar em um projeto de comunicação visual para a Paulista. Até então, a situação era caótica: numa mesma esquina, havia uma dezena de placas de trânsito, de nomes de ruas e outras sinalizações. A solução encontrada pelos arquitetos João Carlos Cauduro e Ludovico Martino foi criar totens de uso múltiplo, com escrita vertical, que concentrasse toda a comunicação necessária tanto aos motoristas quanto aos pedestres. Em 1974, a avenida recebeu fiação subterrânea, numa empreitada proposta pelos arquitetos, juntamente com a paisagista Rosa Kliass e a Emurb, em substituição à fiação aérea. Agora, toda a rede de transmissão de energia, telefonia e tv a cabo está enterrada sob as calçadas. (GONÇALVES, 2009)
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Atualmente, pouco restou do projeto original. Os totens de multiuso pretos são os únicos que ainda existem. Eles coexistem com a sobreposição de novos sistemas de mensagens e de suportes, sem nenhum planejamento e com total redundância informativa. Para pedestres que caminham na mão contrária à dos veículos, no entanto, não há nenhuma identificação. Deteriorados, alguns totens trazem ainda o nome da rua apagado. Quanto ao mobiliário e paisagismo, nada restou. Mesmo o mosaico português, cujo desenho c a d e n c i a v a o p e rc u r s o n a s c a l ç a d a s , f o i inteiramente retirado, após anos sem manutenção. Somente diante de toda a extensão do Conjunto Nacional, tombado pelo patrimônio histórico, que o mosaico português foi mantido, essa foi uma exigência para que as pessoas com deficiência de locomoção não saíssem prejudicadas, pois o atual piso em concreto privilegia a acessibilidade universal. (GONÇALVES, 2009)
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Abrigos para pedestres, bancas de jornal, lixeiras e barracas de flores foram padronizadas, em fibra de vidro IMAGEM 5 e 6
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A Paulista é um dos melhores caminhos quando se está de bicicleta, por ser o mais curto e mais plano, dando acesso a várias regiões da cidade. O eixo do “espigão”, que vai d o J a b a q u a r a a Pe r d i z e s , é relativamente plano, com desnível irrisório e bem distribuído ao longo de seus mais de 13 quilômetros de extensão. Qualquer rota alternativa implica em muitas subidas e, geralmente, aumento da distância percorrida. Com 2,7 quilômetros de extensão e construída no canteiro central, entre a Praça Oswaldo Cruz e a Avenida Angélica, a ciclovia da Avenida Paulista tem 4 metros de largura. A ciclovia foi elevada e fica a uma altura
de 18 centímetros em relação às faixas de rolamento ao seu lado.³ Devido a essas características, muitos cidadãos utilizam a avenida diariamente em seus deslocamentos de bicicleta. É o que mostra a pesquisa realizada em setembro de 2010 pela Associação Ciclocidade, onde foi realizada uma contagem fotográfica. Naquela ocasião foram fotografados 733 ciclistas em um espaço de 16 horas, com uma média de 52 ciclistas por hora – equivalente a cerca de uma bicicleta por minuto. Entre as 17 e 18 horas a frequência atingiu seu pico, com 86 ciclistas em uma hora. E isso sem estrutura específica para sua circulação, com
Ciclovia
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boa parte dessas pessoas utilizando o mesmo espaço onde circulam os ônibus – ou até mesmo as calçadas.⁴ Segundo uma pesquisa do volume de bicicletas que circulam pela Paulista realizado em 2015 pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), diz que o número de ciclistas que passou a circular na Avenida Paulista durante a realização das obras da ciclovia subiu 51%. O estudo mostra que aumentou de 85 para 129 o número de ciclistas que passaram em ambos os sentidos no período de três horas antes e depois do início das obras. E esse número só aumentou depois que a obra foi concluída.⁵
O projeto de implantação da ciclovia com menos de 4 quilômetros, e que faz parte de um projeto de implantação de cerca de 400 quilômetros de vias, recebeu tratamento e sinalização especiais da demais ciclovias da cidade. Quando o projeto foi anunciado, uma audiência pública foi proposta para discutir, em especial, a ciclovia na Avenida Paulista, conforme publicado no jornal O Estado de São Paulo, na edição de 11 de setembro de 2014.⁶
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Centralidade simbólica
Cartão Postal A avenida mais famosa da cidade, a Paulista é sempre escolhida para grandes manifestações, eventos e intervenções que concentrem um grandes público, já que por dia circulam, em média, 1,5 milhão de pessoas, seja a passeio ou a trabalho, além de ser o ponto mais procurado pelos turistas.
Centro Financeiro A Avenida é sempre associada a instituições financeiras. A cada 50 metros, há um banco na Paulista: hoje são mais de noventa bancos, dos quais 55 são acessíveis aos clientes⁷, os demais ficam no interior de prédios comerciais. É uma avenida de trabalho: em seus 18 quarteirões funcionam mais de 3000 empresas e 14 bancas de jornal. Manifestações
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Tradicional palco de manifestações sociais, este excepcional espaço público vem se configurando como espacialidade estratégica para a articulação dos vários atores sociais, e daí como espacialidade de convivência, disputa e conflito entre eles, e entre tantas diversidades. Sua importância já se afirmava como “local de manifestação política por parte de um número crescente de grupos sociais. O que já vinha sendo rotina nos últimos anos – o confronto de interesses entre direitos de expressão de grupos sociais e os difusos direitos de ir e vir – parecem ter se ampliado para além das pistas da avenida, nas calçadas, nas estações de metrô, nas ruas ao entorno”.¹³
IMAGEM 7 - Billy W Martins - Flickr
São Silvestre A corrida internacional de São Silvestre é, provavelmente, a mais famosa das provas de rua em nosso país. Disputada no dia 31 de dezembro, todos os anos a cidade recebe corredores de outros países apenas para participar da competição. Em 10 de dezembro de 1967, Roberto Costa de Abreu Sodré, governador do estado de São Paulo, oficializou a prova como parte do calendário turístico paulista. Em 2015 a corrida reuniu cerca de 30 mil corredores de 37 países e de todos os Estados do Brasil.¹²
Réveillon A tradicional festa de Ano Novo da Avenida Paulista acontece todos os anos com uma grande concentração de pessoas ao longo de toda a extensão da avenida. Telões são posicionados para que cerca de 2 milhões de pessoas possam assistir a programação do palco principal. A contagem regressiva sempre é feita por algum artista que se apresenta na noite, iniciando a grande queima de fogos de artifício que dura no mínimo 10 minutos.
Parada Gay A Parada Gay de São Paulo é um evento que atraiu em 2016 cerca de 2 milhões de pessoas. É um dos maiores eventos do público LGBT no mundo. A concentração da Parada acontece na Avenida Paulista, com dispersão no centro da cidade. Ao longo do trajeto, há trios elétricos de entidades ligadas ao movimento LGBT e de estabelecimentos comerciais, que tocam diversos tipos de música. A última parada foi realizada em 29 de maio de 2016.⁸ Segundo a SPTurismo, a parada ocupa o primeiro lugar no ranking dos eventos que mais atraem turistas à cidade, com 320.000 pessoas, seguida pela Virada Cultural, Bienal Internacional do Livro, Salão Internacional do Automóvel e Fórmula 1. Há, no entanto, estimativas de que a Virada Cultural já tenha atraído 400 mil turistas em 2008, o que a deixaria em primeiro lugar.⁹ 23
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Domingo A avenida Paulista pode ser vista e aproveitada de outra forma aos domingos. A via passou a ser oficialmente fechada para carros, das 9h às 17h, e se tornou ainda mais uma opção de diversão para os paulistanos. A iniciativa é parte do Programa Rua Aberta, da Prefeitura de São Paulo. "As pessoas começam a perceber São Paulo como um lugar de encontro, aberto para todos e com inúmeras possibilidades de lazer. A abertura da Paulista simboliza essa redescoberta da ocupação do espaço público", afirma o prefeito Fernando Haddad ao "Guia Folha”¹⁴ em outubro de 2015.
A Av. Paulista é o grande centro econômico do Brasil, sede de grandes companhias e, no domingo, vira um espaço democrático com muita gente, música, diversão e famílias” Paulo Skaf
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O QUE ENCONTAR NO DOMINGO
Além de apresentações musicais, a avenida Paulista tem bares, restaurantes, feiras de rua e centros culturais abertos aos domingos.
nº 2.064 O Shopping nº 2.026 Os amantes de Center 3 é um dos cinco café podem parar no centros de compras Starbucks. Há também abertos no domingo, é bebidas frias, como o uma opção para quem frapuccino de chocolate Starbucks. Dom.: 9h às 22h. precisa usar o banheiro. Shopping. Dom.: 14h às 20h.
nº 1.578 Além de exposições, o Masp recebe a tradicional feirinha de antiguidades, no vão-livre. Masp. Dom.: 10h às 17h30.
nº 675 O Pastel de Feira e Caldo de Cana deliciosos (a partir de R$ 4,50) em mesas de plástico. Pastel. Dom.: 10h às 18h.
nº 497 Simples, o bar Praça Oswaldo Cruz Domínio espalha mesas a praça abriga uma feira pela calçada. Tem gastronômica. Ali, vários cerveja em garrafa (R$ 9 foodtrucks vendem a R$ 10). churros, lanches entre Domínio. Dom.: 6h às 22h. outros. S/nº. Dom.: 11h às 22h.
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2073 Conjunto Nacional IMAGEM ACERVO DO AUTOR
Edifício Fiesp 1313 IMAGEM ACERVO DO AUTOR
Arquitetura
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Como muitos outros lugares de importância histórica e pública, a a r q u i t e t u r a d a A v e n i d a Pa u l i s t a constantemente se atualiza para refletir sua relevância de centro cultural e comercial. O Conjunto Nacional, projetado pelo arquiteto David Libeskind, permite permeabilidade de suas galerias, refletindo as proposições arquitetônicas e urbanas modernas dos anos 50. Outros prédios também resgatam essa idéia de arquitetura pública. O prédio da Gazeta foi projetado pensando numa escadaria que abrigasse o pedestre e o convidasse a sentar para conversar com os amigos. O Shopping Center 3, edifício mais recuado da calçada que o comum, oferece uma cobertura e um espaço público, e é nesse espaço em que as pessoas marcam seus encontros, se juntam para assistir a um espetáculo de rua, ou para vender seus cacarecos. O MASP, de Lina Bo, é o marco da idéia de arquitetura pública: além de ser um museu conhecido mundialmente, o prédio, com sua estrutura arrojada, é um edifício suspenso, dando de presente aos cidadãos um espaço que serve de palco para grandes protestos, para feirinhas de arte e artesanato, que se transforma em ponto de encontro para os turistas. A arquitetura do MASP tem uma concepção muito interessante, pois permite que o pedestre tenha uma vista panorâmica, criando um mirante bem no meio de uma das áreas urbanas mais valorizadas da cidade.¹⁵
Outros edifícios também têm grande importância histórica, entre eles o Banco Sul Americano, projetado pelo escritório do arquiteto Rino Levi e realizado em 1963 - o edifício base, o banco propriamente dito, detém quase a totalidade do perímetro da esquina e pode ser acessado por ambos lados. Já o edifício torre, onde estão os escritórios, apresenta apenas um discreto acesso lateral, bastante recuado em relação ao limite do edifício pela avenida. O Edifício Fiesp, produzido pelo mesmo escritório, é outro destaque. Este edifício, que resultou de um concurso, foi projetado em 1969, num período em que estava em pauta a discussão dos projetos da Nova Paulista, e, no final da década de 1990, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha recebeu uma proposta de reformar a parte mais baixa do edifício. Paulo Mendes fez questão de procurar o escritório Rino Levi Associados para apresentar a sua proposta de intervenção. O arquiteto explica que levou em consideração fatores como o “maior desfrute do plano público” ao conduzir a reforma do prédio. “São Paulo é um centro industrial por excelência e a Fiesp queria um teatro e um centro de exposições”, diz. “Achei muito oportuno, uma boa proposta de convivência entre o privado e o público”.¹⁶
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Dediquei este capítulo para trazer fragmentos do texto "O Guia do não-estar na Avenida Paulista"¹⁷ escrito por Vivian Costa e Juliana Monferdini. O texto é um convite a uma reflexão sobre a qualidade dos espaços públicos encontrados na Avenida Paulista, na perspectiva do pedestre. A leitura desse texto me fez sair para a rua, a fim de registrar em fotografias as potencialidades que a avenida oferece e as situações inusitadas do uso desses espaços pelos seus frequentadores. Andando pela avenida, eu pude observar pontos com potencial, lugares passíveis de transformação, capazes de receber um mobiliário urbano de qualidade para atender a necessidade de sentar, recostar, para o simples descansar ou para ocorrer um inesperado encontro.
Observando a mais paulista das avenidas "Como ficar num lugar de passagem? Com o passar do tempo, a Avenida Paulista perdeu suas praças públicas tão bem cuidadas e os jardins dos casarões também se foram. A via que sustentava o status de “mais agradável da cidade” tornou-se lugar de pressa, onde parar na rua não chega a ser proibido mas é um ato claramente desestimulado. Isso não é por acaso, nem sem querer. Falta espaço para estar na Paulista; quem para, entra: no café, no bar, no shopping. A rua, o espaço público, hoje são lugares de passagem.” 28
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Quero citar que simbolicamente essa avenida é um grande palco de protestos e grandes celebrações de todos os tipos. Mas estou treinando o meu olhar para as reapropriações do espaço … as mais sutis, as práticas cotidianas que eu encontro ali. Cada pessoa que usa a lixeira como mesa ou senta-se desconfortavelmente em um degrau, mureta ou canteiro. Essa pessoa manda um recado para a cidade: “Essa cidade também é minha.”
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O quão insensível pode ser um espaço “acessível?.” Alguém pensou em “gente”? Tem gente que não passa simplesmente pela calçada, que percebe a cidade e se relaciona com o espaço. Tem os que só estão de passagem, os que ficam, os que vendem, que fazem arte e os que pedalam, tem gente para tudo. Dizer que não é possível se sentar na Avenida Paulista de fato não é verdade.
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Apesar da escassez do mobiliário urbano instalado ser explícita, deparei-me com uma profusão de muretas, degraus, grades, saídas de ar, saídas do metrô e canteiros com
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enorme potencial para o recostar casual, ainda que seja apenas para colocar uma mochila ou se apoiar, além de espaços sem uso.
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O problema está na ignorância desse potencial. Existe clara repressão do uso desses pequenos espaços através da instalação de grades e metais pontiagudos. As pessoas estão lá, contorcendo-se, buscando se apoiar no mínimo espaço existente. Prefiro acreditar que as grades estão ali instaladas por terem sido esquecidas.
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Augusta e Paulista no auge das seis da tarde. Uma multidão se esbarra apressada. E não precisa ser sexta-feira para que a torrente boêmia paulistana comece a descida da Augusta.
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No meio dessa pororoca que mistura estilos desgovernados, podemos encontrar o remanso da esquina, local protegido da pororoca humana, onde um vendedor expõe seus artigos, onde alguém encontra
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um amigo, bebe um vinho barato ou só fuma um cigarro. Isso só foi possível devido ao projeto da CET, que simplesmente instalou grades para conter e direcionar o fluxo de pessoas para as
faixas de pedestres, e que acabou configurando espaços de parada e estar em diversas esquinas da avenida. Provavelmente, eles não pensaram nisso!” IMAGEM ACERVO DO AUTOR
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Referências
Carré d'Art é um museu de Arte contemporânea na cidade francesa de Nîmes, em frente ao Maison Carrée. Foi construído em vidro, aço e concreto, como parte de um projeto para remodelar a praça na qual estão situadas as duas construções. A entrada do museu se dá através de uma escada com patamares, onde eu pude encontrar muitas pessoas sentadas olhando o movimento da calçada e observando as pessoas que passavam na praça em frente. Nesse local eu pude sentir o quanto é agradável se sentar para um breve descanso e apenas ficar observando o movimento da rua e das pessoas. Imediatamente, fiz um paralelo com a escadaria da Gazeta.
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La Confluence mudou radicalmente a ocupação de uma antiga área portuária da cidade de Lyon, França, dando lugar a apartamentos, escritórios e lojas, promovendo uma rápida gentrificação da área. O cuidado com o projeto dos espaços públicos na área de La Confluente é excepcional, a quantidade e qualidade dos mobiliários urbanos é enorme, em visita a região, chamou-me a atenção o reaproveitamento dos desníveis do solo como imensos bancos lineares a perder de vista, o material empregado foi o concreto e pedra. Ali se configura um espaço de repouso, principalmente para os trabalhadores da região, que usam o espaço como local de descanso no horário do almoço. Notei que na avenida Paulista, faltam espaços de sentar adequados às pessoas, acredito que se fossem criados bancos lineares similares a este de Lyon ao longo dos canteiros, a oferta desses espaços se adequaria ao número de pessoas que frequentam a avenida.
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U - SEATING - Viaplana + Helio Piñón - 1988 Neste banco produzido em Cast Stone, o interessante é o fato dele poder ser posicionado em forma linear e concretado ao solo ou apenas apoiado sobre um piso, criando um piso elevado. Um detalhe interessante desse banco é a possibilidade do usuário se sentar no encosto do banco, apoiando os pés no acento. É uma posição agradável para se sentar e conversar com alguém que esteja em pé, a frente do banco, muito comum no uso cotidiano, mas nem sempre prevista pelos projetos. A forma suspensa do banco me inspirou em meus desenhos.
Coda Street Furniture - Alex Lifschutz É uma linha de mobiliário urbano de suporte para bicicleta, banco, banqueta, lixeira e mini poste, que, de acordo com o arquiteto, oferece grande durabilidade devido ao uso de concreto com acabamento polido.¹⁸ Gostei de como o arquiteto conseguiu criar uma linha de mobiliários harmônica, pois muitos dos detalhes e formas são comuns às diferentes peças. O apoio do banco, por exemplo, em concreto, tem extremidades finas que vão encorpando até chegar ao centro do banco, o que melhora sua estabilidade, rigidez e relação com as outras peças. Destaco o uso do metal dobrado dos apoios de braço com grande raio de curvatura.
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Parklet é uma alternativa rápida e eficaz para áreas desprovidas de mobiliário urbano, e serve também como a criação de um lugar definido para o estar, um ponto de encontro. Sua implantação permite que uma comunidade reinvente seu próprio espaço de convívio. Um dos aspectos mais interessantes do parklet é a sua escala de implantação, a forma de humanizar e democratizar o uso da rua, tornando-a mais atrativa e convidativa, e provocando uma reflexão sobre a cidade que queremos habitar. Tendo sido uma das hipóteses originais de projeto, posteriormente descartada, segue sendo uma importante referência de escala de intervenção.
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Logo nas primeiras etapas do projeto, foram programadas algumas visitas a Avenida Paulista em diferentes dias e horários, a fim de observar e fotografar livremente qualquer apropriação dos usuários nas calçadas, escadas, muretas e abrigos do metrô. Através da fotografia, o projeto começou vincular-se com a avenida. Dessa forma, nas imagens que vimos ate o momento, estão pessoas encostadas em paredes, sentadas em muretas, lixos, apoiadas em grades nas esquinas e em outras diversas situações.
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Memorial de projeto
Do modelo de estudo em papel ao modelo em escala
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Primeiro croqui | recuo dos canteiros
| croqui | banco parasita
| croqui | estudo de fluxo
As muretas espalhadas pela avenida, são os locais favoritos, dos usuários onde podem se sentar à sombra, de maneira desajeitada devido ao pequeno apoio (apenas 10cm). É comum encontrar usuários utilizando sacos e pedaços de papelão para se sentar sobre o canteiro de terra que as muretas cercam. Os primeiros croquis já configuravam o mobiliário como objetos parasitas, para serem fixados na mureta, usando a como apoio vital. Nesse aspecto, a ideia inicial de usar o concreto como material, deixou de ser uma opção adequada, e foi substituído por aço, que é um material mais leve, resistente e dobrável. O aço permite projetar peças resistentes, leves e empilháveis, contribuindo assim para um transporte mais barato, uma instalação mais limpa, com menos esforço da mão de obra instaladora. Peças produzidas e montadas na indústria e implantadas na avenida com apenas buchas e parafusos, com o uso de ferramentas leves e manuais.
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A mureta feita de concreto armado, que possui grande resistência, permitindo a implantação do mobiliário parasita, como bancos e encostos fixadas em sua face externa. O fluxo de pessoas, muitas vezes não passa próximo às muretas, e em alguns casos, criam recuos vazios, esses serão configurados no projeto como locais de estar, com bancos para os usuários aproveitarem o tempo de descanso. Em locais onde o fluxo de pessoas próximas a mureta é mais intenso, e onde a implantação de bancos se torna inviável ao fluxo, é possível prever a implantação de encostos para o corpo, assim um usuário pode se encostar no mobiliário sem ocupar muito espaço e sem impedir o fluxo de pedestres. Os atuais guarda corpos da avenida, que orientam o fluxo de pessoas nas esquinas e funcionam como barreira para que usuários não atravessem as vias da avenida em locais perigosos, estão atualmente deteriorados, muitos deles estão tortos devido a grande quantidade de usuários que se encostam neles. O projeto prevê a substituição dos guarda corpos atuais, por um novo sistema de mobiliário modular, com opções de modulação e maior resistência.
| croqui | gabarito de raio de curvatura dos mobiliarios
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| croqui | fixação de piso
| croqui | guarda corpo | variação de uso em uma mesma estrutura | croqui | banco com encosto
| croqui | guarda corpo | estrutura principal
| perspectiva | uso do encosto como aparador
| desenho sobre imagem da maquete | estudo do corpo interagindo com o mobiliário
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IMAGEM ACERVO DO AUTOR
Os abrigos do metrô se configuram como pontos de encontro e parada, é notável a presença de pessoas checando seus celulares, ou olhando as pessoas que aparecem nas escadas rolantes emergindo do subterrâneo, estas pessoas quando não estão na frente da porta de saída, estão sentadas na parte mais baixa da cobertura de vidro do abrigo. Inicialmente o projeto previa uma arquibancada sobre o abrigo do metrô, configurando uma imensa área de estar, permitindo que usuários usassem a arquibancada para se sentar ou como mirante no ponto mais alto. Essa proposta inicial foi desconsiderada devido a o exc e s s o d e m o d i fi c a ç õ e s e s t r u t u ra i s , necessárias para viabilizar a construção da arquibancada. A intervenção sobre a cobertura de vidro seria muito exagerada, uma vez que a uma nova estrutura de apoio para a arquibancada teria que ser projetada para substituir o atual. Diante dessa alteração, a solução do projeto foi um mobiliário de apoio para o corpo, fixado na mureta base do abrigo de metrô, onde os usuários atualmente se encostam na chapa existente no local. Utilizando dois encostos já projetados e mais uma barra prolongadora , é possível configurar um amplo local de encosto com pouca interferência visual e estrutural no abrigo do metrô.
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| croqui | proposta inicial desconsiderada | arquibancada na cobertura | abrigo do metrô
| croqui | encosto parasita
| croqui | encosto parasita | abrigo do metrô
| primeiros experimentos com chapa dobrada
Situação atual em todos abrigos do metrô | acabamento danificado devido o uso expontâneo como encosto
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MAQUETE DE ESTUDO | GUARDA CORPO MAQUETE DE ESTUDO | BANCO COM ENCOSTO
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MAQUETE DE ESTUDO | BANCO SEM ENCOSTO
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MAQUETE DE ESTUDO | ENCOSTO INCLINADO
MAQUETE DE ESTUDO | ENCOSTO COM APARADOR
MAQUETE DE ESTUDO | ENCOSTO COM PROLONGADOR
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Modelo em escala real IMAGEM ACERVO DO AUTOR | TÉCNICOS ESTUDANDO O DESENHO ANTES DE EFETUAR A DOBRA
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Foram realizadas visitas à Empresa Triperfil Perfilados, especialista em corte, dobra de chapas, com o auxílio do engenheiro responsável. As visitas foram importantes para definir a espessura ideal de chapa e dimensionamento dos objetos a fim de aproveitar ao máximo , os tamanhos de chapas comercializada pela empresa. Ao efetuar a dobra em uma chapa metálica (em uma máquina que é capaz de aplicar mais de 150 toneladas de força) sua aresta fica com acabamento curvo, visualmente interessante, quebrando as arestas retas originais do material, tornando confortáveis para o apoio das pernas ao se sentar ou encostar.
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Com a ajuda dos técnicos, foram efetuadas dobras de retalhos para testes de flexibilidade, assim foi possível notar que as de menor espessura apresentavam muita flexibilidade. Com isso chegamos a um consenso de que a chapa de 4,5mm era ideal para suportar o peso das pessoas sem envergar, evitando adicionar ao processo de dobra a criação de vincos na chapa, o que encarece muito o processo, pois exige moldes. Após o acompanhamento do manuseio do material, do processo de corte e dobra das chapas, o projeto seguiu para o detalhamento de cada peça (que até então eram apenas croquis).
TESTE DE DOBRA | VERIFICANDO DIFERENTES RAIOS DE CURVATURA
PERFIS | OPÇÕES DE ESPESSURA - 2,25 / 3,20 / 4,0 / 4,50 / 4,75 / 6,35 mm TAMANHO COMERCIA DA CHAPA - 1200mm X 3000mm
TESTE DE DOBRA | VERIFICANDO CURVATURA
PARAFUSO 10MM SEXTAVADO | CHUMBADORES
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AMOSTRAS | CHAPAS COLETADAS AO LONGO DO PROJETO
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Após o detalhamento, foi realizado o corte e dobra de duas peças, um banco e um encosto, a fim de verificar se as dobras e a escala eram confortáveis ao corpo, o que se mostrou satisfatório. O processo de criação dessas duas peças foi realizado em quatro etapas: - marcação das medidas na chapa de aço com 4,75mm de espessura. - corte da chapa usando uma guilhotina hidráulica com 150 toneladas de pressão. - dobra com a prensa dobradeira hidráulica com 150 toneladas de pressão. - acabamento da peça, com o uso de esmerilhadeira para eliminar rebarbas e cantos vivos da chapa de aço, resultantes do corte. O tempo de produção de cada peça foi de aproximadamente 15 minutos.
IMAGEM ACERVO DO AUTOR | REGULAGEM DO PRISMA E FACA | PRENSA HIDRÁULICA
IMAGEM ACERVO DO AUTOR | CORTE DA CHAPA | GUILHOTINA
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IMAGEM ACERVO DO AUTOR | DOBRA DA CHAPA | PRENSA HIDRÁULICA
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MARCAÇÃO | FURO DE FIXAÇÃO
FURO | FURADEIRA DE BANCADA
ACABAMENTO | ESMERILHADEIRA
FIXAÇÃO | BANCO DE APOIO PARA TESTES DO BANCO E ENCOSTO
BANCO | CHAPA DE AÇO | 4,7MM
ENCOSTO | CHAPA DE AÇO | 4,7MM
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BANCO COM ENCOSTO | MODELO EM ESCALA REAL
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ENCOSTO | MODELO EM ESCALA REAL
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O projeto tem o objetivo de oferecer um mobiliário urbano compatível com o uso espontâneo dos usuários em todos os locais públicos registrados nas fotografias existentes neste trabalho. Além de oferecer uma oportunidade para os usuários da avenida descansarem de forma & mais confortável TCC | ARQUITETURA URBANISMO do que apenas sentando nos estreitos ORIENTADOR GABRIEL PEDROSA canteiros dispostos ao longo da avenida; permitir que as pessoas que trabalham sejam capazes de passar seu tempo livre de almoço em um dos novos mobiliários propostos, ao invés de subir para seus escritórios antes mesmo de completar o merecido tempo de folga. Quanto mais pessoas permanecerem na avenida, maior e melhor será a chance da a
p ro p o s t a c o n t r i b u i r p a r a s u a segurança e para a vitalidade da avenida. Os canteiros localizados em frente aos grandes edifícios comerciais podem receber bancos, a fim de acolher pessoas em seu horário de almoço GARCIA para descansar, "matar o FABIANO SILVESTRIN tempo" , fumar um cigarro ou aguardar o próximo ônibus no fim do expediente. Os localizados próximos a lanchonetes, pastelarias, sorveterias, cafés ou qualquer outro estabelecimento que sirva comida, assim como locais próximos a modalidades de comida de rua, como os Food Trucks, irão criar a possibilidade das pessoas comerem
PERSPECTIVA 3D | SIMULANDO AS ESQUINAS, CANTEIROS E ABRIGOS DO METRÔ AO LONGO DA AVENIDA
Projeto
CADERNO DE PROJETO
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MOBILIARIO URBANO | AVENIDA PAULISTA |
ao ar livre com mais conforto. Bancos e encostos instalados em espaços públicos costumam funcionar bem quando oferecem vistas para lugares interessantes, ou para locais onde muitas pessoas passam. Assim como locais para se sentar com sombras de árvores criam um ambiente convidativo para descansar e conversar. O sistema de guarda corpos prevê módulos de encosto, banco e lixeiras. O módulo de encosto foi projetado para afastar o corpo das pessoas que atualmente se encostam, e ficam muito próximas dos veículos que cruzam a avenida. O módulo banco, oferece um pequeno apoio para se sentar, e pode ser implantado em locais que não tenham as muretas como apoio aos
bancos. O módulo lixeira possui 4 cestos individuais fixados a estrutura do guarda corpo, permitindo a fácil troca de sacos de lixo. Como dito no capítulo anterior, os abrigos do metrô funcionam como ponto de encontro: pessoas ficam na frente das saídas aguardando outras pessoas para um encontro, seja ele com um amigo para ir à faculdade, alguém do trabalho, a namorada ou o namorado voltando depois de um dia de trabalho. O projeto propõe que as saídas de metrô ao longo da avenida recebam a implantação do encosto permitindo que as pessoas fiquem aguardando outras pessoas, fora da área de circulação da calçada.
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GUARDA CORPO | #4- COM MÓDULO ENCOSTO OFERECE SUPERFÍCIE ADEQUADA PARA O ENCOSTAR, E AFASTA O CORPO DOS VEÍCULOS NA PISTA
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PERSPECTIVA 3D | SIMULANDO AS ESQUINAS AO LONGO DA AVENIDA
GUARDA CORPO | #2 - COM APOIO POSSIBILITA PRENDER BICICLETAS E OUTROS OBJETOS
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BANCO | #1 - COM ENCOSTO
ENCOSTO | #2 - VARIAÇÃO
ENCOSTO | #2 - FUNCIONA COMO APARADOR DE OBJETOS E BANCO ELEVADO, PERMITE QUE OS PÉS FIQUEM NO AR AO SE SENTAR
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PERSPECTIVA 3D | SIMULANDO O RECUO DOS CANTEIROS AO LONGO DA AVENIDA
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ABRIGO DO METRÔ
GUARDA CORPO | #3 - COM MÓDULO BANCO
GUARDA CORPO | #3 - COM MÓDULO LIXEIRA
ENCOSTO | #3 - IMPLANTADO NA BASE DO ABRIGO DO METRÔ
BANCO | #2 - SEM ENCOSTO
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PERSPECTIVA 3D | SIMULANDO O RECUO DOS CANTEIROS AO LONGO DA AVENIDA
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ARO EXTERIOR
LIXEIRA
RODAPÉ BASE TRAVESSÃO INTERMEDIARIO | alongado
TRAVESSÃO INTERMEDIARIO
MURETA | existente TERRA | existente
BANCO
ENCOSTO
CHUMPADORES
DETALHE A FIXAÇÃO NA MURETA Chumbador FCB com parafuso | 10mm
DETALHE B FIXAÇÃO NO PISO Chumbador FCB com parafuso | 10mm
PARAFUSOS
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Sistema modular | Guarda corpo
Detalhes | Fixação
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RAIO CURVATURA DA DOBRA | 10mm
RAIO CURVATURA DA DOBRA | 10mm
MATERIAL | chapa aço 4,7mm TRAVERSÃO ALONGADO| se configura como superfície para apoiar o corpo
MATERIAL | chapa aço 4,7mm TRAVESSÃO INTERMEDIÁRIO | proteção
FIXAÇÃO DO BRAÇO DE APOIO | 03 parafuso sextavado c/ flange de 10mm
FIXAÇÃO ENTRE CHAPAS | parafuso sextavado c/ flange de 10mm
FIXAÇÃO ENTRE CHAPAS | parafuso sextavado c/ flange de 10mm
FIXAÇÃO | veja detalhe B
100 mm
FIXAÇÃO | veja detalhe B
100 mm
1500 mm
1500 mm
50 mm 175 mm 50 mm
900 mm
175 mm
900 mm 706 mm
50 mm
100 mm
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V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
Guarda corpo | #01 - Convencional
Guarda corpo | #02 - Módulo de apoio
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ASSENTO | chapa dobrada com apenas dois pontos de fixação um ponto de apoio no guarda corpo
RAIO CURVATURA DA DOBRA | 10mm
MATERIAL | chapa aço 4,7mm
FIXAÇÃO ENTRE CHAPAS | parafuso sextavado c/ flange de 10mm
PONTO DE FIXAÇÃO DO BANCO AO BRAÇO DE APOIO
FIXAÇÃO | veja detalhe B
FIXAÇÃO DO BRAÇO DE APOIO | 03 parafuso sextavado c/ flange de 10mm
100 mm
1500 mm
195 mm
250 mm
50 mm
55 mm
170 mm 900 mm
60 mm 170 mm
486 mm
50 mm 195 mm
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BANCO | a chapa se configura como superficie para se sentar
V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
Guarda corpo | #03 - Módulo Banco
DOBRA DE APOIO | ponto onde a chapa dobrada se apoia no braço do guarda corpo, sem a necessidade de fixar com parafuso
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RAIO CURVATURA DA DOBRA | 10mm
MATERIAL | chapa aço 4,7mm PONTO DE FIXAÇÃO | do encosto ao travessão FIXAÇÃO DO BRAÇO DE APOIO | 03 parafuso sextavado c/ flange de 10mm
FIXAÇÃO | veja detalhe B
FIXAÇÃO ENTRE CHAPAS | parafuso sextavado c/ flange de 10mm
1500 mm
100 mm 250 mm
APOIO | a chapa se configura como superfície para apoiar o corpo
900 mm 710 mm
706 mm
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VISTA DIREITA
VISTA FRONTAL
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
Guarda corpo | #04 - Módulo Encosto
DOBRA DE APOIO | ponto onde a chapa dobrada se fixa no braço do guarda corpo com 03 parafusos
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TAMPA | abertura de 85º permitindo fácil acesso à parte interna da lixeira para troca do saco de lixo
LIXEIRA | com recorte a plasma e dobras
ORELHA DA TAMPA | tampa com recorte à laser e dobra feita em dobradeira manual | pressa com parafuso passante, permitindo a livre abertura e fechamento da tampa
TAMPA DA LIXEIRA | permite abertura total para a retirada do saco de lixo de dentro do cesto | chapa metálica 3mm
FIXAÇÃO | veja detalhe B 100 mm
FIXAÇÃO DA LIXEIRA | 02 parafusos sextavado c/ flange de 10mm
346 mm 350 mm
350 mm
23 mm
350 mm
23 mm
350 mm
23 mm V I STA S U P E R I O R
656 mm
A
escala: 1”= 20’
292 mm 100 mm
1500 mm
350 mm
350 mm
350 mm
~ 284 mm
~ 350 mm
ABERTURA | espaço gerado pela dobra do material que impede acumulo de água dentro do cesto
900 mm
673 mm
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CORTE A
V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
Guarda corpo | #03 - Módulo Lixeira
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LAPELA | se configura como apoio traseiro aos braços de quem senta no banco
CHAPA METÁLICA | 4,7mm com uma dobra CHAPA METÁLICA | 4,7mm com três dobras RAIO CURVATURA DA DOBRA | 10mm FURO | evita o acumulo de água
FIXAÇÃO | veja detalhe A
RAIO DE CURVATURA DA CHAPA | 10mm curvatura que não incomoda a região posterior da coxa ao se sentar e permanecer sentado
FIXAÇÃO | com 08 parafusos diretamente nas muretas Veja “DETALHE A” .
ENCOSTO E ASSENTO | reclinados levando a pessoa à apoiar as costas, distribuindo o peso do corpo pelo banco, aumentando conforto
ASSENTO | reclinado a inclinação aumenta o apoio nas coxas distribuindo melhor o peso do corpo
1000 mm
A
41 mm
390 mm 100°
273°
273°
379 mm
319 mm
319 mm
379 mm
319 mm 450 mm
~ 319 mm
~ 484 mm
450 mm
150 mm
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1000 mm 3°
150 mm
V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
Banco | #01 - com encosto
Banco | #02 - sem encosto
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ENCOSTO | angulo de 50º em relação a um corpo em pé, com dobra na altura de 700mm, ideal para se encostar e
APARADOR | a 700 mm do chão, se configura como superfície de apoio para objetos ou como banco elevado, uma pessoa de estatura mediana fica com os pés elevados do chão ao se sentar no aparador
RAIO CURVATURA DA DOBRA | 10mm
FIXAÇÃO NA MURETA | ver detalhe A
FIXAÇÃO NA MURETA | ver detalhe A
500 mm
VARIAÇÃO DE TAMANHO | apoio com metade da largura, para permitir diferentes modulações
1000 mm 250 mm 230°
225 mm
161 mm
1000 mm
90°
552 mm
863 mm
550 mm
702 mm
550 mm
700 mm 450 mm 150 mm
150 mm
90
150 mm
V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
V I STA D I R E I TA
V I STA F R O N TA L
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
Encosto | #01
Encosto | #02 - Aparador
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CONEXÃO ENTRE CHAPAS | a junção entre as duas peças é feita por sobreposição das chapas e fixadas com 03 parafusos c/ flange sextavado de 10mm
ENCOSTO PROLONGADOR | chapa de aço que faz a conexão entre dois encostos tipo A
ENCOSTO
SAÍDAS DO METRÔ | local de possível instalação do encosto, evitando que pessoas se apoiem nos acabamentos em aço inox já danificados pelo uso FIXAÇÃO NA MURETA | ver detalhe A
3900 mm 1000 mm
1900 mm
1000 mm
250 mm 230°
552 mm
161 mm
863 mm 552 mm
702 mm
150 mm
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150 mm
VISTA DIREITA
VISTA FRONTAL
escala: 1”= 20’
escala: 1”= 20’
Encosto | #03 - com prolongador
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Conclusão Durante a graduação no curso de arquitetura, existiram diversos momentos para reflexões e questionamentos sobre muitos temas, não somente relacionados à arquitetura em si, mas também relacionados aos aspectos voltados ao comportamento dos indivíduos na cidade. A observação do indivíduo usando a avenida no seu dia a dia foi a linha estruturadora desse projeto: por onde as pessoas andavam, onde elas se apoiavam e quais eram os locais em que elas se sentavam. O projeto se desenvolveu a partir da busca em registrar esses momentos, de viver a avenida e observar como cada indivíduo se apropria dela. As visitas à fábrica foram importantes para a compreensão do projeto, permitiu que os modelos ganhassem corpo rapidamente, ter contato com o processo de corte e de dobra, mostrou-se vital para criação de dois produtos em escala real. O projeto desde o começo buscou ser simples, poucas dobras dividiam uma simples chapa de aço de um banco pronto para ser instalado e usado. Percorridos mais de 30 km pelas calçadas em 15 visitas a Avenida Paulista, foram tiradas mais de 800 fotografias de pessoas em seus momentos de ida e volta do trabalho, de lazer e de encontro com amigos. Todos que foram fotografados pelas lentes da câmera eram primeiramente desconhecidos, mas em um determinado momento se tornaram parte do desenvolvimento do projeto.
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Bibliografia BASSO, Liliane; Mestranda; Programa de Pós-Graduação em Design - Universidade Federal do Rio Grande do Sul FERRARI, Celson. Dicionário de Urbanismo. São Paulo: Disal, 2004. FRUGOLI JR, Heitor. As atividades culturais no eixo da Avenida Paulista. São Paulo, EAESP/FGV/NPP – Núcleo de Pesquisas e Publicações, 1995, p. 4-5. GONÇALVES, LUISA. Libreto Av. Paulista. 1. ed. São Paulo, SP, 2009, 56 p. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Coleção a, São Paulo, WMF Martins Fontes, 2000. LONGO, CELSO (1997) Design Total - Canduro Martino, pp. 95., 152 ils. São Paulo: Cosac Naif, 2014 RODRÍGUES, PATRICIA. O espaço público, esse protagonista da cidade. Archdaily, 19 Dezembro, 2013. <http://www.archdaily.com.br/br/01-162164/o-espaco-publico-esseprotagonista-da-cidade
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Imagens Imagens acervo do autor: imagens fotografadas por Fabiano Garcia Silvestrin, utilizando equipamento Canon EOS Kiss X7
Imagem 01 - LONGO, CELSO (1997) p.104. Imagem 02 - LONGO, CELSO (1997) p.104. Imagem 03 - LONGO, CELSO (1997) p.116. Imagem 04 - LONGO, CELSO (1997) p.116. Imagem 05 - LONGO, CELSO (1997) p.116. Imagem 06 - LONGO, CELSO (1997) p.116. Imagem 07 - Billy W Martins Disponível em:<https://www.flickr.com/photos/billywmartins/ 26725904653/in/photolist> Imagem 08 - Disponível em: <http://www.escofet.com/pages/productos/ producto_pdf.aspx?IdP=1> Imagem 09 -Disponível em: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/ed/a0/cc/ eda0cca30a1eb50707bfb0eb7d3fa700.jpg> Imagem 10 - Disponível em: <http://zoom.arq.br/?portfolio=parklets-heineken> Imagem 11 - Disponível em: <http://wvyw.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/ 16.186/6072?page=5> Imagem 12 - Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/755006/resultados-do-concursonumber-007-projetar-dot-org-parklet-na-vila-madalena>
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