Morar na rua: Caminhar, Transformar, Apropriar

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MORAR NA RUA CAMINHAR | RANSFORMAR | ARORIAR

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Talita Santos Passos

MORAR NA RUA: CAMINHAR, TRANSFORMAR, APROPRIAR – ELEMENTO URBANO ADAPTÁVEL

Trabalho

de

apresentado

conclusão ao

Centro

de

curso

Universitário

SENAC – Campus Santo Amaro, como requisito para obtenção do grau Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Ms. Ricardo Luís Silva

SÃO PAULO

2016


“Diga-me e eu esquecerei, ensina-me e eu poderei

lembrar,

envolva-me

e

eu

aprenderei.� Benjamin Franklin

3


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por permitir minha existência e assim o desenvolvimento desse trabalho, à minha família e pessoas próximas por todo apoio e orientação, à todos que indiretamente contribuíram para o desenvolvimento desta pesquisa e, por fim, ao meu professor e orientador Ms. Ricardo Luís Silva pela disponibilidade de tempo e material a fim de tornar este trabalho possível.

4


RESUMO

A cidade é composta por dinâmicas e contextos diversos, muitos

deles

desconhecidos

por

indivíduos

que

caminham diariamente pela cidade em termos de vivência, mas que são visíveis aos olhos e são capazes de provocar inquietações e questionamentos. Morar na rua é um desses contextos que, embora seja uma prática não prevista para a cidade, sensibiliza por apresentar péssimas condições e falta de dignidade humana, com ênfase na questão espacial. As relações que esses

indivíduos estabelecem com o espaço público no município de São Paulo são abordadas e estudadas nessa pesquisa com intuito de identificar e compreender

questões que normalmente não são observadas em uma primeira observação, apenas com a experiência diária na cidade, e que são passíveis de intervenções que amenizem

o impacto que esta prática causa no espaço. Palavras-chave: Morador de rua, espaço público, apropriação, adaptação, vivência.

5


ABSTRACT

The city is composed of several dynamics and contexts, many of them are unknown to the individuals who walk through the city daily in terms of living, but these components are visible to the eye and are able to provoke uneasiness and questionings. Living on the street is one of those contexts that, although it is not a practice predicted to the city, it raises awareness because it shows poor conditions and lack of human dignity, with emphasis on the spatial issue. The relationships that these individuals

establish with the public space in the city of SĂŁo Paulo are approached and studied in this research in order to identify and understand issues that are not normally

observed in a first observation, only with the daily experience in the city, is that it is susceptible to interventions that soften the impact that this practice

causes in the space. Keywords: Street dweller, public space, appropriation, adaptation, experience.

6



SUMÁRIO 1 | INTRODUÇÃO................................................09

2 | 5 | 2 LUGAR DE APROPRIAÇÃO.....................................33

1 | 1 PROBLEMÁTICA..............................................................09

2 | 5 | 3 ANÁLISE DAS APROPRIAÇÕES............................59

1 | 2 OBJETIVOS.........................................................................12

3 | MAPEAMENTO..............................................70

2 | O DESOBRIMENTO DO CAMPO................13

4 | FORMAS DE INTERVENÇÃO –

2 | 1 PRIMEIROS DEVANEIOS..............................................13

REFERÊNCIAS PROJETUAIS............................76

2 | 2 PERAMBULAR: O ACONTECER.................................21 2 | 3 ETNOGRAFIA – O OLHAR D(A) RUA.......................23

5 | INTRODUÇÃO AO PROJETO.....................86

6 | LISTA DE FIGURAS.....................................116

2 | 4 INVISIBILIDADE..............................................................27 2 | 4 | 1 INDIVÍDUO E PAISAGEM........................................27

7 | REFERÊNCIAS..............................................124

2 | 4 | 2 ANONIMATO...............................................................29 2 | 5 CIDADE ADAPTÁVEL......................................................31

2 | 5 | 1 COMPREENDER O “ENTRE”..................................31

8


1 | INTRODUÇÃO 1 | 1 PROBLEMÁTICA O município de São Paulo possui dimensões populacional

e

aproximadamente

territorial

milhões

aproximadamente 250 km², dimensões que geram

altos de moradores de rua, isso por que essa população

complexidades em questões urbanas e sociais. Este

tende a ocupar regiões específicas que disponibilizam

cenário permite que muitos conflitos sejam gerados no

de meios mais viáveis e imediatos de ocupação e

contexto espacial, como por exemplo, o déficit

sobrevivência, como acontece com as regiões centrais e

habitacional, que devido ao crescimento exponencial da

sub-centrais, diferente de áreas mais residenciais e

cidade, dentre outros fatores, tornou-se difícil seu

periféricas da cidade. Embora o poder público já aplique

gerenciamento. Mas, existem também, conflitos mais

medidas para a melhoria dessa problemática urbana

pontuais gerados por especificidades do espaço e da

com meios de reinserção social e assistência a essas

sociedade, como a ocupação do espaço público por

pessoas, por motivos sociais individuais diversificados,

moradores de rua.

nem Paulo

pessoas

momento ao tentar situa-lo na observação e percepção

diárias da rotina urbana, em que não se vê números tão

São

de

generosas,

em

Atualmente,

11

bastante

Esse dado pode ser impactante em um primeiro

contabiliza

aproximadamente 15 mil pessoas morando nas ruas.

sempre

os

meios

utilizados

suportam

o

contingente e atendem às necessidades mais específicas

dessa população, o que gera uma situação de descaso 9


com essas pessoas que, por sua vez, gera o contexto de

a região central de São Paula foi escolhida como campo

apropriação não planejada do espaço público. Além de a

de estudo dessa pesquisa. Considerando que os fatores

atuação

em

que levam uma pessoa a morar na rua são diversos,

resultados, ela se restringe apenas a uma atuação mais

sendo a maioria deles ligado a psicologia e ao contexto

intensa no campo social, pois não existem hoje projetos

social do indivíduo, a atuação da arquitetura se

voltados para esta população que partam de outro

restringe, nesse caso, apenas aos limites do espaço,

campo de visão e estudo, como, por exemplo, a

podendo por meio dele atingir as questões sociais em

arquitetura como meio de reinserção social e de

que se insere essa pessoa. Sendo assim, diante desta

melhoria do espaço público.

limitação, o caminho mais viável para a atuação da

do

poder

público

ser

insuficiente

Em São Paulo os centros e sub-centros são

arquitetura e do urbanismo é a de lidar com o problema

bastante característicos do ponto de vista do dinamismo

ao invés de tentar solucioná-lo, algo que pode acontecer

urbano, pois se caracterizam por fluxos econômico, de

por

pessoas, de locomoção e de informação muito intensos.

necessariamente condicionada a essa premissa. O

Essa dinâmica possibilita e facilita a ocupação dos

processo de investigação dessa pesquisa foi divido por

moradores de rua nessas regiões, pois disponibilizam

etapas que seguem a seguinte linha de raciocínio.

de áreas com potencial de apropriação, como praças

Embasamento das ideias iniciais ligadas ao tema através

públicas, grandes canteiros, largos, escadarias, viadutos

de referências e leituras que abordam a questão da

e áreas subutilizadas, embora estes espaços não tenham

relação entre o homem e o espaço e do “morar na rua”;

sido planejados para esse tipo de uso. Por esses fatores,

exploração do campo como meio de descoberta e

meio

desta

atuação,

mas

que

não

está

10


e aproximação

de uma dinâmica que até então foi

observada e analisada de maneira superficial e a distância; pesquisa referencial de projetos ligados ao tema com diferentes escalas e propósitos; e por fim o desenvolvimento projetual de um elemento urbano que visa o uso e a apropriação do morador de rua e, assim, melhorar a sua relação com espaço e a cidade.

11


1 | 2 OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho surge da

transformação espacial e consequentemente social

necessidade espacial de adaptação aos fenômenos

. Embora a intervenção propriamente dita esteja

ocasionados pela dinâmica urbana derivada de aspectos

direcionada a uma problemática urbana, a ideia é a de

econômicos, sociais, políticos e urbanísticos, neste caso,

que por meio dela também seja possível atingir outras

a ocupação não planejada por moradores de rua dos

questões que se associam a ela, como a relação direta da

espaços públicos.

população que mora na rua com as pessoas que

De acordo com o que foi citada no item anterior,

partilham do mesmo espaço de maneiras diferentes e

referente à atuação da arquitetura e do urbanismo estar

que não se encaixam neste contexto; e como a

limitada a intervenção direta no espaço como meio de

arquitetura pode intervir em questões da cidade que

solução e melhorias de contextos problemáticos

geram situações adversas à população e ao espaço como

variados, como por exemplo, o contexto social do

um todo.

morador de rua, a intervenção urbana derivada do estudo

destes

espaços

identificados

como

problemáticos vem a ser o principal meio de atuação, uma vez que possibilita ações que transformam o espaço, a curto ou a longo prazo, com o intuito de 12


2 | O DESCOBRIMENTO DO CAMPO – PERCEBER E DEDUZIR 2 | 1 PRIMEIROS DEVANEIOS Com a temática do trabalho já definida, algumas

“Mas eu não sei na verdade quem eu

atividades foram praticadas a fim de embasar as ideias

sou!

iniciais da pesquisadora. A primeira delas foi a de

Já tentei calcular o meu valor

selecionar elementos quaisquer que de alguma forma

Mas sempre encontro o sorriso e o

fizessem menção ao tema. Sendo assim, foram

meu paraíso é onde estou

selecionadas duas músicas: “Eu não sei na verdade

Eu não sei na verdade quem eu sou!

quem eu sou – Teatro Mágico” e “Marvin – Titãs”. A

Descobrir da onde veio a vida

primeira retrata um indivíduo que a princípio parece

Por onde entrei deve haver uma

perdido na vida, que não possui uma identidade e não

saída

consegue compreender a vida como ela é, mas que em

Mas tudo fica sustentado pela fé!

algum momento e de alguma forma desconhecida se

Na verdade ninguém sabe o que é!”.

sente pertencente a algo maior e a algum lugar.

(ANITELLI, Fernando. Recombinando atos. Intérprete: O Teatro Mágico. Eu não sei na

verdade quem sou. 4 CD.) 13


Essa música foi escolhida porque é possível

E todo dia antes do sol sair

relacioná-la a alguns dos indivíduos que moram na rua,

Eu trabalhava sem me distrair [...]”.

pois muitos deles, devido a problemas psicológicos, se

(REIS, Nando; BRITTO, Sérgio. Marvin.

encontram neste estado de desencontro consigo

Intérpretes: Titãs. WM Brasil. 1 CD.)

mesmo, além do fato de que o “morar” está muito relacionado com a identidade de uma pessoa, e no caso

As situações que levam uma pessoa a morar nas

desses indivíduos que não possuem um local próprio

ruas são variadas, e a situação descrita nesta música é

para viver, essa situação fata de identidade acaba se

um exemplo. Atualmente muitos dos moradores de rua

intensificando.

são

jovens

adultos

que

passam

por

situações

A segunda música retrata um jovem que muito

semelhantes e, ás vezes por necessidade financeira ou

cedo vivenciou o falecimento de seu pai e se viu diante

por uma questão psicológica, acaba tornando o espaço

de uma obrigação inesperada: a de assumir o papel

público sua moradia. Para exemplificar é possível citar

como “chefe da família” e assumir as responsabilidades

algumas

de um adulto.

esporadicamente”, são pessoas que tem uma casa em

pessoas

que

“moram

nas

ruas

uma cidade com alto índice de desemprego e procuram

“[...] E três dias depois de morrer

por trabalhos em cidades vizinhas ou próximas a que

Meu pai, eu queria saber

ele reside, e pela dificuldade de locomoção acabam

Mas não botava nem os pés na escola

dormindo nas ruas algumas noites.

Mamãe lembrava disso a toda hora 14


Outro elemento tido como referência ao tema foi o filme Into The Wild (2008) que conta uma história baseada em fatos reais de um jovem que pertencia a uma família de hábitos e valores tradicionais, o que acabou motivando-o a “largar tudo” para vivenciar seus sonhos e buscar seus objetivos. É de conhecimento Figura 1 – Cena do filme “Into The Wild”. Fonte: Site “Cine Garimpo”, 2016.

comum que muitas das pessoas que moram nas ruas já vivenciaram experiências semelhantes, que tem uma casa para onde podem voltar, mas que por questões

O último elemento selecionado como referência

pessoais e anseios diferentes aos da família optam por

foi o ensaio fotográfico realizado por dois estudantes

não de voltar.

brasileiros em 2015 e se intitula como: “Sempre quis

“Em vez de ficar passivo diante de

ser”. Nele são registradas fotos de moradores de rua

um mundo que não o satisfaz, ele vai

com placas em que foram escritos seus sonhos e anseios

criar outro, onde poderá ser livre.”

para a vida. Nas placas é possível ler desde profissões a

(CARERI, Francesco. Walkscapes – O

sentimentos que os moradores de rua almejam ser e

caminhar como prática estética, São

sentir.

Paulo, 2013, p. 11)

15


 Centralidade  Chão  Contextos  Corpo  Descaso  Identidade (Falta de)  Invisibilidade  Pluralidade  Rotina (Falta de) Figura 2 - Série fotográfica “Sempre Quis Ser”. Fonte: Site “Hypness”, 2016.

 (In) Tolerância  Vãos  Adequação

Em

seguida

foram

selecionadas

algumas

 Aproximação (Falta de)

palavras que se relacionam com a temática da pesquisa

 Improviso

e que fazem menção ao às referencias reunidas

 Marginalização

anteriormente. São elas:

 Perambulação  Segregação

 Pertencer

 Transitoriedade

 Abrigo 16


A seguir, as mesmas palavras foram separadas entre

“verbos,

“não-verbos”

e

“não-verbos

que

indicassem ação”. E assim ficou:

das palavras identificadas anteriormente. O primeiro livro a ser lido foi O “Encontros Etnográficos” (2004) de Michael Agier, em que o autor aborda a questão da imersão do indivíduo

⟶VERBO: Pertencer

no campo a fim de explorar situações desconhecidas e

 NÃO VERBO: Abrigo, centralidade, chão, contextos,

vivenciá-las de modo a perceber e compreender

corpo, descaso, identidade (falta de), invisibilidade,

especificidades do campo que não são possíveis

pluralidade, rotina (falta ou excesso de), (in)

observar em uma leitura superficial. A partir dessa

tolerância e vãos:

premissa, foi feita uma vivência nos espaços públicos da

 NÃO VERBO (AÇÃO): Adequação, aproximação (falta de),

improviso,

marginalização,

perambulação,

segregação e transitoriedade.

cidade São Paulo com o olhar voltado para o individuo que mora na rua e se apropria do espaço, e foi possível identificar dois perfis de moradores de rua.

O primeiro deles é o “errante”, aquele que não se A identificação e divisão dessas palavras foram feitas

fixa em um mesmo lugar por muito tempo, que

com o intuito de definir alguns conceitos que, se

geralmente não possui muitos pertences (mochilas ou

analisados fora do contexto do tema da pesquisa,

sacolas plásticas pequenas na maioria das veze), que

poderiam gerar interpretações variadas ou dispersas,

está sempre á deriva pela cidade e que, embora

como por exemplo a palavra “invisibilidade”, que

estabeleçam relações com outros moradores de rua,

anteriores, principalmente pela definição dos conceitos

estão sozinhos na maioria das vezes. 17


Este perfil é muito encontrado na região da Praça Júlio

nomeado como “cigano”, pois, embora também sejam

Prestes onde fica localizada a “Cracolândia”. Pode-se

nômades como no perfil anterior (com uma frequência

associar esse fato ao uso das drogas que é bastante forte

maior nos intervalos de locomoção), está sempre

na região, o que dá ao indivíduo características

acompanhado por indivíduos que se encontram no

psíquicas pontuais que não são abordadas nesta

mesmo contexto de relações pessoais. Mesmo que

pesquisa, mas que podem ser a causa desta rotina mais

atuem sozinhos em algumas atividades que praticam

errática. É possível encontra-los, também, em vãos de

pela cidade, como trabalhar como catadores de lixo, por

viaduto que o poder público não permite longas

exemplo, é possível encontrá-los estabelecendo relações

apropriações, como no Elevado Presidente João Goulart,

faz menção a como as pessoas que não se encontram na

conhecido como “Minhocão”, ou os viadutos da Av. Nove

condição de morador de rua enxergam essas pessoas, e

de Julho.

não necessariamente ao indivíduo que mora na rua e se

O segundo perfil observado é o indivíduo que se

apropria do espaço público.

apropria do espaço da cidade com a intenção de

Com os conceitos básicos definidos se iniciaram

“permanência” e que muitas vezes é encontrado em

as leituras; as escolhas dos títulos também foram

organizações grupais de moradores de rua (Vale

influenciadas pelas etapas com outras pessoas, como

ressaltar que a o conceito de “permanência” associado

acontece em uma roda de amigos em uma praça. Esse

ao morador de rua é relativo, pois viver na rua envolve

tipo de perfil é possível encontrar em vãos de viaduto

imprevisibilidades que influenciam no tempo que se

que não passam por inspeção constante do poder

permanece em um determinado lugar). Este perfil foi

público, como por exemplo, o Viaduto do Glicério e o 18


Viaduto de Mesquita Filho; em praças, largos ou regiões

Outra questão que é levantada a partir dessas leituras é

com presença de equipamentos institucionais com

a interpretação da cidade como potencial para usos não

entorno imediato público e passível de apropriação,

previstos, no caso morar na rua. Através dessa

como acontece na região do Theatro Municipal de São

interpretação do espaço é possível entender como as

Paulo, onde sempre é possível vê-los concentrados em

características das diferentes regiões estudadas estão

grupos reunidos e conversando, ou na Praça do

ligadas a presença mais ou menos intensa de moradores

Patriarca, onde a partir das 18h00 alguns indivíduos

de rua. Citando novamente a “Cracolândia”, trata-se de

começam a chegar para dormirem.

uma região bastante degradada nos sentidos físico e

As leituras do livro “Os Olhos da Pele”, de Juhani

perceptivo. As edificações no geral são deterioradas,

Pallasmma (2005) e do texto “Corpografias Urbanas” de

carece de espaços públicos de qualidade, tem uma

Paola Berenstein Jacques (2008), direcionaram a

grande concentração de edifícios abandonados e

pesquisadora a analisar como acontece a percepção da

posteriormente ocupados, e sofre com a presença

cidade por um morador de rua através de longas

intensa de venda e uso de drogas. Tais dinâmicas

observações de seus hábitos diários. Diferentes das

influenciam na degradação da região, que por sua vez

pessoas que não se encontram na condição de morar na

influenciam na escolha do morador de rua como espaço

rua, esses indivíduos experimentam um contato maior e

em potencial para ocupação. Diferente da região do

mais real com elementos da cidade que para a maioria

“Minhocão”, que é rodeado por edifícios residenciais de

das pessoas só são experimentados através do olhar e

médio padrão e edifícios comerciais que, indiretamente,

não através do corpo e dos sentidos como um todo.

influenciam em ações vindas do poder público para 19


retirar possíveis ocupações dos vãos do viaduto.

indivíduo que mora na rua, eles se relativizam, pois o

Os livros “Arquitetura dos Entre Lugares” do

espaço que é público e é apropriado pelo morador de

autor Igor Guatelli (2012), “Walkscapes – O caminhar

rua, passa a ser privado sob o ponto de vista e do uso

como prática estética” do autor Francesco Careri

pessoal do indivíduo daquela área. Sendo assim, é

(2013), “Metamorfose do Espaço Habitado” do autor

possível compreender o espaço e sua territorialidade

Milton Santos (2008), “Dimensões Ocultas” do autor

como algo que não é definido ou delimitado apenas pelo

Edward T. Hall (2012) e “A Cidade Vista – Mercadorias e

que há de material nele, mas a partir do uso do

cultura urbana” da autora Beatriz Sarlo, conduziram a

indivíduo e da forma como ele se apropria de um

pesquisadora por um caminho mais abstrato do tema,

determinado lugar.

onde foi possível estudar o espaço com o intuito de compreender a territorialidade e sua definição prática a partir do corpo do indivíduo e não por definições

exatas, como por exemplo, delimitações físicas. Para situar essa análise pode-se usar os conceitos de “público” e “privado” como exemplo. Por

definição gramatical e conceitual, tais palavras possuem significados claros e bem estabelecidos e que se relacionam, na maioria das vezes, a aspectos físicos e

materiais. Mas, ao levar esses conceitos ao mundo do 20


2 | 2 PERAMBULAR: O ACONTECER

As perambulações aconteceram em horários e

Os percursos não foram pré-estabelecidos, pois a

dias diferentes, durante a semana e aos finais de

ideia inicial e que permaneceu por todo o processo de

semana. A partir delas, foi possível observar e associar à

pesquisa, era a de que a pesquisadora fosse afetada pela

rotina do morador de rua como as dinâmicas de dias

cidade, acontecimentos e situações que se deparava no

diferentes da semana estão associadas a praticas dos

decorrer deles. Isso ajudou na descoberta de regiões

indivíduos.

que antes eram desconhecidas e a perceber elementos

Por questões de localização da pesquisadora, a

que antes passavam despercebidos, como por exemplo,

maiorias dos percursos se iniciaram pelo ponto de

o número de moradores de rua que adotam cachorros

encontro entre a Av. Consolação e o Elevado Costa e

que também moram nas ruas é bem maior do que se

Silva, em direção ao bairro da Santa Cecília. Pelo mesmo

ouve falar ou se vê esporadicamente em meios de

motivo, a maioria dos percursos terminaram no mesmo

comunicação.

ponto também, na Av. Ipiranga, próximo a Praça da

Na primeira perambulação, a pesquisadora

República. Com algumas regiões dos percursos sendo

estava com um pouco de receio da aproximação,

analisadas mais de uma vez, foi possível perceber

observação e de fotografar algumas situações, por

questões como assiduidade, ou a falta dela, do morador

motivos de retalhamento dos próprios moradores de

de rua em algumas dessas regiões.

rua, ou de pessoas ao redor; embora nem todas as 21


situações fotografadas houvesse no momento um

estabelecem muitas regras que não compreendem

indivíduo na cena, pois os objetos que caracterizam a

necessidades específicas dos moradores de rua, e como

apropriação do espaço já é bem relevante para análise

o porquê de ocuparem aquela região, a qual a resposta

do contexto. A partir do segundo percurso a prática se

foi de que ali se tratava de uma região mais tranquila

tornou mais natural, pois foi possível perceber nos

para apropriação, do que regiões como a Praça da Sé e a

moradores de rua certa passividade quanto à isso, e

“Cracolândia”, lugares que Marcelo já havia ocupado

apenas olhares curiosos dos demais indivíduos que

anteriormente, mas que tem um grande fluxo de

circulavam pelas regiões investigadas.

pessoas e estão sempre sob o olhar e revista do poder

Na terceira perambulação ocorreu algo bastante

público.

inusitado: na região do Glicério existe uma forte

Outra situação observada foi a de que alguns

ocupação de moradores de rua nos vãos do Viaduto do

lugares são propícios a serem ocupados por uma mais

Glicério. Em um dos momentos que a pesquisadora

dias ou semanas do que outros. Um exemplo é a Praça

estava fotografando foi notada por um dos moradores

Dr. João Mendes, próximo a Praça da Sé, onde foi

de rua, que a seguiu por uns minutos até confrontá-la

possível notar um carrinho e pertences que, juntos,

pra saber com qual finalidade os estavam fotografando.

formavam um abrigo temporário no intervalo entre a

Então, foi estabelecida uma conversa com o indivíduo,

primeira e segunda perambulação, equivalente há

que se chama Marcelo, e foi possível compreender

aproximadamente duas semanas. Além de amais

algumas coisas, como o porquê de eles não se sentirem

algumas barracas que se apropriam de alguns canteiros

a vontade em abrigos e centros de convivência

na mesma praça. 22


2 | 3 ETNOGRAFIA: O OLHAR D(A) RUA

Geralmente, a relação que se estabelece entre um

indivíduo envolvido no contexto, permite que sejam

indivíduo e um contexto urbano ao qual ele não

feitas análises sem que haja um contato direto com o

pertence surge da observação deste contexto, seja

mesmo indivíduo, além de possibilitar a descoberta de

quando está no ônibus e observa pela janela, seja na

fatos novos que ás vezes se esconde nas entrelinhas.

hora do almoço quando senta no banco da praça, ou

Mas, o que de fato vai determinar essa intensidade no

simplesmente quando sai de casa para jogar o lixo. A

envolvimento com os elementos do contexto é o grau de

cidade está repleta de contextos a serem descobertos, e

observação que será estabelecido pela pessoa que

a rotina individual de cada um possibilita essa

estuda com o meio estudado.

descoberta a todo o momento. Porém, há níveis de observação que permitem que o observador se envolva

Na obra de Michel Agier “Encontros Enográficos” (2004), o autor faz a seguinte declaração:

neste contexto de modo a vivenciar mais “intimamente” do que está habituado.

“O

que

o

etnólogo

transmite

O exercício da observação direta como meio de

caminha lentamente da observação

estudo de caso é fundamental, pois através dela é

à interpretação, da prática à teoria.

possível diagnosticar problemas, favorecer a construção

Iniciação,

de hipóteses, permite a aproximação com o

exercícios: são palavras de um saber

lição,

aprendizagem,

23


que nasce numa longa relação com as

Ao levar este conceito para o campo de estudo

pessoas de seu ‘campo’!” (AGIER,

desta pesquisa, e considerando a rua como elemento de

Michel. Encontros Etnográficos, São

apropriação e ocupação do morador de rua, é possível

Paulo, 2004, p. 09).

construir a diferença entre “olhar a rua” enquanto indivíduo que observa, e “olhar da rua” como indivíduo que vivencia e interpreta.

Etnógrafo é o indivíduo que atua no campo de

A escolha do tema desta pesquisa que é focado

estudo não apenas como observador, mas como

no espaço público apropriado e ocupado pelo morador

indivíduo que imerge no campo em busca de novas

de rua surgiu a partir da observação deste fenômeno

experiências e formas de conhecimento. O trecho citado

urbano em momentos que a pesquisadora vivenciou

explica que o viés da observação que permite o estudo

experiências que se relacionavam ou contemplavam

aprofundado do meio só é possível quando deixa de ser

este contexto pontual, porém sempre com o olhar para a

observação natural e passa a ser intencional, quando os

rua, não da rua. Por exemplo, caminhar pela Rua Barão

olhos são voltados para o meio em busca de algo novo e

de Itapetininga, localizada no bairro da República,

de novas perspectivas, ou até mesmo a ausência delas. A

região central de São Paulo, com um objetivo definido

etnografia como prática, por sua vez, possibilita o

de chegada fará com que o individuo observe certas

entendimento da importância que existe nas relações

dinâmicas, como o vendedor ambulante que está

entre indivíduo e espaço, e de que forma isso acontece

sempre atento e em posição de retirada caso a

na cidade.

fiscalização se aproxime, assim como será possível 24


observar, também, a presença de um morador de rua

estratégico para apropriação, por exemplo, e perceber

em alguma esquina, no degrau de entrada de alguma

dali como as coisas acontecem ao redor e imaginar

loja ou embaixo de uma das árvores no fim da rua.

possíveis locais como potenciais para esta ocupação.

Embora tenha sido possível notar pelo menos uma

Novamente, Michael Agier aborda a etnografia

dessas situações, o olhar do observador não estava

como reconhecimento mais completo do campo e de seu

treinado e voltado para nenhuma delas em especial. E é

contexto:

justamente essa observação natural das coisas, das pessoas e dos lugares que direcionou o desejo da

“Tudo o que o etnólogo faz tem uma

pesquisadora de vê-las, observá-las e interpretá-las sob

dupla dimensão. Uma é minuciosa –

o ponto de vista da rua, de quem a vivencia de fato e se

o detalhe é seu companheiro, ele

apropria dela como abrigo, não apenas de quem a

busca encontrar as especificidades, a

observa.

menor

Para que fosse possível um conhecimento mais genuíno e aproximado de como se estabelece a relação

(AGIER,

diferença

Michel.

o

interessa.”

Encontros

Etnográficos, São Paulo, 2004, p. 09).

do morador de rua com o espaço público, foi necessário

que tenha sido feita uma imersão no campo. Essa

“[...] As dores, as

imersão no contexto da população de rua envolve

interrogações das pessoas que ele

questões como: sentar-se no mesmo banco que ele se

encontra

senta, se posicionar em pontos que ele considera

respostas aos problemas, às vezes,

e,

alegrias, as

sobretudo,

suas

25


às desgraças, que se apresentam a

Ou seja, o etnólogo como desbravador do campo

eles, constituem a base e a ‘matéria’

tem consigo a responsabilidade de captar aquilo que

de sua reflexão. [...]” (AGIER, Michel.

não se vê a olho nu através da observação natural, de

Encontros Etnográficos, São Paulo,

compreender

2004, p. 10).

comportamento social e relacioná-los aos resultados

as

entrelinhas,

de

interpretar

o

das observações e, assim, entender o contexto que “[...] Eis aqui a outra dimensão do

envolve esse cenário. Sem a minúcia da observação não

ofício: tudo o que aprende lá, o

seria possível analisar e comparar com aquilo que se

etnólogo o mostra aqui. Ele traz o

supõe antes de praticar a etnografia, não seria possível

que aprende de sua viagem para

estabelecer paralelos entre teoria e prática que

comparar,

justificam e possibilitam os questionamentos feitos pelo

mas

sobretudo

para

aproximar, fazer dialogar, mostrar o

etnógrafo.

que existe de comum neste mundo de diferenças. O que faz dele um antropólogo:

sua

pesquisa

visa

construir um saber sobre o humano, de

alcance

universal.”

(AGIER,

Michel. Encontros Etnográficos, São

Paulo, 2004, p. 10). 26


2 | 4 INVISIBILIDADE 2 | 4 | 1 INDIVÍDUO E PAISAGEM Como já foi dito anteriormente, os fatores que

apropriação pelo morador de rua, porém, isso não

levam um indivíduo a adotar a rua como abrigo e

impede que a dinâmica aconteça, e por isso acontecer

moradia são inúmeros, esse fatores acabam por pré-

ao longo do tempo com mais frequência e intensidade,

determinar qual tipo de apropriação acontecerá no

acabou se tornando comum aos olhos da sociedade.

espaço, se será algo mais transitório e passageiro, em

Durante a realização das perambulações foi possível

que ora seu abrigo é um vão de viaduto, ora é a

observar o comportamento dos demais indivíduos ao

escadaria da igreja; ou se será uma ocupação e

passar por áreas ocupadas por barracas, colchões,

apropriação em lugares anteriormente analisados e

papelões, roupas etc., e na maioria das vezes este

estudados

as

cenário não chama a atenção do pedestre. Isso se deve

necessidades do morador de rua por mais dias.

ao fato de que, mesmo aquela ocupação sendo

Independente de como acontece essa organização, ela já

provisória e temporária, mesmo a área sendo ocupada

se tornou comum nas paisagens da cidade, e a presença

por pessoas diferentes a cada dia ou a cada semana, ela

do morador de rua de acabou se tornando parte dela.

está propensa a ser apropriada desta maneira, e de fato

pelo

indivíduo,

e

que

atenderão

Não existem hoje espaços públicos que sejam projetados e visados como possibilidades de

isso ocorre. Logo, pela decorrência da apropriação ela acaba por se tornar parte da imagem da cidade. 27


Devido a ações constantes do poder público as apropriações neste local são sempre passageiras, pois os moradores são retirados e encaminhados a centros de assistências, porém, eles acabam voltando a ocupar a região poucos dias ou semanas depois. Quando ocorre o primeiro dia de ocupação intensa, o impacto visual de quem passa pela região com frequência, a pé ou de carro, é sempre impactante, Figura 03 - Entorno do CEAGESP, SP (1). Fonte: Site “Google Maps”, 2016.

mas não uma novidade, e nos dias seguintes a essa

ocupação essa dinâmica acaba se tornando natural aos olhos de quem vê. A mesma situação ocorre próximo ao Viaduto

Bresser Mooca, zona leste de São Paulo, onde a dinâmica foi observada pela pesquisadora em um fim de semana quando notou intensa ocupação de barracas de

papelão e madeira ao longo dos muros, mesmo a imagem tendo causado impacto por nunca ter sido vista Figura 04 - Entorno do CEAGESP, SP (2). Fonte: Site “Google

Maps”, 2016.

naquele local, não era uma novidade, pois já havia visto

o mesmo ocorrer em outras regiões da cidade. 28


2 | 4 | 2 ANONIMATO

Com a reflexão sobre a apropriação do espaço

vida comum, normalmente deve prestar contas a

público pelo morador de rua ter se tornado parte da

alguém, como um adolescente que deve satisfações aos

paisagem da cidade por sua decorrência, surge a

pais, ou funcionários que devem satisfações aos seus

questão de como os indivíduos protagonistas dessa

chefes.

dinâmica lidam com essa imersão na paisagem, pois são

Por outro lado, os moradores de rua possuem

indivíduos como todos os outros, apenas em contextos

vínculos que são muito mais frágeis com outras pessoas,

sociais diferentes.

isso se deve à sua rotina ser errante. Afinal, como

Essa situação dá aos moradores de rua uma

estabelecer relações duradouras com outras pessoas

condição que a maioria dos indivíduos que não são

sendo que você não é permanente de lugar nenhum e

marginalizados não tem: o anonimato. Um indivíduo

não possui meios de manter essas relações, como por

que tem uma rotina comum e que tem uma rede de

exemplo, objetos tecnológicos? Diante dessa situação

pessoas ligadas a ele de alguma maneira não é anônima

surgem as relações efêmeras entre os moradores com

pelo fato de ter relações estabelecidas com terceiros,

outros indivíduos, sejam estes moradores de rua ou não.

que por sua vez o reconhecem como indivíduo por

Esse tipo de relação permite o desconhecimento do

saberem coisas específicas de sua vida, seja no campo

indivíduo que mora na rua perante a sociedade, que ora

profissional ou pessoal. Esse indivíduo que leva uma

existe, ora não existe. 29


Para exemplificar, pode-se utilizar a fala de um morador de rua expressa no documentário “À margem da imagem” (2003) em que ele diz gostar dessa situação de anonimato, pois ele pode ser quem quiser, quando quiser e onde quiser; além de possibilitar a nomadismo na cidade mais facilmente. Este fato acaba reforçando a imersão do morador de rua como parte da imagem da cidade, pois a partir do momento que ele se coloca na posição de anônimo

diante

da

sociedade,

cria-se

uma

situação

de

invisibilidade destes indivíduos.

30


2 | 5 CIDADE ADAPTÁVEL 2 | 5 | 1 COMPREENDER O “ENTRE” Primeiramente, é de extrema importância que para compreender o espaço que este capítulo tenta

banho em espaços públicos, fontes de água, por exemplo, por não ter um lugar privativo para o fazer.

definir tenha-se em mente que, embora muito se

Os conceitos de “espaço público” e “espaço

mencione espaço público e espaço privado, a ideia aqui

privado” determinam o caráter dos espaços e o tipo de

não é a de discutir o conceito socioeconômico que estes

uso que se tem neles, essa determinação é fundamental

termos englobam. O “público” e “privado” que aqui são

para o cotidiano do indivíduo, pois os afazeres do dia-a-

mencionados, fazem referência às práticas humanas

dia e as dinâmicas da cidade estão diretamente ligados a

diárias que são determinadas a serem praticadas em

essa determinação. Espaço público, no contexto da

espaços públicos ou espaços privados, mas que no

metrópole, compreende espaços urbanos que em

contexto desta pesquisa, vão além dessas predefinições,

conjunto com equipamentos coletivos e infraestrutura

pois partem de uma necessidade

que

compõe a vida em comum da sociedade, como parques,

antecedem essas práticas. Por exemplo, tomar banho é

ruas, avenidas, praças etc. Neste espaço acontece tudo

uma prática de espaço privado, mas na condição de vida

aquilo que, teoricamente, pode ser partilhado com

do morador de rua, passa a ser uma prática livre dessa

outras pessoas visualmente e espacialmente, como por

predefinição, pois muitas vezes ele é “obrigado” a tomar

exemplo, atividades de lazer em parques.

espacial

31


Por outro lado, espaço privado é caracterizado pela

temporariamente

intimidade do indivíduo, em que ele pode controlar os

outra.

acontecimentos e a dinâmica envolvida por este espaço.

Estar no meio de [em train de]... Em

Dentro dele acontece tudo aquilo que, teoricamente,

transformação. É não somente estar

não pode ser partilhado com outras pessoas, como por

no meio ou em um meio, mas ser o

exemplo, tomar banho.

próprio

meio

uma

coisa

[...].

ou

(CARERI,

Paola Berenstein fala sobre “vazios plenos” no

Francesco. Walkscapes – O caminhar

livro “Walkscapes – O caminhar como prática estética”, e

como prática estética, São Paulo,

os descrevem como espaços plenos de descobertas e

2013, p. 10).

possibilidades, e a partir deste conceito surge o “entre” dos lugares:

Considerando a apropriação do morador de rua em espaços públicos com a finalidade do “morar” e a

“Os limites espaciais se mostram

citação acima em que descreve a existência de um

menos rígidos. Entre interior e

espaço

exterior, entre dentro e fora, entre

características, é possível compreender que a ocupação

privado e público, entre aqui e lá.

do indivíduo que mora na rua é uma prática de

Novamente o espaço do ‘entre’. Entre

exploração do espaço que não tem definição, onde são

dois. Estar “entre” não quer dizer ser

criadas possibilidades de uso e apropriação.

entre

espaços

predefinidos

por

certas

uma coisa ou outra, quer dizer ser 32


2 | 5 | 2 LUGAR DE APROPRIAÇÃO

Os espaços escolhidos para apropriação por

possível ver canteiros sendo apropriados de diversas

moradores de rua são diversos, vão desde uma

maneiras, por barracas, por roupas e objetos pessoais,

escadaria, como a da Catedral da Igreja na Praça da Sé,

móveis, ou simplesmente pelo próprio indivíduo.

até os canteiros próximos a Av. Liberdade. Geralmente os lugares escolhidos são espaços que apresentam características como: disponibilidade de espaço e livres de edificação, como praças; lugares que a apropriação não interfira no caminhar do pedestre; como cantos de paredes; lugares cobertos e protegidos de chuva e de sol, como pontes e viadutos; lugares que impossibilitam a circulação, como espaços residuais entre edifícios; e lugares com circulação mais reduzida ou nula, como canteiros. Durante os percursos realizados foi possível observar essas apropriações mais de perto e perceber de que forma elas acontecem. Nas imagens a seguir é 33


Figura 05 – Pça. da Sé, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

Figura 06 – Pça. Pérola Byington, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

34


Figura 07 – Praça da Sé, SP. (2) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

35


Figura 08 – Rua Mauá, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

36


Figura 09 – Pça Dr. João Mendes, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

37


Figura 10 – Rua Ribeiro de Lima, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora,

Figura 11 – Pça. Dr. João Mendes, SP. (2) Fonte: Acervo pessoal da

2016.

autora, 2016.

38


Embora a forma de apropriação seja variada, elas se repetem, as mesmas formas de apropriação vistas nos canteiros são encontradas também em vazios de viadutos e passarelas, como mostram as imagens a seguir.

Figura 12 – Av. Nove de Julho, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

39


Figura 13 – Elevado Presidente João Goulart, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

40


Figura 14 – Passarela das Noivas, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

41


Espaços residuais ou que não possuem acesso comum para os indivíduos no geral, como escadarias trancadas ou espaços embaixo de passarelas, também são muito utilizados para apropriação por parte dos moradores de rua, as imagens a seguir evidenciam que geralmente os espaços que são ignorados pela maioria das pessoas, que aparentam não possibilitar uso e ocupação, são facilmente adaptados por quem mora na rua.

Figura 15– Rua Conde São Joaquim, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

42


Figura 16 – Av. da Liberdade, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

43


Figura 17 – Rua Amaral Gurgel, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

44


Figura 18 – Rua Conde São Joaquim, SP. (2) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

45


Figura 19 – Catedral da SÊ, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

46


Figura 20 – Viaduto Dr. José Chaves, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

47


Outro tipo de espaço muito ocupado são as calçadas, geralmente são ocupações mais organizadas, pois o morador de rua tem muitos pertences, ou mínimas e que não ocupam muito espaço, pois o morador de rua tem poucos ou nenhum pertence. Com isso, é possível entender que os dois tipos de calçadas mais usados, ou são as calçadas mais comuns na cidade, com largura entre 1 metro e 1,50 metros, ou calçadões de praças e áreas abertas.

Figura 21– Pça. Dr. João Mendes, SP. (3) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

48


Figura 22 – Av. Nove de Julho, SP. (2) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

49


Figura 23 – Av. Ipiranga, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

50


Figura 24 – Rua Conselheiro Ramalho, SP. Fonte: Acervo pessoal da

Figura 25 – Rua Líbero Badaró, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora,

autora, 2016.

2016.

51


Figura 26 – Rua Conde de São Joaquim, SP. (3) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

52


Figura 27 – Rua Pedro Américo, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora,

Figura 28 – Rua Aguiar de Barros, SP. Fonte: Acervo pessoal da

2016.

autora, 2016.

53


Por fim, espaços como praças secas ou com bastante vegetação, largos e pontos de encontro, também são muito apropriados por moradores de ruas. Nestes

é

possível

encontrar

variados

tipos

de

apropriação, seja com barracas, com usos específicos, como por exemplo, estender roupa, ou apenas o próprio indivíduo com ou sem pertences. Seguem imagens para ilustrar.

Figura 29 – Av. São João, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

54


Figura 30 – Vale do Anhangabaú, SP. (1) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

55


Figura 31 – Pça da Sé, SP. (3) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

56


Figura 32 – Pça. Cel. Fernando Prestes, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

57


Essas imagens servem para exemplificar como a cidade, embora não projetada para certos fins, pode ser adaptada diante de uma determinada situação. Os moradores de rua são indivíduos que conhecem a cidade sob um ponto de vista diferente, pois conseguem encontrar possibilidades com facilidade em espaços que a sociedade muitas vezes não enxerga, e este fato abre caminho para possíveis intervenções voltadas também para esta parcela da população.

58


2 | 5 | 2 ANÁLISE DAS APROPRIAÇÕES

APROPRIAÇÃO: ABRIGO Parede/Muro (Rugosidade): Barraca se apoia e fixa na rugosidade do muro/blocos. Encosto/Apoio. Canto (90°).

Calçada não convidativa (Suja): Menor fluxo de

pedestres.

Espaço residual: Ausência de fluxo e uso comum. Uso da grade para prender/fixar elementos que ajudam na apropriação.

59


Cobertura/Sombra: Proteção.

Espaço residual: Ausência de fluxo.

Canto (90°) Parede/Encosto/Apoio.

Papelão: Delimita espaço de apropriação.

Canto (90°) Parede/Encosto/Apoio.

60


Sombra/Proteção dos carros das adjacências. Ajuda no equilíbrio da temperatura no caso de dias de sol.

Canteiro central = Ausência de fluxo de pedestres

Parede alta: Ajuda no sombreamento e direciona o

fluxo lateral de pedestres – Apropriação fora do fluxo de pedestres. Parede lisa: Facilita encosto e apoio de alguns objetos, como a carroça.

61


APOPRIAÇÃO: NECESSIDADES PESSOAIS

Caixa de papelão + Pertence pessoal: Colocada ao lado de um banco para tentar preservar os pertences.

Espaço sem uso e utilizado como “guardador de pertences”. Praça: Fluxo intenso de pessoas.

Pertence pessoal.

Espaço residual: Fora da linha de visão, do acesso comum das e do fluxo de pedestres.

62


Utilização da grade para fixação da barraca e

pertences pessoais.

Muitos moradores de rua têm cachorros como animais de estimação.

Espaço de “canto”, residual: Fora do fluxo principal de pedestres. Abrigo de animal.

Canteiro alto: Fora da linha de visão e acesso comum.

Pertences guardados em caixas.

63


Pertences no centro do canteiro: Fora do fluxo de pedestres e do acesso comum.

Pertences guardados em sacolas plรกsticas e mochilas.

Roupas e pertences pessoais (roupas secando).

Praรงa: Fluxo cruzado de pessoas.

64


APOPRIAÇÃO: CONVIVÊNCIA

Fachada seu uso: Ajuda na redução de fluxo de

pedestres.

Sofá: Proporciona estadia..

Ocupação delimita espaço da apropriação e do fluxo dos demais pedestres.

Praça/Calçadão: Fluxo intenso de pedestres e aberto para apropriação

65


Escadaria sem uso: Não há acesso aberto às pessoas, fluxo reduzido de pedestres. Degraus: Facilita diferentes tipos de apropriação.

Calçadão ao redor de um equipamento institucional.

Vão de viaduto: Sombreamento e proteção.

Parede alta e rugosa: Facilita apropriação em que é preciso fixar objetos na parede, como barracas.

Espaço subutilizado: Sem uso, fluxo reduzido de pedestres.

66


Parede lisa e alta: Permite que objetos sejam

encostados, mas não fixados.. Cadeira: Estadia

Caçada larga: Permite fluxo de pedestres e apropriação de outros cunhos.

Sombreamento/Proteção: Facilita apropriação.

Praça/Calçadão: Fluxo intenso de pedestres e aberto para apropriação.

67


Com as identificações feitas anteriormente, foi possível fazer uma analogia entre os elementos da cidade que mais são apropriados por moradores de rua com as ações dessas apropriações.

ÁRVORES (COPA) VÃOS DE VIADUTO PLATIBANDAS/COBERTURAS

FACHADAS (CEGAS/INUTILIZADAS) PAREDES E MUROS (RUGOSIDADE) CANTOS (90°) ESCADARIAS/LUGGARES ALTOS ASSENTOS (BANCOS/CADEIRAS/SOFÁS) PAPELÃO (CAIXAS MONTADAS E DESMONTADAS) MOCHILAS/SACOLAS PLÁSTICAS CARROÇA/CASA DE CACHORRO

ABRIGAR PENDURAR PROTEGER SOMBREAR

ENCOSTAR/APOIAR/FIXAR EVITAR/LIMITAR/INIBIR ACESSO GUARDAR PERTENCES

ESTADIA/CONFORTO GUARDAR PERTENCES PRATICAR NECESSIDADES PESSOAIS

68


As análises feitas anteriormente ressaltaram

PAREDES E PILARES DE VIADUTOS

quais elementos da cidade facilitam a apropriação por parte dos moradores de rua e onde essas apropriações são mais vistas. Segue imagens: PAREDES E PILARES DE VIADUTOS

BANCOS DE PRAÇA

69


3 | MAPEAMENTO A região central de São Paulo foi escolhida para a investigação das relações do espaço público com o morador de rua porque dispõe de infraestrutura e elementos que facilitam e possibilitam a apropriação do espaço. Áreas com grande disponibilidade de espaços públicos

como

praças

e

canteiros,

de serviços

relacionados a vendas de alimento, como por exemplo, o Mercado Municipal de São Paulo, e com presença intensa de vias de grande porte que formam viadutos, são propícios para essa apropriação, pois oferecem meios imediatos de sobrevivência.

CENTRO ZONA NORTE ZONA OESTE ZONA LESTE ZONA SUL N

Figura 33 – Mapa regional do município de São Paulo. Fonte: Site “Cidade de São Paulo”, 2016. Sem escala.

70


Dentro da área identificada anteriormente foram feitos percursos a fim levantar informações a respeito do processo de organização espacial dos moradores de

BOM RETIRO

rua em áreas públicas, de analisar os espaços SANTA

apropriados e como eles se tornam alvo desta dinâmica,

CECÍLIA

e por fim relacionar esses levantamentos com o contexto que os envolve para entender como funciona a relação entre o espaço e o indivíduo que o ocupa. O primeiro mapa desta investigação apresenta os

bairros por onde os percursos foram realizados, são REPÚBLICA

cinco bairros ao todo: Santa Cecília, Bom Retiro, República, Sé e Bela Vista. Os percursos se limitaram a

estes bairros devido à percepção da pesquisadora que notou uma intensidade menor da presença de moradores de rua nas extremidades que o percurso

alcançou e pela presença de barreiras da cidade.

N

BELA VISTA

Figura 34 – Mapa de bairros da região central de São Paulo. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016. (Sem escala)

71


O segundo mapa registra os percursos realizados em dias variados durante a semana e aos finais de semana, nos perĂ­odos da manhĂŁ, tarde e noite

N

Figura 35 – Mapa de percursos realizados. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016. (Sem escala)

72


Através

das

perambulações

realizadas,

foi

possível analisar o espaço além das suas fronteiras de bairro e obter percepções das regiões que compõem

10

essa área e de como estão ligadas diretamente à

9 3

ocupação dos moradores de rua. Segue terceiro mapa: Áreas com forte presença de habitação precária, ocupações irregulares e pontos de veda e uso de drogas; essas áreas são compostas por regiões como o Glicério (1), a região do Mercado Municipal (2), e a região Júlio Prestes (3) com 4

pontos de uso e vendas de drogas, conhecida como

6 5

“cracolândia”.

7

Áreas com grande número de praças e equipamentos 8

culturais, como a Praça da República (4), Theatro Municipal (5), Praça das Artes (6), Vale do Anhangabaú (7) e Praça da Sé (8). N

1

Áreas residenciais de baixo e médio padrão, com forte

presença policial, como o prédio da ROTA (9), e de edificações históricas como o Museu de Arte Sacra (10).

Figura 36 – Mapa de percepções. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016. (Sem escala)

73


O quarto mapa representa o mapeamento feito durante esses percursos de espaços que estavam sendo apropriados por moradores de rua no momento da perambulação, ou que apresentavam vestígios dessas 2

apropriações com objetos como colchão, papelões usados como cama, sofá, cobertor e roupas. Presença ou vestígios de apropriação de moradores de rua.

Os pontos com maior intensidade de apropriação

são regiões que contém grandes praças como a Praça da Sé (1), regiões de ponto de venda e uso de drogas, como a “cracolândia” (2), e regiões com grandes viadutos, 1

como a região do Glicério (3).

3 N

Figura 37 – Mapa de ocupação. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016. (Sem escala)

74


A ideia de unir estes espaços em único mapa é a de visualizar quais espaços podem ser utilizados e aproveitados

para

o

projeto

de

intervenção,

considerando um percurso ou uma determinada região como possibilidade de atuação. Espaços públicos, como praças e canteiros, lotes subutilizados ou vazios marcados em vermelho.

Imóveis subutilizados ou encortiçados marcados em preto.

N

Figura 38 – Mapa de áreas potenciais para intervenção. Fonte: Acervo do autor, 2016. (Sem escala)

75


4 | FORMAS DE INTERVENÇÃO – REFERÊNCIAS PROJETUAIS ABRIGOS NÔMADES EXPANSÍVEIS

Figura 39. Fonte: Site Web Urbanist, 2016.

Figura 40. Fonte: Site Web Urbanist, 2016.

Figura 41. Fonte: Site Design Launches, 2016.

Figura 42. Fonte: Site Design Buzz, 2016.

76


ABRIGOS NÔMADES DOBRÁVEIS – PAPELÃO

Figura 43. Fonte: Site Arquitetura Sustentável, 2016.

Figura 44: Fonte: Site AJ Design, 2016.

Figura 45. Fonte: Site Appropedia, 2016.

Figura 46. Fonte: Site Dornob, 2016.

Figura 47. Fonte: Site Design Buzz, 2016.

Figura 48. Fonte: Site Inhabitat, 2016.

77


ABRIGOS NÔMADES “CAIXAS”

Figura 49. Fonte: Idea Fixa, 2016.

Figura 50: Fonte: Revista PEGN, 2016. Figura 51. Fonte: Fonte: Tree Hugger, 2016.

Figura 52. Fonte: Site Web Urbanist, 2016.

Figura 53. Fonte: Site Tiny House Talk, 2016.

Figura 54. Fonte: Fonte: Revista Super Abril, 2016.

78


MOBILIARIOS NÔMADES EXPANSÍVEIS

Figura 55. Fonte: Site Estilo Uol, 2016.

Figura 56. Fonte: Site Etsy, 2016.

Figura 57. Fonte: Site Euphrozine Inspirations, 2016.

Figura 58. Fonte: Site Blog Francisco Mugnai, 2016.

79


MOBILIÁRIOS NÔMADES DOBRÁVEIS – PAPELÃO

Figura 59. Fonte: Site Matéria Incógnita, 2016.

Figura 60: Fonte: Site Kartelier, 2016.

Figura 61. Fonte: Site Alept, 2016

Figura 62. Fonte: Site Apuntes, 2016.

Figura 63. Fonte: Site Amor de Madre, 2016.

80


MOBILIĂ RIOS FIXOS INTERNOS

Figura 64. Fonte: Site C More, 2016.

Figura 65. Fonte: Site Top Creative Works, 2016.

Figura 66. Fonte: Site Hypeness, 2016.

81


MOBILIร RIOS URBANOS FIXOS (VOLUMETRIA/FORMA)

Figura 67. Fonte: Site Arquitetura Sustentรกvel, 2016.

Figura 68. Fonte: Site Tree Hugger, 2016.

Figura 69. Fonte: Site Twitter, 2016.

Figura 70. Fonte: Site Fast Coexist, 2016.

82


ANÁLISE DAS REFERÊNCIAS Com base nas referências anteriores, foi feita uma análise através de croquis das partes relevantes de alguns dos objetos que mais se encaixam com as apropriações e ações dos moradores de rua definidas no final capítulo 2.

-

Ações: Encostar, apoiar, fixar / Limitar acesso / Guardar coisas. Tamanho: Média escala (Contexto urbano). Possibilidade de instalação: Paredes e fachadas cegas, muros. Tempo de uso: Tempo curto.

-

-

Ações: Estadia (Conforto) / Guardar coisas / Praticar necessidades pessoais. Tamanho: Pequena escala (Contexto urbano). Possibilidade de instalação: Paredes e fachadas cegas, muros, praças. Tempo de uso: Tempo médio.

83


-

Ações: Pendurar, proteger, sombrear, abrigar. Tamanho: Grande escala (Contexto urbano). Possibilidade de instalação: Paredes e fachadas cegas, muros, vãos e pilares de viadutos. Tempo de uso: Tempo longo.

84


ITENS IDENTIFICADOS:

-

Perdurável / Hastes (Estrutural ou como elemento de apoio) / Dobradiças / Ângulos / Retrátil / Furos / Flexão / Alto estrutural

85


5 | INTRODUÇÃO AO PROJETO Através do desenvolvimento da pesquisa, da foi possível identificar o morador como um indivíduo que transita constantemente pela cidade, por regiões que 1

proporcionem meios imediatos de sobrevivência e

2

assistência à sua condição. Independente do tempo que ele permanece em um lugar, sua permanência é temporária devido a necessidades pessoais do indivíduo

4

ou de ações do poder público.

3

Ao considerar o morador de rua como um indivíduo que “nunca para” e os mapas elaborados no capítulo 3, sobrepondo suas informações, surge como 5

alternativa que sejam feitas intervenções simultâneas pela cidade que se adequem a essa transitoriedade.

N

Segue mapa de regiões potenciais para essa intervenção dentro do campo estudado, Luz (1), Júlio Prestes (2), República/Sé (3), Santa Cecília (4) ou Glicério (5).

Figura 71 – Mapa de áreas potenciais para intervenção. Fonte: Acervo do autor, 2016. (Sem escala)

86


Dentro das áreas identificadas anteriormente foi feita uma pontuação mais pontual de locais que são viáveis para receber intervenções, esses locais foram identificados com base na identificação feita no capítulo 3 dos locais mais apropriados atualmente por moradores de rua. Calçadão: Área públicas com espaço livre e de fácil acesso. Facilita a apropriação de diversos cunhos. Geralmente comporta fluxo intenso de pedestres, Praças, largos e canteiros: Áreas públicas com espaço livre e de fácil acesso. Geralmente abrigam elementos que facilitam a apropriação de moradores de rua, como por exemplo, bancos e árvores, além de comportarem fluxo intenso de pedestres. Edificações e terrenos subutilizados ou vazios: Áreas que na maioria das vezes já pré-dispõem de espaços com uso definido com potencial de adaptação ou áreas livres

N

passíveis de modificação. Áreas com pouco fluxo de pedestres, sombreados e livre de usos definidos.

Figura 72 – Mapa de elementos da cidade potenciais para intervenção. Fonte: Acervo do autor, 2016. (Sem escala)

87


ESTUDO VOLUMÉTRICO Com base nos elementos da cidade identificados

MÓDULO

nas etapas anteriores, dois podem ser ressaltados como principais, são eles: Paredes/muros/fachadas cegas e assentos no geral, bancos, sofás, cadeiras etc. A partir da junção dois foi feita uma volumetria geral para direcionar o desenho do objeto que terá como finalidade assumir um papel de apoio às necessidades

mais comuns na rotina dos moradores de rua, também identificadas anteriormente. Placa que simula parede/encosto

0,50cm

1,00 m

Banco individual

Volumetria resultante da junção dos elementos mencionados anteriormente para início das especulações a respeito do objeto final. 88


CROQUIS DE ESTUDO

89


90


91


DESENHOS TÉCNICOS Sequência de vistas laterais que mostram o processo de abertura da peça.

Detalhe 1 Ver folha 99.

Detalhe 2 Ver folha 99.

Detalhe 3 Ver folha 99.

Detalhe 4 Ver folha 99. VISTA LATERAL 1

VISTA LATERAL 2

VISTA LATERAL 3

VISTA LATERAL 4

ESC. 1:20

ESC. 1:20

ESC. 1:20

ESC. 1:20

92


Sequência de vistas superiores que mostram o processo de abertura da peça.

VISTA SUPERIOR 1 ESC. 1:20

Hastes de cobertura e apoio.

Placas de assento. VISTA SUPERIOR 2 ESC. 1:20

93


Sequência de vistas superiores que mostram o processo de abertura da peça.

Hastes de cobertura e apoio.

VISTA SUPERIOR 3 ESC. 1:20

Alongamento das placas de assento.

Cobertura impermeável.

VISTA SUPERIOR 4 ESC. 1:20

94


Sequência de vistas frontais que mostram o processo de abertura da peça.

Cobertura impermeável (fechada).

Hastes de cobertura e apoio (fechadas).

Placas de fechamento lateral (fechadas).

Placas de assento e apoios de assento (fechadas).

VISTA FRONTAL 1 ESC. 1:20

95


Sequência de vistas frontais que mostram o processo de abertura da peça.

Cobertura impermeável (fechada). Hastes de cobertura e apoio (abertas).

Placas de fechamento lateral (fechadas).

Placas de assento e apoios de assento (abertas).

VISTA FRONTAL 2 ESC. 1:20

96


Sequência de vistas frontais que mostram o processo de abertura da peça.

Cobertura impermeável (fechada). Hastes de cobertura e apoio (abertas).

Placas de fechamento lateral(abertas).

Placas de assento e apoios de assento (abertas).

VISTA FRONTAL 3 ESC. 1:20

97


Sequência de vistas frontais que mostram o processo de abertura da peça.

Cobertura impermeável (fechada).

Placas de assento e apoios de assento (abertas).

VISTA FRONTAL 4 ESC. 1:20

98


DETALHES CONSTRUTIVOS Detalhe que mostra funcionamento de abertura da cobertura do objeto.

Ferragem de armação da cobertura. (ver detalhe ao lado). Lona impermeável de Pet. DETALHE 1

ESC: 1:4

Figura 73. Fonte: Site RTC – Toldos e Persianas

Hastes de aço que faz o movimento pivotante das placas. Barra de aço para rolamento das hastes.

Extensão da placa de assento.

Dobradiça de aço.

DETALHE 2

DETALHE 3

DETALHE

ESC: 1:4

ESC: 1:4

ESC: 1:4

99


ETAPAS DE MONTAGEM DO OBJETO

Parte estrutural do objeto para ser fixada em paredes/muros e no chão.

2 coberturas impermeáveis.

Barra de aço para rolamento das hastes.

Placas de fechamento lateral no nível dos assentos.

Hastes de para cobertura e apoio.

Placas de assento, de apoio aos assentos e de divisão dos compartimentos inferiores.

100


EXEMPLOS DE USO E ADAPTAÇÃO O objeto pode ser utilizado de diversas maneiras, sendo estas abaixo suas principais funções: Estar, abrigar e guardar coisas.

Objeto fechado, sem uso das peças, assim já é possível utilizá-lo para estadia.

Objeto aberto sendo utilizado para dormir, guardar e pendurar objetos. Cobertura parcial feita pelas hastes.

Objeto aberto sendo utilizado para dormir, guardar e pendurar objetos. Cobertura completa feita pela estrutura metálica.

101


MATERIAIS O objeto é composto por 2 materiais principais: WPC (Wood-Polymer Composite) e lona de PET. WPC ou madeira ecológica é um composto formado por finas partículas de madeira plástica.

Sua

composição

tem

e resina

exigências estabelecidas para a cobertura. Os materiais secundários são compostos por peças metálicas ou de aço como dobradiças, hastes pivotantes e barras de ferro.

propriedade

termoplástica, o que permite o material ficar exposto ao clima sem se deteriorar rapidamente. Este material tem benefícios como: baixa possibilidade de deformação, resistência a radiação ultravioleta, pouco desbotamento ao longo do tempo, não há necessidade de pintura e é ecológico, pois são utilizados materiais recicláveis em sua composição provenientes de resíduos industriais ou residenciais reciclados O PET é uma material utilizado para diversos fins, um deles é a lona. O objeto precisava de uma material para a cobertura que fosse impermeável, resistente e de preferência ecológico. A resistência da lona mais os benefícios do PET se encaixou nas 102


INSERÇÃO DO OBJETO NO CONTEXTO URBANO

Figura 74 – Rua Amaral Gurgel, SP. (2) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

103


Figura 75 – Av. Tiradentes. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

104


Figura 76 – Vale do Anhangabaú, SP. (3) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

105


Figura 77 – Vale do Anhangabaú, SP. (3) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

106


Figura 78 – Rua Formosa. SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

107


Figura 79 – Av. Nove de Julho, SP. (3) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

108


Figura 80 – Av. Nove de Julho, SP. (4) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

109


Figura 81 – Pça. Da Liberdade. Fonte: Acervo pessoal da autora,

Figura 82 – Av. São João, SP. (2) Fonte: Acervo pessoal da autora,

2016.

2016.

110


Figura 83 – Av. Vinte e Três de Maio, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

111


Figura 84 – Av. Nove de Julho, SP. (5) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

112


Figura 85 – Av. Nove de Julho, SP. (6) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

113


Figura 86 – Pça. Pérola Byington, SP. (2) Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

114


Figura 87 – Viaduto Jaceguai, SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2016.

115


CONSIDERAÇÕES FINAIS O objeto resultante dessa pesquisa tem como

que a instalação de 15 mil objetos na cidade em uma

intuito principal suavizar a relação que há entre

primeira análise não aparece como uma alternativa

morador de rua e o espaço da cidade, uma vez que a

provável. A instalação de alguns objetos na cidade visa

mesma não tem espaços públicos para apropriação com

atender os moradores de rua em momentos específicos

a finalidade do morar. É importante que se tenha em

do seu dia a dia e rotina. Por esse mesmo motivo foi

mente que a higienização não foi vista como uma

descartado a possibilidade de se projetar um objeto

solução em nenhum momento do desenvolvimento do

nômade, em que o próprio indivíduo o carregasse em

trabalho, o propósito foi o de encontrar um meio viável

seu trajeto diário, além do fato da pessoa que mora na

de lidar com uma problemática real das cidades, que

rua ter sido tratada nessa pesquisa como um indivíduo

provoca situações adversas para a sociedade como um

que transita constantemente e se apropria de lugares

todo, e para o poder público que, apesar de inúmeras

diferentes, este último sendo dependente de um

tentativas, ainda não encontrou um meio de lidar com

intervalo pessoa de cada indivíduo.

essa problemática em todos os aspectos que a envolve, seja no âmbito social e espacial. O número de moradores de rua que atualmente a cidade

de

São

Paulo

comporta

é

imenso,

aproximadamente 15 mil pessoa. Com isso conclui-se

116


6

|

LISTA DE IMAGENS

Figura 01: “Cena do filme ‘Into The Wild’”. Acessado em

Figura 06: “Pça. Pérola Byington, SP. (1)”. Acervo pessoal

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Figura 13: “Elevado Presidente João Goulart, SP. (1)”.

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2016,

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Acevo pessoal da autora.

Figura 05: “Pça. da Sé, SP. (1)”. Acervo pessoal da autora. 117


Figura 14: “Passarela das Noivas, SP.”. Acervo pessoa da

Figura 24: “Rua Conselheiro Ramalho, SP.”. Acervo

autora.

pessoal da autora.

Figura 15: ”Rua Conde São Joaquim, SP. (1)”. Acervo

Figura 25: “Rua Líbero Badaró, SP.”. Acervo pessoal da

pessoal da autora.

autora.

Figura 16: “Av. da Liberdade, SP. (1)”. Acervo pessoal da

Figura 26: “Rua Conde de São Joaquim, SP. (3)”. Acervo

autora.

pessoal da autora.

Figura 17: “Rua Amaral Gurgel, SP. (1)”. Acervo pessoal

Figura 27: “Rua Pedro Américo, SP.”. Acervo pessoal da

da autora.

autora.

Figura 18: “Rua Conde São Joaquim, SP. (2)”. Acervo

Figura 28: “Rua Aguiar de Barros, SP.”. Acervo pessoal da

pessoal da autora.

autora.

Figura 19: “Catedral da Sé, SP.”. Acervo pessoal da

Figura 29: “Av. São João, SP.”. Acervo pessoal da autora.

autora.

Figura 30: “Vale do Anhangabaú, SP. (1)”. Acervo pessoal

Figura 20: “Viaduto Dr. José Chaves, SP.”. Acervo pessoal

da autora.

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Figura 75: “Av. Tiradentes.”. Acervo pessoal da autora.

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Figura 76: “Vale do Anhangabaú, SP. (2)”. Acervo pessoa 122


Figura 86: “Pça. Pérola Byington, SP. (2)”. Acervo pessoal da autora. Figura 87: “Viaduto Jaceguai, SP.”. Acervo pessoal da autora.

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