TBC Or e t or nodeum mar c ot e at r al : Pr opos t ader e vi t al i z aç ãoar qui t e t ôni c apar aoTe at r oBr as i l e i r odeComé di a
Nesta pรกgina Imagem 01 Fachada do TBC Fonte: Livro Eu vivi o TBC Nydia Licia
Monografia apresentada como requisito necessário para obtenção título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Qualquer citação atenderá as normas da ética científica.
Monografia apresentada em: __/__/____
Victória Rocha de Oliveira Angelo
Orientador Prof.º Ms. Ralf José Castanheira Flôres
Avaliador 01
Avaliador 02
Coordenador Prof.ª Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
O RETORNO DE UM MARCO TEATRO: PROPOSTA DE REVITALIZAÇÃO ARQUITETÔNICA PARA O TEATRO BRASILEIRO DE COMÉDIA
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo
Victória Rocha de Oliveira Angelo Orientação
São Paulo 2016
AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus. Aos meus pais e irmão, que sempre me apoiaram e ao meu noivo, pela paciência. Ao meu orientador Ralf Flôres e amigos que me acompanharam durante esses 5 anos de faculdade e na realização desse trabalho. À banda Bee Gees, que com sua música esteve presente nas noites mal dormidas. Ao escritório URDI Arquitetura, por ceder as plantas arquitetônicas e por fim, agradeço ao diretor de teatro Marcos Okura, que me fez entrar e compreender o universo que foi e ainda é maravilhoso do TBC.
RESUMO O trabalho traz a história de um patrimônio material e imaterial chamado TBC. Sua história gira em torno de sucessos, polêmicas, crises, abandonos, burocracias e de uma chama acesa no mundo teatral, que mesmo estando bem fraca, nunca se apaga. Seu futuro é incerto e tentativas de novas reformas, e consequentemente sua reabertura, não saem do papel. A proposta de revitalização para o Teatro Brasileiro de Comédia busca trazer a identidade perdida, o prestígio e a forte sigla TBC de volta para a sociedade, deixando à mostra a questão do velho x novo.
Palavras chaves: 1 - Teatro. 2 - Patrimônio. 3 - Revitalização.
ABSTRACT The paper brings the story of a material and immaterial patrimony called TBC. Its history revolves around successes, controversies, crises, abandonments, bureaucracies and a burning flame in the theatrical world which even being very weak, never goes out. Its future is uncertain and attempts at further reforms, and consequently its reopening, do not leave paper. The revitalization proposal for the Brazilian Theater of Comedy seeks to bring lost identity, prestige and the strong acronym TBC back to society, stressing the old x the new.
Key-words: 1 - Theater. 2 – Patrimony. 3 - Revitalization.
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………… 13 2. HISTÓRIA …………………………………………………………………...……… 15 2.1. Patrimônio ………………………………….…………………….... 48 2.2. Situação Atual …………………………………………..……….. 49 2.3. Reformas …………………………………………………………..…. 52 3. ESTUDOS DE CASO …………………………………………………..……….. 55 3.1. Theatro Guarany ………………………………………….…….... 55 3.2. Teatro Erotídes do Campo ………………..………………… 65 3.3. Teatro Viradalata …………………………………………..……. 71 3.4. Memorial Minas Gerais ………………………………….…….. 75 4. O PROJETO ………………………………………………………………………..… 83 4.1. Localização ………………………………………………..………..... 83 4.2. Uso do solo ………………………………………………………..….. 85 4.3. TBC - Plantas e Cortes ………………………………….…….. 87 4.4. Estudos ........................…………………………………………... 101 5. PROJETO FINAL ………………………………………………………………… 117 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………………...... 123 7. REFERÊNCIAS ............................................................................... 125 8. LISTA DE FIGURAS....................................................................... 129 9. ANEXOS …………………………………….…………………………………….... 133
9.1. Anexo I …………………………………………………………..…….. 133 9.2. Anexo II ……………………………………………………………..... 135
TBC - Introdução
1.
INTRODUÇÃO
A sigla TBC traz uma grande história e importância para o teatro paulista. O Teatro Brasileiro de Comédia surgiu com a ideia de um industrial italiano, Franco Zampari, que pensou em construir uma sala de apresentações para os poucos grupos de teatro amador que existiam São Paulo. Uma casa, localizada na Rua Major Diogo, foi adaptada e se tornou um teatro, o mais bem equipado da época, que abrigava 365 espectadores. A inauguração se deu em 1948 e foi um grande sucesso de público e crítica, seus anos de glória duraram até a metade da década de 50. O teatro de Zampari passou por muitos momentos felizes e tristes: incêndios em suas instalações; reformas arquitetônicas; fracassos e grandes sucessos de bilheteria; saída de grandes personalidades e muitas crises, crises essas responsáveis pelo seu fechamento em 1964. Depois de fechar, o Teatro Brasileiro de Comédia tornou-se um teatro de aluguel; e quando não estava alugado estava com suas portas fechadas. Em 1999, o teatrinho da Major Diogo é arrendado pelo empresário Marcos Tidemann, que promete a reabertura do teatro, transformando-o em o Novo TBC. Uma grande reforma acontece, assinada por J. C. Serroni, e a fachada passa por um processo total de restauração. O Novo TBC dura por 4 anos, e Tidemann não renova o contrato. Depois o teatro volta a ser de aluguel e mantém suas portas fechadas desde 2008, quando a FUNARTE (Fundação Nacional de Artes) o compra e promete uma reforma para reabri-lo. Essa promessa dura até os dias de hoje. O TBC tem importância histórica e cultural pois é um dos responsáveis por todo o movimento seguinte, e que existe até
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hoje, no meio teatral, uma vez que a maioria das companhias de teatro saíram dele, além do estilo arquitetônico do bairro da Bela Vista presente no edifício. Por esses motivos, é tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico) em 21 de outubro de 1982. A proposta de revitalizar o Teatro Brasileiro de Comédia, tem como objetivo deixá-lo com uma planta limpa, sem a característica de labiríntica (adquirida através de suas reformas); inserir no programa uma escola de teatro; criar uma relação com a rua
Jardim
Francisco
velho/patrimônio x novo.
Marcos
e
evidenciar
a
questão
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TBC – História
2.
HISTÓRIA
A história do Teatro Brasileiro Moderno possui um longo período que vai desde João Caetano, considerado o primeiro ator brasileiro que lutou para conseguir a igualdade dos direitos entre os atores do Brasil e os de Portugal, no século XIX até o nascimento do Teatro Oficina de José Celso Martinez. O surgimento do Teatro Contemporâneo se dá com a criação do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) dirigida por Antunes Filho. Dentro desse período temos também o grupo de teatro Os Comediantes, Grupo Universitário de Teatro, Grupo de Teatro Experimental, Teatro de Arena, de Augusto Boal e o Teatro Brasileiro de Comédia, mais conhecido como TBC, por tanto é possível perceber que a cidade de São Paulo começa a conviver com um crescimento cultural na área teatral. Franco Zampari (1898 - 1966), um industrial italiano que chega ao Brasil em 1922, interessado em artes cênicas desde seus 17 anos vê em São Paulo uma cidade repleta de talentos. Percebe também que os paulistanos davam preferência para espetáculos e apresentações internacionais, transformando a cidade carente em companhias teatrais amadoras e de salas de espetáculos paulistanas. Pensando nisso, o industrial busca um local para construir um teatro destinado a esses amadores. Sugeriu em uma conversa com Décio de Almeida Prado1, Eaglin e Alfredo Mesquita2, diretores de grupos de teatro amador da época, erguer um teatro Décio de Almeida Prado (1917 - 2000) Além de professor emérito de universidades e escolas, autor de ensaios de interpretação da história do teatro brasileiro, foi um dos mais importantes críticos de teatro brasileiro. 2 Alfredo Mesquita (1907 - 1986) Além de ator e fundador do conjunto amador GTE (Grupo de Teatro Experimental), Alfredo fundou, em 1948, e foi o primeiro coordenador da EAD (Escola de Arte Dramática) que hoje está integrada à Universidade de São Paulo. 1
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em um terreno de sua propriedade no Morumbi, que na época era longínquo e coberto por matas. Os diretores não compraram a louca ideia de Zampari porque alegaram que sua localidade era distante para os atores e para o público, e porque “construir um teatro em estilo veneziano do século XVIII, com dourados, lustres de cristal e cortinas de veludo vermelho, como sonhava Franco, em plena floresta tropical”3 era pouco prático. O italiano Zampari acreditava fielmente no talento dos artistas brasileiros e não desistiu. Criou em 1948, junto com Francisco Matarazzo Sobrinho4, Paulo de Assumpção e mais um grupo de empresários amigos, a Sociedade Brasileira de Comédia, uma sociedade civil de fins não-econômicos. Faltava agora um local para apresentar espetáculos teatrais, que era a finalidade, expressa nos Estatutos, da Sociedade Brasileira de Comédia. Foi na rua Major Diogo, 315, no bairro do Bexiga que Hélio Pereira de Queiroz descobre um edifício e indica a Zampari. Ele não teve dúvidas e o alugou para começar uma reforma, já que o edifício era, antes disso, a sede de uma organização fascista. Na época, estava em São Paulo um dos grandes cenógrafos e técnicos da Itália (e que depois realizou grandes cenografias para os espetáculos apresentados no TBC), Aldo Calvo (1906 - 1991), que também era arquiteto. Foi ele que ficou encarregado da reforma que durou cerca de 3 meses e transformou o edifício em um teatro, com visibilidade e acústica perfeitas e com uma plateia de 365 lugares.
MESQUITA, Alfredo - Origens do Teatro Paulista, Dionysos nº25, p.39 Francisco Matarazzo (1898 - 1977) industrial e mecenas ítalo-brasileiro. Fundou o Museu de arte Moderna de São Paulo em 1948. 3
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Em dezembro de 1955, Franco Zampari fala à revista Teatro Brasileiro sobre o motivo de criar o TBC: É simples o que me fez criar o TBC. Cheguei ao Brasil, vindo da Itália, em dezembro de 1922. Sempre trabalhei como engenheiro. Em 1948, pertencendo à organização de dez fábricas, pude sentir que o que parecia empreendimento louco logo se justificava, em virtude do progresso imenso do país. Amante do palco desde os dezessete anos, notei com tristeza que o meio teatral brasileiro era precário, não obstante o esforço heroico de alguns homens e grupos … Decidi fundar um grupo amador e orientei a transformação de uma garagem, na Rua Major Diogo, 315, num teatrinho com trezentos e sessenta e cinco lugares. (Dionysos, nº 25, p. 161)
A inauguração se deu em 11 de outubro de 1948 com dois espetáculos e um deles, A Mulher do Próximo, teve no elenco a jovem atriz Cacilda Becker (1921 - 1969). O sucesso foi gigantesco, não só por apresentar peças de qualidades cênicas e de roteiro, como também porque era um teatro com recursos que não se encontravam em outras salas de espetáculos. Em três meses, o edifício é transformado num teatro de 365 lugares, cuja sala de espetáculos ocupa um quinto da área total do prédio. São adaptados ainda dezoito camarins, duas salas de ensaio, uma sala de leitura, uma sala de carpintaria e marcenaria, uma sala de administração, um almoxarifado de guardaroupa, um almoxarifado de objetos de cena e um depósito de cenários usados e móveis de cena. A iluminação conta com um órgão de luz com autotransformadores de voltagem de quarenta circuitos, e o com, de alta fidelidade, é distribuído no palco por meio de cinco altofalantes. (Revista Dionysos, nº 25, p. 73)
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No livro Eu Vivi o TBC da editora Imprensa Oficial, a autora, Nydia Licia, descreve a sala de espetáculos e diz: A sala, em declive, proporcionava uma visibilidade total do palco. As paredes, claras, cuja única decoração eram as duas máscaras da Comédia e do Drama, faziam ressaltar o vermelho das poltronas. (VARGAS, Maria Thereza - Prefácio, p.13)
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Na página anterior e acima Imagem 02 Saguão do TBC na noite de inauguração. Imagem 03 Plateia do TBC na noite de inauguração
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No mesmo ano, houve a fundação da Escola de Arte Dramática de São Paulo. Importante para o panorama teatral. Dela saíam atores e dramaturgos que participaram, de algum jeito, do TBC. A escola existe até hoje formando atores, dramaturgos, cenógrafos, críticos diretores e cenotécnicos. Em seus 10 primeiros meses de vida, é aclamado por críticos e tem em seu histórico, impressionantes, 16 peças apresentadas. Uma delas foi o Nick Bar - Álcool, Brinquedos e Ambições, que estreou em junho e foi a primeira peça dirigida por Adolfo Celi (1922 - 1986). Acima Imagem 04 Sala principal do TBC em 1955
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Ao lado Imagem 05 Ficha técnica do espetáculo Nick - Bar
Celi era um jovem diretor de 26 anos de idade, também italiano, que estava em Buenos Aires quando é recomendado por Aldo Calvo, então diretor-técnico do TBC, para ser o primeiro diretor artístico. Com sua presença, a companhia deixa de ser amadora e passa a ter peças profissionais. Simultaneamente,
Zampari
decide
instalar
um
pequeno bar, muito simples, no primeiro andar do edifício, para servir aos atores lanches e refeições, já que os mesmos chegavam ás 13h e saiam, muitas vezes, após ás 00h. Por coincidência, na mesma época, um jovem empresário aluga o prédio ao lado do TBC, e propõe instalar um moderno bar com música ao vivo. Ele e Zampari fecham um acordo onde o bar deveria fornecer aos atores, refeições após ensaios e antes das apresentações. O nome? Nick - Bar, em homenagem à primeira montagem profissional do TBC. Nydia Licia conta, em seu livro, como era a decoração: “A decoração do espaço
ficou a cargo de Fifi Assumpção. O cenógrafo e pintor Tullio Costa desenhou numa das paredes uma cena da peça. ” (2007, p.108)
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Ela também comenta a influência que o bar teve: Em pouco tempo o local passou a ser ponto de encontro obrigatório de artistas, pessoas de sociedade e intelectuais. Como não podia deixar de ser, era também local de fofocas, diz-que-dizque, enfim um encontro de personalidades e opiniões as mais diversas. (LICIA, Nydia, 2007, p.109)
Ao lado Imagem 06, 07, 08 e 09 Fotos do Nick – Bar encontradas no site Bar Original
No final de 1949, Zampari cria a Companhia Cinematográfica Vera Cruz expandindo suas atividades artísticas. Diversos técnicos e artistas trabalharam para ambas companhias. Mas os custos para a manter a Vera Cruz eram enormes e há quem
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diga que ela foi uma das responsáveis pelas crises financeiras que ocasionaram no fechamento do TBC. Nos anos seguintes o teatro vive uma variação, de sucessos e fracassos, com repertório eclético e de autores estrangeiros. O número de espetáculos apresentados aumenta com a criação do Teatro da Segunda-feira. A ideia veio de Luciano Salce (1922 1989), um dos diretores artísticos da casa, e de Guilherme de Almeida, conselheiro literário da Sociedade Brasileira de Comédia, para que se pudesse produzir um repertório de caráter experimental de autores brasileiros. Nós tínhamos as segundas-feiras livres, e, então, inventamos o Teatro da Segunda-feira, para ter mais um pouquinho de trabalho. Ensaiávamos sábado de manhã, sábado entre a matinê e as duas sessões da noite, e domingo de manhã e de tarde; uma loucura. Mas era uma luta assim, para conseguir papel, para trabalhar mais. (LÍCIA, Nydia, Depoimentos IV, p. 93)
Ao lado Imagem 10 Programa do Teatro da Segunda-Feira
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Em um texto sobre o TBC para a Revista Dionysos (1980) Nº25, Sábato Magaldi5 cita algumas características e diretrizes que eram possíveis perceber no TBC até o ano de 1953: [...] a passagem dos antigos teatros de estilo italiano, com frisas, camarotes, e anfiteatros, para uma pequena sala, adaptada, criando maior intimidade entre o ator e o público e em consequência um tipo de interpretação sóbrio e comedido, mas impedindo, pelo reduzido número de poltronas, o escalonamento no preço dos ingressos; (...) o cuidado nos cenários e nos figurinos; (...) o ecletismo do repertório, que procurava atender, numa cidade sem teatros diversificados, aos diferentes gostos das possíveis plateias; a estabilidade do elenco, em que os contratos eram em geral de um ano e renováveis, e os salários de nível melhor permitiam o recrutamento de intérpretes de preparo intelectual mais elevado [...]. (1980, p.47)
Ao lado Imagem 11 Carteira profissional da atriz Nídia Lícia
Sábato Antonio Magaldi (1927 - 2016) foi um crítico teatral, teatrólogo, professor, jornalista, ensaísta e historiador brasileiro. 5
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Os anos seguintes não foram fáceis para o TBC. A saída do ator Sergio Cardoso (1925 - 1972) em 1953, deixa o elenco permanente desfalcado, ainda mais por saírem junto com ele Nydia Lícia e Leonardo Vilar. A Companhia Cinematográfica Vera Cruz já não estava indo muito bem, na verdade “desde o início, o
Franco teve necessidade de financiamento, para tocar as coisas na Vera Cruz”6, e apesar das bilheterias do TBC serem boas, não cobriam todos os custos. Desde o início, também, começamos a por dinheiro nosso no negócio. O Franco queria que tudo fosse o melhor possível, e não poupava esforços; se faltava alguma coisa importante e não havia dinheiro para comprar, ele arranjava do seu bolso; isto durante o tempo todo, no TBC e na Vera Cruz, até que finalmente já não tínhamos nada. (ZAMPARI, Débora, Dionysos, p.151)
Então, quase na metade do ano de 1953, a notícia da crise vivida pela Vera Cruz chega ao público e interrompe suas atividades, “começa desse modo a ruir o sonho de Zampari. A
queda não será brusca. Semelhará mais uma lenta agonia, que se estenderá por anos a fio. ”7 No ano seguinte, pensando em ampliar sua rentabilidade, Zampari decide enviar ao Rio de Janeiro uma parte de sua equipe para apresentar algumas peças no Teatro Ginástico. A temporada com 6 espetáculos é considerada um êxito fazendo com que esta equipe fique instalada no teatro definitivamente. O ano de 1955 é marcado por algumas peças de sucessos, mas não é o suficiente para afastar os problemas. Um 6 7
Depoimento de Débora Zampari para a revista Dionysos, nº25, p. 151. TBC: crônica de um sonho, 1986, p.93.
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incêndio destruiu uma pequena parte das instalações do TBC e cenários da peça que estavam ensaiando. A sala de ensaio precisa ser reconstruída e para aumentar ainda mais os problemas, Adolfo Celi,
um
dos
diretores-artísticos
do
TBC,
se
desligam
definitivamente e forma no Rio sua própria companhia, junto com Tônia Carrero (1922) e Paulo Autran (1922 - 2007) eles formam a Companhia Tônia-Celi-Autran. [...]. Segundo o testemunho de Cacilda Becker, [ o desligamento de Celi] provocou em Franco Zampari a maior de suas desilusões artísticas, pois (...) Franco Zampari via em Celi o continuador de seu trabalho naquele teatro. (MAGALDI, Sábato e VARGAS, Maria Thereza em Cem Anos de Teatro III, p. 04)
Simultaneamente, outros teatros começaram a surgir: Teatro de Arena, Teatro Maria Della Costa, Teatro Bela Vista (atual Teatro Sergio Cardoso). Todas as novas companhias, que saíram do TBC, agora competiam com ele. Depois da saída de Celi, Tônia e Paulo, o TBC começa a dar espaços para novos atores, vindos do Rio de Janeiro, como Nathália Timberg (1929), Fernanda Montenegro (1929), Fernando Torres (1927 - 2008), Sérgio Brito (1923 - 2011) e Ítalo Rossi (1931 2011). Zampari faz uma comparação entre os custos do ano de inauguração (1948) e os de 1955:
1948: Ingresso ……………………….........…….. Cr$ 40,00 Salário máximo de ator………….. Cr$ 7.000,00 Madeira ……………………..…….…...... Cr$ 30,00
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Tecido ……………….............… Cr$ 50,00 a Cr$ 60,00 1955: Ingresso …………………..….. Cr$ 90,00 ou Cr$ 100,00 Salário máximo de ator …....….. Cr$ 23.000,00 Madeira ………….……….................... Cr$ 110,00 Tecido …………………….…... Cr$ 150,00 a Cr$ 200,008 Se nos primeiros anos da década de 50 o TBC dependia do êxito das peças encenadas, em 1956 essa dependência se tornou maior, e manter o quadro fixo de atores e técnicos se tornou muito difícil. Mas é nesse ano que começamos a ver as raízes que o TBC deixa para a história teatral paulistana: Nesse período o teatro paulista passa por uma fase estável, e o público reage com entusiasmo à qualidade colocada em cena. Dos quatro espetáculos em cartaz no fim do ano, dois resultam diretamente da atuação renovadora do TBC: Otelo, de Shakespeare, pela Companhia Tônia-Celi-Autran, e a Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, pela Companhia Nydia Lícia-Sérgio Cardoso. (...). Os frutos do empreendimento de Zampari estão à mostra, tangíveis. (GUZIK, Alberto, 1986, p. 145)
No final do mês de março de 1957, a casa da Major Diogo cria o Teatro Experimental do TBC, uma maneira frustrada de retomar uma atividade paralela como foi o Teatro da Segundafeira. Essa nova atividade tem como objetivo dar oportunidade não só a novos autores ou diretores, mas também atores e futuros cenógrafos. Porém o grupo de Zampari já não podia mais manter
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Antecedentes e História Cotidiana do TBC, Revista Dionysos, nº 25, 1980, p. 104.
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projetos que não tivesse respaldo na bilheteria, então, infelizmente, o Teatro Experimental do TBC encerrou suas atividades tão rapidamente quanto as iniciou. No mesmo ano, na madrugada do dia 11 de maio, um incêndio invade as instalações do Teatro Ginástico e destrói todos os figurinos, adereços e cenários da peça Gata em Zinco Quente que estava em cartaz e fazia grande sucesso. Por conta desse sucesso, a Câmara Municipal de São Paulo concede ao TBC um auxílio de Cr$ 500.000,00 para ajudar nos prejuízos gerados pelo incêndio. (Ver Anexo I) 1957 não foi um ano fácil, além do incêndio de algumas peças fracassadas, o espetáculo Adorável Júlia, com adaptação de Marc-Gilbert Sauvajon e direção de Ziembinski, foi o último que teve no elenco Cacilda Becker. Após nove intensos anos, a prima-dona da Major Diogo deixava a casa onde se consagrara para criar seu próprio conjunto. Para Zampari, mais uma perda ponderável. (...) seu nome permanece miticamente associado à sigla criada por Zampari [...] (GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p. 157.)
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Na página anterior e ao lado Imagem 12 e 13 Cacilda Becker, atriz, Cacilda como Kitty Duval em Nick – Bar…Álcool, brinquedos, ambições. (1949)
Abaixo Imagem 14 e 15 Cacilda Becker no sucesso Pega Fogo (1950) e como Margarida Gauthier em A Dama das Camélias (1951)
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Os dez anos do TBC são comemorados em 1958, mas essa festa não é suficiente para adiar a crise mais uma vez. A companhia de Zampari já não conversava com o novo movimento que surgira a partir da segunda metade da década de 50. A arte nacional buscava o retrato da realidade social contemporânea, e essa realidade começou a ser encontrada no sucesso Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, apresentado no Teatro de Arena, se tornando um forte concorrente para o TBC. A cada temporada que passa torna-se mais difícil para Zampari a sustentação de seu sonho; no entanto, esse magnífico mitomaníaco não abandona a aventura. Há muitos anos já que o TBC vivia de espetáculo para espetáculo. O sucesso financiava a montagem seguinte; o fracasso dificultava extraordinariamente as coisas. Em face dos empréstimos vultosos que eram necessários para regularizar a situação, os bancos hesitavam ante a incerteza do retorno. (GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p.160)
A revista Anhembi lança a ideia de comemorar os 10 anos do TBC de forma solenemente. Cria-se então um “conselho organizador, com representantes da sociedade paulista, críticos teatrais e membros de companhias teatrais direta ou indiretamente vinculadas ao TBC. ”9 Após esse conselho, composto por 45 nomes, organiza-se uma comissão executiva formada por muitas personalidades. A comissão executiva reúne-se, no dia 14 de abril, no salão nobre do jornal O Estado de S. Paulo e apresenta um programa para as comemorações, estabelecendo que o teatro montará três peças e realizará um Congresso de Teatro em outubro, um dos textos a ser encenado é nacional, os outros dois são 9
GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p. 165.
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estrangeiros. (GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p.165)
As três peças são: Panorama Visto da Ponte, Pedreira de Pedra e Macbeth. O primeiro espetáculo estreia em junho e oficializa o início das comemorações dos 10 anos da casa. A peça agrada a todos e se torna o maior sucesso desde a representação de A Casa de Chá do Luar de Agosto, em 1956. Esse sucesso fez muitos pensarem que o teatro da Major Diogo estaria de volta aos grandes dias e que teria saído da crise. No mesmo ano, em novembro, Franco Zampari recebe da Câmara Municipal o título de Cidadão Paulistano. As comemorações continuam e no final de novembro estreia o espetáculo que deveria ser o ponto alto dos 10 anos do TBC. Pedreira das Almas, uma tragédia de Jorge Andrade, reúne uma “ficha técnica que faz lembrar os anos dourados da sala, quando esta se dava ao trabalho de levar à perfeição cada um dos detalhes que cercavam suas produções”10, e mesmo com tudo isso ela fracassa. Muitos críticos culpam a direção de Alberto D’Aversa e com isso: O público reage friamente à encenação da tragédia de Jorge Andrade. As quarenta e oito sessões atraem mais ou menos sete mil espectadores, dando uma média de cento e quarenta pessoas por récita. Considerando-se os gastos com a produção do espetáculo, esses números se traduzem para Zampari em grande prejuízo. (GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p.171)
Realmente 1958 foi um ano marcante, não só pelos 10 anos, mas também porque no final do ano o empresário Franco Zampari teve um problema de saúde e precisou de afastar do TBC, com isso o teatro decide suspender as apresentações da peça 10
Idem, p. 168.
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Pedreira das Almas e os ensaios da peça seguinte, fechando a sala. Mas um dia depois de anunciar essa decisão, O Estado de S. Paulo diz que a casa da Rua Major Diogo não fechará e retomará com suas atividades normalmente, mesmo com Zampari afastado. Além disso o TBC está completamente endividado e recebe, à pedidos de Jânio Quadros, atual governador de São Paulo, um empréstimo de 10 milhões de cruzeiros da Caixa Econômica Federal. Eis como chega ao fim do ano de comemorações a que o TBC tinha direito: Zamparia afastado, em cartaz em São Paulo uma peça que não sensibiliza o público e, a maior das ironias, o futuro da casa depende da demorada burocracia de um empréstimo governamental justamente para a empresa de um organizador que até então alegara enfaticamente poder prescindir de qualquer auxílio desse tipo. (GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p.172)
No final do ano saem do elenco fixo Fernanda Montenegro, a nova e brilhante estrela da casa, Fernando Torres, Ítalo Rossi e Sérgio Brito. Zampari volta a assumir a direção do teatro apenas em março do ano seguinte, ano esse que não teve nenhum espetáculo de sucesso. Em 1960 o empresário leva uma parte do elenco de São Paulo para uma temporada em Porto Alegre onde faz muito sucesso com três peças, sustentando o restante que ficou e todo o elenco carioca. Durante esse período o TBC fica fechado para reforma, onde melhoram o palco e retiram duas colunas internas que eram um desafio enorme para os cenógrafos. Mas as dificuldades financeiras não paravam de aumentar e com isso, em maio, as atividades do grupo no Rio de Janeiro se encerram oficialmente. Esse pode ser considerado o ano de abrasileiramento
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do TBC, porque pela primeira vez, desde a entrada de Adolfo Celi para o grupo, um texto brasileiro era dirigido por um encenador brasileiro, era ele Flávio Rangel dirigindo a peça O Pagador de Promessa de Dias Gomes. O sucesso que o espetáculo traz ao teatro não compensa 100% a bilheteria, mas traz de volta o prestígio que se dissolvia rapidamente O ano seguinte já não começa muito bem e talvez seja considerado um dos mais críticos da história do TBC. Os atores da peça em cartaz e os que ensaiavam o novo espetáculo, não recebiam há três meses, eles então entram com uma ação trabalhista. Zampari decide pelo fechamento da sala, pois já não se consegue manter o teatro aberto sem dinheiro em caixa. Diante da possibilidade do fechamento da sala da Major Diogo, a classe teatral se mobiliza e chega à conclusão de que o TBC é um patrimônio cultural. A Comissão Estadual de Teatro (CET) cria um Plano Extraordinário de Auxílio ao Teatro Paulista. Esse plano propunha uma ajuda de trinta milhões de cruzeiros, onde desses trinta, oito milhões iriam para o TBC. Essa quantia serviria para pagar as dívidas, inclusive as trabalhistas (juntas formavam cinco milhões), e para continuar com as atividades (três milhões). O Governo não concedeu toda a quantia. A entrega de uma quantia ponderável ao TBC supunha uma intervenção do governo em seus negócios, e o dramaturgo Roberto Freire, indicado pela CET, com apoio da União Paulista da Classe Teatral, é nomeado diretor superintendente do conjunto. Roberto Freire, por sua vez, nomeia Flávio Rangel diretor artístico e Armando Paschoal administrador executivo do teatro. (MAGALDI, Sábato, Dionysos, nº25, p. 52.)
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Zampari se afasta da administração do TBC, “mas o
empresário nunca chega a se retirar regularmente do teatro. Perde funções mas conserva influência e autoridade nos bastidores. ”11 Apesar do espetáculo que entra em cartaz, logo após esse episódio, ter sido um triunfo de crítica e um sucesso de bilheteria, ele não desafoga o financeiro da equipe, já que o gasto para a realização e a manutenção foram mesmo altos, ainda que a companhia já não tivesse mais dívidas graças ao auxílio já falado. No mês de outubro do mesmo ano, Zampari faz um desabafo para a revista Anhembi, tentando justificar as razões do fracasso de sua gestão no TBC. Ele escreve: Muito se tem escrito e falado sobre a crise dos teatros em São Paulo. Como Fundador do TBC e como coeficiente (penso) não desprezável da renovação teatral em São Paulo quero expor as minhas opiniões sobre esta crise que se infelizmente não se resolver satisfatoriamente terá como desfecho o fechamento de quase a totalidade dos teatros, com a dispersão dos artistas, volta do panorama teatral à estaca zero, abalando nas bases a atual dramaturgia brasileira que se encontra ainda gatinhando, mas, em fase de grande evolução. A meu ver as razões da crise paulista e do TBC em particular, tem fundamento em duas “causas fundamentais” e em muitas outras coisas secundárias, que por serem muitas, agem e afetam o teatro com a mesma intensidade que as “duas fundamentais”. O custo de vida de uma Nação é sempre reflexo do valor de sua moeda em relação às chamadas moedas fortes, sejam estas, dólar, libra esterlina ou franco suíço. Vamos, para simplificar, tomar o dólar como base de raciocínio:
11
GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p. 193.
34
TBC - História
PRIMEIRA CAUSA FUNDAMENTAL É o preço das entradas. Em 1949/1950, primeiro período do TBC, o preço de uma entrada era de Cr$ 60,00, passando logo depois para Cr$ 80,00. Um dólar custava pouco mais de Cr$ 12,00, resultando que para ingresso o TBC recebia um mínimo de 5 dólares. Com estas possibilidades de arrecadação o TBC, embora em regime de déficit, podia ser sustentado com o sacrifício financeiro de um particular, e manter um grupo de artistas contratados permanentemente. O número desses artistas variava entre quinze e vinte e quatro, além de cenógrafos e figurinistas de primeira classe, e de diretores de classe internacional em número de três ou quatro, que, alternando-se na direção, davam ao teatro aquela flexibilidade de estilo e de interpretação que indiscutivelmente foram a base sobre a qual se criaram novos artistas de primeira grandeza, ótimos diretores nacionais e por fim uma dramaturgia brasileira, sem falar de críticos de arte especializados. Em 1955/1956, o dólar estava a Cr$ 60,00. O último diretor que o TBC pôde contratar foi Mourice Vaneai, a US$ 800,00 mensais. O preço das entradas foi aumentando de Cr$ 80,00 para Cr$ 120,00, de Cr$ 120,00 para Cr$ 150,00 e ultimamente Cr$ 200,00, recebendo o TBC US$ 0,80 para casa entrada contra US$ 5,00 que recebia em 1949/1950. Resultado: o público diminuiu de forma assustadora, pois, infelizmente o gosto artístico não entrosa com as possibilidades financeiras, preferindo beber um “whisky” a Cr$ 200,00 ou mais, a assistir a um bom ou razoável espetáculo teatral. Como corolário desta primeira causa foi a impossibilidade de sustentar-se o Teatro em alto nível resultando o empobrecimento artístico de toda e qualquer organização teatral. SEGUNDA CAUSA FUNDAMENTAL É a dispersão dos artistas de valor. O desejo, indiscutivelmente humano, de sobressair, fez que, em menos de uma década, inúmeras companhias se criassem; todas com somente um ou dois, no máximo, três artistas de primeira grandeza, sendo o restante do elenco composto por principiantes, cheios de boa vontade, de boas intenções, mas, que nunca,
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TBC - História
no começo de uma carreira poderiam interpretar os papéis a eles confiados, por falta de traquejo e falta do material tempo para “amadurecer” as personagens que deveriam representar. Resultado: espetáculos nos quais sobressaem um ou dois artistas com um desequilíbrio chocante de valores. Em duas palavras: “falta de homogeneidade”. Os diretores foram reduzidos a um único diretor por companhia (os diretores contratados esporadicamente nada podem fazer: mal conhecem os artistas, são obrigados a trabalhar com “extras” que por acaso encontram disponíveis, verificando uma monotonia nos espetáculos encenados, além da impossibilidade intelectual e material de preparo de artistas sob premência de tempo e penúria financeira. O mesmo fenômeno com relação a cenógrafos e figurinistas.) Na época áurea do TBC (1951/1956), possuía ele cerca de vinte artistas contratados permanentemente, entre os quais figuras femininas como Cacilda Becker, Tônia Carrero, Cleyde Yáconis, Nathália Timberg, Nydia Licia, Margarida Rey, Dina Lisboa, Elisabeth Henreid, etc., e como figuras masculinas, Ziembinski, Paulo Autran, Sérgio Cardoso, Carlos Vergueiro, Leo Vialar, Walmor Chagas, Luís Linhares, Waldemar Wey, Maurício Barroso, etc. Quantas possibilidades de ótimos e equilibrados espetáculos existiram! Como se podia escolher com facilidade o ator adequado à interpretação de cada personagem! Lembrome com saudades de Ralé, de Antígones, de Do Mundo Nada Se Leva e de Assim Na Terra Como No Céu, sem falar de um Paiol Velho, de uma Santa Marta Febril, de uma Casa De Chá e por fim de Entre Quatro Paredes, de Sartre. Quantos estilos diferentes de representação, quantas possibilidades artísticas, quantas esperanças! Corolário da segunda cauda fundamental: tudo e qualquer espetáculo (com rara exceção) é atualmente desequilibrado e falho. É enfim o empobrecimento artístico de todas as organizações teatrais. CAUSAS SECUNDÁRIAS
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TBC - História
São muitas. Citarei somente algumas. Devido à compressão de despesas, os teatros não podem mais manter o mesmo padrão: a) De figurinos - (o TBC sempre fornecia roupa completa aos artistas, previamente desenhada e em padrões fixados pelo figurinista); b) De cenários - (o preço da madeira está assustador); c) De iluminação - (cada lâmpada de 500W, está custando cerca de Cr$ 1.000,00 e tem duzentas horas de vida); d) De música - (o custo de comentário musical é tal que não pode ser mais confiado a músicos especializados); e) De textos estrangeiros - (o preço de US$ 500,00 ou de US$ 1.000,00 de “à valoir” é impraticável com o dólar a Cr$ 270,00); f) O descontentamento dos artistas e dos cenotécnicos em geral (um artista que, em 1955, ganhava Cr$ 20.000,00 ou Cr$ 25.000,00 podia viver dignamente - hoje com Cr$ 45.000,00 ou Cr$ 50.000,00 vive mal). Com todos esses coeficientes primários e secundários negativos, vê-se que o teatro se encontra não só numa crise permanente, mas, em um estado latente de revolta de todos os elementos que nele trabalham. A paixão pelo teatro lenta, mas inexoravelmente se transforma em ódio. Qual o remédio?? Este existe, pois é aplicado em quase todos os países europeus. Uma ajuda real aos teatros estáveis de cada cidade. (...). É necessário que o Governo Estadual ou Federal, não importa qual seja, encarem com realismo o problema teatral. Se considerarem o teatro como elemento de cultura, que seja subvencionado como é necessário, eliminando-se para sempre as atuais formas de auxílio, que mais parecem esmolas. Se acharem que o teatro é obsoleto, que o deixem morrer de uma vez por todas. Nós que amamos o teatro iremos ao seu funeral. Concluindo, estas considerações que podem ser aceitas, discutidas ou refutadas, são a opinião
37
TBC - História
sincera de um homem que muito amou e ama o teatro. Para finalizar, aos artistas, aos diretores, aos cenotécnicos, que estudem e encontrem uma fórmula para juntarem-se novamente todos e formarem uma grande companhia e um grande teatro, digno de São Paulo. Lembremse de que o teatro é um templo onde o culto é a arte, que é universal, sem limites, necessário se ministrado em doses sábias, mas, que pode afetar a arte quando aplicado de forma indiscriminada”. (Franco Zampari, 1961 apud Dionysos, nº25, p. 121.)
Foi um ano difícil, mas o TBC recebe uma compensação quando ganha 6 dos 9 mais importantes prêmios da Associação Paulista de Críticos Teatrais. No final de 1962 a história da bilheteria não cobrir os gastos com os espetáculos continua e leva o Teatro da Major Diogo a fechar suas portas em outubro por impossibilidade de manutenção da casa, o que faz com que os atores, no começo do ano seguinte, apelassem para o CET, na tentativa de evitar a pausa nas atividades. Sugere-se, na ocasião, que seja conseguida a liberação da verba de dois milhões e novecentos mil, cortada pela Comissão de Orçamento, e que a essa quantia se acrescente uma verba especial de dez milhões, a fim de que se atenda às necessidades do TBC bem como das demais companhias em situação deficitária. A liberação dessa verba de dez milhões foi, aliás, um dos últimos atos do Governador Carvalho Pinto, (registra Sábato Magaldi).12
Nesse período o TBC não possuí um administrador, então Cleyde Yáconis e mais um grupo de atores procuram Zampari
12
Cem Anos de Teatro em S. Paulo; Dionysos, nº 25, p. 126.
38
TBC - História
para que pudessem levar adiante o sonho do TBC. Zamparia dá sinal verde. Tem início o último esforço. Monta-se então o espetáculo que teve a maior bilheteria da sala: Os Ossos do Barão. O sucesso foi tanto, que permaneceu em cartaz durante todo o ano de 1963. Foi tempo suficiente para preparar a peça que seria a melhor escolha para substituir Os Ossos do Barão em 1964. Vereda da Salvação, uma peça dirigida por Antunes Filho, vinha com uma proposta diferente: muitos estudos, laboratórios e ensaios abertos. Isso fazia com que as pessoas ficassem ansiosas para assistir, ainda mais por ser um ano de mudança no regime político e o texto ser liberado apenas em julho. Mas essa nova proposta não se adapta ao palco da Major Diogo, o que ocasiona em um enorme fracasso, arrastando-se consigo as últimas energias do TBC. Uma outra peça foi apresentada, mas também sem sucesso. A Sociedade Brasileira de
Comédia
muda
sua
política
ao
receber
um
novo
superintendente, Hugo Schlesinger, e surge um interesse em alugar a sala. [...] a Sociedade Brasileira de comédia abre subscrições, reforma o porão do teatro, onde funcionou a carpintaria, e abre o incômodo Teatro de Arte. Às duas salas da Major Diogo acrescenta o Teatro das Nações, também posteriormente subdividido em dois, e dedicase a alugar essas instalações. O que resta dos dezoito anos de atividade da casa é pouco. Os demais andares do edifício são sublocados para outras firmas, desfaz-se o arquivo, desmontam-se as oficinas de costura e carpintaria, a infraestrutura dissolve-se velozmente. Ficam a sigla, que ainda preserva um pouco de sua mágica desvanecida, um edifício depauperado e desconfortável, e memórias. (GUZIK, Alberto, TBC: Crônica de um sonho, p.216)
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TBC - História
Até o dia 30 de junho de 1964, o TBC apresentou 144 peças, sendo:
33 brasileiras 32 francesas 35 inglesas 17 americanas 13 italianas 4 russas 2 espanholas 1 sueca 1 austríaca 1 holandesa 1 grega 1 polonesa 1 húngara (...). Esses espetáculos perfazem um total de: 8.990 representações - repartidas da seguinte maneira: São Paulo ……………………………………………….. 6.551 Rio de Janeiro …..………………..…………………… 2.363 Interior ……………………..…………………………..…
76
Essas 8.990 representações do TBC tiveram 1.911.128 espectadores, distribuídos da seguinte maneira: São Paulo …………………………………….…. 1.332.767 Rio de Janeiro ………..………..………………
538.885
40
TBC - História
Interior …………………...……....……………
39.47613
Em 21 de outubro de 1982 o Secretário da Cultura, nos termos do artigo 1º do Decreto-Lei 149, de 15 de agosto de 1969 e do Decreto 13.426 de 16 de março de 1979 decreta o tombamento o edifício da Major Diogo. (Ver Anexo II). Um pouco antes desse decreto sair, o prédio é comprado por Dona Magnólia do Lago Mendes Ferreira que se torna a nova proprietária do TBC. O teatro ainda continua como um teatro de aluguel, onde outras companhias, surgidas ou não a partir da história do TBC, se apresentam, como por exemplo a companhia do ator Antônio Fagundes. Chegou na década de 90 em estado de quase abandono, com mofo, paredes lascadas e ferrugem. Em setembro de 1995 fica sem atividades e fecha suas portas até que no ano seguinte. A Prefeitura do Estado de São Paula, que têm o teatro alugado da dona desde o dia 24 de janeiro, promete começar uma reforma em maio para que possa ser reaberto no semestre seguinte. Eu entreguei o TBC funcionando e com alvará. Eles destruíram tudo que tinha lá e nem alvará de funcionamento tem mais(..). Aquilo é patrimônio histórico, além de ser meu patrimônio pessoal. Hoje, está sem equipamento, o ar-condicionado não funciona e tem muito cupim. (Magnólia do Lago Mendes Ferreira para Folha de S. Paulo em 12 de abril de 1996).
No ano seguinte, João Carlos Benedito, diretor do departamento de teatros da Secretaria Municipal da Cultura, promete reabrir o TBC no final de fevereiro ou no mais tardar em março. O diretor não promete entregar o teatro em ordem, apenas
13
Programa de Vereda da Salvação, Dionysos, p. 127.
41
TBC - História
em “promover os reparos de maneira escalonada. ”14 Entre outros reparos, a prefeitura revisou a instalação elétrica, substituiu telhas e calhas, recuperou sanitários, pintou a fachada do edifício e a sala principal.
14
Folha de S. Paulo, 17 de fevereiro de 1997.
42
TBC - História
Em uma reportagem local de Armando Antenore para a Folha de S. Paulo em 17 de fevereiro de 1997, o repórter expõe os contrassensos do TBC: 1)
A prefeitura paulistana, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, é locatária do TBC há seis anos. No
Na página anterior Imagem 16 e 17 Fachada do TBC em 5 de fevereiro de 1997, por César Itiberê.
entanto, o mantém fechado desde setembro de 1995. Em maio de 1996, renovou o contrato anual de locação, que elevou o aluguel de R$ 14.439 para R$ 16.682,82. 2) A prefeitura diz que fechou o TBC porque o teatro necessita de “reparos”. As reformas, porém, só começaram em setembro de 1996, um ano depois do fechamento. 3) A prefeitura alega que demorou para iniciar as reformas por “falta de recursos financeiros”. Ocorre que entre setembro de 1995 (quando o teatro fechou) e janeiro de 1997, o aluguel do TBC custou R$ 265.657,38 à secretaria de Cultura. Os gastos superam os da reforma que, até agora, somam R$ 174.678,02.
Até que em 1998 o TBC é arrendado pelo empresário Marcos Tidermann por um período de 4 anos e meio. Com esse arrendamento vem uma grande reforma avaliada em 4 milhões de reais onde a promessa é devolver a pompa e o prestígio ao teatro. J. C. Serroni fica responsável pelo projeto arquitetônico e a
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TBC - História
coordenação artística fica com o diretor e autor Fauzi Arap e o músico Eduardo Gudin. Ao lado Imagem 18 Da esquerda para a direita: J. C. Serroni, Fauzi Arap, Eduardo Gudin e Marcos Tidemann, por Moacir Lopes Jr.
Na próxima página Imagem 19 e 20 Fachada do Novo TBC em 2000, por Luis Murauskas. Saguão do Novo TBC em 2000, por Ormuzd Alves.
Em 1999 nascia então o que se chamou de O Novo TBC, que traz uma fachada toda restaurada, duas salas a mais, bar, equipamentos de última geração e um anexo, o edifício ao lado, que foi comprado pela Dona Magnólia para, inicialmente, criar uma escola. A maior proposta é transformar o Novo TBC em um centro cultural aberto de segunda a segunda. “Ainda em fase de definição, os dois (Fauzi e Eduardo) planejam um “caldeirão de eventos”, com pelas, palestras, oficinas, shows etc.”15
15 Erika Sallum, reportagem local Folha de S. Paulo, 23 de fevereiro de 1999.
44
TBC - Histรณria
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TBC - História
O Novo TBC se tornou um sucesso. Em 2001 o bairro da Bela Vista completava 131 anos, e em comemoração ao seu aniversário, o bairro ganha um projeto de recuperação. Foi com a iniciativa dos grupos Silvio Santos, Hudson Petróleo e CIE Brasil que se criou o projeto Bela Vista Viva! Esse projeto pretende recuperar espaços públicos e chamar atenção para a vida cultural que existe no bairro por causa dos seus 13 teatros e a atividade gastronômica. O projeto visa também melhorar a Rua Major Diogo, limpando a rua, pintando as fachadas dos imóveis e colocando pórticos culturais nas entradas, esse projeto se chamaria Projeto Major Diogo Viva! O projeto ficou parado durante um ano por conta da oposição de José Celso Martinez Corrêa, fundador do Teatro Oficina, onde diz que o projeto tirará a identidade do bairro. No fim, o projeto não se concretizou. Essa fase do Novo TBC durou até março de 2003, quando a diretora artística, Fezu Duarte, filha de Marcos Tidermann, não quis renovar o contrato com a dona do teatro. Sua justificativa era o vencimento do contrato de arrendamento e a impossibilidade de arcar com as despesas que passavam de R$ 80 mil reais por mês, contando com aluguel e despesas de funcionários, ainda mais se, caso o contrato fosse renovado, o aluguel do teatro passaria de R$ 33 mil para R$ 38 mil reais. Foi proposto a compra do edifício por R$ 4 milhões, mas a proprietária não aceitou e pediu R$ 6 milhões. Fezu não aceitou a proposta e devolveu as chaves do edifício, encerrando a atividades do Novo TBC. Dona Magnólia chegou a comandar a programação artística, mas fechou as portas logo depois.
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TBC - História
Seu estado é quase de abandono. O mofo volta a tomar conta, ratos e cupins se tornam o mais novo público e uma infiltração atinge o palco da sala principal. No final de 2008 a FUNARTE (Fundação Nacional de Artes), compra o TBC por R$ 5 milhões de reais da antiga dona.
Ao lado Imagem 21 Infiltração atinge a sala principal do TBC em 2009, por Lenise Pinheiro.
A proposta da Funarte era reabrir o TBC e deixar somente a sala principal para apresentações de espetáculos e os outros níveis seriam usados para instalar a biblioteca Jenny Klabin Segall. A reforma foi prometida para 2010, mas não aconteceu porque o governo não permitiu a liberação da verba. O edifício permaneceu fechado até que em 2013 outra promessa de reabertura surgiu. O escritório URDI Arquitetura propõe um projeto arquitetônico orçado em R$ 13 milhões de reais, onde a sala principal é mantida e as outras 4 salas se tornam espaços multiusos. Por questões de burocracia entre órgãos da prefeitura, a reforma ainda não começou e o projeto está apenas no papel.
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TBC – História
2.1.
Patrimônio
O TBC foi tombando em 1982, por ser um bem cultural de interesse histórico- arquitetônico, e define que novas construções deverão seguir o alinhamento da rua e estabelecendo a altura do prédio como gabarito máximo. O
Conselho
Municipal
de
Preservação
do
Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) classificou o edifício localizado na Rua Major Diogo, número 315, como NP3, ou seja, Nível de Preservação 3: “Preservação parcial do bem tombado. Quando se tratar de imóvel deverão ser mantidas as características externas, a ambiência e a coerência com o imóvel vizinho classificado como NP1 e NP2, bem como deverá estar prevista a possibilidade de recuperação das características arquitetônicas originais. ”16
16
Resolução nº 22/2002 - Prefeitura do Município de São Paulo
48
TBC – História_Situação Atual
2.2.
Situação Atual
Ao caminhar pela Rua Major Diogo, o edifício do TBC surge com uma certa imponência. Sua fachada o diferencia dos demais, e por ela estar degradada, sem cuidados e por não ter nada que possa identificar o edifício como o Teatro Brasileiro de Comédia, acaba sendo só mais um que foi esquecido pelo tempo e pelas autoridades para aqueles que passam pela rua.
Acima Imagem 22 Fachada atual, acervo pessoal.
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TBC – História_Situação Atual
Nesta página e na próxima Imagem 23 e 24 Fachada atual, acervo pessoal.
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TBC – História_Situação Atual
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TBC – História_Reformas
2.3.
Reformas
O TBC sofreu muitas reformas, desde pequenas modificações a reconstrução de salas por causa do incêndio. Entra para o histórico três grandes reformas. A primeira ocorreu em 1948, alguns meses antes da inauguração, quando Aldo Calvo ficou responsável em transformar o antigo casarão da Rua Major Diogo em um teatrinho de 365 lugares, com toda infraestrutura cênica. A segunda foi em 1960, quando o teatro ficou sem apresentações e então fechou para reforma. Foram retiradas duas grandes colunas que ficavam no meio do palco e que sempre foram um grande desafio para os cenógrafos, e o palco foi melhorado, já que era muito baixo. Após essa reforma o TBC tinha as seguintes dimensões: “cinco metros de altura e mais sete de urdimentos; largura de nove metros e dez metros de fundo. ”17 A terceira começou com o surgimento do Novo TBC, em 1999. O projeto foi feito por J. C. Serroni e teve os detalhes arquitetônicos da fachada restaurados, além de uma ampliação da entrada transformando-a em um amplo foyer. As salas de apresentações foram modernizadas e um bar foi instalado em homenagem ao antigo Nick - Bar. O edifício ao lado do TBC foi adicionado como anexo e sua fachada contém as mesmas configurações que a do teatro. O Novo TBC tinha 5 salas: ●
Sala TBC: uma das mais tradicionais de São Paulo, com palco italiano. 342 lugares.
17
Dionysos, nº 25, p. 117.
52
TBC – História_Reformas
●
Sala Assobradado: para shows e espetáculos teatrais. 280 lugares.
●
Sala Arte: para teatro de câmara. 120 lugares.
●
Sala Repertório: teatro experimental. 180 lugares.
●
Espaço Escada: oficinas e espetáculos. 70 lugares. Quando a Funarte comprou o TBC, ela contratou um
escritório de arquitetura para que esse pudesse fazer uma nova reforma. O escolhido foi URDI Arquitetura que traz um projeto que ainda está no papel e já dura 4 anos. Uma das propostas é deixar apenas duas salas de espetáculos e deixar a fachada do anexo, adicionado em 1999, contemporânea.
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
3. ESTUDOS DE CASO 3.1. Theatro Guarany
O Theatro Guarany está localizado no centro da cidade litorânea de Santos. Foi inaugurado em 1882, recebeu companhias internacionais e ganhou prestígio por ser o mais importante teatro da época. Em 1910, a Santa Casa de Misericórdia compra o teatro e realiza, aquela que foi considerada a primeira grande reforma. Seu auge durou até mais ou menos 1920, porque logo depois disse surgiu um forte concorrente, o Teatro Coliseu, e parte da população se deslocou para a orla da praia, deixando os que tinham menor poder aquisitivo no centro, prejudicando a audiência do teatro. Quase teve fim quando, em 1981, aconteceu um enorme incêndio destruindo quase toda a construção e todas as pinturas realizadas por Benedito Calixto que estavam nos tetos e paredes, nem os restauradores conseguiram trazê-las de volta. Isso gera uma mobilização entre um grupo de arquitetos recém-formados da
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
cidade, que se reúnem durante uma semana e chegam a conclusão de que é necessário sensibilizar as autoridades para que haja um projeto de restauro, já que o teatro corria o risco de demolição.
Na página anterior e nesta Imagem 25, 26 e 27 Fachada do teatro e localização Imagem 28 e 29 Fotos do incêndio.
O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) tomba o teatro como patrimônio cultural, mas o atual dono, um comerciante da cidade, não tinha condições financeiras de arcar com a obra de restauro, gerando mais deterioração. Foram mais de 20 anos de abandono até que a prefeitura de Santos compra o edifício e começa então a reforma, que dura 2 anos para ser concluída, sendo finalizada em 2008.
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
Acima e ao lado Imagem 30, 31 e 32 O teatro ficou abandonado por mais de 20 anos.
Na próxima página Imagem 33 Desenho da fachada.
O projeto para a reforma conta com a construção total das paredes internas, uma vez que somente as externas ficaram em pé após do incêndio de 1981 (ver plantas e cortes). As plantas da primeira reforma se perderam, os arquitetos tiveram apenas uma imagem da fachada para que ela pudesse ser restaurada fielmente.
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
O saguão ganha um pé-direito duplo e a plateia ganha dois
andares
de
camarotes
que
foram
completamente
reconstruídos. Para substituir as pinturas de Benedito Calixto destruídas pelo o incêndio, o artista plástico Paulo Von Poser reproduziu, no enorme teto do teatro, as cenas da ópera O Guarany, que inspirou o nome do Teatro. ...foi uma restauração desafiadora, não foi uma obra simples. O projeto recupera tudo que era de original e que o prédio se mostrava. Técnica construtiva, ornamentação, cores. Nós fizemos uma intervenção, que revela um pouco de sincretismo entre o novo e o antigo, porque o novo se adapta, ele vem e se molda dentro do espaço que o teatro oferecia para a gente. Esse foi o grande desafio e a surpresa ao vê-lo pronto.18
18
Ney Caldatto, entrevista à TV Tribuna em 07 de dezembro de 2012.
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
Nesta pĂĄgina Imagem 34 e 35 Camarotes prontos e durante a reforma.
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
TÉRREO
60
TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
PRIMEIRO PAVIMENTO
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
SEGUNDO PAVIMENTO
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
CORTE AA / CORTE BB
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TBC – Estudos de Caso_Theatro Guarany
CORTE CC
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TBC – Estudos de Caso_Teatro Erotídes do Campo
3.2.
Teatro Erotídes do Campo
Acima Imagem 36 e 37 Fachada por Nelson Kon e localização.
O Engenho Central, localizado às margens do Rio Piracicaba, na cidade de Piracicaba, foi construído em 1881 pelo Barão de Rezende com o objetivo de substituir o trabalho escravo pelo assalariado e pela mecanização. Foi o mais importante do país porque tinha uma produção anual de 100 mil sacas de açúcar e três milhões de litros de álcool. A fábrica foi desativada em 1974 e tombada em 11 de agosto de 1989, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba, CODEPAC. Desde seu tombamento, o Engenho Central manteve sua formação original, o que mudou foi seu entorno.
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TBC – Estudos de Caso_Teatro Erotídes do Campo
A proposta é restaurar e adaptar um dos galpões mais antigos do Engenho Central, o galpão Número Seis, e transformá-lo em um teatro multifuncional. Por se tratar de um grande depósito, o galpão possui dimensões industriais no seu pé direito, no grande vão central e nos materiais construtivos. Esse alto pé direito ajudou para encaixar um andar a mais de plateia em estilo arquibancada. A entrada e saída são trocadas, ou seja, não seguem as do galpão. A entrada do galpão, dá na praça pública do Engenho Central, e para o projeto essa entrada tornou-se a parte de trás do palco, isso acontece porque a proposta é a possibilidade de abrir essa parede para possíveis apresentações onde o público esteja na praça. Segundo o escritório de arquitetura, o grande desafio foi encontrar o melhor desnível para o palco para tanto a plateia de dentro quanto a da praça, pudesse ter uma boa visibilidade do palco. A entrada se dá pela parte de trás do galpão e nas laterais assimétricas podemos ter, de um lado, um restaurante e a área técnica e do outro uma sala de ensaios e camarins, que ficam na parte superior.
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TBC – Estudos de Caso_Teatro Erotídes do Campo
Ao lado Imagem 38 Detalhes por Nelson Kon.
TÉRREO Destaque para a área técnica e do restaurante, à esquerda; ao generoso palco e coxias; e a abertura para a praça, à cima.
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TBC – Estudos de Caso_Teatro Erotídes do Campo
PAVIMENTO SUPERIOR Destaque para a área da sala de ensaios e camarins, à direita; e ao mezanino.
68
TBC – Estudos de Caso_Teatro Erotídes do Campo
CORTE AA
CORTE BB
69
TBC – Estudos de Caso_Teatro Erotídes do Campo
CORTE CC
CROQUI
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TBC – Estudos de Caso_Teatro Viradalata
3.3.
Acima Imagem 39 e 40 Sala de espetáculos do teatro e localização.
Teatro Viradalata
A Cia. Viradalata foi fundada em 2005 pela atriz Alexandra Golik, que teve desde o início a vontade de construir um teatro, e essa vontade se concretizou em 2011 quando o Viradalata Espaço Capital foi inaugurado na Rua Apinajés, 1387, em Perdizes. Depois em 2013 o espaço foi ampliado ganhando um foyer para exposições e restaurante com deck. São 4 ambientes ao total que juntos somam 724 m²: sala nobre com um palco de 10 metros de largura, 6 metros de altura e 7 de profundidade, 270 poltronas, sendo 3 para PMR e 4 para cadeirantes; sala cabaré com o mesmo tamanho de palco e capacidade para 120 cadeiras e 38 mesas; foyer com 55 m² e pé direito duplo; e bar/restaurante gourmet com capacidade para 100 pessoas. Além desses quatros ambientes, temos também em seu
71
TBC – Estudos de Caso_Teatro Viradalata
programa camarins e toaletes, cabine técnica, terraços, chapelaria, bar, cozinha equipada e elevadores de acessibilidade. O palco é único, mas foi projetado para ter duas aberturas, como o teatro do Sesc Pompéia de Lina Bo Bardi. O espaço, com muitas funções conta com a junção de dois terrenos com entradas em ruas diferentes, mas a principal se dá pela Apinajés. Não foi possível encontrar plantas e cortes do projeto.
Acima Imagem 41 Sala de espetáculos.
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TBC – Estudos de Caso_Teatro Viradalata
Nesta página Imagem 42 e 43 Sala Cabaré e Sanduicheira.
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TBC – Estudos de Caso_Teatro Viradalata
Nesta página Imagem 44 Foyer.
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TBC – Estudos de Caso_Memorial Minas Gerais
3.4.
Memorial Minas Gerais
Acima Imagem 45 e 46 Fachada por Jomar Bragança e localização.
A edificação histórica, datada de 1897, era a sede da Secretaria do Estado da Fazenda de Minas Gerais e é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais - IEPHA/MG. São três pavimentos que somam ao total 31 salas. Não há uma sequência para visitar as salas, ou seja, o visitante tem total liberdade de fazer seu próprio roteiro. A conexão entre todas essas salas se dá pelo elemento que mais representa a intervenção arquitetônica, pátio interno central que recebeu um jardim de bromélias e uma cobertura de vidro substituindo o antigo telhado.
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TBC – Estudos de Caso_Memorial Minas Gerais
Nesta página Imagem 47 Pátio interno por Jomar Bragança.
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TBC – Estudos de Caso_Memorial Minas Gerais
No subsolo temos os espaços de apoio ao funcionamento do memorial. O acesso se dá pela Rua Gonçalves Dias.
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TBC – Estudos de Caso_Memorial Minas Gerais
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TBC – Estudos de Caso_Memorial Minas Gerais
No primeiro e no segundo pavimento foram adicionados núcleos de instalações sanitárias para uso público.
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TBC – Estudos de Caso_Memorial Minas Gerais
No terceiro pavimento temos um auditório para pequenas apresentações, com apoio de camarim.
80
TBC – Estudos de Caso_Memorial Minas Gerais
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TBC – O Projeto_Localização
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TBC – O Projeto_Localização
4. 4.1.
Nesta página Imagem 48 Localização do TBC.
O PROJETO
Localização
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TBC – O Projeto_Localização
O TBC encontra-se em uma região repleta de teatros, 15 ao total. Na foto estão destacados os mais próximos. ●
Teatro Maria Della Costa - 370 lugares
●
Teatro Mars - 1000 lugares
●
Teatro Sérgio Cardoso - duas salas com o total de 979 lugares
●
Teatro Brigadeiro - 700 lugares
●
Teatro Renault - 1530 lugares
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TBC – O Projeto_Uso do solo
4.2.
Nesta página Imagem 49 Uso do solo.
Uso do Solo
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TBC – O Projeto_Uso do solo
O bairro da Bela Vista é predominantemente residencial e a quadra onde o TBC está localizado não poderia ser diferente. Na mesma quadra também está localizada a Casa de Dona Yayá que é tombada e classificada como NP1 da CONPRESP, um terreno vazio e alguns estacionamentos.
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
4.3.
TBC - Plantas e Cortes O TBC sofreu muitas mudanças arquitetônicas e é
possível perceber em dois levantamentos, um em outubro de 1993 feito pelo CONDEPHAAT, que estarão ao lado esquerdo, e o outro em junho de 2010 pela Ancec Agrimensura19, que estarão ao lado direito.
A visita técnica pelo interior do edifício não foi possível por motivos burocráticos.
O levantamento de 2010 foi fornecido pelo escritório URDI Arquitetura e este será a base para o projeto de revitalização. 19
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Subsolo
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Legenda 1 - Camarins 2 - Acessos 3 - Palco 4 - Plateia
Subsolo
Podemos perceber algumas mudanças, principalmente na parte dos camarins.
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Térreo
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Legenda 1 - Palco 2 - Plateia 3 - Acessos 4 e 5 – Hall de entrada ampliado com Nick-Bar
Térreo
No térreo podemos perceber que a disposição da plateia é modificada, mas a grande diferença está no anexo que surgiu na reforma de 1999. Com o anexo o hall de entrada foi ampliado e um bar pôde ser adicionado.
91
TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Primeiro Pavimento
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Legenda 1 - Plateia 2 - Palco 3 - Acessos 4 - Camarim
Primeiro Pavimento
No primeiro pavimento temos a demolição de algumas paredes para o surgimento de uma sala de apresentações. Um camarim é adicionado.
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Segundo Pavimento
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Legenda 1 - Salas 2 - Acessos
Segundo Pavimento
Poucas mudanças no segundo pavimento.
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Terceiro Pavimento
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Legenda 1 – ADM
Terceiro Pavimento
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Corte AA
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TBC – O Projeto_Plantas e Cortes
Corte BB
Com o corte podemos ter a dimensão do urdimento da sala nobre e dos desníveis que a plateia faz.
99
TBC – Estudos
4.4.
Estudos
Meus estudos se iniciaram quando decidi o partido do projeto. Ao analisar as características arquitetônicas do edifício, é possível notar que, desde sua inauguração, ele foi adaptado para ser um teatro e com o decorrer das reformas sofridas, foi adquirindo uma característica labiríntica, ambientes sem qualidades e circulações cruzadas. Resolver essa questão era um grande desafio, uma vez que o edifício é tombado. Por conta do TBC ser um NP3, onde a fachada precisa ser mantida e alterações só podem acontecer internamente, cheguei à conclusão de que nenhuma proposta de intervenção ou reforma poderia melhorar 100% essa problemática. Partindo desse discurso resolvi criar um edifício completamente novo deixando apenas a fachada intacta, assim como pede o NP3. A fachada intacta é o segredo do projeto. Através dela resolvemos a questão do Nível de Preservação 3 e o novo edifício a ser erguido não se torna apenas mais um teatro na cidade de São Paulo, uma vez que a fachada é única e pertence a história do TBC. Programa base: - Duas salas de espetáculos - Bar - Escola de teatro
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TBC – Estudos
Plano de massas
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
Estudos e fluxogramas das salas de espetáculos
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
Estudo sobre a relação com entornos
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TBC – Estudos
Croquis – Estudo de fachadas
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
Estudo de volumetria
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TBC – Estudos
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TBC – Estudos
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TBC – Projeto final
5.
Projeto Final
Como foi possível perceber, a história do TBC é muito rica e seu edifício é tombado pelo CONDEPHAAT por se tratar de um bem cultural de interesse histórico-arquitetônico. Em relação ao interesse histórico, temos um marco na profissionalização da categoria artística, novos métodos de encenação, além de uma grande herança para as futuras companhias de teatro, pois algumas delas foram fundadas por astros da época de ouro do TBC e outras surgiram através dessa árvore genealógica. O interesse arquitetônico vem por conter em sua fachada características do bairro Bela Vista na cidade de São Paulo, porém é um edifício onde a adaptação sempre fez parte da história arquitetônica, começando por sua inauguração em 1948, afinal o edifício que Franco Zampari escolheu para construir seu teatro, era apenas uma casa que servia de depósito. Mas as adaptações não pararam e o TBC acabou adquirindo uma característica labiríntica que só seria resolvida com uma atitude radical. O projeto de revitalização arquitetônica para o Teatro Brasileiro de Comédia tem como partido manter a fachada do antigo edifício, uma vez que ela não pode ser alterada por ser uma NP3 (Nível de Preservação 3). Um edifício completamente novo é proposto em um terreno consolidado com 20 metros de frente e 50 metros de comprimento. Para montar o programa, foi necessário rever a história do TBC para que ambientes marcantes pudessem ser reinseridos no novo edifício. O programa foi então dividido em 3 grupos: 1º Grupo – Teatro - Sala nobre (296 lugares) - Sala menor (147 lugares) - Cabine de som/iluminação (2) - 4 Camarins para a sala nobre - 2 Camarins para a sala menor - Depósito de cenários/figurinos (2) - Lavanderia de figurinos
117
TBC – Projeto final
- Oficina de cenografia - Área técnica - Depósito de equipamentos técnicos - Bilheteria (2) - Doca 2º Grupo – Escola de teatro - Recepção - Sala multiuso (2) - Sala teórica (2) - Sala dos professores - Adm. geral - Depósito de adereços - Café - Biblioteca/Sala de informática 3º Grupo – De uso comum - Foyer (2) - Parede com painéis expositivos - Sala multimídia para exposições - Terraço jardim - Café - Sanitários A entrada principal, onde encontra-se a fachada, é a da Rua Major Diogo e esse acesso atende o primeiro grupo do programa, o Teatro. A porta central da fachada é a única que permite esse acesso, “obrigando” o pedestre passa por ela; essa passagem é a primeira vivência do antigo X novo. Até o começo das paredes do novo teatro surgir, temos um grande foyer/acolhimento que é o principal condutor para as salas de espetáculos, café e terraço, e possui uma cobertura de vidro que faz o papel de estrutura, junto com pilares metálicos, que segura a fachada; essa cobertura é a segunda vivência. O terraço, a circulação vertical, sanitários e o café ficam localizados na ao lado direito da fachada, onde era o edifício de anexo (adicionado na reforma de 2000). Do café, sai uma passarela, que tem a função de varanda, conectada com a
118
TBC – Projeto final
fachada, onde o usuário tem a experiência de estar dentro do antigo TBC; essa é a terceira vivência. A quarta vivência entre o antigo X novo acontece no terraço que possui uma vista privilegiada do foyer/acolhimento, da fachada, da cobertura, do jardim e da fachada da escola onde estão as salas multiusos. A escolha para duas salas de apresentações está relacionada com a liberdade que o público frequentador da época de ouro e do Novo TBC tinham em escolher qual peça gostaria de assistir. A sala menor com capacidade para 147 expectadores, sendo 1 lugar para obesos e 2 para cadeirantes, está localizada no subsolo e a sala nobre para 296 expectadores, onde 2 lugares são para obesos e 4 para cadeirantes, fica no térreo. Essa decisão de diminuir a capacidade de lugares é baseada no que acontece atualmente com as casas de espetáculos20. As novas salas foram pensadas para atender espetáculos de pequeno a médio porte, já que a própria região possui outros teatros que atendem os de grande porte; a caixa cênica está adequada com o tamanho de cada uma e com opções de alteração no tamanho da boca de cena; a sala nobre possui um urdimento de 9 metros de altura que permite que a troca de cenário seja feita por cima. A escola de teatro está localizada no que antes era o anexo. São duas salas multiusos com pé direito duplo que será usada para aulas, ensaios e apresentações. A administração geral fica no térreo para que a escola e as salas trabalhem em conjunto, assim as companhias podem usar as salas multiusos para ensaios e os alunos podem usar as salas (nobre e menor) para apresentações de fim de ano. Sua entrada se dá exclusivamente pela rua de trás (Rua Jardim Francisco Marcos) e a fachada para essa rua é aberta e com movimento que percorrem seus 5 pavimentos; foi dada uma atenção especial para esse acesso, pois o que vemos lá hoje em dia é um grande paredão branco sem relação alguma com o entorno Com o crescimento de casas de espetáculos, o público frequentador (que no Brasil já não é muito) possui muitas opções e isso faz com que a lotação máxima da casa se torne cada vez menos possível. Um teatro com capacidade para mais de 400 expectadores é mais propício de gerar prejuízo para um produtor teatral do que um de até 300, já que esse último é mais fácil de lotar. Por tanto uma casa de espetáculos com muitos lugares se torna desinteressante para um produtor teatral de até médio porte (que hoje em dia é a grande maioria). 20
119
TBC – Projeto final
de casinhas de até dois pavimentos (também tombadas). A fachada dos camarins da sala nobre também dá para essa rua, e ela recebeu uma pele de vidro para que os camarins possam receber iluminação natural. Um acesso especial para os atores também foi pensado e ele pode ser feito pela entrada principal acessando a área técnica, que leva direto para as varandas do urdimento, ou pela escola utilizando a saída de emergência que leva para os camarins. Por ser um edifício consolidado e não possuir área permeável, estou devolvendo para a cidade 64m² de AP.
VER PLANTAS EM ANEXO.
120
TBC – Projeto final
Nesta Página 3D da Sala Nobre.
121
TBC – Projeto final
Nesta pĂĄgina 3D da entrada principal.
122
TBC – Considerações finais
6.
Considerações FINAIS
O Teatro Brasileiro de Comédia é um marco na história do teatro brasileiro, saber que está fechado e que por burocracias ainda não foi possível reformá-lo é de partir o coração. A opção de usá-lo como trabalho de conclusão de curso veio de duas paixões: o teatro e a arquitetura; e ao aprofundar meus estudos sobre sua história, pude perceber que ele merece muito mais atenção do que apenas uma reforma para que possa ser reaberto, pois ao fazer isso corre-se o risco de alguns anos depois fechar novamente (como aconteceu com o Novo TBC). Busquei, com essa proposta de revitalização, dar uma cara nova ao TBC sem perder sua essência, para que memórias possam ser resgatadas e outras novas possam ser construídas. Quero que as pessoas, ao caminharem pela Rua Major Diogo, percebam e reparem na antiga fachada, e que ao fazer isso sejam instigadas a entrar e redescobrir um outro e novo teatro.
123
TBC – Referências
7.
REFERÊNCIAS
GUZIK, Alberto. TBC: Crônica de um sonho. São Paulo: Editora Perspectiva, 1986. Lycia, Nidia. Eu vivi o TBC / Nydia Licia. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007. MAGALDI, Sábato e VARGAS, Maria Thereza. Cem anos de teatro em São Paulo. São Paulo: Senac São Paulo, 2001.
REVISTA DIONYSOS, nº25. São Paulo, 1980. Url:
<http://www.baroriginal.com.br/classicos-segunda-
nick.html#sthash.EHe6HrJt.dpbs >, acessado em 28 de março de 2016. Url: <http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,crise-pode-levar-ao-fimdo-tbc,20021220p5578>, acessado em 28 de março de 2016. Url:
<http://www.dgabc.com.br/Noticia/275160/gabriel-villela-assume-
direcao-artistica-do-tbc>, acessado em 31 de março de 2016. Url:
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acessado em 5 de abril de 2016.
125
TBC â&#x20AC;&#x201C; ReferĂŞncias
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/2/17/ilustrada/3.html>,
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<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u6892.shtml>,
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/asset_publisher/QRV5ftQkjXuV/content/teatro-brasileiro-de-comedia574817/11049>, acessado em 5 de maio de 2016. Url:
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resgatam-tres-teatros-da-cidade.shtml>, acessado em 5 de maio de 2016. Url: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2011/05/914446-sem-previsaode-reabertura-tbc-aguarda-reforma-ha-mais-de-um-ano.shtml>, acessado em 5 de maio de 2016. Url:
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acessado em 5 de maio de 2016. Url:
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<http://www.archdaily.com.br/br/01-78395/teatro-erotides-de-
campos-engenho-central-brasil-arquitetura>, acessado em 30 de maio de 2016. Url: <https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/brasil-arquiteturateatro-piracicaba-24-10-2012>, acessado em 30 de maio de 2016. Url:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_Central_de_Piracicaba>,
acessado em 30 de maio de 2016. Url: <https://www.youtube.com/watch?v=9IGHgm-VB30>, acessado em 6 de junho de 2016. Url: < http://viradalata.com.br/>, acessado em 6 de junho de 2016.
TBC â&#x20AC;&#x201C; ReferĂŞncias
Url:
<http://www.escavador.com/sobre/6389697/katia-bomfim-pestana>,
acessado em 6 de junho de 2016. Url:
<http://www.arteview.com.br/index.php/noticias/sao-paulo-tem-
novo-espaco-cultural-o-teatro-viradalata-de-alexandra-golikno-bairrode-perdizes/>, acessado em 6 de junho de 2016. Url: <http://www.memorialvale.com.br/>, acesso em 8 de junho de 2016. Url:
<http://www.archdaily.com.br/br/01-25155/memorial-minas-gerais-
estudio-arquitetura-mais-tetro-arquitetura>, acesso em 8 de junho de 2016.
128
TBC – Lista de Figuras
8.
LISTA DE FIGURAS
Figuras 1 e 2: Livro Eu vivi o TBC de Nydia Licia, editora Imprensa Oficial, São Paulo, 2007. Pág. 44. Figura 3: Sala principal do TBC em 1955. (Http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1274706-projetosresgatam-tbc-taib-e-cultura-artistica-teatros-paulistanoshistoricos.shtml) Figura 4: Livro Eu vivi o TBC de Nydia Licia, editora Imprensa Oficial, São Paulo, 2007. Pág. 82. Figura 5, 6, 7 e 8: Fotos do Nick - Bar encontradas no site Bar Original. (http://www.baroriginal.com.br/classicos-segundanick.html#sthash.vXE2lfeN.dpbs) Figura 9: Livro Eu vivi o TBC de Nydia Licia, editora Imprensa Oficial, São Paulo, 2007. Pág. 207. Figura 10: Livro Eu vivi o TBC de Nydia Licia, editora Imprensa Oficial, São Paulo, 2007. Pág. 58. Figura 11: Cacilda Becker, atriz. (http://teatrojornal.com.br/2013/08/cacilda-becker-para-nao-esquecer/) Figura 12: Livro Eu vivi o TBC de Nydia Licia, editora Imprensa Oficial, São Paulo, 2007. Pág. 88. Figura 13: Cacilda Becker como Pega Fogo no sucesso Pega Fogo. (1950) (http://redeglobo.globo.com/globoteatro/fotos/2014/06/cassildabecker-45-anos-sem-estrela-dos-palcos.html)
129
TBC – Lista de Figuras
Figura 14: Livro Eu vivi o TBC de Nydia Licia, editora Imprensa Oficial, São Paulo, 2007. Pág. 282. Figura 15 e 16: Fachada do TBC (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1274706-projetosresgatam-tbc-taib-e-cultura-artistica-teatros-paulistanoshistoricos.shtml) Figura 17: J.C. Serroni, Fauzi Arap, Eduardo Gudin e Marcos Tidemann, por Moacir Lopes Jr. (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/acontece/ac23029901.htm) Figura 18: fachada (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1274706-projetosresgatam-tbc-taib-e-cultura-artistica-teatros-paulistanoshistoricos.shtml) Figura 19: saguão (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1274706-projetosresgatam-tbc-taib-e-cultura-artistica-teatros-paulistanoshistoricos.shtml) Figura 20: Palco (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1274706-projetosresgatam-tbc-taib-e-cultura-artistica-teatros-paulistanoshistoricos.shtml) Figuras 21, 22 e 23: Acervo pessoal. Figura 24: Fachada Theatro Guarany (http://cafehistoria.ning.com/photo/santos-teatro-guarany1916?context=user)
130
TBC â&#x20AC;&#x201C; Lista de Figuras
Figuras 25 e 26: Google maps. Figuras 27 e 28: Acervo do livro Theatro Guarany. Figuras 29 e 30: (http://g1.globo.com/sp/santosregiao/noticia/2012/12/teatro-guarany-em-santos-completa-130-anos-deinauguracao.html) e (http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0240d.htm) Figuras 31 e 32: (http://g1.globo.com/sp/santosregiao/noticia/2012/12/teatro-guarany-em-santos-completa-130-anos-deinauguracao.html) e (http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=680462) Figuras 33 e 34: (http://www.costaemacedo.com.br/projeto/teatroguarany/) Plantas e cortes Theatro Guarany: (http://www.costaemacedo.com.br/projeto/teatro-guarany/) Figuras 35 e 36: (http://www.archdaily.com.br/br/01-78395/teatroerotides-de-campos-engenho-central-brasil-arquitetura) e GoogleMaps Plantas e cortes Teatro ErotĂdes de Campos: (https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/brasil-arquiteturateatro-piracicaba-24-10-2012) Figura 37: (http://www.archdaily.com.br/br/01-78395/teatro-erotidesde-campos-engenho-central-brasil-arquitetura) Figura 38: (http://www.archdaily.com.br/br/01-78395/teatro-erotidesde-campos-engenho-central-brasil-arquitetura)
131
TBC â&#x20AC;&#x201C; Lista de Figuras
Figuras 39 e 40: (http://www.teatroviradalata.com.br) e GoogleMaps. Figuras 41, 42, 43 e 44: (http://www.teatroviradalata.com.br) Figuras 45 e 46: (http://www.archdaily.com.br/br/01-25155/memorialminas-gerais-estudio-arquitetura-mais-tetro-arquitetura) e GoogleMaps. Figura 47: (http://www.archdaily.com.br/br/01-25155/memorial-minasgerais-estudio-arquitetura-mais-tetro-arquitetura) Plantas e Cortes Memorial Minas Gerais: (http://www.archdaily.com.br/br/01-25155/memorial-minas-geraisestudio-arquitetura-mais-tetro-arquitetura) Figura 48: GoogleMaps Figura 49: Acervo pessoal. Plantas e Cortes TBC: Acervo Pessoal.
132
TBC - Anexos
9. 9.1.
ANEXOS Anexo I
133
TBC â&#x20AC;&#x201C; Anexos
134
TBC â&#x20AC;&#x201C; Anexos
9.2.
Anexo II
135