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Manuela Marques Tchoe

ENTREVISTA ESCRITORA MANUELA MARQUES TCHOE

Baiana de Salvador, Manuela Marques Tchoe vive há mais de dez anos na Alemanha, onde trabalha como executiva de marketing. Manuela é uma escritora apaixonada por culturas diferentes, um tema com o qual ela vive todos os dias. Seu primeiro livro, “Ventos Nômades”, é uma coleção de contos que cruzam continentes e exploram o desejo de viajar e do exótico, os desafios e maravilhas de relacionamentos multiculturais e imigração.

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Boa Leitura!

Alguns contos exploram o amor de pessoas de culturas diferentes e os conflitos que essas diferenças geram. Outros falam sobre redescobertas pessoais, choque cultural e por que agarrar a vida com todas as forças. O pano de fundo do livro são lugares diversos, mas é a jornada humana de jogar-se no mundo que procuro mostrar em “Ventos Nômades”.

‘Ventos Nômades’ um convite a viajar pelo mundo

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Manuela Marques Tchoe, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais a encanta nos contos?

Manuela Tchoe - Diferentes culturas e viagens pelo mundo são temas que me fascinam. Quis colocar muitas das minhas próprias experiências no papel, principalmente aspectos da vida de imigrante, já que moro na Alemanha há treze anos. Eu quis mostrar as sensações de não se sentir em casa em lugar nenhum, justamente esse sentimento nômade. Com este livro, eu quis mostrar essas sensações de viver longe, do desejo de viajar, dos amores multiculturais, das descobertas. De autodescobertas também. Quantas vezes numa viagem nos permitimos ver a vida com outros olhos?! Essa é a jornada que “Ventos Nômades” explora.

Em que momento se sentiu preparada para publicar “Ventos Nômades”?

Manuela Tchoe - Com certeza, não foi no momento em que pus o último ponto-final no livro! Foi um processo longo. Publicar o primeiro livro é algo recompensador, mas também aterrorizante, pois nunca se sabe se está pronto ou bom o suficiente. Entretanto, a editora me ajudou bastante com a nova edição e estou bastante feliz com o resultado.

Quais temáticas estão sendo abordadas nos dez contos apresentados nesta obra literária?

Manuela Tchoe - O tema de “Ventos Nômades” é explorar o mundo, e cada conto tem a sua própria forma de mostrar esse sentimento de constante mudança. Alguns contos exploram o amor de pessoas de culturas diferentes e os conflitos que essas diferenças geram. Outros falam sobre redescobertas pessoais, choque cul-

tural e por que agarrar a vida com todas as forças. O pano de fundo do livro são lugares diversos, mas é a jornada humana de jogar-se no mundo que procuro mostrar em “Ventos Nômades”.

Apresente-nos a obra.

Manuela Tchoe - Quantas vezes numa viagem nos permitimos ver a vida com outros olhos?! Essa é a premissa de “Ventos Nômades”, que apresenta dez contos que cruzam continentes, exploram o choque de culturas e novos horizontes, além das fronteiras tupiniquins. Você largará tudo em busca do sentido da vida com Guilherme até chegar ao mais antigo templo do sudeste asiático. Com uma americana à beira da morte, receberá um sopro de vida na ilha grega de Creta. E se embrenhará com dois amigos nos segredos judaicos de Praga. “Ventos Nômades” é um convite a viajar pelo mundo.

Já que “Ventos Nômades” é um convite a viajar pelo mundo, apresente- -nos o cenário, espaço geográfico escolhido para os textos publicados.

Manuela Tchoe - São diversos: Alemanha, Turquia, Camboja, Egito, Índia, Portugal. E Brasil, é claro! Explorei lugares onde já tive experiências marcantes ou que despertaram minha imaginação de alguma forma. Eu quis trazer o conflito entre culturas ocidentais e orientais, o coração dividido de um estudante baiano que vai morar na Alemanha (um pouco autobiográfico!) e amizades que florescem entre pessoas completamente diferentes.

Manuela Tchoe - A receptividade está sendo bem positiva, pois o livro trata de situações com as quais muitos imigrantes se identificam. Existe um movimento forte de divulgar autores brasileiros na Alemanha e há muitas oportunidades, como eventos de literatura. Ainda estou no começo, mas fiquei bastante surpresa com a receptividade positiva por aqui.

Onde podemos comprar seu livro?

Manuela Tchoe - No Brasil, o livro está disponível no site da Editora PenDragon assim como na Amazon Brasil e outras livrarias virtuais como Submarino, Cultura etc., como livro impresso ou e-book. Internacionalmente, o livro pode ser adquirido como impresso (em paperback) pela Amazon de diversos países (EUA, Inglaterra, Alemanha e outros), assim como digital em plataformas como iBooks, Kobo, entre outras.

Quais os principais hobbies da autora Manuela Marques Tchoe?

Manuela Tchoe - Naturalmente, me inspirar na obra de outros escritores e escrever. Mantenho um blog com crônicas sobre diferenças culturais, vida na Alemanha etc. Tenho imenso prazer em viajar, passar o tempo com minha família e amigos. Não parece nada demais, mas para mim simplicidade é tudo.

Quais os seus principais objetivos como escritora?

Manuela Tchoe - Ser escritora ainda é algo novo para mim, mas me faz feliz. É uma alegria muito grande um leitor dizer que se identificou com a obra ou que se emocionou profundamente com algo. Ter a oportunidade de tocar a vida das pessoas, de inspirá-las, não tem preço. Tenho como principal objetivo escrever mais e melhor e continuar apaixonada por essa vocação.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Manuela Marques Tchoe. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Manuela Tchoe - À revista, obrigada pela oportunidade. Aos queridos leitores, às vezes, é preciso se perder para se encontrar. E viajar, entregar- -se ao mundo sem grandes amarras, seguir um caminho e descobrir algo inesperado… é, eventualmente, transformar perdas em achados.

_________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL | ESCRITOR PETRÔNIO BORGES

CERTO OU ERRADO

QUANDO O JULGAMENTO PODE AJUDAR OU NÃO M uitos dizem que: lidar com animais é melhor que lidar com pessoas. Talvez porque queremos que tudo seja feito realmente do jeito que nós queremos. Pessoas pensam, tem desejos próprios, são de culturas diferentes e questionam muito. Assim é o ambiente onde nós vivemos, ou seja, no trabalho, em casa e em nossos meios sociais. Muitas vezes tomamos algumas decisões de excluir as pessoas que não são de acordo com as nossas ideias, pois é mais fácil ter pessoas de ideias iguais junto a nós. Infelizmente não é fácil encontrarmos pessoas para trabalhar com aquelas que tenham ideias parecidas com as nossas. No meio social é mais fácil, pois procuramos

comunidades que pensam na maioria das vezes como gostaríamos. Em nossos lares, também já não está tão fácil manter os ideais iguais, pois a liberdade de expressão está cada vez mais difundida.

O certo e o errado são ideias que muitas vezes estão apenas em nossa mente, tudo isso foi criado por aprendermos que era assim ou não. Dessa forma levamos tais pensamentos aos ambientes que vivemos e queremos que todos as aceitem sem reprovação. Assim, a convivência torna-se um desafio cada vez maior. Claro que ninguém é obrigado a aceitar, mas temos que praticar a política da boa vizinhança. Imagine dentro de uma empresa, que é composta por uma diversidade incrível de pessoas trabalhando no mesmo ambiente, o respeito deve ser praticado com maestria. Uma organização em resumo é um grupo de pessoas com o propósito em comum, então é primordial manter uma união invejável para que os objetivos sejam alcançados.

Manter um grupo unido independente de suas diferenças pessoais, é um desafio para qualquer liderança, mas esse é o diferencial de um líder. Incluir e não excluir. Ensinar e não julgar. Julgar é formar conceitos. O julgar é saber examinar e tomar uma decisão se estamos no caminho certo ou errado de acordo com nossos direcionamentos. Um conto zen exemplifica bem o conceito de um líder inclusivo: diz no conto que quando Bankei realizava seus retiros semanais de meditação, discípulos de muitas partes do Japão vinham participar. Durante um destes Sesshins (em japonês: concertar a mente) um discípulo foi pego roubando. O caso foi reportado a Bankei com a solicitação para que o culpado fosse expulso. Bankei ignorou o caso. Mais tarde o discípulo foi surpreendido na mesma falta, e novamente Bankei desdenhou o acontecimento. Isto aborreceu os outros pupilos, que enviaram uma petição pedindo a dispensa do ladrão, e declarando que se tal não fosse feito eles todos iriam deixar o retiro. Quando Bankei leu a petição ele reuniu todos diante de si. “Vocês são sábios,” ele disse aos discípulos. “Vocês sabem o que é certo e o que é errado. Vocês podem ir para qualquer outro lugar para estudar e praticar, mas este pobre irmão não percebe nem mesmo o que significa o certo e o errado. Quem irá ensiná-lo se eu não o fizer? Eu vou mantê-lo aqui mesmo se o resto de vocês partirem.” Uma torrente de lágrimas fora derramada pelo monge que roubara. Todo seu desejo de roubar tinha se esvaecido.

Como conta o conto acima, não é fácil manter um grupo quando um deles está em desacordo com os demais (os objetivos em comum). Mas como ensinar um membro do grupo se o expulsarmos?

A pessoas que estão à frente de um grupo, seja ele de qual for a organização deve se preparar, estudar e praticar o conceito de união, compaixão e ética. Líder é um inspirador, ponderador, analisador e toma as decisões que melhor cabe a cada membro do grupo. É aquele que une, mostra a importância do trabalho em equipe, como dizia a frase dos três mosqueteiros: Um por todos e todos por um.

Devemos ser mais inclusivos que exclusivos, as ideias das pessoas não precisam ser iguais as nossas. Devemos praticar a ética, que em resumo é viver bem com todos, respeitando suas diferenças, como já dizia Sócrates: Só sei que na nada sei. Seguindo os passos do grande filósofo, ninguém sabe tudo. Tudo pode estar certo como também pode está errado. O mais importante é uma convivência harmoniosa de uma organização em grupo.

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