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Maria Gravina Ogata
from Poema “Dentro do Momento, Através do Escuro Pensamento” JackMichel| Revista Divulga Escritor N° 35
by JackMichel
ENTREVISTA ESCRITORA MARIA GRAVINA OGATA
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Maria Gravina Ogata nasceu na cidade de Polignano a Mare, na região da Puglia, no sul da Itália. Com dois anos de idade imigrou para o Brasil, alguns anos após o término da Segunda Guerra Mundial.
É brasileira naturalizada, Geógrafa e Advogada, com Mestrado em Geografia Física e Doutorado em
Administração Pública. Até 2008 atuou no setor público como funcionária de carreira do governo do estado da Bahia nas áreas de planejamento territorial, recursos naturais, recursos hídricos e meio ambiente, sempre publicando muitos trabalhos técnicos. Atualmente mora em Cotia, São Paulo, Brasil e atua profissionalmente como consultora jurídica na área de meio ambiente. Contudo, entrou no mundo literário ao publicar o livro infantil “O amiguinho inesperado”, em 2016, publicado pela Reino Editorial. “Os samurais Alagoanos e a Bambina Paulista: Migrar é Preciso...”, que acabou de publicar, é a sua segunda aventura literária.
Um misto de cultura em ‘Os Samurais Alagoanos e a Bambina Paulista - Migrar é Preciso’
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Escritora Maria Gravina Ogata, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a escrever “Os Samurais Alagoanos e a Bambina Paulista - Migrar é Preciso”?
Maria Ogata - A ideia de escrever o livro surgiu a partir do momento em que me interessei pela elaboração da árvore genealógica de minha família. Verifiquei que demorou muito tempo para que houvesse uma efetiva integração dos nossos imigrantes italianos e japoneses com os brasileiros. Isso me intrigou, pois o Brasil é conhecido pela facilidade com que se dá a miscigenação entre os povos que buscaram seu território para viver. No caso da minha família italiana, levou três gerações, e no caso da família japonesa (do meu marido) levou cinco gerações. Considero que houve muito tempo para se efetivar a mistura de raças. Comecei a buscar as razões dessa demora, e nessa busca fui me apaixonando pela temática.
Apresente-nos a obra.
Maria Ogata - A história migratória da minha família é utilizada como matéria-prima para fazer algumas considerações sobre o movimento dos imigrantes italianos e japoneses para o Brasil. Eu incluí essa história no contexto da história do Brasil e dos três principais movimentos migratórios mundiais. Por esta razão, ainda que retrate a vida dos meus familiares, ela é a história de todos, pois relata mais de um século de eventos que impactaram, e ainda impactam, nossas vidas. De forma resumida, o livro trata da importância da família, do casamento e da educação como forma de ascensão social do imigrante; da importância do Brasil em transformar todos em brasileiros; e do poder das crianças, dentre muitos outros aspectos emocionais que povoam a mente dos que imigram. O livro trata, também, da importância dos Estados nacionais e das suas fronteiras.
Quem são os “Samurais Alagoanos”?
Maria Ogata - São meus netos Leonardo e Tiago que moram em Maceió, na Região Nordeste do Brasil. São brasileiros nordestinos, descendentes de italianos e de japoneses descendentes de samurais. Esse título chama a atenção para a miscigenação de raças e culturas em terras do Novo Mundo (América). Considerando que a minha família tem imigrantes italianos (eu sou a própria imigrante que veio da Região da Puglia, no sul da Itália, para o Brasil, com dois anos de idade), houve a necessidade de colocar algo que revelasse essa origem. Por causa disso, incluí no título do livro a expressão “... a bambina paulista”, que se refere à minha neta Ayumi.
Quais os principais desafios para escrita desta obra literária?
Maria Ogata - O maior desafio é escrever o livro ao mesmo tempo em que realizo minhas atividades profissionais, além das minhas atividades pessoais, de rotina. É preciso ter muita disciplina para escrever nessas condições, pois não sou escritora em tempo integral. Além disso, o tema migratório foi, é e sempre será um tema relevante para a história da
humanidade. No entanto, há muita dificuldade em se interpretar a história, quando os fatos se encontram em curso. É difícil interpretar o que se encontra em movimento. Esse é um grande desafio para qualquer escritor(a)!
O que mais chamou sua atenção enquanto redigia “Os Samurais Alagoanos e a Bambina Paulista - Migrar é Preciso”?
Maria Ogata - O conteúdo do meu livro passou a tomar outro rumo no momento em que vi a foto de um menino morto em uma das praias do Mar Mediterrâneo, de cabeça para baixo, durante a travessia migratória malsucedida. O mundo inteiro se sensibilizou com aquela foto. Percebi o quanto o mundo é cruel com os imigrantes e passei a contemplar a minha história sob o efeito dos grandes movimentos populacionais de massa. Esses grandes movimentos nem sempre são direcionados por desejos pessoais, mas principalmente em razão dos fatores históricos que induzem as pessoas a saírem de seus lugares em busca de melhores oportunidades de vida.
A quem indica leitura?
Maria Ogata - Os destinatários dessa obra são todas as pessoas que gostam de ler. O livro adota uma linguagem muito simples e de fácil compreensão, mesmo tratando de tema tão complexo, que é a questão migratória. Vale ressaltar que, pelo fato de o Brasil ser um país multirracial, a questão migratória diz respeito a todos. Contudo, considero que meu livro atinge profundamente as pessoas da minha geração (tenho 67 anos).
Onde podemos comprar seu livro?
a) por meio do meu e-mail pessoal: mgoconsult@yahoo.com.br (cujo livro poderá ser enviado autografado, caso a pessoa tenha interesse); b) pelo site da Scortecci Editora: http://www.asabeca.com.br/ detalhes.php?prod=8382&friurl=_-OS-SAMURAIS-ALAGOANOS- -E-A-BAMBINA-PAULISTA--Maria-Gravina-Ogata-_&kb=759#. WsNkqNXwamE
Quais os seus principais objetivos como escritora?
Maria Ogata - Expor ideias e fatos para que haja reflexão sobre os temas que merecem ser debatidos. A questão migratória vem revelando um descaso com as pessoas que migram sobre forte pressão política, econômica e outras motivações, transformando todos em refugiados. É preciso dar humanidade a esse tema. No meu caso pessoal, considero de extrema relevância expor a saga dos antepassados em busca de uma vida melhor e explicitar a importância da imigração na vida das pessoas e da humanidade.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Maria Gravina Ogata. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Maria Ogata - Convido os leitores a conhecerem meu livro “Os samurais Alagoanos e a Bambina Paulista: Migrar é Preciso…”, pois é muito gratificante que o trabalho seja conhecido e que as pessoas interessadas possam ter contato com o conteúdo que povoou minha mente durante 12 anos de estudo e pesquisa. Além disso, é importante mostrar que o mundo capitalista vive dos fluxos migratórios. Contudo, o fenômeno migratório vem sendo associado ao desemprego, à criminalidade, à in-
segurança nacional, ao terrorismo e a muitos outros problemas que têm feito as portas se fecharem para quem precisa ou quer imigrar. Os movimentos populacionais trazem importantes mudanças de ordem cultural, econômica e social, tanto para os imigrantes como para os países que os recebem.
_________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL | ESCRITOR JOÃO BERNARDINO
Meu querido,
Sabes como adoro histórias de amores que me tiram o coração do peito. Infelizmente, confesso, a nossa acabou! Antes escrevia-te bonitas cartas declarativas do meu amor por ti. Mas, agora que saíste de casa tão depressa que nem o teu perfume ficou no ar, realço neste bloco de notas de que “NÃO VOLTARÁS A VER-ME DE NOVO”. Em letras maiúsculas, para não esqueceres. Também para que não sonhes em voltar. Jamais! Não te darei esse prazer. É que a minha vida não é um peditório do teu amor. E se partiste sem o desejo de aqui te demorares, garanto-te que cumprirei na íntegra a tua vontade. Oh, Céus, se ao menos fosses um homem de verdade, deverias ter ouvido o mesmo que disseste sobre mim! Mas preferiste confessar não me amares. É sempre mais fácil, não é?
Por ora, sentada na cama, olho-me ao espelho. Pareço ter gravado na testa o chavão de “mulher mais estúpida do mundo”. Todavia, desculpa rir-me tão ironicamente, mas nem estou comovida pelo teu afastamento. Já que não me ouves, escrevo-te. Não para aliviar a nossa separação mas para que saibas que não me importei ver-te partir. Simplesmente a tua ausência já não me arruina os sentimentos!
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL | ESCRITOR JOÃO BERNARDINO
Sim, sorrio sarcasticamente porque decidi querer ser feliz. Tenciono esquecer tudo o que me lembre de ti. Oh, quão grata estou por Deus ter permitido que partisses! Jamais tolerarei na minha vida quem não sabe amar. Quiçá um dia possas valorizar quem ama de coração. É que não se pode amar verdadeiramente sem crer na existência de quem se ama. E se acaso um dia aqui voltares, apenas encontrarás este papelinho. Talvez então entendas o quanto dói morrer por quem se ama e não conseguir beijar uma última vez a forma do seu rosto.»
Pai...
Não sei se o que te digo é apenas na esperança de receber benefícios da tua misericórdia. A balança da justiça divina assim o ditará um dia. Mas, por agora, murmuro-te o que sempre te quis dizer e nunca tive coragem.
Perguntarás porquê agora que estás a morrer. Agora que a morte corre depressa à frente dos teus olhos e tremelicas o corpo como quem sofre de mordeduras de escorpiões. Porque dizê-lo agora quando a tua vida está no extremo da falésia. Quando o caminho se estreita e vês o espectáculo do Juízo Final a abrir-te lentamente as suas cortinas.
Oh, meu querido pai, tu és a minha estrela. Se soubesses o quão doloroso é saber que estamos prestes a perder um pai, o nosso herói… A nossa bússola que nos orienta o caminho através do dédalo das ruas da vida.
Quando a felicidade é tanta e nos é dada por quem mais amamos, não vale a pena dizermos mais nada. Nem um obrigado. Nem uma palavra de consolo. Pensei eu que era o melhor. Erradamente, claro. Porque um agradecimento nos dá tranquilidade ao coração. Um alento faz brilhar-nos os olhos como faróis. E um sorriso alargar a boca com que devemos beijar a face. Oh, quanto me sinto mal! Quanto?!
Cada palavra que te quero dizer agora será precedida de lamentos e bramidos intensos. Talvez assim possam arrastar o prolongamento da tua existência por mais uns dias. Talvez te possa abraçar como nunca o fiz. Sentir-me menos culpado. Talvez me livre da tempestade de saudades que a tua partida me poderá fazer cair.
Oh, meu querido pai, sempre te amei. Sempre te amarei até que a memória me atraiçoe. Um amor sincero e verdadeiro para quem sempre me tratou como um herói. E a quem eu sempre vi como o meu rei. Porque é isso que sempre foste. O rei da minha vida, aquele que sempre quis dizer que amo e nunca fui capaz…