O Minas Tênis Clube apresenta
Temporada 2016
Direção Artística: Celina Szrvinsk
Queridos amigos, queridas amigas, É com grande alegria que assino a direção artística da Temporada 2016 dos “Concertos Teatro Bradesco”, programação que, há vários anos, recebe o apoio do Minas Tênis Clube e vem consolidando-se entre as mais importantes ações do Clube, em benefício da vida cultural de Belo Horizonte. Para a abertura dessa nova edição, reagendamos o recital do pianista Arnaldo Cohen, programado como encerramento do ano passado. O artista nos brindará com um belíssimo programa, incluindo as magistrais e tão raramente ouvidas Fantasia op. 17 de Schumann e Sonata nº 7 de Prokofieff. O duo formado pelo pianista Amilton Godoy e o gaitista Gabriel Grossi, ambos músicos de sólidas carreiras, mas de gerações diferentes, apresenta, no segundo concerto da temporada, um repertório totalmente baseado na obra de Heitor Villa-Lobos. O programa revela os elementos genuinamente populares que conduziram o compositor em seu processo criativo. Milton Nascimento é um artista que nunca se preocupou com a distância, muito menos com o tamanho do lugar. Assim, como ele nunca se cansa de repetir: “Vou onde me chamam”. É, portanto, imenso privilégio, que tenha aceito o convite para participar da nossa programação. O célebre compositor e cantor mineiro, que entre incontáveis honrarias recebidas, é Doutor “Honoris Causa” pela Berklee College of Music, de Boston, será homenageado por professores dos cursos de Música Popular da Escola de Música da UFMG, aos quais se junta para uma noite inesquecível. No quarto concerto da Temporada 2016, recebemos o elogiadíssimo Quarteto de Violões Maogani, com um programa integralmente dedicado a Ernesto Nazareth. O trabalho do grupo, que, pelo alto refinamento e a versatilidade dos músicos, tem recebido importantes prêmios, irá, mais uma vez, dissipar as tênues fronteiras entre o popular e o erudito, e desvendar a inesgotável riqueza da música brasileira. Encerra o ano o concerto do violinista israelense Itamar Zorman, medalha de ouro no Concurso Tchaikovsky de Moscou, em 2011, e da também internacionalmente premiada pianista Lisa Stepanova. Os artistas apresentam-se pela primeira vez em recital no Brasil e garantem brilho para o último concerto. Somos muito gratos ao Minas Tênis Clube que, por meio da realização dos “Concertos Teatro Bradesco”, acolhe o público mineiro e oferece inestimável estímulo à música. Somos igualmente gratos a todos os que nos prestigiam e celebram conosco esses mágicos momentos.
Celina Szrvinsk Diretora Artística dos “Concertos Teatro Bradesco”
ARNALDO COHEN, piano
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30 de agosto - terça-feira - 20h30
ROBERT SCHUMANN (1810-1856) Fantasia em dó maior op. 17 I. Durchaus fantastisch und leidenschaftlich vorzutragen II. Mäßig. Durchaus energisch III. Langsam getragen. Durchweg leise zu halten
MAURICE RAVEL (1875-1937) Sonatina I. Modéré II. Mouvement de menuet III. Animé
SERGEI PROKOFIEFF (1891-1953) Sonata nº 7 op. 83, em si b maior I. Allegro inquieto II. Andante caloroso III. Precipitato
ARNALDO COHEN , piano Único aluno na história da universidade brasileira a se graduar, pela Escola de Música da UFRJ, com grau máximo em piano e violino, Cohen conquistou, por unanimidade, o 1º Prêmio no Concurso Internacional Busoni, na Itália. Ao longo de sua carreira, apresentou-se em mais de três mil concertos, como solista das mais importantes orquestras do mundo. Após viver mais de vinte anos em Londres, Cohen transferiu-se para os Estados Unidos em 2004, tornando-se o primeiro músico brasileiro a assumir uma cátedra vitalícia na Escola de Música da Universidade de Indiana. Além de recitalista e concertista, transita também pelos domínios da música de câmara e, desde 2013, é o Diretor Artístico da Portland Piano International, uma série de concertos realizada em Portland, nos Estados Unidos. Seu CD com obras de Liszt (Naxos) foi um dos mais vendidos na Inglaterra e, para o selo BIS, gravou um álbum dedicado à música brasileira. Um outro CD, dedicado à obras de Liszt, foi escolhido como o “Editor’s Choice” da Gramophone, revista que considerou a sua gravação dos concertos de Liszt, como solista da Osesp, como “difícil de superar”. Ao se referir à gravação das Variações sobre um Tema de Haendel, de Brahms (Vox), o célebre crítico Harold Schonberg, do jornal The New York Times, escreveu: “Não conheço nenhuma gravação moderna que se aproxime desta”.
COMPOSITORES “De todos os sons que soam e povoam os variegados sonhos da Terra, há sempre uma nota suave e secreta, que sobressai ao ouvido daquele que sabe ouvir”. Este é o verso de Friedrich Schlegel - poeta da primeira fase do Romantismo na literatura alemã - que foi escolhido por ROBERT SCHUMANN como epígrafe de sua Fantasia em dó maior op.17. Quando foi iniciada, em 1836, a obra exteriorizava os anseios e os lamentos de Schumann, proibido de se aproximar de Clara por decisão do pai dela: “o primeiro movimento é talvez o mais apaixonado de todos que eu já escrevi, expressa um profundo desejo por você”, revelou Robert à Clara. A gênese da Fantasia, no entanto, remonta ao ano anterior, 1835, quando se planejava erigir em Bonn um monumento a Beethoven e com o qual Schumann contribuiria a partir dos proventos da publicação de uma “Grande Sonata” para piano. Originariamente intitulou a obra “Obolus” (uma antiga moeda grega) e seus três movimentos “Ruínas”; “Troféus” ou “Arco do Triunfo”; e “Palmas” ou “Coroa de Estrelas”. O monumento - para o qual Mendelssohn contribuiu com as Variações sérieuses - só foi inaugurado dez anos mais tarde sob os auspícios financeiros de Franz Liszt, que compôs uma Cantata Festiva para a ocasião. Sem apoio dos editores e sem a participação na construção o monumento, Schumann interrompeu os trabalhos na obra, a qual só completaria em 1839 e dedicaria a Liszt. A Fantasia pode ser considerada uma dedicatória dupla, a princípio endereçada à Beethoven e à Clara. Para isso, Schumann elegera como material temático um trecho melódico da última canção do ciclo “À Amada Distante” de Beethoven, cuja letra diz: “aceite então essas canções que escrevi para você, minha bem-amada”. O primeiro movimento, fantasioso e apaixonado, tem no título escolhido por Schumann - “Ruínas” - uma acertada descrição: “uma profusão de imagens sonoras, todas contidas, organizadas numa grande forma pianística, rigorosamente escrita e de que emana, para além do lamento, para além da poesia, a infinita ternura schumanniana, indizível”, observa Catherine Lépront. Os movimentos seguintes compartilham de atmosferas diferentes, ora vivazes, ora plácidas: “agora não tenho motivos para compor de maneira tão desconsolada e melancólica”, explicou Schumann ao ver dissipada a angústia do isolamento. Seguindo os passos de Debussy, MAURICE RAVEL se inscrevera para o Prêmio de Roma: bolsa de estudo atribuída pelo governo francês a jovens artistas. Pleiteou o prê-
mio por cinco vezes, nunca foi classificado e, além disso, na última tentativa, em 1905, foi desclassificado. A polêmica decorrente da decisão do júri desencadeou, na imprensa parisiense, debates entre músicos e críticos musicais. Sem se abater, Ravel ingressou em outro concurso de composição para o qual deveria criar um movimento de sonatina. E foi novamente desclassificado: era o único candidato e sua composição possuía alguns compassos além do delimitado pelas regras concurso. Para vitória da humanidade, Ravel decidira por não abandonar a obra e adicionar-lhe dois movimentos. A Sonatina de Ravel, segundo Alfred Cortot, “oferece, através de sua concisão, o exemplo de uma construção perfeita, onde todos os detalhes estão na exata medida do título. Palavras definem menos do que a própria música, já que cedem à tentação de explicar o encanto do primeiro movimento no qual se lê a indicação: apaixonado - única presença desse vocábulo em toda a obra de Ravel. A sutil perfeição de seu ofício é de tal grau que ela só tende a se fazer esquecer e tornar de alguma maneira a música mais musical”.
SERGEI PROKOFIEFF iniciara a composição da sexta, sétima e oitava sonatas em 1939. A esta trilogia denominou “sonatas da guerra”: a sexta reflete a nervosa antecipação da Segunda Guerra; a sétima projeta a angústia e a luta dos anos de guerra; e a oitava analisa retrospectivamente os acontecimentos. “Eu sempre gostei da ideia de escrever obras simples numa estrutura tão superior como a forma-sonata”, escrevera o compositor. Desde os primeiros estudos, nos quais aprendera sobre as formas musicais, até o final de sua vida, ele manteve seu fascínio sobre a estrutura da sonata. O pianista russo Sviatoslav Richter, responsável pela estreia da Sonata nº7, notara que o sucesso da obra deu-se através do sentimento comum compartilhado pela audiência: “com este trabalho, fomos brutalmente mergulhados na atmosfera ameaçadora de um mundo que perdeu o seu equilíbrio. Reinam o caos e a incerteza. Vemos forças assassinas à frente. Mas isto não significa que o que vivíamos antes deixara de existir: continuamos a sentir e a amar. Agora irrompe uma gama de emoções. Junto com os nossos concidadãos, homens e mulheres, ergue-se uma voz em protesto compartilhando a dor comum. Varremos tudo diante de nós, movidos pelo desejo de vitória. Na tremenda luta que isto envolve, encontramos resistência para afirmarmos uma irreprimível força de viver”.
Marcelo Corrêa
AMILTON GODOY, piano GABRIEL GROSSI, harmônica
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13 de setembro - terça-feira - 20h30
HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959) A maré encheu Prelúdio, das Bachianas Brasileiras nº4 Cantilena, das Bachianas Brasileiras nº5 O trenzinho do caipira
TOM JOBIM (1927-1994) E VINÍCIUS DE MORAES (1913-1980) O morro não tem vez
TOM JOBIM (1927-1994) Passarim
MILTON NASCIMENTO (1942) Travessia Maria Maria
MAURÍCIO EINHORN (1932) Batida diferente
POUT-POURRI DO FOLCLORE BRASILEIRO (DOMÍNIO PÚBLICO) A Mão Direita (Petizada), Constante (Guia Prátio nº1), O Pastorzinho (Guia Prático-Álbum 3), Cai Cai Balão (Cirandinhas), O Cravo Brigou com a Rosa (Cirandinhas nº4), Nesta Rua (Cirandinhas - Guia Prático), O Pobre e o Rico (Guia Prático nº4), Fui no Totoró (Cirandinhas - Guia Prático), Capelinha de Melão (Guia Prático nº1), Mucama Bonita (7 Variações), Sapo Cururu (Cirandas), Na Bahia Tem (Guia Prático nº1), Samba Lelê (Guia Prático - Álbum nº2), Escravos de Jó (Guia Prático nº1), Meu Galinho (Guia Prático)
Amilton Godoy e Gabriel Grossi se encontraram em 2012 para gravar o CD “Villa-Lobos Popular”. Após dois anos executando as obras desse CD, Amilton e Gabriel resolveram criar novo projeto: “Compositores Brasileiros”, homenageando grandes compositores da música brasileira que tiveram influência direta de Heitor Villa-Lobos. Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento e Maurício Einhorn são alguns dos homenageados, além de composições de Amilton Godoy e Gabriel Grossi.
AMILTON GODOY , piano
GABRIEL GROSSI , harmônica
Amilton Godoy completou, em 2014, 60 anos de carreira. Nascido em Bauru, numa família de músicos, seu futuro não poderia ser diferente. Seu avô tocava alaúde; seus dois irmãos – Adilson e Amilson tornaram-se músicos profissionais; seu pai tocava violino e trompete. Começou a aprender piano pelo método tradicional, ao mesmo tempo em que aprendia harmonia popular com o pai e o tio. Aos 11, criou um grupo junto com seu irmão Adylson, que fazia muito sucesso no interior, com arranjos de piano a quatro mãos. A professora de piano de Amilton, Nida Marchioni, certa vez disse ao seu pai: “Olha, esse menino têm que ir embora daqui, eu não tenho muito que dar em aula para ele, têm que estudar em São Paulo, têm que ir para a escola Magdalena Tagliaferro”. Seu pai o levou para fazer um teste com a professora Nellie Braga, ela o ouviu e o aceitou como aluno. Completou sua formação com Nellie Braga, na Escola Magda Tagliaferro e a partir daí participou e venceu importantes concursos de piano, como a “Medalha de ouro” no Prêmio Governador do Estado de São Paulo, em 1964.
Considerado atualmente um dos maiores representantes da harmônica no mundo, Gabriel Grossi desenvolve caminhos inusitados para a inserção de seu instrumento no rico universo da música brasileira. Assim, tem sido bastante solicitado para realizar gravações e shows no Brasil e no exterior ao lado de grandes nomes da música como: Chico Buarque, Ivan Lins, Leila Pinheiro, João Donato, Dave Matthews, Guinga, Lenine, Djavan, Milton Nascimento, Dominguinhos, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, além de Hermeto Pascoal, uma de suas grandes influências. Com nove discos lançados, Gabriel recebeu as melhores críticas do público e de especialistas. Seu disco de estreia, “Diz que fui por aí” (Delira Música), recebeu elogios tanto em relação à concepção musical quanto ao trabalho de composição e arranjos. Lançou também o álbum “Afinidade” (Biscoito Fino) em duo com o grande violonista Marco Pereira, projeto elogiado pela crítica, assim como o CD “Arapuca” (Delira Música). Apesar de jovem, Gabriel tem uma trajetória extensa. Além de carreira solo bem estabelecida dentro e fora do país e de todas as gravações e participações em apresentações com os mais variados nomes da música mundial, é, desde 2005, integrante do Hamilton de Holanda Quinteto, conjunto vencedor do prêmio Tim 2007 como melhor grupo de música instrumental brasileiro e finalista do Grammy Latino por duas vezes consecutivas. Destacou-se também ao lado do saudoso clarinetista Paulo Moura e das cantoras Zélia Duncan e Beth Carvalho. Gabriel Grossi realiza com frequência turnês pelo Brasil e exterior. Como instrumentista e também compositor arranca elogios dos maiores representantes da harmônica mundial.
Quando se mudou para São Paulo, Amilton Godoy recebeu o convite do músico José Ferreira Godinho Filho, o Casé, para integrar seu quinteto, experiência que se tornou decisiva em sua formação: “Aquilo foi uma preparação para o Zimbo Trio”, conta Amilton Godoy. O Zimbo Trio desenvolveu importante trabalho no cenário artístico brasileiro, tendo 51 discos gravados e editados em mais de vinte e dois países. Com o Zimbo Trio, dividiu o palco com nomes importantes como Elis Regina, Elizeth Cardoso, Wilson Simonal, Jair Rodrigues, Jacob do Bandolim, Sebastião Tapajós e Hector Costita. Hoje a banda Zimbo Trio leva o nome de Amilton Godoy Trio.
COMPOSITORES Assim como os Choros, as nove Bachianas Brasileiras de H E I T O R V I L L A -L O B O S foram escritas para as mais diversas formações: desde solos instrumentais e grupos camerísticos até grandes massas sinfônicas. Elas são uma homenagem a música de J. S. Bach, a qual Villa-Lobos considerava “fonte folclórica universal, rica e profunda.” A Bachianas nº4 foi composta originalmente para piano e posteriormente orquestrada pelo autor. O Prelúdio, de 1941, é a única peça do grupo que não faz referências à música brasileira. A Bachianas nº5 foi escrita originalmente para soprano e conjunto de violoncelos. A Ária (Cantilena) foi composta em 1938 e o segundo movimento, Dança, com texto de Manuel Bandeira, foi acrescido em 1945. A seção central da Ária apresenta um poema de Ruth Corrêa, disposto silabicamente em notas repetidas. Sua famosa melodia, exposta por duas vezes no movimento, flui expressivamente por compassos alternados, ora meditativos ora levemente dançantes, como um choro-canção neobarroco. A Bachianas nº2, para grande orquestra, possui como último movimento O trenzinho do caipira: uma toccata sinfônica, na qual ressoam os ruídos de uma alegre locomotiva, a cruzar a paisagem do sertão levando consigo uma inesquecível melodia. “A maré encheu, a maré vazou, os cabelos da morena o riacho carregou...” Os temas escolhidos por VillaLobos como parte de seus álbuns dedicados às crianças dispensam maiores apresentações: fazem parte das brincadeiras infantis, das cantigas de roda e do folclore brasileiro. Em 1925, Villa-Lobos criou a coletânea de 12 Cirandinhas, dedicadas a pianistas iniciantes. No ano seguinte, ampliou o grupo para 16 Cirandas, transformando o grupo inicial em obra de concerto, de pianismo avançado. Durante a Era Vargas, em 1932, Villa-Lobos publicou o Guia Prático: 11 álbuns com mais de 100 canções do populário infantil nacional, aos quais se seguiram os volumes Solfejos e Canto Orfeônico, com exercícios de canto e canções patrióticas. Comparativamente a Villa-Lobos, embora em diferente instância, ANTÔNIO CARLOS JOBIM
foi responsável pela “invenção” da música brasileira, partindo de recursos do populário nacional e universalizando-os. Teve formação erudita: Lúcia Branco e Tomás Terán (piano), Koellreuter (composição) e Paulo Silva (harmonia). Começou fazendo arranjos e depois encontrou a vocação de compositor: “é culpa do Mário de Andrade. Ele disse: façam música brasileira. Éramos estudantes e líamos Mário. Fizemos”. Da parceria com o poeta Vinícius de Moraes surgiram dezenas de “clássicos” da música popular brasileira. Só no ano de 1963, a dupla lançou sucessos como Garota de Ipanema, Samba do avião, Só danço samba, Ela é carioca e O morro não tem vez. A última canção foi imortalizada por Elis Regina e Jair Rodrigues no célebre programa de televisão o “Fino da Bossa”, do qual também participou o Zimbo Trio. A canção Passarim é também conhecida por sua versão instrumental, tema de abertura da minissérie O Tempo e o Vento, de 1985, cuja trilha sonora é assinada por Tom Jobim. A canção Travessia foi a primeira faixa do primeiro álbum gravado por MILTON NASCIMENTO. O disco, também batizado “Travessia” foi gravado em 1967, ano no qual a composição ganhou o segundo lugar no “Festival Internacional da Canção”, impulsionando a carreira do compositor para o mundo. A canção Maria, Maria, composta em parceria com Fernando Brant - assim como Travessia - foi lançada no álbum duplo “Clube da Esquina 2”, em 1978. Os pais de MAURÍCIO EINHORN, imigrantes da Polônia, tocavam gaita. Seu futuro não poderia ser diferente: aos cinco anos começou a tocar gaita de boca, aos dez anos, já se apresentava em programas radiofônicos. É autor de mais de 400 músicas, das quais 40 foram gravadas. Em parceria com o guitarrista carioca Durval Ferreira (1935-2007), Maurício Einhorn compôs clássicos da MPB como a canção Tristeza de nós dois e o tema instrumental Batida diferente, no qual combina jazz e bossa - aliás, gêneros amantes, filhos univitelinos de uma mesma época que se influenciaram mutuamente. Marcelo Corrêa
HOMENAGEM A MILTON NASCIMENTO
Show com professores de música popular da UFMG e participação especial de Milton Nascimento
26 de setembro - segunda-feira - 20h30
MILTON NASCIMENTO Milton Nascimento já cantou com amigos de todo o mundo e de todas as tendências musicais. De Wayne Shorter aos Povos da Floresta, passando por Elis Regina, Peter Gabriel, Tom Jobim, Herbie Hancock, Jon Anderson, Chico Buarque, James Taylor, Mercedes Sosa, Pena Branca e Xavantinho, Caetano Veloso. Rio de Janeiro, Nova York, Lac-Beau-Port, Belo Horizonte, Montreal, Istambul, Salvador, Havana, Copenhagen, São Paulo, Quebec, Porto Rico, Tiradentes, Santiago de Compostela, Hong Kong, Alegre ... mais de 300 cidades em todo o mundo já registraram sua admiração pelo cantor. Já cantou em Viena, na mesma sala onde Mahler apresentou sua Segunda Sinfonia. Em Paris, o então presidente François Miterrand adiou a reabertura do Museu do Louvre para poder assistir ao show de Milton no Park de La Villete. Em Los Angeles, teve seu nome registrado no Royce Hall, onde Einstein apresentou sua Teoria da Relatividade. Em suas andanças pelo mundo, Milton se aliou a várias campanhas e recebeu diversas homenagens. Na Philadelphia, recebeu uma réplica do Sino da Liberdade. Foi agraciado com a Ordem do Rio Branco, a Medalha da Inconfidência e a Medalha Alferes Tiradentes. Recebeu a chave das cidades de Nova York e Miami; foi feito Cavalheiro das Artes e das Letras da República Francesa. Participa da Aliança dos Povos da Floresta, da Anistia Internacional, da Fondatión France Liberté; atua junto ao Greenpeace. O sucesso nos palcos dos mais de vinte países onde Milton sempre cantou o Brasil é a legitimação de seu talento. Talento que já lhe rendeu quatro Prêmios Grammy e colocou seu nome diversas vezes nas listas dos melhores das publicações Down Beat e Billboard. Talento que lhe rende aplausos de mãos que falam as mais diversas línguas, numa única linguagem: a do coração, expressa na sua música. Milton nascimento, o menino criado em Três Pontas, interior de Minas Gerais, levou seu canto para além das montanhas e tornou-se um cidadão do mundo. Este ano, Milton Nascimento foi convidado pela Berklee College of Music, em Boston, para ser o homenageado do ano na formatura dos graduandos e receber o título de Doutor Honoris Causa daquela instituição, por sua vasta contribuição à música.
Participarão do espetáculo os professores de música popular da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais: ANDRÉ ‘LIMÃO’ QUEIROZ (bateria e percussão), CLARA SANDRONI (voz), CLÉBER ALVES (saxofone), CLIFF KORMAN (piano), MAURO RODRIGUES (flauta), MICHEL MACIEL (violão), PABLO SOUZA (contrabaixo) e WILSON LOPES (guitarra e violão), além dos músicos convidados BETO LOPES (guitarra e contrabaixo) e LINCOLN CHEIB (bateria). Habituados a dar continuidade ao legado musical, os professores vão mostrar que o conhecimento é um constante criar e recriar. Os músicos buscam o aperfeiçoamento contínuo no domínio dos instrumentos, da voz, da composição, da interpretação e do improviso. Agora, eles se encontram para mostrar que são eternos aprendizes e que o palco revela novos aprendizados e situações que exploram ainda mais os seus potenciais. Milton é um artista singular, sua música estabeleceu um novo paradigma de composição e performance para a música popular, sendo reverenciado em todo o mundo pelos artistas, pelo público e pela crítica. Difícil categorizar sua música, que passeia entre a rica tradição da música popular brasileira e latino-americana indo até o jazz e a música pop, desde Minas para o mundo e de volta. Neste espetáculo os professores da Escola de Música da UFMG se sentem muito felizes e honrados em compartilhar dessa música.
A N D R É ‘L I M ÃO ’ Q U E I R O Z , bateria e percussão Filho e neto de trompetistas, André Queiroz iniciou seus estudos musicais aos seis anos, com o pai. Seu primeiro instrumento foi o trompete. Logo em seguida começou a tocar percussão e aos 14 anos abraçou definitivamente a bateria. Sua carreira profissional teve início em 1985, em shows em casas noturnas da capital mineira. André atua em estúdios e palcos do Brasil e do exterior, ao lado de ícones da música brasileira, como Milton Nascimento, Lô Borges, Chico Amaral, Nivaldo Ornelas, Tavinho Moura, Toninho Horta, Celso Moreira, Chiquito Braga, Daniele di Boaventura e Marisa Schneider. No universo acadêmico, o baterista dá aulas e workshops desde os anos 90. Em 2006, André assumiu o cargo de professor de bateria e percussão popular da UFMG. C L A R A S A N D R O N I , voz A professora de canto popular da UFMG iniciou sua carreira profissional em 1981, ao lado do compositor e violonista Carlos Sandroni. Clara gravou com consagrados nomes da música popular brasileira, entre eles, Milton Nascimento, Al di Meola e Joyce. A cantora faz parte do Grupo de Estudos da Voz, do Rio de Janeiro, desde 1991. Possui mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cursa doutorado em música na Unirio. C L ÉB E R A LV E S , saxofone O saxofonista, arranjador e compositor possui um trabalho que passeia pelo jazz e pela MPB. Estudou com os músicos José Eymard, Nivaldo Ornelas e Paulo Mora. Cléber Alves fez graduação e mestrado na Universidade de Música de Stuttgart. O instrumentista participa de festivais na Alemanha, Suíça, Holanda, França e Espanha. O músico é professor de saxofone na Escola de Música da UFMG e na Universidade Bituca, em Barbacena. Desde 2013, Cléber coordena, ao lado de Pablo Souza, a Geraes Big Band, formada por alunos da Escola de Música da UFMG. C L I F F K O R M A N , piano Pianista, educador e reconhecido pesquisador de jazz, música brasileira e improvisação, Cliff Korman já lecionou na Manhattan School of Music, na Unirio, na Escola de Música de Brasília e, atualmente, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O músico desenvolve projetos com artistas brasileiros e norte-americanos e atua no Instituto Paulo Moura, como diretor musical, arranjador e coordenador do projeto de digitalização do acervo da instituição. Cliff realizou gravações de Rosa Passos, Ron Carter e Chuck Mangione. O pianista estudou em Nova York, sua cidade natal, com os mestres Roland Hanna, Ron Carter e Kenny Barron, e se apresentou em locais de prestígio, como o Lincoln Center, Le Poisson Rouge e Birdland. Cliff já tocou ao lado de Toninho Horta, Leny Andrade, e realizou uma produção a quatro mãos com Wagner Tiso e Milton Nascimento, no Festival Internacional de MPB, em São Paulo.
M A U R O R O D R I G U E S , flauta O flautista iniciou sua carreira profissional tocando guitarra e violão. Mauro Rodrigues fez parte do grupo Vera Cruz na década de 80, com Juarez Moreira, Iuri Popoff e Neném. O músico atua como compositor, arranjador e instrumentista ao lado de artistas como Maria Schneider, Adélia Prado, Amaranto, Babaya, Beto Guedes, Edição Brasileira, Juarez Moreira, Hermeto Pascoal, Milton Nascimento, Nelson Ayres, Paulinho Pedra Azul, Rudi Berger, Toninho Horta e Tavinho Moura. Graduado em flauta pela Escola de Música da UFMG, mestrado pelo Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro e doutorado em Artes pela UFMG, Mauro foi pesquisador visitante pela Fapemig. Atualmente, leciona na Escola de Música da UFMG. M I C H E L M A C I E L , violão Michel iniciou seus estudos musicais com o pai, o professor José Maciel. O músico é mestre em performance musical pela UFMG e bacharel em música pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Fez aulas com Sérgio Abreu, Sérgio Assad, Eduardo Fernández, Hubert Käppel, entre outros. Foi premiado em diversos concursos nacionais e internacionais e se apresentou em algumas das principais salas de concerto do país. Trabalhou como professor na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e no Conservatório Estadual de Música de São João del Rei. Como bolsista do mestrado, ministrou aulas de violão para alunos do bacharelado em música da UFMG, onde atualmente leciona. O violonista desenvolve trabalhos camerísticos, com destaque para o duo com o violonista Guilherme Vincens. PA B L O S O U Z A , contrabaixo Pablo Souza é contrabaixista, compositor e arranjador. Professor assistente da Escola de Música da UFMG, Pablo possui mestrado na Universidade de Louisville. Em 1999, iniciou seus estudos em música, com o contrabaixista Paulinho Carvalho. Em seguida, fez bacharelado em música erudita na UFMG, quando realizou aulas com Fausto Borém. O músico já trabalhou com artistas como Carlos Malta, Aliéksey Vianna, Ted Piltzecker, Mauro Rodrigues, Mário Laginha, Maria João, Nivaldo Ornelas, Eugênia Melo e Castro, Cléber Alves, Chico Amaral, Jacob Duncan, Suzana Travassos, Toninho Horta, Weber Lopes, Túlio Mourão, Magno Alexandre, Mike Tracy, Juarez Moreira, Pat Lentz, Celso Morareira, Harry Pickens, Antônio Hart, Cliff Korman, Márcio Bahia, Neném, Craig Wagner, entre outros. Ao lado de Cléber Alves, Pablo Souza coordena a Geraes Big Band, formada por alunos da Escola de Música da UFMG. W I L S O N L O P E S , violão e guitarra Wilson Lopes é professor de violão e guitarra na UFMG. Desde 1993, atua como parceiro musical, guitarrista, arranjador e diretor musical da banda de Milton Nascimento. Durante todo esse tempo, realizou shows no Brasil e no exterior, gravou trilhas de filmes, CDs, DVDs, e programas de televisão. Atualmente, o músico é responsável pelos arranjos orquestrais dos shows “Milton Nascimento Orquestra”. Lançou em dezembro de 2015 o primeiro songbook autorizado com obras de Milton Nascimento. Wilson Lopes possui seis discos autorais gravados.
MÚSICOS CONVIDADOS BETO LOPES , violão Músico, com mais de 40 anos de carreira, compositor, multi-instrumentista, arranjador e diretor musical. Possui 5 CDs autorais gravados. Tocou com todos os integrantes do Clube da Esquina e nomes como Hermeto Pascoal, Nivaldo Ornelas e outros. Participou de turnês pela Austrália, Estados Unidos, Europa e Nova Zelândia. Participações em programas de televisão, rádio, cinema, CDs e DVDs. Foi revisor do songbook Milton Nascimento idealizado por Wilson Lopes. Atualmente toca com Milton Nascimento, Toninho Horta, e Tavinho Moura. LINCOLN CHEIB , bateria Lincoln Cheib é professor de Bateria na Universidade de Música Bituca, em Barbacena, há 11 anos. Como instrumentista faz parte do grupo de Milton Nascimento há 21 anos, participando de festivais de música por todo o mundo ao lado desse brilhante artista. Seu trabalho como músico de estúdio lhe rendeu a participação em mais de 600 títulos ao longo de seus 36 anos de carreira. Há três anos vem se apresentando em projetos de música instrumental por vários países com o show “Homenagem a Milton Nascimento” sua apresentação mais recente foi em Basel, Suíça, na casa especializada em jazz “Birds Eye”. Em Setembro desse ano será lançado seu curso de bateria à distância pela plataforma digital NDA2, levando conhecimento sobre os ritmos brasileiros a todas as partes do mundo. Ao lado de Milton Nascimento, Lincoln ganhou quatro Grammy Awards, incluindo o CD Nascimento, de 1997, cuja pesquisa e criação dos ritmos de tambores foram de sua responsabilidade e de seu irmão Ricardo Cheib.
Direção musical e arranjos:
WILSON LOPES
QUARTETO MAOGANI CARLOS CHAVES, violão requinto e violão de 7 cordas SERGIO VALDEOS, violão de 7 cordas MARCOS ALVES, violão de 6 cordas PAULO ARAGÃO, violão de 8 cordas
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4 de outubro - terça-feira - 20h30
ERNESTO NAZARETH (1863-1934) Furinga Pairando Jangadeiro
RADAMÉS GNATTALI (1906-1988) Caçador de borboletas
AGUSTIN BARRIOS (1885-1944) Julia Florida
JOSE VILLALOBOS (1955) Canela
L. HUAMBACHANO (1910-1983) E. SANCHEZ Perricholi
ADOLFO MEJIA (1905-1973) Bambuco em si menor
ERNESTO NAZARETH (1863-1934) Arreliado Plangente Espalhafatoso Cruz, perigo Relâmpago
QUARTETO MAOGANI , violões O Quarteto Maogani é um dos grupos instrumentais mais premiados e conceituados no cenário musical popular brasileiro, destacando-se cada vez mais por sua produção fonográfica de alta qualidade e por sua presença constante em concertos no Brasil e no exterior. Criado em 1995, o quarteto trouxe para a música brasileira novos caminhos, explorando uma formação instrumental pouco usual no cenário popular. O Maogani tem como marcas registradas sua sonoridade inconfundível, seus elaborados arranjos - criados por seus próprios integrantes - e as interpretações que unem a delicadeza e os cuidados da música de câmera ao vigor e à espontaneidade da música popular. E é justamente esta versatilidade que vem encantando a crítica especializada, o público em geral e importantes personalidades do meio musical, que colocam o Maogani como herdeiro e continuador da melhor tradição violonística no Brasil. O grupo surgiu em 1995 a partir do encontro de quatro alunos do curso de Violão da Escola de Música da UFRJ, que buscavam aliar a bagagem obtida no estudo do violão clássico à paixão pela música popular. Essa característica, aliada aos arranjos que se tornariam a marca registrada do conjunto, viria a se tornar o traço marcante da sonoridade do Maogani, chamando a atenção de importantes nomes da nossa música popular. O repertório do Maogani tem na música popular brasileira seu enfoque mais constante e profundo. A abordagem é a mais variada possível: as músicas mais conhecidas e os clássicos da música popular convivem perfeitamente com músicas menos conhecidas e inéditas, assim como a tradição convive perfeitamente com a atualidade. Sempre com espaço para a produção autoral dos integrantes do grupo. CARLOS CHAVES é Mestre em Música Brasileira pela Uni-Rio. Bacharel em Violão pela UFRJ, venceu em 1996 o concurso nacional Souza Lima, em São Paulo. Em agosto de 2001, venceu com sua composição “Choro de Bela” o Festival de Americana (SP), na categoria música instrumental. Estudou com os principais nomes do violão do Rio de Janeiro. Atua como solista, camerista e acompanhador. É professor da Escola da Música Villa-Lobos. MARCOS ALVES é Bacharel em Violão pela UFRJ, graduado com nota máxima. Compositor, destaca-se por explorar sua formação erudita e jazzística como intérprete e arranjador de música popular. Foi diretor musical e arranjador do show “Amor e Cordas”, de Leo Tomassini. SERGIO VALDEOS é um dos mais renomados violonistas peruanos da atualidade. Destaca-se sua participação no grupo da cantora Susana Baca (ganhadora do Grammy Latino 2002) com quem trabalhou entre 2001 e 2009 participando em quatro produções musicais e viajando pelos cinco continentes nos principais festivais de world music. Além dela, trabalhou nomes como Eva Ayllon, Pilar de la Hoz, Carmina Canavino, Gian Marco Zignago, Cecilia Barraza, Cecilia Bracamonte, Jane Duboc, Guinga, Leila Pinheiro, Celia Vaz. No Perú, foi fundador do “Clube do Choro”, grupo dedicado a difusão do choro e da cultura brasileira. PAULO ARAGÃO é Bacharel em Violão pela UFRJ e Mestre em Musicologia pela UNIRIO, aprovado “com louvor” com sua dissertação “Pixinguinha e a gênese do arranjo musical brasileiro”. Tem trabalho destacado como arranjador e compositor, já tendo escrito para artistas como Guinga e Yamandu Costa. Seus arranjos já foram tocados por orquestras como a Los Angeles Philharmonic Orchestra, a Orchestre National de France, a Gewandhaus Orchestra de Leipzig, a Metropole Orkest (Holanda), a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), a Orquestra Petrobras Pró-Música (RJ), a Orquestra Jazz Sinfônica (SP), entre outras. É integrante do premiado Quarteto Maogani de Violões, com o qual já ganhou os Prêmios TIM, Caras e Rival BR. É professor da Escola Portátil de Música.
COMPOSITORES Há muito admirado por amantes da música popular e erudita, ERNESTO NAZARETH foi, segundo Villa-Lobos, “a verdadeira encarnação da alma musical brasileira”. Nazareth nacionalizou a música brasileira de salão, pois mesclou danças de origem europeia como a polca e a valsa com elementos melódicos e rítmicos captados da música nativa brasileira - o lundu, o maxixe e o batuque. O tango Arreliado, original para piano - aliás, como toda a produção de Nazareth - composto na década de 1920 só teve sua primeira edição em 2008. Já a polca Cruz, perigo!, foi editada no ano de sua composição, em 1879, no Rio de Janeiro. O tango Espalhafatoso, publicado em 1913, ganhou versão violinística nas mãos de Dilermando Reis, registrada por ele no LP “Homenagem a Ernesto Nazareth”, lançado em 1973. O tango Furinga - que é, na verdade, um maxixe - foi editado em 1898 com a curiosa dedicatória: “a um grupo de amadores do Poker”. O tango Jangadeiro, publicado em 1922, tem escrita robusta, em oitavas, condizente com sua primeira gravação, realizada pela Orquestra Pan American. O tango Pairando, editado em 1921, dá nome ao 5º CD do quarteto Maogani, totalmente dedicado a Ernesto Nazareth. Plangente, tango brasileiro com estilo de habanera fez parte do repertório do compositor durante sua turnê em São Paulo, realizada em 1926. O choro Relâmpago, de Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, é também atribuído a Nazareth, como narra o escritor Jorge Mello em seu livro Gente humilde: Vida e música de Garoto. Verdade ou não, a música tornou-se conhecida no arranjo de Garoto para o Bossa Clube, conjunto de violões do qual era solista, no violão tenor. Entre Villa-Lobos e Tom Jobim, entre a música brasileira popular e a erudita, está a obra de R A D A M ÉS G N AT TA L I , compositor sem barreiras, que afirmava: “música, só tem dois tipos: a boa e a ruim”. Foi membro tanto da Academia Brasileira de Música quanto da Academia de Música Popular Brasileira. Nasceu em Porto Alegre e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde faleceu. Lá conheceu Ernesto Nazareth, trabalhou como pianista, regente e arranjador e, com a inauguração da Rádio Nacional, viu nascer sua carreira como compositor. Compôs o choro Caçador de borboletas em 1947.
AGUSTÍN BARRIOS MANGORÉ chamado, por vezes de “Chopin do violão” - foi um violonista paraguaio e compositor. A música popular do Paraguai (incluindo a polca paraguaia e valsa) forneceu ao jovem Barrios o seu primeiro contato com a música. Sua composição, a barcarola Julia Florida, escrita em 1938, na Costa Rica, foi dedicada a uma de suas alunas, Julia Martinez, por quem - se acredita - ele estava apaixonado. JOSÉ ALBERTO VILLALOBOS RUIZ, ou Pepe Villalobos, é um dos representantes da música contemporânea peruana. Congrega em seu trabalho música folclórica, rock e jazz: “minha música não procura fusão como um fim, mas como uma alternativa para uma melhor expressão da linguagem sonora”, explica. Aprendeu com o pai o estilo do canto de Jarana, música festiva peruana. A canção Canela dá título ao CD do quarteto Maogani gravado em 2015, com participação do cantor Renato Braz. O disco apresenta panorama da música da América Latina. “O violão afeta os sentidos galantemente quando vibra suas intenções. Ela, com sua voz, exalta a malícia e toca a fibra das paixões”. Esses são os versos extraídos da valsa-canção La Perricholi, da dupla de músicos peruanos LUCIANO HUAMBACHANO e ENRIQUE SÁNCHEZ OSORIO. O poema exalta a sedutora atriz limenha Maria Micaela Villegas, que fora amante do vice-rei do Peru entre 1761 e 1776. Madame Villegas, considerada uma das mulheres mais famosas do século XVIII, teve sua trajetória transformada na ópera O Périchole, de Jacques Offenbach, estreada no Théâtre des Variétés de Paris, em 1868. O compositor e músico colombiano ADOLFO MEJÍA NAVARRO tinha o violão como instrumento predileto. Porém, demonstrou notável habilidade com o piano, para o qual destinou suas composições. É o caso da peça Bambuco em si menor, original para piano solo, uma dança terna e conquistadora. Original da Colômbia, o bambuco, de ritmo ternário, possui notável semelhança com a distante polska, gênero dançante comum aos países nórdicos. Marcelo Corrêa
ITAMAR ZORMAN, violino
LISA STEPANOVA, piano
P
R O
G
R
A
M
A
18 de outubro - terça-feira - 20h30
JOHANNES BRAHMS (1833-1897) Sonata para violino e piano nº 1 em sol maior, op. 78 I. Vivace ma non troppo II. Adagio - piu andante - adagio III. Allegro molto moderato
Sonata para violino e piano nº 2 em lá maior, op. 100 I. Allegro amabile II. Andante tranquillo - vivace III. Allegretto grazioso
Sonata para violino e piano nº 3 em ré menor, op. 108 I. Allegro II. Adagio III. Un poco presto e con sentimento IV. Finale: Presto agitato
ITAMAR ZORMAN , violino
LIZA STEPANOVA , piano
Aos 26 anos, o violinista israelense Itamar Zorman acumula prêmios como a “Medalha de ouro” do Concurso Tchaikovsky em Moscou (2011), o Avery Fisher Career Grant (2013) e o Borletti-Buitoni Trust Award (2014).
Aclamada pelo New York Times, Stepanova é frequentemente solicitada como solista, colaboradora e educadora. Ela tem uma agenda intensa na Europa e Estados Unidos. Liza foi premiada em importante concursos como o Liszt-Garrison, Juilliard Concerto, Steinway e Ettlingen. Como membro do Lysander Piano Trio ela recebeu o primeiro lugar no concurso “Concert Artists Guild Competition” (2012) e no “Coleman Competition” (2011).
Já se apresentou com a Filarmônica de Israel, Sinfônica do Carnegie Hall, Sinfônica Haifa de Israel e Filarmônica de Baden Baden. Participou dos festivais de Marlboro e de Aspen nos EUA; e estreou no Festival Verbier (Suíça). Fundou o Projeto de Câmara de Israel e integra o Lysander Piano Trio. Apoiado pela Fundação América-Israel Cultural, tem trabalhado em conjunto com Itzhak Perlman, Pinchas Zuckerman, Shlomo Mintz, Ida Haendel e Ivry Gitlis, entre outros. Nascido em 1985, em Tel Aviv, iniciou estudos de violino aos 6 anos com Saly Bockel no Conservatório de Música de Israel. Formou-se em 2010 na Escola de Música de Manhattan e tornou-se Mestre em Música pela Juilliard School, em 2012. Atualmente, é aluno de Christian Tetzlaff na Academia Kronberg. Em 2014, lançou o CD “Portrait” (Hänssler), com peças de Schubert, Brahms, Chausson, Hindemith e Messiaen, ao lado do pianista Kwan Yi. Apresenta-se com um violino Pietro Guarneri da coleção particular de Yehuda Zisapel.
Stepanova tem realizado apresentações como solista e camerista em festivais internacionais nos quais ela teve oportunidade de colaborar com artistas como os violinistas Cho-Liang Lin e James Dunham, a soprano Lucy Shelton e a mezzo-soprano Suzanne Mentzer. Liza estudou com Wolfram Rieger em Berlim e foi convidada inúmeras vezes para participar das masterclasses de Dietrich Fischer-Dieskau. Em 2011, fundou o inovador grupo SongFusion, do qual foi curadora de programas combinando música, artes visuais e recitação. Desde 2013, Stepanova é Diretora Artística e Diretora da programação de piano no SongFest do Colburn Scholl (Los Angeles). Tendo já lecionado em lugares como Julliard School e Smith College, a partir de 2016 passou a integrar o corpo docente da Hugh Hodgson Scholl of Music da Universidade da Georgia (Estados Unidos).
COMPOSITORES JOHANNES BRAHMS começou a compor em anonimato sob os pseudônimos de “Joh. Kreisler Jun.” e “G. W. Marks”. Em 1853, apresentou-se a Robert e Clara Schumann, que logo lhe depositaram toda a confiança. Robert publicou artigo na Neue Zeitschrift für Musik, declarando ser Brahms o sucessor há muito esperado de Beethoven. Em retribuição, Brahms escreveu-lhe: “O louvor público que você se dignou de me conceder aumentou tão grandemente as expectativas do mundo musical para com a minha obra que não sei como vou conseguir, sequer parcialmente, fazer justiça a isso. Antes de tudo, isso me obriga a agir com o máximo de cautela na escolha das peças para publicação”. A severa autocrítica de Brahms aliada à cobrança em satisfazer os predicados anunciados por Schumann fê-lo destruir quase tudo o que havia composto anteriormente. Desfez-se, inclusive, de sua primeira sonata para violino e piano - em lá menor -, que teve a última execução em 1853 dada pelo violinista Ferdinand David e o pianista Ignaz Moscheles. Brahms tivera intensa convivência com violinistas, o que pode ter ampliado ainda mais suas exigências para a criação de uma sonata para violino e piano. Em 1851, conheceu o húngaro Eduard Reményi - quem o apresentou a música húngara, que viria influenciar mais tarde seu trabalho - dois anos mais tarde, conheceu outro violinista húngaro, Joseph Joachim, que iria ser seu amigo e colaborador durante toda a sua vida. Brahms completou sua primeira sonata para violino - em sol maior op. 78 - durante as férias de verão de 1879, um ano após compor seu Concerto para Violino op. 77, dedicado a Joachim. Brahms, no auge de sua capacidade criadora, introduz o conjunto de três sonatas para violino sem arroubos, num canto apaziguador, como que aquecido pelo sol da manhã. Para o terceiro movimento, ele utilizou temas de suas canções opus 59 - Regenlied (“Canção da chuva”) e Nachklang (“Eco”, ou “reminiscência”). Por isso, a obra é comumente chamada de “Sonata Regenlied”, ou “Sonata da chuva”. A última fase da obra de câmara de Brahms iniciou-se em 1866, no primeiro dos muitos verões que passaria na estação suíça de Hofstetten, perto de Thun. Em incrí-
vel ritmo produtivo, nasceram ali, em sequência, três de suas obras de câmara mais importantes: as segundas sonatas para violoncelo (op. 99) e violino (op. 100) e o terceiro trio com piano (op. 101). Tal como sua predecessora (nº 1 op. 78), a Sonata nº 2 op. 100 contém citações de pelo menos cinco canções compostas por Brahms. Não obstante, a sonata ficou conhecida como “Sonata Meistersinger” (“Mestres cantores”), devido à semelhança intervalar entre suas três notas iniciais e a melodia de uma ária para tenor da ópera Os Mestres Cantores de Nuremberg, de Richard Wagner: uma especulação que Brahms provavelmente desaprovaria. A opção mais acertada é o apelido “Sonata de Thun”, por ter sido criada às margens do belo lago Thun. Em 1888, Clara Schumann completou sessenta anos de carreira e foi presenteada por Brahms com uma nova composição: a 3ª Sonata para piano e violino. A obra foi iniciada no verão de 1886 e concluída dois anos depois, novamente durante um verão passado no lago Thun. A 3ª Sonata foi estreada em 1888, em Budapeste, tendo ao violino Jenö Hubay e ao piano, o compositor. Clara Schumann estudou a obra em pequenas passagens, devido às recentes dores reumáticas e escreveu a Brahms: “pensei de novo no Céu com reconhecimento por ter mandado ao mundo uma personalidade tão robusta e tão sadia”, e, em outra carta, confessou a ele: “Robert e você foram a mais bela aventura da minha vida. Vocês representam a mais preciosa riqueza e a substância mais nobre”. As qualidades sinfônicas dessa obra a colocam à parte das demais sonatas para violino e piano. Em quatro movimentos, ela apresenta caráter e estrutura mais robustos e complexos, além da escrita do piano, explorada virtuosisticamente. Nenhuma sonata de câmara de Brahms foi escrita com acompanhamento de piano: todas têm os instrumentos constitutivos em pé de igualdade. Na Sonata nº3 op. 108 o duo piano-violino bem poderia ser transcrito para grande orquestra, seja em forma de concerto para violino ou sinfonia: um mérito da grande proporção da obra e de seu refinado tratamento polifônico. Marcelo Corrêa
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