Cristina テ」ila
JUIZ DE FORA - Manchester Mineira
テ」ila, Cristina Imagens de Minas - Juiz de Fora - Manchester Mineira: Neoplan, 2011 108 p. : il 1. Minas Gerais. 2. Minas Gerais-Juiz de Fora. I テ」ila, Cristina. IV Histテウria. V Tテュtulo. CDD: 709.33 CDU: 7.034.7(815.1)
Cristina Ávila
Juiz de Fora - Manchester Mineira
PRODUÇAO EXECUTIVA
APOIO CULTURAL
PATROCÍNIO
Belo Horizonte 2011
Coordenação Geral: Francisco Caram
Agradecimentos
Coordenação editorial, Pesquisa histórica e Redação final: Cristina Ávila
Affonso Ávila Amilcar Martins Douglas Fazolatto Leonardo Assumpção Pedro Àvila de Souza Lima
Projeto Gráfico: Sérgio Luz Produção Executiva: Neoplan Consultoria e Marketing Adp – Associação de Desenvolvimentos de Projetos. ISCEBRA – Instituto Sócio Cultural e Ecológico do Brasil Neoeditorial Equipe de Produção: Francisco Caram Luiz Claudio Rodrigues José Alfredo Salgado Júnior Theo Robert Mendonça Roberval Santos Aquino Mauro Cassilhas Luiz Claudio Cassilhas Nathália Araújo Barros Oliveira Flávia Pereira Amaral Ricardo Cardoso Judice Lucas Camisão Cintia Lopes Amaral Letícia Ferrari Ludmila Santos Deslandes Fotografia: Brenda Marques Pena Revisão: Vanderléa Rocha
Agradecimento Instituições Arquivo Público Mineiro Arquivo Ramon Brandão/JF Arquivo Surerus Moutinho Fundação Mariano Procópio/JF Instituto Cultural Amilcar Martins - ICAM Museu de Artes Murilo Mnedes/JF Prefeitura Municipal de Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora
Aquela brisa do vale do Paraibuna trouxe uma nuvem do pólen do Registio de Matias Barbosa, outra de Santo Antônio da Boiada. Elas caíram sobre as flores da roça do Alcaide-Mor – que frutificaram Botanágua, Milheiros, Outra-Banda, Alto dos Passos – Juiz de Fora. Pedro Nava Baú de Ossos
Origens 9 Industrialização e história recente
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Aspectos Geográficos
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Turismo
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Costumes, artes e eventos
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Bibliografia 105
Mapa de Minas Gerais com a localização do Município de Juiz de Fora
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IMAGENS DE MINAS
Origens O caminho novo
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s origens de Juiz de Fora remontam à época do Ciclo do Ouro, confundindo-se com a história de Minas Gerais. A Zona da Mata era, durante a aventura bandeirante, habitada apenas pelos índios Puris e Coroados, existindo uma picada para o transporte do ouro da região de Vila Rica (Ouro Preto) até o porto do Rio de Janeiro.
Índios Puris - Rugendas
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Segundo os historiadores que mais se debruçaram sobre a história do lugar, ratificada pelo álbum de Juiz de Fora, datado de 1915, a origem da chamada Manchester Mineira está relacionada ao bandeirante paulista Garcia Rodrigues Paes, que começa a abrir uma picada, partindo da Borda do Campo até os chamados Campos de Cataguases. Nesse empreendimento, o sertanista teria gastado todo o seu cabedal e perdera pela fuga ou por acidente quase todos os seus escravos. Diante do dilema financeiro do bandeirante empreendedor para a entrada nas Geraes, esse se dirigiu a S. M. por meio de um memorial, com data de 14 de julho de 1703, relatando a falta de recursos necessários para terminar o caminho sem a ajuda oficial da Coroa e passa a tarefa a seu cunhado Domingo Rodrigues da Fonseca. A picada que viria a se chamar Caminho Novo é descrita por André João Antonil, no livro Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas, no capítulo relativo ao roteiro do caminho novo da cidade do Rio de Janeiro para as Minas, em que diz:
“Da roça do Alferes, numa jornada se vai ao Pau Grande, roça que agora principia, e daí se vai pousar no mato ao pé de um morro que chamam do Cabaru. Desse morro se vai ao famoso rio Paraíba, cuja passagem é em canoas. Da parte de aquém, está uma venda de Garcia Rodrigues e há bastante ranchos para os passageiros; e da parte de além, está a casa do dito Garcia Rodrigues, com larguíssimas roçarias.Daqui se passa ao Rio Paraibuna.(...)” (1967, p.185) Por esse texto, entende-se que as obras não ficaram de todo paradas e que Garcia Rodrigues aceitou as condições de sua majestade, que, por carta, em 14 de julho de 1709, agradeceu-lhe os serviços prestados, e, em 1718, em outra carta, de 14 de novembro, concedeu-lhe quatro sesmarias, e uma a cada uma de suas filhas. Teria a região sido povoada inicialmente pela família do citado sertanista, que explorou o dito caminho com venda de mantimentos e aposentos aos que queriam se aventurar pelas Minas Gerais em busca do ouro. Segundo o historiador de Juiz de Fora, Paulino de Oliveira, o companheiro e auxiliar na construção do Caminho Novo, Domingos Rodrigues da Fonseca, que foi nomeado cobrador das estradas e provedor de Quintos, teria se estabelecido em Borda do Campo, atual Barbacena, onde estabeleceu um dos primeiros Registros, posto de cobrança de impostos de passagem e pesagem oficial do ouro para entrada e saída da capitania de Minas Gerais.
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Imagens de Minas
Ao longo do Caminho Novo, estabeleceram-se numerosas sesmarias que se trnsformaram em fazendas de alta produtividade, especialmente em pleno ciclo do café. Consequentemente, diversos povoados surgiram às margens do Caminho Novo, estimulados pelo movimento das tropas que ali transitavam, entre eles, o arraial de Santo Antônio do Paraibuna, povoado a partir, presumivelmente, de 1713. A primeira Capela que se tem notícia na região teria sido construída por Antônio Vidal, em sua fazenda de Juiz de Fora, após autorização dada pela cúria do Rio de Janeiro, no ano de 1741, atendendo ao argumento de que a igreja de Simão Pereira estava há mais de trinta qulômetros de distância, por um caminho muito ruim. Ela foi inaugurada no dia de Santo Antônio, em 13 de junho de 1744. Terminada a construção do templo, foi ali instalado o primeiro cemitério da vila, que ficou ativo por quase 20 anos.
Desenho da Capela Santo Antônio
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É certo, portanto, como infere Wiliam de Lima Bastos, que a abertura do Caminho Novo trouxe uma consequência imediata: a descoberta de áreas fertilíssimas além da região estratégica, possibilitando a comunicação com diversos pontos estratégicos da antiga capitania e futura província de Minas Gerais. Seria essa a origem do município mineiro, marcado pelo progresso e pela construção de estradas.
Mapa da Estrada Real
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Imagens de Minas
O Nome Juiz de Fora Juridicamente, Juiz de fora era a denominação dada a um magistrado nomeado pelo Rei de Portugal para atuar em conselhos nos quais era necessária a intervenção de um juiz isento e imparcial, que normalmente seria de fora da localidade. Em muitíssimas ocasiões, os juízes de fora assumiam também papel político, sendo indicados para presidir câmaras municipais como uma forma de controle do poder central na vida de um município ou localidade. A figura do juiz de fora surgiu em Portugal em 1327, com o Rei D. Afonso IV. Esse tipo de magistrado era nomeado pelo rei, sendo frequentemente mudado de localidade. A principal função do juiz de fora era zelar pelo cumprimento da justiça em nome do rei e de acordo com as leis do reino. Ademais, a autoridade da qual o juiz de fora gozava era muito superior à dos juízes ordinários dos conselhos. A introdução dessa figura judicial encontra justificativa na necessidade de nomear um juiz realmente isento, imparcial e, literalmente, de fora das povoações, a fim de garantir julgamentos justos. De fato, o cargo não podia ser exercido no local de origem ou na residência habitual do magistrado. Também não eram permitidos quaisquer outros vínculos com a população local, por meio de casamento, parentesco ou amizade íntima. Durante o período de formação da nacionalidade (organização da estrutura do Estado), a coroa portuguesa investia nas autoridades locais para enfraquecer o domínio de senhores feudais. No Brasil colônia, nas áreas de difícil acesso e administração, a figura do juiz de fora era uma forma de evitar a adoção de medidas em conflito com os interesses da metrópole, o que tornava viável a figura de um juiz nas localidades de conflito, como as que margeavam o Caminho Novo, notadamente durante períodos de derrama do ouro, como na época em que foi desencadeada a chamada Inconfidência Mineira. A despeito dessa observação, não há nenhum documento comprobatório que possa nos levar a indicar a presença de um magistrado deste porte na zona da mata, mas o que se sabe é que muitos viajantes estrangeiros que passaram pelo Caminho Novo, em fins do século XVIII e início do século XIX, referem-se à fazenda do Juiz de Fora, no lado oposto ao Rio Paraíbuna, à qual JohnMawe faz alusão em seu livro “Viagem ao Interior do Brasil”, publicado em Londres em 1812, informando ter a ela chegado depois de transpor: “uma cadeia de montanhas no meio das quais vemos outros saltos do Paraíba mais aproximados de sua nascente e atravessando um território cheio de matos”. Corroborando a teoria de inúmeros cronistas da Manchester Mineira, o viajante Auguste de Saint Hilaire refere-se a uma pousada com o nome de Juiz de Fora:
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“A uma légua e tres quartos de Marmello, encontra-se a pousada de Juiz de Fora, nome que, sem dúvida, provém do cargo que ocupava seu primeiro proprietário. Da venda de Juíz de Fora tem-se diante dos olhos encantadora paisagem. Essa venda é contruída na extremidade de um grande, cercado de colinas por todos os lados. O Paraibuna corre depois de atravessar a estrada e, sobre o corrêgo, uma ponte contruída de madeira, de efeito muito pitoresco: junto dela uma cruz. Mais longe vê-se uma capela abandonada e as ruínas de um engenho de açucar”. (Viagem nas Províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais – 1816-1817). Segundo Douglas Fazolatto, ao longo do Caminho Novo, teriam sido concedidas várias sesmarias. Em 4 de setembro de 1713, pelo preço de 600 mil réis Doutor Luiz Fortes Bustamante de Sá, que exerceu o cargo de Juiz de Fora na cidade do Rio de Janeiro, por nomeação de 18 de março de 1711, teria comprado uma sesmaria na região. Ainda de acordo com o historiador, Bustamante foi quem serviu de intermediário entre o Governo e as forças corsárias francesas que haviam invadido o Rio de Janeiro. Como era comum naquela época o nome ou a profissão do proprietário servia de referência para a denominação de um lugar. Não se sabe ao certo da permanência do dito juiz por muito tempo na fazenda, que teria passado para as famílias Barbosa de Matos Coutinho e Vidal através de casamentos. Em mau estado, a fazenda de Juiz de Fora foi comprada em 1812 por Antônio Dias Tostes, morador no quilombo, atual município mineiro de Bias Fortes. Outro viajante, Burton, em 1868, alimenta a mesma suposição, dizendo: “ter sido para lá enviado, ainda em tempos coloniais, um magistrado para ocupar, por três anos esquecidos, um cargo hoje obsoleto”. Apesar das revelações de Douglas Fazolatto diversos historiadores da cidade afirmam que diversas pesquisas nunca chegaram ao nome desse possível magistrado, em qualquer tempo, que tenha ocupado ou sido proprietário das terras e do prédio que o povo da cidade passou, de longa data, a denominar de Fazenda Velha. Sabe-se, sem dúvida, que a denominação Juiz de Fora é bastante antiga e que:
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“ A princípio era sítio, às vezes lugar, ou venda e depois fazenda do juiz de Fora, até que, nas cartas de sesmaria de 1781, vem esta indicação : Fazenda do Juiz de Fora da Vila de São Joaõ del Rei do Rio das Mortes”. Em todos os documentos, um cargo, o mesmo cargo, a indicar a região, mas em nenhum deles o nome do titular desse cargo!” (Paulino de Oliveira, 1953, p.16) Diversos historiadores, como Albino Esteves e Lindolfo Gomes, aceitam a versão dos viajantes – a fazenda de Juiz de Fora – ou como foi por muitos chamada, Fazenda Velha, até a demolição do sobrado da Av. Garibaldi, como o local em que se iniciou a cidade. Mas de um verdadeiro povoado, e não vendas, roças e fazendas, só se tem notícias, segundo o historiador Paulino de Oliveira, do lado contrário do rio.
Fazenda Velha ou Fazenda do Juiz de Fora
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Do antigo Arraial de Santo Antônio do Paraibuna a Juiz de Fora Ainda que tradicionalmente conste que a origem do município tenha sido a fazenda de Juiz de Fora, essa se situava no lado oposto do Rio onde se fundou o antigo arraial de Santo Antônio do Paraibuna, antigo distrito de Barbacena. A vila de Juiz de Fora, na verdade, nunca chegou a existir e o que se tem registrado é que, em princípios do século XIX, a chamada Fazenda Velha era de propriedade da família Dias Tostes. O chefe da família Antônio Dias estabeleceu-se no arraial por volta de 1838. Em 1850, o arraial de Santo Antônio do Paraibuna foi elevado à categoria de vila, emancipando-se de Barbacena e formando um município. No entanto, o novo município só se instalou em 1853, quando, em 7 de abril, realizou-se a primeira reunião da Câmara Municipal a fim de que os vereadores prestassem juramento legal. A elevação à categoria de cidade ocorreu quinze anos depois, quando foi adotada a denominação de Juiz de Fora. Um personagem de grande importância no município foi o engenheiro alemão Heinrich Wilhelm Ferdinand Halfeld (Henrique Guilherme Fernando Halfeld), que empresta seu nome a uma das principais ruas do comércio local e ao parque situado no centro da cidade, no cruzamento da mesma rua Halfeld e a Avenida Barão do Rio Branco, entre o prédio da Prefeitura Municipal, a Câmara dos Vereadores e o Fórum da Comarca. Halfeld, após realizar uma série de obras a serviço do Estado Imperial Brasileiro, acaba por fixar residência na cidade, envolve-se na vida política, constrói a Estrada do Paraibuna e promove diversas atividades no município, sendo considerado um de seus fundadores. Halfeld se estabeleceu na localidade em 1836, quando contratou com o governo de Minas a abertura de um caminho que da Vila Rica fosse a Paraibuna. Segundo Paulino de Oliveira:
“Assim, tendo a cidade florescida no Alto dos Passos e não na várzea do Juiz de Fora, do outro lado do rio, o que só aconteceu por causa da nova estrada aberta por Halfeld (Avenida Rio Branco), à margem da qual ele construiu o prédio que serviu mais tarde para as sessões da Câmara Municipal, de onde bifurcando com ela, descia um caminho que foi a rua da Califórnia, depois rua Halfeld; onde, observando o mesmo alinhamento, edificaram os Tostes o sobrado (...), além de outros prédios de moradia, levantou o edifício existente a esquina da rua Dr. Romualdo
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(Colégio São José), para a sua residência, parece nã haver dúvida de que a glória de ter fundado a cidade não pode ser atribuida a outro que não ao marido de Cândida Maria Carlota.” (OLIVEIRA, 1953, p. 18)
Henrique Guilherme Fernando Halfeld, considerado o fundador da cidade de Juiz de Fora
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Confirma essa afirmação a resolução nº 471, de 31 de julho de 1901, pela qual ficou o agente executivo Dr. João D’Ávila autorizado a mandar colocar, onde julgasse mais conveniente, o busto do fundador da cidade, Comendador Henrique Guilherme Fernando Halfeld. O próprio Halfeld declarou, em cartas a parentes e amigos na Alemanha, ter fundado aqui no Brasil uma cidade. Halfeld teria vivido algum tempo na chamada Fazenda Velha ou Fazenda de Juiz de Fora, então de propriedade de seu sogro, Antônio Dias Tostes, onde passava temporadas de recreio, como se vê na seguinte carta dirigida a seu filho, Francisco, do primeiro matrimônio, datada de 19 de setembro de 1846:
“Meu caro filho e compadre Francisco. No dia 16 temos batizado o nosso Luís. Os músicos do arraial aqui estiveram, o Peixoto com sua família, Dona Rita com suas filhas e filhos, o Manoel Dias com sua senhora, o padre José Manoel, o Manoel, mestre de escola, o meu sogro com sua senhora e família e o Mendes com sua senhora e filhos. O Peixoto daqui saiu no dia seguinte, 17 do corrente, para a vargem. Dançaram a noite toda e minha senhora e Fina ficaram cansadíssimas. Teu afetionado pai e comprade F. Halfeld.” Em 31 de maio de 1850, pelo artigo oitavo da Lei Provincial nº 472, o incipiente arraial era elevado à categoria de vila, com a denominação de Santo Antônio do Paraibuna, compreendendo no seu município a mesma paróquia e a de Chapéu D’Uvas. O artigo 13 da mesma lei determinava que à Comarca de Paraibuna, cuja sede era Barbacena, ficariam pertencendo as Vilas de Presídio do Rio Preto e de Santo Antônio do Paraibuna. No ano de 1856, a localidade passa à categoria de Cidade do Paraibuna. E, dez anos mais tarde, toda a região e a sede municipal passam a ter a primitiva denominação de Cidade do Juiz de Fora.
Segundo Bastos: “As ricas propriedades agrícolas que se estendiam ao longo da velha estrada e adjacências com o Estado do Rio, então província, projetaram o município no contexto
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nacional. As extensas lavouras de café não representavam apenas quantidade mas quantidade de alta consideração, o que se constituiu na razão principal, pelo poder econômico e correlato poder político, na cosolidação de uma aristocracia cafeeira que brlhou, prestigiou e manteve o status da progressiva e irriquieta comunidade.” (1975, p.19) Considera-se que a primeira planta da cidade foi levantada por Fernando Halfeld, em 1844 - em posse do Arquivo Público Mineiro - e a segunda pelo engenheiro Gustavo Dott, em 1853, sob encomenda da Câmara, tendo sida aprovada pelo Governo Provincial em portaria de 18 de julho de 1860. Porém, houve modificações no plano original sem que o engenheiro houvesse concluído o trabalho de acordo com as obrigações do contrato. A planta de Halfeld é realmente elaborada com a configuração técnica de um engenheiro, demarcando com precisão a larga via de 2 km, então existente, ladeada harmoniosamente por uma capela, dois ranchos e quatro casas. Do córrego da Independência (chamado então Ribeira da Independência) para cima, do lado da Capela, existiam 16 casas. A mesma planta contém outros detalhes, como recuos de casas, alinhamentos a 77/2 do eixo dessas. Já a planta de Dott desapareceu, ficando o registro de historiadores de que essa teria o mérito de uma projeção voltada para o futuro, com um sentido mais disciplinador para o crescimento da cidade. Ao longo dos anos, o município foi ganhando novos distritos. Em 1911, a cidade possuía 15: Juiz de Fora (sede), Água Limpa, Paula Lima, Rosário, São Francisco de Paula, Pôrto das Flores, São José do Rio Preto, Vargem Grande, Matias Barbosa, São Pedro de Alcântara, Chácara, Sarandi, Santana do Deserto, Benfica e Mariano Procópio. Porém, com o passar dos anos, muitos foram sendo elevados a cidades. Em última alteração distrital, feita pela Lei Estadual nº 6769 de 13 de maio de 1976, o distrito de Paula Lima foi extinto, passando seu território a pertencer ao quarto subdistrito do distrito Sede de Juiz de Fora. Em divisão territorial datada de 1º de janeiro de 1979, o município era constituído de quatro distritos: Juiz de Fora, Rosário de Minas, Sarandira e Torreões, assim permanecendo atualmente.
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Rio Paraibuna, onde nasceu o arraial de Santo Ant么nio de Paraibuna, mais tarde denominado Juiz de Fora (aquarela de Rugendas)
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Estação da Estrada União Industria
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A Estrada União e Indústria A partir da década de 1850, Juiz de Fora passou a vivenciar um processo de grande desenvolvimento econômico, proporcionado pela agricultura cafeeira, que se expandia pela Zona da Mata mineira. Mas nada vai propiciar maior progresso para a cidade do que a estrada União e Indústria, que nos dizeres do historiador da cidade Paulino de Oliveira:
“Agassiz visitando-nos em 1865, considerou celebre tanto pela sua beleza como pela sua execução, classificando-a como uma das melhores do mundo.” Segundo os cronistas da época, Mariano Procópio Ferreira Lage tinha interesses econômicos em encurtar a viagem entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais e para isso se preparou com estudos sobre estradas nos Estados Unidos e na Europa. Mariano Procópio Ferreira Lage, nascido em Barbacena, no dia 23 de junho de 1821, era filho do Capitão Mariano José Ferreira Armond e de Maria José Saint’Ana, proprietários da Fazenda Fortaleza de Sant’Ana, onde passaram a residir anos depois. As sérias dificuldades enfrentadas pela região para o transporte dos produtos de suas ricas propriedades levaram o pai a fazer planos de uma rodovia e, com ela, a exploração do transporte e do pedágio. Morreu, todavia, antes de concretizá-lo. Mariano Procópio sempre fora precoce e, apesar de ter aprendido as primeiras letras com a mãe, em Barbacena, mais tarde, aos quinze anos, estuda no Colégio de Congonhas de Campo, então sob a direção dos padres do Caraça. Mais tarde, seu pai, percebendo seu interesse pelas ciências e tecnologias modernas, manda-o a uma viagem de estudos a Europa. Ali tem contato com as descobertas feitas na Escócia por Mac Adam, de uma mistura de cascalho e pixe para revestir o leito de velhas estradas, que passaram a receber o nome de macadame. Ainda mais, em visita aos Estados Unidos, adquire conhecimentos sobre a possibildade de manutenção de uma estrada por meio da cobrança de pedágio nas modalidades de uma taxa para trânsito e da cobrança de transporte. Além disso, se interessa pelas mais recentes novidades acerca das ferrovias.
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No ano de 1852, obtém a concessão para a construção da primeira via de transporte rodoviário do Brasil: a Estrada União e Indústria, com 144 km de Petrópolis a Juiz de Fora, com o objetivo de encurtar a viagem entre a Corte e a Província de Minas e facilitar o transporte do café, por meio do decreto Imperial n. 1.031. O decreto deixa transparecer a preocupação do imperial em estimular a agricultura e para isso se tornavam realmente imprescindíveis os meios de comunicação e de transporte.
Mariano Procópio Ferreira Laje (Acervo fotográfico Museu Mariano Procópio)
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O problema que se impunha, além da criação da Cia União e Indústria de maneira formalizada e legal, com a emissão de quinhentas ações no valor de Rs500$000 cada uma, com que foi levantado o capital inicial, tratava-se da infraestrutura humana, fabril e de manutenção. Assim foram contratados técnicos gabaritados para a supervisão dos serviços, pessoal credenciado para atuar nos escritórios e mão de obra operária basicamente alemã. Mariano Procópio Ferreira Lage contratou então 1.193 imigrantes alemães para a construção da estrada e criou um núcleo colonial que, com a finalização das obras da União e Indústria, volta-se para a produção de gêneros agrícolas e dá origem à Colônia D. Pedro II, hoje atual bairro São Pedro. Os primeiros imigrantes alemães aqui chegados em 1856 não se destinaram à colônia propriamente dita, que só se instalou no ano de 1858, mas às oficinas da Companhia, nas quais se empregavam serralheiros, carpinteiros, ferreiros, segeiros, etc. Não há como contestar que, após a inauguração da estrada de Rodagem União e Indústria, no dia 23 de junho de 1861, com a presença do Imperador, Família Imperial e altos dignatários, Mariano Procópio já se preocupava com a abertura de uma estrada de ferro, chegando a comprar alguns trilhos.
Antiga estrada União e Indústria
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Após três anos de existência, a estrada União Indústria era considerada a maior obra de engenharia já realizada na América do Sul. Estava inteiramente macadamizada com saibro e areia grossa, comprimidos a rolo sobre brita, possuía seis metros de largura, com calçamento nos trechos críticos e anteparos e pontes de madeira ou ferro. O fotógrafo alemão Revert Klumb relata em seu livro “Doze horas de viagem em Diligêngia” sua pitoresca viagem pela União e Indústria, em um veículo chamado “ônibus Mazzepa”, hoje pertencente ao acervo do Museu de Petrópolis. As diligências eram puxadas por quatro mulas. No andar de cima, descoberto, viajavam dez passageiros, um condutor e um cocheiro; no de baixo, o nobre, quatro viajantes. O fotógrafo se diz admirado com a rapidez com que o caminho foi percorrido, por volta de 16 Km por hora. Relata ter visto uma placa de mármore branco presa às rochas, com dizeres elogiando a estrada, porém sem os transcrever. O fotógrafo descreve ainda o prédio da estação de diligências, atual Museu Rodoviário. Comenta que a fronteira que separa Minas do Rio era mais difícil de transpor que a murada da China, já que havia soldados em prontidão permanente e que o portão da ponte de 100 metros fechava-se às 18 horas e só era reaberto às seis da manhã. Chegando a Juiz de Fora, relata:
Diligência na estrada União Indústria
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“O vale alarga-se, vamos chegando. (...) Defronte de nós, levanta-se o rochedo chamado Alto do Imperador; abaixo a cidade com sua longa linha de casas. (...) Estamos na Rua do Imperador, é costeada por casas novamente edificadas; este progresso é ainda devido à Companhia. Este lugarzinho é hoje o empório comercial de Minas Gerais e um pouco de Goiás. Dois quilômetros a oeste e chegamos a estação de Juiz de Fora.” (Lessa, 1985, p.86) A diligência chega ao destino às 18 horas, completando 12 horas de viagem, num percurso de 144 km de estrada de rodagem.
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Com a decadência do café na crise de 1929, a participação das colônias alemãs foi essencial para a incipiente industrialização da região, com o surgimento das primeiras fabriquetas. Os antigos colonos vão se fixando também na Vila São Vicente (atual Borboleta) e na Rua Mariano Procópio. Os imigrantes que chegaram a Juiz de Fora vieram em busca de uma melhor condição de vida e, após o fim da construção da estrada, se dedicaram às profissões que praticavam na Alemanha. Os alemães que vieram para Juiz de Fora em 1858 foram os primeiros protestantes a chegar a Minas Gerais. Entre algumas das realizações culturais da imigração alemã, está a vinda das freiras da Congregação das Irmãs de Santa Catarina. Elas vieram para o município em 1900 e fundaram o Colégio Santa Catarina, a fim de instruir as crianças da Colônia Alemã.
Colonos Alemães
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Entre os empreendimentos alemães, após a decadência do café, estão: AS CERVEJARIAS • Cervejaria de Herr Kunz, fundada em 1860, primeira na província de Minas Gerais; • Fábrica Kremer, instalada em 1867; • Cervejaria José Weiss, fundada em 1878; • Cervejaria Borboleta, fundada em 1880 pelos irmãos Scoralick; • Fábrica Poço Rico, fundada em 1881 pelos irmãos Freesz; • Fábrica Winter, fundada por Frederico Winter, em 1886; • Fábrica Dois Leões, fundada por Carlos Stiebler, em 1895; • Cervejaria Estrela, fundada por Wilhelm Griese; • Fábrica Tapera, fundada por brasileiros, mas adquirida pelo cervejeiro Pedro Schubert, em 1899; • Cervejaria Germânia.
Cervejaria Germania (Álbum de Juiz de Fora, 1915)
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FĂĄbrica Dois LeĂľes, fundada por Carlos Stiebler
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CURTUMES • Curtume Krambeck, fundado em 1881 por Peter Giese e Wried (única indústria remanescente dos primeiros tempos; • Curtume Poço Rico, fundado em 1913 por Waldemar Fresz; • Curtume Surerus, fundado no início do século pelos irmãos João, Henrique e Oscar Surerus.
Curtume Surerus
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Malharias • Fábrica Meurer, primeira malharia instalada em Minas Gerais (sabe-se que em 1901 foi construído o edifício de suas instalações na Rua do Espírito Santo) • Malharia Waltenberg, fundada em 1910; • Malharia Stumpf, fundada em 1913 por João Stumpf; • Malharia Stebler, fundada em 1907 por Antônio e Carlos Stebler; • Fábrica de pregos, fundada por Edmund Schimidt, em 1898. Mecânicas • Schubert e Irmãos, fundada por Pedro Shubert, colono de 1858, que foi metalúrgico na Alemanha; • Mecânica George Grande, fundada por Luiz Schiess; • Mecânica Kascher, fundada em 1865 por Martim Kascher; • Oficina Chave de Ouro, fundada em 1882, por Karl August Degwert. Fábrica de balas e caramelos • Fábrica de Frederico Ploterle, fundada em 1899; • A Suíça, fundada em 1900, por Augusto Degwert; • A Metropolitana, fundada pelo Dr. Otto Loefler, no início do século. Tipografias • Tipografia Brasil, fundada em 1903 por Hermann Erhardt; • Tipografia Winter, fundada no início do século; • Tipografia Schimidtz, fundada por Paulo Schimidtz, que foi o mais antigo tipógrafo da cidade.
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Da esquerda para direita, Adolpho Surerus, Paulo Surerus, Oscar Surerus e Jo達o Miller, em 1920, num dos primeiros carros da cidade (Arquivo Alberto Surerus Moutinho). 34
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Os alemães, porém, não foram os únicos a contribuir para o processo de industrialização de Juiz de Fora. É preciso considerar a contribuição de outros grupos imigrantes, como os italianos, de investimentos estrangeiros, como a fábrica dos Ingleses, e de investidores nacionais, como foi o caso de Bernardo Mascarenhas, que, em 1871, escolheu Juiz de Fora para estabelecer sua indústria têxtil.
Logomarca da Cia Têxtil Bernardo Mascarenhas (Arquivo Ramon Brandão).
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Assim, o município foi sede de um dos primeiros curtumes industriais do país, de uma das primeiras cervejarias, de uma das primeiras estações telefônicas, dos primeiros grupos escolares e do primeiro transporte público de Minas Gerais, além da primeira escola de ensino superior de comércio do país, a Academia de Comércio. O comércio também progredia, podendo-se contar, no ano de 1870, mais de 170 estabelecimentos comerciais e de serviços.
Farmácia Santa Cruz (Arquivo Ramon Brandão).
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O estabelecimento das comunicações ferroviárias entre a Província de Minas e a Corte acelerou o progresso de Juiz de Fora. Com um trajeto paralelo, a antiga União e Indústria significaria o encurtamento dos caminhos e a maior rapidez dos transportes. A Câmara dos Vereadores se empenhou, mas não possuía recursos para as indenizações de terrenos necessárias. Foi Vitorino Braga quem realizou uma grande coleta de dinheiro entre moradores de maiores posses. O primeiro a dar uma contribuição foi Marcelino Tostes, seguido por Antônio Caetano e outros. No dia 30 de outubro de 1875, foi inaugurada a Estação Ferroviária, situada entre as ruas Halfeld e Marechal Deodoro, dita como provisória. Com o tempo e as reclamações constantes sobre as precárias instalações da estação, essa foi aumentada, tendo sido reinaugurada em 1877, aumentada em 1883, e tendo adquirida a feição definitiva em 1902. No entanto, perderam-se os grupos esculturais artísticos que ornavam o frontispício.
Estação Mariano Procópio. A primeira estação ferroviária instalada em Juiz de Fora
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Durante o século XIX, o município tornou-se um dinâmico centro econômico, político, social e cultural. Aos poucos, suas funções se ampliaram, ganhando ares de município moderno, ponto de confluência da população circunvizinha. Ganhou um plano de demarcação e nivelamento de ruas, telégrafo, imprensa, banco, bondes.
Colégio Santa Catarina fundado em 1899 (Álbum de Juiz de Fora, 1915)
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Família Imperial. Cerca de 1865. Fotógrafo: Insley Pacheco. No centro, o Imperador D. Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina. À esquerda, a Princesa Leopoldina, e, à direita, a Princesa Isabel. (Acervo MMP).
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Bastante barulho e intensa movimentação na cidade ocorreram na inauguração, no dia 20 de março de 1878, com toda a solenidade, do “Palácio da Justiça e Fórum”, com a presença do imperador D. Pedro II. Na sua presença, foram entregues ao presidente da Câmara as chaves das edificações.
Prédio do Antigo Fórum
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Visita de D. PedroII a Juiz de Fora (Acervo Museu Mariano Proc贸pio)
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Segundo o historiador Jair Lessa, em comemoração ao evento: À noite, realizou-se um baile de gala no salão do Fórum, com o comparecimento de toda sofisticada elite local, os cavalheiros de casacas e luvas e as elegantes damas devidamente espartilhadas, deslumbrantes toiletes com largas fitas coloridas, abanando com primorosos leques importados o ar quente de dezenas de lmapiões.” (1985, p. 119) A imprensa relata:
“A nossa sociedade já conta um número avultado de senhoras que além de vestirem com elegância e dançarem com perfeição, sabem conversar agradavelmente.” (...) “ Acabou cedo; as duas horas da manhã estava tudo terminado.” No ano de 1889, foi inaugurada no município a primeira usina hidrelétrica de grande porte da América do Sul, a Usina de Marmelos, importante marco do setor elétrico do Brasil e grande impulsionadora da indústria municipal. Consolidava-se a Era da Eletricidade.
Usina de Marmelos
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Bonde da Companhia Elétrica Juiz de Fora
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Os primeiros Jornais Com a instalação da primeira tipografia, transferida de Paraíba do Sul, estado do Rio, em 1870 ou 1871, para Juiz de Fora, começou a circular o jornal denominado O Farol. Esse foi semanário até 1873, passando a ser publicado duas vezes por semana em 1874, tornando-se diário em 1885, graças aos esforços de Charles Dupin, que, por mais de 12 anos, foi seu redator e, durante 10 anos, seu proprietário. Nele escreveram nomes como: José Mariano, Diogo de Vasconcelos, Cesário Alvim, Gilberto de Alencar, entre outros grandes nomes. Depois de O Farol, foi criado o Diário de Minas, a segunda publicação diária a aparecer na cidade, o que ocorreu em 1° de julho de 1888. No mesmo ano, surgiu outro jornal na cidade, de pequeno formato e que teve curta duração, com o curioso nome de O Pirilampo, que tinha como diretor Oscar da Gama. Em 10 de abril de 1889, aparece A Gazeta da Tarde. No ano de 1891, circulou O Diário da Manhã, que desapareceu no ano seguinte, e, em 1893, circulou durante quatro meses O Juiz de Fora.
Redação do jornal O Farol, início do século XX
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Outros apareceram mais tarde, como O Corréio de Minas (1894), O Jornal do Comércio (1897), e Novidades (1898). O Diário Mercantil apareceu em 1912. Suas oficinas e redação funcionavam na Av. Rio Branco, no lugar em que se acha a galeria Sirimarco. Além dos diários, que apareceram depois, surgiram também várias revistas literárias e cientificas.
Sede do Diário Mercantil, 1915 (Álbum de Juiz de Fora)
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Primeiras manifestações culturais Entre as manifestações culturais mais tradicionais de Juiz de Fora está o teatro, tanto o amador quanto o profissional. O teatro amador surgiu por volta de 1860, quando começa a funcionar o Colégio Roussin de propriedade do Cônego Roussin. Esse possuía um bom grupo de artistas amadores ensaiados pelo Cônego, que era professor de Filosofia e Retórica, considerado muito exigente quanto à postura e à dicção dos componentes do corpo teatral, que se apresentava em um rústico teatrinho de pau a pique, erguido no teatro ao lado do colégio. Porém, sabe-se que haviam sido levadas à cena, em um velho casarão que existia na esquina da atual avenida Rio Branco com Oswaldo Arantes, peças representadas por atores profissionais de fora. A proximidade com a província do Rio de Janeiro facilitava a presença de atores cariocas e até internacionais. Com o advento da riqueza do café e o desenvolvimento da cidade de Juiz de Fora, convertida em forte núcleo econômico da região da zona da mata, a cidade torna-se importante centro de cultura, onde atividades como o teatro, a música e a literatura vêm a ser grandemente favorecidas. Após as primeiras experiências teatrais, no ano de 1863, já se encontra em funcionamento o Teatro da Misericórdia e, sete anos mais tarde, constrói-se o Perseverança. O empresário Matos Lobo organiza uma espécie de circo ou pavilhão armado denominado São Sebastião. Em substituição ao Perseverança, mantido pela Sociedade Progresso de Juiz de Fora, e que não mais atendia às exigências da cidade em expansão, resolve-se construir uma grande e moderna casa de espetáculos – o Teatro Juiz de Fora – que, inaugurado nos últimos dias do império, recebera, um ano depois, em 1890, a denominação de Teatro Novelli, em homenagem ao famoso ator italiano Ermette Novelli. Nesse teatro, se destacou a presença de um grande elenco português, do qual participava a atriz Palmira Bastos. Nele também se apresentaram companhias como a Lírica Dionirasani, Dramática do Teatro Fênix, Ópera Cômica Marion André, operetas do teatro de variedades do Rio de Janeiro, dentre muitas outras.
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Teatro Juiz de Fora
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Nas artes plásticas, cabe lembrar que César Turatti criou, em Juiz de Fora, em 1922, o Núcleo Hipólito Caron, frequentado pela maioria dos artistas que fundaram o Núcleo Antônio Parreiras em 1934. Escolheram o nome Núcleo Antônio Parreiras em homenagem ao pintor brasileiro mais popular da época e que havia estado na cidade, elaborando a tela “Jornada dos Mártires”, hoje no acervo do Museu Mariano Procópio. A maioria dos artistas desse núcleo era de origem modesta, que procuravam se aperfeiçoar com a troca de experiências. Entre eles está Inimá de Paula, que, em 1938/39, frequenta o Núcleo, estudando com os artistas-artesãos Américo Rodrigues e Randolfo Santos. César Turatti (1898-1936) foi o mestre da maioria dos artistas que criaram o Núcleo Antônio Parreiras. Já morava no Rio de Janeiro, mas, habitualmente, participava das coletivas promovidas pelo Núcleo, juntamente com sua mulher Wanda Turatti, a primeira mulher a frequentar a Parreiras.
Atelier do Artista Inimá de Paula, 1938
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Também merece menção o nome de Décio Bracher, juiz-forense de coração, que viveu e criou a maior parte de suas obras na cidade.
Décio Bracher Aquarela sobre papel s/d (Coleção Affonso Ávila)
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Das gerações mais jovens, destaca-se Arlindo Daibert, nascido em Juiz de Fora no ano de 1952. Foi um grande desenhista, gravador e ilustrador. Recebeu inúmeros prêmios, sua série “Grande Sertão Veredas” tornou-se célebre. Depois disso, o ilustrador e artista participou das obras “Macunaíma” (de Mário de Andrade), e “Alice no País das Maravilhas” (de Lewis Carrol). Foram as ilustrações de Daibert que levaram o diretor Tim Burton a utilizar cores vivas em seu filme de 2010. Faleceu em 1993, em São Paulo.
Gravura da série “Grande Sertão Veredas” - Arlindo Daibert
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No campo literário, destaca-se a criação da Academia Mineira de Letras, por iniciativa dos intelectuais de Juiz de Fora, tendo sido fundada em 25 de dezembro de 1909 e instalada em 13 de maio de 1910. Constata-se o prestígio da Academia que tinha como presidente de honra o poeta Augusto de Lima. Mais tarde, grandes nomes vão surgir nessa área, como o do memorialista Pedro Nava e o poeta Murilo Mendes.
Poeta Augusto de Lima, primeiro presidente de honra da Academia Mineira de Letras
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Murilo Mendes em seu livro A Idade do Serrote, na primeira parte – Origem, Memória, Contato, Iniciação – refere-se a sua infância e adolescência em Juiz de Fora com grande carinho e teor lírico apuro de paixão e angústia como podemos ver nas passagens abaixo:
(...) “O jardim pomar da casa paterna, limite traçado ao meu incipiente saber. O sabor das frutas. A árvore da ciência do bem e do mal ao meu alcance. Um esboço da serpente pronta para armar o bote. Outros jardins – pomares da casa de tios e primas. * Meus irmãos, com um charme que subsiste até hoje. Tangência e contaminaçao do afeto. (...) * Temporal sobre a cidade. Chuva de granizos. O arco-íris no Morro do Imperador. O Padre Matias, redentorista alemão de alta estatua, arregaça a batina para vir à casa do meu pai na rua alagada. * Meu Pai, grande coração comunicante. Servidor público. Do próximo. Escrivão do registro de títulos e hipotecas da cidade e Juiz de Fora. Minha mãe, afeiçoada ao canto e ao piano, morre de parto com vinte e oito anos. Torna-se constelação. Minha segunda mãe, Maria José, grande dama de cozinha e salão, resume a ternura brasileira. Risquei do vocabulário a palavra madastra. (...) * Nasci oficialmente em Juiz de Fora.
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Poeta Murilo Mendes (desenho de Vanderlei Tomaz)
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Capa do livro Baú de ossos, do memorialista, juiz forense Pedro Nava, onde ele resgata histórias dos antepassados, de sua infância em Juiz de Fora com lembranças pessoais
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No livro “Baú de Ossos”, Pedro Nava relata as remotas memórias de Juiz de Fora e de seus antepassados. Sua presença será mais pontuada no próximo livro “Balão Cativo”, onde relata suas lembranças de infância na cidade como podemos ver no trecho abaixo:
“Não importa muito a direção. O que sei é que aquela encosta do morro e a sombra que dele se derramava sobre a chácara da Inhá Luísa ficaram representando o lado noruega da minha infância. Nunca batido de sol. Sempre no escuro. Todo úmido, pardo e verde, pardo e escorrendo. Dele emergem as figuras próximas ou distantes com quem iríamos conviver em Juiz de Fora.”
Pedro Nava
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Rua Halfeld, 1967
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industrializaçãO e história recente Os ganhos obtidos com o café, associados às facilidades de transporte, energia e mão de obra, além da chegada de centenas de imigrantes italianos, possibilitaram um intenso desenvolvimento industrial, e o município passa a ser denominado “A Manchester Mineira”. Os setores que mais se desenvolveram foram o da indústria têxtil e, em segundo lugar, o da produção de alimentos e bebidas. A cidade, ao fim do século XIX, possuía uma dinâmica vida cultural, representada pelos teatros, jornais, colégios e intensa atividade literária. A própria arquitetura reflete a prosperidade econômica e cultural, por meio do estilo eclético das construções, com diferentes manifestações do passado: o neogótico, o neoclássico e com a introdução, no século XX, do Art Nouveau e Art Déco. Na década de 1950, encontramos construções com concepções modernas, como as de Oscar Niemeyer, e os painéis de Di Cavalcanti e Cândido Portinari.
Vista da cidade
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Vista noturna de Juiz de Fora
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Até o ano de 1960, o número de habitantes teve um crescimento considerável, acima de 4% por ano. A partir da década de 1960, o ritmo do crescimento populacional sofreu uma reversão e passa a ser declinante. No recenseamento do ano de 1991, o município registrou um total de 385.966 habitantes, resultando em densidade demográfica de 271 habitantes por km². Desse índice populacional, 98, 51% habitavam áreas urbanas e 1, 49%, em áreas rurais. Durante todo o século XX, Juiz de Fora destacou-se nos grandes momentos históricos do país. E, após viver um período de relativa decadência industrial, a partir dos anos quarenta, passou a destacar-se pelo crescimento dos setores comercial, industrial e de prestação de serviços, o que a coloca como a terceira cidade de Minas Gerais e a capital da Zona da Mata Mineira. Com o crescimento de Juiz de Fora e cidades próximas, foi criada a Microrregião de Juiz de Fora, reunindo, além do município, outras 33 cidades, como Santos Dumont, São João Nepomuceno, Lima Duarte, Bicas e Matias Barbosa. Em 2006, sua população foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em cerca de 760.767 habitantes em uma área total de 8.923, 426 km². Seu índice de desenvolvimento humano (IDH) era de 0, 805, e o PIB per capita de R$ 6.693, 58 em 2003. A indústria atualmente é o segundo setor mais relevante para a economia juiz-forense. 1.619.725 reais do PIB municipal são do valor adicionado bruto da indústria (setor secundário). A cidade conta com um Distrito Industrial em operação sob administração da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG). As principais atividades industriais do município são a fabricação de alimentos e bebidas, produtos têxteis, artigos de vestuário, produtos de metal, metalurgia, mobiliário, montagem de veículos e outros. 3.961.065 milhões reais do PIB municipal estão relacionados à prestação de serviços (setor terciário). O setor terciário, atualmente, é a maior fonte geradora do PIB. De acordo com o IBGE, a cidade possuía, no ano de 2008, 20.658 estabelecimentos comerciais e 36.602 trabalhadores, sendo 19.724 o pessoal ocupado total e 145.581 ocupado assalariado. Salários, juntamente com outras remunerações, somavam 1.668.024 reais, e o salário médio mensal de todo município era de 2, 7 salários mínimos. Um dos principais centros comerciais de Juiz de Fora e também um dos mais movimentados da região é o Independência Shopping, inaugurado em 22 de abril de 2008. Além de grandes lojas, o shopping possui pequenas e médias empresas com sede no próprio município ou na região. Assim como no resto do país, o maior período de vendas é no Natal.
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Pelas vantagens comparativas e dinâmica de sua economia, Juiz de Fora foi classificada pela revista EXAME, em sua edição 781, como a 22ª melhor cidade brasileira para negócios, no ranking das 100 melhores cidades brasileiras para negócios, bem como em edição recente dessa revista, como uma das melhores cidades do país para se viver. Considerada como uma das cidades polo do Sudeste, exerce forte influência sobre dezenas de municípios de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, totalizando uma população de mais de 2, 1 milhão de pessoas. O município integra importante malha viária de acesso aos principais mercados consumidores e produtores brasileiros, aos potenciais fornecedores e aos principais terminais marítimos da região sudeste. Com indicadores que garantem elevado padrão de qualidade de vida, Juiz de Fora possui excelente infraestrutura em educação, saúde, saneamento básico, transporte, mão de obra qualificada, o que propicia um quadro favorável àqueles que residem em Juiz de Fora, com muita tranquilidade, agradável convívio social, livre de engarrafamentos, poluição e baixos índices de violência. Além de contar com um dinâmico parque industrial em plena atividade, Juiz de Fora está sintonizada com os novos tempos, tendo recebido grandes investimentos, a destacar BELGO, MERCEDES-BENZ, PARAIBUNA METAIS, B-D, THYSSEN, CAT-LEO e MEDQUÍMICA.
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Aspectos Geográficos Ao chegar a Juiz de Fora, o visitante se depara com uma paisagem montanhosa e curvilínea. A geografia de Juiz de Fora é homogênea. O município conta com um relevo predominantemente montanhoso e uma vegetação atlântica. A área do município é de 1 429, 875 km², representando 0, 245 % do território mineiro, 0, 1554 % da área da região Sudeste do Brasil e 0, 0169 % de todo o território brasileiro. É ainda o município mais extenso da Zona da Mata. O relevo de Juiz de Fora é bem acidentado, correspondendo geomorfologicamente à Unidade Serrana da Zona da Mata, pertencente à Região Mantiqueira Setentrional. A altitude máxima é de 998 m. nas proximidades da Serra dos Cocais e a mínima fica em 470 m no Rio Santo Antônio. A sede está em uma altitude de 677, 2 m. Aproximadamente 2% do território juiz-forense são planos, 15% das terras são mares de morros e montanhas, nos 83% restantes, o terreno é plano. Juiz de Fora está localizada na Mesorregião da Zona da Mata e Microrregião de Juiz de Fora, com uma área aproximada de 8.923, 426 quilômetros quadrados. O município limita-se ao norte com Santos Dumont e Ewbank da Câmara; a nordeste, com Piau e Coronel Pacheco; a leste, com Chácara e Bicas, Pequeri; a Sudeste, com Santana do Deserto; ao sul com Matias Barbosa e Belmiro Braga; a sudoeste, com Santa Bárbara do Monte Verde; a oeste, com Lima Duarte e Pedro Teixeira, e a noroeste com Bias Fortes. Juiz de Fora está a 310 quilômetros de Belo Horizonte. (mapa de vias terrestres de BH até Juiz de fora) O município de Juiz de Fora está localizado na bacia do Médio Paraibuna, pertencente à bacia do rio Paraíba do Sul, e seu perímetro urbano é drenado por 156 sub-bacias de diversas dimensões. A bacia do Médio Paraibuna possui tributários com perfis longitudinais relativamente acentuados, que desembocam no rio principal, com gradiente um pouco baixo. O rio Paraibuna possui declividade média bastante diferenciada ao longo de seu curso, sendo que no trecho urbano de Juiz de Fora é moderada, da ordem de 1, 0m/km. A última retificação de aproximadamente 30 km, na região do Distrito Industrial I, foi dimensionada de modo a compatibilizar a função regularizadora da barragem Chapéu D’Uvas, recentemente concluída. A barragem foi construída com o objetivo de amortizar enchentes e ampliar o potencial de abastecimento de água para a cidade.
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O clima de Juiz de Fora é caracterizado como tropical de altitude (tipo Cwa segundo Köppen), com diminuição de chuvas no inverno e temperatura média anual de 19, 25°C, tendo invernos secos e frios, com ocorrências de geadas em pontos isolados, e verões chuvosos, com temperaturas moderadamente altas. O mês mais quente, fevereiro, tem temperatura média de 23°C, e o mês mais frio, julho, de 17°C. Outono e primavera são estações de transição. A precipitação média anual é de 1.536 mm, sendo julho o mês mais seco, quando ocorrem apenas 18, 8 mm. Em janeiro, o mês mais chuvoso, a média fica em 298, 6mm. Nos últimos anos, entretanto, os dias quentes e secos, durante o inverno, têm sido cada vez mais frequentes, não raro ultrapassando a marca dos 28°C, especialmente entre os meses de agosto e setembro. Durante a época das secas e em longos veranicos, em pleno período chuvoso, também são comuns registros de fumaça de queimadas em morros e matagais, principalmente na zona rural da cidade. Em julho de 2008, a precipitação de chuva não passou dos 0 mm. A temperatura mínima oficial registrada na cidade foi de 3, 1 °C em junho de 1985. Porém algumas áreas da cidade teriam observado temperatura de 0, 8 °C em 26 de junho de 1918. A máxima registrada foi de 36, 2 °C, no dia 17 de fevereiro de 1969. Oficialmente, o maior índice pluviométrico, em menos de 24 horas, já observado na cidade foi de 137, 2 mm, registrados em 1977. Mas, em 1º de novembro de 2006, alguns pontos da cidade registraram acumulados superiores a 140 mm. Outros grandes volumes de precipitação registrados foram de 129, 3 mm, em 25 de janeiro de 1985, e 108 mm, em 20 de outubro de 2009. Tempestades de granizo também não são comuns na cidade, mas algumas das mais recentes ocorreram em 13 de janeiro de 2010 e em 17 de dezembro de 2009.
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Turismo FUNDAÇÃO MUSEU MARIANO PROCÓPIO (MAPRO) 1) Histórico Símbolo da memória histórica do Brasil, de Minas e de Juiz de Fora, o Museu Mariano Procópio é um marco do pioneirismo da cidade e da obstinação de Alfredo Ferreira Lage, que, desde bem jovem, dedicou sua vida à formação de um dos mais significativos acervos artísticos, históricos e de ciências naturais do país. O juiz-forense é filho de Mariano Procópio Ferreira Lage, construtor da primeira estrada de rodagem macadamizada no Brasil, a “União e Indústria”, no período de 1856 a 1861, ligando Juiz de Fora a Petrópolis. Em 1915, Alfredo transformou, em museu particular, a Villa Ferreira Lage, edificada por Mariano Procópio em 1861. Para marcar o centenário de nascimento de Mariano Procópio, em 23 de junho de 1921, Alfredo inaugurou o museu na Villa, projetada e construída no estilo neoclássico pelo arquiteto alemão Carlos Augusto Gambs, e situada no alto de um parque de 78 mil m². O Parque Mariano Procópio, que valoriza a flora exótica e brasileira, foi considerado pelo naturalista suíço, Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807/1873), especialista em geologia e paleontologia, como “o paraíso dos trópicos”. Consta ainda que, em 1921, quando estiveram na cidade o conde d’Eu e o príncipe D. Pedro, logo após a promulgação da lei que revogou o banimento da família imperial, eles visitaram o incipiente museu e teria sido, nessa ocasião, a promessa e o compromisso de Alfredo Laje de doar, em testamento, seu acervo ao município. A ampliação do acervo de Alfredo Ferreira Lage levou à construção de um prédio anexo à Villa: Prédio Mariano Procópio. Atestando seu compromisso público, em 13 de maio de 1922, o Museu Mariano Procópio foi, oficialmente, aberto ao público e inaugurado com acervo que ocupava tanto a Villa quanto o Prédio Mariano Procópio. Em 29 de fevereiro de 1936, Alfredo Ferreira Lage efetivou a doação ao município do conjunto do Parque e do Museu Mariano Procópio.
Acervo Um acervo com cerca de 50 mil objetos de grande valor histórico, artístico e científico faz do Museu Mariano Procópio um dos mais importantes núcleos referenciais de estudos do século XIX do país, incluindo os interesses da época, que evocam o colecionismo e o saber enciclopédico. O acervo é organizado por circuitos e apresenta obras
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das mais diferentes espécies: Pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, livros raros, documentos, fotografias, mobiliário, prataria, armaria, numismática, cartofilia, indumentária, porcelanas, cristais e peças de História Natural, preservando o passado para que as novas gerações possam extrair conhecimento e refletir sobre o presente e a construção do futuro. Obras de expoentes da pintura europeia, como os franceses Charles François Daubigny (1817/1878) e Jean Honoré Fragonard (1732/1806) e o holandês Willem Roelofs (1822/1897) são destaques no acervo ao lado de trabalhos de brasileiros como Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843/1905), Rodolfo Amoedo (1857/1941) e Belmiro de Almeida (1858/1935). Esculturas e moldes de gesso, principalmente do século XIX, de artistas como Clodion, Marius Jean Mercié, Rodolfo Bernardelli, Modestino Kanto e José Otávio Correia Lima também se projetam no conjunto do Museu.
Parque Mariano Procópio
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Os trajes da coroação, da maioridade e do casamento de D. Pedro II e o traje de corte da Princesa Isabel são as mais significativas peças da indumentária expostas no Museu Mariano Procópio. O acervo mobiliário, que é considerado um dos importantes do país, destaca-se pela coleção de peças a partir do século XVI até o século XIX, essas, em grande parte, adquiridas do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. A doação de Amélia Machado Cavalcanti de Albuquerque (1852/1946), Viscondessa de Cavalcanti, no setor numismático, abrange desde moedas greco-romanas, estampando a efígie do imperador Júlio César, até medalhas raras europeias. O Museu Mariano Procópio guarda, ainda, parte da história da armaria ao longo do tempo, com destaque para um punhal do século XVI, com bainha em marfim, veludo e aço, que pertenceu ao Rei Francisco I (1515/1547) da França, e um Polvorinho de marfim, que pertenceu ao rei Augusto Sigismundo II (1548/1572), da Polônia. Visitar o Museu Mariano Procópio é resgatar parte da essência cultural e histórica do Brasil, de Minas Gerais e de Juiz de Fora. Parte da vida colonial brasileira e do período imperial faz do acervo do primeiro museu de Minas Gerais um dos mais instigantes e diversificados do país.
Museu Mariano Procópio
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2) circuito histórico O Histórico do Museu Mariano Procópio reúne documentos, objetos e obras de arte que retratam inúmeros aspectos - econômico, social, político e cultural da história brasileira. Por meio de um acervo de peças raras, o público pode conhecer a trajetória do Brasil, desde o seu descobrimento até a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, passando pela Monarquia, o período das regências, a Inconfidência Mineira, a Independência do país, até a fase da República Velha. • Século XVI: Período da Descoberta do Brasil Nessa sala estão expostas peças brasileiras, como a urna e a tampa funerárias e antropomorfas de cerâmica indígena pré-colombiana, cultura Miranguera, da região Amazônica, instrumentos léticos, utilitários e ritualísticos em pedra lascada e polida, reproduções de mapas do litoral brasileiro no séc. XVI, moedas, louça, lenço e leque comemorativos de fatos ligados à descoberta do Brasil, além de arcas confeccionadas em madeira e ferro para guardar valores. No total, essa sala abriga 33 peças.
Tampa e Urna Funerária Mirancangüera Período pré-cabralino
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• Século XVII: Colonização e expansão territorial Os móveis dessa sala (leito de libro, cadeiras, mesas, armário-baico, arca e contador) são característicos do citado período e trazem influência portuguesa, espanhola e oriental. A arca em jacarandá e metal, com pés soltos e zoomorfos, era usada para guardar valores, prataria e louça; o contador em jacarandá, com decoração de torcidos, bolas e discos, era usado para guardar documentos e valores. A imaginária simboliza a religiosidade do colonizador e a fé na Virgem Maria, aqui representada pela N. S. de Presépio (foto), em barro cozido com policromia e N. S. da Cadeira, em madeira com policromia, trabalho de origem portuguesa. As telas Chefe Bandeirante, de Henrique Bernardelli, representando Fernão Dias Paes Leme, e Bandeirante, de Rodolfo Amoedo, representando Borba Gato, fazem alusão ao bandeirantismo de mineração do ouro e pedras preciosas. A sala possui 23 peças no total, entre elas medalhas comemorativas das invasões e do comércio dos holandeses no Brasil e nas colônias espanholas, armas brancas e de fogo, usadas naquele período.
Nossa Senhora do Presépio Barro policromado Séc. XVIII
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• Século XVIII: Sala D. João V Aqui o mobiliário D. João V ou Barroco, representado pelas mesas de centro e de encosto, cadeiras e leito, exibem nas exuberantes formas curvas, nos espaldares côncavos, nas cartelas vazadas e na decoração de conchas a influência portuguesa, inglesa e francesa. Destacamos o pequeno oratório doméstico mineiro chamado de lapinha ou D.José (rococó), feito em madeira com recortes e entalhes, douramento e policromia com figuras em calcita. Da primeira fábrica de porcelana dura do Ocidente, Meissen, expomos o casal vestido à moda francesa do Séc. XVIII. As palmas de altar, em madeira entalhada e sem policromia, eram usadas nas missas de defunto. Medalhas em prata e bronze, com efígie do rei D. João V, fazem alusão aos feitos de seu governo. Encontram-se nessa sala 41 peças.
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• Século XVIII: Sala D. José I Ambiente formado a partir dos móveis em estilo D. José I, de influência inglesa e francesa. Leito com cabeceira adornada por feixe de pluma, entalhes vazados, folhagens estilizadas e perolado, no centro cartela almofadada de damasco, colunas de dossel e pés entalhados, estrado em palhinha. Cômodas com a parte frontal ondulada, quinas de entalhes, pés largos, baixos, curvos e entalhados, puxadores em metal e madeira. A cômoda-papeleira é composta da sobreposição de uma cômoda e de uma papeleira na parte superior, muito usada a partir de 1750, servia para guardar roupas, documentos e valores diversos, algumas possuíam segredo, para maior segurança. Oratório pequeno sobre a cômoda compunha esse móvel, como o exposto. Os bancos, sem encosto, apresentam decoração de entalhes leves, pernas curvas e estofado em couro lavrado ou tecido. As cadeiras são de espaldar retangular, entalhado e vazado, armações e pernas em curvas, assento em couro lavrado e estofado de damasco. Quadro com medalhas de metal e porcelana, referentes ao governo de D. José I (1750-1777), ao terremoto de Lisboa (1755) e à morte do Marquês de Pombal (1782). Destaca-se pintura de cena bíblica (foto), atribuída a alunos do pintor italiano Salvador Rosa (1615-1673). Vê-se, também, ostensório e cálice em prata dourada, procedente do Convento de São Francisco em Alagoas. Busto do Marquês de Pombal em estilo neoclássico. Nessa sala encontram-se, no total, 17 peças.
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• Século XVIII: Sala D. Maria I O mobiliário estilo D. Maria I teve ampla influência inglesa dos moveleiros Adam Sheraton e Heppwhite. As mesas de encostar, de jogo e os oratórios expostos possuem, no entanto, características nacionais, vistas nas curvas e entalhes, acrescidos de margaridas, decoração usual de D. Maria I. A cadeira dobradiça ou de campanha, usada em Portugal desde o séc. XVI, era considerada móvel rústico e foi comum na região das minas no séc. XVIII. Os exemplares dessa sala são mais luxuosos, em madeira entalhada e assento de couro lavrado com tacheado. A decoração de embutidos ou marchetaria tornou-se característica desse estilo e pode ser admirada no leito em exposição, de estrutura neoclássica, cabeceira alta, espaldar oval e decoração fitomorfa, com laços e troféus de amor. Os pergaminhos com iluminuras, assinados por D. Maria I, concedem a Apolinário Pereira Leão, o direito de praticar cirurgia em seu reino. Gravuras de sátira social de William Hogart (1698-1764), série “A carreira de uma meretriz” e a gravura “Vista de Roma”, de Giovanni Batista Piranesi (1720-1778) podem ser apreciadas.
Cadeira estilo D. José I em transição para D> Maria I, com estofado adamascado. Usada para cerimônia de beija mãos de sua Majestade
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• Século XVIII: Sala Tiradentes Essa sala constitui referencial de nossa memória política, econômica e social do séc. XVIII, precisamente da Conjuração Mineira. Nas paredes, as obras Tiradentes Supliciado, de Pedro Américo, Jornada dos Mártires e Fazenda da Soledade, de Antônio Parreiras, Tiradentes, de Décio Vilares, Vestígio do Passado, de Sílvio Aragão e as esculturas, Tiradentes, de Modestino Kanto e de Décio Vilares, lembrando a repressão exercida pela Coroa Portuguesa aos inconfidentes, por meio dos castigos de degredo na África e morte pela forca de Tiradentes. Na vitrine, chave de Grangeot, instrumento para extrair dente; moedas de 1778 e 1786 e medalhas comemorativas do bicentenário da morte de Tiradentes (1792-1992). Um almofariz de bronze, sabres e fuzis completam a mostra.
Tiradentes Esquartejado Pedro Américo de Figueiredo e Melo. Brasileiro (1843-1905). Óleo sobre tela.
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• Século XVIII, XIX: Sala D. João VI A sala expõe armário-baixo, mesa de centro e consoles franceses nos estilos Boulle e Império, procedentes do Palácio de São Cristovão, RJ. Essas peças de madeira trazem complementos em tartaruga, mármore e bronze dourado, reproduzindo elementos decorativos da antiguidade clássica. No estilo D. João VI, de influência inglesa e francesa, mais sem nenhum luxo, temos o armário-baixo, mesa de encostar e cômodas, com decoração em frisos, leques, losangos, rosetas, triângulos de estrias concêntricas ou em ponta de diamante, puxadores em madeira e espelhos de fechaduras em osso e marfim. No estilo Regência Trafalgar, temos o recamier e os consoles com a característica decoração de golfinhos. Napoleão Bonaparte é lembrado nos sabres de dragão francês e oriental mameluco, no par de vasos e prato de porcelana de Sèvres, em que aparece a cavalo em campanha militar. Do Duque de Wellington, estadista e militar inglês, que comandou o exército anglo-luso contra as tropas napoleônicas que invadiram Portugal, expomos medalhas comemorativas de seus feitos militares. De D. João VI, temos Louça Companhia das Índias, dos serviços dos Galos, das Rosas, Vista Pequena e do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algavres. De seu período e governo, medalhas comemorativas em prata, louça, ouro e bronze, de ouro são as da tomada de Cariena, primeira cunhada no Brasil e as condecorações da Ordem de N. S. Jesus Cristo, Ordem da Torre e Espada, Ordem de São Tiago e Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa (Padroeira de Portugal). Recentemente, o museu adquiriu um óleo, retratando D. João VI, com farda de almirante e condecorações. Castiçais de bronze dourado, vasos de porcelana Império, escarradeiras, louças inglesas “Serviço dos pombinhos” (travessa) e francesas completam esse ambiente do séc. XIX, que possui, no total, 130 peças. A liteira de campo servia para o transporte dos senhores rurais. No interior, a liteira era dotada de dois assentos, um diante do outro. Era transportada por dois animais, cavalo ou burro, um na dianteira e outro na traseira. Elas eram desconfortáveis e balançavam, chegando a dar a sensação de enjoo do mar nos passageiros. Quando o tempo era ensolarado, esquentava devido ao teto de couro e ao chover, as cortinas de pano era uma proteção precária. Essa peça se encontra no mezzanino, que serve de ligação entre as salas D. João VI e D. Pedro I.
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Liteira de campo
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• Século XIX: Sala D. Pedro I A sala expõe objetos referentes ao período do Iº reinado. Trenós, consoles, mesa de encostar, em estilo Império, com o monograma PI, PL (de Pedro e Leopoldina) e Armas de Bragança. Em vitrine, ânfora Império, com efígie de D. Pedro I, travessa comemorativa da Indepen- dência, pratos da Ilustríssima Câmara do Município Neutro do Rio de Janeiro e louça da Marquesa de Santos. Condecorações brasileiras do Império, medalhas comemorativas, chaves de camaristas, símbolos maçônicos, miniatura da 1ª constituição brasileira, leques comemorativos da Independência. Nas paredes, archas, sabres, espadas, espadins, bacamartes e fuzis do período. Gravuras de Dona Leopoldina, Dona Amélia e D. Pedro I, tapete persa de oração e medalhão com efígie de D. Maria II, rainha de Portugal, filha de D. Pedro I. Sobre os móveis, conjunto decorativo de relógio e castiçais, capacete da guarda de honra de D. Pedro I e bustos em bronze dos irmãos Andrada, atuantes no processo de independência do Brasil, autoria de Charpentier.
Cristais do Palácio Imperial Século XIX
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• Século XIX: Sala D. Pedro II Em duas salas, estão expostos objetos que reconstroem parte da história do II Reinado. Em uma das salas, foi criada ambientação para as vestes imperiais de D. Pedro II, veste da coroação e da Princesa Isabel, cauda do traje de corte, além de psiché e cadeira com monograma PII, encimado por Coroa Imperial. Nas paredes, litografias da Família Imperial de D. Pedro II, quadro da Coroação de D. Pedro II, de Décio Vilares, armas brancas da Marinha e Exército e de Corte. Em vitrine, insígnias, louças, cristais e prataria Bragantina. Esculturas em bronze, de Rodolfo Bernadelli (Pedro II, Teresa Cristina, Conde d’Eu, Princesa Isabel) e Correia Lima (Almirante Barroso). Instrumentos de suplício para os escravos, sino de bronze do 1º Fórum de Juiz de Fora, desenho a cor feito pela Princesa Isabel, relógios de mesa, medalhas comemorativas, armas de fogo, louça e lenço da Guerra do Paraguai. Armários-baixos, mesas e cadeiras nos estilos Biedermeir, Neo-gótico e Luís Felipe.
Fardão da Maioridade de D. Pedro II
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• Século XIX, XX: Sala República Velha Nessa sala, as peças expostas referem-se a personagens ou fatos que tiveram relevante importância nas primeiras décadas da República. Em vitrine, acessórios de fardamento da Guarda Nacional, quepe e dragonas, e do Almirante Saldanha da Gama - espadim, bicórnio, botão, emblema âncora e canhão. Pratos e copos franceses personalizados, do Marechal Deodoro da Fonseca e do Marechal Floriano Peixoto, 1º e 2º presidentes do Brasil. Medalhas com efígies dos presidentes da República Velha, medalhão comemorativo do bicentenário do café no Brasil (17271927), moedas e placas comemorativas de feitos políticos e sociais. No painel, medalhões com efígies de políticos e militares ligados à Revolução de 1930. Na parede, espadas e fuzis.
Passarela que liga a Villa ao Anexo. As estátuas representam as ciências e as artes.
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3) Circuito Artístico Introdução Para abrigar a coleção de pintura e escultura do Museu Mariano Procópio, foram projetadas, no anexo à Villa, a Galeria Maria Amália e a Sala Maria Pardos. A Galeria, cujo nome foi escolhido por Alfredo Ferreira Lage, em homenagem à sua mãe, foi inaugurada em 13 de maio de 1922, seguindo o modelo das grandes Galerias de Arte do século XIX. Atualmente, a Galeria Maria Amália abriga pinturas e esculturas, produzidas em meados do século XIX e início do século XX. São pinturas de gênero, retratos, naturezas-mortas e paisagens de reconhecido valor estético. Entre os destaques do espaço, estão as obras: Aprés Midi en Holland, óleo sobre tela de Willem Roelofs, que recebeu Medalha de Ouro na Exposição de Paris em 1888; Amuada, de Belmiro de Almeida, óleo sobre madeira; Menina Moça, escultura em gesso de José Otávio Correia Lima, e a escultura Santo Estevão, de Rodolfo Bernardelli, entre outros. A Sala Maria Pardos foi batizada em homenagem à esposa de Alfredo Ferreira Lage. Espanhola de nascimento, Maria Pardos (foto) era pintora e teve decisiva participação na criação do Museu Mariano Procópio. Sua obra foi reconhecida pelos críticos da época e fartamente divulgada pelos veículos de comunicação. Por meio de seus desenhos e pinceladas, presentes nos retratos, cenas de gênero e naturezas-mortas, muitos dos quais pertencentes ao acervo do Museu, é possível conhecer aspectos sociais relevantes dos séculos XIX e XX. Na Sala Maria Pardos, estão expostas 10 pinturas em óleo sobre tela e um busto em gesso de Modestino Kanto. Além da exposição permanente na Galeria Maria Amália e na Sala Maria Pardos, a pinacoteca e a estatuária do Museu Mariano Procópio podem ser apreciadas pelo público em mostras temporárias, que destacam períodos, artistas, escolas ou temas. • Galeria Maria Amália Inaugurada em 13 de maio de 1922, o Dr. Alfredo Ferreira Lage homenageia sua mãe, denominando esse espaço de “Galeria Maria Amália”, organizando a exposição de sua coleção de pintura, escultura nacional e estrangeira e objetos de adorno, seguindo modelo das grandes galerias de arte do século XIX. Atualmente, encontram-se nesse ambiente apenas as ditas “Artes Maiores”, pintura e escultura, produzidas em meados do século XIX e início do século XX. São pinturas de gênero, retratos, naturezas-mortas e paisagens de reconhecido valor estético, constituindo
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fonte preciosa de informações de aspectos geográficos, históricos, sociais e do passado, que nos permitem comparações com os de hoje.
Galeria Maria Amália Pormenor da obra Santo Estevão, de Rodolfo Bernardelli.
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• Sala Maria Pardos A Sala Maria Pardos foi assim batizada em homenagem à esposa de Alfredo Ferreira Lage. Espanhola de nascimento, Maria Pardos era pintora e teve decisiva participação na criação do Museu Mariano Procópio. Sua obra foi reconhecida pelos críticos da época e fartamente divulgada pelos veículos de comunicação. Por meio de seus desenhos e pinceladas, presentes nos retratos, cenas de gênero e naturezas-mortas, muitos dos quais constituindo o acervo do Museu, é possível conhecer aspectos sociais relevantes dos séculos XIX e XX. Na Sala Maria Pardos, estão expostas 10 pinturas em óleo sobre tela e um busto em gesso de Modestino Kanto.
Auto Retrato Maria Pardos
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4) circuito história natural O Museu Mariano Procópio teve sua origem no setor de História Natural, inaugurado em 1931. O espaço foi criado por Alfredo Ferreira Lage para organizar as rochas e minerais que reunia desde menino, quando em viagem pela Europa, em companhia de sua mãe, Maria Amália. O interesse de Alfredo por coleções cresceu com os anos, e o espaço, chamado de Salas Agassiz, recebeu uma gama cada vez maior de exemplares. As salas passaram por modificações ao longo do tempo. Recentemente, o setor foi reorganizado e voltou ao local de origem, à esquerda do térreo, no Anexo. O mobiliário de época que abriga as peças foi mantido, mas ganhou uma nova apresentação gráfica, facilitando a visualização dos espécimes. Além do processamento técnico - medição e numeração - os exemplares foram submetidos a um meticuloso processo de conservação e restauração. As salas de História Natural atraem um público variado, mas encanta, principalmente, as crianças, que podem conhecer de perto animais empalhados com perfeição, como, por exemplo, Onça Pintada, Tatu de Rabo Nu, Jacaré de Papo Amarelo, Lobo-guará, lontra, macacos e aves. Outra preciosidade é a coleção africana com crânios, chifres de animais e um armarinho, contendo coleções em miniatura de minerais, conchas etc. O acervo reúne 1279 minerais e fragmentos de rochas, 50 fósseis, 527 excicatas do herbário (folhas de plantas), 55 vidros de carpoteca (coleção de frutos secos e sementes), 415 espécimes zoológicos, além de insetos.
Onça empalhada
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5) sala família ferreira lage No hall de entrada, estão expostas peças que pertenceram aos Ferreira Lage. Na parede, quadros retratados, a Baronesa de Sant’Ana, D. Maria Amália e Elisa, respectivamente, mãe, esposa e filha de Mariano Procópio. Bustos em bronze de Mariano e Alfredo Ferreira Lage Vitrines contendo insígnia da Imperial Ordem da Rosa, escrivaninha e salva de prata com monograma MPFL, quadro decorativo feito com fios de cabelo, escrevendo os nomes Mariano e Elisa, trabalho do francês Méziat, séc. XIX. Foto esmaltada de Elisa, por Lafon de Carmarsac, 1867, Paris. Sinetes com monograma AFL, de Alfredo Ferreira Lage. Estojo e chave comemorativa da inauguração da Galeria de Belas Artes Maria Amália, em 1922, medalhas comemorativas sobre os Ferreira Lage e o museu.
Insígnia da Ordem da Rosa
• Sala Viscondessa de Cavalcanti Apresenta esse espaço objetos que pertenceram aos Viscondes de Cavalcanti, como a coleção de pintores miniaturistas europeus dos séculos XIX e XX, com temas de paisagens, naturezas- mortas, animais, retratos e cenas de gênero. A sala possui no total 95 peças.
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MUSEU DE ARTE MURILO MENDES (MAMM) O Museu de Arte Murilo Mendes possui um dos mais importantes acervos de Minas Gerais, com 300 obras assinadas por artistas como Picasso, Hans Richter, Joan Miró, Portinari, Alberto Magnelli e Ismael Nery. O acervo do escritor juiz-forense Murilo Mendes é considerado o maior conjunto de obras modernas que ingressou no Brasil na segunda metade do século XX. O espaço possui laboratórios de conservação e restauração de obras de arte, duas galerias destinadas à exposição e biblioteca com mais de 8 mil livros. Murilo Monteiro Mendes nasceu no dia 13 de maio de 1901, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Filho de Onofre Mendes, funcionário público, e Elisa Valentina Monteiro de Barros. Nasce numa casa situada no alto dos Paços, hoje, Avenida Rio Branco. Segundo Murilo Mendes:
“Nasci às margens de um rio-afluente de águas pardas, o Paraibuna, que fazia muita força para atingir os pés do pai Paraíba. Dediquei-lhe na adolescência um minúsculo epigrama. Eu tenho uma pena do Rio Paraibuna”. (A Idade do Serrote) Iniciou os estudos em sua terra natal e depois no Colégio Salesiano, em Niterói. Após formado, exerceu diversas atividades profissionais, como dentista, telegrafista, auxiliar de guarda-livros, notário e Inspetor Federal de Ensino. Quando rapaz, por não conseguir se encaixar na escola ou no trabalho, foi morar com seu irmão mais velho no Rio de Janeiro, onde acabou firmando-se como escrivão. Sob a influência de Belmiro Braga, mestre e vizinho, iniciou nas letras e passou a participar, eventualmente, de publicações modernistas, como “Terra Roxa e Outras Terras” e “Antropofagia”, na qual, aos 24 anos, publicou o poema Mapa. Em 1930, publicou “Poemas”, seu primeiro livro, sempre negando ser filiado de algum movimento específico, nem mesmo ao Modernismo, até que, em 1934, converteu-se ao Catolicismo e, com Jorge de Lima, dedicou-se à poesia religiosa, mística, num movimento de “restauração da poesia em Cristo”. De 1953 a 1955 percorreu diversos países da Europa, divulgando, em conferências, a cultura brasileira. Em 1957, se estabeleceu em Roma, onde lecionou Literatura Brasileira. Faleceu, em Portugal, em 1975.
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Retrato de Murilo Mendes Alberto da Veiga Guignard, 1930 Ă“leo /tela
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Outras atraçÕes turÍsticas parque halfeld O Parque Halfeld, antigo Parque Municipal, teve sua remodelação através da iniciativa particular do coronel Francisco Mariano Halfeld, no ano de 1901, quando passa a receber o seu nome. Foram feitas à época obras de levantamento de canteiros, pavilhão central, casa para guarda do jardim, lagos, pontes, reforma do gradil etc. Concluídas as obras, a inauguração teve lugar a 5 de outubro de 1902. Pelo seu testamento, lavrado em 23 de julho de 1902, Francisco Halfeld deixou para as despesas de conservação do Jardim Municipal o rendimento de 24 apólices da dívida nacional, cada uma no valor nominal de 1 conto de réis e juro anual de 5%. Atualmente, possui aspectos de construções originais, belo paisagismo, coreto e destaca-se como patrimônio natural da cidade. Localiza-se na Rua Halfeld.
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rua halfeld A principal rua da cidade, com cafés, cinemas, galerias e lojas. Nela se localizam o painel “Cavalinhos”, de Portinari, no Edifício Clube Juiz de Fora, o Parque Halfeld, com coreto, parque infantil e árvores centenárias, a Câmara Municipal e o Cine-Theatro Central.
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cine-theatro central Inaugurado em 30 de março de 1929, é um dos mais importantes teatros mineiros. O prédio foi tombado pelo IPHAN em 1994, restaurado e reinaugurado em 1996.
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parque da lajinha ร rea verde de 140 mil metros quadrados, que possui trilhas para caminhada e mountain bike, lago e amplo espaรงo aberto. Localiza-se a sudoeste do Centro da cidade.
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morro do imperador Conhecido também como Morro do Cristo ou Morro da Liberdade, o Morro do Imperador está a 930 m de altitude, é um dos pontos mais altos de Juiz de Fora. Além de um mirante e uma capela centenária, lá encontra-se também uma torre helicoidal, primeira do tipo na América do Sul, que serviu à TV Industrial, emissora pioneira em geração de imagens no interior brasileiro. É frequentemente utilizado para a prática de montanhismo, trilhas e apreciação da natureza.
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usina de marmelos zero Construída pelo industrial Bernardo Mascarenhas e inaugurada em 1889, trata-se da primeira usina hidrelétrica da América do Sul.
painel portinari - clube Juiz de fora As Quatro Estações de Cândido Portinari no edifício Clube Juiz de Fora. Datados de 1956 é um dos 14 paineis de Portinari espalhados por todo o país, em locais público.
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aeroclube de Juiz de fora Inaugurado em 5 de março de 1938, oferece voos panorâmicos sobre a cidade e atividades aerodesportivas.
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painel do centenário Primeiro mosaico modernista em vidrotil criado em praça pública. Desenhado por Emiliano Di Cavalcanti e projetado por Arthur Arcuri, foi erigido em 1951. Marco do Centenário de Juiz de Fora, o monumento fica na praça da República, no bairro Poço Rico.
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centro cultural Bernardo mascarenhas Símbolo do pioneirismo industrial, a antiga fábrica de tecidos Bernardo Mascarenhas, graças à mobilização de artistas, escritores e jornalistas, foi transformada, em 1987, em um amplo centro cultural, onde funciona também a Biblioteca Murilo Mendes.
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igreja catedral metropolitana de Juiz de fora A primitiva capela de Santo Antônio foi terminada em 1847, segundo fotografia de propriedade do Museu Dom Justino e está assinada pelo então capelão, Padre Joaquim Furtado de Mendonça. Na década de 40, Dom Justino lançou a ideia de reformar a matriz, adotando um projeto arquitetônico em estilo neogótico. Sem conseguir os recursos necessários para a Catedral, foi construída a cúpula e as varandas em frente ao relógio, além do aumento das laterais, preservando as antigas torres. As obras foram iniciadas em 1950 e foi reinaugurada em 1966. O templo passou por várias modificações até chegar ao prédio atual. Destaca-se não só por sua estrutura física, mas também pela implantação paisagística. Possui localização privilegiada, situando-se na avenida principal da cidade.
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igreja da glória Em 1869, chega a Juiz de Fora o primeiro capelão alemão, frei Américo de Prags. Em 11 de maio de 1878, a Cia União e Indústria doa o terreno para a construção da Igreja da Glória. O arquiteto Lallemant executou o projeto. 35 anos mais tarde, a igreja já não comportava o número de fiéis e a torre que ameaçava desabar teve que ser demolida. Em 1923, inicia-se a construção de um novo prédio, com inspiração neogótica. Hoje é uma das igrejas mais visitadas de Juiz de Fora.
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igreja melquita de são Jorge Localizada no bairro Santa Helena, a Igreja projetada por Jorge Staico é referência em arquitetura por todo o Brasil, além de ser uma das poucas igrejas orientais no país.
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cOstumes, artes e eventOs Uma das principais manifestações culturais de Juiz de Fora, assim como no Brasil, é o Carnaval. O evento teve seus primórdios na época da emancipação da cidade. Ao final da década de 1930, até a década de 1960, o auge do Carnaval mudou de foco e a festa nos clubes pairou sobre Juiz de Fora. Além dos tradicionais Club Juiz de Fora, Sport, Clube Bom Pastor e Dom Pedro II, os bailes carnavalescos se expandiam para todo o lado, incluindo o Clube dos Planetas, dos Grafos, do Elite, Tupynambás, Tupi, Associação dos Empregados do Comércio e o Círculo Militar. O teatro e o cinema também possuem relevância no município. Juiz de Fora possui sete teatros e três cinemas. Conta também com trinta bandas e/ou corais; dezoito orquestras; treze entidades e Centros Culturais; seis grupos de capoeira e seis grupos de teatro. São algumas das mais importantes entidades com sede na cidade: Academia de Poetas e Prosadores de Minas Gerais; Centro Cultural Bernardo Mascarenhas; Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras; Espaço Cultural Banco do Brasil; Centro Musical Sustenidos & Bemóis e Corporação Musical Artistas Amadores da Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora.
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artesanato e gastronomia O município possui tradição em seu artesanato e na culinária. Normalmente, pratos regionais – que vão desde tortas e bombons até pequenas refeições caseiras, como arroz e feijão – e peças artesanais são vendidas em barracas e feiras da cidade ou em eventos recorrentes ao longo do ano. É famoso o Festival Gastronômico de Juiz de Fora. Na cidade existe a Associação de Artesão de Juiz de Fora, inaugurada em julho de 1997, com objetivo de dar condições de trabalho aos artesãos da cidade e região. Em maio de 1998, foi criada pela associação a Feira Permanente de Artesanato do bairro São Mateus. A feira dispõe, atualmente, de cerca de quarenta barracas. Juiz de Fora não possui um artesanato típico regional, mas essa é considerada a principal característica do trabalho feito na cidade: uma diversidade de técnicas, de materiais utilizados, que permitem ao artesão local expandir e representar sua arte.
Feira de Artesanato
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Bibliografia ACADEMIA DO COMÉRCIO DE JUIZ DE FORA. Juiz de Fora, MG. Academia de Comércio de Juiz de Fora: 18911941. Juiz de Fora, MG: Tip. do Lar Católico, [194-]. 103 p. ANDRADE, Silvia Maria Belfort Vilela de. Classe operária em Juiz de Fora: uma história de lutas (1912-1924). Juiz de Fora, MG: EDUFJF, 1987. 201 p., [10] p. de lâms.: il. ANNUARIO da Academia de Commercio de Juiz de Fóra: 1920: I anno. Juiz de Fóra, MG: Typ. do Lar Catholico, 1920. 80p.: il. ANNUARIO da Academia de Commercio de Juiz de Fóra: 1922: III anno. Juiz de Fóra, MG: Typ. do Lar Catholico, [192-?]. 112p.: il. ANTONIL, João André. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1982. ARAUJO, Laís Corrêa de. Murilo Mendes. Petrópolis: Vozes, 1972 (Coleção Poetas Modernos do Brasil). ÁVILA, Affonso. O teatro em Minas Gerais: séculos XVIII e XIX. In: Barroco 9. Belo Horizonte, UFMG, 1977. BARBOSA, D. Marcos. Nossos Amigos Os Santos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985. BARBOSA, Leila Maria Fonseca. Letras da cidade. Juiz de Fora, MG: FUNALFA, 2002. 331 p.: il. BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte: S/ed., 1979. BASTOS, Wilson de Lima Os sírios em Juiz de Fora. Juiz de Fora, MG: Paraibuna, 1988. 251 p. BASTOS, Wilson de Lima. Academia de Comércio de Juiz de Fora: subsídios para a história e a historiografia. Juiz de Fora, MG: Paraibuna, 1982. 408 p. BASTOS, Wilson de Lima. Associação Comercial de Juiz de Fora: centenário 1896-1996. Juiz de Fora: Esdeva, 1996. 241 p.: il. CEMIG. Companhia Mineira de Eletricidade. Belo Horizonte: CEMIG, 1994. 179p.: il. CÉSAR, José Vicente. História da Academia de Comércio: 1891-1991. Belo Horizonte: O Lutador, 1991. 204p.:il. CORDEIRO, Ana Lúcia. A inserção do metodismo em Juiz de Fora: uma história de conquistas e tensões. Juiz de Fora, MG: Letras e Notas, 2003. 154 p. COSTA, Alfredo Coelho; LEAL, Ruy do Brasil. A justiça em Juiz de Fora. Juiz de Fora: [s.n.], 1995. COUTO, Angela Oliveira; ROCHA, Izaura Regina Azevedo. Juiz de Fora em dois tempos. Juiz de Fora: Esdeva, [199]. 128 p.: il. CROCE, Marcus Antônio. O encilhamento e a economia de Juiz de Fora: o balanço de uma conjuntura, 18881898. Juiz de Fora: Funalfa, 2008. 192 p. CURSO de História Econômica de Juiz de Fora. Brasília: Senado Federal, 1987. {organização: Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora} DUTRA, Eliana Regina de Freitas. Caminhos operários nas Minas Gerais: um estudo das práticas operárias em Juiz de Fora e Belo Horizonte na Primeira República. São Paulo: Hucitec, 1988. 225 p. : il. [18]p. de estampas, retrs ESCHWEGE, W. L. von. Brasil, Novo Mundo. Belo Horizonte. Fundação João Pinheiro, 1996. FAZOLATTO, Douglas. Juiz de Fora: Imagens do passado. Juiz de Fora: Panorama, 2007, 108 p. FREITAS, Maria do Carmo Volpi de. História do bairro São Mateus. Juiz de Fora, MG: Gráf. e Ed. FM, 1998. 199 p.; il. retrats. GIROLETTI, Domingos Antônio. Industrialização em Juiz de Fora. Juiz de Fora, MG: UFJF, 1988. 136 p.: GOES, H. de Araujo. Inundações do Paraibuna em Juiz de Fora. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 1943. GOMES, Márcio de Freitas. O Museu Mariano Procópio. Juiz de Fora, MG: Tribuna de Minas, [199-]. 120p.: il., color.
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