“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO II PROFETISMO
PROFESSOR: SERGIO ZILOCHI
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO . ...........................................................................................................................03 PROFETAS DO SÉCULO IX A.C......................................................................................................26 LIVRO DO PROFETA OBADIAS......................................................................................................30 LIVRO DO PROFETA JOEL.............................................................................................................35 PROFETAS DO SÉCULO VIII..........................................................................................................41 LIVRO DO PROFETA AMÓS .........................................................................................................42 LIVRO DO PROFETA OSÉIAS ........................................................................................................43 LIVRO DO PROFETA JONAS .........................................................................................................45 LIVRO DO PROFETA MIQUÉIAS....................................................................................................47 LIVRO DO PROFETA ISAÍAS .........................................................................................................49 PROFETAS DO SÉCULO VII ..........................................................................................................58 LIVRO DO PROFETA NAUM..........................................................................................................59 LIVRO DO PROFETA SOFONIAS....................................................................................................60 LIVRO DO PROFETA HABACUQUE...............................................................................................63 LIVRO DO PROFETA JEREMIAS.....................................................................................................66 PROFETAS EXÍLICOS ....................................................................................................................72 EZEQUIEL ....................................................................................................................................72 DANIEL.........................................................................................................................................78 PROFETAS PÓS EXÍLICOS .............................................................................................................83 LIVRO DO PROFETA AGEU ..........................................................................................................83 LIVRO DO PROFETA ZACARIAS ....................................................................................................87 LIVRO DO PROFETA MALAQUIAS................................................................................................89
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PETERLEVITZ, Luciano R. Introdução ao Profetismo. Revista Theos . Revista de Reflexão Teológica da Faculdade Teológica Batista de Campina. Campinas: 5ª Edição, V.4 - Nº1 - Junho de 2008. ISSN: 1908-0215.
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A41523l-pzAASA FUNÇÃO DA PROFECIA Devo este tópico a Archer3, mas é necessário fazer um reparo a seus argumentos. Ele alista quatro funções básicas da profecia entre os hebreus. Elas são válidas, apesar do reparo que pretendo fazer, e permanecem como balizadoras da função profética em nosso tempo. 1ª) O profeta tinha a responsabilidade de encorajar o povo de Deus a confiar exclusivamente na sua graça, no seu poder. Isso Moisés fez: ensinou que a segurança de Israel estava no poder de Deus, não em Israel. Os profetas das épocas de crise em Israel e Judá também: a nação deveria confiar em Iahweh e não no Egito ou na Assíria. Veja-se, como exemplo, a insistência de Oséias em afirmar que o Egito e a Assíria não salvariam Israel. Aliás, a Assíria acabou destruindo Israel. O profeta é um encorajador do povo de Deus a confiar nele, somente nele. 2ª) O profeta tinha a responsabilidade de avisar ao povo que sua segurança dependia de fidelidade à aliança, ao berith. Moisés e os grandes profetas agiram assim. É bom afirmar que os profetas não pregaram uma mensagem nova, mas reafirmaram os grandes conceitos da aliança. O profetismo não trouxe uma mensagem inédita, mas apenas um chamado à fidelidade à aliança firmada com Iahweh e que culminara na outorga da lei. Ele não criou conceitos, mas revigorou os do passado. O profeta olhava para o passado, para a aliança. O profeta contemporâneo também deve advertir a Igreja para se manter fiel ao novo berith, que Jesus firmou com seu sangue (Mt 26.28). 3ª) O profeta devia encorajar Israel quanto às coisas futuras. Mesmo anunciando o juízo, os profetas avisavam que haveria um remanescente, que teria a missão de trazer o messias ao mundo. O profeta era um criador de esperanças, um anunciador de que o povo tinha um futuro, e devia se preparar para ele. O profeta olhava para o futuro. O profeta contemporâneo também deve avisar a Igreja sobre o seu futuro de glória, mesmo que no momento presente seja ela enxovalhada pelo mau testemunho de alguns dos seus membros e seja acuada pela pressão de um mundo ímpio. 4ª) A profecia se autenticava, em termos de previsão, quando se cumpria. Archer mostra Deuteronômio 18.21-22: se o que o profeta falasse não se cumprisse, a mensagem não era de Deus. Isto é óbvio, pois Deus não mente nem se engana. Mas o simples cumprimento não basta para autenticar uma profecia. Quem falou com Saul quando ele consultou a médium em En-Dor não foi, obviamente, um profeta divino, mas o que a entidade consultada falou se cumpriu. Deuteronômio 18.22 diz que quando o que for falado não se cumprir, isso não é de Deus. Está certo. Mas o capítulo 13 mostra que se o profeta falar, o que ele falou se cumprir e
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ele se aproveitar disso para desviar o povo da Palavra, ele deveria ser morto. É o ensino presente em 13.6-9. O padrão para se avaliar a profecia e o profeta não é o cumprimento do que foi falado, mas se aquilo que ele falou está em conformidade com a Palavra de Deus. O padrão autenticador é a Palavra. Isto nos põe diante de uma verdade que não se pode ignorar: o profeta deve ser escravo da Palavra. O profeta é o homem que se prende à Bíblia, fala o que ela fala, não a diminui, não a ultrapassa. E deve encorajar o povo a permanecer fiel no compromisso com Deus, a confiar nele e a se lembrar de sua missão neste mundo. PONTOS NORTEADORES DA MENSAGEM PROFÉTICA Há algumas balizas na mensagem profética do Antigo Testamento. Ela não é uma colcha de retalhos, onde cada um diz o que quer e vai acrescentando um pouco mais. Ser profeta não é dirigir desaforos ao povo, produto de um temperamento megalomaníaco. Muitos profetas, hoje, precisam de tratamento ou de educação. O profeta não é um temperamental emburrado. A angústia de Jeremias mostra um homem que vê o que está por acontecer ao seu povo e que sofre com isso. Ele não se alegra com a desgraça, mas chora por causa dela: “Ah! Meu coração! Meu coração! Eu me contorço em dores. Oh! As paredes do meu coração! Meu coração se agita! Não posso calar-me, porque ouves, ó minha alma, o som da trombeta, o alarido de guerra” (Jr 4.19). 1º) O profeta verdadeiramente profeta é um instrutor do povo de Deus dentro da Palavra de Deus. Ele ensina os preceitos da aliança, e proclama, em nome de Deus, a maneira correta de proceder. Ele fala não apenas em nível individual, mas também em nível coletivo. Mostra os pecados de pessoas e de instituições. Isto deve nos alertar. As instituições, políticas, religiosas ou denominacionais, também sofrem os efeitos do pecado. O profeta denuncia o pecado individual e estrutural e aponta o caminho correto: arrependimento. A crise de alguns segmentos de nossas denominações e de outros órgãos evangélicos não deve ser camuflada nem varrida para baixo do tapete. Muitas dessas instituições se portam de maneira imperial na forma de tratar as igrejas locais, lembrando-se delas apenas quando precisam de ofertas para equilibrar contas mal administradas. Se há pecado, se há malbaratamento de recursos, se há desonestidade, ou simplesmente incompetência, isso deve ser tratado como tal. O profeta não se conforma com o pecado estrutural, também. Os profetas bíblicos não denunciavam apenas os pecados de Assíria, Egito e Babilônia, mas também os do povo de Deus. Não só de pessoas, mas da instituição. Assim devemos fazer. 2º) O profeta verdadeiramente profeta interpreta os acontecimentos históricos, Muita insensatez já foi dita em termos de marcação de datas, de interpretação errada, de apocalipticismo precipitado 7. Infelizmente, o alinhamento dos planetas, o Mercado Comum Europeu, Sadam Hussein, e outros menos votados já propiciaram uma enxurrada de literatura de ficção escatológica, que, também infelizmente, tem sido levada a sério por muitos. Mas o profeta é o homem que vê para onde a história vai. Para nós, hoje, isto significa a necessidade de formar uma cosmovisão bíblica, entender a história pela Bíblia, de pesquisar, ler, refletir. Já se disse que o verdadeiro teólogo tem a Bíblia em uma das mãos e o jornal diário em outra. Isto não é para fazer previsões atabalhoadas, mas sim para buscar entender o mundo pela Bíblia. O profeta é sentinela da história, conhece a outra face dos acontecimentos humanos e sabe da transcendência do acontecer e do fazer humano. Consegue ter uma visão global da história e dos eventos, não os vendo de forma atomizada e descontínua.
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3º) O profeta denuncia, acusa e condena. Ele se enche de indignação contra os erros do mundo. Infelizmente, as denominações com mais capacidade de eleger crentes para postos políticos são as neopentecostais, quer pela quantidade de membros quer pelo voto de cabresto. Mas a política é vista por eles como troca de favores, como um ato de eleger despachantes eclesiásticos para beneficiar as igrejas. Deveria ser vista como eleger pessoas que se aferrassem aos padrões evangélicos, que os vivessem e que os proclamassem. Os constantes escândalos envolvendo políticos evangélicos deveriam suscitar sérias reflexões de nossa parte. Mas a impressão que se passa é que todos foram fascinados pelo sistema e absorveram algumas práticas, que precisariam ser analisadas criticamente, com muita facilidade. Um profeta tem visão social, tem consciência sensível aos desmandos do poder, não se compra nem se vende, nem se aluga. Não se filia a grupos ou partidos, mas tem consciência crítica. Por isso não deixa de sentir indignação diante de acontecimentos políticos que vê não estarem corretos. 4º) O profeta é um consolador. Ao mesmo tempo em que anuncia o juízo e chama ao arrependimento, traz a mensagem de Isaías 40.1: “Consolai, consolai o meu povo”. Ele mostra as promessas de Deus, o que ele pode fazer para restaurar os que sofrem. O profeta não é apenas anunciador de catástrofes, como alguns presumem, mas é o arauto de um novo tempo, é pregoeiro do amor e da misericórdia de Deus, mostra o que ele pode fazer na vida das pessoas. Tem uma palavra de estímulo, também. E isto, em nosso contexto contemporâneo, é muito necessário de praticar. O mundo sofre e necessita de esperança e de conforto. O profeta tem uma personalidade multifacetada, exibindo vários ângulos. Sabe discordar, sabe denunciar, sabe condenar, sabe confortar, sabe ensinar, sabe interpretar, sabe estimular. Não é um fanático ignorante deblaterando coisas inúteis, mas um homem que entende o mundo e sabe como analisá-lo. E, tendo convicção de que é assim que Deus deseja as coisas, prende-se a isto. COELHO FILHO, Isaltino Gomes. O Profetismo em Israel. Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em Cabo Frio, agosto de 2004. O PROFETISMO E O PROCESSO DA REVELAÇÃO PROGRESSIVA DE DEUS. Qual é a importância da profecia ou do profetismo dentro do processo de revelação progressiva de Deus? Gostaria de levantar alguns destaques que visam responder a questão norteadora desta etapa da pesquisa coletando informações e impressões em três questões corolárias: Qual a importância para os ouvintes originais? Qual a importância para o processo de formação do Cânon Judaico? Qual a importância para o cristianismo? 1) A Importância do Profetismo no Processo de Revelação Divina Para os Ouvintes Originais = Quando penso nas pessoas que foram influenciadas, abençoadas com o ministério profético de anunciar a vontade de Deus reconheço-me incapaz de anotar ou registrar os dados com precisão. De fato esta importância é imensurável mas nesta etapa pretendo anotar alguns benefícios na compreensão da vontade de Deus que todos os indivíduos que tiveram contato com os oráculos divinos experimentaram. Uma vez que "o dever do profeta é transmitir àqueles, aos quais ele é enviado, a palavra recebida de Deus: ele pronuncia, em nome de Deus, por sua ordem e na sua ‘pessoa’, o ‘oráculo de Iahweh’; ‘assim fala o Senhor’ é, na sua boca, a palavra de Iahweh(I Rs17:24)(31);
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precisamos então pelo menos registrar alguns efeitos desta proclamação. O povo de Israel já havia recebido a Lei(torah) do Senhor mas o relacionamento com o Senhor revelava, por parte do povo, uma situação de altos e baixos. No desenrolar de sua história percebe-se desde momentos de fervor e compromisso à um total abandono(incluindo a idolatria). "Os profetas censuravam todas as áreas da vida do povo, mas principalmente as violações dos mandamentos capazes de trazer riscos à existência da nação. Os casos concretos variam de profeta para profeta, de situação para situação"(32). Basicamente as mensagens proféticas enfocaram três dimensões da vida de Israel: política, social e religiosa(33). O certo é que Deus levanta os seus profetas para a ocasião própria. Isaías por exemplo tocou nas questões cruciais da vida do povo, quer condenando ou oferecendo a esperança de libertação. Da boca dos profetas o povo foi levado a refletir sobre o culto verdadeiro marcado pelo equilíbrio entre a vida interior e a exterior. Deus revela o seu desejo no tocante a vida relacional baseada nos princípios de justiça, equidade, e verdade. Deus revela através dos oráculos que é o Senhor da História e que a está conduzindo para seu final. Jeremias proclama num período difícil na vida do povo de Deus e não é compreendido nem aceito por seus irmãos. É certo que ele foi bem sucedido na sua tarefa não porque o povo lhe tenha dado atenção, mas pelo fato de que cumpriu a sua missão. O povo foi desafiado a se arrepender de seus pecados como o a hipocrisia religiosa. O profeta teve como responsabilidade manter viva a chama da esperança e alertar o povo quanto a pregação dos falsos profetas. Ezequiel é o profeta que procura alertar o povo para o princípio da responsabilidade individual. Além disso, mostra ao povo a realidade da presença de Deus entre os exilados (contrariando o conceito de um Deus nacional preso ao Templo). Assim como outros companheiros de profissão ele é um proclamador de julgamento e esperança. Os profetas da restauração(Ageu, Zacarias, Malaquias e Joel) procuraram construir no povo que retornava do cativeiro uma vida relevante diante de Deus. Destacaram os seguintes temas: as origens dos males sociais; a conversão de Israel para obedecer a Deus; a religião que agrada a Deus; o culto que agrada a Deus; os futuros líderes do povo de Deus; a bênção do sustento da obra; o juízo final; o messias; etc. 2) A Importância do Profetismo no Processo de Revelação Progressiva e Para a Formação do Cânon = O profetismo veio contribuir para a composição de nossa Bíblia como um dos pontos catalizadores(34) de sua formação. "O Antigo Testamento não caiu do céu, como se narra dos chamados livros sagrados de outras culturas. Ele se formou mediante longo e complicado processo, que a ciência pode desemaranhar, ao menos em parte. Este processo nos mostra a formação de uma fé em Deus..."(35). Os profetas escritores exerceram a sua mediação carismática preferencialmente como livres pregadores da palavra de Deus; a sua pregação chegou até nós nos livros proféticos do Antigo Testamento. Na opinião de Fohrer "a revelação realiza-se em um face-a-face concreto entre Deus e o homem, dirigindo-se a um homem ou a um círculo de homens bem preciso. Por isso, a revelação é uma experiência pessoal e só quem a experiência pode testemunhar ou descrever a revelação.(...)Quando um homem ou um profeta transmite e anuncia a revelação, vivida como experiência pessoal, não está em condições de provar formalmente ao ouvinte que sua experiência se funda em uma revelação, nem pode fornecer uma prova exterior que a torne aceitável como tal"(36). Isto implica em dizer que os ouvintes tinham o direito e a responsabilidade de aceitarem ou rejeitarem sua mensagem. O certo é que os profetas ocupam posição de extrema importância no Cânon e carecemos de uma compreensão adequada dos estilos literários que eles revelam para que na tarefa hermenêutica e exegética os utilizemos de modo coerente e responsável. Na perspectiva da linguagem profética entendemos que cada profeta escreveu "no seu próprio estilo, sinal indiscutível de sua
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historicidade, apesar de tanta coisa em comum.(...) cada profeta é um indivíduo que só existe uma vez e que transparece necessariamente através de seu livro. O tema é fascinante e vem suscitando desde muito tempo a curiosidade dos exegetas"(37) Segundo Harbin havia quatro etapas na transição da mensagem falada para a escrita(38): Os profetas colocavam algumas das suas mensagens no escrito. Os discípulos deles preservavam as mensagens dos mestres. Compiladores desenvolviam um papel na transmissão do material arranjando-o cronológica ou tematicamente. Editores posteriores acrescentavam datas e referências históricas. Há alguns princípios de interpretação dos livros proféticos(39) e aponto as seguintes atitudes para o estudante da Bíblia que deve observar: 1) O Contexto histórico = isto porque os profetas profetizavam dentro de uma situação histórica definida. Temos que interpretá-los a partir do ponto de vista do ouvinte original. A proposta da profecia era anunciar a mensagem de Deus que ele recebera aos hebreus e não a crentes do século vinte especificamente. 2) O contexto da Aliança = a maioria dos profetas chamava o povo de volta às obrigações da Aliança mosaica. O profeta chamou a atenção do povo para as suas obrigações que estavam sendo deixadas de lado. 3) O alvo = é mais importante do que o tempo necessário para alcançá-lo. As vezes nem o próprio profeta sabia quando a profecia ia se cumprir. 4) O núcleo central = toda profecia tem um núcleo central. Quando a ideia principal se cumpre podemos dizer que toda a profecia foi cumprida.
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Os Edomitas Edom era a cordilheira de montes rochosos a leste do Vale de Arabá (ver pág. 135), que se estendia uns 160 km de Norte a Sul, e uns 32 km de Leste a Oeste. Era bem irrigado e tinha abundantes pastagens. Sela (Petra) era a capital, cravada no alto de um penhasco íngreme que dominava um vale de extraordinária beleza, muito para dentro dos profundos vales das montanhas. Os edomitas podiam sair para suas expedições de assalto e depois recolher-se aos seus redutos intransponíveis, nos desfiladeiros rochosos. Os edomitas descendiam de Esaú; eram, todavia, sempre inimigos rancorosos dos israelitas, perpetuando assim a inimizade entre Esaú e Jacó, Gn 25:23; 27:41. Recusaram passagem a Moisés, Nm 20:14-21, e sempre estavam prontos a ajudar um exército que atacava os israelitas.
HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag322. EDOM NO ESPAÇO E NO TEMPO A terra de Edom, também chamada Seir (Gn 32.3; 36.20-21,30; Nm 24.18), fica a sudeste do mar Morto, desde o uádi Zerede até o golfo de Acaba. Estendendo-se pelo vale de Arabá, do sul do mar da Galiléia até o golfo de Acaba, seu lado oriental era rochoso e montanhoso, por vezes atingindo cerca de 1 070 m de altura. Por ela passavam duas importantes vias de
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tráfego, a estrada real e o caminho ao longo do Arabá. O controle que ela exercia sobre boa parte do comércio norte—sul enchia seus cofres e a tomava alvo de ataques. A Bíblia retrata os edomitas como descendentes de Esaú (Gn 36, espec. vv. 1,9), embora escavações arqueológicas revelem habitantes mais antigos na terra. Entre as primeiras alusões extrabíblicas da área estão a das cartas de Amama, do Egito, remontando ao século XIV a.C., e várias referências ao povo de Seir durante o reinado de Ramsés II (final do século XIII a.C.).' O próprio registro bíblico demonstra um contato contínuo, embora nem sempre amigável, entre Edom e os israelitas. Na perigrinação após o êxodo, Israel não teve permissão de passar por Edom (Nm 20.14-21; Jz 11.17-18), e logo depois Balaão predisse que Edom seria conquistado (Nm 24.18). No reinado de Saul, travou-se batalha com Edom (1 Sm 14.47); a área foi conquistada no governo de Davi (2 Sm 8.13-14; 1 Rs 11.15-16) e explorada por Salomão (1 Rs 9.26-28), embora não sem oposição edomita (1 Rs 11.14- 22). No século IX, durante o reinado de Josafá (2 Cr 20.1-2), os edomitas, confederados com os moabitas e os amonitas, atacaram Judá de surpresa. Edom, obtendo mais sucesso, rebelou-se contra Jeorão e gozou de relativa liberdade do domínio israelita durante cerca de 40 anos (2 Rs 8.20-22; 2 Cr 21.8-10). No começo do século posterior, no reinado de Amazias, Judá reconquistou Edom com enorme matança (2 Rs 14.7; 2 Cr 25.11-12), chegando até Sela. Algum tempo depois, quando Judá se encontrava pressionado sob o reinado de Acaz, Edom atacou Judá de surpresa, levando prisioneiros (2 Cr 28.17). Livrou-se então de Israel, jamais tornando a ser subjugado. Durante o período assírio, a partir de, no mínimo, 734 a.C., Edom foi vassalo da Assíria1 e, posteriormente, também da Babilônia. Algumas vezes, pelo menos planejaram rebeliões (Jr 27), embora não existam provas de que tenham tentado colocar esses planos em prática. A situação na época da queda de Jerusalém (587 a.C.) não está clara, nem nas fontes bíblicas, nem nas extrabíblicas. Esdras acusa os edomitas de terem queimado o templo de Jerusalém (1 Ed 4.45), mas isso não se confirma (cf. Lm 4.21-22). No século VI, conforme demonstram ruínas arqueológicas, o poderio edomita diminuiu, havendo um aparente abandono de algumas cidades e migração da população2 (cf. 1 Mc 5.65). Do final do século VI até o século IV a.C., predominou a influência árabe na região (sobre os indícios de tal presença nesse período, veja Ne 2.19; 4.7; 6.1). Isso veio a ocorrer especialmente por meio dos nabateus. Os edomitas foram removidos; alguns se estabeleceram no Neguebe, ao sul de Judá, que se tomou conhecido pelo nome correlato Iduméia (1 Mc 4.29).3 Grande parte dessa reconstrução baseia-se em hipóteses e em fontes secundárias, uma vez que a documentação e as provas arqueológicas da área em si são esparsas e ambíguas. BAKER, David Weston. Obadias, Jonas Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: Introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. Tradução: Robinson Malkomes. Edições Vida Nova, São Paulo, 2001. Pág.25-26. O Deus que julga o orgulho: Obadias
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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Obadias se desenvolve ao longo de três seções básicas. Primeiro, os versículos 1-9 anunciam a destruição de Edom devido ao seu orgulho e ao seu ódio de Israel. Segundo, os versículos 1014 denunciam Edom pela sua participação na derrota de Jerusalém em 587 a.C. Terceiro, os versículos 15-21 contrastam o destino de Edom no dia do Senhor com o retorno do remanescente de Judá. A ira de Deus com o orgulho e a maldade de Edom permeiam a profecia. Vários livros anteriores já prepararam os intérpretes para a denúncia contra Edom em Obadias 1-9. Israel e Edom têm combatido entre si desde que seus patriarcas Jacó e Esaú lutaram no ventre (Gn 25.19-34). Edom impediu Israel de atravessar seu território durante o período no deserto (Nm 20.14-21), e Davi conquistou o estado vizinho (2Sm 8.13,14). Edom revoltou-se contra Judá por volta de 850 a.C. (2Rs 8.20- 22) e dificilmente teria lamentado a ruína de Jerusalém.56 Isaías 21.11,12; Jeremias 49.7-22; Ezequiel 25.12-14; Amós 1.11,12 e Malaquias 1.2-5 fazem, todos eles, fortes críticas ao tratamento dispensado por Edom a Israel.57 Joel 3.19-21 diz que Judá habitará a terra do cruel Edom, Amós 1.6 e 1.9 condena a compra e venda de escravos por Edom, Amós 1.11,12 afirma que a ira de Edom não termina nunca, e Amós 9.11,12 indica que Edom tornará a ser governado por um rei davídico. Apenas esta última passagem oferece alguma esperança de que os edomitas chegarão a servir ao Senhor. Acerca de Edom as perspectivas sombrias apresentadas em Obadias não encontram precedente no cânon. O orgulho de Edom (3,4) é seu tropeço. Acredita que suas fortalezas nas montanhas tornam seu país invencível,58 mas não levou em conta o poder de Deus. Deus derrubá-lo-á (4). Essa imagem é muito parecida com as declarações de Yahweh contra a Babilônia em Isaías 14.12-16 e contra Tiro em Ezequiel 28.17. O orgulho faz separação entre o povo e Yahweh, por isso é preciso que o Senhor o remova.
Obadias 10-14 diz que o orgulho de Edom levou-o a ficar “por perto” quando Jerusalém foi derrotada (11). Naquela ocasião festejou a ruína de Judá (12,13). E de novo Edom agiu como mercador de escravos, quando os judeus foram capturados e vendidos (14). Pecados assim já foram condenados em Amós 1.6-12. Edom é leal só consigo mesmo, o que aponta para um uso arrogante e egoísta do que se tem. O dia do Senhor removerá as massas orgulhosas de Edom e exaltará os sobreviventes humildes de Judá. Os edomitas experimentarão a justiça divina quando seus feitos se voltarem contra eles mesmos (15). Aprenderão o fato fundamental deixado tão claro em Amós 1.3—2.3 de que o juízo de Deus virá sobre todas as nações (15). Além disso, descobrirão o quanto Sião é especial para Deus (17), algo ressaltado em Isaías 62; Jeremias 30—33 e Ezequiel 40—48. Por fim, verão os exilados judeus retornar à terra (19,20). O governo de Deus em Sião a favor do remanescente constitui o Reino de Deus na terra (21; v. Is 25.6-8). Deus é soberano e luta por Israel, dessa forma cumprindo a promessa, feita a Abraão, de derrotar os inimigos de seus descendentes (Gn 12.1-3).59
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Sem sombra de dúvida, Obadias ressalta ainda mais a ênfase que os Doze dão aos pecados dos gentios e ao direito que Yahweh tem de julgar a terra. As atividades de Edom demonstram que somente a intervenção direta do Senhor poderá salvar os gentios. Não há nenhum arrependimento à vista. Por isso o dia de Yahweh deverá vir como um agente purificador para todas as pessoas e não apenas para Israel. E justamente essa intervenção direta que fornece o cenário de Jonas. HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. pag.464-465
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A vida do profeta O Antigo Testamento, entre os livros de Samuel e Neemias, faz referência a doze diferentes homens que receberam o nome de Joel.1 Esse, porém, é distinguido dos demais pelo nome de seu pai, Petuel. Nada mais sabemos sobre a pessoa do profeta além do nome de seu pai. O nome do profeta é mencionado apenas duas vezes na Bíblia (J1 1.1; At 2.16). Na cultura hebraica o nome tinha uma conexão com a vida. Os pais escolhiam o nome dos filhos não pela beleza sonora, mas pelo significado espiritual. Joel significa “O Senhor é Deus”. Seu nome é uma confissão de fé que expressa duas verdades benditas. A primeira delas é a singularidade da pessoa de Deus. Não há vários deuses. O politeísmo é uma criação da mente humana e não uma revelação divina. E um engano e não uma expressão da verdade. A segunda verdade destacada pelo nome de Joel é que esse Deus único é o Deus soberano. Ele é o Criador do universo. Ele é o Senhor. Ele governa sobre tudo e sobre todos. Ele é o Deus que governa a natureza, as nações e tem em suas mãos as rédeas da História.
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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Otto Schmoller diz que em virtude da familiaridade de Joel com o templo, os sacrifícios e o sacerdócio, podemos presumir que ele pertencia à classe sacerdotal.2 Em virtude de sua contundente mensagem de juízo e convocação da nação ao arrependimento, William MacDonald diz que Joel tem sido chamado de o Joao Batista do Antigo Testamento. A data da profecia Constitui-se matéria de acirrados debates a definição do tempo em que Joel profetizou. Está longe de haver unanimidade entre os eruditos acerca desse tempo. Não temos no livro referência específica ao tempo que Joel profetizou. Ele não faz nenhuma referência aos reis contemporâneos. Ao contrário, refere-se aos sacerdotes (1.13). Não se refere à Assíria ou à Babilônia, nações que conquistaram e exilaram Israel e Judá. E isso devido ao fato de que elas ainda não estavam em cena ou há muito teriam passado. Por conseguinte, as duas datas preferidas para situar o livro sao o tempo do rei Joás (c. 830-810 a.C.) ou o tempo do Império Persa (c. 400 a.C.).David Hubbard diz que a ampla diversidade de opiniões entre os estudiosos revela como o livro carece de informações que nos ajudem a identificar a data com precisão. O nosso problema é que a parte central do livro, a invasão de gafanhotos, não deixou nenhum vestígio na história bíblica.5 João Calvino chega a afirmar que é melhor deixar a data de composição do livro sem definição, uma vez que essa não é uma questão de grande importância. Gleason Archer diz que à profecia de Joel têm sido atribuídas datas desde o século nono até o século quarto a.C., pelas várias escolas de crítica, conservadoras e liberais. Porém, na base da evidência interna, a estimativa mais razoável é a época da menoridade de Joás, durante a regência de Joiada, o sumo sacerdote, cerca de 830 a.CJ Nessa mesma trilha de pensamento, Jerônimo, um dos pais da igreja, afirma que Joel era contemporâneo de Oséias e que não há dúvida que Amós citou Joel.8 Gleason Archer ainda esclarece: A evidência interna harmoniza-se muito mais com o ano 835 a.C. como sendo a data da composição dessa profecia, do que com qualquer data. A falta de alusões a qualquer rei no trono de Judá, a implicação de que a responsabilidade do governo dependia dos sacerdotes e dos anciãos, a alusão aos inimigos de Judá como sendo as nações vizinhas (e não a Assíria, a Babilônia ou a Pérsia) - todos esses fatores indicam conclusivamente o período da menoridade de Joás. Há argumentos, entretanto, que parecem sustentar tanto uma tese quanto outra. Bill Arnold e Bryan Beyer, bem como Clyde Francisco propõem uma data que fica entre 500 a 450 a.C.10 Depois de uma exaustiva análise das diversas opiniões e uma investigação mais detalhada do texto de Joel, cheguei à conclusão de que a data mais antiga é a que tem mais consistência. Edward Young, subscrevendo o período préexílico, diz que a posição de Joel entre Oséias e Amós parece mostrar que a tradição judaica considerava Joel como livro mais antigo. LOPES, Hernandes Dias. Joel: O Profeta do Pentecostes. Editora Hagnos. São Paulo, 2013. pag. 12-14.
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LIVRO DO PROFETA AMÓS Esta profecia parece ter sido proferida por ocasião de uma visita a Betel, 7:10-14, uns 30 anos antes da queda de Israel. Amós foi profeta de Judá, o reino do Sul, tendo uma mensagem para Israel, o reino do Norte, nos reinados de Uzias, rei de Judá (767-740 a.C.) e de Jeroboão II, rei de Israel (782-753 a.C.). O “terremoto”, 1:1, diz Josefo que coincidiu com a imposição da lepra em Uzias, 2 Cr 26:16-21 . Foi no princípio da co-regência de Jotão, cerca de 740 a.C.; e, segundo esse cálculo, a profecia de Amós ocorreu cerca de 742 a.C. O reinado de Jeroboão havia sido de muito sucesso. O reino fora consideravelmente ampliado, 2 Rs 14:23-29. Israel estava no auge da prosperidade, mas em descarada idolatria e exalando o mau cheiro de sua podridão moral: era uma terra de falsos juramentos, furtos, injustiças, opressões, roubalheiras, adultérios e homicídios. Fazia uns 200 anos que as dez tribos se haviam separado do reino de Davi (931 a.C.) e estabelecido o reino independente do Norte, tendo como religião o culto do bezerro, 2 Rs 12:25-33. Durante parte desse tempo o culto de Baal também fora adotado, e muitas das práticas abomináveis da idolatria cananita ainda, predominavam. Entrementes, Deus enviara Elias, depois Eliseu e mais adiante Jonas. Mas, sem nenhum efeito sobre o povo. Israel, empedernido na idolatria e perversidade, descambava, agora, veloz para a ruína. Foi então que Deus enviou Amós e Oséias, num derradeiro esforço por frear a nação na sua arremetida para a morte. HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag. 321 Proposito A profecia de Amos e um exemplo da bondade de Deus para com uma nação indigna. Os israelitas do norte haviam rejeitado o concerto dravídico e, portanto, haviam perdido o direito de qualquer reivindicação as promessas de Jeová. Ao mesmo tempo, eram presumidos e confiantes na crença que, visto serem o povo escolhido, não poderiam ser alcançados por calamidade alguma. Contudo, adoravam ao Senhor somente da boca para fora, pois seus corações estavam longe dele. Suas vidas eram caracterizadas pelo egoísmo, pela ganancia, pela imoralidade, pela opressão contra os pobres. Não havia justiça na terra. Foi a tal povo que se apresentou Amos, a fim de que pudesse adverti-los sobre a condenação iminente. Ele não menciona os assírios por nome, mas prediz claramente o exilio. Seu proposito foi avisar, mas também apresentar uma promessa de livramento por intermédio de Cristo. Algumas vezes tem sido mantido que a mensagem de Amos contem exclusivamente condenação, pelo que a benção predita no cap. 9 não pode ter-se originado com ele. Mas isso e compreender mal o profeta. Ao proclamar a benção, ele eslava demonstrando a fidelidade de Deus a Sua aliança, uma fidelidade que se tornaria percebível quando Deus trouxesse de volta os cativos de Seu povo (9:14). YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag. 221222
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LIVRO DO PROFETA OSÉIAS Oséias é o profeta da graça. É o homem de coração quebrantado. Ele não apenas falou do amor de Deus, mas o demonstrou de forma eloquente ao amar sua esposa infiel. Ele pregou aos ouvidos e também aos olhos. Ele falou à nação de Israel tanto pela voz profética como pelo exemplo. Estudar esse livro é penetrar nas profundezas do coração de Deus e trazer à tona as verdades mais sublimes do amor incondicional de Deus pelo povo da aliança. Oseias foi contemporâneo de Amós. Ambos profetizaram no final do melhor dos tempos e nas bordas do pior dos tempos em Israel. O rei Jeroboão II estava no final do seu longo reinado. A nação havia alcançado seu apogeu tanto politica quanto economicamente. Havia paz nas fronteiras e prosperidade dentro dos muros. Porém, com a morte desse grande monarca, a nação entrou em célere decadência rumo ao colapso. O trono de Israel tornou-se o centro nevrálgico de intrigas, conspirações e assassinatos. Na ânsia de buscar ajuda para os seus assoberbados problemas, os reis insensatos faziam alianças com as grandes potências mundiais, a Assíria e o Egito. O profeta ergue sua voz contra essa estratégia insana e compara Israel a uma pomba enganada, que voa tresloucadamente de um lado para o outro, procurando refúgio ora sob as asas da Assíria, ora sob a égide do Egito. Israel deixou de confiar em Deus, colocando sua confiança naqueles que haveriam de pôr sobre seu pescoço um pesado jugo. Em vez de correr para os braços do Deus onipotente, seu libertador, Israel buscou ajuda daqueles que mais tarde seriam seus implacáveis opressores. As alianças políticas pavimentaram o caminho da apostasia. Israel abandonou a Deus, seu redentor, para render--se aos ídolos pagãos. Em vez de servir ao Deus vivo, o povo adorava os baalins. Em vez de servir ao Criador, o povo apóstata prostrava-se diante das obras de suas próprias mãos. Em vez de agradecer a Deus pela sua generosa providência, Israel tributava a Baal as bênçãos recebidas. Israel desceu mais um degrau em sua decadência. A teologia errada desembocou na ética errada. Porque o povo capitulou à idolatria, rendeu-se à imoralidade. A religião idólatra e a prostituição, como dois afluentes, uniram-se para formar o rio da morte. O Reino do Norte corrompeu-se por completo. Os reis e os sacerdotes lideravam o povo nessa corrida rumo ao desastre. O palácio e os templos religiosos eram centros de opressão. A política e a religião se uniram pelos motivos mais sórdidos. A violência ganhou as ruas. A roubalheira acontecia à luz do dia, e a imoralidade transbordava por todos os lados. A nação inteira era como um corpo chagado. Por não ter ouvido a voz de Deus, Israel precisou receber a disciplina de Deus. O cativeiro tornou-se o amargo remédio da cura. O fracasso de Israel, porém, não destruiu os planos de Deus. Onde abundou o pecado do povo, superabundou a graça divina. O amor de Deus prevaleceu sobre a sua ira; seu povo foi restaurado, e sua infidelidade, curada. Da noite escura do pecado brotou a luz da esperança, quando Deus mesmo chamou seu povo para voltar-se para ele, trazendo em seus lábios palavras de arrependimento e em suas mãos a prática do bem. O Deus de toda a graça ainda restaura o caído. Deus ainda cura a infidelidade do seu povo. Ele ainda se apresenta como orvalho para aqueles que vivem a aridez de um deserto. A mensagem de Oseias ecoa em nossos ouvidos. A palavra de Deus é sempre atual. LOPES, Hernandes Dias. Oséias: O amor de Deus em ação. Editora Hagnos. Rio de Janeiro, 2012. pag. 07-09.
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Propósito No ministério de Oseías às dez tribos apóstatas do norte, vemos a manifestação da graça de Deus. Foi àquelas tribos, maduras para a destruição, que o profeta foi enviado. Seu grande propósito foi revelar o amor de Deus por uma nação pecaminosa e rebelde. Ele pinta a nação sob o simbolismo de uma esposa infiel, como nação que cometeu adultério espiritual, e apelou para que o povo se arrependesse e se voltasse de seus caminhos iníquos. Teria de vir um período de refinamento, querido Israel passaria muitos dias em condição incomum. Então, após o exílio, seria demonstrada uma vez mais a misericórdia. A chamada de Oséias provavelmente ocorreu peito do fim do reinado de Jeroboão II. Evidentemente ele testemunhou os últimos dias do reinado daquele monarca, os dias de declínio, a destruição de Israel e sua partida para o exílio.
YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag. 215
Possivelmente nenhum outro profeta paga um preço mais elevado por sua chamada do que Oséias. Como outros profetas, ele prega as verdades sobre a aliança já afirmadas no cânon. Da mesma forma que eles, encena sua mensagem. Diferentemente de outros profetas, ele passa por uma profunda angústia pessoal devido à traição de sua esposa. Ao amar essa mulher, apesar do fracasso dela em permanecer fiel ao marido, Oséias demonstra a Israel o amor perseverante de Deus a um Israel que constantemente se desvia. Esse amor é apresentado em duas partes do texto. Os capítulos 1— 3 expressam o amor que Deus tem por uma nação idólatra e adúltera, ao passo que Oséias 4—14 descreve o amor persistente que o Senhor tem por um povo dissoluto. No entanto, todos os pecados da nação escolhida são tratados como infidelidade semelhante ao adultério, tornando-se difícil separar essa metáfora de qualquer análise da teologia de Oséias. O texto declara que o ministério de Oséias ocorre durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, cobrindo um período de tempo que vai de aproximadamente 767 a 687 a.C. O quadro fica um pouco mais nítido com a afirmação adicional de que ele atua durante o reinado de Jeroboão li, de Israel, que governa no período aproximado de 782 a 753 a.C. E provável que essa menção a Jeroboão indique que seu ministério a Israel aconteceu durante o período próspero, antes da agitação política de 722 a.C. que conduziu à destruição da nação pela Assíria.6 Na condição de único profeta reconhecidamente do norte a aparecer no cânon, ele tenta adiar a invasão estrangeira de sua terra natal mediante a pregação da palavra enquanto Israel ainda tem tempo de se arrepender. E difícil determinar o contexto histórico muito mais precisamente do que isso. Canonicamente falando, o contexto histórico diz aos leitores que a palavra profética é enviada para evitar castigo tanto quanto para proclamá-la. Textos como 2Reis 17 já deixaram isso claro. HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. Pag. 444-445
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LIVRO DO PROFETA JONAS O livro deriva seu nome do autor, yonah (pomba). Na LXX a palavra toma a forma de Ionas, e na Vulgata, Jonas. Jonas era israelita, filho de Amitai, de Gate-Hefer, na Galiléia. A única menção feita sobre ele, fora de sua profecia, fica em II Reis 14:25, que afirma que Jeroboão II restaurou a costa de Israel desde a entrada de Hamate até o mar da planícia, conforme Deus havia dito por meio de Jonas. Não nos é informado em que ocasião precisa Jeroboão seguiu assim as palavras de Jonas, mas ao menos ficamos sabendo qual o tempo do ministério de Jonas, visto que Jeroboão, sob quem ele exerceu seu ministério, reinou de 783 a 743 A. C. Apesar de que a própria profecia não tenha sido datada, é bem provável que Jonas tenha escrito pouco depois de sua volta de Nínive. Também é perfeitamente possível que a visita do profeta a Nínive tenha ocorrido pouco depois do reinado de Tiglate-Pileser. YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag. 226
Nínive era a capital do Império Assírio. Este foi império mundial por uns 300 anos, 900-612 a.C. Começou sua elevação à potência universal mais ou menos pela época da divisão do reino judaico, no fim do reinado de Salomão. Pouco a pouco absorveu e destruiu o reino do Norte de Israel. Os reis assírios que tiveram relações com Israel e Judá foram: Salmaneser III, 859-824 a.C. Começou a “diminuir" Israel. Adade-Nirari, 808-783. Recebeu tributo de Israel. Visita de Jonas? Tiglate-Pileser III, 745-727 a.C. Deportou a maior parte de Israel. Salmaneser V, 727-722 a.C. Sitiou Samaria. Sargão II, 722-705 a.C. Levou cativo o resto de Israel. Isaías. Senaqueribe, 705-681 a.C. Invadiu Judá. Isaías. Esar-Hadom, 680-669 a.C. Muito poderoso. Assurbanípal, 669-627 a.C. Poderosíssimo e brutal- Naum? Dois reis fracos, 626-609 a.C. O gigantesco império caiu, 609 a.C. De modo que Jonas foi chamado por Deus para prolongar a vida da nação inimiga que já procedia ao extermínio de seu povo. Não admira que ele fugisse na direção oposta; foi o receio patriótico de uma máquina militar, brutal e implacável, que estava acometendo o povo de Deus. HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag. 323.
Jonas foi o mais estranho de todos os profetas. Sua mensagem produziu efeitos até naqueles que não o ouviram diretamente. No entanto, nenhum pregador foi tão bem-sucedido. Nem mesmo Jesus, pois muitos se opuseram à sua pregação. No hebraico, o sermão de Jonas se
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compunha de apenas cinco palavras, nada mais. Contudo, o sermão produzia muito impacto. E que impacto! Page Kelley chega a afirmar que Jonas fez todo o possível para que a sua missão fracassasse. Jonas tinha um espírito indignado, um preparo insatisfatório, um sermão medíocre. Resultado: um sucesso tremendo! A maioria dos pregadores trabalha duramente para obter bons resultados; Jonas trabalhou duramente para não ter bons resultados, mas ele teve sucesso, apesar da sua atitude. Jonas foi o único pregador da História que ficou frustrado com o seu sucesso. Alguns estudiosos, dando rédeas à imaginação, fazem do grande peixe que engoliu Jonas o centro deste livro. Todavia, o peixe não é a personagem principal do livro, nem mesmo Jonas. A personagem principal é Deus. Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e de todas as nações. Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-Lhe obstáculos nem frustrá-Lo. Sua graça é para todo o m undo.3 O peixe só é citado duas vezes no livro enquanto Deus é quem ordena a Jonas ir a Nínive. Deus é quem envia uma tempestade atrás de Jonas. Deus é quem envia o peixe para engolir Jonas e depois vomitá-lo. Deus é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive. Deus é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado. LOPES, Hernandes Dias. Jonas: Um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus. Editora Hagnos. São Paulo, 2011. pag. 11-12.
Deus que envia profetas aos gentios: Jonas Jonas ajuda a afastar quaisquer temores que talvez tenham surgido devido a certas afirmações em Joel, Amós e Obadias. São temores de que o Senhor não se importaria com nações não judias. Jonas prova que, na verdade, Deus ama até os assírios e se importa com esses que são os mais cruéis e poderosos dentre os antigos inimigos de Israel. Isaías 19.19-25 já tratou do assunto, mas a organização dos Doze requer semelhante afirmação aqui. Deus envia um profeta para pregar aos assírios a fim de que também eles possam conhecer ao Deus que criou os céus e a terra. A relutância de Jonas em realizar essa tarefa é uma continuação da ênfase no ódio mútuo entre Israel e as nações, uma situação que torna muito improvável que venham a se reconciliar antes do dia do Senhor. Como era de se esperar, o relato de Jonas ser engolido por um peixe tem recebido excessiva atenção no meio acadêmico. Estudiosos que duvidam da possibilidade dessa experiência interpretam o livro como uma parábola, como um relato em forma de parábola, como uma alegoria ou como alguma outra forma literária que ensina uma lição importante sem ser literalmente verdadeira. Autores que insistem na probabilidade de ter havido aqui um milagre tendem a defender a exatidão histórica do relato. Esses escritores também destacam as semelhanças entre Jonas e os relatos de Elias e Eliseu e, por esse motivo, concluem que o estilo narrativo de Jonas se aproxima daquele de relatos semelhantes. Também é correto dizer que os relatos de milagres proféticos divergem, na maneira de apresentá-los, de outros eventos relatados nos mesmos livros apenas no fato de serem milagres. Dessa forma, como acontece com tantas outras questões nos estudos do AT, a interpretação de Jonas depende das convicções teológicas mantidas pelos vários comentaristas. HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. Pag. 465-466.
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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LIVRO DO PROFETA MIQUÉIAS Miquéias foi contemporâneo de Isaías. Ambos os profetas estavam convictos de que Judá rumava para um desastre por causa do estilo de vida opressor e idólatra de seus líderes. Eles também estavam certos de que, além do desastre, Deus reservava um futuro mais brilhante. As acusações de Miquéias têm a mesma intensidade das de Amós. Aliás, poucas passagens dos profetas equiparam-se às dele na ferocidade das denúncias contra os líderes de Jerusalém nos capítulos 2 e 3. Isaías e Miquéias formam um par interessante: um é aristocrata, confidente do rei e estadista, enquanto o outro é camponês lavrador ou proprietário de terras, cujas visitas à capital confirmavam notícias ouvidas em casa. Embora os dois difiram quanto à formação e ao ambiente em que vivem, têm em comum a coragem e as convicções. Ambos defendem firmemente a aliança e lutam pela fé histórica de Israel. Como Amós (Am 7.14s.), é provável que Miquéias não fosse profeta profissional. Ele critica os profetas que “adivinham por dinheiro” (Mq 3.11) ou talham suas mensagens de acordo com a generosidade dos clientes (3.5). Suas credenciais são a inspiração divina e persistência na defesa da verdade moral (3.8). Sua forte convicção de chamado é comprovada em quase toda linha. Com fervor, mas concisão, ele fala das questões de seus dias referentes às obrigações da aliança de Israel. Por trás da aliança, apesar de Israel falhar na sua observância, está o Deus da aliança, que ainda liderará seu povo a uma glória futura. A Data Básica. O título do livro (1.1) situa Miquéias nos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, aproximadamente 735-700 a.C. A mensagem em 1.2-9 foi dada antes da destruição de Samaria em 721. O recurso dos defensores de Jeremias à profecia de Miquéias confirma sua ligação com Ezequias: “Também se levantaram alguns dentre os anciãos da terra e falaram a toda a congregação do povo, dizendo: Miquéias, o morastita, profetizou nos dias de Ezequias, rei de Judá, e falou a todo o povo de Judá... “ (Jr 26.17s.) LASOR, William S.; HUBBARD, David A.; BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1999. Pag. 292-293.
Miquéias profetizou nos reinados de Jotão (740-732 a.C.), Acaz (732- 716 a.C.), e Ezequias (716-687 a.C.). Jotão e Ezequias foram bons reis, porém Acaz foi mau em extremo. Miquéias, pois, testemunhou a apostasia do governo e sua restauração. Sua residência ficava em Moresete, na fronteira dos filisteus, perto de Gate, uns 48 kms. a S.O. de Jerusalém. Foi contemporâneo de Isaías e Oséias. A mensagem de Miquéias dirigia-se a Israel e Judá, endereçada primeiramente às respectivas capitais, Samaria e Jerusalém. Suas três ideais principais eram: Os pecados, a destruição e a restauração deles. Tais ideias, no livro, vão misturadas, com transições súbitas da descrição da desolação presente à da glória futura. Muitas sentenças parecem desconexas.
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HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag 326. Miqueias denunciou a aliança espúria e o concubinato vergonhoso entre os políticos inescrupulosos e os religiosos avarentos. A religião e a política se uniram pelos mais sórdidos motivos para buscar os mais perversos resultados. O propósito desse conluio maldito foi uma implacável opressão aos pobres. Os camponeses perderam as terras, as casas, as famílias e até a liberdade. Os ricos criaram mecanismos criminosos para roubarem os fracos, os oprimidos e os pobres. Estes não tinham direito, nem vez, nem voz. Os tribunais estavam ocupados por homens corruptos que, mancomunados com os ricos, vendiam sentenças por dinheiro e prostituíam sua sacrossanta vocação. Os ricos construíram suas casas com bens adquiridos criminosamente, e os reis edificaram Jerusalém com sangue e violência. Miqueias, porém, não se impressionou com a magnificência dos palácios da cidade nem com suas torres imponentes. Ele não vendeu sua consciência como os sacerdotes avarentos nem se corrompeu como os profetas da conveniência. Antes, desmascarou a liderança corrupta, chamou o povo ao arrependimento e anunciou, em nome de Deus, o juízo inevitável que viria sobre toda a nação. Miqueias anunciou com irredutível coragem o juízo de Deus sobre Jerusalém. Profetizou o cativeiro de Judá e mostrou com cores vivas que nem o dinheiro, nem o poder político nem as alianças internacionais poderiam livrar Judá de um trágico cativeiro. Jerusalém não seria tomada, seria entregue. Deus mesmo entregaria seu povo nas mãos de seus inimigos. Porque o povo não quis ouvir a voz da graça, receberia o látego do juízo. No entanto, não ficou só nisso. Miqueias também falou da misericórdia divina. Mostrou que Deus perdoa a iniquidade e lança os pecados do seu povo nas profundezas do mar. Deus disciplina seu povo, mas não desiste dele. A disciplina é um ato responsável de amor. O Deus que disciplina também restaura. O Deus que manda para o cativeiro também liberta do cativeiro. O Deus que faz a ferida também aplica o bálsamo da cura. Miqueias finalmente olhou para o futuro e vislumbrou a vinda do Messias, o Príncipe da Paz, aquele que implantaria seu reino não pela força da espada, mas pelo poder da sua cruz. Miqueias viu pela fé a chegada gloriosa do Reino de Cristo e o resplendor da igreja, a noiva do Cordeiro. Assim, o livro de Miqueias equilibra juízo e misericórdia, disciplina e restauração, sofrimento e esperança. LOPES, Hernandes Dias. Miquéias: A justiça e a misericórdia de Deus. Editora Hagnos. São Paulo, 2010. pag. 08-09.
Propósito O propósito Desse curto livro, que consiste não de discursos distintos e completos, mas, evidentemente, por causa de seu caráter fragmentário ou dispersivo, apresenta um sumário sobre o ministério de Miquéias, é o de estabelecer a natureza da queixa de Deus contra o Seu povo, de anunciar o castigo certo contra o pecado, e também a infalível salvação vindoura, salvação essa que se centralizará em torno do aparecimento do Messias Divino. YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag. 234.
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LIVRO DO PROFETA ISAÍAS Isaías é notável no cânon bíblico por algumas razões. Em tamanho, só é menor que Salmos. Sua influência é clara na contribuição para a comunidade de Qumran, cujos Rolos do Mar Morto preservaram pelo menos cinquenta manuscritos ou fragmentos deles, e especialmente em seu impacto no Novo Testamento, que contém mais de 400 citações e reflexos da linguagem de Isaías. Mais impressionante que esses dados estatísticos, porém, é o simples esplendor do livro. A imponência de sua linguagem dramática, a amplitude de seus temas teológicos, o vigor de sua perspectiva histórica — tudo isso combina para justificar o linguajar superlativo com que estudiosos, pregadores e poetas descrevem seu legado de sessenta e seis capítulos que, sem exageros, pode ser considerado a peça fundamental da literatura profética.
LASOR, William S.; HUBBARD, David A.; BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1999. Pag.299 Quem foi Isaías Foi profeta do reino do Sul, Judá, ao tempo em que o reino do Norte, Israel, fora destruído pelos assírios. Isaías viveu nos reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. Sua vocação se deu no ano em que Uzias morreu; porém algumas de suas visões podem ter ocorrido mais cedo, ver sobre 6:1. Segundo tradição judaica, foi morto por Manassés. Podemos conjecturar que a data de seu ministério ativo enquadra-se mais ou menos em 740-687 a.C., abrangendo assim um período de 50 anos, ou mais. Reza uma tradição rabínica que Amós, pai de Isaías (não Amós o profeta), foi irmão do rei Amazias. Neste caso, Isaías foi primo em 1.° grau do rei Uzias e neto do rei Joás, sendo pois de sangue real, e membro da corte. Sua obra literária. Escreveu outros livros que não chegaram até nós: uma biografia de Uzias, 2 Cr 26:22; um livro dos reis de Israel e de Judá, 2 Cr 32:32. Foi historiador e vidente. É citado no N.T. mais do que outro profeta. Que intelecto foi o seu! Em algumas de suas rapsódias atinge culminâncias jamais igualadas, mesmo por Shakespeare, Milton ou Homero. Seu martírio. Uma tradição talmúdica, aceita como autêntica por muitos dos primitivos pais da Igreja, declara que ele resistiu aos decretos idolátricos de Manassés, pelo que foi preso, emprensado entre duas pranchas de madeira e “serrado ao meio”, sofrendo assim morte penosíssima e horrível. Pensa-se que a isto se refere Hb 11:37.
HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag. 256 CONTEXTO Como se dá com a maioria dos livros do AT, um conhecimento do antecedente histórico do livro de Isaías é essencial à compreensão de sua mensagem.^ Isso se dá pelo fato de a revelação de Deus ser sempre incamacional. Isto é, ela é mediada por um cenário específico no tempo e no espaço. Embora isso inicialmente nos cause problemas enquanto tentamos
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entender as características particulares desse cenário, enfim ele nos constitui uma grande bênção, porque somos melhor capacitados a apreender a verdade quando ela é expressa nas formas concretas da vida diária. Um dos aspectos singulares do livro de Isaías, e um que tem conduzido à teoria da autoria múltipla que será analisada a seguir, é seu enfoque em três diferentes cenários históricos. O primeiro deles se situa durante a vida terrena de Isaías, de 739 a 701 a.C. Essa extensão de tempo é coberta nos capítulos 1 a 39. O segundo e o terceiro períodos vão além da morte de Isaías. São os períodos do exílio (605-539 a.C.), capítulos 40-55, e do regresso (o período total é de 539-400 a.C., mas, provavelmente, aqui restringido a 539-500 a.C.), capítulos 56-66. A. 739-701 a.C. Esse espaço de tempo presenciou a emergência do último período de grandeza da Assíria, período esse que não terminaria até a destruição fmal da Assíria pela coalizão medo-babilônica em 609 a.C.'* O torrão natal assírio estava situado no que hoje é o norte do Iraque ao longo do rio Tigre. Duas grandes cidades, Assur e Nínive, ficavam no coração do império assírio. Como os grandes impérios anteriores e posteriores, a Assíria expandiu-se primeiramente em direção ao sudeste do vale meso- potâmio, olhando para Babilônia e o Golfo Pérsico e em direção ao Mediterrâneo. Os montes ao leste e norte do vale e o deserto ao sul do mesmo impediam muito movimento nessas direções. O grande periodo de expansão supramencionada chegou ao fim num período de uns vinte e cinco anos (823-745 a.C.). Durante esse tempo, a Assíria foi governada por uma sucessão de governantes fracos, os quais foram incapazes de manter as conquistas dos imperadores anteriores. Tal fi-aqueza propiciou aos vizinhos da Assíria, especialmente os mais distantes, um período de alívio das pressões do expansionismo assírio. Judá e Israel não foram diferentes do restante. Desde aproximadamente 810 até 750 a.C., os dois reinos haviam desfrutado de uma paz e prosperidade que não tinham conhecido desde o tempo de Salomão. O reino do norte, Israel, era governado durante esse tempo por um homem chamado Jeroboão, o segundo rei israelita a ter esse nome (2Rs 14.23-29). O reino do sul, Judá, também tinha um monarca singular durante boa parte desse tempo, o rei Azarias ou Uzias (2Rs 15.1-7; 2Cr 26.1-23). Esses longos e comparativamente estáveis reinados deram a ambos os reinos, mas especialmente a Israel, um falso senso de complacência. Por certo que Deus se agradava deles, pensavam, do contrário não esta riam experimentando tais bênçãos. Os profetas Amós e Oséias foram comissionados para desenganar os israelitas dessa errônea noção, porém sem muito êxito aparente. Israel continuava na rota da apostasia, a qual só poderia guiá-los à destruição. Judá é descrito na Bíblia como sendo um pouco menos corrompido pela apostasia. Afora uma tentativa de Uzias de agir como sumo sacerdote (2Cr 26.16-21), ele é representado como sendo um rei fiel. Essa situação também só pode ter exacerbado a complacência dos judeus quando se comparavam a seus parentes israelitas em seu “ateísmo”. Aqui é preciso dizer uma palavra sobre a natureza da apostasia que sobreveio a Israel, e mais tarde a Judá. Isso é pungentemente definido em Oséias (caps. 1-3) e Ezequiel (caps. 16 e 23) como prostituição, rebaixar-se alguém com amantes indignos por salário.^ Para o povo hebreu, isso significava “esquecer-se de Deus” (Dt 8.11), isto é, renunciar sua submissão exclusiva e obediência a ele e passar a servir outros deuses, especialmente aqueles que representavam poder e fertilidade. Tal negação também acarretaria o abuso dos que são mais fracos, porque o alvo primário agora veio a ser a satisfação de suas próprias necessidades pela manipulação do ambiente. Assim, para os profetas, idolatria, adultério e opressão estão sempre indissoluvelmente vinculados.
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A complacência dos hebreus chegou a um desastroso fim logo depois da ascensão do rei assírio, Tiglate-Pileser III, em 745. Pois tomou- se evidente muito depressa que o período de fraqueza assíria tinha acabado. Em breve seqüência, Pul (provavelmente seu nome pessoal, 2Rs 15.19) estabelecera sua ascendência pessoal sobre os primeiros territórios assírios e deixara bem evidente que esperava estender seu domínio o mais amplamente possível. Primeiro Israel, e em seguida Judá, caíram diretamente na malha dessa expansão; e Manaém, rei de Israel entre 752 e 741 a.C., se viu na posição de ter que pagar tributo á Assíria quase imediatamente (2Rs 14.19,20). Mas esse tributo era simplesmente um aperitivo para o leão assírio. Um pouco antes de 731 ele voltou, dessa vez para engolir toda a região da Galiléia, norte do Vale de Jesreel (2Rs 15.29). Quando Judá viu a crescente pressão sobre o norte de Israel, seu conselho foi convocado para tomar uma difícil decisão estratégica. Judá seria próAssíria ou anti-Assíria? Nenhuma dessas opções foi agradável, porém a primeira delas tinha algumas vantagens. Desde a divisão do reino de Salomão, depois de sua morte, Judá veio a ser inferior a Israel em questão de área, riqueza, poder militar e influência. Ali a tensão se tomou quase constante entre os dois países, algumas vezes explodindo em guerra franca, com Judá quase invariavelmente humilhado. Agora, se a Assíria fosse diminuir o tamanho de Israel ou destruí-lo completamente, Judá sairia lucrando com isso. Além do mais, se Judá se aliasse à Assíria bem depressa, não só quando ela surgisse em cena, esta poderia deixar Judá em paz como um fiel aliado. E assim tudo indica que, com a ascensão de Acaz ao trono de Judá em 735 a.C., adotou-se uma nova política estrangeira pró-Assíria.® Isso explicaria por que Peca, rei de Israel, e Rezin, rei de Damasco, arquitetaram um ataque contra Judá em 735 (2Rs 16.5; 2Cr 28.5-15). É também possível que esse ataque tenha sido coordenado com outro do sul, visto que também se registrou que nesse tempo os edomitas e os filisteus fizeram incursões no território da Judéia (2Rs 16.6; 2Cr 28.16-18). Talvez seja mais provável que os dois vizinhos, sabendo que todas as tropas judaicas estavam concentradas no norte com o fim de tratar da ameaça ali existente, simplesmente tiraram vantagem da situação. Em qualquer caso, Acaz e seu conselho se sentiram terrificados ante a ameaça siro-israelita (Is 7.2), e enviaram a Tiglate-Pileser um pedido de socorro (2Rs 16.7-9). Esses acontecimentos tomaram-se um fator catalisador para a primeira fase do ministério público de Isaías. Partindo de sua perspectiva, Judá não deveria ser anti-Assíria, nem pró-Assíria, mas pró-Deus! Ele viu Judá renunciando sua confiança em Deus e se deixando apanhar pelas tramas da pompa, da política e do poder humanos (1.21-23; 2.12-17). Tudo isso só poderia conduzir à mesma apostasia que ora estava enleando Israel (2Rs 15.3,4). Além do mais, Isaías via com clareza profética que a Assíria não era de fato amiga de Judá. Os vencedores tomariam tudo o que se lhes daria voluntariamente e em seguida abocanhariam o resto à força (Is 8.5-8). A chance de Judá recorrendo à Assíria em busca de socorro contra Israel, aliás pagando pelo socorro, era semelhante ao de um rato que recorre a um gato para que o ajude contra outro rato. Certamente apenas o gato poderia ser o vencedor nessa trama. Não obstante, Acaz não se desviaria de seu curso proposto, e eventualmente, assim que Tiglate-Pileser depôs Peca e destruiu Damasco (732 a.C.), Acaz foi convocado a comparecer perante este na cidade em ruína, para ali assinar um tratado ainda mais escravizante, o qual requeria o reconhecimento dos deuses assírios (2Rs 16.10-16; cf também 2Cr 28.20,21).’ De acordo com Isaías (7.14-16), a ironia dessa situação consiste em que o respeito que Acaz granjeara por meio desse tratado teria sido seu em qualquer caso.
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Tiglate-Pileser III morreu em 727, indubitavelmente para o regozijo das nações submetidas, inflamadas pela esperança de que, com sua morte, pudessem lançar fora suas cadeias (cf Is 14). Prontamente irromperam-se inúmeras insurreições entre elas, uma liderada pelo primeiro vassalo assírio, a saber, Oséias, rei de Israel. Infelizmente para Oséias e para o que restou de Israel, suas esperanças foram frustradas. Ainda que Salmaneser não tenha sido um rei da estirpe de Tiglate-Pileser, mesmo assim ele deu seguimento às questões de estado fazendo despachos. Por volta de 724 a.C., ele firmou seu império no oriente o suficiente para voltar uma vez mais para o ocidente, onde pôs cerco a Samaria. Nos três anos seguintes, os habitantes daquela cidade experimentaram todos os horrores do sítio de guerra que são descritos de forma tão clara em 2 Reis 6.24-29. As vezes uma cidade podia nutrir esperança de sobreviver a seus sitiadores, esperando que uma reversão de acontecimentos em outras partes do mundo pudesse levar as tropas do cerco a retirar-se. Tal não seria o caso de Samaria, cujo pecado era por demais profundo. Os prognósticos de Amós (3.9-11 )e Oséias (8.5,6; 14.1 [Ing. 13.16]), cerca de cinqüenta anos antes, se concretizaram com uma vingança em 721 a.C. Pouco antes ou pouco depois da queda de Samaria, Salmaneser morreu e foi sucedido por um homem chamado Sargão.* Problemas surgiram uma vez mais por todo o império. O ponto mais difícil era a Babilônia, onde um homem da Caldéia, a parte do extremo sul da Mesopotâmia, fazia valer seus direitos. O nome desse homem era Marduk- Apal-iddina (o Merodaque-Baladam da Bíblia, 2Rs 20.12; Is 39.1). Sar- gão, porém, não sabia como lidar com esse problema de uma maneira decisiva, em decorrência dos problemas ainda mais graves provindos do norte da região que circunda o lago Van que os assírios chamavam Urartu.’ Com a exceção de um ataque punitivo muito eficaz que se estendeu de Hamath, na Síria, a Gaza, no Mediterrâneo, em 721, Sar- gão esteve envolvido em Urartu por cerca de sete ou oito anos. Durante esse tempo, tanto a Babilônia como os pequenos países um pouco ao norte do Egito conseguiram tomar fôlego. Em Judá, o rei, seja no uso de seu próprio direito ou como coregente, era Ezequias.'® Como se deu com seu pai, Acaz, a ascensão de Ezequias ao trono parece refletir uma mudança na política estrangeira de Judá. Enquanto Acaz tinha sido convictamente pró-Assíria, Ezequias era convictamente anti-Assí- ria. A razão precisa para essa oscilação não é clara; contudo, parece provável que o fracasso nos planos de ação de Acaz era um fator mais proeminente. Exatamente como Isaías predissera, a Assíria evidentemente não pretendia claudicar sua conquista em Betei, a fronteira nordeste de sua “aliada” Judéia. Assim pareceria que a única chance de Judá era fícar e lutar. O Egito, sentindo o resfolegar ardente do vence dor, sem dúvida, foi o único que tão avidamente estimulou os judeus e seus vizinhos a seguirem tal curso. Assim Judá transferiu sua dependência da Assíria para o Egito. Como se poderia imaginar, Isaías escarneceu desse curso, justamente como fizera com aquele, mas, de certa forma, com ainda mais veemência (caps. 29-31). Pelo menos a Assíria tinha sido forte; o Egito, não tinha sequer força - ele ofereceu um auxílio que nem mesmo podia dar (31.1-3) e esperava poder enganar (cap. 20). Não fica claro se Ezequias foi o fomentador dessa política; Isaías nunca o condenou como tal. Entretanto, no mínimo ele se tomou seu prisioneiro. A Bíblia representa Ezequias como sendo um bom rei, um rei que procurou expurgar a terra da idolatria e o templo do culto paganizado. Ele também buscou de forma estrondosa estabelecer a lei mosaica (2Rs 18.1-6; 2Cr 29.1 -36), e foi um enérgico soberano que estendeu as fronteiras de seu reino (2Rs 18.8). Um de seus mais interessantes esforços foi a tentativa de atrair o povo de Israel (agora um território assírio) à órbita de Jemsalém, convidando-os a uma páscoa cuja data foi mudada para corresponder à data que fora usada no norte (2Cr 30.1-5,10,11). Evidentemente, essa ação não teve êxito, mas deixa alguma indicação da visão de Ezequias.
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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Não fica claro até que ponto Ezequias foi participante da confederação formada contra os assírios de 715 a 713 a.C. pelos filisteus e outros da área ao sul da Síria (Is 14.28-31; 17.14; 20.1-6). Tal ação não punitiva foi tomada contra ele pelos assírios como uma indicação de que ele não estava envolvido. Seja como for, a tentativa foi malograda desde seu nascedouro. Sargão tinha efetuado uma decisiva vitória no Urartu em 714, e prosseguiu de força em força. Ele mesmo não poderia ter liderado um exército (Is 20.1), a despeito de suas alegações nos anais." Em qualquer caso, Asdode, uma cidade filistéia que foi a líder da confederação, foi tomada e destmída, e seu líder, que fiigira para o Egito em busca de asilo, foi entregue à Assíria. Quanta segurança para os egípcios! Sargão estava agora em posição de arrancar o espinho que era a Babilônia de seu lado. Todos os seus outros inimigos perenes foram ou derrotados, ou estavam adormecidos, e seu próprio poder ia aumentando. Daí, em 710, ele organizou uma esmagadora campanha contra Merodaque-Baladam e o derrotou decisivamente. Em decorrência disso, Sargão veio a ser o pináculo da dominação mundial, o que nenhum de seus predecessores conhecera. Em todas as direções seus inimigos estavam subjugados sob seus pés. Por isso não surpreende que nas laudatórias inscrições da nova cidade que fundara em sua própria honra (Dur-Shar- rukin, “monte de Sargão”) ele se denominou como o senhor do universo.'^ Outros reivindicaram para si tal título, porém nenhum deles com tanta razão. Mais que qualquer outro, seu orgulho se adequa à descrição em Isaías 14. No entanto, Sargão também se adequa a esse capítulo de outra maneira. Pois menos de um ano depois que o palácio de Dur-Sharrukin tinha sido consagrado, em 706, Sargão enfrentou uma sorte desconhecida entre os monarcas assírios - foi morto em campo de batalha. Mistérios envolvem tal evento, porém é evidente que foi visto como uma desgraça inusitada.'^ Dur-Sharrukin foi logo abandonada e a glória de Sargão, esquecida. Que queda vertiginosa! Os corações dos oprimidos pela Assíria se agitam e revoltas se irrompem novamente. Sargão estava morto; talvez seu sucessor fosse um covarde. Na Babilônia emerge uma vez mais o perene cavalo de guerra, Merodaque-Baladam. Não fica claro se foi nesse tempo, ou algum tempo anterior a 710, que sua embaixada visitou Ezequias (Is 39.1). Em qualquer tempo seu propósito teria sido o mesmo: estimular um oponente aliado da máquina assíria. Seja qual for a razão, Ezequias engoliu a isca nessa ocasião. Ele veio a ser a força motriz de uma nova coalizão composta por Filístia, Judá, Edom e Moabe. Os filisteus evidentemente ficaram relutantes em aderir; por isso, seguindo a mesmíssima política que Israel e Síria tinham tentado em Judá trinta anos antes, Ezequias os atacou, depôs seu rei e instalou um homem que aceitasse suas ordens. Por trás dessa política, alguém percebe a mão do Egito a prometer auxílio e apoio. Isaías era enérgico e totalmente contrário a esse procedimento: o Egito era pior que inútil, e a Assíria podia ser entregue a Deus. A politicagem secreta e conivente era uma direta afronta a Deus que só podia trazer desastre (cf. 22.5-14; 29.15,16; 30.1-18). Isaías estava totalmente certo. Senaqueribe era pelo menos um líder tão eficiente quanto Sargão, e se baseava nas extensas conquistas dos quinze anos anteriores. E assim, nas campanhas de seus primeiros três anos, Senaqueribe derrotou a Babilônia de modo fragoroso, retomando sua fronteira oriental, e se pôs diante dos portões de Jerusalém. A sorte que Isaías tinha predito em 735 se concretizava; o dilúvio assírio atingira o pescoço de Judá. Os eventos da terceira campanha de Senaqueribe são demasiadamente claros.O exército assírio avançou pela costa mediterrânea até Tiro. A cidade foi capturada depois que seu rei fugiu para o Chipre, um novo vassalo assírio foi posto no trono. A destruição foi tão extremada que Tiro nunca mais foi capaz de alcançar sua supremacia anterior (cf Is 23). Com Tiro
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capturado, muitas das nações circunvizinhas capitularam, e o caminho foi aberto para Senaqueribe atacar as cidades filistéias de Ecrom e Asquelom. Ecrom talvez tenha sido um participante involuntário na confederação, visto que seu rei, Padi, estava sendo mantido em custódia em Jerusalém. Não obstante, ambas, Ecrom e Asquelom, sentiram o poder destruidor da Assíria e logo caíram. Então Senaqueribe, evidentemente, começou a mover-se para o interior da terra e a destruir sistematicamente as fortalezas limítrofes de Judá que estavam situadas no monte que circundava o país (o Shephelah), entre a planície palestina e o penhasco central (2Rs 18.13). A principal entre essas era a grande cidade de Laquis, a qual vários conquistadores de Canaã tinham usado durante séculos como praça forte. Algo muito interessante é que Senaqueribe não registrou em seus anais o ataque a Laquis, porém mandou fazer um grupo de monumentais relevos celebrando a queda dessa famosa cidade como memorial em seu palácio em Nínive. Não fica claro quando os aliados egípcios de Ezequias armaram sua plataforma contra os assírios em Elteque.'* Senaqueribe registra que isso aconteceu antes dos ataques a Ecrom e Ascalom. Entretanto, como Bright indica,'^ o discurso de Rabsaqué fora dos muros de Jerusalém (Is 36.1-20), o qual ocorreu durante o cerco de Laquis, parece pressupor que os judeus estavam ainda em dependência do socorro egípcio. Tal dependência seria inexplicável se os egípcios já tivessem sido derrotados. Além do mais, Isaías 37.9 notifica que Senaqueribe estava preocupado com um possível ataque egípcio, e por isso escreveu uma carta para acompanhar a visita de Rabsaqué. E assim a batalha teria sido subseqüente à visita de Rabsaqué e a queda de Laquis.'* Os estudiosos discordam consideravelmente quanto ao que aconteceu em seguida. Todos concordam que Ezequias pagou a Senaqueribe um vultoso tributo e que o imperador assírio voltou para casa jubiloso porque engaiolara Ezequias “como uma ave”. Não obstante, afora a significativa carga de tributo, ele deixou intacta a que parece ter sido a principal cidade da confederação, e um dos principais instigadores da rebelião ainda seguro em seu trono. Tal comportamento não é de todo coerente com a política assíria, nem com o comportamento de Senaqueribe nessa campanha. Se alguma cidade tivesse que ser destruída e algum rei deposto, então teriam que ser Jerusalém e Ezequias. Uma sugestão um tanto insatisfatória, um argumento com base no silêncio, é que algo aconteceu em outra parte do império que fez com que Senaqueribe abandonasse a tarefa antes de terminá-la. A explicação bíblica é pelo menos muito plausível: uma praga dizimou o exército assírio e forçou uma rápida retirada do general. O fato de Senaqueribe não ter mencionado tal catástrofe é bem característico do laudatório tom dos anais assírios em geral. Além do mais, a veracidade da teologia do livro de Isaías (ver mais adiante) é, em grande medida, dependente da veracidade deste relato. Aliás, ele é a prova culminante da sabedoria de se confiar em Deus. Em vista da afirmação supra, o seguinte pode ser o modo como os acontecimentos se deram; quando se tomou evidente que Laquis estava para cair, e visto que o auxílio egípcio era ainda remoto, Ezequias enviou tributo a Senaqueribe, procurando subomá-lo. Não obstante, o oficial assírio apareceu fora dos portões e exigiu rendição irrestrita com a conseqüente deportação (Is 36.16-18). Agindo sob o estímulo de Isaías, Ezequias recusou-se a atendê-lo. Quando Rabsaqué e sua guarnição se retiraram para Libna, onde Senaqueribe se preparava para enfrentar a ameaça egípcia, teria havido em Jerusalém um regozijo geral (Is 22.1 - 14?). Mas o regozijo durou pouco, pois mesmo antes de liquidar os egípcios, Senaqueribe enviou uma carta a Ezequias declarando suas exigências.” O impacto sobre Ezequias era previsível: ele estava em desespero. Mas no extremo de sua necessidade, ele se volveu a Deus e ouviu a palavra de que
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não tinha nada a temer. Uma tradição egípcia registrada por Heródoto (ii. 141) parece indicar que as palavras de Isaías provaram ser genuínas. O exército assírio nunca voltou a Jemsalém para armar um cerco. Aliás, ele encontrou seu destino enquanto perseguia o exército egípcio em algum lugar dentro da fronteira ao norte do Egito. Isso é muitíssimo interessante: embora Senaqueribe vivesse mais dezenove anos, ele nunca armou outra campanha maior para o ocidente. B. 605-539 a.C. Como veremos mais adiante, os capítulos 40-66 não estão de modo algum atados a eventos históricos específicos, como o são especialmente os capítulos 6-39. Para essa questão, algumas explicações são possíveis; aqui, porém, é suficiente apenas notar o fenômeno. Não obstante, é possível especular com algum grau de plausibilidade sobre o quadro geral da época em que esses capítulos parecem inseridos. Os capítulos 40-55 parecem oferecer esperança ao povo que ainda se encontra no exílio; enquanto os capítulos 56-66 parecem falar ao povo, já de volta, que enfrenta problemas tanto antigos quanto novos. Muitas mudanças dramáticas ocorreram no Oriente Próximo durante 0 século 7« - não só a expansão do império assírio sob Esaradom e Assurbanipal, mas também a oscilação do império e destruição final dentro de vinte anos da morte de Assurbanipal. A Babilônia foi saqueada e devastada, esperando Senaqueribe ser essa a “solução final” para as persistentes dificuldades ali, mas a Babilônia sucedeu também a Nínive como cidade líder do império mundial durante 605 a.C. Esse século também assistiu o claro início da transferência de influência do centro do Oriente Próximo para o sul e leste, onde permaneceria por cerca de trezentos anos. Para nosso propósito aqui, é suficiente dizer que a coalizão da Babilônia e medo-Pérsia (sendo os medos um grupo mais ao norte e os persas um grupo mais ao sul, desde as regiões montanhosas ao oriente da Mesopotâmia) combinou derrubar o império assírio, ou seus restos, em 609. A princípio, os babilônios foram as figuras dominantes na aliança. E assim tomaram as partes sulinas mais ricas dos restos assírios, enquanto os medos tomaram as partes nortistas mais esparsas. Mas, em alguns segmentos, o império neo-babilônio (650-539) não passou de um interlúdio breve e brilhante de um movimento muito mais gigantesco, o império medo-persa. Pois é evidente que esses povos nunca pretenderam se satisfazer com as vantagens externas dos espólios assírios nem possuir a porção maior - sua intenção era tomar posse de tudo. E assim só esperaram o momento oportuno por entre os reinados do poderoso monarca babilônio Nabucodonosor, e de seus sucessores progressivamente mais fracos, até que estivessem prontos para a mu dança. Em 539 a.C., deram início ao que se conhece como o império persa. Mas o exíHo judaico se confinou a esse interlúdio breve e brilhante da ascendência política da Babilônia. Não obstante, indubitavelmente, os judeus não o acharam radiante. Uma vez que o povo vivia tão convicto de que era o amado povo do divino Soberano, os profetas perderam a esperança de ainda levá-los a perceber seu perigo (note Ez 1-30). E assim o golpe final, a destruição de Jerusalém em 586, veio abaixo com força estilhaçante. Além disso, a Babilônia deu seguimento à política assíria de deportação, na qual a liderança de uma nação vencida era exilada a alguma terra distante, onde se mostrassem menos inclinados a fomentar a rebelião oriunda do fervor nacionalista. Em seu lugar seriam introduzidas pessoas de mais docilidade, de índole mais ajustada, pessoas que não tinham nenhum interesse na liberdade desse novo lugar onde viessem a viver. Essa deportação dos judeus ocorreu pelo menos uma vez antes de 586, em 588 (2Rs 24.8-17). Então, com a destruição de Jerusalém, ela foi concretizada novamente de forma ainda mais severa (2Rs 25.8-21).
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Como resultado dessas catástrofes, muitos chegaram à conclusão de que sua fé não passara de uma farsa, enquanto outros, ainda convictos de que Deus era bastante real, concluíram que ele os tinha abandonado. E assim corriam o risco de sucumbir às religiões atraentes dos babilônios e perder sua existência como povo, de não mais ser o veículo por meio do qual a auto-revelação de Deus pudesse chegar ao mundo. Os capítulos 40-55 de Isaías se reportam diretamente a essa situação, falando ao povo não apenas que Deus não os havia abandonado, mas especialmente decidiu, por meio deles, demonstrar sua superioridade sobre as divindades babilônias. Tal superioridade será percebida em sua capacidade de destruir tais ídolos, de redimir seu povo de seus pecados e de conduzilos de volta ao seu torrão natal. Em outros termos, assim como Deus podia ser e seria de confiança na crise assíria, também poderia ser de confiança em uma nova época com seus novos problemas. Quando voltaram, essa promessa, como as anteriores, provou ser inteiramente fidedigna. Embora nenhuma nação tivesse ainda regressado do exílio, outra esmagadora mudança ocorreu, efetuada por um ho mem acerca de quem os compiladores do livro queriam que crêssemos ter sido chamado de antemão por meio de profecia preditiva. Esse homem foi Ciro, o primeiro imperador persa. Finalmente, em 539, chegara o tempo para os medo-persas completarem a conquista que tinham começado vinte e cinco anos antes. Então tiveram necessidade do auxílio da Babilônia. Agora não mais necessitam de tal auxílio, e nos dramáticos eventos retratados em Daniel 5, eliminaram a Babilônia e puseram fim ao império neo-babilônio. Ciro introduziu uma nova política estrangeira. Os persas concluíram que as pessoas estavam pelo menos tão dispostas a obedecer um conquistador de quem gostam como a um a quem odeiam. E assim, inteiramente contrário à política anterior, concede aos exilados o direito de regressarem à sua pátria e oferece donativos imperiais para a reconstrução dos lugares sacros nacionais (Ed 1.1-4; ANET, p.316). Nesse aspecto, ele emprestou considerável impulso às tendências sincretistas que já estavam em vigor nas religiões do Oriente Próximo e que ganharam velocidade nos séculos fiituros. Alguém poderia invocar o grande deus Marduque, outros a Asur, outros a Bel, outros a Amon-Re e outros a Yahweh, mas certamente todos eram manifestações de um só. A resposta que Isaías dá em seu livro é um retumbante não! Note Isaías 45.5,6: “Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há nenhum Deus; eu te cingirei, ainda que não me conheces. Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro”. C. 539-400 a.C. O período formal do exílio expirou algum tempo não muito depois do decreto de Ciro em 539 a.C., quando um grupo de judeus zelosos, liderados por um descendente da linhagem real chamado Zorobabel e o sumo sacerdote Josué (Ed 2.1,2; 3.1), começou a longa emigração para Judá e Jerusalém. Segundo Esdras 2.64, cerca de 50 mil pessoas se envolveram nesse regresso. É provável que muitos dentre esses se deixaram inflamar pela visão idealista da “ terra prometida” e da intenção de purgar sua religião daqueles erros que os tinham desterrado no primeiro exílio. Sem tais visões, é difícil imaginar por que teriam deixado seus lares e negócios na Babilônia e iniciado uma jornada tão árdua. Infelizmente, as realidades eram de tal vulto que todas as visões vieram rapidamente a lume. Os repatriados não foram recebidos abertamente com armas pelos descendentes dos que tinham sido deixados para trás. Mas, sem dúvida, foram tratados com hostilidade e suspeita. A obra do segundo templo, começada com uma salva de trombetas, foi logo abandonada
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quando os operários perderam o interesse e estabeleceram a mera tarefa de sobrevivência. Somente cerca de vinte anos mais tarde foi que os profetas Ageu e Zacarias conseguiram injetar bastante preocupação, fé e culpa pela continuação da obra. Finalmente, em 516 a.C., a construção foi concluída. Mas essa não era páreo para o templo de Salomão, e nunca fascinou a imaginação do povo hebreu como fez o primeiro. Além do mais, tudo indica que os esforços de Ageu e Zacarias não foram muito além de conseguir que o templo fosse concluído, pois quando Esdras e Neemias entraram em cena, cerca de vinte e cinco anos mais tarde, se depararam com a vida religiosa e civil de condição bem baixa. Entretanto, sob a liderança de Esdras e Neemias, o povo reconquistou 0 senso de identidade nacional como povo de Deus. Como resultado, os judeus, que viviam á beira de deixar-se absorver pela cultura que os cercava, tiveram condição de achar energia e diretriz para manter-se como um povo distinto.^" Durante esse período, tanto a história religiosa quanto a civil são uma raridade. Por certo sabemos que Judá era uma unidade política dependente do império persa, funcionando como uma parte da Quinta Satrapia, a qual era chamada “Além Rio”. O rio, nesse caso, era o Eufrates, e a região parece ter incluído toda a costa oriental do Mediterrâneo que hoje se chamaria Siro-Palestina. Não fica bem claro onde a capital dessa satrapia se localizava. E bem provável que fosse Damasco. Sob os sátrapas estavam os governadores locais, como indica Esdras 4.17, onde a sede do governador é Samaria, e Neemias 5.15, onde este é designado governante de Judá. Usando os livros bíblicos provenientes desse tempo (Ageu, Zacarias, Esdras, Neemias e Malaquias), é possível restaurar algum quadro da vida religiosa de Judá durante esse período. Em geral, pode-se identificar três grupos: os que estavam profundamente preocupados com Deus e o relacionamento de Judá com ele; os que estavam preocupados com a religião; e os que tinham pouco interesse em ambos. Neste último grupo estavam os que não viam necessidade de sustentar qualquer distinção entre eles e seus vizinhos. E assim fizeram compromisso mútuo e o desleixo da lei cerimonial passou a constituir sérios problemas (Ed 9; Ne 13; Ml 1-2), especialmente em virtude de parecer que esse terceiro grupo veio a ser o mais numeroso.^' De uma maneira geral, Isaías 56-66 corresponde ao quadro supra. Os capítulos censuraram a religiosidade complacente, asseverando que um estranho ou um eunuco que serve a Deus fielmente, de todo o coração, é um judeu superior àquele cuja linhagem direta é perfeita, mas cujo relacionamento com Deus é, na melhor das hipóteses, deficitário. Outro tema que, como o anterior, salienta um contraste é a incapacidade dos seres humanos em concretizar a salvação prometida, porém a capacidade plenária de Deus, por meio de seu Espírito, de efetuá-la. Assim, se os capítulos 40-55 falam de esperança a um povo que teme ser destituído, os capítulos 56-66 chamam a atenção para uma justiça realizada de um povo que decaiu em uma posição de dependência descuidada. OSWLT, John. Comentários do Antigo Testamento: Isaías – Vol. I. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo; Cultura Cristã, 2011. Pag 20-35
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LIVRO DO PROFETA NAUM É dito que Naum era elcosita. A localização exata de Elcós é desconhecida, mas Jerônimo a identificava com certa Elkesi, no norte da Galiléia. Alguns tem procurado identificá-la com Alkush, alguns poucos quilômetros ao norte de Mosul, mas isso é extremamente duvidoso De acordo com a Pseudo-Epifânio (de vitis prophetarum, 17), ficava em Judá, perto de Eleuterópolis. Isso talvez seja a opinião correta, visto que 1:15, com sua referência a Judá, talvez implique no fato que o profeta era originário de Judá. Naum parece ter exercido seu ministério entre o tempo da captura de Tebas pela Assíria (NoAmon, 3:8 — o acontecimento é visto como algo já sucedido), em 664 A. C., sob Assurbanipal, e a destruição da própria Nínive, em 612 A. C. Mais precisamente que isso a data não pode ser fixada. O assunto de Naum é a queda de Nínive. Ele começa (cap. 1) com um Salmo introdutório, no qual louva a majestade de Deus e anuncia a punição que o Senhor infligirá sobre Seus inimigos, mas também a Sua bondade para com aqueles que nele confiam. Em vivida linguagem ele passa (cap. 2) a descrever o cerco de Nínive e sua destruição, e no cap. 3 apresenta os motivos para a queda da cidade. O livro, portanto, é uma unidade completa, e pode sei- considerado, em sua totalidade, como obra do próprio profeta. YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag.235 Depois de tudo o que se disse sobre a Assíria em 2Reis, Isaías, Oséias, Jonas e Miquéias, finalmente chegou a hora de essa grande e temível nação ser julgada. Escrevendo entre a queda de Tebas (663 a.C.; v. 3.8) e a de Nínive (612 a.C.), Naum sinaliza o fim da paciência de Yahweh com a iniqüidade internacional. O fim chegou para Nínive, a maior potência da época, o que indica que Yahweh pode punir qualquer país ou pessoa a qualquer hora. O fato de que o juízo está começando também significa que, depois disso, a renovação surgirá naturalmente. Por esse motivo o Deus destruidor é também o Deus renovador. A teologia de Naum oferece, nas sete seções do livro, um cuidadoso equilíbrio entre os vários componentes do caráter de Yahweh. Caracterizado por falas alternadas entre o profeta e o Senhor, pode-se dividir o texto em três temas principais. Primeiro, 1.1-15 descreve um Deus paciente, mas ao mesmo tempo devidamente ciumento que se vinga de adversários, mas livra o remanescente. Segundo, 2.1-13 apresenta o Deus que se opõe a Nínive, enviando um exército poderoso contra a cidade. Terceiro, 3.1-19 declara que Yahweh humilha os arrogantes. Cada trecho demonstra o poder do Senhor, sua justiça, sua retidão, sua bondade e
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seu controle sobre a história. Conquanto essas qualidades signifiquem condenação para os ímpios, anunciam boas novas de livramento e esperança para os fiéis.82 Anunciam a vitória final de Yahweh sobre o mal no final dos tempos.83 Ler e interpretar Naum como parte do cânon ajuda a resgatá-lo de avaliações negativas feitas por comentaristas que contrastam sua mensagem com a de outras profecias. J. M. P. Smith, por exemplo, afirma que Naum foi um falso profeta semelhante a Hananias (v. Jr 28), pois ressaltou o pecado da Assíria e não se dedicou a tratar o pecado de Israel e também porque se regozijou com a derrocada de Nínive.84 De modo semelhante George A. Smith considera Naum um grande profeta, mas também um homem amargurado com menos consciência e percepção do que outros profetas. Tais afirmações não fazem justiça ao papel de Naum nos doze nem ao seu papel na profecia do AT. Dentro dos doze o livro começa a cumprir as promessas divinas de castigo, as quais são tão comuns em Oséias—Miquéias. Não se permitirá que o pecado floresça descontrolado. Como parte integrante dos Profetas, Naum demonstra o controle de Yahweh sobre a história tanto próxima quanto longínqua. Aquilo que Isaías imaginou sobre a Assíria tornou-se verdade. Com certeza tudo aquilo que os profetas imaginam acerca da promessa davídica e do reinado final e eterno de Deus sobre a criação recriada também acontecerá. HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. Pag. 476-477.
LIVRO DO PROFETA SOFONIAS Pouco mais se sabe acerca do profeta Sofonias além do breve esboço biográfico encontrado no primeiro versículo de sua profecia. Nesse versículo, a mais longa das genealogias de profetas, é dito que ele descende de Ezequias. Essa é, aparentemente, uma referência ao décimo quarto rei de Judá (716-686 a.C.), que também foi um antepassado do rei Josias, durante cujo reinado Sofonias profetizou (1.1). Seu nome, que tem o sentido de “Iavé escondeu/protegeu”, pode ser uma indicação do favor divino sobre uma criança nascida durante o sangrento e perigoso reinado de Manassés (686-642 a.C.; cf. 2 Rs 21.16; 24.3-4). O conhecimento que Sofonias tem da geografia e da demografia de Jerusalém (1.10-13; 3.1-4) deixa implícito que, se não era alguém nascido na capital, pelo menos ali residia fazia muito tempo. BAKER, David W. T. Desmond Alexander Richard J. Sturz Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: Introdução e comentário. Säo Paulo : Vida Nova, 2001. Pág. 365.
De conformidade com 1:1 a profecia foi recebida por Sofonias durante os dias de Josias. Apesar de que não pode ser isso definidamente determinado, não obstante é provável que Sofonias tenha proferido sua mensagem algum tempo antes da ocorrência da reforma de Josias. Por passagens tais como 1:4-6 8-9, 12 e 3:1-3 e 7, ficamos sabendo que a condição moral e religiosa do povo estava em nível muito baixo.
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A linhagem do profeta é recuada até Ezequias, por quatro gerações. Visto que Sofonias é o único profeta que traça sua linhagem por tantas gerações, deve haver para isso alguma razão particular, e é possível que a razão disso se encontre no pensamento que esse Ezequias seja o mesmo rei Ezequias. Se esse foi realmente o caso, então Sofonias era da linhagem real. Por conseguinte, provavelmente Sofonias tinha fácil acesso ao palácio real para que sua mensagem fosse ouvida. Alguns eruditos modernos acreditam que o livro tenha sido revisado por editores, porém não há muita concordância entre eles no que respeita aos detalhes. Eissfeldt pode ser considerado como representante dos mesmos. Ele sugere que à parte da possibilidade de glosas e revisões secundárias (Uebermalungen) não pode haver dúvida acerca da legitimidade de 1:2-2:3. Por outro lado, a legitimidade de 2:4-15 é reputada como incerta, e pelo menos deve ser reconhecido que foram feitas adições exílicas e pós-exílicas, notavelmente no começo e no fim do vers. 7. Em 3:1-13, entretanto, pensa Eissfeldt, encontramos um poema genuíno, e somente nos vers. 8-20 parece ter havido uma revisão do material. Os vers. 14-17 poderão ter-se originado em Sofonias, porém, visto que era costumeiro fazer tais adições escatológicas, também podem provavelmente ser considerados como tais. Semelhantemente, os vers. 18-20 deveriam ser negados a Sofonias e atribuídos ou ao período do exílio ou ao período posterior. Em resposta a tudo isso, precisamos tão somente observar que tais opiniões são quase inteiramente subjetivas. Não há razão suficiente para negar a Sofonias qualquer porção de sua profecia. Propósito O propósito de Sofonias era advertir a nação sobre a condenação que se aproximava. Ele pinta o dia da ira, mas também aponta para o livramento que jazia mais adiante. O livro se divide em três secções principais: a) O Dia do Senhor, 1:1-2:3. O tema geral é estabelecido em 1:2, a saber, que Deus consumirá todas as coisas em cima da terra. O profeta a seguir mostra a aplicação especifica desse tema, aplicando-o a Judá e Jerusalém, bem como a tudo quanto se encontra ali, tanto homens como animais, o sistema inteiro de idolatria, a linhagem real; será uma destruição total, 1 :3-13. Após essa vivida descrição sobre o castigo vindouro, Sofonias anuncia que o dia do Senhor estava próximo. Esse dia terrível é descrito pelo profeta em termos agonizadores, dotados de grande força, uma descrição que forneceu a base para o hino medieval “Dies Irae”, 1:14-18. Em 2:1-3 a misericórdia do Senhor é estabelecida no apelo para que se arrependam e busquem ao Senhor, com o qual o profeta encerra esta secção. b) Profecias contra as nações pagãs, 2:4-15. À semelhança de muitos outros profetas, Sofonias também volta sua atenção- às nações pagãs a fim tanto de reprová-las por causa de seus pecados como a fim de deixá-las sem desculpa quando sobreviesse a ira de Deus, e também a fim de revelar-lhes o fato que a disposição soberana dos destinos das nações jazem nas mãos do Senhor, e que Ele certamente punirá aqueles que tiverem maltratado Seu povo escolhido. Portanto, essas profecias contra as nações fazem parte integral da mensagem profética, e é somente falta de compreensão de sua verdadeira natureza e função que pretende atribuir tal mensagem a redatores posteriores. Sofonias fala primeiramente sobre Gaza e a planície dos
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filisteus, vers. 4-7, e então condena Moabe e Amom por causa de sua hostilidade contra Israel, vers. 811; a Etiópia e a Assíria e particularmente Nínive, também chegará ao seu fim, vers. 1215. c) O pecado de Jerusalém e a salvação futura, 3:1-20. Nos primeiros sete versículos, o profeta anuncia um lamento (hoi) sobre Jerusalém, e caracteriza seu pecado. Passa então (vers. 8-20) a anunciar o livramento vindouro. Haverá um remanescente de Israel, um remanescente puro, e a filha de Sião entoará louvores, pois o poderoso Senhor está em seu meio, e Ele salvará.
YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag.239-240. Sofonias não deixa nenhuma dúvida de que Deus está na iminência de castigar os pecados de Israel e das nações. Toda a criação sofrerá pelas transgressões cometidas pela raça humana (1.2,3). No juízo outros países que ofenderam ao Senhor juntar-se-ão à Assíria, Babilônia e Israel (2.4-12). Embora a ira justa de Deus continue a ser um tema importante, também recebe bastante atenção o fato de que essa ira acontece com o objetivo de formar um remanescente multinacional (3.6-20). O objetivo do julgamento divino é redentivo e não apenas punitivo. Mais uma vez é o conceito familiar do dia do Senhor que fornece o contexto para essas atividades. O cabeçalho de Sofonias (1.1) situa a profecia no reinado de Josias (c. 640-609 a.C.), embora não haja nenhuma informação específica sobre se ela precede ou sucede a grande reforma de 622 a.C. (v. 2Rs 22.1—23.30). Estudiosos têm debatido quanto do livro provém daquele período," mas J. J. M. Roberts acertadamente conclui: “não existe nenhuma boa razão para duvidar da exatidão da informação histórica do cabeçalho”.100 A semelhança de seus contemporâneos Jeremias, Naum e Habacuque, Sofonias prega antes da destruição de Jerusalém em 587 a.C. O livro reflete uma teologia de crise cujo propósito é levar Judá ao arrependimento. Sem ter a capacidade de salvar os judeus de si mesmos, o profeta declara como Yahweh usará o dia do Senhor como instrumento para destruir os perversos e informa o meio pelo qual os justos serão salvos. Em outras palavras, Sofonias explica, de modo detalhado e explícito, idéias que Naum, Habacuque e as profecias anteriores começaram a expressar. Embora várias estruturas tenham sido propostas para o livro,101 a profecia apresenta em três partes sua mensagem sobre o Deus que castiga a fim de criar um remanescente. Primeiro, 1.217# descreve o Deus que elimina o pecado. Segundo, 1.17b—3.5 descreve o Deus que consome as nações. Terceiro, 3.6-20 examina o Deus que cria o remanescente. Dessa maneira a profecia demonstra o caráter justo de Yahweh, seu poder soberano sobre as nações e sua redenção dos fiéis. Esses temas constituem elementos importantes em outros textos proféticos que tratam do dia do Senhor.
HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. pag. 485-486
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LIVRO DO PROFETA HABACUQUE Embora ele esteja distante de nós mais de 2.500 anos, sua mensagem é atual, e sua pertinência, insofismável. Os tempos mudaram, mas o homem é o mesmo. Ele ainda é prisioneiro das mesmas ambições, dos mesmos descalabros morais, da mesma loucura. Habacuque profetiza num tempo em que sua nação, o reino de Judá, estava à beira de um colapso. Porque retardou o seu arrependimento e não aprendeu com os erros de seus irmãos do Reino do Norte, que foram levados cativos pela» Assíria em 722 a.C., entrariam, também, inevitavelmente no corredor escuro do juízo. As tempestades já se formavam sobre a cidade orgulhosa de Jerusalém. O tempo da oportunidade havia passado. Porque não escutaram a trombeta do arrependimento, sofreriam inevitavelmente o chicote da disciplina. O princípio de Deus é: “Arrepender e viver”, ou: “Não se arrepender e sofrer”. O cálice da ira de Deus pode demorar a encher-se, mas, quando transborda, o juízo é iminente e inevitável. E impossível escapar das mãos de Deus. O homem pode burlar as leis e corromper os tribunais da terra, mas jamais enganar Aquele que se assenta no alto e sublime trono. O homem pode esconder seus crimes e sair ileso dos julgamentos humanos, porém jamais o culpado será inocentado diante dAquele que sonda os corações (Ex 34.7). Os temas levantados por Habacuque são manchetes dos grandes jornais ainda hoje. Habacuque está nas ruas. Sua voz altissonante ainda se faz ouvir. Seus dilemas são as nossas mais profundas inquietações. Suas perguntas penetrantes são aquelas que ainda ecoam do nosso coração. Por isso, estudar Habacuque é diagnosticar o nosso tempo, é abrir as entranhas da nossa própria alma, é buscar uma resposta para as nossas próprias inquietações. O homem Habacuque Nada sabemos acerca da família, da procedência e da posição social de Habacuque. Henrietta Mears diz que pouco sabemos desse profeta da fé, exceto que formulava perguntas e obtinha respostas.1 Seu nome só é citado duas vezes e apenas no seu próprio livro (1.1; 3.1), embora sua mensagem tenha tido grande repercussão no Novo Testamento. Gleason Archer diz que o nome Habacuque é raro, e seu significado, incerto.2 O nome Habacuque, segundo os estudiosos, significa “abraçar”. Jerônimo, o tradutor da Vulgata, entendeu que fosse “abraço”, mas de luta. Seria assim “porque ele lutou com Deus”.3 Habacuque tanto se agarrou a Deus buscando resposta para suas íntimas e profundas indagações quanto abraçou o povo, levandolhe a consoladora verdade de que o inimigo opressor seria exemplarmente julgado por Deus. Enquanto o povo da aliança triunfaria sobre a crise e viveria pela fé, os soberbos caldeus seriam eliminados sem jamais serem restaurados. Nessa mesma linha de pensamento, Keil e Delitzsch dizem que Lutero entendeu que o nome Habacuque significa “um abraçador”, ou aquele que abraça outro ou toma-o em seus braços. Assim, Habacuque abraça o povo e tomao em seus braços, isto é, conforta-o e segura-o como se abraça uma criança que chora, acalmando-o com a garantia de que, se Deus quiser, tempos melhores virão em breve.4 O tempo de Habacuque Habacuque profetizou no final do período do reino de Judá. O Reino do Norte, por não ouvir os profetas de Deus, sucumbiria ao poderio militar da Assíria havia mais de cem anos, pois em 722 a.C. a orgulhosa cidade de Samaria fora entrincheirada durante três anos e, por fim, caiu impotente diante da supremacia militar dessa poderosa potência estrangeira. O Reino do
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Norte durou apenas 209 anos. Durante todo esse tempo, endureceu sua cerviz e andou longe dos caminhos de Deus. O cativeiro sem volta foi sua 4ierança. A ferida sem cura foi seu legado. Deus e escapadas perigosas para distanciar-se do Eterno. Quando reis piedosos ascendiam ao poder, havia conserto, e o povo dava ouvidos aos profetas e se arrependia de seus pecados, mas, quando reis ímpios e idólatras governavam, o povo era oprimido e ainda se desviava da presença de Deus. As lições da queda do Reino do Norte não foram suficientes para abrir os olhos de Judá, nem as reformas religiosas realizadas pelo rei Josias no ano 621 a.C. tiveram profundidade suficiente para evitar a tragédia do cativeiro. Logo após a morte de Josias, Jeoaquim resistiu fortemente à pregação do profeta Jeremias, queimou os rolos do Livro e lançou o profeta na prisão. Nesse mesmo tempo, o mapa da política internacional estava passando por grandes mudanças. A poderosa Assíria tinha caído nas mãos dos babilônios em 612 a.C. O Egito, outra superpotência da época, marchou com seus carros blindados para o norte da Síria, em Carquemis, atravessando o território de Judá para enfrentar o exército caldeu. Nessa encarniçada peleja, Faraó Neco sucumbe também ao poderio militar da Babilônia em 605 a.C. Nesse mesmo ano, Nabucodonosor, o opulento rei da Babilônia, que governou esse majestoso império e construiu a gloriosa cidade com seus muros inexpugnáveis e seus jardins suspensos, cercou a cidade de Jerusalém. Estava lavrada a sorte desse reino que desprezava a Palavra de Deus, oprimia os fracos e aviltava a justiça. E nesse tempo de ascensão galopante da Babilônia, da queda repentina da Assíria e do Egito, do encurralamento de Jerusalém, que Habacuque aparece. George Robinson diz que a destruição e a violência eram perpetradas pelos caldeus nas nações em geral (1.5,10,13; 2.5,6). Judá não havia ainda sido invadida, mas o Líbano já tinha começado a sofrer (2.17), e a aproximação do inimigo estava cada vez mais próxima (1.4). Todas essas considerações assinalam a data da profecia de Habacuque para depois da batalha de Carquemis, ou seja, por volta do ano 603 a.C.5 Habacuque foi contemporâneo de Jeremias. Ele sofreu as mesmas pressões, as mesmas angústias e viu os mesmos perigos. Bill Arnold e Bryan Beyer seguem essa mesma linha de pensamento, quando escrevem: Habacuque viveu durante os últimos dias de Judá. A maior parte dos estudiosos situa o seu ministério antes de 605 a.C., quando a Babilônia, sob o governo de Nabucodonosor, tornou-se uma potência mundial (1.5). As palavras de Habacuque contra a Babilônia (2.6-20) deixam implícito que ela já havia se transformado em uma nação forte.6 Stanley Ellisen, nessa mesma linha de pensamento, diz que podemos situar a profecia de Habacuque por volta de 607 a.C., durante o iníquo reinado de Jeoaquim, antes de Judá ser subjugado por Nabucodonosor em 606, e isso porque a referêncià aos caldeus, que viriam numa inacreditável ferocidade (1.6), sugere uma data anterior a 605 e posterior às suas conquistas iniciais. Outrossim, a ausência de qualquer referência a Nínive sugere uma data posterior à destruição dessa cidade em 612 a.C. Finalmente, a grande preocupação do profeta quanto à violência de Judá sugere uma época posterior à morte de Josias, no iníquo reinado de Jeoaquim.7 O estudioso Samuel Schultz, conclui esse ponto, como segue: Com toda a probabilidade, Habacuque foi testemunha do declínio 6 êe da queda do império assírio, durante sua vida. Em sincronia com o amortecimento da influência assíria sobre Judá, ocorreu o reavivamento sob a liderança de Josias. De maneira simultânea a essas ocorrências, houve o soerguimento da Média e da Babilônia ao poder, na extremidade oriental do Crescente Fértil. O quadro de violência, contendas e apostasia, tão generalizadas em Judá na época de Habacuque, parece caber dentro do período que se seguiu imediatamente após a morte de Josias, em 609 a.C. Os caldeus ainda não se tinham firmado de modo suficiente para constituir uma ameaça contra
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Judá, porquanto o controle egípcio se ampliou até as margens do Eufrates, o que continuou até a batalha de Carquemis em 605 a.C. Em resultado disso, os anos entre 609 e 605 a.C. provêem um apropriado pano de fundo para a mensagem de Habacuque.8 O estilo do profeta Habacuque Habacuque era um homem que se entregava às lucubraçÕes. Kyle Yates o denomina de “um livre-pensador entre os profetas”.9 Habacuque era um homem que tinha coragem de abrir o peito e expor suas dúvidas. Concordo com Isaltino Gomes Coelho Filho quando afirma que Deus não nos proíbe de pensar nem mesmo nos exige um “suicídio intelectual”.10 A fé não anula a razão. Ao contrário, a fé ilumina, esclarece e reorienta a razão. Pensar não é pecado. Habacuque é nosso contemporâneo. Lendo-o, podemos ouvir as dúvidas do jovem estudante universitário, as questões do intelectual, daquele que pensa em nível de questionamentos.11 Habacuque nos ensina a fazer a dolorosa transição da dúvida para a fé. Habacuque usou vários métodos para expor sua mensagem. Crabtree diz que Habacuque usou com freqüência o símile (1.8,11,14), a metáfora (1.10,12), a personificação (2.11) e perguntas retóricas (1.2,17^; 2.13).12 Habacuque é um profeta sui generis em seu estilo. Ele difere de todos os outros na sua abordagem. Todos os outros profetas ergueram a voz, em nome de Deus, para confrontar o povo e chamá-lo ao arrependimento. O profeta Amós convocou as nações estrangeiras e, sobretudo, o povo de Deus a arrepender-se de suas atrocidades. O profeta Isaías tocou sua trombeta contra as nações estrangeiras e anunciou-lhes o juízo de Deus. O profeta Jonas foi à capital da Assíria, à impiedosa cidade de Nínive, e pregou em suas ruas sobre a subversão que desabaria sobre ela. O profeta Naum profetizou a queda da Assíria, e o profeta Obadias, a queda de Edom. Contudo, Habacuque não confrontou o povo, mas a Deus. Em vez de falar à nação da parte de Deus, ele falou a Deus da parte da nação. Em vez de chamar a rebelde Jerusalém ao arrependimento, ele cobrou de Deus Sua inação diante das calamidades que saltavam aos seus olhos. J. Sidlow Baxter diz que, ao contrário dos outros profetas, Habacuque não se dirige nem a seus patrícios nem a um povo estrangeiro: seu discurso é feito apenas para Deus.13 Charles Feinberg, somando com esse pensamento, diz que o livro de Habacuque difere dos discursos regulares dos profetas que pregaram a Israel. Seu livro é o registro da experiência de sua própria alma com Deus. Os profetas falavam em nome de Deus aos homens, ao passo que ele discute com Deus, em tom de censura, acerca dos procedimentos divinos em relação aos homens.14 As queixas de Habacuque não são dirigidas contra os pecadores, mas contra o Santo.15 David Baker, ainda nessa mesma rota, afirma que uma das funções do profeta era servir de intermediário entre o Deus de Israel e o Seu povo. Era ele quem devia indicar quando as pessoas se afastavam da aliança que voluntariamente haviam firmado e instar com elas para que a retomassem. Habacuque assume a tarefa de ir na outra direção, chamando Deus para prestar contas das ações que não pareciam corresponder às prescrições da aliança. A situação de um profeta já era suficientemente precária quando confrontava seu povo; imagine-se, então, quão raro seria o indivíduo que se arriscasse a confrontar o seu Deus. Habacuque era um desses.16 O maior problema de Habacuque não era fazer um diagnóstico da doença de sua nação, mas um estudo do comportamento de Deus'.' O que mais lhe causou espanto não foi a derrocada moral da sua gente, mas a demora e o silêncio de Deus diante da calamidade do Seu povo? Habacuque teve dificuldade de conjugar o caráter santo de Deus com a sua aparente inação diante do prevalecimento do mal. Gerard Van Groningen chama Habacuque de o profetafilósofo porque sua profecia expressa a preocupação a respeito do problema da maldade amplamente espalhada em Jerusalém e Judá, bem como com a aparente falta de preocupação de Iavé. Quando, porém, ele é informado do
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plano de Iavé de usar os babilônios , mais ímpios ainda, como vara de julgamento para Judá, seus problemas se intensificam. Ora, como pode o Deus santo e reto usar um instrumento vil para punir o próprio povo do Seu pacto?17 Habacuque entrou em crise quando suas orações deixaram de ser atendidas no tempo que gostaria de vê-las respondidas, e sua crise ainda se agravou por demais quando Deus respondeu a elas de maneira inimaginável. Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos. Deus não pode ser domesticado. Ele é soberano e não segue a agenda que tentamos traçar para Ele. Ele faz todas as coisas conforme o conselho da Sua vontade. Deus diz a Habacuque que não estava inativo, mas trabalhando para responder à sua oração, trazendo os caldeus para serem a vara da disciplina contra o Seu povo.
LOPES, Hernandes Dias. Habacuque: Como transformar o desespero em cântico de vitória. Editora Hagnos. São Paulo, 2007. pag. 11-19.
LIVRO DO PROFETA JEREMIAS A Vida de Jeremias Sabe-se mais a respeito da vida de Jeremias do que sobre a vida de qualquer dos outros profetas do Antigo Testamento. Jeremias era filho de Hilquias, dos sacerdotes de Anatote (a moderna Anata, cerca de uma caminhada de uma hora e meia ao nordeste de Jerusalém). Quando ainda jovem, com cerca de vinte anos de idade, foi chamado para o oficio profético (1:6). Essa chamada veio no décimo terceiro ano de Josias (1:2; 25:3), isto é, 627 A. C. O ministério de Jeremias prosseguiu até após a destruição final de Jerusalém, por Nabucodonosor, em 586 A. C., e ao todo se prolongou por cerca de cinquenta anos. Em sua chamada para o ofício profético, Jeremias aprendeu que a destruição de Jerusalém era certa, e que seria realizada por meio de um inimigo vindo pelo norte (1:11-16). Cinco anos após a sua chamada, no ano décimo oitavo do reinado de Josias, foi descoberto no Templo o rolo da Lei (II Reis 22 e 23), e, em resultado, Josias instituiu uma reforma religiosa que visava extirpar a idolatria. Se Jeremias faz referência ou alusão específica a esse livro recentemente descoberto, não é certo, mas é possível que assim tenha sido (11:1-8). No princípio Jeremias provavelmente vivia em Anatote e somente ocasionalmente aparecia cm Jerusalém. Seja como for, por meio de sua pregação, ele se tornou o objeto de muita hostilidade, tanto em Anatote como em Jerusalém. A princípio, tal animosidade irrompeu em sua própria cidade nativa (11:18-23), e o profeta se mudou para Jerusalém. Aparentemente, até mesmo a família de Jeremias se mostrou traiçoeira com ele (12:6). Não obstante, esse período do ministério de Jeremias provavelmente foi o mais feliz, e quando Josias faleceu, Jeremias Fez lamentação por ele (II Cr 35:25a). Josias foi seguido por Jeoacaz (também chamado Salum), que reinou pelo espaço de três meses. Contra ele Jeremias não profetizou em termos indefinidos, anunciando claramente a sua condenação (22:11-17). Após Jeoacaz, o trono foi ocupado por Jeoaquim. Durante o quarto ano de seu reinado (o terceiro, de conformidade com Dn 1:1, que emprega um modo diferente de calcular o tempo), houve a famosa batalha de Carquemis, da qual Nabucodonosor saiu-se vitorioso, e então cercou Jerusalém, levando tanto cativos (entre os quais Daniel) como vasos do Templo. Durante esse mesmo ano em que os caldeus assaltaram Jerusalém, Jeremias anunciava a chegada deles e o setenta anos de exílio- dos judeus (25:1-14).
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Durante o reinado de Jeoaquim, o profeta apresentou seu grande discurso no Templo (7-9). Os sacerdotes resolveram então eliminar Jeremias (cap. 26). Entretanto, houve intervenção a seu favor. O Senhor ordenou que ele reunisse suas profecias em um rolo (36:1). Essas profecias foram ditadas a Baruque, que as leu na presença do povo. Jeoaquim ficou tão irado com o profeta que cortou o rolo da profecia com seu canivete, despedaçando-o e queimando-o, e ordenou a prisão de Jeremias e Baruque; mas o Senhor os ocultou (36:26). Jeremias ditou então, segunda vez, as suas profecias, com certas adições. Joaquim (também chamado Conias, 22:24 e segs.) reinou por apenas três meses, e então foi levado para o cativeiro, na Babilônia, conforme Jeremias tinha predito (22:24-30). Foi substituído no trono pelo terceiro filho de Josias. Zedequias, que foi nomeado pelos babilônios (597-586 A. C.). Após algum tempo, Zedequias se recusou a pagar mais tributo a Babilônia, e buscou entrar em aliança com o Egito (Ez 17:13; II Cr 36:13), mas Jeremias o exortou a continuar fiel à Babilônia (27:1222). Dos males esse seria o menor, e significaria que a nação não seria destruída. “Metei o vosso pescoço no jugo do rei de Babilônia, servi-o, a ele e ao seu povo, e vivereis” (27:12b). Finalmente Nabucodonosor, após um longo cerco, conquistou a cidade. Foi ocasião de grande sofrimento para Jeremias. Foi aprisionado ao procurar partir para o território de Benjamim, e foi acusado de deserção. Em resultado Desse aprisiona mento foi colocado numa fossa, onde permaneceu por muitos dias; contudo, Zedequias mandou buscá-lo em segredo e lhe perguntou: “Há alguma palavra do Senhor?” (37:17). Em resposta, Jeremias anunciou claramente que Zedequias seria entregue nas mãos de Nabucodonosor, e protestou contra sua prisão, pelo que o rei o mandou pôr na prisão do palácio. Agora Jeremias podia pregar mais livremente, mas suas palavras despertaram inimizade, e ele foi posto em uma estreita cisterna, da qual foi tirada por um etíope chamado Ebede-Meleque (38:7-13). Quando Jerusalém finalmente caiu, Zedequias foi cegado e, juntamente com seu povo, foi levado para o cativeiro. Nebuzaradã, o general babilônio, libertou Jeremias e permitiu que ele permanecesse em sua própria terra (39:11-14). Jeremias foi ter com o governador, Gedalias; mas, após pouco tempo, o governador foi assassinado por oponentes violentos, encabeçados por um certo Ismael (41:1,2). Os judeus passaram a temer vingança da parte dos babilônios, e procuraram fugir para o Egito, procurando segurança (41:17.18). Contra essa política, entretanto, Jeremias protestou do modo mais vigoroso possível (42:9-22). Suas palavras não tiveram efeito algum sobre o povo, e ele foi obrigado a acompanhar os judeus ao Egito (4317). Em Tafnes, o lugar do Egito onde os judeus se estabeleceram, o profeta deu prosseguimento a seu ministério; 43 :8-13 e 44 apresentam mensagens que foram entregues ali.
YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag 195-196. A Situação Internacional Continuava a porfia, partida de três lados, pela supremacia mundial: a Assíria, a Babilônia e o Egito. Por 300 anos a Assíria, no vale do Norte do Eufrates, capital Nínive, havia dominado o mundo, mas agora ia se enfraquecendo. Babilônia, no vale do Sul do Eufrates, tornava-se poderosa. O Egito, no Vale do Nilo, que 1.000 anos antes fora uma potência mundial e decaíra, outra vez enchia-se de ambição. Babilônia venceu, lá pelo meado do ministério de Jeremias. Quebrou a força da Assíria, 609 a.C., e .4 anos depois esmagou o Egito na batalha de Carquemis, 605 a.C.; e por 70 anos regeu o mundo, os mesmos 70 anos do cativeiro dos judeus.
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HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag 275.
Arranjo Cronológico das Profecias Conforme aparecem em seu livro, as profecias de Jeremias não estão em ordem cronológica, e tal classificação é difícil de ser feita. Entretanto, o que damos abaixo fornecerá uma ideia geral sobre a ordem em que as profecias foram entregues. a) Sob Josias Somente 1:1 e 3:6-6:30 são realmente datados como profecias feitas durante o reinado de Josias. Não obstante, formam uma parte integral da secção a que pertencem. Portanto, podemos atribuir as passagens seguintes ao reinado de Josias: 1:1-19. Décimo terceiro ano de Josias. Chamada de Jeremias ao ofício profético. 2:1-3:5. A primeira mensagem do profeta à nação pecaminosa. A frase introdutória: “A mim me veio a palavra do Senhor” (2:1), serve perfeitamente para introduzir a primeira profecia após a introdução geral, cap. 1. Por conseguinte, não há motivo para negar mos essa mensagem introdutória ao tempo de Josias. 3:6-6:30. Um segundo discurso, no qual o profeta anuncia o castigo de Judá pela vinda de uma nação das bandas do norte. Essa nação por muito tempo foi considerada como os citas, mas é mais provável que a referência diga respeito aos babilônicos. 7:1-10:25. Essa mensagem foi entregue no portão da casa do Senhor. Sua intenção é despertar aqueles que punham falsa confiança no Templo, e condenar o povo por causa de sua idolatria, ameaçando-o com o exílio. É difícil datar esta profecia. Alguns querem atribuí-la ao tempo do reinado de Jeoaquim. Entretanto, é bem possível que tenha sido entregue àqueles que faziam exibição externa de haverem adotado a reforma religiosa sob Josias. Portanto, talvez tenha sido proferida em apoio à verdadeira natureza daquela reforma. É um tanto geral em seu caráter, e parece não revelar a sombra babilônica prestes a escurecer Judá. Portanto, estamos inclinados a considerá-la como proferida durante os dias de Josias. 11:1-13:27. Esta secção constitui uma mensagem em si mesma. Sua ênfase sobre a violação do pacto pode ser uma indicação quanto à sua data. Por outro lado, o terrível quadro sobre a condição moral de Judá, aqui pintado, pode apontar para um período subsequente ao de Josias. 14:1-15:21. Uma representação de seca e carência. 16:1-17:27. Esta secção está ligada à anterior. Ambas apresentam quadros sobre a desolação de Judá. Esses são gerais em seu caráter. Por conseguinte, é difícil dizer se pertencem ao tempo de Josias ou ao de Jeoaquim. 18:1-20:18. Uma representação simbólica do exílio vindouro. 19:14-20:3, nos fornece um relato sobre o aprisionamento do profeta por Pasur. Esse incidente, entretanto, não nos capacita realmente a datar a passagem. É verdade que em 21:1, Zedequias enviou a Jeremias um certo Pasur. No entanto, evidentemente aqui temos um homem diferente (filho de Malaquias) do Pasur mencionado em 20:1-3 Afilho de Imer). b) Sob Jeoacaz Nenhuma profecia é datada sob esse reinado, e a mensagem concernente a Jeoacaz (Salum), 22:11,12, foi proferida enquanto Zedequias era rei. c)Sob Jeoaquim
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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Conforme já foi sugerido, algumas das profecias que atribuímos ao tempo de Josias, talvez pertençam mais apropriadamente ao reinado de Jeoaquim. As seguintes são datadas como pertencentes ao seu período. 26. Início do reinado de Jeoaquim. Tal como os caps. 7-10, esta mensagem foi entregue no átrio da casa do Senhor. Nessa ocasião, Urias, que profetizava concordemente com Jeremias, foi morto, 26:20-24. 27. O vers. 1 também data esse capítulo ao início do reinado de Jeoaquim, mas, conforme mostra o contexto, pertence ao reinado de Zedequias. Evidentemente a palavra “Jeoaquim” (que aparece em certas versões, mas que nesta foi corrigida para “Zedequias”), no vers. 1, foi um erro feito por escribas. 25. Essa profecia é datada como pertencente ao quarto ano de Jeoaquim, ou seja, o ano em que Nabucodonosor veio mais tarde a Jerusal e a cercou (Dn 1:1). 35. Trata-se de uma profecia referente aos recabitas, e foi entregue nos dias deJeoaquim. 36. Pertence ao quarto ano de Jeoaquim. Esse capítulo relata como as profecias foram registradas em um rolo, como foram destruídas por Jeoaquim, e como foram novamente escritas. 45. Temos aqui uma breve mensagem a Baruque, proferida por Jeremias no quarto ano do reinado de Jeoaquim. 46-49. É difícil datar esses capítulos. Contudo, 46:2 deixa claro que foram proferidos após a derrota dos egípcios na bate lha de Carquemis. Driver sugere que (com a exceção do cap. 49) tais profecias podem pertencer ao 4° ano de Jeoaquim, e talvez reflitam a profunda impressão que a vitória de Nabucodonosor deixou sobre Jeremias. Isso é perfeitamente possível, mas também é provável que algumas dessas profecias foram proferidas mais tarde, quando Jeoaquim se rebelou contra os babilônios, e foram enviados contra ele bandos de saqueadores. Por outro lado, essas profecias talvez pertençam ao período de algum reinado posterior. d) Sob Joaquim Não há profecias expressamente atribuídas a esse período. Joaquim é mencionado entretanto, em 22:24-30, uma profecia proferida durante o reinado de Zedequias. e) Sob Zedequias 21:l-22:30. Essas profecias foram proferidas quando Pasur e Sofonias foram enviados pelo rei a Jeremias, a fim de interrogá-lo quanto ao resultado do cerco efetuado pelos babilônios. A partir do vers. 11, o profeta passa a apresentar a Zedequias a necessidade de justiça. No cap. 22 ele apresenta uma avaliação sobre os três reis anteriores, Jeoacaz, vers. 11-12; Jeoaquim, vers. 18-23; e Joaquim, vers. 24-30. 23. Dá prosseguimento á profecia dos caps. 21 e 22. Em sua maior parte, consiste de denuncias contra os falsos profetas, tanto os que se encontravam em Jerusalém como aqueles que tinham ido para o exílio, que também apresentavam falsas promessas sobre paz e segurança. 24. É uma mensagem simbólica revelada ao profeta, após o cativeiro de Joaquim. 27. Embora datada (vers. 1) como pertencente ao início do reinado de Jeoaquim, conforme o contexto demonstra, essa profecia pertence ao reinado de Zedequias. Esse capítulo mostra como o profeta anulou os desígnios de cinco povos vizinhos, Edom, Moabe, Amou, Tiro e Sidom (vers. 2), que queriam induzir o rei judeu a unir-se a eles em rebelião contra a Babilônia. Jeremias falou mais ainda a Zedequias sobre a insensatez de tal ação, vers. 12-22. 28. Também pertencente ao início do reinado de Zedequias, no quarto ano e quinto mês. Relata a oposição de Jeremias ao profeta falso, Hananias. 29. Contém a carta que Jeremias enviou aos exilados na Babilônia, após o cativeiro de Joaquim. Por conseguinte, pertence ao
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reinado de Zedequias. Jeremias informa os exilados que deveriam estabelecer casas na Babilônia, pois o exí1io não seria de curta duração, mas se prolongaria por setenta anos. 30 e 31. Não são datadas essas profecias, ainda que o conteúdo mostre que a deportação já havia ocorrido, pelo que, provavelmente pertencem às mensagens proferidas durante o reinado de Zedequias. Esses capítulos servem para ensinar à nação, que, embora seus presentes sofrimentos fossem intensos, haveria ainda um futuro glorioso. O Senhor estabelecerá um novo pacto, no qual haverá salvação espiritual (31 :31 e segs.). 32. Pertence ao décima ano do reinado de Zedequias. O profeta adquiriu o campo em Anatote de seu primo, Hanameel, e apresenta a Baruque o documento comprobatório da compra. Essa ação simbólica serviu para demonstrar que a terra seria uma vez mais habitada e cultivada. 33. Tal como o cap. 32, pertence ao período do aprisionamento de Jeremias, durante o reinado de Zedequias. Contém uma profecia messiânica (também encontrada com pequenas variações em 23:5 e segs.), bem como uma promessa sobre a perpetuidade do trono de Davi. 34. Foi proferida durante o cerco pelas tropas de Nabucodonosor. Relata o anúncio, a Zedequias, sobre seu próprio caw tiveiro e sobre a destruição da cidacle, vers. 1-7. Zedequias decreta que o povo ponha em liberdade seus escravos hebreus. O povo concorda, mas depois não cumpre sua palavra, pelo que o profeta os denuncia severamente. 37. É passagem histórica, que relata a ascensão de Zedequais ao trono, o anúncio feito por Jeremias de que os egípcios não ajudariam ao rei, mas como os caldeus haveriam de queimar a fogo a cidade. Jeremias é aprisionado, mas depois é enviado para a prisão do palácio. 38. Continua o relato sobre o aprisionamento do profeta, sob Zedequias. 39. É histórica essa passagem, relatando o cativeiro do rei e a destruição de Jerusalém. É datada no nono ano de Zedequias, no seu décimo mês. f) Sob Gedalias Embora nenhuma profecia seja expressamente datada como pertencente ao período do governo de Gedalias, a esse período, contudo, devem ser atribuídas as seguintes passagens: 40. É uma profecia revelada a Jeremias após o cativeiro (vers. 1). Nabuzaradã liberta Jeremias, oferecendo-lhe a escolha de ir para a Babilônia ou de ficar em sua terra (vers. 2-4). Jeremias se dirige a Gedalias e habita com ele (vers. 6,7). Gedalias é avisado que Ismael procurava assassiná-lo, mas não acredita na revelação. 41. Também pertence a esse período. Trata-se de uma passagem Histórica, que relata como Ismael matou Gedalias, e como o povo passou a temer muito os caldeus. 42. Dá prosseguimento à narrativa, e contém a mensagem de Jeremias que advertia o remanescente de Judá a não descer ao Egito. Ministério de Jeremias no Egito 43:1-44 :30. São quase inteiramente históricos esses capítulos, relatam como o povo se recusou a dar ouvidos a Jeremias, mas antes, se encaminharam para o Egito, obrigando-o a ir com eles. Em Tafnes, Jeremias opera um ato simbólico com pedras, a fim de mostrar que Nabucodonosor derrotaria o Egito. No cap. 44, Jeremias explica o motivo para a destruição de Jerusalém e para o exílio, e igualmente anuncia castigo contra aqueles que habitam no Egito, excetuando um remanescente, que seria salvo. Os capítulos 50-52 requerem comentário especial. É declarado que os caps. 50 e 51 são (51:59-64) a palavra que Jeremias enviou à Babilônia por meio de Saraías, quando foi para ‘á com Zedequias, durante o quarto ano do reinado deste último. Seraías, ao chegar â Babilônia, deveria ler essa mensagem, e então amarrar à mesma uma pedra, lançando tudo no Eufrates, Desse modo simbolizando a queda da Babilônia, o grande adversário do povo de Deus. Surge uma dificuldade, entretanto, devido ao fato que, conforme se encontra atualmente a profecia, ela parece deixar subentendido que o Templo já se encontrava destruído (por exemplo, 50:28; 51:11,51), um acontecimento que não tinha ocorrido no quarto ano do reinado de Zedequias. Portanto, ou Jeremias está simplesmente colocando-se no futuro e
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exibindo o quadro do Templo já destruído, ou então, podemos supor que esses dois capítulos apresentam uma forma expandida da mensagem do profeta contra a Babilônia, mensagem que ele mesmo preparou no Egito, sob divina inspiração, após o santuário em Jerusalém ter sido realmente destruído. Há outras considerações que parecem dar apoio a esse ponto de vista mencionado por fim. Pois a verdade é que o exílio parece já ter tido lugar, cf. 50:4 (notar a força do verbo yavo’u, isto é, virão, da escravidão em que se encontram agora), 7,17,33; 51:34 e segs. Seja como for, não há motivo suficiente para negarmos a Jeremias a autoria desses capítulos. 52. É capítulo histórico, sendo praticamente o mesmo que II Reis 24-25. Não cremos que Jeremias tenha sido o autor original dessa passagem, mas antes, que ele a aproveitou da mesma fonte da qual foi tirada a passagem em II Reis.
YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag. 196-201.
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LIVRO DO PROFETA EZEQUIEL O Profeta. Ezequiel,1 filho de Buzi, veio de uma família sacerdotal (1.3). Cresceu na Palestina, provavelmente em Jerusalém, e foi posto no exílio em 597 (veja 33.21; 2Rs 24.11-16). Devia ter vinte e cinco anos na época, pois cinco anos depois, aos trinta (veja 1.1),2 foi chamado para o ofício profético. Ezequiel era feliz no casamento (24.16), e a morte repentina da esposa, anunciada de antemão por Javé, foi tratada como um sinal sombrio para alertar Israel (v. 15-24). Morava em casa própria no exílio, em Tel-Abibe, próximo ao canal de Quebar (3.15; cf. 1.1), que ficava nas vizinhanças de Nipur, na Babilônia. Anciãos chegaram à casa de Ezequiel buscando conselho
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(8.1), o que concorda com a declaração de que ele estava “no meio dos exilados” (1.1), vivendo numa comunidade de prisioneiros de guerra oriundos de Judá. Ele data certas revelações pelo ano específico do exílio do rei Joaquim. Seu chamado profético ocorreu no ano 5 (593) e a última data registrada é o ano 27 (571), indicando um ministério de pelo menos vinte e três anos. LASOR, William S.; HUBBARD, David A.; BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1999. Pag. 386-387. Ezequiel foi profeta do cativeiro. Foi levado para a Babilônia em 597 a.C., 11 anos antes de Jerusalém ser destruída. O Cativeiro Assírio de Israel dera-se 120 anos antes: 732 a.C. A Galiléia e todo o Norte e Leste de Israel, por Tiglate-Pileser. 722 a.C. Samaria e o resto de Israel, por Sargão. 701 a.C. 200.000 habitantes de Judá, por Senaqueribe. O Cativeiro Babilónico de Judá foi consumado: 605 a.C. Alguns cativos levados à Babilônia, inclusive Daniel. 597 a.C. Mais cativos levados à Babilônia, inclusive Ezequiel. 587 a.C. Jerusalém é incendiada. Ver mais na pág. 196. O cativeiro durou 70 anos, 605-538 a.C. De 597 a.C. até pelo menos 570 a.C. Ezequiel esteve lá. HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag. 288. O primeiro período da vida de Ezequiel testemunhou o fim do domínio do Império Assírio, um breve período interino da influência egípcia nos negócios de Judá, e depois, o crescente controle dos reis da Babilônia sobre a política do Oriente Próximo. Os reis de Judá em cujo reinado Ezequiel viveu foram: Josias 640-609 a.C. Jeoacaz 609 a.C. Jeoaquim 609-597 a.C. Joaquim 597 a.C. Zedequias 597-587 a.C A MENSAGEM DE EZEQUIEL O impacto total de um livro é freqüentemente muito maior do que a mensagem pretendida pelo autor, e, da mesma forma, a mensagem que o livro de Ezequiel contribui à revelação de Deus nas Escrituras Sagradas é muito maior do que as meras palavras de Ezequiel dirigidas a seus companheiros de exílio. Se não tivéssemos de lidar com nada mais do que isso, poderíamos resumir o ensino de Ezequiel em duas frases: Deus destruirá e, depois de 587 a.C., Deus restaurará e reconstruirá. Mas para relacionar isto com as necessidades dos homens e das nações hoje, conforme é a tarefa da exposição bíblica, devemos olhar abaixo da süperfície, nos princípios subjacentes da natureza de Deus e dos Seus tratos com os homens, que o profeta reconheceu e aplicou, à sua maneira, às situações dos seus próprios tempos. O profeta vétero-testamentário, pois, era essencialmente um intérprete, aplicando o que sabia da natureza e das leis de Deus às condições sociais, políticas e religiosas dos seus dias. A tarefa dele, portanto, era arriscada. Tinha de pesar os fatos e tirar as conclusões certas.
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Tinha de falar com destemor, sabendo que muito provavelmente sofreria oposição ou seria mal entendido. Tinha de falar alto, e de modo memorável, porque seus problemas de comunicação eram muito maiores do que os nossos hoje. Acima de tudo, tendo poucos precedentes como base, e nenhuma Bíblia atrás da qual pudesse esconder-se, tinha de ter dupla certeza de que as palavras que falava não eram dele, mas, sim, dAquele que o enviara. E tinha de fazer tudo isto no meio-ambiente das palavras doutros homens que professavam ser profetas, mas cujos oráculos eram uma ladainha sem a autoridade derivada de terem experimentado a palavra de Deus dentro de si mesmos. Uma boa parte da linguagem de Ezequiel é repeticiosa. Isto às vezes toma a leitura enfadonha, mas ajuda a ressaltar seus temas recorrentes. Cinco destes foram escolhidos para serem comentados aqui. Como as estrelas que perfazem uma consteláção, são os pontos fixos em derredor dos quais o padrão da sua mensagem pode ser construído. A. A TRANSCENDÊNCIA DE DEUS Toda profecia começa com o caráter do Deus que a inspira. No caso de Ezequiel, que foi criado nos círculos sacerdotais em Jerusalém, é inevitável que o aspecto de Deus que ele sentia mais profundamente era Sua santidade. Esta não era uma qualidade moral, embora pudesse mostrar- se em ações morais, e fazia assim mesmo (cf. Is 5 :16b). Era uma palavra que expressava relacionamento. O significado da raiz de qõdes (“santidade”) é “estar separado”, e assim, ser desligado doutros relacionamentos e usos comuns para cumprir uma função peculiar, uma que pertence a Deus, o Santo. O Deus de Israel não possuía, simplesmente, esta qualidade; Ele era esta qualidade. Tudo quanto tinha ligação com Ele derivava dEle a santidade. Podia, portanto, haver um lugar santo onde Ele era adorado, pessoas santas que agiam como Seus ministros, vestes santas que usavam e equipamentos santos que empregavam. Seu nome também era santo, Seu povo Israel era santo (até quando estava vivendo na injustiça), e o lugar onde fez Sua habitação era Seu santo monte. A visão do Senhor montado no Seu carro-trono (1-3) tipificava este senso de transcendência e de majestade. Era indizivelmente esplêndido, misteriosamente intrincado, sobre-humano e sobrenatural, infinitamente móvel mas nunca preso à terra, onividente e onisciente. É assim que Deus Se revelou a Ezequiel, não por proposições acerca do Seu caráter mas, sim, no encontro pessoal. Os rabinos que insistiam que ninguém abaixo da idade de trinta anos deveria ler esta parte do livro de Ezequiel, estavam conscientes de que aqui estavam em terra santa. Ezequiel tinha a mesma consciência. Como Simão Pedro ao ser confrontado pela capacidade sobrenatural de Jesus (Lc 5:8), somente podia cair com o rosto em terra como morto. Este foi o contexto da sua comissão para profetizar, e a partir de então, levou consigo, no decorrer da totalidade do seu ministério, um senso de reverência e de santo temor. É a marca distintiva do profeta verdadeiro em cada geração. O falso profeta pode tagarelar levianamente acerca de Deus, porque nunca se encontrou com Ele. O homem de Deus sai da Sua presença indelevelmente marcado com a glória do seu Senhor. Ezequiel deve ter sabido que o Deus de Israel era o Deus do mundo inteiro, como seu Criador e Sustentador. Suas tradições sacerdotais ensinaram-no, decerto, que Ele era o Deus de todas as nações, e o Juiz delas. Mas, mesmo assim, deve ter sido um grande consolo para ele, e para os exilados, saber que este Deus, cuja habitação ficava no monte Sião podia aparecer-lhes ao lado do rio Quebar, em meio de todo o paganismo e idolatria sórdidos da vida babilónica. Se qualquer israelita sentisse que estava separado do seu Deus, bem como do seu Templo (cf. SI 137:4), esta
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teofania na Babilônia poderia ser entendida como sinal de que Deus ainda Se importava com o Seu povo, mesmo no castigo do exílio. B. A PECAMINOSIDADE DE ISRAEL Ezequiel foi confrontado com reações conflitantes às desgraças recentes da nação. Alguns achavam que o castigo devido pela sua desobediência já fora esgotado pelos eventos de 597 a.C., e que nada restava a fazer senão esperar a repatriação. Outros adotavam a linha fatalista e se consideravam os herdeiros infelizes dos pecados dos seus antepassados pelos quais um Deus injusto agora os castigava. A maioria sentia certa medida de segurança nisto: como eram o povo do próprio Javé, Ele nunca poderia castigá-los por demais drasticamente sem desprestigiar-Se aos olhos dos pagãos. Uns poucos achavam que Javé já tinha ficado humilhado, e fora demonstrado incapaz diante dos deuses da Babilônia. O modo do profeta tratar destes pontos de vista, conforme é demonstrado no comentário sobre os capítulos 1224, revela que é competente e disposto a encontrar- se com seus ouvintes no terreno deles e a responder às objeções que levantam. Na maior parte, no entanto, seu alvo é convencer o povo da sua total indignidade de qualquer consideração da parte de Deus, a fim de levá-lo pelo caminho da vergonha até chegarem ao verdadeiro arrependimento. Faz isto de duas maneiras: a geral e a específica. No primeiro caso, emprega a alegoria para descrever historicamente a história da persistente infidelidade de Israel à aliança graciosa de Deus. Três passagens tratam disto: 16:1-63; 20:1-31 e 23:149. Cada uma delas esquematiza o passado de um modo levemente diferente. A parábola da enjeitada (16:1-63) começa com Israel, ou talvez Jerusalém, como uma enjeitada desatraente (“a revolver-te no teu sangue”), mas quando ficou moça e chegou à idade dos amores, o Senhor entrou em aliança com ela, purificou-a e embelezou-a, e deu a ela generosamente riquezas e honrarias de rainha. Como paga por isto, Israel, confiando na sua beleza, prostituiu-se com estrangeiros e desprezou seu Benfeitor divino. O capítulo 20 vê a história de Israel como um ciclo de atos desobedientes, cada um dos quais foi seguido por uma decisão graciosa da parte de Deus nó sentido de não castigar mas, sim, de reter a Sua mão. É notável aqui a frase repetida: “O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante das nações, no meio das quais eles estavam” (20:9, 14, 22). A ação de Deus em revelar-Se a Israel, em fazer uma aliança com ele, e até mesmo em discipliná-lo, foi inicialmente para seu benefício (“a fim de que soubessem que eu sou o “SENHOR,” etc.; 20:12, 20, 26), mas em última análise Seus tratos com Israel olhavam além dos próprios interesses daquela nação para a preocupação no sentido de o nome de Deus ser conhecido e respeitado pelo mundo inteiro. Esta era uma doutrina que colocava o orgulho de Israel na sua eleição firmemente no seu lugar adequado. Finalmente, a alegoria das duas irmãs (23: 149) desconsidera até mesmo a possibilidade da inocência original de Israel. Oolá e Oolibá prostituíram-se no Egito na sua mocidade. Dificilmente poderiam ser descritas como mulheres caídas, porque nunca estiveram noutro lugar senão no esgoto. Sua única característica era um apetite insaciável pela fornicação, e o castigo delas seria completo — de modo correspondente. A intenção destes panoramas históricos era envergonhar e horrorizar. Se os estudiosos têm razão em supor que um aspecto regular do culto israelita era uma recitação litúrgjca das tradições sagradas do passado, as “obras maravilhosas” (niplã’ôt) do Saltério, então Ezequiel poderia quase ser acusado de parodiá-las com as distorções monstruosas que fazia. Mas quanto mais de perto eram examinadas, tanto mais evidente apareceria que não eram, na realidade, tão distorcidas como algumas pessoas talvez pensassem. A versão que nosso Senhor deu da história judaica não era mais distorcida, e Seus ouvintes reconheciam que era desconfortavelmente leal aos fatos (Lc 20:9-19).
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Mais especificamente, Ezequiel cita no capítulo 8 os delitos que, segundo ele sabia, estavam sendo praticados no Templo. Tratava-se, naturalmente, de desvios religiosos, e incluíam a idolatria descarada, a adoração aos animais, a adoração à natureza, e a adoração ao sol. Embora alguns aspectos da sua descrição sugiram que estes possam ter sido episódios mais típicos do que concretos, não deixaram de ilustrar o grau de sincretismo que estava afetando a adoração a Deus em Jerusalém. Constituíam-se, também, em justificativa abundante para a decisão de Deus no sentido de castigar o povo de Jerusalém com uma matança que relembraria a praga na ocasião da Páscoa (9: 5-6) e de chover destruição sobre a cidade como nos dias de Sodoma e Gomorra (10:2). Tanto aqui quanto nos três panoramas do passado, os pecados de Israel têm sido principalmente pecados religiosos. O povo tem sido idólatra, fez alianças e se prostituiu com potências estrangeiras (e isto envolvia a subserviência religiosa também, conforme vimos), de modo que não cumpriu suas responsabilidades segundo a aliança, não observou as ordenanças e os juízos que o Senhor lhe deu no Sinai (5:6-7). Numa palavra, profanara o nome santo de Deus (20:9; 37:20-23); e, porque para Ezequiel Deus era a santidade, este era o pecado mais horrendo. Em comparação com isto, os pecados sociais que Amós atacara dois séculos antes quase nem são mencionados. c. O fato do julgamento Esta não era nenhuma doutrina nova para um profeta vétero-testamentário. Mensagens de julgamento tinham sido a produção regular dos profetas já havia muitos anos. Mas este próprio fato tomou mais difícil a tarefa de Ezequiel. Havia muita diferença entre ameaças de julgamento e uma mensagem de que o julgamento era iminente. Foi por isso que Ezequiel sentia tão agudamente sua responsabilidade de agir como atalaia nacional para Israel, a fim de adverti-lo quanto à desgraça que estava para desabar sobre ele. A mensagem de Deus para Israel era que o Deus que falava também agiria: “Eu, o SENHOR, o disse, e o farei” (17:24; 22:14; 24:14; 36:36; 37:14). Deus pronunciara a palavra do julgamento, e os homens já não podiam desconsiderá-la, dando de ombros, com a desculpa de que, embora os profetas tivessem ameaçado, nada acontecera até então (12:22), ou que tudo se referia ao futuro distante (12:27). A palavra de Deus agora era: “A palavra que falei se cumprirá” (12:28). D. A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL Von Rad71 indicou que a posição de Ezequiel como atalaia era “quase contraditória, visto que é Javé que não somente ameaça a Israel como também, ao mesmo tempo, deseja adverti-lo a fim de que seja salvo.” A possibilidade da salvação de um remanescente é freqüentemente oferecida, mesmo nas predições da destruição (e.g. 5:3,10; 6:8;9:4), e a intenção de Ezequiel ao agir como atalaia é que o perverso se arrependa e salve a sua vida (3:18). Isto é declarado de modo mais explícito em 18:1-29 onde, num contexto de tentação ao fatalismo (18:2-3) Ezequiel faz questão de dizer que cada homem é tratado como um indivíduo por Deus. Aquilo que lhe acontece não depende puramente da hereditariedade (os pecados do seu pai), nem ainda do meio-ambiente (os pecados da nação), mas, sim, é condicionado pela escolha pessoal. A escolha que importa é a dedicação a Deus. Destarte, o perverso pode voltar-se da sua perversidade para Deus, comprovando sua dedicação mediante a obediência aos mandamentos, e sua perversidade não será contada contra ele. Inversamente, o justo deve ser advertido de que não pode confiar na sua justiça como desculpa para brincar com o mal; se assim fizer, demonstrará que sua conta. Esta não é uma declaração da justificação pelas obras; está dizendo que a vida do homem é uma questão do seu coração. Deus não tira uma média geral da vida de um homem; é a direção da sua dedicação que conta. E o fato básico da análise feita por Ezequiel da questão inteira é que Deus não tem prazer na morte do perverso (18:23, 32); quer que ele se converta e viva. Este é um individualismo radical que faz mais do que
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contrabalançar o senso da responsabilidade e da culpa corporativa que tipificava boa parte do pensamento popular pré-exilico. Aparece outra vez em 14:12-20, onde se ensina a lição de que ninguém pode esconder-se por detrás da justiça dos outros, nem sequer de homens tais como Noé, Daniel, e Jó, na destruição que está para cair sobre Jerusalém. A salvação será numa base puramente individual. (Compare o sinal de isenção que foi colocado à testa daqueles que gemem por causa de todas as abominações que se cometiam na cidade: 9:4).73 Não se segue daí que Ezequiel foi, virtualmente, o inventor da religião individual, o protestante entre os profetas, e que tudo antes dele era coletivista. Não somente Jeremias, como também muitos dos salmos individuais e as experiências pessoais de patriarcas e reis dão testemunho da realidade da piedade individual e de uma consciência pessoal de Deus. Foi o gênio de Ezequiel declarar a aplicação do princípio da responsabilidade individual diante do juízo coletivo que estava para sobrevir a Jerusalém. A destruição estava chegando, mas os homens podiam arrepender-se e ser salvos. Ezequiel, o atalaia, também era Ezequiel, o evangelista. E. A PROMESSA DA RESTAURAÇÃO Embora o arrependimento seja para o indivíduo, a salvação deve ser desfrutada por ele como membro de uma comunidade restaurada. O novo Israel será milagrosamente vivificado pela operação do Espírito de Deus, o Único que pode fazer viver os ossos secos (37:5). Será uma comunidade sem as velhas divisões de Israel e de Judápara separá-la (37:17). Desfrutará das bênçãos de uma aliança eterna, e a divisa da aliança: “eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus,” será escrita na sua constituição (11:20; 14:11; 36:28; 37:23, 27). À testa da comunidade haverá “o meu servo Davi,” o Rei Messias (37:24-5). Nenhuma tentativa é feita para identificar esta pessoa, e rebuscamos o livro de Ezequiel em vão para qualquer elaboração deste tema específico. Esta pessoa, no entanto, terá o direito de ser chamada o rei (melek) de Israel, além de ser seu príncipe (nàst’), termo este que na era messiânica futura terá perdido suas implicações pejorativas (cf. 37:25; 45:7, etc.). Remará de modo justo e consciencioso, e cuidará dos fracos e dos aleijados entre o rebanho (34: 23). A terra prosperará e florescerá, e de dentro do santuário na nova Jerusalém fluirá o simbólico rio da vida para regar os lugares desertos da terra (47:1-12). Tudo isto, no entanto, é apenas o aspecto externo da restauração que Deus promete ao Seu remanescente justo. Internamente, Ele faz a oferta de um novo coração e de um novo espírito para o israelitada individual, de modo que possa ser purificado da imundícia dos seus pecados e da impureza do exílio, e possa ser motivado interiormente para viver de acordo com os mandamentos de Deus (36:24-28). Nestas palavras Ezequiel dá uma definição adicional à profecia de Jeremias sobre a nova aliança (Jr 31: 31-34), acerca da qual parece ter sido informado com bastantes pormenores, e em especial, explica como esta esperança pode ser efetuada mediante um transplante espiritual, mediante o dom de Deus, que é um coração de carne em troca do coração de pedra do homem. A mensagem é clara: a maior pedra de tropeço do homem está nele mesmo, e nada pode resolver este problema a não ser a ação graciosa de Deus na renovação e na regeneração espiritual. TAYLOR, John B. Ezequiel: Introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. Tradução: Gordon Chown. Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1984. Pág.28 e 38-44.
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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LIVRO DO PROFETA DANIEL A situação política de Judá Nos anos 608 a 597 a.C., reinava em Jerusalém Jeoaquim, que havia sido empossado por Neco, faraó do Egito (2Rs 23.34). Naqueles dias, duas nações lutavam pelo domínio da região: a Assíria e o Egito. Neco, rei do Egito, subira para batalhar contra o rei da Assíria (2Rs 23.29). Josias, rei de Judá, temendo pela segurança de seu reino, achou melhor atacar o exército egípcio, mas morreu na batalha de Carquemis, em 608 a.C. Neco, que agora estava com todos os trunfos na mão, destituiu a Jeoacaz, filho de Josias, quando este havia reinado apenas três meses, impôs pesado tributo a Judá, e constituiu rei a Jeoaquim, irmão do deposto Jeoacaz (2Rs 23.31-35). O castigo de Deus foi retardado, mas não evitado (2Rs 23.26,27). Jeoaquim foi um rei ímpio. Seu pai Josias rasgou suas roupas em sinal de contrição e arrependimento. Ao contrário, Jeoaquim rasgou e queimou o rolo da Palavra de Deus que continha as mensagens do profeta Jeremias e mandou prender o mensageiro (Jr 36.20-26). Jeoaquim era também assassino. Porque as mensagens do profeta Urias eram contrárias aos seus interesses, ele mandou matá-lo. Urias fugiu para o Egito, mas Jeoaquim mandou seqüestrá-lo. Ele foi trazido à sua presença e morto à espada (Jr 26.20-23). O cenário político ao redor de Judá No ano 606 a.C., novos acontecimentos vieram modificar o cenário político-militar da conturbada região. Uma vitória de Nabucodonozor, rei da Babilônia, sobre o faraó Neco, consolidou a Babilônia como nova potência mundial em ascensão. O Egito e a Assíria haviam disputado o predomínio, mas a luta enfraquecera a ambos. Assim, a Babilônia foi quem mais ganhou com essas brigas. Quando dois cães brigam por um osso, pode aparecer um terceiro e levá-lo com a maior facilidade. Nabucodonozor fez três incursões sobre Jerusalém: em 606 a.C., levou os nobres (dentre eles Daniel) e os vasos do templo. Em 597 a.C., noutra incursão, levou mais cativos. O rei Jeoaquim rendeu-se sem resistência. Nesse tempo, também, foi ao cativeiro o profeta Ezequiel (2Rs 24.8). Em 586 a.C., após dezoito meses de sítio, os exércitos do rei da Babilônia saquearam a cidade de Jerusalém. Arrasaram-na totalmente, destruindo também o templo. O rei Zedequias foi capturado quando tentava fugir e levado à presença de Nabucodonozor. Seus filhos foram mortos em sua presença, seus olhos foram vazados, e ele levado cativo para a Babilônia com o seu povo (2Rs 25). O cenário espiritual em Judá Depois da reforma de Josias, Judá voltou a se esquecer de Deus. Os filhos de Josias não temiam a Deus como ele. Os reis foram homens ímpios. Eles não aceitavam mais ouvir a Palavra de Deus. Alguns profetas e sacerdotes se corromperam. Os profetas de Deus foram perseguidos, presos e mortos. Em vez de haver quebrantamento, arrependimento e volta para Deus, o rei, os sacerdotes e o povo se endureceram ainda mais. Contudo o rei: "... endureceu a sua cerviz e se obstinou no seu coração, para não voltar ao Senhor, Deus de Israel” (2Cr 36.13). Diz ainda a Palavra de Deus que: “... todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam cada vez mais a sua infidelidade, seguindo todas as abominações dos gentios; e profanaram a casa do Senhor, que ele tinha santificado para si em Jerusalém” (2Cr 36.14). O poder do império babilônico A Babilônia tornou-se o maior império do mundo. Era senhora do universo. O reinado de Nabucodonozor abarcou um período de 43 anos.5 Durante seu reinado, a cidade de Babilônia foi embelezada. As muralhas da cidade eram inexpugnáveis, com trinta metros de altura e dava para três carros aparelhados, com mais de 1.200 torres. Ali havia uma das sete
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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maravilhas do mundo antigo, os jardins suspensos da Babilônia. O povo de Judá foi arrancado da cidade santa, e o templo destruído. O cerco trouxe morte e desespero. As crianças morriam de fome, os velhos eram pisados, e as jovens forçadas. Isso trouxe dor e lágrimas ao jovem profeta Jeremias. Ele chega a dizer que mais felizes foram os que foram mortos à espada que aqueles que morreram pela fome (Lm 4.9). O povo levado ao cativeiro se assenta, chora, curte a sua dor, dependura as harpas e sonha com uma vingança sangrenta (SI 137.1-9). LOPES, Hernandes Dias. Daniel: Um homem amado no céu. Editora Hagnos. São Paulo, 2005. pag. 19-22.
A Cidade de Babilônia Babilónia, que serviu de cenário ao ministério de Daniel, era a cidade maravilhosa do mundo antigo. Situada no berço da raça humana, próxima da região do Jardim do Éden, edificada à volta da Torre de Babel (ver pág. 84), primeira sede imperial, residência favorita dos reis babilônios, assírios e persas, mesmo de Alexandre o Grande, cidade que dominou durante tôda a era pré-cristã, Babilônia foi levada ao apogeu do poder e da glória nos dias de Daniel por Nabucodonosor, seu amigo, o qual durante seu reinado de 45 anos nunca se cansou de edificar e embelezar seus palácios e templos. As dimensões de Babilônia. Dizem historiadores antigos que seu muro media 96 km de extensão, 24 km de cada lado da cidade, por 90 m de altura e 25 de espessura, medindo seus alicerces 12 m de profundidade, para que os inimigos não cavassem túneis por baixo deles; construído de tijolos de 30 cm quadrados, 8 a 10 cm de espessura; havia 400 m de espaço livre entre a cidade e o muro, por todo o seu circuito; o muro era protegido por valas (canais) largas e profundas, cheias d’água; havia 250 torres no muro, salas de guarda para soldados; 100 portões de cobre. O Eufrates dividia a cidade em duas partes quase iguais, ambas as margens protegidas por muros de alvenaria em toda a sua extensão, com 25 portas ligando ruas a barcos de passageiros; uma ponte sobre pilastras de pedra, de 800 m de comprimento, 10 de largura, com passagens levadiças que à noite eram removidas. Sob o rio passava um túnel de 5 m de largura, 4 de altura. Escavações de anos recentes têm confirmado, em grande medida, as descrições aparentemente fabulosas desses historiadores antigos. O Grande Templo de Marduque (Bei), contíguo à Torre de Babilônia (Babel?), era o mais famoso santuário de todo o vale do Eufrates. Continha uma imagem de Bei, de ouro, e uma mesa de ouro, os quais, juntos, pesavam nada menos de 22.500 quilos. No topo havia imagens de ouro de Bei e Istar, 2 leões de ouro, uma mesa de ouro de 13 m de comprimento por 5 de largura, e uma figura humana, de ouro maciço, com 6 m de altura. A cidade era muito religiosa: tinha 53 templos, e 180 altares dedicados a Istar. Pode ter sido na planície entre a Torre de Babilônia e o Palácio de Nabucodonosor que foi erigida a “imagem de ouro”, 3:1. O Palácio de Nabucodonosor, onde muitas vezes esteve Daniel, era um dos mais magnificentes edifícios que já se erigiram na terra. Suas vastas ruínas foram descobertas por Koldewey, 18991912. As paredes do lado sul da sala do trono, tinham 6,6 m de grossura, ver a Fig. 63 à pág.
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306. O lado norte do palácio era protegido por três muros. Bem ao Norte deles, havia mais muros de 16 m de espessura. Um pouco além, outros muros mais sólidos. E cerca de 1.600 m mais para fora ficava a muralha interior da cidade, que consistia em dois muros paralelos de alvenaria, cada qual de uns 7 m de espessura, 13 de distância um do outro, sendo o espaço no meio preenchido de cascalho, fazendo uma espessura total de uns 26 m, com uma vala (canal) larga e profunda do lado de fora. Mais além ficava a muralha exterior, construída do mesmo modo. Para as guerras da antiguidade, a cidade era simplesmente inexpugnável. Os Jardins Suspensos de Babilônia eram uma das Sete Maravilhas do mundo antigo, construídos por Nabucodonosor para a sua rainha meda, linda filha de Ciaxares, o qual ajudara ao pai dele naconquista de Nínive; sobre várias fileiras de arcos, sobrepostos uns aos outros, cada um sustentando sólida plataforma; 132 m quadrados; no alto, havia terraços e cumieiras cobertas de flores, arbustos e árvores, jardins sobre o teto; regados de um reservatório na parte superior, para onde subia a água do rio, propelida por bombas hidráulicas. Embaixo, nas arcadas, havia apartamentos luxuosos, área de prazeres do palácio. Foram construídos quando Daniel era governador chefe dos sábios de Babilônia. Koldewey descobriu arcadas no ângulo N.E. do palácio, que lhe pareceram ser os Jardins Suspensos. A Via Processional, a grande estrada imperial c sagrada, começava ao N. c aos poucos ia subindo, passava pelos terrenos do palácio no ângulo N. E., atravessava a porta de Istar e subia ao centro da cidade, descendo aos poucos para o ângulo S.E. do muro da Torre de Babilônia; nesse ponto dobrava diretamente para O. e se dirigia à ponte do rio. De ambos os lados havia muros altamente defensivos, de 6,6 m de espessura, adornados de brilhantes relevos vitrificados de leões, de muitas cores. A via era pavimentada de lajes de pedra, de 1 m. quadrado cada. Próximo à entrada do palácio os blocos ainda se acham em seus lugares, na posição em que estavam quando Daniel andava sobre eles. HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag. 299-301.
Síntese canônica: a soberania de Deus sobre Israel, a história e os ídolos Embora esses capítulos façam sua singular contribuição à teologia do AT, eles também se conectam de vários modos com todo o cânon. O contexto do livro une seu conteúdo à Lei, aos Profetas, tanto aos Anteriores quanto Posteriores, e aos Escritos. Daniel e os exilados experimentam diretamente as ameaças anunciadas em Levítico 26 e Deuteronômio 27 e 28. Eles aprendem empiricamente a gravidade da quebra da aliança quando abandonam a Terra Prometida. Contudo, deve ser destacado que, assim como José, a expulsão da terra não é devido aos próprios pecados. Mais propriamente, eles sofrem pelos pecados dos outros. Essa angústia é descrita em 2Reis 23.31—24.7, onde décadas de pecado começam a culminar no domínio babilônio de Judá. Os Profetas Posteriores prometeram que a Babilônia conquistaria Jerusalém. Isaías 39.1-8 afirmara até mesmo que os descendentes de Ezequias serviriam aos reis da Babilônia (39.7). Isaías também previu a vitória de Ciro sobre a Babilônia (44.28; 45.1). Jeremias avisou que o
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exílio babilónico duraria setenta anos (25.1-11). Num texto anterior, entretanto, ele oferecera esperança ao mesmo grupo de exilados ao qual Daniel pertence, quando o profeta os avaliou favoravelmente, ao contrário dos judeus que permaneceram em Jerusalém (24.1-10). Os exilados ficam sabendo que Deus os prefere aos “figos podres” caídos na terra. Ezequiel compartilhou a experiência babilónica e as tendências visionárias posteriormente relatadas por Daniel. Os Escritos repercutem os perigos inerentes à situação de Daniel. O salmo 137 reflete a angústia sentida pelos judeus na Babilônia. A perda da terra, do status e da liberdade leva-os quase ao desespero. Embora trate mais especificamente da queda de Jerusalém do que da situação do exílio, Lamentações expressa o sentimento de aflição que o povo escolhido experimenta ao perder sua herança divinamente determinada. Como companheiro canônico de Daniel, o livro de Ester prepara a base para a ênfase do livro seguinte sobre o perigo e a libertação. Não importa quão cuidadosos os crentes possam ser, eles ainda sofrerão por ser quem são e acreditar do modo como acreditam. Esse perigo força o fiel a confiar em Deus enquanto espera pela libertação final do exílio causado pelo pecado. As ações e atitudes de Daniel têm muito em comum com os livros de sabedoria dos Escritos. Ele e seus amigos foram educados como homens sábios na corte real da Babilônia, uma educação que realça a literatura e a cultura babilónica. Mas os israelitas permanecem centrados na própria herança de sua sabedoria. Deus abençoa a todos com conhecimento, habilidade e um brilhantismo especial em todos os assuntos de sabedoria (1.17- 21). Eles efetivamente aplicam os princípios bíblicos em questões complexas (1.8-16; 3.1-18). A opinião de Daniel é buscada em momentos estratégicos, particularmente quando devem ser interpretados sonhos. Nabucodonosor acredita que o espírito de Deus está em Daniel, sendo essa a razão de sua sabedoria (4.8,18). Assim, Daniel age tanto como homem sábio quanto como a voz profética do futuro. Sua posição entre os sábios possibilita-lhe a oportunidade de receber e interpretar as visões. O mesmo Deus que revelara a sabedoria aos autores de Jó, Provérbios e Ecle- siastes enche Daniel de perspicácia e discernimento. Além das idéias comuns relacionadas ao contexto de Daniel, o capítulo 2 continua os ensinamentos do cânon sobre o Deus que conhece e revela o futuro. Na Lei, Moisés predisse o desejo de Israel por um rei (Dt 17.14,15), a elevação de um profeta como ele (Dt 18.15-22) e a rebeldia de Israel contra o Senhor (Dt 31.14-29). Aias (lRs 11.26-40; 14.1-18), Jeú (lRs 16.1-7), Elias (lRs 17.1; 21.17-24), Eliseu (2Rs 13.14-19), Isaías (2Rs 19.20-34; 20.1-19) e Hulda (2Rs 22.14-20) oferecem previsões acuradas no livro de Reis. Esses servos se unem a Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze na confissão de que o Senhor é quem lhes revela o futuro, o que também é uma convicção de Daniel (2.20-23,28). Mais será dito sobre esse assunto nos comentários a respeito de Daniel 7—12, mas deve-se adiantar aqui que a intenção do livro é sublinhar que a soberania de Deus sobre a história inclui a capacidade de conhecer e governar o futuro. O Senhor está envolvido com eventos humanos que acontecem no tempo, contudo ele não é, de forma alguma, limitado pelo tempo. A faculdade divina de salvar, o ponto principal de Daniel 1,3 e 6, não pode ser considerada uma idéia nova. Uma das mais evidentes analogias está na determinação do Senhor de fazer
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cumprir os objetivos da nação por intermédio de um servo escolhido. Tanto José quanto Daniel sofrem para que outros possam ser preservados. A salvação divina também domina os acontecimentos, como ocorreu no êxodo, na conquista, na vida de Davi, no reinado de Ezequias e no primeiro Purim. Finalmente, todo o cânon testemunha a resoluta oposição do Deus único contra a arrogância que comanda a idolatria. Daniel 4 e 5 concorda com Isaías 10.5-11, 14.12-15 e 47.10 que Deus deve julgar os reis e as nações que se vangloriam, como se não fosse o Senhor quem lhes tivesse dado tudo o que possuem. Os egomaníacos tendem à auto-adoração, uma marca de idolatria particularmente evidente em Daniel 3. Em resposta a tal orgulho, Daniel salienta que Deus dá a vida e salva, ele é santo, soberano, justo e vive para sempre. Nenhum ídolo ou imperador possui tais características, assim, nenhum merece adoração. O Deus único continua reinando, apesar do exílio do Israel. O exílio faz o reino universal de Deus mais patente, em razão do testemunho do remanescente entre os gentios.
HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. Pag. 642-644.
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LIVRO DO PROFETA AGEU Israel passara por um longo período de humilhação e ansiedade espiritual nos 70 anos do exílio antes do ministério de Ageu. A fim de entendermos os problemas enfrentados por este profeta do pós-exílio, precisamos conhecer algo destes anos de provação e os acontecimentos perto do fim, que resultaram na volta dos judeus para C anaã. A. O Cenário Histórico Pelo decreto de Ciro, o conquistador persa do Império Caldeu, o cativeiro na Babilônia chegou ao fim. Pelo menos os judeus já não estavam proibidos de voltar à pátria. Este rei fez uma declaração positiva, ao dar-lhes a permissão de voltar para reconstruir a nação e restaurar a adoração. Muitos judeus estavam tão bem instalados na Babilônia que não tinham interesse em voltar. Mas houve um grupo de uns 50 mil que, sob a liderança de Zorobabel, voltou com o coração cheio de esperança. “A comitiva seleta que acompanhou Zorobabel deve ter sido formada dos membros mais sérios, religiosos e empreendedores da nação cativa”.
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Contudo, devido à oposição que enfrentaram na pátria, principalmente dos vizinhos samaritanos, não puderam concluir os planos de reedificação do Templo e reconstrução da cidade. Com a subida ao trono persa de Dario Histaspes, o decreto que interrompera os trabalhos foi revisado e revertido. Então, “os profetas Ageu e Zacarias exortaram veementemente seus compatriotas a reiniciarem os trabalhos. [...] O empenho de reconstrução do Templo foi adequadamente retomado”.3 Este novo ímpeto ocorreu após um período de uns 17 anos, durante os quais os trabalhos ficaram parados. E neste plano de fundo da situação histórica que devemos ver e entender o ministério de Ageu. O Profeta Pouco sabemos sobre a vida pessoal de Ageu. O nome significa “festivo” ou, se for abreviação de Hagias (1 Cr 6.30), “festas de Jeová”.4 Diferente de Sofonias, não há genealogia ligada ao seu nome e, fora do seu livro, é mencionado apenas em Esdras 5.1 e 6.14. O principal trabalho de Ageu, junto com Zacarias, era promover a retomada da restauração do Templo. “Quase poderíamos dizer: ‘Sem Ageu não haveria Templo’”.5 Os expositores concordam que já era idoso quando profetizou. Esta dedução é extraída de 2.3, a qual indica que ainda se lembrava do Templo de Salomão, que fora destruído havia quase 70 anos. A tradição talmúdica alista Ageu, Zacarias e Malaquias como fundadores de “A Grande Sinagoga”, uma reunião de estudiosos judeus e rabinos que surgiu nos dias de Esdras. Vários salmos na Septuaginta são atribuídos a Ageu. Junto com estes dois profetas, é contado entre os últimos mensageiros dos oráculos divinos. O Talmude declara que com sua morte o Espírito Santo saiu de Israel. REED, Oscar F. Comentário Bíblico Beacon, Volume V. Tradução Luís Aron de Macedo. Editora CPAD, Rio de Janeiro, 2012. Pag 275. A Cronologia do Período 538 a.C.: 50.000 judeus, sob Zorobabel, voltam a Jerusalém. 538 a.C.: No 7.° mês, edificam o altar e oferecem sacrifício. 537 a.C.: No 2.° mês, começa a obra do Templo e é suspensa. 520 a.C.: No 6.° mês (setembro), dia 1.°, Ageu chama para a construção. No 6.° mês, dia 24, começa a construção. No 7.° mês (outubro), dia 21, segundo apelo de Ageu. No 8.° mês (novembro), alocução inicial de Zacarias. No 9° mês (dezembro), dia 24, 3.° e 4.° apelo de Ageu. No 11.° mês (fevereiro), dia 24, visões de' Zacarias. 518 a.C.: No 9.° mês (dezembro), dia 4, visões de Zacarias. 516 a.C.: No 12.° mês (março), dia 3, acaba-se o Templo. 515 a.C.: No 1.° mês (abril), dias 14 a 21, Páscoa jubilosa.
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458 a.C.: Esdras vem a Jerusalém e empreende certas reformas. 444 a.C.: Neemias reconstrói os muros. Período de Malaquias.
A Situação Judá fora conquistado, Jerusalém queimada, o Templo demolido e o povo levado para Babilônia, 605-587 a.C., como se diz em 2 Rs caps. 24, 25. Depois do cativeiro de 70 anos, uns 50.000 judeus retornaram à pátria, conforme o edito do rei Ciro (Ed caps. 1, 2), 538 a.C., e sob a direção do governador Zorobabel e do sacerdote Jesua, começaram a reedificar Jerusalém, principiando pelo Templo. Mas, antes que removessem o entulho e lançassem as fundações desse Templo (Ed 3:10), a obra foi suspensa pelos seüs vizinhos inimigos (Ed 4). Nada mais se fez durante 15 anos. Nesse ínterim, novo rei, Dario, subiu ao trono da Pérsia. Tinha boa vontade para com os judeus. O tempo era auspicioso. E sob a pregação e o encorajamento imediato de Ageu e Zacarias, a obra foi reencetada e o Templo acabado em quatro anos, 520-516 a.C. (Ed caps. 5, 6). HALLEY, Henry H., Manual Bíblico de Halley. Tradução David A. de Mendonça. Editora Vida Nova. São Paulo, 1994. Pag. 334-335. O Deus que renova o templo: Ageu Sofonias termina sem dizer como a renovação acontecerá na história. Ageu, Zacarias e Malaquias tratam desse assunto e apresentam um padrão consistente de como a restauração final se desenrolará. Esses profetas são totalmente honestos sobre o quão preliminar e preparatória é a época deles para uma renovação total, mas ao mesmo tempo têm a esperança de que os alicerces que foram lançados serão vitais para o futuro. Peter R. Ackroyd comenta que Ageu e Zacarias 1—8 estão especialmente cônscios de que vivem numa nova época caracterizada pela bênção de Deus. O sinal da bênção de Deus é a presença divina, e os pontos que atraem essa bênção são o templo e a comunidade de fé.112 Em outras palavras, Ageu e Zacarias 1—8 destacam o templo, a cidade e o povo. Também é correto incluir Zacarias 9—12 e Malaquias neste sumário. Ageu e Zacarias são contemporâneos. Às mensagens de Ageu pode-se atribuir a data de 520 a.C, ao passo que as de Zacarias acontecem durante 520-518 a.C.113 Ambos os profetas atuam depois da derrota da Babilônia pela Pérsia em 539 a.C., que foi o cumprimento de promessas feitas em Isaías 13.1—14.23, Jeremias 50 e 51 e Habacuque 2.2-20, depois do decreto que Ciro emitiu em 538 a.C. permitindo o retorno de judeus à sua pátria, um evento prometido em vários textos (p.ex., Is 35; 44.28— 45.1; Jr 29.1-14), e depois do retorno inicial dos judeus por volta de 538-535 a.C. (v. Ed 1 e 2).114 Todos esses são inquestionavelmente eventos cruciais. Poderiam muito bem ser considerados como prova de que os setenta anos de exílio de Israel (Jr 29.1-14) tinham cedido lugar a uma nova era em que Israel, uma vez mais, podia habitar a terra prometida, renovar a aliança e desfrutar as bênçãos de Yahweh. A profecia estava se cumprindo durante a sua própria existência, e a questão era o quanto daquelas profecias e que tipo de profecias estava se cumprindo. Ageu defende a idéia de que a completa renovação nacional não poderá acontecer até o templo ser reconstruído. Esdras 3.8—4.24 indica que os exilados tentaram reconstruir anteriormente, mas foram impedidos por inimigos políticos. Ageu entende que chegou a hora
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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de começar de novo. Ele apresenta quatro mensagens que motivam o povo a construir. Primeiro, em 1.1-15 proclama que Deus merece honra, de sorte que o povo deve construir um templo que demonstre seu compromisso com Yahweh. Segundo, 2.1-9 apresenta o Deus que promete uma glória maior para o novo templo. Essa promessa é possível devido à garantida presença do Senhor no novo centro de adoração. Terceiro, 2.10-19 declara que Deus purifica o povo a fim de que seja um remanescente apropriado. Quarto, 2.20-23 afirma que Yahweh renova a aliança com Davi. Estando o povo de volta na terra, o templo no seu lugar e a aliança davídica reafirmada, Ageu declara que a renovação total é não apenas viável, mas já está a caminho. HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. Pag. 490-491. Análise A breve profecia deixada por Ageu se divide em quatro porções. 1) 1:1-15. Essa secção foi proferida no primeiro dia do sexto mês do segundo ano do reinado de Dario (cerca de agosto-setembro). Ageu dirigiu sua mensagem aos líderes, isto é, Zorobabel, o governador, e Josué, o sumo-sacerdote. Ele começa com uma declaração sobre a atitude do povo. O povo vinha dizendo que o tempo ainda não estava maduro para a reconstrução da casa do Senhor. Essa atitude é repreendida. O povo habitava em casas forradas, enquanto que o templo do Senhor jazia desolado. O povo providenciava para que suas próprias casas fosses bem cobertas e protegidas e, de fato, eram suntuosamente edificadas; no entanto, o povo exibia pouca preocupação verdadeira pela casa de Deus. Portanto, chegara o tempo de considerarem seus caminhos. Por outro lado, a bênção do Senhor não se vinha derramando sobre o povo por causa de sua negligência. “Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos, vesti-vos mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” (1:6). Ageu exortou ao povo para que reiniciasse a reconstrução do templo, pois o Senhor teria prazer nisso e seria glorificado. Em resultado de sua mensagem fervorosa, os líderes do povo e o próprio povo temeu ao Senhor e, no vigésimo quarto dia do sexto mês (isto é, justamente vinte e três dias depois de Ageu ter entregue sua mensagem), começaram a obra de reconstrução do negligenciado templo. 2) 2:1-9. A segunda mensagem foi recebida por Ageu, da parte do Senhor, no vigésimo primeiro dia do sétimo mês. Trata-se essencialmente de uma mensagem de consolo e esperança. Aparentemente havia alguns que se lembravam da glória do primeiro Templo, isto é, do Templo -que Salomão edificara, e que Nabucodonosor destruíra em 587 A. C. O presente Templo, entretanto, nada era comparado com aquela magnífica estrutura. Não obstante, não deve haver motivo de desencorajamento nesse fato. O Senhor continuava em companhia do Seu povo, tal como havia pactuado com ele ao tirá-los da terra do Egito. Além disso, esse templo receberia uma glória maior ainda que a do primeiro templo. Pois o Senhor enviaria o “desejado nas nações” dizendo Ele: “... e encherei de glória esta casa...”. O resultado disso é que “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos...” (2:9). Essa promessa é messiânica. O “desejado das nações” não é outro senão o próprio Messias. Deve ser óbvio, para o leitor cuidadoso dessa promessa, que as bênçãos que o Senhor está aqui prometendo tem natureza espiritual. Era possível que esse segundo templo nunca se equipararia ao primeiro quanto ao esplendor e glória materiais; mas haveria uma glória muito
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maior que a glória do primeiro, pois seria uma glória que haveria de abalar os céus.a terra, o mar e a terra seca. (Cf. Hb 12:26-28). 3) 2:10-19. A terceira revelação foi dada a Ageu no vigésimo quarto dia do nono mês (isto é, dois meses após a revelação anterior). Nesta secção, o profeta procura explicar à nação que, assim como uma coisa pura se tornava poluída se fosse tocada pelo impuro, semelhantemente a atitude anterior do povo para com o Senhor e Sua casa poluía o trabalho deles, em resultado do que a bênção do Senhor fora suspendida. Entretanto dali por diante, o Senhor haveria de realmente abençoá-los. “Já não há semente no celeiro. Além disso a videira, a figueira, a romeira e a oliveira não tem dado os seus frutos; mas desde Este dia vos abençoarei” (2:19). 4) 2:20-23. Essa última revelação foi recebida no mesmo dia que a revelação anterior. Trata-se de uma mensagem de consolo. O Senhor estabeleceria Zorobabel. Isso significa que o Senhor depositara afeição sobre a linhagem escolhida, e que Ele certamente cumpriria Suas promessas de abençoar essa linhagem. O poder dos reinos pagãos seria quebrado pelo Senhor, e Ele demonstraria verdadeiramente Sua misericórdia ao Seu povo. YOUNG, Edward J., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964. Pag. 241243. LIVRO DO PROFETA ZACARIAS O retorno do exílio na Babilônia reacendeu a alegria no coração dos israelitas. Mas também promoveu a ansiedade. Estariam a salvo na própria terra ou teriam novos e velhos inimigos a assediá-los mais uma vez? Deus os teria realmente perdoado ou continuaria a puni-los? Eles continuariam fiéis a Deus ou voltariam a cair nos pecados de seus ancestrais? Que tipo de liderança teriam, agora que a monarquia fora obliterada? Como levariam uma vida consagrada em circunstâncias tão drasticamente diferentes das que conheciam antes do exílio? Qual seria o futuro final guardado por Deus para seu povo e para as outras nações? Deus levantou Zacarias para responder a essas e a outras perguntas perturbadoras. As datas fornecidas na profecia de Zacarias1 mostram que foi contemporânea de Ageu (veja o contexto histórico na parte final do capítulo 28). O livro é um produto da época pós-exílica, bem diferente das obras proféticas anteriores ao exílio. Esses pontos são essenciais para um quadro fidedigno da natureza histórica dessa obra reveladora. O Profeta. O nome Zacarias significa “Ja*vé+ se lembra” ou “Ja*vé+ se lembrou”. Seria ele o “filho de Ido” como registra Esdras (5.1; 6.14) ou “filho de Baraquias, filho de Ido” como em Zacarias (1.1)? Pode ser que o profeta Zacarias tenha sido confundido com Zacarias, o filho de Zeberequias de Isaías 8.2, com a abreviação do nome Zeberequias para Baraquias.2 Nesse caso, devemos seguir Esdras — ele era filho de Ido. Entretanto, a palavra hebraica “filho” pode significar descendente. Isso removeria a dificuldade: Zacarias era de fato filho, i.e., neto, de Ido (Ed 5.1; 6.14), mas o pai dele era Baraquias (Zc 1.1). Neemias também alista um sacerdote chamado Zacarias da família de Ido (Ne 12.16). Se era o mesmo Zacarias, provavelmente foi sacerdote bem como profeta — mas não podemos ter certeza. Além desses fragmentos de informação, pouco se sabe. Uma coisa é certa: Zacarias desempenhou um papel importante,
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juntamente com Ageu, na inspiração dos anciãos sob a direção do governador Zorobabel e do sumo sacerdote Josué para completarem a reconstrução do templo (Ed 5.1-2; 6.14). LASOR, William S.; HUBBARD, David A.; BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1999. Pag. 434-435 Embora atue à mesma época de Ageu, ministrando ao mesmo povo por muitas das mesmas razões, a personalidade e o estilo de Zacarias são bem diferentes dos de seu colega.127 Zacarias é um visionário que emprega linguagem simbólica para comunicar suas mensagens. Dessa maneira Zacarias se parece bastante com Ezequiel. Ambos os profetas antevêem uma Jerusalém renovada, com um templo restaurado em seu centro. Ambos acreditam que o rei davídico será fundamental nessa restauração, ambos enfatizam o Espírito de Deus e ambos concentram-se no futuro. Zacarias concorda com a preocupação de Ageu quanto à construção do templo, mas por outro lado oferece esperança de uma purificação generalizada para toda a santa cidade de Jerusalém, na condição de capital do reino de Deus na terra. Jerusalém é, em última instância, o interesse básico de Zacarias. Conforme escreve John D. W. Watts:
O tema do livro é o reino de Deus. Esse tema é apresentado de inúmeras e variadas maneiras, sempre relacionado com outros temas. A relação de Jerusalém com o reino é um tópico que aparece ao longo de todo o livro. A intenção que o Senhor tem de ali reestabelecer sua morada é a razão de construir o templo. A vinda de Deus a Jerusalém e sua morada ali slo sinais da eleição da cidade. Ela é o tema central daquela ocasião que o profeta chama de “aquele dia”. Quando tudo mais estiver sob o juízo final do Senhor, Jerusalém permanecerá exaltada e confirmada.
Zacarias pode ser dividido em cinco partes. Primeiro, o profeta começa o livro afirmando a justiça das maneiras como no passado o Senhor tratou Israel (1.1-6). Segundo, uma série de oito visões descreve Deus como “zeloso *ou ciumento+ com Jerusalém e Sião” (1.7—6.15; v. 1.14). Cada visão estende o domínio de Yahweh sobre a criação. Em todos os momentos Jerusalém e o templo são os pontos centrais da atividade de Deus. Terceiro, em 7 e 8 o texto anuncia o Deus que perdoa e abençoa. Quarto, como prelúdio a uma restauração final em 9— 11, o texto apresenta Deus como o pastor e protetor de Israel. Agora a profecia ressalta a vinda do Salvador prometido para conduzir o povo escolhido. Quinto, em 12—14 a profecia se concentra no Deus que habita em Sião. Quando a presença do Senhor encher a cidade, o resultado será uma renovação total, e Jerusalém será santa ao Senhor (14.20,21). Naquele tempo tanto o templo quanto a cidade anunciarão a glória do Senhor.
Síntese canônica: aquele que é traspassado
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A semelhança de Zacarias 9—11, Zacarias 12—14 possui múltiplas ligações com textos anteriores relacionados com a promessa davídica. Seus paralelos mais interessantes estão, no entanto, em Isaías 52.13—53.12. Tanto o pastor de Zacarias quanto o servo de Isaías são justos, mas ao mesmo tempo feridos por Deus, operam arrependimento pesaroso e per dão divino por meio de suas mortes e ajudam a produzir um remanescente de fé. Existe, então, uma clara “associação de idéias” entre os textos.160 Zacarias 12.10—13.9 parece associar as duas personagens com o objetivo de identificar serviço, pastoreio e sofrimento com o governante davídico que viria. Várias passagens do Novo Testamento referem-se a Zacarias 9—14. A maioria desses textos acha-se concentrada na descrição dos últimos dias de Jesus. Por exemplo, Mateus 21.5 e João 12.5 citam Zacarias 9.9 no contexto da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Dessa maneira ambos os evangelhos apresentam Jesus como o pastor davídico que viria e cuja humildade é compatível com a descrição feita pelo profeta. De modo semelhante Mateus 26.31, Marcos 14.27 e talvez João 16.32 referem-se a Zacarias 13.7 para descrever a dispersão dos discípulos na noite anterior à crucificação. Tal dispersão é resultado da morte do pastor deles, mas por outro lado conduz, após a ressurreição, à criação de um novo remanescente de fé (Mt 26.32; Mc 14.28). Em Zacarias e nos Evangelhos os atos de ferir o líder e criar o remanescente são trabalho direto do Senhor, e esse ferir constitui ao mesmo tempo uma hora de juízo e a base para a esperança. É bem evidente que as associações que Zacarias faz entre a linhagem davídica, o pastoreio, o sofrimento e a renovação foram especialmente convincentes para os escritores dos Evangelhos, que acreditavam que Jesus se encaixa na descrição abrangente do governante davídico encontrada ali.
HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. Pag. 501-503. LIVRO DO PROFETA MALAQUIAS O Profeta Sob o aspecto histórico, nada sabemos sobre a vida do profeta Malaquias. Tudo o que entendemos é o que deduzimos de suas declarações. Não há como ter certeza de que Malaquias, que significa “meu mensageiro”,1 é o nome do profeta ou apenas seu título. Josefo, que menciona Ageu e Zacarias, não faz referência a este nome. O Targum2 parafraseia 1.1 assim: “Como pela mão do meu mensageiro, cujo nome se chama Esdras, o escriba”.3 A Septuaginta4 também traduz “meu mensageiro”, mas intitula o livro “Malaquias”. Archer observa: “Todos os outros livros proféticos do Antigo Testamento trazem o nome do autor. Seria estranho se unicamente este fosse anônimo”.5 Visto que a questão permanece sem solução, nos referimos ao profeta como Malaquias. Embora não tenhamos certeza quanto ao nome do profeta, não temos dificuldade em formar uma concepção clara e precisa sobre a personalidade de Malaquias. O pequeno livro de sua autoria apresenta um pregador impetuoso e vigoroso que buscava sinceridade na adoração e santidade de vida. Possuía intenso amor por Israel e pelos serviços do Templo. E verdade que deu mais destaque à adoração do que à espiritualidade. Contudo, “para ele o ritual não era um fim em si mesmo, mas uma expressão da fé do povo no Senhor”
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A Situação Os judeus tinham voltado do cativeiro extremamente esperançosos. Ao interpretar que as bonitas promessas de Ezequiel e Zacarias tinham um cumprimento imediato, muitos devotos criam que a era messiânica estava bem perto. A expectativa era que a nação encontrava-se a ponto de recuperar a glória perdida do reino de Davi. O solo ficaria milagrosamente fértil e as cidades, populosas. Logo surgiria o rei ideal, e todas as nações iriam a Jerusalém para servir ao Senhor. Mas, com a passagem dos anos, a desilusão se instalou. A prosperidade e bênção esperadas não se materializaram. A vida era dura. As colheitas eram fracas, os parasitas acabavam com as plantas e os frutos eram insatisfatórios. Visto que estas condições persistiram ano após ano, e os sonhos maravilhosos dos velhos tempos não se concretizaram, um espírito de pesada depressão se alojou na comunidade. Os sacerdotes relaxaram no desempenho dos deveres e negligenciaram a instrução religiosa concernente ao cargo. Os judeus passaram a reclamar que Deus não os amava ou não se importava com eles. Um espírito de cinismo se espalhou pela população e, até os que permaneceram fiéis a Deus, começaram a perguntar: “Por quê?” Muitos retiveram os dízimos e ofertas. A injustiça social tomou-se comum. O casamento com os pagãos vizinhos era praticado livremente. O divórcio virou a ordem do dia enquanto o povo se esqueceu do concerto com Deus. Todo o mundo estava disposto a questionar a autoridade e os caminhos do Senhor. Este é o pano de fundo no qual devemos estudar as profecias de Malaquias. Era uma situação que exigia um profeta destemido, um homem de Deus para enfrentar a situação difícil e crítica. Seu livro poderia ter o subtítulo “uma mensagem para tempos de desânimo. 7 E, portanto, pertinente aos nossos dias e a todo período de depressão espiritual. REED, Oscar F. Comentário Bíblico Beacon, Volume V. Tradução Luís Aron de Macedo. Editora CPAD, Rio de Janeiro, 2012. Pag 345-346
A maior parte dos profetas viveu e profetizou em dias de mudança e inquietação política, mas Malaquias e seus contemporâneos viveram em um período de espera, em que nada acontecia e Deus parecia ter esquecido seu povo que sofria de pobreza e da dominação estrangeira na pequena província de Judá. Zorobabel e Josué, que Ageu e Zacarias tinham destacado como homens escolhidos de Deus para a nova era, tinham morrido. O templo tinha sido concluído, sim, mas nada de extraordinário tinha acontecido que indicasse que a presença de Deus tinha voltado para enchê-lo de glória, como Ezequiel tinha dito que aconteceria (Ez 43:4). O tempo dos milagres tinha passado com Elias e Eliseu. A rotina das cerimônias religiosas era continuada, mas sem entusiasmo. Onde estava o Deus de seus pais? Importava mesmo serví-lo ou não? Gerações estavam passando sem receber as promessas (c /H b 11:13), e muitos estavam perdendo a fé. A profecia de Malaquias é particularmente importante para os muitos períodos de espera na história humana, e na vida de cada um. Ela nos ajuda a reconhecer as pressões e tentações destes períodos, o desgaste imperceptível da fé, que termina em cinismo porque perdeu o contato com o Deus vivo. Ainda mais importante, ela mostra o caminho de volta para uma fé genuína e firme no Deus que não muda (Ml 3:6), que convida os homens a voltar para ele (3:7) e nunca se esquece dos que atendem (3:16). BALDWIN, J.G. Ageu, Zacarias e Malaquias: Introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. Tradução: Gordon Chown. Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1972. Pág.176.
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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O tempo dos milagres tinha passado com Elias e Eliseu. O cativeiro babilônico era apenas uma amarga lembrança dos antepassados. As reformas feitas por Neemias já estavam caindo no esquecimento. A rotina das cerimônias religiosas era mantida, mas sem en-tusiasmo.1 Era um tempo de apatia e sonolência espiritual. Na verdade, tanto a liderança quanto o povo estavam vivendo uma espécie de torpor espiritual. Stanley Ellisen retrata esse tempo como segue: Apesar do templo ter sido reconstruído em 516 a.C., o sistema de culto restaurado de maneira digna por Esdras em 457 a.C. e o muro da cidade reconstruído por Neemias em 444 a.C., o estado espiritual dos judeus estava de novo em um nível muito baixo. O povo tinha deixado de dar o dízimo, e em conseqüência, as colheitas fracassaram. Os sacerdotes, vendo-se no desamparo, tornaram-se descuidados e indiferentes para com as funções do templo. A moral mostrava-se frouxa e havia freqüentes contatos comprometedores com os pagãos circunvizinhos. Henrietta Mears considera o livro de Malaquias a ponte entre o Antigo e o Novo Testamento.3 J. Sidlow Baxter diz que Malaquias é o último profeta do Antigo Testamento antes que a voz da profecia se cale num silêncio de quatrocentos anos.4 Que diz esse último mensageiro? Qual é a mensagem final? Qual é a palavra de despedida? Malaquias emboca a sua trombeta e faz uma urgente e apaixonada convocação ao povo de Deus para arrepender-se e voltar-se para o Senhor. Na verdade, a mensagem de Malaquias é uma denúncia contra o pecado e o formalismo. Os tempos mudaram, mas o coração do homem não. Os problemas que a igreja contemporânea enfrenta são praticamente os mesmos. Daí, a mensagem de Malaquias ser atualíssima e oportuna para a igreja hoje. À guisa de introdução, vejamos três pontos importantes: Em primeiro lugar, o mensageiro. O nome Malaquias significa meu mensageiro, ou seja, mensageiro de Deus. Por isso, alguns estudiosos entenderam que Malaquias era um pseudônimo e não um nome próprio.6 A Septuaginta traduz Malaquias por angelou autou, “meu anjo”.7 Orígenes defendeu a tese de que Malaquias era um anjo de Deus, trazendo uma mensagem de Deus para o povo.8 Jerônimo9 e Calvino10 defenderam a tese de que Malaquias era um pseudônimo de Esdras.11 C. F. Keil na mesma linha de pensamento afirma: “a noção que Malaquias é apenas um nome oficial é encontrada em muitos Pais da Igreja e tem sido vigorosamente defendida em tempos mais recentes”.12 Cremos, entretanto, firmados na maioria dos estudiosos, que Malaquias não é um pseudônimo, mas o nome do profeta. Ele era um personagem histórico. Aqueles que argumentam que ele não era um personagem histórico, por não apresentar sua genealogia na introdução do livro, precisam observar que Obadias e Habacuque também não têm genealogia descrita e, nem por isso, a historicidade desses autores é questionada. Concordamos com Warren Wiersbe quando disse que a coisa mais importante sobre o mensageiro é a mensagem. Malaquias estava preocupado em ser fiel mais do que ser famoso. Em segundo lugar, o tempo. Malaquias não data a sua profecia, mas todos concordam que ele é um profeta pós-exílico.14 Alguns estudiosos colocam Malaquias antes de Esdras. Outros, colocam-no no período entre a ausência de Neemias e seu segundo governo em Jerusalém,15 ou seja, depois do ano 432 a.C., visto que Malaquias trata dos mesmos problemas que Neemias enfrentou, quando de seu retorno da Pérsia: sacerdócio corrompido, retenção dos dízimos e casamento misto. Cremos, entretanto, que Malaquias profetizou logo depois do período de Neemias. No tempo de Malaquias, o templo já havia sido reconstruído. O culto,
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entretanto, estava sendo oferecido com desleixo: tanto o sacerdócio quanto o povo estavam em profunda letargia espiritual. O povo estava vivendo um grande ceticismo. Isaltino Gomes Filho descreve o tempo de Malaquias da seguinte forma: “O período em que Malaquias profetiza é de frieza espiritual e de culto insincero. Há certo ritual, mas não há vida alguma. O culto que está sendo prestado agrada aos homens, mas conforme mostra o profeta, desagrada a Deus”.16 J. Sidlow Baxter nessa mesma linha afirma que Malaquias profetizou depois dos dias de Neemias – e suficientemente mais tarde para que se desenvolvessem as condições corruptas que ele pranteia e denuncia.17 Postulamos, assim, que Malaquias vem logo depois de Neemias, e isso, por algumas razões: A primeira razão é que o estado espiritual de geral decadência é incompatível com a firme liderança espiritual de Neemias. As condições descritas por Malaquias sugerem uma deterioração que surgiu depois da eliminação da influência de Esdras e Neemias. No tempo de Malaquias, havia frieza espiritual e culto insincero; havia ritual, mas não vida nos cultos. A segunda razão é que no tempo de Neemias a infidelidade do sacerdócio e do povo não era generalizada, mas no tempo de Malaquias era. A terceira razão é que Neemias não faz referência a Malaquias, nem Malaquias a Neemias. Isso parece nos provar que Malaquias foi posterior ao tempo de Neemias. Stanley Ellisen faz uma síntese da decadência espiritual denunciada por Malaquias: Conforme indicação de Malaquias, havia fortes sintomas de degeneração na fé que Israel tinha. Sua visão de Deus era quase deísta: Questionavam o Seu amor (1.2), Sua honra e grandeza (1.14; 2.2), Sua justiça (2.17) e Seu caráter (3.13-15). Essa visão deficiente a respeito de Deus produziu uma atitude arrogante e fez que as funções do templo fossem realizadas com enfado, o que insultava o Senhor ao invés de adorá-Lo (1.7-10; 3.14). O dízimo não era dado de todo o coração, e as ofertas eram compostas de animais doentes e sem valor. Isto ofenderia até o mais simples governador que recebesse tal presente (1.8). Em reação a isto, o Senhor disse que atiraria lixo ao rosto dos sacerdotes (2.3) e amaldiçoaria as sementes plantadas (3.11). O resultado moral dessa religião desprezível foi o povo voltar-se para a feitiçaria, adultério, perjúrio, fraude e opressão do pobre (3.5). A discórdia familiar era freqüente, levando-os a se divorciarem das esposas judias para se casarem com mulheres pagãs (2.10-14; 4.6). As condições eram tão más que se fazia necessária a atuação de um Elias para restaurar a paz familiar e evitar outra destruição do Senhor (4.5).18 Em terceiro lugar, o estilo. No ensino de Malaquias é fundamental o conceito de aliança, diz Joyce Baldwin.19 Deus se apresenta como Pai e trata Israel como Seu filho (1.6; 3.17). Stanley Ellisen afirma que o estilo dialético de Malaquias é um tanto singular entre os profetas, pois a maioria preferiu um estilo de conferência ou de narrativa,20 enquanto Malaquias usou um estilo de confronto poderoso, como se Deus estivesse chamando o Seu povo para um confronto no tribunal. Nessa audiência divina, há três expedientes: afirmação, interrogação e refutação.21 Esse tipo de confronto é apresentado no livro oito vezes (1.2; 1.6; 1.7; 2.14; 2.17; 3.7; 3.8; 3.13). Charles Feinberg diz que em cada caso, quando acusados de pecado, eles contradizem o Senhor e pedem provas dessas acusações. Herbert Wolf argumenta que o povo se considerava inocente a respeito dessas acusações. J. Sidlow Baxter corrobora dizendo que do começo ao fim esse pequeno livro é um apelo, um apelo poderoso, apaixonado, suplicante – um apelo ao arrependimento do pecado e à volta a Deus – um apelo acompanhado de rica promessa se o povo atender, e de severa advertência se recusar24 (1.6; 2.10; 3.7; 3.10; 4.4). O apelo de Malaquias divide-se em duas partes: nos capítulos 1 e 2, o apelo é feito em vista do pecado presente na nação; nos capítulos 3 e 4, ele se deve ao “dia do Senhor” que virá.25 Em virtude desses fatos retro mencionados, Malaquias pode ser considerado o mais argumentativo livro de todo o Antigo Testamento
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LOPES, Hernandes Dias. Malaquias: A Igreja no Tribunal de Deus. Editora Hagnos. São Paulo, 2006. pag. 06-11. O Deus que restaura o povo: Malaquias Uns setenta anos depois de Ageu e Zacarias terem exortado os israelitas a reconstruírem o templo, Malaquias, o último dos profetas canônicos, ministrou em Jerusalém. A essa altura o templo estava funcionando, mas a adoração era superficial. Jerusalém tinha voltado a ser o lar de muitos judeus, contudo Neemias achou necessário reconstruir o muro da cidade, repovoála e ajudar o povo a renovar a aliança. O povo enfrentava depressão social, econômica e espiritual.161 A mensagem de Malaquias confronta esses problemas ao fazer as mentes das pessoas prestarem atenção à teologia. Essa profecia declara que o Israel pós-exílico prosperará só quando o povo for renovado por uma visão inteiramente nova do amor de Yahweh e por uma reconsagração de seu desejo de amar, honrar e servir ao seu Senhor. Malaquias apresenta o custo da renovação e explica como barreiras à restauração podem ser removidas. Ele o faz num estilo sóbrio162 e ao mesmo tempo ardente163 que, enquanto apresenta sua mensagem, emprega perguntas, respostas, exortações, oráculos e descrições narrativas de atividades. De forma especial, perguntas formam seis trechos distintos que destacam os pecados que adiam a renovação do povo. A fim de operar restauração, Yahweh é apresentado como o Deus que ama Israel (1.1-5), o Deus que corrige os sacerdotes (1.6—2.9), o Deus que denuncia a infidelidade (2.10-16), o Deus que estabelece a justiça (2.17—3.5), o Deus que nunca muda (3.6-12) e o Deus que expõe a arrogância (3.13-15). Seguindo esses trechos fundantes, 3.16—4.6 apresenta Yahweh como o Senhor que cria o remanescente. O surgimento do remanescente no final do livro ressalta a renovação derradeira do povo. Contudo, tal como nas profecias anteriores, só a intervenção direta de Yahweh na história, mediante o dia do Senhor, torna possível essa renovação. Conclusão Malaquias conclui tanto os doze quanto os profetas. Como trecho de conclusão dos doze, a profecia encerra o mapeamento que o livro faz do pecado de Israel e das nações, do castigo inevitável desse pecado e da renovação que vem após o juízo. Situado em aproximadamente 450 a.C, Malaquias completa a odisséia histórica dos doze, que principiou antes da derrota de Samaria frente aos assírios, passou pela destruição de Jerusalém pelos babilônios e chegou até a dominação do povo escolhido e da terra prometida pelos persas. Assim os doze cobrem cerca de trezentos anos de decadência, queda e início de recuperação. Malaquias também realça o futuro vislumbrado pelo restante dos doze, que concentra-se na intervenção de Deus na história em favor do remanescente. Em outras palavras, Malaquias é o último dos doze na seqüência de descrições intencionais do Deus que cumpre promessas. Essas promessas incluem bênçãos para o remanescente que se afasta do pecado bem como lamentos para os perversos que recusam-se a obedecer a Yahweh. Conforme os Profetas Anteriores já haviam indicado, a palavra de Deus determina o curso da história à medida em que Israel e as nações ou crêem nessa palavra e obedecem-na ou rejeitam-na e adoram outros deuses. Toda a tristeza prometida pelos profetas pré-exílicos se concretiza, de modo que a vitória assegurada ao remanescente certamente também se materializará. Síntese da teologia profética
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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Não pode haver dúvida de que a literatura profética se constrói sobre as idéias teológicas encontradas no Pentateuco. Deus continua sendo o criador, sustentador, libertador, Santo e renovador da aliança. Yahweh continua sendo apresentado como a única divindade, o único Senhor que existe. Em particular o Senhor permanece como o Deus que criou, abençoou, sustentou e julgou Israel, dependendo do fato de o povo ter guardado ou não a aliança sinaítica. Os princípios da aliança encontrados na Lei levam os profetas a aprovarem ou denunciarem as atividades da nação escolhida durante a vida de cada um deles. As bênçãos e conseqüências da aliança anunciadas em Levítico 26 e Deuteronômio 27 e 28 ajudam os profetas a avaliarem o passado de Israel, e esses mesmos conceitos dão-lhes esperança de que o Senhor não perdeu o interesse no pecaminoso Israel. O Deus que perdoou pode, com toda certeza, tornar a fazêlo, conforme Deuteronômio 30.1-10 deixa claro. Por outro lado, os profetas transformam essas noções em literatura memorável que mapeia o seu próprio curso à medida em que analisa o passado, o presente e o futuro. Quanto ao passado, os Profetas Anteriores deram o tom daquilo que segue. Esses livros integram fatos concretos e interpretação profética. Por exemplo, o autor de Reis apresenta acontecimentos que acredita terem ocorrido. E claro que parábolas e provérbios aparecem, mas são identificados como tais (v. lRs 22.18-28; 2Rs 14.9,10). O autor poderia ter escolhido um formato mítico parecido com aqueles adotados por outras nações, mas não o fez. Não existe nenhum panteão de deuses, nenhuma hierarquia entre os deuses, absolutamente nenhum outro deus. Não existe nenhuma idéia cíclica dos acontecimentos humanos, nenhum deus que age só ligeiramente melhor do que os seres humanos, nenhum defeito no caráter de Yahweh. Os seres humanos aqui descritos também não são nada míticos. Os melhores deles são frágeis, falíveis, fracos. Temem a morte, dão maus conselhos, pecam mesmo já idosos e lutam batalhas erradas. São pessoas de verdade em situações de verdade. Deus encontra-se com elas onde elas se encontram, só ocasionalmente operando um milagre e isto só para proteger os fiés. Acima de tudo, o texto concentra-se em Yahweh. Deus não admite rivais, porque fazê-lo seria deixar que o povo cresse numa mentira e vivesse tal mentira. O historiador de Josué- Reis afirma que pode ser mortal ignorar essa idéia de história, pois isso leva a derrota nacional (2Rs 17.7- 41). Por isso é crucial que cada leitor adote essa idéia de história. Só aqueles que acolherem essa teologia encontrarão esperança para o futuro, pois caso Yahweh seja apenas um entre muitos deuses ou não seja o que o texto diz, então não existe nenhum motivo para pensar que Israel sairá do abandono. Por que crer numa história futura e real, se no passado se acha uma história mítica, ainda que seja muito bem elaborada, artística, bela e bem intencionada? O exílio foi real, e só um Deus real que se relaciona no espaço com seres humanos concretos é capaz de tornar real a renovação. O historiador alega exaustivamente que a idolatria, a recusa em dar Ouvidos aos profetas e a infidelidade generalizada à aliança levaram a nação a se desintegrar e, no fim, a mergulhar no exílio. Tendo 2 Reis 17 como seu ponto culminante, esses livros relatam uma queda, que começa com vitória e termina com derrota. Ao mesmo tempo a promessa davídica apresentada em 2Samuel 7 dá margem para esperança futura de que a nação, em algum tempo distante no futuro, erguer-se-á para o Senhor e para a renovação. Afinal, uma aliança eterna está prometida a Davi.
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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Nos Profetas Posteriores nada põe de lado essa idéia do passado introduzida em Josué, Juizes, Samuel e Reis. Isaías dá o tom para os livros seguintes ao concentrar-se na idolatria e quebra da aliança tão dissemina das em Judá e Israel do século viu a.C. e então ao ressaltar, em Isaías 7— 12, o herdeiro davídico vindouro. Isaías 12 e 13 destaca a soberania de Yahweh sobre as nações, e o restante da profecia desenvolve a análise dessas questões. Jeremias 2—6, Ezequiel 16,20,23 e vários trechos dos doze reafirmam a idéia que Isaías tem dos paralelos entre o passado de Israel e a situação então vigente. Enquanto a geração de cada profeta viver como seus antecessores, não haverá nenhuma glória espiritual, militar ou econômica para o povo de Deus. De semelhante modo, Jeremias 46—51, Ezequiel 25—32, Amós 1.3—2.3 e outros trechos concordam com Isaías de que todas nações do mundo pertencem ao Senhor e são, por isso, avaliadas por ele. Devido à pecaminosidade tanto da nação da aliança quanto das demais nações, o futuro próximo traz alguns acontecimentos já descritos nos profetas anteriores. Isaías, Oséias e Amós esperam que Israel caia, e a invasão assíria descrita em 2Reis 17 de fato subjuga totalmente o reino do Norte. Naum comemora o fato de que a própria Assíria cai diante dos babilônios, um acontecimento prefigurado em 2Reis 20.12-21 e que prova que, por mais poderosos que sejam, os perversos não prosperarão para sempre. Jeremias, Ezequiel e Habacuque esperam que a Babilônia destrua Judá, uma realidade descrita em 2Reis 25 e também em Jeremias 39 e 52. O exílio antevisto em Deuteronômio 27 e 28 por causa da desobediência à aliança torna-se um fato quando os profetas anunciam a prova concreta de sua ideologia histórica. Quanto ao futuro distante, a promessa a Davi funciona como um importante catalisador de mudança positiva e juízo punitivo. Isaías 7—11 e 40—66 ressaltam um rei e um servo sofredor que redime o povo de seus pecados e aponta para um reino de paz e glória. Jeremias 23.1-8 e 33.14- 22 associam o governante davídico à era vindoura da nova aliança mencionada em 31.31-34, quando todo o povo da aliança conhecerá ao Senhor. Ezequiel 34.20-24 situa o herdeiro davídico bem no centro de uma futura renovação espiritual para o povo de Deus, como também o fazem Miquéi- as 5.2-5, Zacarias 9.9-13 e Zacarias 12.10—13.9. Contudo, para que renovação e paz perfeita apareçam, os perversos têm de ser removidos da terra, o que implica juízo para todos os que rejeitam a palavra de Deus. Só o remanescente desfrutará os benefícios das bênçãos de Deus quando o rei davídico vier, ou seja, no dia do Senhor. Jeremias 31.31-34 afirma que naquela ocasião o povo de Deus consistirá apenas de crentes. De fato, não haverá nenhum remanescente entre o povo de Deus, pois não haverá nenhum incrédulo associado com “Israel”. Sofonias 3.8,9 indica que esse remanescente incluirá pessoas de nações outras além de Israel, uma possi bilidade apresentada já em Isaías 19.19-25 ou mesmo já no episódio de Raabe, no livro de Josué. Ezequiel 11.19 declara que o remanescente será criado mediante ação direta do Espírito de Deus sobre os corações daqueles que constituem o novo povo de Deus. Também Isaías, Jeremias e Ezequiel associam o rei davídico à obra do Espírito na criação da comunidade de crentes. Naquele momento o povo de Deus, qualquer que seja a sua raça, conhecerá, sem exceção, ao Senhor, porque será recipiente de uma obra direta do Espírito de Deus em seus corações, o que torna cada um participante de uma nova aliança. O rei davídico será a pessoa chave na supervisão dessa aliança. Em todos os lugares na literatura profética o juízo do Senhor é chamado de dia do Senhor. As derrotas sofridas perante a Assíria, a Babilônia e a Pérsia são vistas, é claro, como dias do Senhor contudo o juízo final é o conclusivo dia do Senhor. Deus, o santo criador, sustentador, libertador e curador, tornar-se-á o Deus do castigo final, definitivo e permanente. Todos os perversos deixarão de incomodar os fiéis.
“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II TIMÓTEO 2:15 Prof.: Sérgio Henrique Zilochi Soares email: sergiodireito7@yahoo.com.br fone: 86698921
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O remanescente fiel desfrutará os benefícios do reino de paz iniciado pelo herdeiro davídico. Nesse tempo Deus governará sobre a terra, o que, de acordo com Isaías 25.6-8 e Zacarias 14.121, será um reinado que coincide com a obra do governante davídico mencionado repetidas vezes nesses livros. E em favor desse remanescente que o Senhor dará início ao juízo, e só o remanescente conseguirá suportar sua chegada brutal. Em última instância os profetas viveram em três momentos temporais distintos e ao mesmo tempo inseparáveis. Sentiram-se indissoluvelmente ligados ao povo da aliança do passado. Suas alianças foram as mesmas mediadas por Abraão, Moisés e Davi. Suas histórias estavam entrelaçadas com as de seus antepassados. Ao mesmo tempo o tempo presente dos profetas era definido pela adesão deles aos padrões do Senhor. A fé que tinham e que conduzia à obediência só era possível por causa daquilo que já havia acontecido. Finalmente, o seu futuro era tão tangível quanto o seu presente porque não sabiam quando Deus irromperia na história com o surgimento do juízo, o herdeiro davídico ou o governai final de Deus sobre a terra. Aguardavam a concretização dos resultados finais do esquema histórico que acreditavam ser revelado pelo Senhor, mesmo quando viviam sua fé e obediência à luz do passado. Viviam responsavelmente porque viviam obediente e esperançosamente. Suas palavras interpretaram o passado, deram sentido ao presente e instilaram esperança quanto ao futuro, porque eram as próprias palavras de Yahweh. Permeando todos esses temas proféticos existe a convicção de que não há nenhum outro Deus. Nenhuma outra divindade existe, de modo que só o Senhor pode julgar, renovar ou salvar. Os ídolos são mera obra das mãos humanas, mas Yahweh é quem faz as mãos humanas. Por isso Isaías 44.9-20, Jeremias 50.1-3 e outras passagens sentem-se à vontade para proclamar a absoluta incapacidade de os ídolos salvarem. Perto do final dos doze, o Israel pós-exílico mal ousa considerar a existência de outros deuses, visto que veio a aceitar, pelo menos em parte, a idéia profética de história. Só o criador consegue revelar padrões pelos quais eles devem viver, e é esse revelador que deve ser obedecido. HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. Tradução Marcio Redondo e Sueli Saraiva. Editora Vida Acadêmica. São Paulo, 2005. Pag. 509-513.