Folder digital da exposição biblioteca floresta

Page 1



Am

h ae

la M e ls

ir

n

m es

Re gin

ai

q uí

ri

ss a

r ia

e l Ca m p os L

i Fa le r o

C or d

P r at e s

ei r o

s

L uc i

rt

R a qu

La

ra

L au

ra

Be

r

St e

ll

a

Da L aur a

vi

ñ

bi Fa a

s

na

Va l

i ive

a

d A ma

ab

ig

a

al

a C u e st

n

a

Ol

ra

be

Jh o

e

an

nn

s ae Fa b i a n a M o r S t o l f l

a Pa r

mo

oh

N ara

Go

ap

Ra

R

Si m o n e

a

B

a ra M o

to

re ar

P

al om

L ed

va

ya

n e Le ã

o

l a id e Ivá n o

R

Ad e

a Ma

a D ur ant e ns rti a a M i r

SESC BELENZINHO 18 de novembro de 2021 a 27 de fevereiro de 2022


Danilo Santos de Miranda Diretor do Sesc São Paulo

4


Imagem e palavra podem ser compreendidas como duas instâncias complementares do pensamento. Tão logo ouvimos um vocábulo, testemunhamos uma enxurrada de visões em nosso imaginário, que procura dar matéria àquele conteúdo abstrato. Em contrapartida, ao se observar ou imaginar 5


uma figura, sobrevém uma revoada de termos verbais em nossa mente, que tenta descrever e dar sentido às formas sensíveis. Ao longo da história é possível traçar um itinerário expressivo de intersecções entre texto e imagem em diversas culturas. No Livro de Kells, proveniente da Grã-Bretanha do medievo, iluminuras de santos e animais passeiam por entre as escrituras. Já nas estampas dos povos Ashanti e Baoulé, de Gana, encontramos os adinkra, desenhos que cumprem uma dupla função, simbólica (por representarem aforismas e conceitos) e figurativa (por se constituírem como ornamento). Segundo um olhar atento a esse tipo de encontro na arte contemporânea, na exposição biblioteca: floresta a curadora Galciani Neves propõe ressignificar a literatura e seus espaços segundo um viés feminista. Por meio de ficções, relatos e apropriações, as obras de escritoras como Juana Inés de la Cruz, Carolina de Jesus, Simone de Beauvoir, entre outras, são referenciadas em alguns dos trabalhos que compõem a mostra. O livro e toda cadeia de significados simbólicos compreendida por este objeto assume centralidade em outros trabalhos, que discutem tópicos como o processo de oficialização de discursos e o registro de memórias pessoais. Na convergência entre a poética das obras exibidas e o universo interior de cada pessoa que as observa, talvez seja possível a formação de espaços de interação capazes de incluir a diversidade, a complexidade, a diferença e outros substantivos femininos característicos ao bioma de uma floresta. Oportunizar a criação

6


de tais contextos socioculturais consiste numa das principais propostas do Sesc, instituição comprometida com a divulgação das artes e consequente promoção da cidadania.

7


Galciani Neves curadora


Ensaio para começo de conversa: “deixa sem solução o grande problema da verdadeira natureza da mulher e da verdadeira natureza da ficção”1 Arrancar palavras que nos foram extraviadas e torná-las nossas e de nossas línguas novamente. É com a força desses gestos que erguemos essa mostra. A constituição desse projeto iniciouse em fins de 2017, em Ribeirão Preto (São Paulo), numa conversa sobre os fluxos poéticos, afinidades e fricções entre as artes visuais e a literatura. Sua primeira versão aconteceu no MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto), em fevereiro de 2018; e a segunda versão aconteceria em 2020, no Sesc Belenzinho, mas foi impedida pela pandemia. À época, uma pergunta se desenhou e ainda ecoa: qual ação, 1 Woolf, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Tordesilhas, 2014.

9


letra, língua/corpo possível pode ser palavra, voz, narrativa conjugada e imaginada por mulheres? Uma pergunta-semente germinando em nossos corpos, enquanto se infiltrava terra adentro com suas minúsculas raízes, ao mesmo tempo que aspirava ao céu. Uma perguntaindignação que foi gerando outras ramificações: como fazemos circular nossas palavras, apesar das convicções patriarcais que nos aplacam cotidianamente? O que reverberam as práticas e produções de mulheres quando contradizem os crivos de um sistema classista, sexista, racista e colonial? O que teima em moldar nossas vozes? Se toda a nossa formação, como mulheres, como gente que trabalha e cria no e apesar do capitalismo, é calcada afetiva, cultural e socialmente por um protagonismo masculino e reafirma um sujeito autor homem, a exceção (a citar: a nota de rodapé, o ínfimo espaço no fim do espetáculo ou uma espécie de generosidade vangloriada em historiadores e críticos ao fazer reviver “uma mulher brilhante, que não foi reconhecida em sua época”) é o que nos foi “ofertado com dignidade”, um descarado prêmio de consolação para nos cerrar a boca. Ofertaramnos também textos que – disseminados largamente com suas fontes tão retificadas quanto retificadoras – definem e informam sobre um fazer artístico, literário, científico, político, como êxitos indubitavelmente autênticos do agente que ocupa o topo da cadeia alimentar. Afirmar um lugar de fala e de autoria, e tornar evidente, sim, quem faz vibrar essas palavras são também processos que, nessa mostra, revelam uma tarefa importante: o enfrentamento a quem quer nos calar. Tais

10


instâncias políticas e poéticas estão presentes nas relações entre arte/literatura, visualidade/ palavra, plasticidade/escrita que fundam os trabalhos dessa mostra: como hibridizações que reivindicam a potência de uma matéria-palavra ambiciosa em sua visualidade, tatilidade, sonoridade; em escritas que dançam como desenho; em plasticidades que se vinculam à voz, à escrita, ao corpo, ao espaço. A mostra biblioteca: floresta é constituída de um pequeno recorte: produções contemporâneas brasileiras que se afirmam nas relações entre as artes visuais e a literatura, compreendidas como campos em expansão. Tal seleção não visou uma perspectiva historicista, tampouco panorâmica. Estão reunidas autorias que se materializam como práticas narrativas, exercícios ficcionais, invenções tradutórias, fabulações, apropriações, subversões e ressignificações do universo da bibliofilia, envolvendo refeituras de texto e manuseio da matéria da palavra, promovendo performatividades do dito e não dito, enfim, poéticas e pulsões criadoras de 26 artistas mulheres. São experiências de um dizível-mulher, que reverberam entre nós em um contexto que requer palavras ainda mais insurgentes. A primeira montagem da mostra biblioteca: floresta, que aconteceu no MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto), reuniu obras de Aline van Langendonck, Andréa Tavares, Fernanda Porto, Janina McQuoid, Laura Berbert, Lívia Aquino, Lucia M. Loeb, Maíra Dietrich, Mayra Martins Redin, Natalie Salazar, Paloma Durante, Raphaela Melsohn, Raquel Stolf, Regina Parra, Renata Cruz, Santarosa Barreto, Simone

11


Barreto e Simone Moraes. Naquela ocasião, nos reconhecemos parceiras, arquitetamos um lugar de encontro e de muita ebulição. Ali criamos juntamente com o público, com a cidade e com o museu um ar possível para inventarmos o que está dentro e fora da palavra, em fluxo.

“Fico besta quando me entendem”2 A saber, nossas deambulações. Movimento 1: conversa-convite de Simone Moraes (artista em residência artística no MARP) e de Nilton Campos (diretor do MARP) para adentrar os desdobramentos do processo de higienização, catalogação e guarda dos livros da Biblioteca de Pedro Manuel-Gismondi, que havia sido doada ao museu. À época, a biblioteca estava sendo desempacotada. Simone Moraes dava os primeiros passos para seu projeto biblioteca: floresta. Pensava no pó adormecido dos livros. Colecionava a primeira e a derradeira palavra em cada volume e no espaço entre elas. Imaginava uma escrita de terra, uma floresta de livros. E planejava plantar mudas de árvores que guardassem tais duplas de palavras. É dessa ousadia poética que vem o título da mostra. Movimento 2: espiar, em nossas próprias estantes e cabeceiras, quem estávamos lendo. Um espelho implacável nos trouxe uma infeliz 2 Título do livro de entrevistas realizadas com a escritora Hilda Hilst, entre os anos 1952 e 2002.

12


constatação: eram poucas mulheres autoras entre nós mesmas. Essa pergunta surgiu diante da minúscula porcentagem de livros de autoras mulheres que constavam entre os livros doados ao museu (menos de 5%). Movimento 3: o que perseguíamos quando estávamos pensando em lugar de fala, ficção, narrativa, poéticas que navegam entre artes visuais e literatura? Entre os longos braços da imaginação e da memória, uma biblioteca e uma floresta podem rimar com muitas associações visuais, até oníricas. Aqui, adentramos essa pluralidade de elucubrações, considerando importante expor como a ideia de pensar uma biblioteca que acontece como floresta tornou-se fundamental neste projeto de exposição. Foi importante nos desconectar da ordem da catalogação dos livros e da rigidez das prateleiras que, comumente, formatam o espaço de uma biblioteca. Quando o título dessa mostra foi pensado3, aderimos à ideia de floresta, compreendendo-a, entre as muitas perspectivas possíveis, como um ecossistema intrinsecamente inflamável: sua cobertura é rica em carbono, o clima seco pode afetá-la, raios e atividade vulcânica interpelam sua dinâmica. O fogo, então, tem efeito de renovação. O incêndio e suas cinzas são acontecimentos de vida de uma floresta. A história de uma floresta traz consigo a história de sua convivência com o fogo. Seus 3 Pensar uma floresta como bioma inflamável é admitir o fogo como parte de sua existência. E os povos que habitam a floresta e são a floresta sabem bem disso. Sabem que este não é o mesmo fogo que devasta. Não é o mesmo fogo que queima as florestas para dar lugar ao gado.

13


habitantes ardem em chamas, sem se apagar por completo, gerando um terreno propício para novos seres. Das cinzas, outras tantas formas de vida vêm. Quem está diante de uma floresta confronta-se com uma estranha e dolorosa autonomia, com uma força autodestrutiva por livre-arbítrio, um desejo incendiário sem culpa, um ímpeto arrasador de si. Daí que, para nós, uma biblioteca sendo floresta é uma zona quente e inflamável, com vozes, gestos, palavras, narrativas de mulheres, prestes a arder em chamas. Passados três anos, a biblioteca: floresta encara sua segunda montagem, no Sesc Belenzinho. Adelaide Ivánova, Aline Albuquerque, Carmela Gross, Isabella Beneduci, Júlia Ayerbe, Laura Daviña, Mayana Redin, Neide Sá e Vera Chaves Barcellos passam a integrar a mostra. A exposição cresceu um tanto mais e conta também com uma programação pública, com curadoria de Amanda Cuesta e Isabella Beneduci, com mulheres atuantes em manifestos poéticos urbanos, nas escrituras trans, nas artes visuais, na arte/educação, no jornalismo e na tradução intermundos. abigail Campos Leal, Aline van Langendonck, Amara Moira, Andréa Tavares, Fabiana Faleiros, Fabiana Moraes, Fernanda Porto, Galciani Neves, Júlia Ayerbe, Jhonn Nara Gomes, Larissa Cordeiro, Leda Maria Martins, Lívia Aquino, Luciana de Oliveira, Maíra Dietrich, Mayra Martins Redin, Paloma Durante, Raphaela Melsohn, Renata Cruz, Ryane Leão, Simone Barreto e Stella Ramos realizam falas e oficinas gratuitas.

14


“reacender as chamas latentes da escrita”4 Nesta mostra, os pensamentos insinuam-se em alguns campos de procedimentos: invenção de uma escrita, quando o silêncio é fala ou o texto é coreografia/procedimento do corpo, percepção e relato de um lugar/experiência ou ainda matéria-prima manuseável; rasura, deglutição, desconstrução do livro, quando ações evidenciam o livro como contêiner da literatura, a ser fragmentado, apropriado, recalculado, ou quando exteriorizam o texto para além desse espaço; deslocamento da palavra, transmutando seu contexto, como reação ao autor, como teima, como audácia ou assassinato de uma literatura dita “intocável”. Assim, as artistas construíram fendas no gozo da linguagem literária, ora negando uma prática burocrática da tradição artística (pendular, enfadonha, devedora a sabese lá quem ou quê), que assim se orienta mais pelo fato de corroer e transgredir uma voz original e queimar seus restos; ora inventando práticas ficcionais/narrativas por meio de ações estrangeiras à literatura. Quando negam: os gestos são de reconstituir tudo livremente à própria vontade e critérios, aderindo a irregularidades, vulgaridades, imprecisões; desfazendo os chãos seguros, arranhando as estantes e paredes onde figuram imóveis e sábios os livros e desnudando seus autores e ornamentos textuais. São inscrições de 4 Trecho de Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo, de Gloria Anzaldúa, 1980.

15


fratura crítica e citação/interdição do autor. Não menos séria, tampouco menos rigorosa, há também que se discutir uma certa falta de pudor, como princípio criativo, que é propriamente o gesto dessa urdidura tradutória: crítica e criativa, “trans-tudo”, poética e política, como uma outra forma de (des)continuidade dos textos e palavras. Daí que se nega para fazer viver um outro instante de arte/literatura, pois até o que se supõe imitação é uma simulação que contraria o conteúdo e lhe dá como reação a mera ausência. Esses procedimentos logram fatos imagéticos que, talvez, nunca povoaram os piores pesadelos de alguns desses autores citados/ traduzidos nas obras: serem violados, vendo suas obras esquartejadas, refeitas, “re-editadas”. Quando o gesto é de invenção: exercícios que ampliam a elementar matéria da escrita/leitura e duvidam e usufruem do livro como sequência de espaços. Nesses processos de produção, parece não haver um primeiro ou autêntico substrato da literatura, mas o que interessa é inaugurar um fazer próprio, é esquecer que há normas rígidas no campo da arte e da literatura, é descontinuar a ordem que rege as formatações de sobrevivência do texto. Assim, o texto, a narrativa, o gesto de ficção transborda para o espaço, perfurando os poros das palavras, arquitetando-as em visualidades imprevistas. Diante desses processos, sugerimos, então, que pensemos na ideia de explosão, seguida de borramento, como tentativas para negar as rígidas categorizações – arte e literatura – e abrir-lhes passagens. Assim, as artistas caminham de uma linguagem para outra, sem receio, desburocratizando fronteiras e

16


desestratificando suas geografias. Movemse entre as linguagens ao mesmo tempo que movem suas materialidades e os espaços entre estas. Arte/Literatura: uma labuta hibridizante que aniquila limites ao passo que mantém comunicantes e transbordantes essas linguagens. E a matéria-palavra se desencarcera para ser também acontecimento plástico. Sabemos que estes atos não são experimentações inéditas. Mas ainda valem a discussão: obviamente, uma palavra não é apenas um dizível ou instrumento da escrita literária, e uma imagem não é só um visível. Por essa relação arte/literatura, visualidade/ palavra, plasticidade/escrita, e, assim, quantos diálogos constituirmos, pretendemos pensar os trabalhos da mostra para além do esquema representativo da imagem e do texto como sua legenda e/ou explicação. Essas hibridizações poéticas reivindicam a potência de uma matéria-palavra ambiciosa em sua visualidade, tatilidade, sonoridade; uma escrita que dança que nem desenho; uma plasticidade que se vincula à voz, à escrita, ao corpo, ao espaço. Os trabalhos aqui reunidos, em suas diversidades poéticas, jogam com a ambivalência entre as linguagens, não se estabilizam. Os procedimentos das artistas tensionam as matérias-primas e, assim, por meio de vínculos e fragmentos que sobram de uma linguagem na outra, acabam, por vezes, embutindo semelhanças nos gestos de criação do que ainda é rigidamente categorizado como arte ou literatura, imagem ou palavra, como instâncias estanques em si. Em tempo, é preciso esclarecer que, circulando e penetrando essa vasta e plural contaminação de procedimentos e linguagens, as obras das

17


artistas estão livres de qualquer tarefa instrumentalizadora, seja no campo da arte ou da literatura, e não carregam nenhuma intenção de elaborar uma gênese dos horrores de nossas privações (destas, nós mulheres já bem sabemos e seguimos juntas, em alerta), ainda que, inevitavelmente, tragam suas marcas. Mas podemos dizer que, atravessando essas autorias, há uma modulação comum e constituída tanto subjetiva quanto coletivamente: exercícios artísticos e literários e seus agenciamentos são práticas em que nos arriscamos a ser autoras, ávidas por experimentações, admitindo a falha e festejando a potência, e são, como todos os nossos gestos, ferramentas e também instâncias de desejo, com as quais nos valemos para vivenciar e propor experiências poéticas, desmandar as brutalidades e os esquemas de dominação e exclusão que nos colocam sempre à margem. Assim, é possível, sim, nomear essas palavras como matérias inflamáveis que ecoam como gestos políticos, pois são, sem escapatória, provenientes de discursos, experiências e ideias que habitam um espaço-tempo que oprime, explora, desvaloriza e submete mulheres a privações. Acreditamos que a arte e a literatura, incluindo suas mestiçagens e os espaços de diálogo criados em torno delas, podem ser uma poderosa perturbação nas venenosas normas vigentes que tentam nos apagar os corpos, nos silenciar, nos restringir as falas. Acreditamos que a matéria-palavra, que nesses trabalhos se estrutura junto com outras tantas vozes, pode construir uma instância de resistência, quando tudo parece desmoronar. De 2017 para cá, as compreensões acerca das questões que mobilizam essa mostra foram

18


sendo adensadas, inclusive a respeito dos dois lugares que cita e propõe dialogar: bibliotecas fechadas por causa de um projeto genocida que já matou mais de 600 mil pessoas e florestas em franco processo de extermínio. Seguimos pensando nesses lugares e ousando gestos de resiliência: uma biblioteca nutrindo-se de pouco e ainda, sim, guardando e espraiando palavras. Uma floresta de falas, de saberes, convocando seres não humanos e humanos, que lutam e sobrevivem apesar de tudo. No momento em que compartilhamos esse espaço de debate e percepção, onde a arte pode ser uma ponte entre nós, parece mesmo impossível não lembrar das mulheres Yarang: andando floresta adentro, entoando seus cantos e coletando sementes, sempre juntas, para plantar outras florestas.

19


Adelaide Ivánova mimimi

2017 Mensagem de voz 12’30’’

Segundo a ONU, 13 mulheres são mortas no Brasil todos os dias. mimimi, texto originalmente preparado por encomenda para a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e apresentado na edição de 2017, na série fruto estranho, é resultado de uma pesquisa iconográfica sobre feminicídios famosos e execuções de ativistas brasileiras, cujas fotos dos cadáveres podem ser encontradas em imagens no Google. Quando se trata da exposição dos corpos das mulheres, incluindo a de seus corpos mortos, a sociedade patriarcal pode ir extremamente longe em sua perversidade. Enquanto pesquisava essas imagens, não conseguia parar de pensar nas palavras de Susan Sontag no livro Diante da dor dos outros, no qual ela fala sobre nosso relacionamento perverso com imagens de guerra, usando sua experiência na guerra de Sarajevo como fundamento. Considerando que o Brasil é o quinto país em número de feminicídios no mundo, infelizmente o paralelo é bastante adequado. O texto apresentado em áudio mistura citações do livro de Sontag com descrições dessas imagens, listas, estatísticas e dois poemas.

20


Aline Albuquerque AGITPROP

2016-2021 Instalação coletiva em movimento Caixas de papelão, barbante e tinta guache Dimensões variáveis

AGITPROP é uma instalação acumulativa em movimento que vem adensando camadas de desejo e revolta desde as vésperas do golpe jurídico parlamentar que destituiu a presidenta Dilma Rousseff. As plaquinhas surgem com a urgência das ruas. Posteriormente, passo a usá-las para realizar as atividades cotidianas, hábito que se revela potente ao deslocar palavras de protesto para ambientes “neutros” como os transportes públicos e supermercados. AGITPROP tem acontecido em processos coletivos de ativação, algumas plaquinhas compõem esta montagem, outras estão soltas por aí.

21


Aline van Langendonck Erratas (Conjunto de Fascículos): Dentro Detalhes (segunda parte), Dentro Aparas e Fora

2014-2017 Acrílica s/ páginas da Coleção Gênios da Pintura, Edição de 1967/8 e registro em vídeo 160 x 255 cm cada duração video

Erratas constitui uma série de intervenções práticas e conceituais. O trabalho foi realizado em três etapas: elaboração de pinturas sobre imagens dos fascículos da Coleção Gênios da Pintura, editada pela Abril Cultural em 1967 e 1968; reorganização das imagens/pinturas nos fascículos Dentro, Dentro Detalhes, Dentro Detalhes (segunda parte), Dentro Aparas, Dentro Fora, Fora, Fora Perto arq., Fora Longe arq. e Fora Distante; segundo uma investigação da construção do espaço pictórico na história da pintura (no arco histórico compreendido pela coleção) e na inserção (não autorizada) desses “novos” fascículos no acervo de bibliotecas da cidade de São Paulo que têm a coleção.

22


20 e 21 (Somas muitas) 2021 Serigrafia s/ camiseta de algodão Edição de 100 Dimensões variáveis

Multiplicar, interpretar, migrar, tornar, trespassar, transpassar, traspassar, sobrescrever, transverter, transbordar, trasladar, transportar, levar -com o corpo. Camisetas nas quais são estampadas uma seleção de imagens das páginas duplas 20 e 21, de livros de autoras da Biblioteca do Sesc Belenzinho, cujos textos serão recortados e editados. As camisetas serão distrubuidas ao público, gratuitamente, na abertura da exposição. Um dos intuitos principais do trabalho é fazer circular, no corpo, partes dos livros, todos de autoras mulheres, da biblioteca do Sesc Belenzinho, para além de seus limites físicos da unidade. E entendendo que isso se faz, ainda mais necessário, em tempos de pandemia pois, a Biblioteca ficou fechada por muito tempo e mesmo quando reaberta, as condições de reabertura, por medidas de segurança sanitária, deramse com muitas restrições de fluxo/uso.

23


20 e 21 (Somas muitas)

2021 Impressão s/ papel. Dimensões variáveis (Proporção 1:1 em relação aos livros originais)

Consiste em um fac símile das páginas 20 e 21 de uma seleção de 100 livros de autoras presentes no acervo da biblioteca do Sesc Belenzinho. A quantidade de autoras está relacionada ao número de dias em que a exposição fica aberta ao público, e as páginas selecionadas, ao ano vigente na data de abertura da exposição. Nas páginas dos livros são escolhidas, sinalizadas e evidenciadas palavras de força, encorajamento e empoderamento no intuito de estabelecer relações com questões feministas, com disputas sociais em discussão hoje. A intervenção também pretende trazer à vista páginas de livros fechados de dentro da biblioteca. Trazer à tona vozes de mulheres para dialogar tanto com trabalhos que estão presentes na exposição, quanto com o público. O manuseio, as escolhas e os grifos nas páginas dos livros também se relacionam ao contato, à presença, às escolhas e decisões, ao rastro, e por isso nas páginas também pretendo deixar evidentes marcas de passagem, permanência e leitura.

24


Andréa Tavares Uma consciência contra a violência 2014 Papel e fita adesiva Dimensões variáveis

Um jogo com as páginas do livro Uma consciência contra a violência, de Stefan Zweig. O livro propunha na leitura página a página uma narrativa sobre um período conturbado da vida de Jõao Calvino, durante o qual o fervor religioso que o reformador defendia se insere na vida civil, causando a morte de muitos inocentes. O jogo: descosturar o livro e tornar cada página um ser único, dobrar, amassar, cortar, colar com fita durex ou imprimir sobre as páginas.

25


Carmela Gross Monotipias

1996 20 monotipias sobre tecido 41,5 x 30 cm cada Coleção de Arte da Cidade/DADoC/ CCSP/SMC/PMSP

O conjunto de monotipias com as letras G-O-S-T-O-A-C-H-A-S-P-O-D-E-P-E-N-S-A-S, foram feitas como estudos preliminares para a instalação, apresentada na Casa das Rosas, em 1996, como parte da exposição Utopia. Meu projeto partiu do soneto de Machado de Assis, Spinoza, do qual destaquei os verbos: gosto, achas, pensas, e acrescentei pode.

26


Fernanda Porto Minhokê

2019-2021 Vídeo Músicas: Erva Daninha Duração: 02’48’’ Minhocão Free Duração: 01’48’’

Quando a floresta sai do corpo #5

2017-2021 Desenho em carvão sobre papel pólen 106 x 234 cm

O Elevado Presidente João Goulart, mais conhecido como Minhocão, é uma paisagem disputada por asfalto, carros, bicicletas, prédios e jardins verticais. Em caminhada realizada durante A Descrição do Mundo, residência artística proposta por A Cozinha Performática em 2019, surge o Minhokê: karaokê do Minhocão. As letras das músicas são arranjos de trechos dos textos produzidos pelos residentes. Arquétipo Rafa, Arthur Dossa e Xavier colaboraram com a criação musical, composição, gravação e mixagem. Leandro Gomes fez edição e animação do vídeo.

Como iniciar uma floresta e deixá-la crescer? Série de desenhos realizada na madrugada, onde o silêncio, o carvão vegetal e o intervalo entre o sono e o acordar, juntos, tornam-se um modo de encontrar um estado de corpo-floresta.

27


Isabella Beneduci Assim que abro os meus olhos

Assim que abro os meus olhos é uma coleção de desenhos diarísticos feitos em meu lençol. São desenhos que carrego como amuletos, que protegem e guiam. São uma mistura de narrativas íntimas, sonhos, memórias, aprendizados, pensamentos do dia a dia, impactos políticos, coisas de dentro e da vida. São também coisas que preciso lembrar enquanto mulher.

pedra-palavra

O vídeo é um livre exercício de tradução, traição e invenção da palavra com as mãos. O trabalho foi criado e realizado em colaboração com Leandro Gomes, na direção de fotografia, e Barbara Malavoglia, na criação e atuação das coreografias das mãos. Agradecimentos: Patrícia Araújo e Victor Rios.

2019-2020 Desenhos-amuletos em caneta sobre lençol 250 x 170 cm

2021 Vídeo duração

28


Janina McQuoid Cameral Mart 2015 original / 2018 cópia para exposição Espuma cortada à mão 250 x 160 cm

Marg Leng

2015 Espuma cortada à mão 250 x 130 cm

Se é na matéria onde se suja, dobra, enrola; na maçaroca, na sopa de letrinhas, brincadeiras, murmúrios, acasos querem significar, mas, sem sucesso, se misturam na grande sopa até uma próxima mexida, próxima chance de aparecer algo com que contender; uma palavra que, então, poderia dar conta de alguma coisa, mas, ao contrário, enquanto se negocia como forma, aponta para um problema, da linguagem.

29


Júlia Ayerbe e Laura Daviña Yo, la peor del mundo [Homenagem a Juana Inés de la Cruz] 2016 Estêncil sobre papel manilha 33 x 48 cm

“Yo, la peor del mundo” disse Sor Juana Inés de la Cruz no Libro de profesiones, escrito anos antes de sua morte. Juana foi uma poeta e escritora. O claustro nos conventos lhe permitiu desenvolver seu corpo de obra e reunir uma das mais importantes bibliotecas latinoamericanas de sua época. Nesse lugar, pesquisou, fomentou encontros literários e lutou pelo seu lugar como intelectual e pelo direito das mulheres à educação formal.

30


Laura Berbert O lugar da mutação 2017 Audioguia 5’57”

É um audioguia que, por meio da narrativa de pequenos espaços, memórias, sensações e movimentos do corpo, trata do que pode ser o destino.

31


Lívia Aquino Vizinhas

2018-2021 7 livros em papel dispostos fechados e abertos sobre mesas com som direcional Dimensões dos livros fechados: 11 x 17 x 1 cm, 14 x 21 x 3 cm, 14 x 21 x 2 cm, 16 x 24 x 7 cm, 12,7 x 21 x 2 cm, 14 x 21 x 3 cm, 16 x 23 x 3 cm.

Livros em branco, esvaziados de palavras. Palavras saem dos livros, ganham a sonoridade da voz. Voz e livro ocupam o espaço. Espaço de narrativa íntima, diário de quatro mulheres: Susan Sontag, Carolina de Jesus, Simone de Beauvoir, Alejandra Pizarnik. O livro permanece como sobra do que se decompõe em narrativa sonora. A artista subtrai o excesso de palavras e apropria-se dessas escritas particulares como um conjunto de impressões sobre ser e estar mulher em parte do mundo.

32


Lucia Mindlin Loeb Ancia Eterna

2010 Impressão PB digital em sulfite, costura japonesa manual. Medida aproximada 36 x 21,5 cm Tiragem: 3 + Prova de artista

Biblioteca

2008 Impressão PB digital em sulfite, costura manual. Medida aproximada 45 x 23 x 2,5 cm Tiragem: 3 + Prova de artista

Nesses trabalhos, a mesma imagem é repetida em todas as páginas, com um pequeno deslocamento milimétrico de uma para outra. Todas as folhas são furadas no mesmo lugar, deslocadas e costuradas, dando tridimensionalidade à imagem. A Biblioteca e os livros se tornam portais: Ancia Eterna, Biblioteca, O Silêncio é de Ouro, Enciclopédia de Conhecimentos Gerais. Este último, dando a volta em si mesmo, encerra e guarda o conjunto de todos os conhecimentos do mundo. O convite está feito e a porta está aberta, atravessando o livro e os volumes de uma estante. Depois disso, resta sentar e jogar Conversa Fora.

O Silêncio é de ouro

2010 Impressão PB digital em sulfite, costura japonesa manual Medida aproximada 36 x 21,5 cm Tiragem: 3 + Prova de artista

33


Enciclopédia de conhecimentos gerais

2015 Impressão PB digital em sulfite, costura japonesa manual Medida aproximada 23 x 17 x 6 cm Tiragem: 3 + Prova de artista

Conversa Fora

2013 Impressão PB digital em sulfite, costura japonesa manual Medida aproximada 31 x 28 x 1,2 cm Tiragem: 3 + Prova de artista

34


Maíra Dietrich Escrever sobre Ler

Escrever sobre Ler é uma construção visual e textual que organiza de forma não linear os acontecimentos, referências e memórias sobre a experiência da leitura e da escrita. Em textos impressos e colagens são compiladas experiências em bibliotecas no Brasil e na Bélgica, algumas escritas in loco e outras descritas de memórias. A posição de observadora faz do trabalho instrumento de um par de olhos que investe tempo em entender os detalhes e elementos que integram a experiência da vida com os livros, devolvendo para o público essa experiência enquanto acontecimento diagramático.

ESCRITO

ESCRITO é um conjunto de impressos que compilam statements escritos durante o processo de preenchimento de uma superfície com traços feitos à mão. O trabalho manual, repetitivo e mecânico abre espaço para a construção de significado verbal, que é posto em palavras, frases fragmentárias e em staccato, que decifram e adensam a ação, o pensamento sobre desenho e linguagem.

2017-2021 Impressão sobre papel 30 x 42 cm cada

2016 25 cartões impressos 21 x 15 cm cada

35


Mayana Redin Cosmic Records 2015-2021 Argila, páginas de livro e cerâmica Dimensões variáveis

A série Cosmic Records é feita de objetos obtidos através de dobras da argila sobre páginas de um livro. As páginas são provenientes do best-seller “Burnham’s Celestial Handbook”, um catálogo de constelações observáveis compiladas em três volumes por Robert Burnham Jr., publicado em 1978. Burnham foi um pesquisador autodidata e excêntrico astrônomo com uma visão política acerca da ciência, do progresso e do universo. Os objetos são resultados de uma limitada quantidade de gestos feitos na argila que, ao secarem, fixam as folhas do livro.

36


Mayra Martins Redin Poema de começo de construção

2018 Desenhos em caneta de nanquim, nanquim sobre papel Hahnemühle, papel manteiga, papel vegetal e papel Canson Dimensões variáveis

Poema de começo de construção

2018 Livro de poema em quatro partes editado e diagramado pela editora Quelônio 20 x 14 cm

Na montagem sugerida para esta exposição, composta por desenhos de pequenas estruturas, um vídeo que testemunha uma biblioteca pessoal pós-incêndio e um poema, aquilo que na linguagem se estabelece como definitivo e o que está ainda num lugar de prólogo se confundem na tentativa de criar uma borda provisória. Essa borda quer pensar a ruína e a réstia e coloca a pergunta: como o começo de uma coisa pode ser visto e percebido como algo que está se desfazendo? Um começo contém o inacabamento próprio daquilo que se está a construir. O uso da palavra “poema” tem o intuito de pensar a linguagem entre uma ausência de sentido e um começo de sentido novo.

Réstia

2016 Vídeo 7’10’’ Edição de Pedro Vasconcelos Costa e Silva

37


Natalie Salazar Inventário

2015 Livros envelopados de Michael Bruckner Dimensões variáveis

Inventário parte de um projeto de adquirir, em sites de livros usados, exemplares dos 14 romances do escritor Michael Bruckner, meu avô, que escreveu acerca de sua experiência durante a II Guerra Mundial. Os livros adquiridos, e uma vez recebidos, nunca foram abertos. Os livros, dentro dos envelopes e destinados à mesma pessoa, impossibilitam que o espectador saiba quais os títulos, as histórias, seu conteúdo.

38


Neide Sá Transparência 1968-2017 Acrílico e vinil adesivo 20 x 20 x 20 cm Ed. 7/10 Coleção Galeria Superfície

Transparência é um desdobramento tridimensional das pesquisas com livros de artistas. Esse objeto-poema é composto de 3 caixas de acrílico incolor com muitas palavras escritas sobre suas faces que possibilitam muitas combinações de leitura. Podem ser lidas, por exemplo, as palavras: liberdade, crueldade, desenvolvimento, subdesenvolvimento.

39


Paloma Durante Sem título — (O Infinito é composto por uma série de finitos) 2017 14 perguntas alocadas como um pop-up nas telas informativas do Sesc Belenzinho

O trabalho, composto por 14 perguntas, é um exercício de tradução do poema “O número Pi”, da escritora polonesa Wislawa Szymborska. Nele, convido o espectador para um exercício de contagem acerca de situações e certos contextos presentes no cotidiano de números de improvável alcance, mas não impossíveis de serem mensurados. O exercício de imaginar essas medidas é uma forma de esmiuçar essas situações que, mesmo grandes, diluem-se facilmente no dia-a-dia.

40


Raphaela Melsohn Toda protuberância pode ser buraco, e, todo entre, encaixe

2017-2019 Livros de tecido e espuma costurados Dimensões variáveis

O trabalho é construído com espuma e tecido costurados à mão, como um conjunto de páginas interdependentes sem uma ordenação predefinida ou ordem exata. Tendo como referência livros que tem sua narrativa descoberta a partir de encaixes, aberturas e desdobramentos, o trabalho/livro sugere tentativas, gestos, equilíbrios, vazios, cheios, desencaixes e escolhas a serem vislumbradas por meio de suas páginas, protuberâncias e buracos. Assim, partindo de propriedades inerentes aos materiais que trabalha, a artista problematiza narrativas formatadas sobre sexualidade e gênero.

41


Raquel Stolf As coisas que eu não disse

1998 8 placas de cerâmica com texto gravado (com tipos móveis) 8 x 11 cm cada

Oito placas de cerâmica foram queimadas num buraco no chão, com um texto gravado com tipos móveis, processo que foi concretizado na Editora Nôa Nôa, quando visitava a oficina do editor Cleber Teixeira, em 1998. A frase materializada instalada no espaço, em linha, é fatiada/ fragmentada. O que não se diz não se pode ou não se quer dizer? Ou talvez as respostas estejam ou não nas próprias perguntas: na frase que parece não secretar nada além de si mesma. As coisas que não foram ditas podem também ser pensadas como as coisas que não conseguimos pensar em palavras ou as coisas ainda não percebidas ou pensadas. Ou talvez haja somente silêncio escrito com e entre palavras.

42


Fundo de rio sob ruído de fundo [dia 1, dia 2, dia 3]

2011-2013 Vídeos e notas-desenhos Duração (blocos de vídeos): 4’38’’; 4’30’’; 4’52’’ Fragmentos de gravações de fundos de rios (áreas com profundidade máxima de três metros) são intersectados com notas-desenhos

Compõem-se de fragmentos de vídeos/ áudios de fundos de rios (em áreas com profundidade máxima de três metros), articulados com “notas-desenhos de escuta”, que indicam investigações sobre o silêncio como rumor incessante, propondo-se tipologias de fundos de rio. Essas tipologias de fundos de rio são espécies de anotações laterais, como camadas nas margens dos vídeos-cadernos. O trabalho é um desdobramento do projeto Assonâncias de silêncios, dando continuidade ao processo de uma coleção de silêncios que a artista vem construindo desde 2007. O processo da coleção tem envolvido situações de escuta e de escrita de silêncios, a partir da gravação e edição digital de áudios de fundos do mar, de fundos de rios e de ruídos de seus arredores, entre outros sons, textos e contextos. O projeto propõe perceber ressonâncias e deslocamentos entre silêncios, num processo de reenvio, repetição e vertigem.

43


Regina Parra ai!ai!

2021 Instalação em neon 60 x 185 cm; 60 x 200 cm; 80 x 170 cm; 160 x 250 cm Apoio: Galeria Millan

A instalação ai!ai! investiga o ato da fala, procurando entender como a voz feminina — desobediente e inconformada — pode ser interpretada como um discurso político. Os quatro letreiros reproduzem lamentos e gritos intraduzíveis expressos pela personagem Electra, protagonista da tragédia grega de mesmo título, escrita por Sófocles em 417 a.C. Na Grécia Antiga, qualquer expressão destemperada — verbal ou não verbal — era rejeitada e abolida da pólis como algo terrível e oposto à razão. A voz feminina era — e ainda é — entendida como a incorporação do ininteligível. Carregada por significados errôneos relacionados à falta de controle e insanidade. Retirados de seu contexto original, esses gemidos e expressões não verbais de angústia, raiva e prazer podem ser vistos como a liberação daquilo que de outra forma teria sido calado.

44


Renata Cruz Lido

2021 Colagens de aquarela sobre papel e cacos de louça Dimensões variáveis

Lido é uma colagem que trata das relações que estabelecemos entre os livros que lemos e as possíveis rupturas que seus conteúdos provocam na forma como nos organizamos. Os desenhos rompidos que a colagem apresenta são de livros escritos por mulheres, lidos pela artista e por frequentadores da biblioteca do Sesc Belenzinho.

45


Simone Barreto Brasa no seio 2019-2021 20 desenhos, aquarelas e relatos em áudio disponíveis via QR code Dimensões variáveis

Trata-se de uma série de relatos de mulheres operárias de fábricas de tecido da cidade de Fortaleza e uma série de desenhos e aquarelas que acompanham esses relatos. O trabalho é um modo de ampliar os espaços de ressonância da história da luta por melhorias de condições de trabalho das mulheres nas fábricas e de ir contra a divisão sexual do trabalho no campo e na cidade. Entre 2009 e 2011, Jormana Araújo recolheu relatos das operárias Teresa Alves, Lúcia Maria Feitosa, Vera Lúcia Mendes, Maria Bezerra, Lúcia Maria Feitosa e Zélia Gomes. Em 2021, esses relatos foram gravados nas vozes de Laura Barreto, Luiza Nobel, Paula Soares, Cecília Araujo, Bianca Ellen, Muriel Cruz Phelipe, Simone Barreto, Rachel Garcia, Carmem Araújo, Marta Aurélia, Eliana Amorim e Maria Macêdo. A edição de áudio é de Jorge Silvestre, e o projeto gráfico foi feito por Samuel Tomé.

46


Simone Moraes Peso dos livros

O vídeo é um registro de ação em que acolho com meu corpo o peso dos 4.301 livros da Biblioteca Pedro ManuelGismondi. A ação foi realizada em abril de 2019 no espaço expositivo do MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto Manuel-Gismondi).

Biblioteca Ausente

Durante o processo de montagem da mostra biblioteca: floresta, em fevereiro de 2018, no MARP, perguntei a cada artista participante: “Que livros de autoras mulheres são imprescindíveis?”. A pergunta surgiu de uma instigante constatação: na Biblioteca Pedro Manuel-Gismondi, menos de 5% dos livros são de autoras mulheres. Aglomerei os livros sugeridos pelas artistas e os infiltrei clandestinamente nas estantes da biblioteca.

2019 Registro de ação em vídeo 5’00”

2019 Livro 22 x 16 cm

47


Biblioteca Floresta (parte 2)

Ao longo de quase dois anos, colecionei, durante o processo de higienização dos livros da Biblioteca Pedro Manuel-Gismondi, que foi doada ao MARP, a primeira e a última palavra de cada um dos livros do acervo. Cada uma das 4.301 duplas de palavras será plantada com uma muda de árvore em Padre Bernardo, cidade do interior de Goiás, formando, assim, a Biblioteca Floresta.

Inundação

Na madrugada do dia 13 de maio de 2019, espalhei exemplares do livro Água Viva, de Clarice Lispector, de 1973. Os 4.301 livros inundaram a Praça Carlos Gomes, a Praça XV de Novembro e o ponto de ônibus em frente ao MARP, e ficaram disponíveis ao gesto de cada leitora e leitor que se interessasse em lê-los, manuseá-los, levá-los consigo.

Peso dos livros

A publicação é um registro de ação em que acolho com meu corpo o peso dos 4.301 livros da Biblioteca Pedro Manuel-Gismondi. A ação foi realizada em abril de 2019 no espaço expositivo do MARP.

2017-2019 Livro 22 x 16 cm

2019 Livro 22 x 16 cm

2019 Livro 16 x 22 cm

48


Vera Chaves Barcellos Momento Vital

Livro de artista, fotografia e registro em áudio de performance realizada no Espaço N.O, em Porto Alegre, 1979 Livro 33 x 22 cm, áudio 8’, fotografia 73,3 x 118,5 x 2,3 cm Coleção Fundação Vera Chaves Barcellos

Criada em 1979, esta obra em formato de livro de artista/performance tanto pode ter a forma de uma leitura silenciosa e solitária, no caso do livro, ou pública e participativa, no caso da leitura performática. Esta obra tem uma característica própria, que se deve ao fato de que aquilo que se lê é simultâneo ao acontecimento da leitura, fato que se desmonta apenas na última frase quando há uma reflexão que se distancia do momento vivido para buscar o seu significado.

49


biblioteca: floresta 41 escadaria da área externa 21

1 22 23 24 30 30

2

25

40

3 31 32 33 35 34 4

36

26

5

42 pop-up nas telas informativas do Sesc Belenzinho

6


12 20

19 18 17

16 15

29

14 13

30

11

30

28 8

39 38 37

10 27

7 9


1 O lugar da mutação

2017

Laura Berbert

12 pedra-palavra 2021 Isabella Beneduci

2 Transparência

1968-2017

Neide Sá

3 Yo, la peor del mundo [Homenagem a Juana Inés de la Cruz] 2016 Júlia Ayerbe e Laura Daviña 4 Cameral Mart 5 Marg Leng 2015 Janina McQuoid 6 AGITPROP 2016-2021 Aline Albuquerque 7 Brasa no seio Simone Barreto 2015-2021

Mayana Redin

9 Momento Vital Vera Chaves Barcellos

14 As coisas que eu não disse 1998 Raquel Stolf 15 Quando a floresta sai do corpo #5 2017-2021

Fernanda Porto

16 Peso dos livros 2019 17 Inundação 2019 18 Biblioteca Floresta (parte 2) 2017-2019 19 Biblioteca Ausente 2019

2019-2021

8 Cosmic Records

13 ESCRITO 2016 Maíra Dietrich

2015-2018

11 Inventário 2015 Natalie Salazar

1979

10 Fundo de rio sob ruído de fundo [dia 1, dia 2, dia 3] 2011-2013 Raquel Stolf

20 Peso dos livros Simone Moraes

2019

21 Assim que abro os meus olhos 2019-2020 Isabella Beneduci 22 Poema de começo de construção 2018 23 Poema de começo de construção 2018 24 Réstia 2016 Mayra Martins Redin 25 Minhokê 2019-2021 Fernanda Porto

52


26 Monotipias 1996 Carmela Gross 27 Lido 2021 Renata Cruz

39 20 e 21 (Somas muitas) Aline Van Langendonck

2021

28 mimimi 2017 Adelaide Ivánova

40 Toda protuberância pode ser buraco, e, todo entre, encaixe

29 Escrever sobre ler

2017-2021

Maíra Dietrich

30 Vizinhas 2018-2021 Lívia Aquino 31 Ancia Eterna 2010 32 Biblioteca 2008 33 O Silêncio é de ouro 2010 34 Enciclopédia de conhecimentos gerais 2015 35 Conversa Fora 2013 Lucia M. Loeb

41 ai!ai! 2021 Regina Parra 42 Sem título — (O Infinito é composto por uma série de finitos)

36 Uma consciência contra a violência

2017-2019

Raphaela Melsohn

2014

Andréa Tavares

37 Erratas (Conjunto de Fascículos): Dentro Detalhes (segunda parte), Dentro Aparas e Fora 2014-2017 38 20 e 21 (Somas muitas) 2021

53

2017

Paloma Durante



COM A PALAVRA programação A PALAVRA COMO PERCURSO COM AMARA MOIRA 27 de outubro 19h às 21h

Palavra, a matéria-prima da escrita. De um lado, cada palavra é única, diz somente o que ela própria diz, com todas as associações que só ela mesma comporta. De outro, palavra é também uma trama de outras palavras, ela precisa das outras para dizer o que é, o que significa. Que palavras vêm à tona quando mobilizadas por escrituras trans? Que histórias suas palavras contam?

A PALAVRA COMO EXPERIMENTO NA ARTE/ EDUCAÇÃO COM STELLA RAMOS 03 de novembro 19h às 21h

Stella Ramos propõe reflexões que partem do olhar para a palavra em processos que envolvem as relações entre públicos, leituras de mundo e vozes diversas, tanto leitoras quanto autoras, numa busca de conjugar arte, pensamento e transformação.

55


A PALAVRA COMO DESENHO DE UM LUGAR

A PALAVRA ENTRE MUNDOS

Um breve percurso de reflexão sobre os processos de pesquisa e de construção de contextos de exposições em que a palavra é matéria de experimentação.

Nessa roda de conversa, Jhonn Nara Gomes e Luciana Oliveira partilham a experiência de cocriação do livro bilíngue (Guarani e Português) “Ñe’ē Tee Rekove/ Palavra Verdadeira Viva”, produzido em colaboração com o povo Kaiowá do território retomado de Guaiviry Yvy Pyte Ojere, Mato Grosso do Sul/Brasil, e suas lideranças espirituais e intelectuais. O livro foi organizado pelo rezador Valdomiro Flores (Ava Apyka Renda Jurua), pela rezadora Tereza Amarília Flores (Kuña Jeguaka Rory) e por Luciana de Oliveira (Kuña Jeguaka Renda).

COM GALCIANI NEVES 10 de novembro 19h às 21h

A PALAVRA COMO INTERVENÇÃO URBANA E PÚBLICA COM LARISSA CORDEIRO 17 de novembro 19h às 21h

Sussurrar a palavra onde tudo grita, ainda que os corpos se tornem espaços públicos, porque intervenção é prática. Palavra é responsabilidade. E a voz é poder.

COM JHONN NARA GOMES E LUCIANA OLIVEIRA 24 de novembro 19h às 21h

56


programas públicos OLHAR A POBREZA – UMA CONVERSA SOBRE IMAGENS E DISCURSOS DA FALTA NA MÍDIA NACIONAL COM FABIANA MORAES E GALCIANI NEVES 18 de novembro 19h às 21h

Na apresentação, vamos abordar imagens/ discursos entronizados midiaticamente sobre a pobreza com ênfase no Brasil, mas também trazendo exemplos extra fronteiras. A análise crítica também provoca buscas de minar imageticamente essas representações das periferias, do Nordeste, de grupos vulnerabilizados.

PALAVRA DE MULHER COM RYANE LEÃO E LÍVIA AQUINO 02 de dezembro 19h às 21h

Uma conversa, uma troca, uma vizinhança. O que pode significar ser mulher no lugar onde estamos e em relação com os mundos que vivemos? Quais estratégias possíveis para cada uma e para o coletivo, para engendrar as forças necessárias capazes de quebrar alguns silêncios impostos? Ryane Leão e Lívia Aquino estão juntas nessa fala atravessada por seus trabalhos como escritora e artista.

57


OFICINA DE ESCRITA: DECANTAR O SONHO, DECANTAR O CORPO COM PALOMA DURANTE E MAYRA MARTINS REDIN 07 e 09 de dezembro 19h às 21h

Partindo das matérias que dão ignição aos trabalhos das duas artistas, Mayra Redin e Paloma Durante se propõem nesta oficina a partilhar alguns dos procedimentos de escrita que aparecem em suas pesquisas. No encontro entre a materialidade do corpo e a imaterialidade do sonho, Mayra e Paloma vão explorar modos de narrar imagens e sensações provenientes do descontrole, do onírico e de uma memória que joga não apenas com a narrativa mental, mas que habita o corpo em sua totalidade. A proposta é revisitar a memória do sonho e a memória do corpo para decantar palavras e, a partir dessa experiência, compor escrituras.

TEXTO DE ARTISTA EM TRÊS CAPÍTULOS

COM MAÍRA DIETRICH E RAPHAELA MELSOHN 08, 10 e 14 de dezembro 18h às 20h O curso propõe a discussão e produção de textos de artista, procurando criar condições para que possamos elucubrar coletivamente algumas possibilidades da intersecção do fazer plástico e textual. Em três encontros vamos pensar o texto de artista com os eixos do corpo, da imagem e do design. Em cada encontro serão apresentadas referências de textos de artistas sobre cada eixo, seguidos de um exercício de desarme/aquecimento coletivo, finalizando com uma discussão da produção textual de cada participante.

58


FLORESTA: VEGETAÇÃO GRÁFICA - OFICINA DE CARIMBOS

HOMENAGEM

COM FABIANA FALEIROS E JÚLIA AYERBE data e horário a definir

COM FERNANDA PORTO E SIMONE BARRETO 19 e 20 de janeiro 14h às 17h

Oficina teórico-prática que apresenta o carimbo como linguagem artística e propõe aos participantes a criação de matrizes de impressão artesanais como resposta gráfica aos trabalhos da exposição biblioteca: floresta.

A oficina tem como ponto de partida o trabalho “Yo, la peor del mundo”, que integra a exposição biblioteca: floresta. O trabalho é uma homenagem a Sor Juana Inés de la Cruz, escritora, poetisa e monja mexicana do século XVII. Tomando como partida a ação de homenagear, esta oficina propõe um exercício de recuperação de histórias que foram interrompidas, permanecendo restritas ao lugar do anonimato ou no âmbito da fofoca, espalhadas de forma oral ou por veículos não oficiais. Os encontros propõem o exercício da escuta e do compartilhamento de narrativas.

59


LIVRO NO ESCURO: O ACASO PARA CRIAÇÃO DE UM LIVRO EM AQUARELA

DESENHO É TRAPAÇA

COM ALINE VAN LANGENDONCK E ANDREA TAVARES 25, 26, 27 de janeiro e 02 e 03 de fevereiro 14h às 16h

COM RENATA CRUZ 26 e 27 de janeiro 14h às 16h

O objetivo da oficina é apresentar, por meio da construção de um pequeno livro de imagens, princípios básicos da técnica da aquarela. A proposta também deseja oferecer, valendo-se da pesquisa nos livros pessoais do participante, a construção de uma colagem de textos que acompanhará as imagens realizadas.

Desenho é trapaça é uma oficina de cinco encontros que propõe diferentes abordagens dos meios pelos quais o gesto gráfico se materializa no papel. A oficina também propõe o desafio de lidar com situações em que a imagem existe por instantes e nem mesmo chega a ser fixada em um suporte. Por meio de propostas individuais e coletivas, com diferentes materiais e suportes, os participantes serão convidados a exercitar a linguagem do desenho e o olhar.

60



ABIGAIL CAMPOS LEAL CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ, 1988 cordilheira de fumaça molhada, transita entre Filosofia y Arte como forma de criar poéticas que contribuam materialmente para a destruição do Mundo colonial, assim como para rememorar, imaginar y criar formas radicalmente outras de habitar a Terra. faz doutorado em Filosofia pela PUC-SP. é professora do curso de especialização em Ciências Humanas e Pensamento Decolonial pela PUC-SP. é uma das organizadoras do Slam Marginália, uma competição de poesias para pessoas trans. publicou “escuiresendo: ontografias poéticas” pela editora O Sexo da Palavra, em 2020, y “ex/orbitâncias: os caminhos da deserção de gênero”, em 2021, pela Glac Edições. ADELAIDE IVÁNOVA RECIFE - PE, 1982 É organizadora comunitária e poeta. Publicou dez livros, sendo “chifre” (Juiz de Fora: Edições Macondo, 2021) o mais recente. Seu quinto livro, “o martelo” (Rio de Janeiro: Garupa Edições, 2017) foi traduzido para o alemão, galego, inglês, espanhol, grego,

italiano, russo e estoniano e ganhou o Prêmio Rio de Literatura de 2018. Em 2020 foi indicada aos prêmios literários Derek Walcott e National Translation Awards. Atualmente ganha seu pão trabalhando como assistente de logística na sucursal alemã da revista Jacobin. É militante do movimento social por moradia DW&Co. Enteignen, em Berlim, onde mora desde 2011. ALINE ALBUQUERQUE SÃO PAULO - SP, 1974 É mãe, artista visual, ativista e educadora. Formada em Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em artes pela Universidade Federal do Ceará (UFC), pesquisadora do LAMUR (Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas - ICA/ UFC). Atualmente coordena o Laboratório de Artes Visuais da Escola Porto Iracema das Artes, em Fortaleza. ALINE VAN LANGENDONCK SÃO PAULO – SP, 1980 É doutora (2017) e mestra em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) (2009) e formada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares

62


Penteado (FAAP) (2002); participou de exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, em espaços como MARP, CCSP, Paço das Artes, Vitrinas MASP, Galeria Vermelho, em São Paulo, e Galeria Fernando Pradilla, em Madrid, Espanha. É professora do curso de Artes Visuais da FAAP desde 2011 e professora do curso de Pós-Graduação em Práticas Artísticas na mesma instituição. Lecionou no curso de Arquitetura da Faculdade Escola da Cidade de 2012 a 2013. AMARA MOIRA CAMPINAS – SP, 1985 É travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária e autora dos livros “E se eu fosse puta” (Hoo editora, 2016) e “Neca + 20 Poemetos Travessos” (O Sexo da Palavra, 2021). ANDRÉA TAVARES SÃO PAULO - SP, 1978 Desenvolve sua pesquisa poética no atrito entre a memória coletiva e a individual principalmente através do uso dos meios gráficos utilizados como suporte e conteúdo. Obteve o título de mestre (2008) em Poéticas Visuais na Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo (ECA-USP) com a dissertação Primeiro diário de viagem e o título de doutora (2014) na mesma instituição com a tese Curso de desenho por correspondência. Entre as exposições recentes, destacam-se as individuais Fantasmas, no Centro Cultural São Paulo (2017-18), e Gabinete Ansiedade, na Oficina Cultural Oswald de Andrade (2019). Coordena o curso de pós-graduação lato sensu Práticas Artísticas Contemporâneas, na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde também leciona nos cursos de Artes Visuais e Produção Cultural. AMANDA CUESTA SÃO PAULO - SP, 1979 É arte/educadora e curadora de projetos de Arte, Cultura e Educação. É pesquisadora em Artes Visuais e investiga a formação de acervos fotográficos em museus de arte. É graduada em História e pós-graduada em Fundamentos da Cultura e das Artes (IA-UNESP). Desde 2009 atua como mediadora cultural em museus, centros culturais e instituições de lazer cultural. Colabora como coordenadora e supervisora de programas educativos vinculados à instituições culturais, na cidade de São Paulo.

63


CARMELA GROSS SÃO PAULO - SP, 1946 Professora da Universidade de São Paulo desde 1972 e doutora em Artes Visuais (USP, 1987), Carmela Gross vem realizando trabalhos inseridos no espaço urbano que trazem um olhar crítico acerca da arquitetura e da história urbana. FABIANA FALEIROS PELOTAS – RS, 1980 Artista-pesquisadora, trabalha com invenção de pedagogias. Doutora em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ com a tese Lady Incentivo SEX 2018: um disco sobre tese, amor e dinheiro, com bolsa FAPERJ Nota 10. Participou da 10ª Berlin Biennale com o Mastur Bar, projeto iniciado em São Paulo como exposição individual na Solo Shows Gallery. É autora do livro O pulso que cai e as tecnologias do toque, Ikrek, São Paulo, 2016 - Prêmio Proac Livro de Artista. Em 2017 participou da residência Capacete - Documenta 14, Atenas, Grécia. Em 2019 foi professora convidada da Escuela Incierta, projeto da residência artística Lugar a Dudas, Cali, Colômbia. Já apresentou seus trabalhos em espaços institucionais e

autônomos em cidades como Belém do Pará, Varsóvia, Kiev, Viena, Innsbruck, entre outras. FABIANA MORAES RECIFE – PE, 1974 Professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Jornalista e doutora em Sociologia, tem pesquisas acadêmicas e reportagens voltadas para a questão da hierarquização social com foco na (in)visibilidade de grupos vulneráveis. É vencedora de três prêmios Esso: Os Sertões (2009); O Nascimento de Joicy (2011) e A Vida Mambembe (2007). Recebeu ainda os prêmios Petrobras de Jornalismo (2015) com a série Casa Grande e Senzala; o Embratel (2011) com o especial Quase Brancos, Quase Negros e três prêmios Cristina Tavares (Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco) com Os Sertões, Quase Brancos Quase Negros e A História de Mim (2015). Lançou cinco livros: Os Sertões (Cepe, 2010), Nabuco em Pretos e Brancos (Massangana, 2012); No País do Racismo Institucional (Ministério Público de Pernambuco, 2013); O Nascimento de Joicy (Arquipélago Editorial,

64


2015); Jormard Muniz de Britto - professor em transe (Cepe, 2017). Realizou o documentário Dia de Pagamento (2015) e investiga narrativas midiáticas, jornalismo, subjetividade e a relação entre celebridade e pobreza.

ISABELLA BENEDUCI

GALCIANI NEVES FORTALEZA – CE, 1978 É professora (FAAP e Universidade Federal do Ceará) e curadora do MuBE. Tem mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. É autora do livro Exercícios críticos: gestos e procedimentos de invenção (Educ – SP e Fapesp, 2016). Coordena a Escola Entrópica (Instituto Tomie Ohtake). FERNANDA PORTO FORTALEZA – CE, 1983 Vive em São Paulo. É mãe, artista visual e designer gráfica. Estudou Comunicação Social na Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e fez mestrado no Programa de Pósgraduação Interunidades em Estética e História da Arte, da Universidade de São Paulo (PGEHA-USP). Sua prática se orienta pela ação de colecionar e de ficcionalizar a experiência da vida cotidiana.

SÃO PAULO - SP, 1992 Vive em Belo Horizonte. Trabalha como artista, pesquisadora e ilustradora. O desenho está presente em todas as suas áreas de atuação. É mestra em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na linha de pesquisa Artes Plásticas, Visuais e Interartes (20192021) e graduada em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde também cursou Comunicação Visual com habilitação em Cinema (20112012). Integra o Metade ao lado de Ana Tranchesi. A dupla realiza trabalhos na interface da arte com outras disciplinas, atuando para além dos espaços institucionais. JANINA MCQUOID SÃO PAULO - SP, 1989 Mora na Basileia, Suíça. É mestranda em Artes Plásticas na Hochschule für Gestaltung und Kunst FHNW. Fez graduação na School of the Art Institute of Chicago (2012). Estudou na Escola Entrópica, Instituto Tomie Ohtake (2013-16), e Programa Independente do MASP (2017). Apresentou as individuais “Um sorriso é uma espada” (2015), “Miruca” (2016), “Mais

65


uma e você está ciao ciao bambina” (2018), “Sentindose ok essa manhã e você sabe” (2019). Participou das coletivas, “Convocatória para um Mobiliário Brasileiro” (2016) no MASP, “Arthur, Janina, Marco e Pedro” (2017), organizada por Daniel Senise no Jacarandá, “Ai-5 50 Anos Ainda não terminou de acabar” (2018) no Instituto Tomie Ohtake, organizou “Unidos da Barra Funda” (2018) no Olhão, realizou cenografia para Os Satyros em “Sonho de uma noite de verão” (2018), e integrou a residência Pivô Arte e Pesquisa (2018). Recentemente participou das exposições “Matrioshka” (2020) em São Paulo, na galeria Bergamin Gomide, e a mostra solo “Rapsódia do côco” (2021), organizada pelo Projeto Vênus. JHONN NARA GOMES KAIOWÁ, AMAMBAÍ - MS, 2000 É liderança jovem na Retomada Aty Jovem (RAJ) dos povos Kaiowá e Guarani e reside na retomada de Guaiviry Yvy Pyte Y Jere (Mato Grosso do Sul/Brasil). Cineasta e professora, formou-se em cinema pelo Programa de Extensão Imagem Canto Palavra no Território Guarani e Kaiowá da UFMG. É codiretora dos filmes premiados “Ava Marangatu” (Ser Sagrado, 2016, 15”), “Ava

Yvy Vera” (Terra do Povo do Raio, 2016, 52”) e “Yvy Pyte” (Coração da Terra, 2019, 7”). Atuou como bolsista de iniciação científica do projeto Tee | Descendentes (2018) no curso Políticas da Terra (Formação Transversal em Saberes Tradicionais, UFMG, 2018). Foi professora no curso Direito à Existência: Territórios e Conflitos (FT Saberes Tradicionais, UFMG, 2021). JÚLIA AYERBE SÃO PAULO - SP, 1982 Vive entre Madrid e São Paulo. Editora, pesquisadora e curadora. Sua produção está focada em feminismos, práticas editoriais e diversidade funcional. Atualmente é doutoranda em História da Arte pela Universidad Complutense de Madrid com uma bolsa INPhINIT da Fundación La Caixa. Foi editora e uma das gestoras de Edições Aurora (2015-2018) e editora sênior da Pinacoteca de São Paulo (2010 e 2016). Colaborou com instituições como Sesc, Paço das Artes, Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça, Casa do Povo, Haus der Kulturen der Welt (Berlim), Galerias Municipais Lisboa, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madrid), CA2M (Móstoles), entre outras.

66


LARISSA CORDEIRO

LEDA MARIA MARTINS

SÃO PAULO - SP, 1993 É poeta, escritora e artista da oralitura. Atualmente cursa licenciatura em Ciências Sociais pela UNIFESP. Escreve “desde que se entende por gente”, criou um blog em 2012 e, em 2014, lançou de forma independente seu primeiro trabalho pocket intitulado “Você Não é Seu Emprego”. Por dois anos consecutivos, 2017/2018, disputou o Campeonato Paulista de Poesia Falada (SLAM SP).

RIO DE JANEIRO - RJ, 1955 Poeta e Ensaista. Atualmente é professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da FALE/UFMG (Pós-Lit/UFMG). É diretora de Ação Cultural da UFMG, atua nas áreas de Letras (Estudos Literários) e de Artes Cênicas, com ênfase em teatro, dramaturgia, performance e nas interlocuções entre a literatura e outros sistemas semióticos, dentre eles o teatro, a dança, a música e as performances rituais. Sua bibliografia inclui livros e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior, em português, inglês, espanhol. Em 2017, foi homenageada com a criação do PRÊMIO LEDA MARIA MARTINS DE ARTES CÊNICAS NEGRAS, pelo BDMG Cultural em reconhecimento pela contribuição da docente na área de Artes Cênicas Negras.

LAURA BERBERT UBERLÂNDIA – MG, 1990 É artista visual e astróloga. Graduada e mestra na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, e estudante na pós-graduação de Psicologia Analítica no Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa, em São Paulo. Entre 2018 e 2020, atuou como arte-educadora do ensino infantil em São Paulo. Entre 2013 e 2016, integrou o coletivo e editora-laboratório lavoura ambulante & edições, publicando livros de artistas e outros impressos autorais, além de desenvolver projetos de artes gráficas e encadernação manual.

LAURA DAVIÑA SÃO PAULO - SP, 1982 É designer e editora de arte formada em Artes Visuais com especialização em design gráfico. Foi integrante do espaço autônomo Aurora

67


(2013) e cofundadora e editora de arte da Edições Aurora (2013-2018). Desde 2015 coordena o projeto Publication Studio São Paulo e mantém sua prática de pesquisa em design desenvolvendo oficinas e criações coletivas, a partir da experimentação gráfica. Para isso integra e habita o ateliê Parquinho Gráfico, na Casa do Povo, São Paulo.

no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Museu do Estado do Pará, na HibertRaum Gallery Berlin, no Instituto Adelina, no Museu de Arte de Ribeirão Preto, no Sesc São Carlos, na Pinacoteca de São Paulo, no Museu de Arte Brasileira e no Centro Cultural São Paulo. Vive e trabalha em São Paulo. LUCIANA OLIVEIRA

LÍVIA AQUINO FORTALEZA - CE, 1971 É pesquisadora do campo da cultura e das artes visuais, professora e artista. Sua prática opera conexões entre a imagem, a escrita e a leitura, explorando seus significados e os sentidos que produzem no espaço e com o outro como participador. Doutora em Artes Visuais e Mestre em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É professora da pós-graduação em Práticas Artísticas Contemporâneas e no Tecnólogo em Produção Cultural da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. Participou de exposições coletivas no Parque Lage, no Centro Cultural da Diversidade, na Galeria Reocupa Ocupação 9 de julho, na Fundação Joaquim Nabuco, na Oficina Cultural Oswald de Andrade,

DIVINÓPOLIS - MG, 1974 É pesquisadora-extensionista e professora associada no Departamento de Comunicação Social e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG (linha de pesquisa Pragmáticas da Imagem). Tem trabalhado colaborativamente com o movimento Aty Guasu GuaraniKaiowá e com a comunidade de Guaiviry Yvy Pyte Y Jere desde 2012 com projetos em cinema, redes sociais, assessoria, artes visuais e editoriais que objetivam apoiar a luta pelos territórios tradicionais. É coorganizadora do livro “Ñe’ē Tee Rekove/ Palavra Verdadeira Viva” (2020) junto com o casal de xamãs Valdomiro Flores e Tereza Amarília Flores, e coautora do livroobjeto “Tee: amboe oguahema omburahei ha oñembosarai haguã/ Descendentes: Outros

68


que chegam para rezar e brincar” (2020) com o artista Paulo Nazareth. É líder do Coletivo de Estudos, Pesquisas Etnográficas e Ação Comunicacional em Contextos de Risco (Corisco). LUCIA MINDLIN LOEB SÃO PAULO - SP, 1973 Trabalha com fotografia desde 1991. Buscando um novo suporte para as imagens, começou a investigar e experimentar a construção de uma série de livros-objetos, que utilizam procedimentos tais como repetição de imagens, deslocamentos, sobreposições, cortes e furos, entre outros. Participou do V Núcleo de Formação em Linguagem Fotográfica, do Centro Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, 1991. Formouse em Design Gráfico no Centro Universitário Belas Artes, São Paulo (2010). É mestra em poéticas visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), sob orientação do professor dr. Marco Buti (2014). É doutora em poéticas visuais pela ECA-USP, sob orientação do professor dr. Claudio Mubarac. Tem em seu currículo diversas exposições, individuais e coletivas, no Brasil e no exterior.

MAÍRA DIETRICH FLORIANÓPOLIS - SC, 1988 Cursou Bacharelado em Artes Plásticas pelo CEARTUDESC, Mestrado no KASK School of Arts, em Ghent, na Bélgica, e atualmente é parte do programa Art By Translation, em Paris. Seu trabalho explora a relação entre a linguagem e o corpo, através de escrita, video, instalação, desenho e performance. Expôs na Galerie Art & Essai, Les Abattoirs, 019, Convent, Paço das Artes, A Gentil Carioca, Museu de Arte de Santa Catarina entre outros. Desde 2012 coordena a editora A Missão, focada em textos de artistas. MAYANA REDIN CAMPINAS - SP, 1984 É artista e pesquisadora, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Bacharel em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre, Comunicação Social pela UNISINOS. Fez mestrado e doutorado (2013/2020) em Linguagens Visuais na UFRJ. Algumas de suas exposições são “A borda o risco o mundo: experimento # 2”, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2014); “Cosmografias”, Arquivo Histórico de São Paulo (2015); “Arquivo Escuro”, galeria Silvia

69


Cintra+Box 4, Rio de Janeiro (2016); “Pacotão”, programa Hello.Again, Pivô, São Paulo (2017); “Filme Roubado“, projeto para o site aarea.co (2018); “Biblioteca Escâner”, na Biblioteca da EAV Parque Lage, (2019). Atualmente é docente no curso de Artes Visuais na UERJ.

e o invisível, a escuta e os sentidos, o registro e a memória, a intimidade e a troca. NATALIE SALAZAR

MAYRA MARTINS REDIN CAMPINAS - SP, 1982 Atua na intersecção entre a arte, a escrita e a clínica psicanalítica. Psicóloga pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Artista Visual pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mestre em Educação (UFRGS) e Doutora em Artes pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), faz parte do grupo-oficina Artesania dos dias (Porto Alegre) e atua também como professora. Participa de exposições e residências artísticas desde 2004. Publicou o livro Poema de começo de construção (Quelônio, 2018) e Histórias de observatório (Confraria do Vento, 2013), e também ensaios e artigos teóricos. Ilustrou Mrs. Dalloway (Autêntica, 2012), de Virginia Woolf, com tradução de Tomaz Tadeu. Trabalha as questões relacionadas à imagem e palavra pensando os limites entre o visível

RIO DE JANEIRO - RJ, 1969 É artista e trabalha a partir do resgate de memórias, livros e fotografias do arquivo de sua família, reutilizandoos afim de criar novas conexões, estranhamentos ou deslocamentos. Desenvolve textos literários vinculados a sua pesquisa visual. Dentre as exposições de que participou, destacam-se o Prêmio Brasil de Fotografia, as individuais realizadas no GAIA - UNICAMP e na Pinacoteca da UFV, e “roda pé” disponível na plataforma Arte que Acontece. NEIDE SÁ RIO DE JANEIRO - RJ, 1940 É uma das fundadoras do movimento de Vanguarda Poema/Processo, que teve seu início em 1967, sendo uma das responsáveis pela publicação das obras Ponto 1, Ponto 2, Processo e Vírgula, ligadas ao movimento. O início de sua produção, que data de meados da década de 1960, é marcado pela associação aos ideais radicais e

70


politicamente engajados do movimento. A partir da década de 1980, Neide se debruça sobre a criação de obras participativas, em que o corpo do espectador opera como parte integrante da obra de arte. Em 1976, ingressa na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde estuda programação visual, formando-se em 1980. Três anos depois faz pósgraduação em Arte Educação no Instituto Metodista Benett; cursa gravura e fotogravura, com Tereza Miranda; pintura, com Katie Van Sherpenberg e participa da Oficina de Gravura, desenvolvendo pesquisas com gravura em relevo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). Em paralelo aos estudos, dirige o Núcleo de Arte Heitor dos Prazeres, entre 1966 e 1983. Participou da Bienal de Veneza em 1978, das Bienais de São Paulo de 1974 e 1978, e da 3ª Bienal Internacional do México, em 1990, entre outras. ­ PALOMA DURANTE SÃO PAULO – SP, 1992 Graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2014). Atua como artista, educadora e pesquisadora. Edita a revista “presente”

e o blog da GLAC edições. Em suas investigações, trata de questões relacionadas a processos de tradução de um corpo em movimento, embates entre corpo e objeto, o caminhar e a mediação em arte enquanto prática artística. RAPHAELA MELSOHN SÃO PAULO – SP, 1993 Raphaela Melsohn é artista e mestranda em Visual Arts pela Columbia University (2022). Em trabalhos recentes investiga construções espaciais propostas pelos corpos, em oposição aos corpos conformados a um espaço ergonometricamente planejado. Fluxos, buracos, vazamentos e formas orgânicas que possibilitam outras construções possíveis são recursos recorrentes em seu trabalho. Entre suas exposições, destacam-se as individuais “Investigações em VÍDEO: registro, deslocamento do olhar e FORMAS DE PENSAR”, pela Temporada de Projetos 2016 do Paço das Artes (MIS, São Paulo, 2016) e “Vestir armadilha” (casamata, Rio de Janeiro, 2016). Foi artista residente na Pivô (São Paulo, 2019), AnnexB (Brooklyn, 2018) e Red Gate Residency (Pequim, 2016).

71


RAQUEL STOLF INDAIAL – SC, 1975 Artista, pesquisadora e professora nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Artes Visuais da UDESC, Florianópolis. Desenvolveu pesquisas de Doutorado (2007-2011) e Mestrado (2000-2002) na UFRGS, Porto Alegre. Licenciada em Artes Plásticas pela UDESC, Florianópolis (1994-1999). Suas proposições investigam relações entre processos de escrita, experiências de silêncio e situações de escuta, bem como o procedimento da coleção. Coordena o selo céu da boca e vem construindo projetos, proposições e publicações que envolvem desdobramentos em instalações, microintervenções sonoras, ações, vídeos, fotografias, textos e desenhos. REGINA PARRA SÃO PAULO – SP, 1984 É artista plástica. Mestre em Teoria e Crítica da Arte pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Nos últimos anos, realizou exposições individuais na Galeria Millan (SP), Fundação Marcos Amaro (SP), Museu de Arte de Santa Catarina (MASC)

(SC), O Sítio (SC), Pivô (SP), Centro Cultural São Paulo (SP), Paço das Artes (SP), Fundação Joaquim Nabuco (PE) e Galeria Leme (SP). Em 2019 participou do programa de residências artísticas da AnnexB, em Nova York, EUA. No ano anterior, esteve em residência artística na Residency Unlimited (NY) e foi premiada pelo Edital da Mostra 3M de Arte. Em 2017 foi contemplada com o Prêmio da SP_Arte e, em 2012, contemplada com o Prêmio de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco e indicada ao Prêmio de Artistas Emergentes, da Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA. Recebeu também o I Prêmio Ateliê Aberto Videobrasil (2011) e o Prêmio Destaque da Bolsa Iberê Camargo (2009). RENATA CRUZ ARAÇATUBA – SP, 1964 Vive e trabalha em São Paulo. Em seu trabalho busca criar narrativas abertas e não lineares, onde estão presentes diversos olhares, vozes e outras manifestações de vida. Apropria-se de recortes de textos literários, escuta relatos e histórias pessoais, e os organiza com imagens e fragmentos do mundo. Formada em Comunicação Visual, UNESP, Bauru SP; Educação

72


Artística, UNAERP, Ribeirão Preto, SP, realizou cursos como aluna estrangeira na Facultad de Bellas Artes de la Universidad Complutense de Madrid, Espanha, e pós-graduação em Arte Integrativa pela Anhembi Morumbi. Entre as exposições de que participou estão: 2021, “O amanhã é agora” - Festival Labverde; 2020, “Amazona” - Instituto Adelina, São Paulo, SP; 2019, “Reserva: O abismo não nos separa, ele nos cerca” Espaço Cultural Porto Seguro, São Paulo, SP; 2018, “Para sempre e um dia” – MARP, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP; 2017, !Para siempre y un día” - Galería Blanca Soto Madri, Espanha; 2016, “Kaetemiru”, time for a change, Aomori Contemporary Art Centre Aomori, Japão; 2015, “No reino dos camuflados”, área de soltura Espacio Titilaka Lima, Peru. RYANE LEÃO CUIABÁ - MT, 1989 É poeta bestseller e professora cuiabana que vive em São Paulo. Publica seus escritos na página Onde jazz meu coração, com mais de 630 mil leitores. “Tudo nela brilha e queima” é seu primeiro livro, lançado pela Editora Planeta em 2017. Também pela Editora Planeta,

a autora participou da antologia “Querem nos calar”, que reuniu quinze poetas de todas as regiões do Brasil. Em 2019 lançou seu segundo livro “Jamais peço desculpas por me derramar”. É fundadora da Odara English School for Black Girls, escola de inglês afrocentrado para população negra. Ryane é do axé, filha de Oyá com Ogum e sabe que ser vento é sempre seguir em frente. SIMONE BARRETO FORTALEZA – CE, 1984 É artista educadora. Desenha, borda e costura. Mestranda em Ensino e Relações ÉtnicoRaciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia e graduada em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará. Ministra cursos e aulas de artes para crianças e adultos. Desenvolve pesquisas independentes sobre narrativas femininas autobiográficas na arte contemporânea, a divisão sexual do trabalho no campo e na cidade, corpo e maternidade. Como artista participou de residências artísticas, exposições coletivas e individuais, entre elas: Ouro Branco (2017) na Galeria Sem Título, e Ouro Branco - a estrada é escura e arriscada (2019) no MAC-CE.

73


SIMONE MORAES RIBEIRÃO PRETO – SP, 1970 Vive e trabalha em Goiás. Graduada em Educação Artística e Artes Plásticas, pela Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP. Tem especialização em Psicopedagogia, pela PUC de Goiás e Gestão empresarial pela FGV. Sua pesquisa se nutre da convergência entre arte e ciência, utilizando metodologias próprias do trabalho científico, como classificação e arquivamento. Em suas ações e intervenções na natureza, realiza rituais de caráter curativo que permitem apontar uma relação entre o ser humano e seu ambiente natural, posteriormente transformados em objetos, intervenções, colagens, ações, vídeos, desenhos e fotografias. Seu interesse em trabalhar em espaços naturais explica também a opção por um processo artístico que visa o contato direto com o meio natural, social e cultural. Em 2021 participou da Temporada de projetos no Paço das Artes com a vídeoinstalação “Peso da Biblioteca Ausente”. Em 2019 apresentou “Entrelinhas: pó palavra corpo”, no MARP Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi; em 2018, “Desabrochar de um modo ou de outro”, no Palacete Jorge Lobato; e em

2017, “Floema”, no Museu de Arte de Blumenau-SC. STELLA RAMOS SÃO PAULO – SP, 1976 É artista educadora, poeta e autora de livros na área de artes visuais e linguagem, para crianças, adolescentes, professores e em programa de especialização para educadores por todo o Brasil. Coordena e faz formação de equipes de mediadores culturais e professores, em espaços culturais e educacionais. Investiga o diálogo com os campos do jogo e da arte. Desenvolve trabalhos e intervenções artísticas que conjugam artes visuais e poesia. É integrante do coletivo de artistas/educadores Zebra5. Atualmente cursa especialização em Educação em Direitos Humanos, pela UFABC. VALQUÍRIA PRATES PIRACICABA - SP, 1977. Pesquisadora, educadora, curadora. Graduada em Letras e mestre em políticas públicas de educação e acessibilidade pela Universidade de São Paulo. É doutora pelo Instituto de Artes da Unesp em processos colaborativos e mediação cultural nas artes.

74


Fundadora da AVE (Agência de Viagens Espaciais), atua como colaboradora de museus, bibliotecas, universidades, escolas e instituições culturais, coordena programas de educação, mediação e formação, realiza curadorias de exposições e organiza publicações. Atualmente é pesquisadora do Núcleo de Pedagogias da Floresta da Casa do Rio (AM), colaboradora do Instituto Cultural Usiminas (MG) e é responsável pela coordenação pedagógica nacional do Programa CCBB Educativo Arte & Educação, programa realizado pelo JA.CA Centro de Arte e Tecnologia. VERA CHAVES BARCELLOS

na década de 1960, passando pela participação nos grupos Nervo Óptico (1976 – 1978) e Espaço N.O. (1979 – 1982) e instituição da galeria Obra Aberta (1999 – 2002). A partir de 1986, passa longas temporadas em Barcelona, Catalunha, onde desenvolve intensa atividade realizando mostras em diversos espaços institucionais e teve sua obra representada pela galeria Artual até 1996. Atualmente, Vera preside a Fundação que leva seu nome, desenvolvendo um instigante programa expositivo, aliado a projetos editoriais e seminários, além do decisivo engajamento com a democratização do acesso à arte contemporânea.

PORTO ALEGRE – RS, 1938 Artista com vasta produção sintonizada com as tendências contemporâneas, tem histórica inscrição no sistema das artes, através de sua participação em mostras coletivas com destaque para diversas Bienais de São Paulo, Bienal do Mercosul e Bienal de Veneza, e para a realização de dezenas de exposições individuais no Brasil e exterior. Afirmouse pela potência de sua obra e também pela atuante contribuição à promoção e estímulo ao debate artístico, evidenciados desde o ingresso na vida artística

75


SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL ABRAM SZAJMAN DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL DANILO SANTOS DE MIRANDA SUPERINTENDENTES TÉCNICO−SOCIAL JOEL NAIMAYER PADULA COMUNICAÇÃO SOCIAL IVAN PAULO GIANNINI ADMINISTRAÇÃO LUIZ DEOCLÉCIO MASSARO GALINA  ASSESSORIA TÉCNICA E DE PLANEJAMENTO SÉRGIO JOSÉ BATTISTELLI GERENTES ARTES VISUAIS E TECNOLOGIA  JULIANA BRAGA DE MATTOS ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO MARTA RAQUEL COLABONE ARTES GRÁFICAS HÉLCIO MAGALHÃES  SESC BELENZINHO MARINA AVILEZ EQUIPE SESC ADRIANO ALVES, ALINE PESSOA, ANA GARBIN, CATIA LEANDRO, ÉRICA DIAS, FERNANDA CONEJERO, FILIPE LUNA, JOAO PAULO LEITE GUADANUCCI, JOB BEZERRA, JOSÉ HENRIQUE O. COELHO, JOSUÉ CARDOSO, KARINA MUSUMECI, MARCELO DE JESUS, NILVA LUZ, RICARDO MARTINS, SUELLEN BARBOSA E TIAGO DE SOUZA

BIBLIOTECA: FLORESTA CURADORIA GALCIANI NEVES ASSISTENTE DE CURADORIA ISABELLA BENEDUCI PRODUÇÃO EXECUTIVA NU PROJETOS DE ARTE – NATHALIA UNGARELLI COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO HELOISA LEITE PRODUÇÃO TETE ROCHA PROJETO EXPOGRÁFICO CARMELA ROCHA E STEPHANIE FRETIN COLABORAÇÃO PROJETO EXPOGRÁFICO PAULA THYSE, ALINE AMBRÓSIO E SOFIA GAVA PROJETO DE AUDIOVISUAL EDUARDO BARBOSA PROJETO DE ILUMINAÇÃO JULIANA PONGITOR PROJETO GRÁFICO FERNANDA PORTO ASSISTÊNCIA PROJETO GRÁFICO JULIA PINTO MONTAGEM FINA MANUSEIO ENGENHARIA MURILO JARRETA PROJETOS NEON NEON 3 ESTAÇÕES CENOGRAFIA MAXXY STANDS ILUMINAÇÃO AUDIOVISUAL MAXI ON LINE TRANSPORTE DE OBRAS, SEGURO E CONSERVAÇÃO SÃO MIGUEL AGRADECIMENTOS MARCUS VINICIUS NILTON CAMPOS



VISITAÇÃO de 18 de novembro de 2020 a 27 de fevereiro de 2021. Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 19h30. AGENDAMENTO DE VISITAS EDUCATIVAS tel. 11 2076-9704, das 10h às 17h ou agendamento@belenzinho.sescsp.org.br Sesc Belenzinho Rua Padre Adelino, 1000  Belém CEP 03303-000 | São Paulo/SP Tel.: (11) 2076 9700      sescbelenzinho sescsp.org.br/belenzinho


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.