Díptico Mundana

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GUERRA EM IPEROIG 25/8 a 4/9 de 2022 OS INSENSATOS 8 a 18/9 de 2022 U D I

mundana

espaço-tempo para encontros entre artistas com estéticasafinidadeseafetivas encontros efervescentes na impermanência para rimar paixão e nacontinuidadedesapegotransitoriedade a cada novo ato, agrupamentos de artistas comprometidos com o princípio coletivo do encontrosdentrozonateatrodetrânsitodotempoqueurgedeamornavida

Essas palavras foram escritas entre 2007 e 2008 quando buscávamos fundamentar esse espaço/tempo coletivo que estávamos inventando dentro do universo do teatro. Quinze anos de trabalho, treze produções. Necessário revisitarmos o que havia no princípio.

Dinheiro é a coisa mais importante que existe! Não! Aos pés da Serra do Mar, Mata Atlântica geral, havia uma civilização sem dinheiro, sem consumidores, sem trabalho. Sim! Crescimento econômico zero! Mas não! Dinheiro é a coisa mais importante que existe! Sim! As Naus dos Insensatos se puseram a cruzar sete mares do Dorival Caymmi, em busca de commodities coloniais, expansão econômica e almas límpidas para erguer o reino dourado, ouro puro, do Deus europeu.

Sim! Os Insensatos desvirginando virgens dos lábios de mel, acorrentando Ubirajaras, desembarcando peludos nas areias de Iperoig! Na aldeia de Coaquira! No comando, o Santo Anchieta, o dramaturgo de Nossa Senhora, articulando a Paz de Iperoig, evento

Sim! Não!

no qual, entre outras estripulias, as almas dos tamoios comedores de gente foram purificadas. Os franceses, concorrentes dos portugueses na conquista do dinheiro, que é a coisa mais importante que existe, foram expulsos de nosso tropical litoral sensacional, enquanto os tamoios, glutões de homens e espíritos, padeceram no paraíso perdido para as commodities tropicais sensacionais, do pau-brasil ao Pré-Sal, tornando-se fantasmas antropofágicos, comidinhas do mercado financeiro internacional pré-liberal, cadáveres de uma Terra sem Mal! Mas não! Sim! Não! Segundo a mitológica Maldição de Cunhambebe, o mais nervoso e selvagem dos líderes tamoios, a partir dos massacres cometidos contra a nação Tupinambá, Iperoig estaria condenada eternamente à Guerra da Insensatez! A guerra que retumba agora, sob nossas barbas verde-amarelas! O crescimento neoliberal contra as transas amazônicas! Os homens de bem contra o safado dos Direitos Humanos! O retinir das metrancas, bumbum dos canhões e as armas do estelionato religioso contra a paz, o amor e a amizade! Os demônios estão soltos! Proteja-se! Sobreviva! André Sant’AnnaAutoreator

A pandemia da covid-19 cruzou nosso processo criativo que passava por uma sequência de crises internas agravadas pela monstruosidade que chamamos de país. Essa coisa meio nação, forjada na violência, que nos constitui e que é nossa, ou não, e que era e segue sendo o motivo do nosso projeto. Me perguntava “Como chegamos até aqui?” para no minuto seguinte entender que essa perguntava ecoava através de séculos. E eu seguia. E nós seguíamos.

Alguns desembarcaram no percurso. Durante o isolamento social nos mantivemos em comunicação virtual regular, seguimos quase que à deriva, assim como tantos colegas de ofício noutros cantos por aí. As relações entre europeus e indígenas no século XVI – período em que se consolidava esse terror chamado colonização – nosso objeto de pesquisa, não facilitava em nada nossas vidas. E vieram mais discussões. Algumas

cruzadosCaminhos

E as crises se avolumavam à medida que o país se afigurava mais monstruoso. E novas possibilidades criativas se configuravam. Material não nos faltava. Cenas, textos, experimentos, roteiros… Um dia fechamos agenda para apresentarmos o trabalho. Transmissões ao vivo pela internet sem a presença do público. A pandemia não daria trégua tão cedo. Ganhamos nossa sobrevivência como artistas profissionais. Faríamos. Faríamos o quê?

insolúveis.

O material acumulado poderia resultar em algumas peças. Como tínhamos dois lugares para apresentar, fizemos dois roteiros esteticamente diferentes. Sendo que, nos dois casos, a pandemia está presente, como uma espécie de colaboradora na composição das cenas. Olhe, veja! Não esqueçamos a travessia ainda inacabada. Todas as cenas foram escritas para uma contracenação na qual os atores e atrizes não se Estecontaminassem.dípticoéfruto de um processo apocalíptico, ainda em curso, vivido por um grupo de artistas brasileiros. Aury Porto Ator e codiretor Domingo, 21 de agosto de 2022 do calendário cristão

ROTEIRO Aury Porto, Cristian Duarte, Joana Porto, Roberta Schioppa, Rogério Pinto e Zahy Guajajara TEXTOS André Sant’Anna DIREÇÃO Aury Porto, Cristian Duarte, Joana Porto e Rogério Pinto ELENCO Aury Porto, Érika Puga, Mariano Mattos Martins, Zahy Guajajara e Ziel Karapotó DIREÇÃO DE MOVIMENTO Cristian Duarte DIREÇÃO VOCAL INTERPRETATIVA Lucia Gayotto DIREÇÃO MUSICAL Gui Calzavara GUERRA EM IPEROIG

SONOPLASTIA, OPERAÇÃO DE SOM E VÍDEO Ivan Garro CENOGRAFIA Rogério Pinto FIGURINO Joana Porto e Rogério Pinto ASSISTENTE DE CENOGRAFIA Ana Beatriz Coelho LUZ Wagner Antônio OPERAÇÃO DE LUZ Felipe Tchaça e Sibila VÍDEOS E PROGRAMAÇÃO DE VIDEO MAPPING Bruna Lessa CONTRARREGRAGEM Rafael Matede COLABORAÇÃO CONCEITUAL Renato Sztutman e Stelio Marras COORDENAÇÃO DE PROJETO Aury Porto

GESTÃO DE PROJETO Metro Gestão Cultural DIREÇÃO DE PRODUÇÃO Carla Estefan PRODUÇÃO EXECUTIVA Bia Fonseca ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Veridiana Lima FOTOS Renato Mangolin e Alessandra Nohvais PROJETO GRÁFICO Mariano Mattos Martins MANUTENÇÃO WEBSITE E REDES Yghor Boy AUDIOVISUAL Cacá Bernardes (filmagem Figura da Guerra) PARTICIPAÇÕES EM VÍDEO Anderson Kary Báya, Igor Pedroso, Lian Gaia, Mariana Ximenes, Raquel Kubeo VOZ NA ÓPERA DA NAU Nash Laila

GUERRA EM IPEROIG contém trechos de: A QUEDA DO CÉU - PALAVRAS DE UM XAMÃ YANOMAMI. Davi Kopenawa e Bruce Albert. Companhia das Letras. 2015. JUNK-BOX - UMA TRAGICOMÉDIA NOS TRISTES TRÓPICOS. Sérgio Sant’Anna. Edições Du Bolso. 1980. GUERRA EM IPEROIG contém cenas dos filmes: O DESCOBRIMENTO DO BRASIL (1937) e OS BANDEIRANTES (1940). Direção de Humberto Mauro. DIREITOS/CESSÃO CTAv/SAv/SeCult/Ministério do Turismo. As cenas da FIGURA DA GUERRA, interpretada por Mariana Ximenes, foram realizadas no heliponto do prédio FIESP. Nossos agradecimentos à FIESP e toda sua equipe técnica e de segurança.

ROTEIRO Aury Porto, Cristian Duarte, Joana Porto, Roberta Schioppa, Rogério Pinto e Zahy Guajajara TEXTOS André Sant’Anna DIREÇÃO Aury Porto, Cristian Duarte, Joana Porto e Rogério Pinto ELENCO Anderson Kary Bayá, André Sant’Anna, Aury Porto, Érika Puga e Lena Roque DIREÇÃO DE MOVIMENTO Cristian Duarte DIREÇÃO VOCAL INTERPRETATIVA Lucia Gayotto DIREÇÃO MUSICAL Gui Calzavara OS INSENSATOS

CENOGRAFIA Rogério Pinto FIGURINO Joana Porto e Rogério Pinto ASSISTENTE DE CENOGRAFIA Ana Beatriz Coelho MAQUIAGEM Rogério Pinto LUZ Wagner Antônio OPERAÇÃO DE LUZ Felipe Tchaça e Sibila VÍDEOS E PROGRAMAÇÃO AUDIOVISUAL Bruna Lessa CONTRARREGRAGEM Rafael Matede SONOPLASTIA, OPERAÇÃO DE SOM E VÍDEO Ivan Garro COLABORAÇÃO CONCEITUAL Renato Sztutman e Stelio Marras

COORDENAÇÃO DE PROJETO Aury Porto GESTÃO DE PROJETO Metro Gestão Cultural DIREÇÃO DE PRODUÇÃO Carla Estefan PRODUÇÃO EXECUTIVA Bia Fonseca ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Veridiana Lima FOTOS Renato Mangolin e Alessandra Nohvais PROJETO GRÁFICO Mariano Mattos Martins MANUTENÇÃO WEBSITE E REDES Yghor Boy AGRADECIMENTOS Marlene Salgado Vera GeorgetteHamburgerFadel

Além do díptico, a mundana companhia organiza 4 encontros prático-teóricos, nos quais compartilha procedimentos de trabalho a partir do material de pesquisa e do processo de criação dos espetáculos GUERRA EM IPEROIG e OS PartindoINSENSATOS.dessehistórico, o ator Aury Porto vai dividir a condução de cada um dos encontros com os artistas da equipe da mundana companhia que trabalharam ao longo do processo em 2020. A programação das Atividades Formativas será a seguinte: FORMATIVASATIVIDADES

AURY PORTO + ZAHY GUAJAJARA Atritos, estranhamentos, reconhecimentos, afetos e trocas culturais durante um processo de criação teatral 03 DE SETEMBRO 15H ÀS 18H (grátis)

AURY PORTO + RENATO SZTUTMAN E STELIO MARRAS Histórias das relações entre os povos originários e os colonizadores europeus ao longo do primeiro século de colonização dessa faixa litorânea entre São Paulo e Rio de Janeiro 17 DE SETEMBRO 15H ÀS 18H (grátis)

AURY PORTO + ANDRÉ SANT’ANNA Ideia original e seu desdobramento, escritura e reescritura dos textos da cena ao longo do ano de 2020 10 DE SETEMBRO 15H ÀS 18H (grátis)

27 DE AGOSTO 15H ÀS 18H (grátis)

AURY PORTO + ROGÉRIO PINTO Materiais e procedimentos na criação plástica dos espetáculos GUERRA EM IPEROIG e OS CLIQUEPARAINSENSATOSMAISINFORMAÇÕES,AQUI.

SESC BELENZINHO Rua Padre Adelino 1000 Belenzinho - São Paulo - SP Telefone: 11 2076 www.sescsp.org.br/belenzinho9700 www.mundanacompanhia.com.br@mundanacompanhia U D I GUERRA EM IPEROIG 25/8 a 4/9 de 2022 QUINTA A SÁBADO 21H30 DOMINGO 18H30 OS INSENSATOS 8 a 18/9 de 2022 QUINTA A SÁBADO 21H30 DOMINGO 18H30

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