QUANDO EU MORRER, VOU CONTAR TUDO A DEUS com coletivo O Bonde
de 23 de marรงo a 14 de abril de 2019
texto Maria Shu direção Ícaro Rodrigues atuação Ailton Barros, Filipe Ramos, Jhonny Salaberg e Marina Esteves musicistas Ana Paula Marcelino e Anderson Sales direção musical e canções originais Cristiano Gouveia preparação vocal Renata Éssis preparação corporal Mariane Oliveira cenografia e figurino Eliseu Weide assistência de cenografia e figurino Carolina Emídio e Iasmin Ianovale criação e operação de luz Kenny Rogers fotografia Tide Gugliano assessoria de imprensa Elcio Silva projeto gráfico, diagramação e ilustrações três design revisão e colaboração de texto Thaisa Burani Fontes dos dados presentes neste caderno: United Nations High Commissioner for Refugees: www.unhcr.org Refugee Week: www.refugeeweek.org.uk Amnesty International UK: www.amnesty.org.uk
JE M’APELLE
ABOU!
MEU NOME É ABOU!
O ESPET “Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus” é um projeto de montagem do livro homônimo escrito por Maria Shu que conta sobre a imigração em massa de africanos em direção à Europa. Primeiro espetáculo infanto-juvenil do Coletivo O Bonde, é uma peça para crianças de todas as cores e idades. A proposta é construir um espetáculo lúdico e poético sobre a situação de abandono e de ausência de condições básicas de sobrevivência que muitas crianças precisam enfrentar, e a criatividade que desenvolvem para dar um novo sentido à realidade.
TÁCULO Inspirada em uma manchete real de 2015, a peça conta a aventura de Abou, um menino refugiado de oito anos que é encontrado dentro de uma mala de viagem tentando entrar ilegalmente em Ceuta - cidade autônoma da Espanha que faz fronteira com o norte da África. Na sua imaginação a mala se transforma na cachorra Ilê, que nunca teve. O menino divide o espaço também com um rádio quebrado e ouve as histórias de Nyame, o Deus do céu. A imaginação de Abou e sua curiosidade dentro de uma mala de 41 x 66 centímetros tornam menos penosa a sua longa viagem rumo à Europa e as estratégias de sobrevivência num mundo hostil e totalmente desconhecido.
PALAVRAS IMPORTAM Refugiados são pessoas que fogem de guerras ou situações muito perigosas. Em geral, precisam deixar tudo para trás. Migrantes são pessoas que se mudam para outro país por razões pessoais. Em geral estão em busca de uma vida melhor e conseguem se planejar para a viagem.
Termos como “refugiados”, “migração” e “asilo” costumam aparecer muito em histórias como a de Abou. Vamos aprender o que cada uma significa?
Pessoas deslocadas internamente buscam segurança em outras partes do seu país. Requerentes de asilo são pessoas que procuram proteção internacional porque foram ameaçadas. Em geral, são pessoas que discordam do governo de seu próprio país e estão com medo de serem presas ou mortas pela polícia. Retornados são pessoas que voltaram para casa depois de terem sido deslocadas. Pessoas apátridas não têm a nacionalidade de nenhum país.
RÁDIO ABOU
O rádio de Abou trazia as notícias sobre o que acontecia lá fora. Vamos ver algumas informações que o rádio transmitiu para ele?
quantas pessoas estão deslocadas? Uma em cada 110 pessoas no planeta Terra foi forçada a fugir.
110
1
2 1 SEGundos
República Árabe da Síria Afeganistão Sudão do Sul Myanmar Somália
pessoa
De onde vem a maioria dos refugiados?
A cada dois segundos uma pessoa é obrigada a fugir de sua casa
Para onde vai a maioria dos refugiados? Quase 9 em cada 10 refugiados estão nos chamados países em desenvolvimento. A maioria está no país vizinho ao seu: Turquia Paquistão Uganda Líbano
Rep. Islâmica do Irã Bangladesh Sudão
ações
Você sabia que muita gente tem preconceito contra pessoas refugiadas? Isso é muito triste, porque essas pessoas só estão em busca de uma vida melhor. Vamos ajudar a mudar essa situação? Escute, veja, conheça! Segundo o Comitê Nacional de Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, existem hoje mais de 5.200 refugiados em nosso país. Ser acolhido com dignidade em um novo lugar é um direito humano e nós temos o poder de garantir isso. Provavelmente muitos de nós dirá que não conhece ninguém que seja um refugiado. Mas aqui em São Paulo existem alguns centros de acolhimento que você pode visitar, como o Centro de Acolhida a Refugiados, da Cáritas Brasileira, e testar as dicas que vêm a seguir!
Mensagem de boas-vindas. Você pode enviar um desenho ou algumas palavras de encorajamento e solidariedade para alguém que acabou de chegar. Todos sabemos o quanto é bom sentir-se bem-vindo quando você é novo em algum lugar, como quando mudamos de escola ou de cidade.
Faça doações. Converse com sua família e dediquem um dia para procurar em casa coisas que podem ser doadas, como roupas, cobertores e brinquedos. Aqui em São Paulo, o Centro Integrado do Imigrante, o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes e a Cáritas Brasileira recebem doações de objetos e também em dinheiro. Procure na internet como encaminhar!
Escreva uma carta. Todos sabemos o quanto algumas palavras calorosas podem ajudar a melhorar seu dia. Coloque-as no papel para aqueles que estão começando de novo, assim eles saberão que você está pensando neles e quer recebê-los bem!
Prepare um bolo (ou alguma outra receita)! Se há uma coisa com o poder de unir o mundo, é provavelmente uma comida. Sabe aquela receita da sua família que você ama? Que tal preparar e levar de presente para uma família de recém-chegados experimentar?
Aprenda algumas palavras em outra língua. Dizer algumas palavras na língua de outra pessoa é uma forma de fazer com que ela se sinta bem-vinda. Pense sobre o que você gostaria de aprender a dizer um: “Olá”em árabe, ou “Muito prazer!” em espanhol? Para frases simples, você pode recorrer ao Google Tradutor. Peça para alguém da sua família ou seu professor ajudá-lo na busca.
Assista a um filme. Os melhores filmes nos mostram pessoas e realidades muito diferentes da nossa. Assista a um filme inspirado em uma experiência sobre cruzar fronteiras. Reúna-se com colegas e planeje uma exibição em algum local do seu bairro ou na escola. Ou assista sozinho e depois compartilhe suas impressões sobre o que você assistiu e o que você pensou.
Leia um livro. Por meio da leitura, podemos fazer uma caminhada pela nossa imaginação. Pesquise em alguma biblioteca ou livraria algum livro que conte uma história de um refugiado: leia sozinho, com amigos ou em um clube de leitura. Se você gostou do livro, passe adiante ou recomende a um amigo.
Conheça melhor sua comunidade. Você já desejou conhecer melhor seus vizinhos ou se perguntou sobre como se conectar com novas pessoas? Temos mais coisas em comum do que coisas que nos separa: sugira uma festa de rua na sua comunidade, um churrasco compartilhado ou um piquenique para conhecer melhor aqueles que estão à sua volta.
Converse! Fazer uma mudança em nós mesmos é o primeiro passo para mudar o mundo em que vivemos. Todos nós temos redes maiores e mais largas do que imaginamos. Temos o poder de iniciar diálogos que, de outra forma, nunca aconteceriam e, juntas, podem levar a uma mudança real.
objetos vivos Assim como Abou imaginou que sua mala se transformou em Ilê, sua cachorra, vamos imaginar no que esses objetos poderiam se transformar? Arrume alguns lápis de cor, canetinhas ou o que deseja usar para desenhar e deixe sua imaginação correr solta!
fazendo as malas
Se você estivesse numa situação de emergência e tivesse que sair às pressas, o que levaria junto com você? Desenhe dentro da mala os objetos que você gostaria de levar.
A história de Amira Olá, meu nome é Amira. Eu venho do Sudão, um país da África. Minha família e eu viemos pra cá porque houve uma guerra em nosso país e nossas vidas estavam em perigo. Nós tivemos que deixar nossa casa às pressas no meio da noite. Só conseguimos pegar algumas roupas, alguns utensílios de cozinha e um pouco de dinheiro. Todo o resto deixamos para trás. Quando chegamos aqui tudo parecia muito estranho. Estava muito frio, as pessoas usavam roupas diferentes e falavam uma língua estranha. Nós estávamos muito assustados preocupados com o nosso futuro. Depois de algum tempo nos deram um lugar para ficar e as coisas melhoraram. Comecei a frequentar uma escola local. Algumas crianças foram gentis e amigáveis comigo. Mas algumas crianças foram indelicadas e disseram coisas como: “Por que você não volta para o seu próprio país e nos deixa em paz? Você não é daqui”. Agora tenho dois bons amigos. Eles me dizem para eu não me preocupar ou ficar chateada quando as pessoas são indelicadas comigo. Mas, às vezes, eu ainda fico triste e solitária e me pergunto se eu pertenço a este lugar.
coletivo o bonde Formado por artistas da Escola Livre de Teatro de Santo André, "O Bonde" é um grupo que pesquisa a negritude nas artes. Ele surge do reconhecimento dos integrantes em terem dispositivos de trabalho e criação semelhantes, resultado dos processos de formação pedagógica da Escola Livre de Teatro de Santo André, e também por serem artistas negros, nascidos e criados em bairros periféricos de São Paulo. Como as estéticas da periferia constroem a memória, a narrativa e as relações afetivas e políticas do povo negro? Quais são as músicas, as danças, as artes visuais e a literatura produzida na periferia? O grupo tem como proposta de linguagem investigar os ecos da diáspora e da contemporaneidade a partir das manifestações populares do povo negro até os dias de hoje. E como? Daí vem o impulso de cantar e dançar, como os bondes de funk. A palavra “bonde” nos remete tanto aos grupos de funk que se unem para dar expressão a uma identidade cultural, quanto aos veículos utilizados antigamente nas cidades para levar os trabalhadores de um lugar a outro. Buscamos criar nossa poética, dando voz às nossas urgências, investigando nossa história, partilhando e fortalecendo nossas narrativas estéticas, dialogando de forma direta e representativa com o público.
de 23 de março a 14 de abril de 2019 sábado e domingo, às 12h ingressos R$ 20 (inteira) R$ 10 (aposentado, +60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante) R$ 6 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc) duração 60 minutos indicação etária livre para todos os públicos