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2013
A ResistĂvel AscensĂŁo de Arturo Ui (foto: Marina Hungria)
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índice
EpopEia contemporânea____________________________________________ 4 Cinco dificuldades ao escrever a verdade _____________________________ 6 Da ocupação ______________________________________________________ 9 encenações _______________________________________________________ 10 Retrato Calado ...................................................................................................................... 10 Ensaio Sobre o Sim e o Não ............................................................................................... 13 leituras ___________________________________________________________ 14 Cabaré Paulista – Do Manifesto Contra o Trabalho ....................................................... 14 A Lata de Lixo da História .................................................................................................. 16 Pílades, de Pasolini ................................................................................................................ 17 A Medida ...................................................................................................................................... 18 As Mãos Sujas ......................................................................................................................... 19 encontros _________________________________________________________ 20 Da trajetória ____________________________________________________ 21 Um Teatro Aberto _________________________________________________ 22 Cidade Desmanche ..................................................................................................................... 24 Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso ............................................................................ 25 Saara ............................................................................................................................................. 27 ContraCidade ............................................................................................................................... 28 Um Retorno _______________________________________________________ 29 O que resta da ditadura? ___________________________________________ 30 CRONOLOGIA TEATRO DE NARRADORES ___________________________________ 32 FICHA TÉCNICA _____________________________________________________ 36 programação ______________________________________________________ 38
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O Brasil é diferente. O Brasil não é deste mundo. Se eu contar você não crê. Roberto Schwarz
EpopEia contemporânea As experiências em que o espectador é conduzido pelo entoar de narrativas, deixando-se enredar por acontecimentos que o convidam a refletir acerca do processo criativo teatral, é uma celebração que pode nos remeter ao teatro épico grego. Desde então, a narrativa como elemento de linguagem cênica tem sido uma constante nas várias formas de representação ao longo dos tempos. Mas é no início do século XX que esta orientação ganhou a potência de suscitar processos reflexivos em razão das questões sociais ali emergentes. A partir destas referências e voltando os olhos para a dramaturgia brasileira, as décadas de 196070 são palco de um importante fazer artístico que assume o compromisso com a transformação cultural, convidando o espectador a participar da reflexão daquele contexto histórico-social. Em suma, das relações de poder ali inscritas. Trata-se de um veio transformador que tem impulsionado a cena teatral contemporânea, quando esta se depara com questões não menos complexas, quiçá sem a resolução de algumas das anteriores. Não à toa, faz bem recordar o escritor e crítico literário Roberto Schwarz que, por meio da farsa, nos põe em contato com um universo difícil de crer.
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Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (foto: Bárbara Campos)
Inspirado no teatro épico-político de Brecht, este compromisso tem sido a fonte de trabalho do Teatro de Narradores há 15 anos. Um grupo que conta e entoa com as vozes que testemunham a busca por novos caminhos para a cena teatral. E o faz a partir de (e na intersecção com) grandes narradores do teatro, do cinema, da literatura. Desta forma, o Teatro de Narradores constrói sua trajetória em meio à realidade imbricada na cidade, na vida do povo, em narrativas vividas pelo grupo como forma de construir o próprio traçado. Como dramaturgo-narrador interessado em proporcionar tais experiências, o diretor teatral José Fernando de Azevedo, com o seu olhar atento, tem mantido em pauta as relações entre arte e política, na intenção de transformar o debate público, por meio da intervenção na cena teatral brasileira. Ao abrigar a Ocupação Teatro de Narradores, que conta com uma profusão de intervenções cênicas, espetáculos, debates e o lançamento do Caderno de Ensaios, o Sesc reitera a sua missão em relação aos processos educativos por meio da ação cultural, convidando o público a usufruir mais este espaço de reflexão, em que a palavra é testemunha de uma experiência artística de um trabalho teatral fundado na narrativa contemporânea, e da qual somos todos autores.
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Sesc São Paulo
Cinco dificuldades ao escrever a verdade Bertolt Brecht | 1935 |
[...] A grande verdade da nossa era (cujo reconhecimento por si só não tem utilidade, mas sem o qual não se pode encontrar nenhuma outra verdade importante) é que nossa parte do mundo está afundando na barbárie, porque as relações de propriedade dos meios de produção são sustentadas por meio da violência. Pois de que adianta escrever algo corajoso, cuja conclusão é que a condição na qual afundamos é a da barbárie (o que é verdade), se não está claro por que nos metemos nela? Precisamos dizer que há tortura para que as relações de propriedade permaneçam. Certamente que ao dizer isso perderemos muitos amigos, que são contra a tortura porque acreditam que as relações de propriedade poderiam ser mantidas também sem tortura (o que não é verdade). Precisamos dizer a verdade sobre as condições bárbaras do nosso país, e que é possível fazê-las desaparecer, o que transformará, diga-se, as relações de propriedade. Precisamos além disso dizê-lo àqueles que mais sofrem com as relações de propriedade e que mais têm interesse nas suas transformações, os trabalhadores, e àqueles que podemos levar a serem seus aliados, porque na realidade eles também não têm posse nenhuma sobre os meios de produção, mesmo que participem dos lucros. E, em quinto lugar, devemos agir com astúcia. E todas estas cinco dificuldades devemos superar a um só tempo, pois não podemos investigar a verdade sobre condições bárbaras sem pensar naqueles que sofrem com elas; e, enquanto nós, espantando sempre qualquer acesso de covardia, buscamos as verdadeiras conexões tendo em vista aqueles que estejam dispostos a usá-las como conhecimento, temos ainda que pensar em lhes entregar a verdade de modo que possa ser uma arma em suas mãos, e ao mesmo tempo de modo tão astuto, que essa entrega não possa ser descoberta e impedida pelo inimigo. É isso o que se exige quando se exige que o escritor deva escrever a verdade. (Tradução de Camilo Schaden)
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Cenas de Intervenção: paisagem número 8: Nossas Mãos Sujas
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“Uma esquerda é, por definição, antimimética. E uso a palavra para afastar-me de todas as práticas de mimese que hoje caracterizam a política: as pesquisas, a construção de uma opinião pública que reproduza as condições existentes, o alinhamento político, conservador, a todos os medos sociais, a aquiescência automática diante das relações de poder estabelecidas. Ser hoje de esquerda é intervir no espaço público e na política. É refutar os pactos miméticos. É negar os acordos de cumplicidade e de resignação”. Beatriz Sarlo
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Da ocupação Se esta “Ocupação” tem um sentido comemorativo, ela é sobretudo, para nós, uma plataforma de estudo. São quinze anos de trabalho desde o teatro universitário, das primeiras tentativas, até a definição de um campo mais efetivo de investigação e criação, em que o estudo dos temas passa a determinar o nexo de nossas experimentações formais. A ideia de uma trajetória se dá segundo uma percepção que se quer crítica, no esboço de uma “autoimagem” a partir de uma produtividade que é a do encontro. De certo modo, o roteiro dessa ocupação tenta uma geografia político-afetiva, sedimentada provisoriamente na cena, de modo a elaborar os impulsos que permitam os saltos (nem sempre para frente...) na lida com temas, meios, procedimentos e formas. Não se trata, todavia, de um olhar retrospectivo, mas da tentativa de apreender, no estágio presente, vestígios e apontamentos: ver o percurso segundo um olhar atual, verificando o modo como os temas e as formas se desenvolveram nessa trajetória e de que modo ainda a perspectiva que se abre resulta da compreensão que dela fazemos. Não propomos, portanto, uma discussão autorreferente, mas uma abertura à experiência que nos move e nos concerne: nosso tema é o Brasil.
Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (foto: Bárbara Campos)
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encenações Retrato Calado Não se trata, para nós, de termos comparativos – o assassinato político no interior da célula militante, de um lado; a tortura e a supressão física dos “suspeitos”, de outro. O esquecimento que se tornou a regra do convívio em nossa sociedade contabiliza, negativamente, o saldo de uma história de supressões, cifrando o desiquilíbrio entre a violência da luta e a destituição da fala que lhe garante o sentido. Este é sem dúvida um dos aspectos decisivos formalizados na novela “Retrato Calado” de Luiz Roberto Salinas Fortes, professor do Departamento de Filosofia da USP até sua morte em 1987: os embates de um intelectual, lançado ao inferno da tortura, interrogando-se pelo sentido da ação e do engajamento – “o destino/o sistema/as coisas”.
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Retrato calado é a reconquista da palavra pelo Salinas escritor, professor, jornalista, filósofo. Resgate da dignidade do pensamento que, no abismo de sua fragilidade, recobra energia para expor a urdidura cerrada em que a violência captura a linguagem - esforço humano para renunciar ao uso da força -, enredando-a na trama imperial do torturador que desintegra a vítima para que dela brote uma palavra íntegra, avilta o torturado para que dele venha uma palavra verdadeira, submete a presa para que ela lhe faça o dom fantástico de uma palavra livre que o absolveria enquanto ele dela escarnece. Apertando as têmporas, Salinas trabalha. Transforma o grito inarticulado em palavra articulada para encontrar, escreve ele na esteira de Rousseau, “a origem das línguas”. Transforma em verbo a dor, em frase a cólera, em escrita a vergonha, em ideia a agonia, em pensamento a matéria vociferante da experiência bárbara, para que assim se torne, como escreveu alguém antes dele, “um bem verdadeiro porque capaz de comunicar-se a todos”. Meditação sobre o destino, o acaso, a adversidade, a razão e os afetos, despida de heroísmo porque tecida na serenidade dos perplexos, busca de si. Trabalho do pensamento e obra de liberdade. (Marilena Chaui, “Apresentação” de Retrato Calado)
(foto: Francinny Anzai)
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Cenas de Intervenção: paisagem número 14: Aquele que diz sim / Aquele que diz não
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Ensaio Sobre o Sim e o Não O material das peças didáticas de Brecht têm sido o ponto de partida para elaboração de novos argumentos cênicos. Neste caso, sem que o texto sofra alterações, a fábula ganha para nós uma nova dimensão. Nos textos de Brecht, “Aquele que diz Sim”/”Aquele que diz Não”, um professor e um grupo de alunos saem em busca de remédios – na primeira versão, para salvar uma cidade atingida por uma epidemia; na segunda, como uma expedição de pesquisa. Antes da partida, o grupo visita um estudante com a mãe doente e o rapaz propõe engajar-se na ação. Depois de alguma hesitação, a mãe aceita o envolvimento do filho e todos partem. No meio do trajeto, em meio às dificuldades, o menino tomba. Como coloca em risco a ação, o grupo decide seu destino e, em acordo com a medida tomada, o garoto aceita que, para que prossigam, ele morrerá. Nossa versão trata de um grupo de intelectuais em São Paulo, 1970. O grupo está envolvido na preparação de uma ação clandestina e deve alcançar outros membros em local de onde partirá a ação. O jovem estudante quer tomar parte na tarefa; depois de uma discussão, decide-se que ele poderá acompanhar o grupo. A discussão sobre o sentido da ação clandestina e o sentido do assassinato político são aspectos que nos interessam e que, sem dúvida, estavam no horizonte da discussão de Brecht, no final dos anos 1920.
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Cabaré Paulista
leituras São retomadas de materiais que na trajetória do grupo determinaram caminhos de investigação temática e formal.
Cabaré Paulista – Do Manifesto Contra o Trabalho Antes, no entanto, ainda no caminho das “Cenas de Intervenção”, o Cabaré Paulista – Do Manifesto Contra o Trabalho (2006) esboçava um quadro a partir de nossa própria condição enquanto artistas. Trata-se de um experimento ocorrido durante a ocupação que fizemos na Casa do Politécnico (CadoPo), então mantida por estudantes da Escola Politécnica da USP, num esforço – interrompido – de converter a antiga moradia de estudantes em um “outro centro cultural”, no coração da região da Luz, onde já se evidenciava o processo de higienização/gentrificação que hoje se efetiva sem qualquer dissimulação. Partíamos da constatação de que a cena surgia da “percepção dos avanços da barbárie e, desobedecendo aos mandamentos da semicultura dominante, trata[va-se] de apresentá-la em suas diversas manifestações” – como, à época, provocava Iná Camargo Costa. Neste caso, o fundamental era trazer ao primeiro plano “uma certa consciência do significado [des-
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ses] feitos estético-políticos e dos horizontes que eles podem abrir”. Ação difícil, “em parte, porque a luta feroz pela sobrevivência nem permite mesmo esses luxos”. O Cabaré Paulista assumia um ponto de vista a um só tempo analítico e otimista, em que o teor do engajamento e nossa capacidade de inscrição na vida da cidade estavam longe da evidência: Não por acaso, o Teatro de Narradores, em seu mais recente experimento, o cabaré desenvolvido a partir de uma leitura do Manifesto contra o trabalho, incluiu uma das versões mais sofisticadas da viagem a Cocanha. Trata-se do tango-habanera de Kurt Weill, com letra de Fernay, chamado Youkali. Composta para uma ópera (Maria Galante) em 1934 – no exílio, portanto – a canção inspirada nos reveses sofridos no Panamá por uma prostituta que sonha voltar para casa é um pouco mais realista que as demais versões da lenda, pois termina referindo-se à necessidade de enfrentar a dura e hostil realidade. Qualquer semelhança com os nossos desafios não é mera semelhança. (Iná Camargo Costa. “Provocando o Redemoinho”. Sala Preta 6, 2006)
Para o trabalho, a importância do Cabaré resulta primeiro do jogo que estabeleceu para os atores, numa chave que poderíamos chamar de “não representação”, oscilando entre o depoimento direto e a elaboração de um discurso poético, cuja eficácia dependia de um posicionamento efetivo frente ao espectador.
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A Lata de Lixo da História Trata-se de uma adaptação do conto “O Alienista”, de Machado de Assis, escrita por Roberto Schwarz. A encenação de 1997, feita ainda por um grupo de estudantes da Faculdade de Filosofia da USP, está na origem do grupo. A leitura da obra de Machado de Assis feita por Schwarz é sem dúvida matriz para a perspectiva que o grupo tomará como sua na apropriação de materiais. O principal do meu esforço está no ritmo, que é de chanchada sinistra. O ponto estético da peca é a ideologia da euforia brasileira com o cacete sinistro por baixo. Nesse sentido, Simão Bacamarte recolhe muita coisa dos personagens caricatos da tradição brasileira. Há frases de Castelo Branco e Roberto Campos na boca de Bacamarte, mas numa versão sinistra, associando-os à tortura... No Machado, há a sátira às soluções revolucionárias de 1789 e 1848 e o disparate da ideologia liberal aclimatada a terreno tão adverso... Saber se estamos saindo da lata de lixo ou entrando mais um pouco é hoje uma questão em aberto. (Entrevista à Folha de São Paulo, 22/03/1997)
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Pílades, de Pasolini Na primeira versão, uma tentativa de aproximação ao diálogo difícil Glauber-Pasolini, a partir do trecho do filme “A Idade da Terra”, em que Glauber fala de como o cineasta italiano havia lhe inspirado na elaboração da trajetória de seu Cristo no terceiro mundo. Mas foram os textos de Pasolini – sobre desenvolvimento e progresso, sobre o destino ideológico comum da burguesia e do operariado sob o regime da forma mercadoria – o material que mais nos interessou. Esse interesse acabou nos levando a experimentos com sua peça “Pílades”. Primeiro, duas cenas de intervenção; depois, uma primeira tentativa de encenação do texto. Nesses experimentos, tomamos ainda partido da poética glauberiana – teríamos convertido a cena lírica de Pasolini num manifesto épico. Mas foi exatamente aí que Pasolini acabou por nos trazer uma perspectiva nova: era necessário atentar para o modo como o italiano compreendia o “momento trágico” do progresso, ali onde ele se reduzia ao desenvolvimento econômico a todo custo, à integração das formas de pensamento pelo consumo e à conversão da juventude e do novo em suas marcas mais rentáveis, afora o esvaziamento da perspectiva de esquerda quando integrada ao poder. Neste caso, o ponto novo era precisamente a ideia de mito que atravessa seu trabalho. O progresso como mito: o mito inscrito na história, ao cifrar suas contradições ali onde aparece o bloqueio, a repetição, a paralisação.
Pílades (foto: Tathy Yázigi)
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Cenas de Intervenção: paisagem número 8: Nossas Mãos Sujas (foto: Bárbara Campos)
A Medida Ação clandestina e o sentido do assassinato tico: não por acaso, esse debate ganha seu impacto em “A Medida”, peça didática em que o discute a ação do Partido – e que integrará ciclo de leituras.
polímaior autor nosso
Interessa-nos a estrutura de uma “cena-ensaio”, em que uma voz coral elabora os materiais (o coro como produção de vozes). A peça didática tem sido definida por alguns críticos como um dos momentos mais radicais do trabalho de Brecht, compreendendo experimentos realizados entre 1928 e 1932. Interrogações sobre as relações entre o palco e a plateia, a partir de um debate iniciado por Piscator e seu “teatro político”, essas peças se estruturam como “jogos de aprendizagem” – e, neste caso, trata-se sempre de compreender o sentido próprio desse aprendizado, para além de qualquer concepção doutrinária da cena. 18
As Mãos Sujas No texto do filósofo francês, a figura de um jovem intelectual recém engajado na militância de um Partido Comunista, enfrentando as contradições da ação clandestina e formas de cooptação que lhe determinam o destino. O confronto entre o idealismo do jovem intelectual e o pragmatismo da linha do Partido é esvaziado quando, após sair da prisão pela morte do líder da organização, a mando de uma de suas facções, o idealista descobre que a linha defendida pelo líder tornou-se oficial, implementada todavia pela mesma facção que encomendara o assassinato. A tradução, realizada em processo com os atores, serve de material para um projeto a ser realizado em 2014, e terá nesta ocupação a sua primeira leitura pública.
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encontros Uma conversa continuada: este é sem dúvida o princípio que articula esses encontros. Roberto Schwarz, Paulo Arantes, José Antonio Pasta Jr. e André Lepecki estiveram, em vários momentos de nossa trajetória, não apenas em nossa mesa de leitura mas, de uma maneira ou de outra, presentes numa conversa sobre aspectos e caminhos do trabalho do grupo. Esses encontros elaboram, portanto, um campo de discussão que assinala o estágio atual de nossa investigação. A pergunta sobre a capacidade e sentido da ação política nos dias de hoje nos trouxe ao esforço de compreender aspectos, por um lado, da vida política contemporânea, a fisionomia de uma certa “reação” e os impasses dissimulados num certo otimismo que ainda parece tomar conta de nossa vida social. Por outro lado, essa mesma investigação tem nos levado a perguntar sobre aspectos nunca enfrentados de nossa história e sociabilidade, recalques de uma vida social que tende a dissimular seus conflitos ou mesmo “esquecê-los”.
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Da trajetória Desde 2008 trabalhamos o que chamamos “Cenas de Intervenção”. São “programas de ação” realizados nos mais diversos espaços, a partir de um tema e um roteiro-programa, cujo princípio é sempre a experimentação de formas relacionais, deslocando o lugar/olhar do espectador – sem que, no entanto, isso configure necessariamente uma cena interativa/ participativa. Cidade Desmanche (2009) e Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (2011) são encenações que trazem as marcas dessa investigação: seja na proposição da itinerância e nos “ambientes” em que se transformaram as salas de nossa sede (o Espaço Maquinaria, no bairro do Bixiga), no caso da primeira, seja no modo como a cena caracteriza-se como intervenção – na sede, na rua com seu fluxo ininterrupto, nos espaços do entorno, cortiços e bares –, no caso da segunda.
Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (foto: Bárbara Campos)
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Um Teatro Aberto Foi nesse sentido – indo na direção de uma cena para além do palco, para além do espaço fechado, que integra o seu entorno, que se inscreve no seu fluxo sem interrompê-lo, mas assimilando-o ao seu funcionamento – que chegamos ao que por ora chamamos de nosso “teatro aberto”. Aos poucos, a sala de trabalho “explode”. Mas isso não resulta da busca por um “espaço alternativo” (entendido como o “não teatral”, embora fosse inevitável aportar aí, já que nossa sede é este espaço convertido em “espaço de cena”) e nem mesmo configura a opção por um teatro de rua (sem entrar aqui na discussão: de/na/para a rua). Antes, a questão é trazer os espaços da cidade à cena menos como cenário ou alegoria/vestígio de algo, mas como documento, depoimento, tempo real abrigando a ficção. Assim, ao afirmar o teatro como uma arte pública e radicar a sua prática precisamente na interrogação sobre o sentido desse caráter público, o grupo se viu diante da necessidade de por em xeque o funcionamento da sua cena, desde as suas formas de produção. “Teatro Aberto” passou a designar essa cena, que aos poucos ia integrando a sede – abrindo-a para além de janelas –, a rua, os cortiços, os espaços de trânsito, transpondo as relações cotidianas de troca. Movimento que impõe uma interrogação sobre o lugar e o papel do espectador nessa dinâmica. De uma parte, um espectador integrado ao movimento da cena, desde seu processo de criação, misturado ao seu funcionamento a partir dos temas, dos materiais; de outra parte, aquele espectador que “assiste” ao espetáculo e se defronta com essas relações já estabelecidas, ajudando então a produzir um novo movimento. Temas = formas = processos.
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Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (foto: Bรกrbara Campos)
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Cidade Desmanche “Em Cidade Desmanche (2009) também há o tema da inorganicidade, tendo como palco a metrópole e como atores igualmente estes sujeitos ‘errados’. A narração, em retrospecto, anuncia no duplo apoio a vontade de explorar, por um lado, este ‘teatro do desmanche da sociedade nacional’, como disse o filósofo Paulo Arantes; por outro, neste quadro, as identidades possíveis do lúmpen urbano.” (Kil Abreu, O Capitão, a sereia e outros desaparecidos)
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Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso Nesse processo, partimos de depoimentos coletados por meio do “exercício de vizinhança” a que nos propusemos, a partir de nossa sede. Dos depoimentos, vozes de ex-operários – hoje sobreviventes na flexibilidade de um trabalho precário –, de seus filhos, de retirantes chegados aqui em épocas e processos distintos, jovens contemporâneos de um processo de transformação pela imagem, consumo e esvaziamento de perspectivas de ruptura. Das matrizes coletadas ao “jogo de cena” estabelecido (referência, evidenciada em cena, ao filme de Eduardo Coutinho), o que verificamos foram trajetórias que desembocavam no esforço de “saídas de emergência”. A rigor, tínhamos repostas individuais a problemas coletivos: num processo de acumulação acelerado e violento, há uma espécie de segmentação da força de trabalho, de modo que a “pessoa” se vê condenada a “performar” o tempo todo, oscilando entre a ilusão de uma empregabilidade individual e a do autoempreendimento, cimentadas precariamente pela retórica do “trabalho participativo”, dissimulando formas de controle e esvaziando práticas coletivas de negociação e de confrontos, de modo a impor uma flexibilização que no fundo converte a “velha” subordinação assalariada a um nada novo regime puramente comercial. “O econômico, o novo Narciso, está sempre em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, em decomposição, já que se define – sem outra referência além de si mesmo – como uma ‘ética’ que subordina o político a seus fins e aplica-se a todos
Cidade Desmanche (foto: Bárbara Campos)
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os domínios da vida” (R. Cabanes, I. Georges, C. Rizek e V. Telles (Org.). Saídas de Emergência. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 13). O espetáculo então se projeta num triplo movimento. Cidade Fim, a cidade no final dos anos 1970 – fim para os que chegam, fim dos que ficam –, atravessada pela tensão do movimento sindical que se organizava, vista com olhos distantes, retrospectivos, de quem redesenha percursos. No nosso caso, inclui-se a esse processo a experiência de grupos de teatro atuantes nas periferias da cidade que naquele momento se confrontavam com o novo movimento do trabalho, movimento que em parte prefigura outro, que vivemos hoje. Um olhar retrospectivo cuja forma mais adequada nos pareceu a sobreposição de um filme pelas vozes dos atores enunciando liricamente um depoimento coletivo sobre o processo. Cidade Coro, resultado dessa primeira aproximação, redimensionava os materiais, depoimentos em sua origem, fazendo chocar a posição dos atores com as imagens que elaboravam. Um “jogo de cena” que, durante a temporada, incluiu um dos depoentes-matrizes, confrontando a ficção, a fabulação dos atores e a sua capacidade de apropriação, com a “realidade do documento”, viva, contracenando, até mesmo quando essa “voz real” se punha a ficcionar. Eram vozes dessa cidade, refazendo/reinventando/narrando suas trajetórias que se projetavam num esboço – paródico? – de um coro. Mas é em Cidade Reverso que todo
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esse percurso ganha seu teor próprio, dando-nos a dimensão daquele “teatro aberto” que intuíamos, e que foi se impondo em processo, a cada tentativa de inscrição efetiva na paisagem. Ainda nesse percurso, víamos esvaziar-se a história recente do trabalho no país.
Saara Uma residência artística realizada no Centro Cultural Helio Oiticica, no Rio de Janeiro, entre 30 de setembro e 10 de outubro de 2010, a convite de Eleonora Fabião e André Lepecki. Esse trabalho nos fez travar contato com o cotidiano do centro de comércio popular Saara e a vida de prostitutas e trabalhadores de rua. O resultado desse encontro foi uma intervenção realizada em dois tempos: um trajeto pelo Saara que nos devolvia ao Centro Cultural, onde os espectadores eram recebidos em pequenos “penetráveis” (Oiticica) e ali encontravam um ator e uma prostituta que juntos compartilhavam seus depoimentos – a prostituta falando sobre sua trajetória e o ator sobre seu encontro com ela. Nessa intervenção, avançamos na composição desses espaços e na relação com o depoimento e o documento, experimentando possibilidades de contracena entre atores e não atores.
Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (foto: Bárbara Campos)
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ContraCidade Já neste experimento – realizado também a convite de André Lepecki, em agosto de 2011, segundo um projeto que integrava a Haus der Kulturen der Welt de Berlim, o Goethe-Institut São Paulo e o Centro Cultural São Paulo – produzimos uma intervenção que acontecia simultaneamente em São Paulo e Berlim (atores nas ruas aqui e uma atriz junto ao público de lá). Entre intervenções de Nova Iorque, Nova Déli, São Petersburgo e Nairóbi, nós optamos por interrogar sobre as diferenças de perspectivas de integração: partimos de um debate sobre o ressentimento e suas formas (Maria Rita Kehl). Essa ação, além de nos possibilitar uma nova perspectiva sobre o tema que nos tomava naquele momento, nos permitiu experimentar aspectos técnicos de interação dos materiais por meio de tecnologia, que já vínhamos experimentando nas “Cenas de Intervenção”.
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Um Retorno Retomamos em 2013, ainda no campo de experimentação com o espaço aberto, material com o qual nos defrontamos em 2003: A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Brecht. Este foi o primeiro momento de um percurso de descobertas temáticas e formais. Para nós, encenação-chave pelo processo que cifrou: a percepção, na cidade, de seus fusos históricos, formas de uma convivência violenta de contrários, elaborada quando de nossa travessia do centro para o Teatro Martins Penna, na Zona Leste. No texto, o processo de ascensão e conformação de um regime de exceção forjado no interior de uma ordem supostamente democrática. Formalmente, um Brecht interrogando-se sobre o papel e sobre os limites da paródia, experimentando modos diversos de coralidade. Neste caso, a remissão ao modelo shakespeariano do drama histórico, mas em chave crítica, de modo que a experiência barroca do bloqueio político da história, cifrada pela intriga de corte, atualiza-se pela “profanação” do teor mítico da violência e da repetição. Paródia de um processo já em muito paródico: a ascensão de Hitler vista naquilo que é, como ascensão de um gângster associado a um cartel. Em cena, o início de uma experimentação com o espaço, relações de simultaneidade mediadas pelo vídeo, os atores revendo aspectos da máscara e do gesto.
A Resistível Ascensão de Arturo Ui (foto: Francinny Anzai)
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Nossa Casa de Boneca (foto: Bárbara Campos)
O que resta da ditadura? De volta ao espaço da sala de trabalho, a assimilação desse percurso remonta ao confronto com o material de que resultou a primeira parte de Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso, que nos fez flagrar nas marcas do processo de modernização conservadora – sempre reiterado em nossa história nas tentativas de aceleração de desenvolvimento econômico – vestígios daquilo que a ditadura militar e a abertura “lenta e gradual” apenas cifram, mas que tanto definem nossa fisionomia atual. A onda conservadora que nos assola não é nova, mas certamente mais funda e violenta por aquilo que dissimula ou encobre. O otimismo consumista é a outra face de uma mesma moeda, quando participação se converte em interatividade midiática e “democratização do crédito”. Isso, somado à afirmação de valores que excluem tudo aquilo que não seja afirmação de uma ordem inclusiva, no sentido de fazer parte na mesma proporção em que se aciona um dispositivo bancário. Ora, de alguma maneira, a intuição que nos move aqui sugere que a sociabilidade que começamos a flagrar em Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso – o que de algum modo já se esboçava em Cidade Desmanche – determina aquilo que, por assim dizer, nos “resta da ditadura”. Ou que, de outra forma, revela a continuidade perversa e violenta de um mesmo processo. 30
“Comunicar a alguém os próprios desejos sem as imagens é brutal. Comunicar-lhe as próprias imagens sem os desejos é fastidioso (assim como narrar os sonhos ou as viagens). Mas fácil, em ambos os casos. Comunicar os desejos imaginados e as imagens desejadas é a tarefa mais difícil. Por isso a postergamos. Até o momento em que começamos a compreender que ficará para sempre não cumprida. E que o desejo inconfessado somos nós mesmos, para sempre prisioneiros na cripta. O messias vem para os nossos desejos. Ele os separa das imagens para realizá-los. Ou, então, para mostrá-los já realizados. O que imaginamos, já o obtivemos. Sobram – irrealizáveis – as imagens do que foi realizado. Com os desejos realizados, ele constrói o inferno; com as imagens irrealizáveis, o limbo. E com o desejo imaginado, com a pura palavra, a bemaventurança do paraíso.” (Agamben, Profanações)
Cenas de Intervenção: Paisagem número 7: Circe
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CRONOLOGIA TEATRO DE NARRADORES 2013 A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht (Espaço Maquinaria).
2012 Temporada de Repertório: Cidade Desmanche; Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (Espaço Maquinaria). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 14 – Aquele que Diz Sim, a partir do texto de Bertolt Brecht (Casa da Dona Yayá/Centro de Preservação Cultural-USP). Projeto Quantos Prólogos São Necessários Para Que Algo Aconteça?, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo.
2011 Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso, indicado ao Prêmio Shell nas categorias “direção” (José Fernando de Azevedo e Lucienne Guedes) e “ator” (Vinicius Meloni). Ganhador do Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro na categoria “Trabalho apresentado em espaços não convencionais”, além de indicação na categoria “Projeto Visual” (Espaço Maquinaria; III Mostra de Teatro do Gueto – 2011, no Espaço Clariô, em Taboão da Serra-SP; Mostra de Referências Teatrais de Suzano, em Suzano-SP; Programa Cultura Livre SP – 2011: apresentações da terceira parte do espetáculo adaptada aos contextos de quatro parques estaduais na cidade de São Paulo: Parque da Juventude, do Horto, Villa Lobos e do Tietê). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 13 – ContraCidade (Counter City), em parceria com a Haus der Kulturen der Welt-Berlin, com o Centro Cultural São Paulo e com Goethe-Institut São Paulo.
2010 Pílades – Cenas Para um Filme Nacion(al) (Espaço Maquinaria). Residência Artística (Sesc Pinheiros). Pílades – de Pasolini (Sesc Pinheiros). Encenação com aporte do Prêmio Myriam Muniz/Funarte. Cidade Desmanche (Mostra Latino Americana da Cooperativa Paulista de Teatro). Depois do Desmanche: Cenas de Intervenção. Residência Ar-
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tística no Centro Cultural Helio Oiticica, como atividade do “ArtCena Festival em Criação”, no Rio de Janeiro, com curadoria de Eleonora Fabião e André Lepecki. Projeto Depois do Desmanche, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo.
2009 Nora, nova versão do texto Casa de Boneca, de Henrik Ibsen (Espaço Maquinaria). Nossa Casa de Boneca (Festival de Teatro de Presidente Prudente; UFSCar). Cidade Desmanche, indicado ao Prêmio Shell na categoria “autor” (José Fernando de Azevedo), ganhador do Prêmio Cooperativa de Teatro na categoria “espetáculo apresentado em espaços não convencionais”, além das indicações nas categorias “dramaturgia” e “elenco” (Espaço Maquinaria). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 8 – Nossas Mãos Sujas, a partir do texto de Jean-Paul Sartre (Espaço Maquinaria). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 9 – A Decisão, a partir do texto de Bertolt Brecht, com a participação do grupo Sociedade Baderna de Teatro (Espaço Maquinaria). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 10 – Pílades, a partir do texto de Pier Paolo Pasolini, com a participação da Cia. dos Outros (Espaço Maquinaria). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 11 – Pílades/No Olho da Tragédia, a partir de textos de Pasolini e Vianinha, com a participação do Grupo Primeiro Ato (Espaço Maquinaria). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 12 – Cenas Para um Filme Nacion(al). Intervenção itinerante, guiando o público pela sede do grupo, pelas ruas e cortiços do Bixiga; a partir de textos de Glauber Rocha (Espaço Maquinaria).
2008 Um Dia de Ulysses (Espaço Maquinaria; Projeto Semeando Asas na Comunidade/Instituto Pombas Urbanas; Teatro Martins Penna). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 7 – CIRCE (Projeto Teatro Sobre a Cidade, organizado pelo grupo Tablado de Arruar/Sesc Consolação). Leitura cênica de A Decisão, de Bertolt Brecht (FFLCH/USP). Projeto Teatro em Transe, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo.
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2007 Sarau Clima, intervenção para o projeto Gilda, a paixão pela forma, em memória da crítica Gilda de Mello e Souza (Sesc Araraquara). Cabaré Paulista: Do Manifesto Contra o Trabalho. Intervenção musical a partir do ensaio do grupo alemão Krisis sobre o estágio terminal do trabalho na sociedade contemporânea (Espaço Maquinaria; Mostra de Referências Teatrais de Suzano).
2006 Cabaré Paulista: Do Manifesto Contra o Trabalho (CadoPo – Casa do Politécnico, sede do grupo de setembro de 2004 a janeiro de 2006; Mostra do grupo Engenho Teatral). Nossa Casa de Boneca (Teatro Fábrica São Paulo; Festival de Curitiba; Sesc Araraquara; Mostra de Referências Teatrais de Suzano; CadoPo).
2005 Nossa Casa de Boneca (Teatro Fábrica São Paulo). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 5 – Os Trabalhos e os Dias (Movimento de Moradia do Centro/Ocupação do Ouvidor; CadoPo). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 6 – Da Viagem (Escola Nacional Florestan Fernandes/MST). Projeto Odisseia Paulistana, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo.
2004 Cenas de Intervenção – Paisagem Número 1 – Cabaré Paulista (Teatro Martins Penna). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 2 – Colapso, a partir de entrevista de Heiner Müller (Primeira Ocupação Artística por estudantes e artistas na CadoPo). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 3 – No Olho da Tragédia/Vianinha (Espaço CUCA/UNE; FFLCH/USP). Cenas de Intervenção – Paisagem Número 4 – Rua de Mão Única (Casa de Cultura da Penha/Mostra de Teatro Lado Leste). Leitura cênica de Juno e o Pavão, de Sean O’Casey (Cultura Inglesa Higienópolis). Leitura cênica de Major Bárbara, de Bernard Shaw (Sesc Vila Mariana).
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2003 A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht (Teatro Martins Penna; Espaço CUCA). Ocupação do Teatro Martins Penna com o projeto Circuito Leste, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo (março de 2003 a março de 2004). José Fernando de Azevedo participa como diretor convidado, junto a um grupo de jovens diretores, atores e dramaturgos de vários países, do Theatreffen/Berlin 2003, com bolsa do Goethe-Institut São Paulo.
2002 Fragmento Macário (Centro Cultural Elenko/KVA; Teatro Cacilda Becker).
2001/2000 Mercado de Fugas, adaptação de textos de Machado de Assis (Centro Cultural Elenko/KVA; Faculdade de Filosofia da USP; Colégio Oswald de Andrade; Festival de Teatro da USP; Festival Nacional de Ponta Grossa).
1999 Pai contra Mãe, adaptação do conto de Machado de Assis (Centro Cultural Elenko/KVA).
1998 Início das atividades do Teatro de Narradores, ainda estudantes na Universidade de São Paulo. Os Falseadores, de José Fernando de Azevedo (Centro Cultural Elenko/KVA). Assim na terra como no céu, de José Fernando de Azevedo (Centro Cultural Elenko/KVA). Leitura de A Decisão, de Bertolt Brecht (Centro Cultural Elenko/KVA).
1997 A Lata de Lixo da História. Após curta temporada da peça, Marcelo Daher, Sandro Willig, Silvana Ramos e José Fernando de Azevedo, então alunos da Faculdade de Filosofia da USP, decidem formar um grupo; a eles se juntam Teth Maiello e Bárbara Araújo. Adotam o nome Teatro de Narradores.
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FICHA TÉCNICA núcleo artístico _ JOSÉ FERNANDO AZEVEDO _ RENAN TRINDADE _ TETH MAIELLO _ VITOR PLACCA projeto ocupação sesc belenzinho
RETRATO CALADO texto: LUIZ ROBERTO SALINAS FORTES atores: RENAN TRINDADE _ TETH MAIELLO _ VITOR PLACCA
ENSAIO SOBRE O SIM E O NÃO (a partir dos textos Aquele que diz Sim / Aquele que diz Não) texto: BERTOLT BRECHT cantores: ANA ELISA PORTES LIMA _ BRUNO DE SÁ NUNES _ FERNANDO HENRIQUE RIBEIRO _ ABNER SANTANA _ RAPHAEL AUGUSTO PINTO _ RENATO M. O. SPINOSA
_ GISELLE KELLY COSTA DOS REIS _ MARCELA BATISTA RAHAL _ NICOLAS SALABERRY _ PAULO FREDERICO DE ANDRADE TEIXEIRA pianista: WALTER PELLICI RODRIGUES direção musical: ANSELMO MANCINI
desenho de luz: GUILHERME BONFANTI desenho de som: KAKO GUIRADO _ RODRIGO ROMAN
_ LEANDRO SIMÕES direção de vídeo: SYLVIO JAGUARIBE EKMAN câmera e edição: MARINA HUNGRIA _ PAULA DAVIES
_ PÉRICLES SILVEIRA figurino: TETH MAIELLO consultoria cenográfica: JÚLIO DOJCSAR preparação corporal: TARINA QUELHO _ SHEILA ARÊAS contraregragem: LUCAS IGLESIAS assistência e operação luz: LAIZA MENEGASSI operação de som: RODRIGO ROMAN operação de suportes eletrônicos: LUCAS VENTURIN assistência de figurino: GABRIELA GOMES cenotecnia: CAS METAL secretaria: MIRIAM SOBRAL equipe de produção: CAROLINA FARIA _ JANE FERNANDES
_ LUCIANA MONTEIRO _ RENATA LOBO coordenação de produção: TEATRO DE NARRADORES concepção, espaço cênico e direção geral: JOSÉ FERNANDO AZEVEDO
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LEITURAS ARTISTAS CONVIDADOS: BARBARA ARAUJO _ BENITO KARMONAH
_ CLAYTON FREITAS _ CONRADO CAPUTTO _ DARCIO DE OLIVEIRA _ JANAÍNA SILVA _ LIVIA CAMARGO _ LUCÉLIA SÉRGIO _ LUCIANO CARVALHO _ MÁRCIO CASTRO _ VINICIUS MELONI
O Teatro de Narradores é filiado à Cooperativa Paulista de Teatro
Pílades (foto: Tathy Yazigi)
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programação 1. RETRATO CALADO 22/06. Temporada de 22 de junho a 21 de julho. Sábados às 21h30, domingos às 17h. Estreia
2.ENSAIO SOBRE O SIM E O NÃO 26/06. Temporada de 26 de junho a 25 de julho. Quartas e quintas às 21h30. (exceto dia 24/07) Estreia
3. encontros 29/06, sábado, às 15h.
Para a Anatomia de um Corpo Político Com Paulo Arantes (filósofo, professor aposentado do Departamento de Filosofia da USP) e André Lepecki (ensaísta, crítico e dramaturgo, Associate Professor da New York University, onde leciona cursos de pós-graduação em teoria da dança, dramaturgia experimental, teoria da cultura e crítica cultural)
06/07, sábado, às 15h.
Brasil: Formação/Supressão/Alegoria Com José Antônio Pasta (professor aposentado de Literatura Brasileira da USP, dedicado à crítica literária e teatral).
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4. LEITURAS Abertura
19/06, quarta, às 20h.
A Lata de Lixo da História,
de Roberto Schwarz
(Encenação: 1997) Após a apresentação, haverá bate-papo com o autor, Roberto Schwarz, crítico literário e uma das referências teóricas do trabalho do grupo. Lançamento da publicação
Caderno de Ensaios.
24/07, quarta, às 21h30.
Cabaré Paulista: Do Manifesto Contra o Trabalho, de José Fernando de Azevedo (Encenação: 2006) 26/07, sexta, às 21h30.
A Medida,
de Bertolt Brecht
27/07, sábado, às 20h.
Pílades,
de Pier Paolo Pasolini (Encenação: 2010)
28/07, domingo, às 17h.
As Mãos Sujas,
de Jean-Paul Sartre
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aporte
realização
apoio
Sesc Belenzinho Rua Padre Adelino, 1.000 CEP 03303 000 Tel.: (11) 2076 9700 email@belenzinho.sescsp.org.br sescsp.org.br 40