Vitrine - Raízes e Asas: Fabiana Figueiredo

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VITRINE


DE 13.06 A 13.09.15

Oliveiras das terras dos bisav贸s, Sartano, It谩lia, 2002


fabiana figueiredo(1964) Fabiana Figueiredo iniciou a carreira em 1983, em Belo Horizonte. Veio para São Paulo e integrou a equipe da N-Imagens, de 1991 a 2001. Participou também do Nafoto − Núcleo dos Amigos da Fotografia, como corresponsável pelo setor internacional. Desde 2002 vive entre a França e o Brasil. Principais referências: ABZ do Rock, livro de Marcelo Dolabela ; “A Noite”, ensaio sobre São Paulo no MIS ; ensaio “Dois Dias na Palestina”; Premiação em 2002 na Bienal de Tessalonica, na Grécia, com “A Noite”; publicação do livro Migrances, pela Mission Photographique Transmanche do Colheitas nas terras dos ancestrais, Sartano, Itália, 2002

CRP Centre Regional de La Photographie Du Nord – Pas-de-Calais, sobre os refugiados do Norte da França; indicada ao Prêmio Niepce com o ensaio “O Poder dos Desgraçados da Terra”. A questão das migrações continua sendo documentada por ela em vários países. Na França, está se aperfeiçoando em editoria e curadoria como pesquisadora independente.


CALÁBRIA FABIANA FIGUEIredo

ou brasileira. Meus avós maternos eram imigrantes italianos. Desembarcaram no Porto de Santos, no Estado de São Paulo, no início dos anos 1920. O meu avô tinha participado da Primeira Guerra Mundial no fronte do Oriente. Desde criança me habituei a ouvir a história da minha avó: depois que se casou, foi obrigada a acompanhar o marido na aventura americana. Até os seus últimos momentos, ela recordava a sua aldeia de Sartano, na Calábria, o olival da família onde trabalhava, os pais, os seis irmãos, tudo aquilo que nunca mais veria na vida, exceto em uma única viagem que fez à Itália nos anos 1930. A história da minha família é um pequeno pormenor na história do Brasil. Somos o país dos ameríndios, depois vieram os colonizadores portugueses, franceses, holandeses, a mão de obra negra africana, depois, após a abolição da escravatura em 1888, chegaram os imigrantes italianos,


japoneses, espanhóis, alemães. E, por outros motivos, econômicos, mas também ligados às guerras, aos genocídios, às perseguições políticas, étnicas, religiosas, encontramos no Brasil os árabes, armênios, turcos, gregos, judeus, poloneses, chineses, coreanos e muitas outras nacionalidades. Nos dias atuais, vivemos uma nova onda de migrações, em sua maioria relacionadas às guerras e crises de variadas naturezas. São refugiados da África, Ásia e América Latina e Central. Outras são migrações relacionadas aos desastres ambientais, comoo último terremoto no Haiti, em 2010. Vivemos também uma migração interna crescente, a dos habitantes das regiões mais miseráveis do país, especialmente do Nordeste árido e subdesenvolvido, em parte por causa da concentração das terras nas mãos de uma oligarquia feudal. Os pássaros migram para sobreviver; a espécie humana não é diferente. As dificuldades de adaptação e integração desses novos habitantes, a intolerância e a discriminação social e racial das comunidades receptoras, são sempre uma grande dificuldade para esses seres humanos que partem de seus países na expectativa de recomeçar suas vidas de forma mais digna, humana e solidária. Numa investigação familiar, em tempos sem internet, descobri o vilarejo de origem da família da minha avó Felicia Olivieri. Em 1989 fiz uma primeira viagem com minha mãe e voltamos em 2002 para a realização deste ensaio. O retorno à Calábria e o reencontro com os primos italianos vai muito além de um retorno às raízes, e não só abre maiores possibilidades de compreensão sobre quem sou, de onde vim, para onde vou. Pensemos nas verdadeiras origens das migrações para combater a hipocrisia de uma globalização de sentido único e a escalada das ideias xenófobas e mortíferas. Casa ocupada pela família Olivieri, Sartano, Itália, 2002


Senhora, Sartano, Itรกlia, 2002

Algisa e Maria Olivieri, Sartano, Itรกlia, 2002 Barbeiro, Sartano, Itรกlia, 2002


Porta-retrato, Sartano, Itรกlia, 2002

Gato da senhora, Sartano, Itรกlia, 2002


Fabricando maccheroni, Sartano, Itรกlia, 2002

Fotos de primos em 1950, Sartano, Itรกlia, 2002


Impacto do reencontro com familiares, Sartano, Itália, 2002

Criação de avestruz, Sartano, Itália, 2002


Foto do seu casamento, Sartano, Itรกlia, 2002

Familiares, Sartano, Itรกlia, 2002


Francesinha descendente de brasileiros e italianos, Sartano, Itรกlia, 2002


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