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BONECOS DO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO

Lala Martinez Corrêa (Maria do Rosário Martinez Corrêa) | SP

A personagem Emília, criada por Monteiro Lobato em 1920, no livro A menina do narizinho arrebitado, é a boneca de pano mais famosa do país e não poderia ficar de fora deste livro de Brinquedos do Brasil. Para representar a boneca e outros personagens do pioneiro da literatura infantil brasileira, temos a artesã Lala Martinez Corrêa, 73 anos, nascida em Araraquara, interior de São Paulo.

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Na entrevista para este livro, Lala diz:

Sempre gostei de bonecas, desenhei, pintei, gostei de bordar e costurar. Quando criança, ganhava trapinhos, inventava roupas de bonecas e fazia minhas bonecas. Nunca segui um molde pronto, sempre fiz meus moldes de boneca; faço do meu jeito, a olho, vou descobrindo no caminho, modificando, e o resultado é uma gostosa surpresa.

Depois de adulta, trabalhei também com cerâmica e isso me ajudou a fazer melhor minhas bonecas hoje, porque a modelagem dá a noção da tridimensionalidade. A boneca até parece uma escultura! Eu a faço em duas partes: o modelo básico são dois panos lisos, desenhados no formato que se deseja e depois costurados e enchidos com pano. Feita essa etapa, é a vez de “modelar” a boneca com a agulha. Vou colocando paninhos, trapinhos, acrescentando, tirando, apertando, esticando aqui e ali. Esta é a melhor parte, quando vamos dando nossa personalidade à boneca, criando sua roupa, fazendo seu corpo do nosso jeito. Gosto de desenhar a boneca no papel antes de sair para o tecido. O desenho me ajuda a planejar o formato. E isso desde criança: quando tomava banho, me enchia de sabonete e ficava desenhando no meu próprio corpo os modelos de roupa de minha mãe. Fazia botões no pulso, preguinhas do vestido nos ombros e cintura, passava horas no banho me costurando!

É uma brincadeira e tanto criar modelos de roupa para boneca! Quando criança, ganhava bonecas de celuloide, que vinham sem roupa. Então, tinha que aprender a fazer as roupas para vesti-las e, ao brincar com os tecidos, acabei descobrindo como costurar bonecas de pano e isso não tem um jeito certo. Em matéria de costura, sempre digo a quem está aprendendo e acha que errou: você não errou, criou apenas um ponto novo! Podemos até iniciar as crianças pequenas com agulhas grossas, dessas sem ponta, para ensaiarem suas primeiras costuras.

Possibilidades lúdicas e educativas

É bastante instigante o fato de as crianças se apropriarem do universo ficcional das histórias infantis por meio de suas brincadeiras de faz de conta. Nesse sentido, vale compartilhar a leitura em capítulos de títulos de Monteiro Lobato, como Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933), O Pica-Pau Amarelo (1939) e Memórias de Emília (1936).

No enredo do autor, Emília é costurada por Tia Nastácia para a menina Narizinho. Seria bom aproveitar o mote da história para combinar com as crianças de desenharem moldes de bonecos: Emílias, Sacis, Cucas, Viscondes de Sabugosa, a fim de que, sozinhas ou com seus familiares, possam costurar e dar acabamento às suas criações, vestindo a boneca, pintando seu rosto, enfim, imprimindo sua marca no novo brinquedo.

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