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ENGENHOCA DE EMPURRAR
Carlos Antonio Alves | MG
Para mais informações do autor, ver pp. 141.
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Criar brinquedos não é apenas um sonho de criança. Muitos adultos são animados a criar brinquedos seja para comercializá-los, presenteá-los ou mesmo como satisfação pessoal.
Carlos Antonio, embora tenha outra profissão, é um apaixonado pelo antigo ofício de criar brinquedos. Renovado a cada nova criação e generoso que é, muitas vezes doa parte do que faz para a escola pública, em Uberlândia, onde mora. O retorno de seu trabalho está no uso animado de cada criança e no próprio sonho de seguir criando.
Conhecer o mecanismo de engenhocas como estas, usando sistema de engrenagem simples para movimentação de seus brinquedos, é mais do que brincar, é conhecer os processos de transformação dos objetos que estão no mundo, é aprender que as coisas não nascem prontas – é antes de tudo, fruto de desejos da alma humana, brincante por natureza.
Carlos Antonio, tal como o Gepeto da história do Pinóquio, está sempre a imaginar o que retalhos de madeira podem virar, no que um simples toco de árvore sonha ser.
Possibilidades lúdicas e educativas
E como será que andam os sonhos de construção de brinquedos nas escolas do Brasil? Temos, no planejamento, uma organização para tanto, selecionando, para começar, um sucatário onde guardar matéria-prima para a criação? Buscamos ter um acervo de livros e hemeroteca que ensinem a fazer brinquedos? Temos uma listagem com os contatos de artesãos da cidade, que poderiam ser convidados a visitar a escola ou outros informantes da cultura lúdica? E como está nosso acervo de brinquedos artesanais, que inspirem outras criações? Tudo isso, se já não estiver previsto no planejamento do brincar na escola, poderá rapidamente ser organizado, a fim de que o sonho de se fazer brinquedos possa conviver num mundo em que cada vez mais temos brinquedos prontos e menos se conhecem os processos usados em sua construção.
O caleidoscópio, brinquedo das imagens infinitas, traduz um pouco a ideia da brincadeira como encontro de possibilidades.
Girar o caleidoscópio e surpreender-se com a continuidade do movimento de rotação, com suas múltiplas visões de cores e formas, tem tudo a ver com o olhar atento das crianças: olhar grávido de harmonia e de qualidade estética.
Vamos, então, brincar de dança do olhar? Quer dizer: de olhar o mundo na ótica do caleidoscópio ou, melhor dizendo, na lógica brincalhona das crianças, para a qual a vida é uma constante transformação e possibilidade de encontro?