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BONECOS FANTÁSTICOS DE MADEIRA
João Maurício Neiva Gilson e Marigilda Machado | RJ
João Maurício Neiva Gilson, engenheiro eletrônico de profissão, criou o seu primeiro brinquedo para presentear o filho, feito com peças completamente articuladas com elástico resistente, à prova da investigação curiosa de qualquer criança.
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Até então, Maurício nunca havia pensado em fazer brinquedos, mas começou a observar o interesse enorme do filho e de outras crianças pelo mecanismo do boneco articulado. E foi dessa observação que nasceu a ideia de fazer brinquedos profissionalmente, abrindo a Magoobrinquedos, cujo nome vem de seu apelido de infância: Magoo.
A produção acabou crescendo e foram surgindo muitos outros personagens, provocando aumento também na demanda de trabalho. Hoje, conta com uma equipe de 10 funcionários, voltados para a montagem da linha de brinquedos em escala maior.
Seus brinquedos são feitos com materiais naturais, utilizando aproveitamento de matéria-prima: madeira de demolição e retalhos de couro de fábrica de casacos.
Ao criar sua série de bonecos articuláveis, gosta de estudar a anatomia deles e brincar com as articulações, marca de seus brinquedos desde o primeiro projeto. Assim, quando se puxa o olho de seu boneco ET, vem a orelha e vice-versa; o nariz do boneco Pinóquio cresce ao ser puxado; o Dragão tem tantas articulações que seus movimentos desafiam qualquer ginasta olímpico!
Possibilidades lúdicas e educativas
Entre os bonecos articuláveis criados por Maurício, há uma série deles mais relacionados ao universo ficcional, como: Dragão, Cavaleiro Cervantes, ET Etcetera, Robô Byte e Robô Bit, Sereia, Ícaro etc. Brincar com esse universo é alimentar o imaginário das crianças, que pode ser ainda mais enriquecido na escola se compartilharmos leituras de adaptações de clássicos como Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, no qual foi inspirado o boneco Cavaleiro Cervantes. O escritor Monteiro Lobato reconta as aventuras desse cavaleiro errante, numa versão mais acessível para as crianças. E assim a literatura alimenta o brincar e vice-versa.
Nas mãos das crianças, os personagens miniatura ganham inusitados enredos num universo em que tudo é possível, pois não se restringe ao mundo real.
Sem dúvida, uma escuta atenta dos diálogos infantis criados durante suas brincadeiras imaginárias ajudará os adultos a entenderem melhor a respeito da natureza do pensamento sincrético da criança, caracterizado pela mescla de fantasia com realidade. Isso pode inspirar educadores a serem “caçadores de diálogos imaginários” e a se aventurarem na escrita de crônicas da vida cotidiana escolar, no que diz respeito aos improvisos lúdicos infantis tão incríveis e tão pouco registrados nas escolas brasileiras.