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CARRINHOS DE VÁRIAS DÉCADAS
Luiz Eicardi | SP
A criação de carrinhos de brinquedo é inspirada no design de carros originais produzidos numa determinada cultura, em alguns casos; e, em outros, antecipa futuros modelos. Engana-se aquele que acha que a criação é maior no desenho de carros ainda inexistentes!
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Para fazer uma réplica de um carro de verdade, é preciso muita observação, bem como talento para criá-lo com materiais bem diferentes dos usados em modelo original, como faz o Sr. Luiz Eicardi, de 85 anos. Ele produz carrinhos de todas as décadas, inclusive trens, locomotivas, bondinhos e ônibus elétrico, feitos basicamente de madeira, e utilizando outros materiais como acrílico, plástico e ferro.
Seu talento vem de longa experiência. Trabalhou 66 anos como funileiro, consertando automóveis. Há mais de 20 anos encontrou uma nova maneira de trabalhar com carros: passou a fazer carrinhos de brinquedo. Vende-os na feira de artesanato do Largo da Freguesia do Ó, em São Paulo, aos domingos. E boa parte de seus carrinhos já rodou milhares de quilômetros, indo parar em outros estados e países.
Possibilidades lúdicas e educativas
Brincar com réplicas de carros antigos leva a criança a um tempo que não é o dela, e que carrega consigo uma história. E isso a conduz ainda mais para a brincadeira que acontece fora de um tempo cronológico, no tempo do faz de conta, do “Era uma vez…”.
O fato de o brinquedo ser uma réplica de um original feito artesanalmente também a leva a um modo mais cuidadoso de se relacionar com ele. Esse cuidado no brincar deve ser esperado não só por parte dos educadores que trabalham com as crianças, mas também do próprio artista que os cria.
Ao ser informado de que seus carrinhos entrariam para uma exposição de brinquedos em escolas no Brasil todo, o Sr. Luiz exclamou, espontaneamente: “Sabe que é até uma judiação esses carrinhos nas mãos de criança!” Referia-se ao eventual descuido com sua criação, que leva de um a três dias para ficar pronta. Em um primeiro momento, qualquer educador seria levado a supor, então, que este não é um brinquedo apropriado para estar nas mãos de crianças, mas analisando sob a perspectiva de que elas precisam cuidar de seus pertences e dos pertences coletivos da escola, para que tenham uma continuidade em seu desfrute, aí, sim, faz sentido ter brinquedos que exigem uso diferenciado e delicadeza no trato, o que é até muito necessário numa época de quase domínio absoluto de brinquedos plásticos que podem cair das alturas sem se quebrar.
Deixar de ter brinquedos mais artesanais tão interessantes quanto os carrinhos que abrem porta-malas, motor e com eixos ligados à direção que se mexem, por medo de que se quebrem, não parece uma decisão educativa acertada. Afinal, a criança precisa lidar com brinquedos que a levem à delicadeza de seu uso e experimentar uma sensibilidade própria de sua interação com eles.