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JIPE, AVIÃOZINHO E HELICÓPTERO DE BURITI
Renato da Silva Moura | TO
Desde menino, Renato Moura, 57 anos, fazia carrinhos de lata. Vendia-os aos amigos e com o dinheiro comprava lanche na escola. Há 25 anos, começou a fazer seus brinquedos profissionalmente, vendendo-os em lojas de artesanato. Com muita habilidade, faz desde engenhocas como o boneco Mané-Gostoso, bonecos de papel-machê em tamanho miniatura e gigante, piões de madeira, até carrinhos e aviõezinhos de buriti. Esses últimos são de uma palmeira muito comum na Região Norte do Brasil, mas também presente em Tocantins, de onde o artesão retira matéria-prima para dar vida a seus veículos.
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Além da profissão de técnico em edificações, Renato fez teatro e concilia seu trabalho artesanal com a venda desses brinquedos. E ainda encontra tempo para representar os artesãos do Brasil lutando por melhores condições de trabalho e divulgação do ofício artesanal. É conselheiro nacional de política cultural, no seguimento de artesanato do MinC (Ministério de Cultura).
Hoje em dia, o artesão faz jipes e aviõezinhos de buriti, como apresentados no livro, apenas sob encomenda, pois em sua cidade é difícil vendê-los. Por isso, acaba fazendo outros artesanatos que são mais procurados.
Possibilidades lúdicas e educativas
Renato Moura nos conta que, com uma simples serrinha, uma lixa e qualquer faca ou estilete consegue cortar e modelar o buriti para seus novos modelos de carrinho e aviãozinho. Esse tipo de material, por ser tão mole, assemelha-se à consistência do isopor. Renato diz que antes era muito comum a meninada de 8 ou 9 anos saber manusear essas ferramentas para confeccionar seus brinquedos, mas hoje é bem menos frequente onde vive, em Palmas – Tocantins. Além de as crianças não terem habilidade com as ferramentas, poucos adultos as ensinam a arte de fazer brinquedos.
E para que as crianças não percam o interesse e a habilidade em construir seus próprios brinquedos, o bom é desde cedo, na escola, aproximarem-nas desta arte. Um bom início é procurar fazer carrinhos e aviõezinhos com materiais que possam ter disponíveis: madeiras, embalagens de papelão, isopor grosso que vem como proteção de caixas e tudo o mais que encontrarem. As crianças também podem investigar e descobrir que é possível fazer rodas de carro com tampinhas, borracha de chinelos, carretéis etc. As oficinas de construção podem contar com o apoio de familiares e de pessoas da comunidade que saibam construir esses brinquedos, além de uma bibliografia que ajude nesse passo a passo.
As crianças vão se aproximando da construção de brinquedos, ora observando o adulto a confeccioná-los, ora ajudando-o, ora fazendo por conta própria aquilo que podem desenvolver com autonomia. E nessas ações vão aprendendo que o ato de confeccionar brinquedos por si só já é uma grande brincadeira que envolve muita autoria.