Vozes da Floresta

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VOZES DA FLORESTA CHICO MENDES VIVE

LUCÉLIA SANTOS

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TEXTO DE

ZEZÉ WEISS

FRANCISCO CARVALHO

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“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade” CHICO MENDES

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PASSADOS LATEJANTES, FUTUROS POSSÍVEIS A preocupação com os fatores ambientais e os impactos de seus desequilíbrios sobre o futuro da humanidade tem sido, ao longo das últimas décadas, cada vez mais latente. Não por acaso, a busca por modos de produção mais sustentáveis e o desenvolvimento de ideias e práticas de consumo mais consonantes com o ritmo natural do planeta são pautas fundamentais para se pensar o futuro e a qualidade de vida desta e das próximas gerações. Nesse sentido, é urgente a necessidade de nos voltarmos a figuras e iniciativas que mostraram caminhos nessa seara. A luta do ambientalista Chico Mendes à frente da resistência dos seringueiros aos processos de expansão dos latifúndios no Vale do Acre, a partir da década de 1970, marca um importante momento dessa discussão, desdobrada agora no teatro por uma importante parceira de sua história, a atriz e ativista Lucélia Santos. O espetáculo Vozes da Floresta colocase como relato e inspiração, documento e ficção, homenagem e prospecção, recuperando os pormenores de um

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legado que permite refletir sobre as transformações culturais e produtivas, que urgem tomar corpo nas diversas arenas políticas, econômicas e sociais. A obra insere-se também no contexto de celebração dos cinquenta anos de carreira de Lucélia Santos, cidadã comprometida com o avanço de reflexões e ações nesse campo. Ao propor atividades que abordam a luta pela preservação ambiental, entendendo-a como fundamental para continuidade da vida e seus diferentes modos de existência, o Sesc reafirma a importância do tema para se pensar estratégias e organizações de sociedades mais diversas e sustentáveis.

DANILO SANTOS DE MIRANDA

Diretor do Sesc São Paulo

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Três décadas depois do assassinato de Chico Mendes, herói do Brasil e do planeta Terra, as gerações presentes e futuras têm, com “VOZES DA FLORESTA”, a oportunidade de melhor conhecer, para melhor defender, o legado de luta e resistência de Chico Mendes e de seus companheiros nas remotas florestas do Vale do Acre.

Através dessas vozes atentas e fortes que a peça se insurgirá, não como um passeio idílico pelo mundo romântico da história de um povo em luta, mas como um chamado à consciência de uma nação adormecida pelas forças opressoras do mesmo latifúndio que, ainda hoje, se pretende dono dos destinos da Amazônia.

“VOZES DA FLORESTA” conta a história de resistência do movimento dos seringueiros acreanos, a partir da trajetória do líder ambientalista Chico Mendes. Embora densa e plena de dores, a narrativa corre serena e suave, seja pelo tom firme, porém calmo, da voz do próprio Chico Mendes, seja presença indignada, porém sempre esperançosa, das bravas mulheres que a conduzem.

“VOZES DA FLORESTA” é, portanto, uma plataforma de luta, e será por meio desta peça que Lucélia Santos iniciará a celebração de seus cinquenta anos de carreira. Ativista, combativa e incansável de todas as justas causas, não podia ser diferente, com “VOZES DA FLORESTA”, Lucélia segue em seu contínuo e constante esforço de uma vida dedicada a dar luz e voz a temáticas essenciais à sociedade.

ZEZÉ WEISS

Jornalista socioambiental, escritora e autora

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Foto: Miranda Smitth

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“Ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia. Quero Viver.” CHICO MENDES

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01 de maio de 1988, Chico Mendes e Lucélia Santos Foto: Homero Sérgio-Folhapress

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Desde criança pequena, quando eu era uma menina muito mirradinha, eu sempre tive a percepção da importância da natureza na nossa vida, na vida humana. Quando eu me encontrei com o Chico Mendes em 1988, esse encontro foi definitivo na minha existência, mudou o meu paradigma de uma menina que nasceu num centro urbano operariado, com poluição de fábrica. A primeira vez que eu encontrei com Chico dentro de um varadouro, dentro da floresta, que atravessamos aquelas trilhas, entendi exatamente qual deveria ser o meu papel no mundo. Quando a gente trilha dentro da floresta sentimos uma adrenalina e tudo importa. Você tem um foco, uma percepção direcionada para algo que é profundo. A cor, a escuridão, a umidade, o cheiro, os sons. Tudo isso é um abraço intrauterino da mãe. É como se a gente estivesse entrando no útero materno. Eu fui tocada pela floresta, pelo encantamento da floresta, e eu fui tocada através da fala do companheiro Chico Mendes, da sua lógica, da sua clareza, da maneira como ele ordenava claramente as ideias para defender os povos que defendem a floresta. Isso

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mudou a minha vida, naturalmente, por isso que até hoje, 2022, eu me mantenho fiel a esses meus princípios, a essa dignidade que é amar a mãe terra, amar a floresta, lutar por ela, defender arduamente a sua vida. A vida da floresta é a nossa vida como raça humana no planeta terra, e nada pode deter esse pensamento. Eu me sinto muito satisfeita de ter consciência de que sempre estive no lugar certo da defesa da história, do lado da verdade, do lado bom da luta. Mesmo quando eu me decepcionei com o Brasil, lembrar da floresta me levantava novamente para voltar a amar essa terra brasilis. Vamos à luta. Vamos em frente. Coragem!

LUCÉLIA SANTOS

Atriz, diretora, autora e ativista socioambiental

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“Atenção jovem do futuro - 6 de setembro do ano de 2120, aniversário ou primeiro centenário da revolução socialista mundial, que unificou todos os povos do planeta num só ideal e num só pensamento de unidade socialista, e que pôs fim a todos os inimigos da nova sociedade. Aqui ficam somente a lembrança de um triste passado de dor, sofrimento e morte. Desculpem. Eu estava sonhando quando escrevi estes acontecimentos que eu mesmo não verei. Mas tenho o prazer de ter sonhado”. CHICO MENDES

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FICHA TÉCNICA Dramaturgia Concepção e Atuação Ator Convidado Direção Musical, Composições e Piano Cenografia e Figurinos Iluminação Direção de Produção Consultoria de Conteúdos

Zezé Weiss Lucélia Santos Francisco Carvalho Leandro Braga Kleber Montanheiro Adriana Ortiz Alex Bartelli Comitê Chico Mendes Xapuri Socioambiental

Projeção Mapeada e Identidade Visual Desenho de Som Produção Executiva Canto (A Voz Das Matas) Percussão (O Som Da Floresta) Mixagem (Trilha Musical) Fotos e Vídeos Cartaz Original Direção de Documentário Edição Documentário Pesquisa de Dramaturgia

Laerte Késsimos Dugg Mont Lauanda Varone Janaina Azevedo André Siqueira João Ferraz Christyann Ritse Subvertivo_lab Rose Farias Neilson Abdallah Ed Weiss Janaina Faustino

Revisão do Texto Lúcia Resende Colaboração de Áudios Agamenon Torres Viana Eduardo Meirelles

Restauro de Áudio Fotos de Cena Operação de Projeção e Som Operação de Luz Contrarregra Assistente de Figurinos

Ariel Henrique Rafael Mollica Allysson Lemes Quinho Gonça Rodolfo Serzedello Thais Boneville

Coprodução LUSA - Produções Artísticas AZAYAH - Público & Cultura

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Angela Mendes, Angélica Mendes, Aladim Miguel, Anderson Assef, Casa Ninja Amazônia, Danilo Santos de Miranda, Denise Oliveira, Eduardo Figueiredo, Eduardo Meirelles, Elson Martins, Felipe Santos, Flávio Graff, Gomercindo Rodrigues, João Paulo Jabur, João Mendes, Julia Feitoza, Márcio Souza, Maria do Rosário, Karla Martins, Leno Morais, Lian Tai, Nilson Mendes, Paulo Betti, Pedro Neschling, Pousada Chapurys, Prefeitura Municipal de Xapuri, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Ulysses Cruz, Yamê Reis e a toda equipe Sesc e Sesc Ipiranga.

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“É que nós não defendemos simplesmente hoje só a economia da borracha, não só a economia da castanha, mas a copaíba, os produtos extrativistas que são vários em toda a região da floresta e que estão sendo destruídos: o coco da tucumã, o patoá, o açaí, a copaíba, outra série... falta pesquisa nessa Amazônia, as árvores medicinais que é impossível serem contadas, falta pesquisa... Basta que o governo leve a sério e nos dê essa possibilidade que em pouco tempo nós vamos provar que é possível se conservar a Amazônia e transformar essa Amazônia numa região economicamente viável para o Brasil e para o mundo. Isso, nós temos clareza disso!”

CHICO MENDES

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“Que VIVA a Floresta, Que VIVAM os povos da Floresta, Não passarão. VIVA, VIVA, VIVA!” LUCÉLIA SANTOS

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De 29/4 a 29/5/2022 Sextas, sábados e domingos Sessão 15/5 com intérprete de libras Ingressos em sescsp.org.br ou nas bilheterias do Sesc SP

Sesc Ipiranga

Rua Bom Pastor, 822

Tel.: +55 11 3340.2000

/sescipiranga

sescsp.org.br/ipiranga

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