SHIRLEY DA ROCHA AFONSO ARIADNE DA SILVA FONSECA MICHELLE WENTER
APLICAÇÃO PRÁTICA
DO PROCESSO DE ENSINO
NA ENFERMAGEM METODOLOGIA ATIVA:
SIMULAÇÃO REALÍSTICA AMBIENTE SAÚDE E SEGURANÇA
A
expansão do Ensino Técnico no Brasil, fator importante para melhoria de nossos recursos humanos, é um dos pilares do desenvolvimento
do país. Esse objetivo, dos governos estaduais e federal, visa à melhoria da competitividade de nossos produtos e serviços, vis-à-vis com os dos países com os quais mantemos relações comerciais. Em São Paulo, nos últimos anos, o governo estadual tem investido de forma contínua na ampliação e melhoria da sua rede de escolas técnicas - Etecs e Classes Descentralizadas (fruto de parcerias com a Secretaria Estadual de Educação e com Prefeituras). Esse esforço fez com que, de agosto de 2008 a 2011, as matrículas do Ensino Técnico (concomitante, subsequente e integrado, presencial e a distância) evoluíssem de 92.578 para 162.105. A garantia da boa qualidade da educação profissional desses milhares de
jovens e de trabalhadores requer investimentos em reformas, instalações/ laboratórios, material didático e, principalmente, atualização técnica e pedagógica de professores e gestores escolares. A parceria do Governo Federal com o Estado de São Paulo, firmada por intermédio do Programa Brasil Profissionalizado, é um apoio significativo para que a oferta pública de ensino técnico em São Paulo cresça com a qualidade atual e possa contribuir para o desenvolvimento econômico e social do estado e, consequentemente do país.
Almério Melquíades de Araújo Coordenador de Ensino Médio e Técnico
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Diretora Superintendente Laura Laganá Vice-Diretor Superintendente César Silva Chefe de Gabinete da Superintendência Luiz Carlos Quadrelli REALIZAÇÃO Unidade do Ensino Médio e Técnico Coordenador Almério Melquíades de Araújo Grupo de Capacitação Técnica, Pedagógica e de Gestão - Cetec Capacitações Responsável Lucília dos Anjos Felgueiras Guerra Responsável Brasil Profissionalizado Silvana Maria Brenha Ribeiro Coordenador de Projetos Shirley da Rocha Afonso Parecer Técnico Ivonete Fernandes Francisco Revisão de texto Heloisa Brenha Ribeiro Projeto Gráfico Diego Santos Fábio Gomes Priscila Freire Diagramação Diego Santos
Projeto de formação continuada de professores da educação profissional do Programa Brasil Profissionalizado - Centro Paula Souza - Setec/MEC
Impressão e Acabamento - Imprensa Oficial do Estado S/A - IMESP
Publicado pela Cetec Capacitações em 2016 com o título Aplicação prática do processo de ensino na enfermagem. Cetec Capacitações, 2016. Material didático utilizado na capacitação de professores dos cursos técnicos em enfermagem das Etecs do Centro Paula Souza / Unidade de Ensino Médio e Técnico / Cetec Capacitações. Palestras e oficinas pedagógicas sobre Metodologia ativa: Simulação Realística. Desenvolvido pela equipe de coordenadores de projeto responsáveis pelos cursos técnicos em enfermagem das Etecs do Centro Paula Souza e pela coordenadora do Centro de Simulação Realística São Camilo. Cetec Capacitações / Unidade de Ensino Médio e Técnico / Centro Paula Souza, 2016. Organização: Shirley da Rocha Afonso Autoras: Shirley da Rocha Afonso; Ariadne da Silva Fonseca; Michelle Wenter. Parecer técnico: Ivonete Fernandes Francisco Revisão de texto: Heloisa Brenha Ribeiro Diagramação: Diego Santos
Créditos das imagens http://www.freedigitalphotos.net/ http://www.wordle.net/
Aplicação prática do processo de ensino na enfermagem / Shirley da Rocha Afonso (organizadora e autora) ; Ariadne da Silva Fonseca, Michelle Wenter. – 1.ed. – São Paulo : Centro Paula Souza, 2016. 60 p. : il.
Inclui bibliografia. ISBN 978-85-99697-65-8 1. MEDICINA E SAÚDE. 2. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. I. Afonso, Shirley da Rocha (org. e aut.). II. Fonseca, Ariadne da Silva. III. Wenter, Michelle.
Sumário Apresentação do curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Discutindo sobre a Simulação Realística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 A importância das relações profissionais e os comportamentos éticos na enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Segurança no Preparo e Administração de Medicamentos . . . . . . . . . . . . 22 Acolhimento na atenção primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Formulário de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo. Paulo Freire
Aplicação prática do processo de ensino na enfermagem A enfermagem tem evoluído ao longo dos tempos. Precisamos deixar de ser uma profissão baseada na tradição e evoluirmos a passo firme para um misto que tem como ponto forte a ciência, com base na evidência, à qual acrescente a experiência, e até a intuição, com uma prática centrada no cliente, na família e na sociedade. As metodologias de ensino atuais propõem a formação do indivíduo através de uma aprendizagem significativa, que construa o conhecimento a partir dos saberes pré-existentes adquiridos pelo aluno em seu cotidiano ou em instituições de ensino. Nesse contexto, foi preciso pensar em uma ferramenta que integrasse teoria e prática, com a possibilidade de o estudante exercitar seus conhecimentos de forma livre. Livre de pressões, de riscos, e sob o olhar de quem o avalie e corrija. Surge então a simulação realística, que tem evoluído continuamente à medida que aparecem novas necessidades. O mundo cada vez mais voltado ao desenvolvimento tecnológico tem exigido inovação de metodologias. Nesse sentido, a simulação tem se mostrado uma estratégia pedagógica de grande potencial tanto por sua modernidade como por sua capacidade de tornar o aprendizado mais consistente. Trata-se de uma metodologia de ensino em expansão na formação de futuros profissionais, na tentativa de torná-los cada vez mais competentes para um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Na área da saúde, a simulação ainda é uma estratégia muito incipiente, mas que tem se desenvolvido mediante a perspectiva de segurança do paciente e do próprio desenvolvimento do indivíduo dentro de um ambiente totalmente controlado, onde os erros fazem parte do aprendizado. Assim, este treinamento foi organizado para que os professores que dão aulas ou coordenam cursos técnicos em enfermagem possam refletir de que forma podemos tornar o ensino mais atraente e adequado à realidade atual. Profª Dra. Ariadne da Silva Fonseca Gerente do Instituto de Ensino e Pesquisa Coordenadora do Centro de Simulação Realística São Camilo Presidente Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN) de São Paulo
Apresentação do curso
Shirley da Rocha Afonso Coordenadora de Projetos – Enfermagem – Cetec Capacitações
Objetivo do curso Ressaltar a importância de implantar estratégias de ensino ativas que tornem o processo de aprendizagem do aluno técnico em enfermagem significativo e efetivo.
Aplicação prática do processo de ensino na enfermagem A metodologia de ensino escolhida pelo professor tem consequências sobre a conduta individual e sobre o comportamento do aluno diante da apreensão das competências de sua formação profissional. Mitre et al. (2008) apontam para a importância de pensar sobre como está o ensino atual e como ele influencia o trabalho diário do profissional de enfermagem. Defendem que esse ensino não é proposital, mas tradicional, e que essa tradição deve ser modificada, a partir da formação inicial, para garantir uma maior qualidade do trabalho em enfermagem. O modelo tradicional de transferência da educação, embora exija menos esforço e planejamento, não garante benefícios devido à pouca transferência realizada pelo aluno para apreender o significado de se aprender determinado conteúdo ou tema. Por isso, é importante valorizar estratégias de ensino que estimulem o aluno à criatividade e à aplicação na realidade (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Ao ensinar em enfermagem, o professor deve procurar transpor conhecimentos teóricos e habilidades técnicas desde o início da aprendizagem do aluno, de maneira que se evidencie a apreensão dos conhecimentos específicos da profissão, e não a simples transmissão de informações. Ele precisa refletir sobre a melhor postura a ser adotada diante do objeto de estudo, que permita ao aluno desenvolver a capacidade de tomar decisões frente aos problemas e às dificuldades encontradas no trabalho.
É importante ressaltar que as metodologias ativas vêm embasar estas concepções pedagógicas e, que adotadas em um determinado período e contexto, refletirão positivamente em novas posturas críticas e reflexivas do aluno.
Objetivos de aprendizado Ao final deste curso, os participantes deverão desenvolver as seguintes funções pedagógicas: 1. promover uma educação construtiva, na qual o aluno possa desenvolver e provar seus próprios modelos de pensamento; 2. promover o desenvolvimento da capacidade de autogestão do ato de aprender; 3. estabelecer uma cultura colaborativa de trabalho em equipe; 4. oferecer oportunidade de repetição exaustiva das técnicas práticas desenvolvidas pelos alunos. Quem deve ser convidado a participar do curso de capacitação? Docentes do curso técnico em enfermagem.
12 Metodologia ativa: Simulação Realística
Como o curso foi organizado? No formato de oficina pedagógica, com duração de oito horas, que será desenvolvida em evento presencial. Nele, haverá uma mesa-rendonda, na qual serão apresentados e discutidos os temas do curso.
Sobre os textos de apoio para leitura A formação continuada de professores tem como foco construir um perfil multiplicador entre os professores de curso técnico em enfermagem, visando o aprimoramento de estratégias técnicas e pedagógicas do trabalho docente. Com o intuito de incentivar a discussão e a socialização dos temas aprendidos durante este curso, os textos de apoio para a leitura sugerem técnicas didáticas para o desenvolvimento das aulas de Ética e Relação Interpessoal; Segurança no Preparo e Administração de Medicamentos e Acolhimento na Atenção Primária. Dessa forma, estamos alinhados com as diretrizes vigentes, contribuindo para a socialização e multiplicação da melhoria da qualidade da educação em enfermagem.
Aula: A simulação realística como metodologia de ensino ativa Como ensinar ao aluno técnico em enfermagem integrando os temas como Ética e Relação Interpessoal na Enfermagem, Segurança no Preparo e a Administração de Medicamentos e Acolhimento na Atenção Primária utilizando como metodologia a Simulação Realística.
Estações de trabalho: Ética e Relação Interpessoal na Enfermagem, Segurança no preparo e administração de medicamentos, Acolhimento na atenção primária Promover a discussão e a troca de experiências entre professores para atualização dos temas técnicos apresentados nas estações de trabalho. Possibilitar aos participantes a aplicação dos conceitos técnicos no cotidiano das aulas teórico-práticas e nos estágios supervisionados, utilizando a metodologia de simulação realística para avaliar o aprendizado do aluno.
Avaliação Identificar os principais pontos aprendidos e discutir de que maneira os participantes podem aplicá-los em seu trabalho para melhorar a prática de ensino significativa.
Referências COSTA, L. C. A.; NASCIMENTO, J. V. O ensino da técnica e da tática: novas abordagens metodológicas. Revista da Educação Física. Maringá, v. 15, n. 2, 2004.
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MITRE, S. M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência e Saúde Coletiva. [online]. v. 13, supl. 2, p. 2133-2144, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v13s2/ v13s2a18.pdf>. Acesso em: 27 nov 2014.
Discutindo sobre a Simulação Realística
Shirley da Rocha Afonso Coordenadora de Projetos – Enfermagem – Cetec Capacitações [...] com o crescente avanço científico e tecnológico na área de saúde e educação destaca-se a necessidade de os profissionais buscarem intensa atualização e apropriação das técnicas de ensino, constituindo na construção de uma educação mais efetiva e com qualidade. É possível identificar grandes transformações da educação, quando se observam educadores refletindo e buscando novas maneiras de ensinar, com o intuito de mudar os processos de aprender e influenciar novos comportamentos nos alunos, como a autonomia para tomada de decisões, valorização significativa do conhecimento e senso de responsabilidade. [...] mas para isso, é preciso compreender que a aprendizagem e a educação se movem entre métodos que dependem de como cada pessoa apreende o seu significado. De acordo com Costa et al. (2013, p. 86), “o processo de ensino-aprendizagem na área de saúde exige a diminuição da distância entre o que se ensina na teoria e sua aplicabilidade prática-profissional”, ou seja, os ambientes de ensinar e aprender criados devem coexistir entre as formas sistemáticas dos conceitos teóricos e criação das destrezas técnicas no processo cognitivo da aprendizagem. É fundamental que os docentes busquem a apropriação das estratégias de educação (com métodos educacionais adequados) para qualificar continuamente os alunos e desenvolver competências, obtendo conhecimento no tempo certo. Neste sentido, a Simulação Realística é essencial e adequada para oportunizar cenários de aprendizagem e cuidado em saúde, o que decorre na convergência do educar-aprender em saúde. (AFONSO; FONSECA; FUJITA, 2016)1 1 AFONSO, S. R.; FONSECA, A. S.; FUJITA, M. L. Z. O significado da aplicação da metodologia simulação realística nos cursos técnicos em saúde. Boletim Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa. São Paulo: Hospital São Camilo. ed. 40, ano 7, abril, 2016. Disponível em <http://www.hospitalsaocamilosp.org.br/iep/Documents/comunicacao/boletimcientifico_2016-04.pdf>. Acesso em 31.jul.2016.
Este material didático foi elaborado com o intuito de informar, esclarecer e orientar professores-enfermeiros do curso técnico em enfermagem sobre temas relevantes para a formação do aluno, de maneira a fortalecer o aprendizado significativo. Nele, serão abordadas tanto questões da prática de enfermagem como aspectos fundamentais para o planejamento de aulas baseadas na metodologia de simulação realística.
Definições de metodologias ativas Para saber um pouco mais sobre a utilização das metodologias ativas no ensino em saúde, leia o guia disponível no ambiente virtual de aprendizagem: w w w. m o o d l e. c p s ce te c. co m . b r / tecnicoenfermagem. Boa leitura!
Ele traz leituras complementares aos conteúdos do curso e da oficina pedagógica. Por isso, sugerimos uma leitura atenta deste material, que se organiza em três eixos de discussão: 1. a importância das relações profissionais e os comportamentos éticos na enfermagem; 2. segurança no preparo e administração de medicamentos; 3. acolhimento na atenção primária.
Essas estratégias podem reforçar a cultura do trabalho docente ativo, orientador para o aprendizado investigativo, reflexivo e valorizado.
15 Metodologia ativa: Simulação Realística
Ao ensinar o aluno de enfermagem, utilizando o método simulação realística considera-se, numa perspectiva pedagógica, primordial para o desenvolvimento de competências e habilidades inerentes à formação profissional. Além de, propiciar um processo de aprendizagem facilitador para a aquisição de novos conhecimentos e do pensamento crítico.
A importância das relações profissionais e os comportamentos éticos na enfermagem Shirley da Rocha Afonso Coordenadora de Projetos – Enfermagem – Cetec Capacitações O processo de ensino em enfermagem requer reflexão e disponibilidade para discutir posturas e comportamentos necessários para que o aluno em formação saiba atuar de maneira ética nas relações sociais. Por isso, iniciamos nossa apresentação questionando-o sobre: • Por que a ética no trabalho de enfermagem é tão importante para a vida social e profissional? • Em que consiste ser um profissional de enfermagem ético? • Como estabelecer ações e atitudes que proporcionem um clima organizacional moral e ético?
Ao planejar uma aula sobre Ética e Relações Interpessoais no trabalho de enfermagem, tenha sempre em mente a integração entre os conceitos teóricos sobre os princípios éticos do exercício profissional em enfermagem e o comportamento ético profissional de enfermagem.
É importante destacar que a relação interpessoal e multiprofissional da equipe de enfermagem repercute na qualidade do trabalho, aumentando a eficiência da assistência de enfermagem e promovendo resultados satisfatórios pelas alianças estabelecidas. Quando laços pessoais e profissionais coincidem, percebe-se o desenvolvimento de habilidades de convívio importantes, que permitem a construção de: • amizades, • afetividades, • afinidades, • respeito e • alto grau de comunicação. Cada pessoa tem sua maneira de perceber, agir, comunicar e se comportar, por isso, é necessário compreender que as relações interpessoais precisam estabelecer alianças de convívio para definir corretamente a política de relação interpessoal no trabalho.
A percepção de cada um A percepção está relacionada com a forma com que cada pessoa: • recebe, organiza e interpreta as informações transmitidas. Por isso, é importante examinar as concepções individuais de cada tomada de decisão, reforçando a ideia de que diferentes atitudes assumidas pelo mesmo grupo se relacionam com a maneira com que cada um percebe o ambiente e as informações transmitidas. Em uma instituição de trabalho, com uma estrutura organizacional definida, as diferenças individuais são características que influenciam a rotina e as pessoas envolvidas. Essas diferenças integram a relação entre o aspecto emocional e as atividades profissionais. Ou seja, as influências organizacionais definem as metas e os objetivos de trabalho, que dependem do quanto as diferenças individuais aguentam suas influências. É aí que a comunicação efetiva deve exercer um processo recíproco, que fortaleça a capacidade de influência de desenvolvimento e de amadurecimento das pessoas centrados aos comportamentos organizacionais.
Processo de comunicação efetivo
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A maneira como as diferentes pessoas percebem o processo organizacional; suas metas e objetivos, aliados à comunicação efetiva, faz com que elas filtrem e condicionem a mensagem transmitida, evitando conflitos e discordâncias. Mas é preciso atentar para que a comunicação organizacional não seja obstruída, pois é comum no ambiente de trabalho haver conflitos pelas diferentes percepções: o ver e ouvir com diferentes interpretações e objetivos. Os fatores que determinam a estrutura organizacional são: • aceitabilidade das regras, • facilidade de comunicação entre os integrantes do trabalho, que promovem as relações sociais e econômicas,
• compreensão da prática de serviço entre as pessoas e • manutenção das relações de poder entre elas. Entende-se que o exercício profissional, no cotidiano, é permeado por relações de poder entre as diferentes categorias da profissão, por isso, é importante observar como cada um percebe essas relações e individualiza sua vivência no trabalho. A diversidade de percepções entre os profissionais da equipe de enfermagem explica como se processam contradições e conflitos, determinando o envolvimento entre eles e os comportamentos éticos nas rotinas de trabalho. Quando não são observadas essas concepções individuais, nem aplicadas as formas de comunicação efetiva numa equipe de trabalho em enfermagem, as fantasias podem influenciar a negação da existência de um conflito entre os membros, anulando, assim, o objetivo comum de trabalho em uma unidade de enfermagem.
A cultura organizacional da comunicação efetiva
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A presença de uma cultura organizacional que valorize as relações interpessoais em prol de uma qualidade da assistência de enfermagem, com negociação dos conflitos e promovendo a crença de cada profissional, reforça os comportamentos éticos por meios de relacionamentos positivos, contribuindo para o reaprendizado do interesse comum e instrumentalizando a vontade de partilha e criação de um clima organizacional interativo. Ao perceber que todos membros da equipe de enfermagem merecem respeito ao expressarem suas opiniões, os quais tem à sua maneira de perceber as informações transmitidas, a estrutura organizacional cria características individuais de expectativa e de interação, interferindo no resultado final: a qualidade de assistência de enfermagem. Pois, ao perceber que é ouvido e respeitado, cada membro compreenderá a necessidade de flexibilizar sua personalidade e de assumir uma postura neutra para buscar uma interação amigável com os colegas e um exercício ético da profissão. O processo de comunicação efetivo exige método para consolidar-se entre a mensagem transmitida e a mensagem interpretada. É necessário criar um sistema de informação que transmita neutralidade e valorize o convívio entre os membros de um grupo. Este deve permitir e assumir um comportamento ético, de abertura a diferentes opiniões e de aceitação das diferentes reações, para possibilitar a troca de experiências e diferentes percepções entre seus membros. Em outras palavras, uma estrutura organizacional que valoriza o processo de comunicação sistemático e neutro obtém diferentes perspectivas para a mesma informação: • promovendo diferentes tomadas de decisão, que podem coincidir para um melhor resultado da qualidade da assistência de enfermagem; • provendo diferentes categorias de julgamento entre os membros de uma equipe, que permitem uma maior reflexão, um maior aprendizado e uma tomada de decisões.
No compromisso de estabelecer um comportamento ético durante a assistência de enfermagem, cada membro da equipe percebe os benefícios de uma cultura organizacional que valoriza a comunicação efetiva, pois compreende que as novas informações não são intencionalmente prejudicais às percepções individuais da personalidade de cada profissional. O respeito pelas individualidades pressupõe a ética da flexibilidade e do consenso, do interesse e da coerência, permitindo a troca de experiências para estabelecer um equilíbrio nas relações interpessoais. O profissional respeitado por suas individualidades lança um olhar diferente para a real necessidade do trabalho, empregando mais esforços para alcançar os objetivos de trabalho com maior atenção. Para isso, é importante que a cultura organizacional de comunicação efetiva pregue: • o valor da sinceridade entre os membros da equipe e • a importância do reconhecimento das diferenças individuais no ambiente de trabalho.
A linguagem cultural da enfermagem A ética induz a reflexão pessoal sobre os procedimentos profissionais, despertando certa expectativa de valorização do comportamento entre as pessoas. Essa expectativa resulta em uma atitude condizente com as normas profissionais. É a busca por discernir o adequado do inadequado que induz as ações profissionais nas relações de trabalho. Nesse contexto, a ética profissional empregada no trabalho de enfermagem caracteriza-se por normas e princípios que orientam as relações entre os membros da equipe. No ambiente de trabalho em enfermagem, a comunicação efetiva se dá por meio verbal e, principalmente, não verbal. Por isso, é importante compreender e interpretar a linguagem corporal de cada integrante da equipe, seus gestos, tom de voz etc. Sobre o conceito de comportamento ético, verifica-se que a equipe de enfermagem se expressa com maior intensidade por meio da linguagem corporal, pois seus movimentos emocionais ajudam a formar laços dependentes entre cada membro, Fonte: paulistanaalemanha.blogspot.com
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O tipo de relação na organização de trabalho reúne valores e normas estruturais, que podem influenciar a atitude dos profissionais em suas rotinas de trabalho. Por isso, o processo de comunicação é o principal elemento desencadeador para que eles tomem decisões baseadas em suas percepções e experiências de grupo.
permitindo um trabalho de enfermagem com linguagem própria que produz cooperação e companheirismo. Reconhecer o que é melhor para cada membro da equipe de enfermagem é uma tarefa árdua para estrutura organizacional, que reforça o conhecimento sobre percepções individuais e dialéticas das relações. Entretanto, é importante destacar que o trabalho da assistência de enfermagem não deve ser pautado apenas nos interesses pessoais dos membros, mas em objetivos coletivos, encarados consensualmente pela equipe. Para evitar que a conduta profissional seja baseada somente em valores pessoais, instituiu-se o Código de Ética em Enfermagem, que regulamenta e norteia cada profissional aos princípios éticos da profissão. Sugere-se que, mais do que os objetivos de trabalho, a maneira como a pessoa se vê no grupo deve ser valorizada, bem como suas impressões sobre as relações interpessoais partilhadas, questionando sobre a necessidade e benefício dos objetivos de trabalho. A responsabilidade de um comportamento ético nas relações interpessoais dependerá de como se manifesta o respeito pelas individualidades dos membros da equipe e de como são estabelecidas as diferentes linguagens no trabalho da enfermagem.
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Concluindo A ambiguidade das relações interpessoais, positiva e negativa, se expressa no processo de comunicação efetivo. Na enfermagem, essas relações devem ser vistas com maior atenção e consciência social e profissional pois são as que se estabelecem mais intensamente entre os membros da equipe. Não existe reciprocidade quando não são respeitadas as individualidades de cada membro, dessa maneira a pessoa não corresponde aos objetivos comuns da assistência de enfermagem estabelecidos pela estrutura organizacional, uma vez que, não são reforçadas a compreensão acerca da importância do ouvir e enxergar a opinião do outro. Nesse contexto a equipe de enfermagem imprime uma relação interpessoal carregada de diferenças e conflitos, não reconhecendo a realidade e necessidade para mudanças no comportamento ético da assistência de enfermagem. O ensino da ética se torna imprescindível para preparar o aluno de enfermagem para exercer a profissão com autonomia e é fundamental para atingir uma assistência de enfermagem acolhedora, digna e de qualidade. Compreende-se a relação entre o comportamento ético e as relações interpessoais como fonte de valorização dos deveres e dos modos de conduta adotados entre os membros de uma equipe. Por isso, é importante refletir e questionar de maneira crítica a postura ética dos profissionais de enfermagem e as consequências apresentadas nas rotinas de trabalho.
Melhorando o aprendizado Neste capítulo, relacionamos o conceito de ética profissional e organizacional com o processo de comunicação sistemático na enfermagem. Juntos, eles definem o comportamento ético e sua importância na relação interpessoal. É comum direcionar um determinado padrão ético entre as condutas de trabalho na enfermagem para estruturar e sistematizar os relacionamentos de trabalho.
Ao planejar a aula sobre relações interpessoais, é interessante despertar a curiosidade dos alunos sobre os aspectos da personalidade. http://www.temperamento.com.br/content/ http://educamais.com/teste-de-temperamento/ Para compreender um pouco mais sobre a personalidade, acesse os sites e faça o teste sobre os diferentes tipos de temperamentos.
Um padrão ético dimensiona valores para estabelecer normas de trabalho, obedecendo e contribuindo para regras de avaliação, orientação e julgamento de condutas. Destacamos a importância de identificar as personalidades e os comportamentos individuais, que são aspectos decisivos nas relações interpessoais do trabalho em enfermagem.
Referências COSTA, J. B. R.; SILVA, M. A. M. A. Relações interpessoais da enfermagem na organização hospitalar: um estudo de caso na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. VI Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD. Eneo, 2010. Florianópolis. PASSOS, E. Ética nas organizações. 1.ed., São Paulo: Atlas,2007.
2 GLAS, Norbert. Temperamentos: a face revela a pessoa. Arte Médica Ampliada. São Paulo. v. 33, n. 1, 2013. Disponível em: <http://www.abmanacional.com.br/arquivo/30b59bc4198b1265fb909ed71ebab9efc7423396-33-1-face-revela-apessoa-temperamentos.pdf>. Acesso em: 09 jun 2016.
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Cada pessoa desenvolve um aspecto especial da personalidade2, que pode influenciar as relações interpessoais de trabalho.
Segurança no Preparo e Administração de Medicamentos Profª Dra. Ariadne da Silva Fonseca Gerente do Instituto de Ensino e Pesquisa Coordenadora do Centro de Simulação Realística São Camilo Presidente ABEN de São Paulo
Introdução A segurança do paciente é considerada hoje um ponto essencial na formação dos profissionais de saúde, com potencial para revolucionar a maneira como as instituições prestam serviços a seus usuários. Através da aplicação de métodos científicos e conhecimentos específicos da área de segurança, ela objetiva alcançar um sistema de serviços e cuidados de saúde que seja digno de confiança. A segurança do paciente também pode ser considerada um atributo do sistema de cuidados em saúde que minimiza a incidência e os impactos de eventos adversos e maximiza a recuperação diante de sua ocorrência. No entanto, essa ainda é uma área do conhecimento em construção, na qual modelos inovadores e estudos vêm sendo realizados, aumentando o interesse de profissionais e pesquisadores do mundo todo em torno do assunto. A experiência tem demonstrado que é necessário não somente uma preparação técnico-científica específica, mas também que este se apoie numa concepção de saúde que norteie o modo de assistir e colocar-se frente às questões que envolvem a saúde como um todo e, que permita pensar em bases mais sólidas, a fim de investir na construção de conhecimentos e informações acrescidos de uma formação/capacitação educacional ética. Essa concepção acarreta uma postura profissional mais aberta à realidade, estimulando o profissional a refletir seu fazer, sua atuação e proporcionando a ele melhores condições para o exercício profissional.
Objetivo de aprendizagem O profissional de enfermagem deverá saber após o treinamento: • identificar as vias de administração de medicamentos; • relembrar cálculos básicos de matemática; • identificar e reconhecer os princípios farmacológicos; • descrever os cuidados de enfermagem no preparo e administração de medicamentos;
Fonte: http://logisticamundi.blogspot.com.br/
• identificar as ações de segurança do paciente no preparo e administração de medicamentos; • reconhecer os aspectos éticos e legais no preparo e administração de medicamentos.
Principais tópicos • História
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• Questões éticas e legais • Vias de administração • Estabilidade e incompatibilidade medicamentosa; • Principais grupos farmacológicos; • Recomendações gerais na administração de medicamentos; • Atribuições e responsabilidades dos profissionais de enfermagem; • Segurança na administração de medicamento; • Papel do enfermeiro na administração de medicamentos.
História A preocupação em tratar doenças ocorre desde os primórdios da humanidade. Ela se manifesta nos três estágios da terapêutica farmacológica: • Místico; • Empírico; • Específico: ∙∙ 1860 – Abertura primeira escola de enfermagem – necessidade de conhecimento teórico na prática profissional; ∙∙ Até 1910 – Enfermeiras administravam medicações via oral, retal, inalatória, subcutânea e tópica;
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• Princípios básicos
∙∙ Durante 2° Guerra Mundial e Pós-Guerra: aumento responsabilidade da enfermeira na terapia medicamentosa.
Princípios básicos O sistema de medicação é composto por vários processos interligados e interdependentes, envolvendo multiplicidade de planejamento e implementação de ações pela equipe de saúde, produz um contexto entrelaçado de situações que podem ser facilitadoras para erros. De acordo com os Padrões de Acreditação da Joint Commission o sistema de medicação engloba vários pontos: • Organização e gerenciamento • Seleção e aquisição • Armazenagem • Prescrição e transcrição • Preparo e dispensação • Administração • Monitoramento
Metodologia ativa: Simulação Realística
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A administração de medicamentos é a aplicação de fármacos no organismo através de uma das várias vias possíveis, de acordo com a proposta terapêutica. O objetivo é um resultado diferente do apresentado no início. Podemos dizer que o preparo e administração de medicamentos é um processo complexo que envolve: • Formação profissional • Conhecer o paciente • Farmacologia • Fisiologia • Patologia • Cálculo de doses e volumes • Compatibilidade • Reações adversas • Horário • Eliminação de metabólitos Precisamos estar atentos e não ligar o “piloto automático”, pois as atividades de enfermagem – em especial, o preparo e a administração de medicamentos – são complexas e arriscadas. Concentração e olhar atento são imprescindíveis para evitar erros e minimizar riscos.
Atenção! Desligue o piloto automático
Para administrar medicamentos é necessário formação e capacitação específica; e é importante lembrar que nem todos os profissionais da área da saúde estão habilitados para fazê-lo. • Farmacêutico • Enfermeiro • Técnico de enfermagem • Auxiliar de enfermagem • Médico • Dentistas
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• Outros
Questões éticas e legais É importante que o estudante, o enfermeiro, o técnico e o auxiliar de enfermagem conheçam o Código de Ética Profissional de Enfermagem para embasar sua atuação profissional. Nele estão descritos os princípios, os direitos e os deveres da profissão. Vamos destacar agora alguns artigos do Código e Ética que estão relacionados com o preparo e a administração de medicamentos. O preparo e a administração de medicamentos têm como principal ator o profissional de enfermagem. Mas estudos tem mostrado que o farmacêutico pode ser o responsável pelo preparo da medicação, a qual deve ser encaminhada para o setor em doses unitárias. Algumas instituições estão adotando essa dinâmica, a partir da implantação de protocolos que regulamentam as atividades e a responsabilidade de cada profissional da saúde. Apesar de ser uma tarefa complexa, a administração de medicamentos é, na maioria das vezes, desempenhada por profissionais de nível médio, como auxiliares e técnicos de enfermagem, sob a supervisão e a orientação dos enfermeiros. Contudo, não podemos esquecer que o ato de delegar não faz refutar a responsabilidade que o enfermeiro tem no atendimento das necessidades assistenciais e de cuidados à saúde do paciente como indivíduo, da família e de outros
Metodologia ativa: Simulação Realística
• Técnico oftalmologia
O Código de Ética do Profissional de Enfermagem destaca: No artigo 12: “assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência”. O artigo 18 do Código de Ética do Profissional de Enfermagem destaca que o profissional deve: “responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais, independentemente de ter sido praticada individualmente ou em equipe.
Metodologia ativa: Simulação Realística
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O artigo 30 do Código de Ética do Profissional de Enfermagem, proíbe ao profissional de enfermagem: “administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade dos riscos”. Quanto à execução das prescrições médicas pela equipe de enfermagem, especialmente a medicamentosa, o artigo 38 do Código de Ética do Profissional de Enfermagem atribui ao profissional o direito de: “…recusar-se a executar prescrição em caso de identificação de erro ou ilegibilidade, ou quando não constar a assinatura e o número de registro do prescritor, exceto em situações de urgência e emergência”.
entes significativos, mesmo sendo realizados por sua equipe.
Vias de administração São várias as vias de administração de medicamentos: •
via oral;
•
via nasal;
•
via oftálmica;
•
via otológica;
•
via tópica;
•
via retal;
•
via vaginal;
•
via parenteral.
A via parenteral é utilizada para ação rápida da droga, em situação de emergência; em pacientes com algum tipo de distúrbio orgânico, em antibioticoterapia, entre outros. A via parenteral engloba: • Via intradérmica – testes alérgicos, vacinas, doses pequenas de fármacos (adrenalina). • Via subcutânea – absorção lenta e uniforme (insulina e anticoagulante).
• Via intramuscular – drogas solução aquosa e oleosa. Absorção mais rápida que via oral. • Via intravenosa – ação imediata, rápida, prolongada.
Via intravenosa A via intravenosa é indicada principalmente quando há a necessidade de administrar fármacos com grande tamanho molecular, que sofrem destruição pelo suco gástrico ou que causam lesões no espaço intramuscular ou subcutâneo. Pela via intravenosa, a distribuição é rápida, ultrapassando algumas barreiras e consequentemente, é uma via de maior risco, que requer cuidados durante o preparo e a administração da infusão.
As vias de acesso intravenoso 1. Central3 a) Cateter de longa permanência: pode permanecer até anos, sem a necessidade de troca.
b) Cateter de curta permanência: pode permanecer semanas a meses, sem a necessidade de troca.
Metodologia ativa: Simulação Realística
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TRADUZINDO Cateter: Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, cateter se refere a um “instrumento tubular que é introduzido em canais, vasos ou cavidades do corpo para a retirada ou injeção de fluídos ou substâncias ou para distender uma passagem ou conduto, efetuar investigações diagnósticas etc”. Michaelis online – Melhoramentos, 2016. Disponível em: <http://michaelis.uol. com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=cateter>. Acesso em: 12 jul 2016.
3 MARTIN, L.G.R.; SEGRE, C.A.M. Manual básico de acessos vasculares. São Paulo: Atheneu, 2010. 231 p.
2. Periférico a) Cateter sobre a agulha: cateter venoso introduzido na luz de uma veia superficial, com o objetivo de proporcionar acesso venoso para administração de drogas e soluções ou para a reposição de volume e hemoderivados.
Estabilidade e compatibilidade medicamentosa • Compatibilidade – substâncias combinadas não se modificam, coexistem no mesmo recipiente.
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Estabilidade e compatibilidade na administração de medicamentos 28
• Estabilidade – capacidade que o produto tem de manter as mesmas propriedades e características no momento de sua fabricação, no período de estocagem e no uso (potência, qualidade, pureza). Ampicilia (20mg/ml) + SG5%
Aumenta a temperatura da medicação para 25ºC e sua estabilidade é de 2hs
Efeitos adversos na administração de medicamentos Aparecimento de um problema de saúde causado pelo cuidado e não pela doença de base, ou seja, uma lesão não intencional que resultou em incapacidade temporária ou permanente e/ou prolongamento do tempo de permanência ou morte como consequência do cuidado prestado.
Incompatibilidade medicamentosa É chamado incompatibilidade medicamentosa o fenômeno físico-químico indesejável que se manifesta por efeito do próprio solvente do medicamento e por reações do tipo acidobásico, com risco de perda da potência do fármaco e/ ou solução.
Fenômenos relacionados à incompatibilidade medicamentosa • Fenômeno físico-químico: pode ser indesejável, levando à instabilidade do conteúdo e a reações químicas. Há situações em que os produtos podem ser terapeuticamente inativos e tóxicos. Relaciona-se com a concentração dos medicamentos e tempo de contato.
A incompatibilidade medicamentosa pode ser classificada como:
Incompatibilidade física e incompatibilidade química 1. Incompatibilidade física – alterações visíveis a olho nu: • Precipitado • Mudança de cor: degradação ou perda da eficácia terapêutica. • Liberação de gases: reação entre carbonatos ou bicarbonatos com → fármacos ácidos. • Sorção: refere-se à ação de ambas absorção e adsorção, ocorrendo simultaneamente. Exemplo de precipitado
Exemplo de mudança de cor
Diazepam + água destilada
Diluição de cefalosporinas
Precipitado após 1 minuto
Atenção: cefalotina – escurecimento aceitável Infusão - de 6hs a 24hs após preparo
Exemplo de liberação de gases Diluição da ceftazidima – formação de dióxido de carbono
Como tal, é o efeito de gases ou líquidos quando incorporados a um material de estado diferente e aderente à superfície de uma outra molécula. A absorção é a incorporação de uma substância em um estado para outra, de estado diferente (por exemplo, líquidos absorvidos por um sólido ou gases absorvidos por um líquido). Adsorção é a adesão física ou a ligação de íons e moléculas na superfície de outra molécula. Absorção: reação do medicamento com o material do dispositivo onde está colocado, levando a sua fixação para dentro da matriz dos frascos e acessórios. Material mais comum: PVC. Adsorção: interação física de certos grupos funcionais da molécula do medicamento com sítios de ligação da superfície do recipiente. Materiais mais comuns: PVC e vidro. Exemplos: nitroglicerina, tiopental, amiodarona, propofol em equipos de PVC. • Viscosidade: é a propriedade física que caracteriza a resistência de um fluido ao escoamento, a uma dada temperatura. • Turvação: o que deixa de ser transparente • Fotólise: é a etapa de destruição de moléculas orgânicas através da radiação de luz. Exemplos de fotólise
Anfotericina B, furosemida, nitroprussiato de sódio, noraepinefrina
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Há risco de reação explosiva na seringa.
2. Incompatibilidade química • Alteração da temperatura • Concentração do fármaco na solução Exemplo de alteração de temperatura
Exemplo de concentração do fármaco na solução
Ampicilina + SG5% a 27 graus Celsius – 21,3% degradada
Ampicilina + SG5% = 0,8% degradada Ampicilina + SG 10% = 10% degradada após 8 horas de contato Ampicilina + SG 25% = 13,3% degradada
Prevenção de incompatibilidade: 1. Nunca administrar droga que forma a condição precipitada. 2. Não misturar preparados em diluentes especiais com outras drogas. 3. Preparar cada droga em uma seringa para diminuir a chance de precipitação. 4. Seguir as orientações do fabricante para reconstituir o fármaco.
Incompatibilidade medicamentosa pode estar presente quando:
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1. Vários fármacos são adicionados na produção de soluções. 2. Fármacos em soluções distintas são administrados, concomitantemente, em sistema Y. 3. Um único fármaco é reconstituído ou diluído em solução errada. 4. Um fármaco reage com o estabilizante do outro.
Principais grupos farmacológicos4 Várias são as drogas que podem ser administradas nos pacientes por via intravenosa, de acordo com a prescrição médica estabelecida. As mais comuns no cuidado diário são as drogas vasoativas e os medicamentos antimicrobianos. Medicamentos antimicrobianos: produtos químicos que eliminam os microrganismos vivos patogênicos no paciente. Podem ser administrados por via intravenosa central ou periférica. Antibióticos são os antimicrobianos derivados de outros microrganismos. Na administração dos antimicrobianos, tenha atenção com: üü Efeitos colaterais: náusea, vomito, diarreia. üü Alergias e anafilaxias: podem se manifestar após 30 minutos ou até dias depois do início do tratamento. 4 CLAYTON, B.D. Farmacologia na prática de enfermagem. Ria do Janeiro: Elsevier, 2006. 842p
üü Nefrotoxicidade: diminuição volume urinário, alteração no exame de urina, urina sangrenta ou enegrecida (amicacina, vancomicina). üü Hepatotoxicidade: atenção se houver doença hepática preexistente (cetoconazol). üü Ototoxicidade: dano ao oitavo nervo craniano (amicacina). üü Fotossensibilidade: prurido, coceira, urticaria, descamação. üü Reconstituição: varia de acordo com o medicamento (diluente próprio, água destilada, soro fisiológico). üü Flebite química: risco de dano ao vaso sanguíneo e tecidual. üü Tempo de administração: atenção à prescrição médica: ∙∙ Medicamentos que causam toxicidade – verificar o tempo indicado. ∙∙ Em muitas situações, quanto maior o tempo de infusão, melhor a diluição da droga e menor a toxicidade que o medicamento pode ocasionar. üü Incompatibilidade: evitar administrar mais de um medicamento na mesma via de acesso e no mesmo momento quando não estiver certo da real compatibilidade entre as drogas.
Drogas inotrópicas: melhora do débito cardíaco. Atuam receptores b2, diminuindo resistência periférica.
Drogas adrenérgicas: englobam as drogas vasoativas e as drogas inotrópicas
Drogas vasoativas vasopressoras: atuam em receptores a adrenérgicos, levando ao aumento da resistência vascular sistêmica da pressão arterial. •
Catecolaminas endógenas: dopamina, norepinefrina e epinefrina.
•
Catecolaminas sintéticas: dobutamina, isoproterenol.
Atenção na administração de drogas adrenérgicas: vasoativas e inotrópicas üü Diluição: de acordo com prescrição médica. üü Tempo de administração: contínua, velocidade de infusão de acordo com administração médica. üü Incompatibilidade: infusão na mesma via do cateter central se houver compatibilidade permitida. üü Evitar infusão em acesso venoso periférico.
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üü Infusão em Y: verificar se há compatibilidade entre os medicamentos e o tempo ideal para a administração.
üü Diluição: de acordo com prescrição médica. üü Tempo de administração: contínua, “bolus”, intermitente. Velocidade de infusão de acordo com prescrição médica. Administração de sedativos
üü Atenção quanto a possível incompatibilidade: infusão na mesma via do cateter central ou periférico quando compatibilidade permitida. üü “Bolus”: situações que exigem sedação imediata.
Administração quimioterápica
São chamadas quimioterápicas as drogas que, de diferentes modos, interrompem a divisão celular, impedindo e controlando o crescimento tumoral, ainda que sem seleção celular específica.
Atenção na administração de quimioterápicos pela via parenteral: üü Risco de danos ao endotélio capital: vesicantes e irritantes. üü Responsabilidade de administração exclusiva do enfermeiro.
Metodologia ativa: Simulação Realística
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üü Via exclusiva de administração: evitar administrar drogas concomitantes com a infusão do quimioterápico. É importante monitorar efeitos dos quimioterápicos (reações alérgicas, alterações hemodinâmicas).
Metodologia ativa: Simulação Realística
5 VIANA, D. L. (org). Boas práticas de enfermagem. São Caetano do Sul: Yendis, 2010. 560 p.
Guia de compatibilidade entre fármacos e soluções intravenosas administradas a crianças5
33
6
Viana, D. L. (org). Boas Práticas de Enfermagem. São Caetano do Sul: Yendis, 2010. 560 p.
Guia de compatibilidade entre fármacos e soluções intravenosas administradas a crianças6
Metodologia ativa: Simulação Realística
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Recomendações gerais na administração dos medicamentos • Evitar aprazar medicamentos no mesmo horário; • Evitar introduzir vários medicamentos na mesma solução e/ou seringa; • Checar compatibilidade com materiais, tempo e fotossensibilidade previamente à administração do medicamento; • Administrar soro fisiológico 0,9% entre os medicamentos, salvo em situações onde há incompatibilidade; • Realizar “flushing” com SF 0,9% antes e após administração de medicamentos, salvo em situações onde há incompatibilidade; • Preparar medicamentos imediatamente antes a sua administração; • Utilizar (preferência) SG 5% para diluição medicamentos de caráter ácido (pH 4,5 a 5,5), exemplo: amicacina; • Utilizar (preferência) SF0,9% para diluição medicamentos de caráter básico (pH 6,8 a 8,5), exemplo: fenitoína; • Evitar infusões simultâneas de vários medicamentos (conector “Y”, “torneirinha”).
Metodologia ativa: Simulação Realística
Atribuições e responsabilidades dos profissionais de enfermagem na terapia medicamentosa Atribuições dos profissionais de enfermagem • habilidade em comunicação • educação do paciente • conhecimento sobre tecnologia específica • educação • conhecimento clínico • conhecimento técnico-científico • conhecimento sobre implicações legais do exercício profissional Responsabilidades do enfermeiro • aprazamento da prescrição médica; • conferência dos itens de prescrição médica; • verificação do tempo medicamentosa;
necessário
para
consecução
• investigar possíveis alergias aos medicamentos prescritos; • administração de medicamentos;
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da
terapia
• realizar a prescrição de cuidados de enfermagem para a administração da terapia medicamentosa; • monitorar os resultados obtidos; • avaliar/acompanhar possíveis eventos adversos. Responsabilidades do técnico e auxiliar de enfermagem: • conferência dos itens prescritos; • conferência dos dados do paciente na prescrição medica; • administração e checagem da prescrição médica e de enfermagem • registro/comunicação da evolução do paciente pré/durante/após administração do medicamento.
Terapia medicamentosa e segurança do paciente Com o objetivo de minimizar riscos no processo de medicação, a busca pela qualidade nos serviços de saúde tem aumentado nas instituições que prestam esse cuidado.
Metodologia ativa: Simulação Realística
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Como parte integrante da assistência prestada em várias situações aos pacientes, observa-se a administração de medicamentos, com o objetivo da obtenção de um efeito terapêutico que melhore o estado de saúde e a qualidade de vida do indivíduo. Alguns autores defendem que o sistema de medicação se caracteriza por uma atividade dinâmica com cinco fases (prescrição, dispensação, preparação, administração e monitorização) que se inter-relacionam com o propósito de garantir segurança ao paciente. É valido ressaltar que existem riscos inerentes à terapia medicamentosa e aos dispositivos utilizados para sua administração. A terapia medicamentosa é de responsabilidade multiprofissional. Erros na medicação podem ocorrer em diferentes etapas, e a equipe de enfermagem deve estar atenta para evitar essas ocorrências.
Questões para refletir sobre uma administração de medicamentos segura • É importante conhecer a legislação? • A equipe que trabalha comigo está preparada? • Eu estou preparado? • Arrisco-me diariamente? • A instituição me dá suporte? O Institute of Medicine (IOM) estima que ocorram nos Estados Unidos pelo menos 1,5 milhões de incidentes relacionados a medicamentos por ano.
Quando ocorre um evento, geralmente temos: • aumento do tempo de internação; • procedimentos não previstos; • possíveis danos irreversíveis das funções orgânicas; • dor e sofrimento do paciente e de sua família, especialmente quando os efeitos são graves.
Entre os erros mais comuns no cotidiano da enfermagem que podem levar a esses eventos, estão: • erro na leitura da embalagem; • erro na identificação do paciente; • erro ao checar os parâmetros vitais antes da administração do medicamento; • erro ao determinar a velocidade de infusão; • erro ao diluir o medicamento; • incompatibilidade entre drogas; • administração de medicamentos em doses, horas, frequências erradas; • omissão; • falta de habilidade ou de conhecimento necessário; • falta de experiência profissional e • violação de regras.
Segurança na administração de medicamentos Há uma relação direta entre a interrupção do procedimento de administração de medicamento, a ocorrência de erros e o agravamento do quadro do paciente. Uma interrupção causa um aumento de: - 12,1% dos erros relacionados ao procedimento (leitura equivocada da prescrição, erro na identificação do paciente etc.); - 12,7% dos erros clínicos (medicamento errado, dose errada, via errada etc.). Quanto maior o número de interrupções, mais severas são as consequências. A partir da quarta interrupção, as chances de ocorrer um erro clínico dobram.
São considerados erros na fase de administração de medicamentos: • Administração não autorizada da medicação • Atraso na administração • Ausência de registro • Diluição errada • Dose errada • Duração inadequada do tratamento
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• uso do medicamento errado;
• Erro de preparo • Forma farmacêutica errada • Frequência errada • Alergias • Prazo expirado ou deteriorado • Medicamento errado • Omissão • Paciente errado • Técnica de administração errada • Velocidade de infusão errada • Via de administração errada
Como implantar melhores práticas? Alguns recursos são importantes quando falamos em melhores práticas. A seguir, relacionamos algumas ferramentas que podem e devem ser utilizadas visando a segurança no preparo e na administração de medicamentos, conforme a fase:
Metodologia ativa: Simulação Realística
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FASES
FERRAMENTAS
Prescrição
- Prescrição médica eletrônica
Armazenamento do medicamento
- Medicamentos identificados com etiqueta de código de barra
Preparo e dispensa do medicamento
- Preparo e dispensa do medicamento já preparado pela farmácia, em horários pré‐determinados - Medicamentos controlados devem ser identificados com cor diferente - A identificação deve conter: nome do medicamento, dose, apresentação, data de validade e código de barras para rastrear o lote do medicamento - Dispensa dos medicamentos por horário - Comparar etiqueta com prescrição médica
Administração - Comparar a etiqueta com a prescrição médica e a pulseira de identificação do paciente
- Medicamento certo
- Riscos da prescrição médica: letra ilegível e desordem podem ocasionar erros relacionados com a leitura errada (medicamento, dose, via, frequência etc.)
- Medicamentos sound‐alike: semelhantes na pronúncia
- Uma das recomendações internacionais é escrever em caixa alta o nome do medicamento ou a parte do nome que não é semelhante. Pode aparecer na prescrição médica eletrônica e na etiqueta de identificação do medicamento. Risco de trocar as medicações no momento de administrar
- Medicamentos look‐alike: semelhantes na aparência.
- Uma das recomendações internacionais é o armazenamento em locais distantes. Risco de trocar as medicações no momento de administrar
- Via certa
- Ler corretamente a prescrição médica e a etiqueta de identificação da medicação
- Dose certa
- Padronização do menor número possível de variações de concentrações de uma mesma medicação. - Recomendação para reduzir o erro relacionado à dose: dispensação do medicamento já manipulado pela farmácia, em horários pré‐determinados
- Hora certa
- Administrar no horário prescrito, sem atrasar mais do que 30 minutos
- Orientação do paciente
- O profissional que administrará o medicamento deve conhecê‐lo o suficiente para oferecer informações precisas ao paciente ou familiar; as informações mais relevantes geralmente se relacionam ao objetivo terapêutico, ao tempo de tratamento e às reações adversas
Anotação
- Incluir a checagem da medicação administrada na prescrição médica - Deve conter rubrica legível - Se não está registrado, não foi feito
Quando falamos em paciente certo, precisamos pensar em identificação do paciente com código de barras: identificar o paciente com pulseira contendo
39 Metodologia ativa: Simulação Realística
- Paciente certo
nome, número do prontuário com código de barras é um procedimento prático e simples que é de grande importância para evitar erros de medicação e garantir a segurança do paciente durante o tratamento. Infelizmente, esse protocolo está presente apenas em algumas instituições de saúde. Veja a seguir exemplos de medicamentos SOUND‐ALIKE, isto é, de pronúncia semelhante:
Metodologia ativa: Simulação Realística
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Fonte: Arquivo pessoal – Centro de Simulação Realística São Camilo
Exemplos de medicamentos semelhantes na aparência:
Fonte: Arquivo Pessoal – Centro de Simulação Realística São Camilo
Recomendações importantes: - Aprazamento da prescrição médica: estabelecimento dos horários de administração do medicamento, distribuindo-os de maneira a minimizar sobreposição e possíveis atrasos.
Fonte: Arquivo pessoal – Centro de Simulação Realística São Camilo
Fonte: Arquivo pessoal – Centro de Simulação Realística São Camilo
- Checagem eletrônica do medicamento: com programa eletrônico que possibilite o gerenciamento das informações (por exemplo, com uma tela que informe quais medicações estão atrasadas). - Atrasos superiores a 30 minutos comprometem a biodisponibilidade do fármaco no organismo e, consequentemente, podem prejudicar a resposta ao tratamento. - Prever também o tempo que será utilizado no preparo da medicação respeitando as características dos medicamentos (como no caso de medicamentos refrigerados).
Metodologia ativa: Simulação Realística
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Fonte: Arquivo pessoal – Centro de Simulação Realística São Camilo
- Perda da estabilidade devido preparo muito antecipado, entre outros. Considerar as próprias características do serviço no que tange a dispensação do medicamento.
Metodologia ativa: Simulação Realística
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Fonte: Arquivo pessoal – Centro de Simulação Realística São Camilo
- Todas as situações relacionadas à administração de medicamentos devem ser anotadas em prontuário (“se necessário”, reações adversas, não administração dos medicamentos, local de administração do medicamento, atrasos ou antecipação da dose, a resposta obtida etc.) - O não registro induz a erro. Algumas atitudes que envolvem instituição, profissional de saúde e paciente precisam ser tomadas para auxiliar no tratamento, como: • Cultura de segurança • Favorecer a comunicação • Tecnologia • Educação
• Ambiente e condições de trabalho • Identificar pontos críticos • Fatores humanos • Definição de processo
Competências de enfermagem para administração segura de medicamentos A literatura aponta onze competências de enfermagem relacionadas à medicação. Elas se dividem em três categorias: Decisão: • promover a segurança no processo de administração de medicamento, com a identificação de riscos e perigos e propostas de melhoria contínua; • comunicação; • promover colaboração interdisciplinar; • busca de informações. Teórica: conhecimentos em anatomia e fisiologia;
avaliação e monitoramento do paciente. Prática: • habilidades para cálculo matemático relacionado à medicação; • administração de medicamento; • documentação; • educação do paciente.
Considerações finais Diante da complexidade da assistência à saúde na atualidade, com sofisticadas intervenções e equipamentos, o erro humano pode acontecer. Os erros nunca serão eliminados na sua totalidade, mas seu número e sua severidade podem ser reduzidos significativamente. Alguns erros são imperdoáveis – tais como cirurgia no membro errado ou liberação de um bebê para os pais que não são os seus –, mas felizmente eles são raros. Já os eventos adversos com medicamentos, as infecções preveníeis e o atraso no diagnóstico e no tratamento são erros comuns, mas que podem ser gerenciados. Um modelo para modificar essa realidade é a implantação da governança clínica. É um sistema em que os profissionais são responsáveis pela melhoria contínua da qualidade da prática clínica, da segurança e da satisfação dos pa-
43 Metodologia ativa: Simulação Realística
conhecimento em farmacologia;
cientes nos cuidados fornecidos. Torna-se necessário transformar a segurança do paciente em prioridade estratégica nas instituições de saúde e na agenda de seus dirigentes.
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Metodologia ativa: Simulação Realística
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Acolhimento na atenção primária
Michelle Wenter Coordenadora de Projetos - Enfermagem O acolhimento é uma proposta de reorientação da atenção à saúde, a fim de reorganizar a assistência dos serviços de saúde e de mudar o modelo de assistência tecnocêntrico. Trata-se de uma lógica de organização e funcionamento do serviço de saúde baseada na oferta de atendimento a todas as pessoas que o procuram. Tem como princípios: acessibilidade, reorganização do processo de trabalho descentralizado e qualificação da relação entre profissional e usuário. Estabelece um elo de confiança entre o paciente e o profissional de saúde, sendo indispensável para o atendimento na área. É importante compreender que o termo acolhimento na atenção primária de saúde se refere às ações de saúde voltadas ao processo de escuta e de identificação de problemas da saúde da pessoa, a fim de propor uma solução que alcance não só o interesse individual, mas também situações coletivas. Ou seja, é preciso dispor de arranjos tecnológicos e análise de situações para evidenciar os problemas de saúde que podem acometer uma comunidade. Mas, para isso, é necessário conhecer a comunidade e a região, a fim de oferecer serviços de saúde adequados à demanda daquela parcela da população. O acolhimento favorece a concepção de compromisso, sendo fundamental para a humanização do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele depende unicamente dos profissionais envolvidos na atenção primária de saúde.
A ESCUTA PERMITE O DESABAFO (DENOMINADO CATARSE NA PSICOLOGIA) E CRIA ESPAÇO PARA O PACIENTE REFLETIR SOBRE SEU SOFRIMENTO E SUAS CAUSAS FONTE: GONÇALVES, D. A.; FIORE, M. L. M. VÍNCULO, ACOLHIMENTO E ABORDAGEM PSICOSSOCIAL: A PRÁTICA DA INTEGRALIDADE. MÓDULO PSICOSSOCIAL. ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA. UNIFESP/UNASUS. 2011. DISPONÍVEL EM: <http://www.moodle.cpscetec.com.br/tecnicoenfermagem>.
A escuta A escuta é parte do processo de acolhimento e acontece em todos momentos do atendimento de saúde. Nessa etapa, a pessoa é convidada a expor seus problemas e necessidades, seja individualmente, seja em grupo. É importante destacar que, nesse momento, o profissional deve deixar a pessoa à vontade, com liberdade para se expressar, pois os problemas individuais e/ou coletivos podem estar inseridos na maneira como cada pessoa percebe o que é um problema de saúde. Por isso, é importante a participação de uma equipe multiprofissional que identifique as necessidades apresentadas. Os momentos terapêuticos podem acontecer por: • demanda espontânea; • encontros programados;
O suporte O suporte refere-se ao apoio dado após a escuta, reforçando a segurança e a ajuda para a pessoa e/ou comunidade.
O esclarecimento É importante atentar para o momento da escuta, pois a queixa declarada vai além do real motivo do atendimento por demanda ou consulta. Muitas vezes, a pessoa ou a comunidade emprega valores e crenças para sinais e sintomas de acordo com a sua cultura, desconhecendo as informações necessárias para promoção da saúde e prevenção de doenças.
O PROFISSIONAL, AO ESCUTAR SEU PACIENTE, ESTIMULA A LIVRE EXPRESSÃO DE SUAS ANGÚSTIAS E NOMEIA UMA DOENÇA, INTRODUZ A POSSIBILIDADE DE DAR UM SENTIDO AO SOFRIMENTO DA PESSOA, DE AJUDÁ-LA A SE REORGANIZAR FRENTE ÀS SUAS VIVÊNCIAS FONTE: GONÇALVES, D. A.; FIORE, M. L. M. VÍNCULO, ACOLHIMENTO E ABORDAGEM PSICOSSOCIAL: A PRÁTICA DA INTEGRALIDADE. MÓDULO PSICOSSOCIAL. ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA. UNIFESP/UNASUS. 2011. DISPONÍVEL EM: <http://www.moodle.cpscetec.com.br/tecnicoenfermagem>.
Dessa forma, o processo de acolhimento deve propiciar vínculos a fim de diminuir fantasias e aumentar a compreensão sobre as informações corretas em saúde. Assim, ele pode fortalecer a reestruturação de um comportamento coletivo de proteção à saúde.
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• encontros individuais ou em grupos.
O processo de acolhimento, capaz de estabelecer vínculos, é essencial para a atenção à saúde primária, pois oferece cuidados de forma integral e atinge igualmente às queixas individuais e coletivas, que podem ser físicas, emocionais ou mentais.
Transferência e contransferência Estão relacionadas com a percepção e a interlocução nas relações pessoais. É a interação gerada no processo de comunicação entre o interlocutor e o receptor de mensagens. A transferência e a contransferência executadas corretamente garantem a repetição de comportamentos e o vínculo entre interlocutor e receptor para a aceitação de novas informações, orientações etc. Temos como exemplo: • a repetição na vida adulta de situações vividas na infância; • a imagem protetora dos pais; • as situações amorosas; • as situações relacionadas ao abuso de poder etc.
Metodologia ativa: Simulação Realística
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Na prática, as transferências referem-se a ambientes de sociedade que, quando são respeitadas as etapas dos processos de comunicação, geram situações de simpatia, empatia e vínculo emocional entre o interlocutor e o receptor de mensagens. Em casos contrários, poderão gerar sentimento de revolta e rejeição para novas informações e orientações. Em outras palavras, a transferência está relacionada à forma como o profissional de saúde aborda seu paciente e como sua mensagem pode interferir na percepção de vida dele. Já a contransferência está relacionada à expectativa que o profissional de saúde deposita em seu paciente e aquela que recebe dele, ao perceber sua reação. Esses dois conceitos envolvem reações afetivas e emocionais, que não podem ser evitadas. Por isso, é importante que o profissional de saúde esteja atento às etapas do processo de comunicação para garantir um ambiente favorável ao atendimento terapêutico da atenção primária.
Referências BALINT, M. O médico, seu paciente e a doença. Rio Janeiro: Atheneu, 1984. BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985. BOLTANSKI, L. As classes sociais e o corpo. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1984. BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf>. Acesso em 31.jul.2016. BUENO, W. S.; MERHY, E. E. Os equívocos da NOB 96: uma proposta em sintonia com os projetos neoliberalizantes. 2001. Disponível em <http://www.uff.br/ saudecoletiva/professores/merhy/artigos-14.pdf>. Acesso em 31.jul.2016. CAMPOS, G. W. S. Considerações sobre a arte e a ciência da mudança: revolução das coisas e reforma das pessoas. O caso da saúde. In: CECÍLIOM L. C. O. Inventando a mudança na saúde. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1997, p. 29-87.
CLAVREUL, J. A ordem médica: poder e impotência do discurso médico. São Paulo: Brasiliense, 1983. FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987. HELMAN, C. G. Cultura, saúde e doença. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
49 Metodologia ativa: Simulação Realística
CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990.
Formulário de avaliação Agradecemos por reservar tempo para preencher este formulário de avaliação. Ele nos ajudará a melh sas oficinas futuras.
Na sua opinião, qual é a importância de implantar a simulação realística nos currículos de seu curso? Nem um pouco importante Não muito importante Neutro Razoavelmente importante Muito importante
Você acha que os outros professores de sua equipe pensam que a
simulação realística é importante em seus componentes curriculares?
Certamente não Possivelmente não Neutro Possivelmente sim
Metodologia ativa: Simulação Realística
50
Certamente sim
Que grau de dificuldade você enfrentaria ao tentar sugerir mudanças no seu local de trabalho? Muito difícil Razoavelmente difícil Neutro Razoavelmente fácil Muito fácil
Qual é a probabilidade de você sugerir mudanças no seu local de trabalho nos próximos três meses? Muito improvável Razoavelmente improvável Neutro Razoavelmente provável Muito provável
Que mudanças você poderia sugerir?
Qual é a probabilidade de que outros fatores dificultem a sugestão de mudanças no seu local de trabalho? Muito improvável Razoavelmente improvável Neutro Razoavelmente provável Muito provável
Que fatores poderiam gerar essa dificuldade?
Metodologia ativa: Simulação Realística
51
Na sua opinião, qual tema deve ser abordado na próxima capacitação sobre metodologias de ensino?
1. Esta capacitação deverá ser repetida? Não
1
2
3
4
5
4
5
4
5
Sim
2. Que nota você dá às oficinas como um todo? 1
2
3
3. Qual foi a qualidade do material oferecido? Razoável
1
2
3
Muito bom
4. Qual foi a relevância das oficinas para seu trabalho docente? Nenhuma
1
2
3
4
5
Muito Relevante
5. Quais foram os pontos positivos?
Metodologia ativa: Simulação Realística
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6. O que pode ser melhorado?
Agradecemos sua participação no curso Aplicação prática do processo de ensino na enfermagem
SHIRLEY DA ROCHA AFONSO Possui Graduação em Enfermagem pela UNIP, Especialização em Enfermagem Gerontológica e Geriátrica pela UNIFESP, Pós-Graduação em Docência no ensino médio, técnico e superior na área de saúde pela FAPI e em Planejamento, Implantação e Gestão em Educação à Distância pela UFF. Atuou como enfermeira executora e vice-presidente na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Foi coordenadora da Comissão Organizadora de Curativos, e supervisora da Comissão de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde. É professora do Curso Técnico em Enfermagem na Etec Parque da Juventude e Professora Coordenadora de Projetos na Unidade de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza. Participa do Grupo de Estudos e Pesquisas em Memórias e Histórias da Educação Profissional (GEPEMHEP), do Grupo de Estudos em História Oral da Saúde (GEHOS) e do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde (CEHFI).
ARIADNE DA SILVA FONSECA Possui Graduação em Enfermagem pelo Centro de Estudos Superiores de Londrina, Especialização em Pediatria e Puericultura, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestrado em Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo e Doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo. Atualmente é Professora do Mestrado Profissional de Enfermagem da Universidade em Tecnologia da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP Ribeirão Preto), Coordenadora de Publicações do Hospital São Camilo São Paulo. Presidente da ABEn-SP, Tesoureira da Associação Brasileira de Simulação Realística (ABRASSIM). Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Ensino de Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: enfermagem, ensino aprendizagem, ensino de enfermagem, assistência de enfermagem, Simulação realística, enfermagem neonatal e Assessoria em Ensino e Pesquisa. Pesquisadora do Grupo de pesquisa e estudos de família e comunidade UNIFESP - (GEPFAC).
MICHELLE WENTER Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Monte Serrat, Especialização em Unidade de Terapia Intensiva pela Universidade Católica de Santos, Licenciatura em Enfermagem pela Fatec Rubens Lara e Especialização em Cuidado ao Pré Natal pela Universidade Federal de São Paulo. Atualmente é docente do Curso Técnico de Enfermagem da Escola Técnica Estadual Doutora Ruth Cardoso e Enfermeira Intervencionista no SAMU Litoral Sul. Tem experiência em tutoria EaD no curso de capacitação de profissionais do SAMU pela Coordenação Geral de Urgência e Emergência, projeto em parceria entre o Ministério da Saúde e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz.